Agenda Estratégica 2019 - 2035 e Programa Nacional de Florestas Moçambique

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AGENDA

FLORESTAL 2035 e Prograna Nacional de Florestas


MITADER - Julho 2019
Versão após harmonização multisectorial

AGENDA ESTRATÉGICA 2019 -2035


e
PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

MOÇAMBIQUE

Julho, 2019

Versão após reunião de harmonização multisectorial

Programa Nacional de Florestas – Moçambique 1



AGENDA FLORESTAL 2035 e Prograna Nacional de Florestas
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LISTA DE CONTEÚDOS
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................................ 3
ABREVIAÇÕES ...................................................................................................................................................... 4
CONCEITOS E TERMOS. ..................................................................................................................................... 5
SUMÁRIO EXECUTIVO ....................................................................................................................................... 8
CAPITULO I. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................ 10
1.1 CONCEITOS E PROCESSO DE FORMULAÇÃO ............................................................................................................. 10
1. 2. AS FLORESTAS MOÇAMBICANAS E O SECTOR FLORESTAL .................................................................................... 12
1.2.1 ECOSSISTEMAS FLORESTAIS .................................................................................................................................... 12
1.2.2 O SECTOR INFORMAL E SUBSISTÊNCIA DA POPULAÇÃO ...................................................................................... 17
1.2.3 AS FLORESTAS E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS ...................................................................................................... 19
1.2.4 AS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO FLORESTAL, ............................................................................................................ 22
1.2.5 CONTEXTO LEGAL E INSTITUCIONAL ...................................................................................................................... 23
1.2.6 AS CADEIAS DE VALOR DO SECTOR FLORESTAL .................................................................................................. 40
1.2.7 VALORIZAÇÃO ECONÓMICA DAS FLORESTAS ........................................................................................................ 43
CAPITULO II. NEXUS FLORESTAS, PESSOAS E ENERGIA ..................................................................... 46
2.1 DESMATAMENTO E DEGRADAÇÃO .............................................................................................................................. 46
2.2 A PROJECÇÃO DA OFERTA E PROCURA DE MADEIRA E CARVÃO VEGETAL ........................................................... 48
2.3 ORDENAMENTO TERRITORIAL E PREVISÃO DE CONFLITOS ................................................................................... 50
CAPITULO III. A AGENDA ESTRATÉGICA 2035 ..................................................................................... 52
3.1 VULNERABILIDADES E POTENCIALIDADES PARA DESENVOLVIMENTO DO SECTOR FLORESTAL ..................... 52
3.2 OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO ..................................................................................................................... 53
3.3 DESAFIOS E VISÃO DOS TEMAS DA AGENDA ESTRATÉGICA 2035 ........................................................................ 56
CAPITULO IV. PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS 2019 -2035 ................................................ 57
4.1 VISÃO ............................................................................................................................................................................. 58
4.2 OBJECTIVO DO PROGRAMA ................................................................................................................................. 58
4.2 VALORES ESTRATÉGICOS ................................................................................................................................... 58
4.3 OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS DE IMPLEMENTAÇÃO ................................................................................ 58
4.4. POLÍTICA FLORESTAL E PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS .......................................................................... 61
4.5 O QUADRO LÓGICO E MATRIZ DE ACÇÕES ................................................................................................................ 62
4.6 METAS ............................................................................................................................................................................ 63
4.6.1 SINERGIA ENTRE METAS NACIONAIS E AS METAS DO PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS .................... 63
4.6.2 METAS DO PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS ............................................................................................. 64
4.6.2.1 Principais metas do programa .................................................................................................................... 64
CAPITULO V. IMPLEMENTAÇÃO, MONITORIA, AVALIAÇÃO E RELATÓRIO DO PROGRAMA
NACIONAL DE FLORESTAS ........................................................................................................................... 66
5.1 RISCOS ............................................................................................................................................................................. 67
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................... 68

ANEXOS:
Anexo 1 - Desafios da Agenda 2019-2035
Anexo 2 - Quadro lógico e matriz de acções
Anexo 3 - Resumo do Orçamento indicativo
Anexo 4 – Calendário de implementação para o período 2019-2024

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AGRADECIMENTOS

A Agenda Estratégica Florestal de Moçambique 2019-2035 e Programa Nacional de
Florestas é resultado dos esforços da equipe técnica do Ministério da Terra, Ambiente
e Desenvolvimento Rural através da Direcção Nacional de Florestas que aglutinou a
participação de mais de 250 representantes das organizações da sociedade civil,
sector privado, academia e Instituições de Governo envolvidos nos diversos grupos
de trabalho temáticos. Os grupos contribuíram activamente para a formulação de
um marco estratégico orientador do desenvolvimento a longo-prazo das florestas
moçambicanas reflectindo as aspirações e objectivos de desenvolvimento para o
período 2019-2035. Esta reflexão sobre o sector florestal e a formulação de
desenvolvimento futuro está assente sobre as seguintes abordagens:

1. As comunidades em primeiro lugar;


2. A utilização sustentável do recurso e integração multissectorial para um
desenvolvimento integrado com baixas emissões de gases de efeito estufa;
3. A visão holística da floresta e seus múltiplos bens e serviços e integração entre
as cadeias de valor e das varias etapas das cadeias de valor do sector florestal
4. Boa governação;

O trabalho está Integrado no projecto MOZFIP, e especial menção é efectuada ao


IIED, FAO e Banco Mundial pelo apoio na formulação da metodologia,
documentação e orientação geral deste documento, que servirá de marco
orientador para os profissionais florestais e todos aqueles que directa e
indirectamente lidam com as florestas.

Aos membros e representantes das comunidades residentes nas florestas


moçambicanas, produtores de carvão e colectores de produtos florestais não
madeireiros, aos operadores florestais e empresários do sector, aos funcionários
públicos, agradecemos as valiosas contribuições e visão de quem diariamente
encontra na floresta os produtos e serviços essenciais para o seu bem-estar,
desenvolvimento de negócios e execução de mandato.

...........................
( instituição/DINAF)

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Abreviações

AT Autoridade tributária
AQUA Agência Nacional para o controle de Qualidade Ambiental
CAA Corte Admissível Anual
DINAF Direcção Nacional de Florestas
DMC Diâmetro Mínimo de Corte
DPTADER Direcção Provincial de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
FNDS Fundo Nacional para o Desenvolvimento Sustentável
IIAM Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique
IIED International Institute for Environment and Development
IFN Inventário Florestal Nacional
INGC Instituto Nacional de Gestão de Calamidades
MEF Ministério de Economia e Finanças
MIC Ministério da Industria e Comércio
MICTUR Ministério da Cultura e Turismo
MIREME Ministério dos Recursos Minerais e Energia
MIMAIP Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas
MITADER Ministério de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural
MITESS Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social
MOZFIP Forest Investment Programme de Moçambique
MCTESP Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico -Profissional
OSC’s Organizações da Sociedade Civil
OCB’s Organizações Comunitárias de Base
PARPA Programa de Acção de redução da pobreza absoluta
PPRN Polícia de Protecção de recursos naturais
PRM Polícia da Républica de Moçambique
PFNM Produtos florestais não madeireiros
PES’s Pagamentos por serviços ecossistémicos
REDD+ Reduced emissions from deforestation and forest degradation;
UICN União Internacional para a Conservação da Natureza
UEM Universidade Eduardo Mondlane

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Conceitos e Termos.

Conceito Descrição Fonte
Florestas Floresta são terras que ocupam no mínimo de 1 ha com cobertura de copa > Adaptado do
30%, e com árvores com potencial para alcançar uma altura de 3 metros na UT-REDD
maturidade, áreas florestais temporariamente desbravadas e áreas onde a
continuidade do uso da terra excederiam os limiares de definição de
floresta, ou árvores capazes de alcançar esses limites in situ. As florestas
providenciam bens ( produtos madeireiros e não madeireiros) e serviços (
biodiversidade, água, solo, ciclo de carbono, valores estéticos e culturais )
fundamentais para o bem estar de todos os moçambicanos e demais seres
vivos.
Florestas Florestas localizadas fora das áreas de proteção e das áreas de conservação, Adaptado do
produtivas apresentando potencial produtivo para abastecimento da industria florestal Relatório de
madeireira ou de produtos não madeireiros Inventário
Florestal (
Magalhães,
2018)
Florestas de São áreas (com vegetação), com a função de proteger o solo, como casos de Relatório de
Protecção áreas com declives acentuados, zonas montanhosas, corpos de água, inventário
margens de rios e mangais. Áreas de proteção incluem também as zonas de nacional
amortecimento ao longo das ferrovias, ao longo do perímetro do país, no florestal (
sentido interior da área do país e ao longo das áreas de conservação. Magalhães,
2018)

Florestas de Constituídas por formações vegetais localizadas nas zonas de protecção e Adaptado da
conservação sujeitas a um regime de maneio especial; Englobam as florestas contidas nas Lei 16/14
diversas categorias da rede nacional de áreas de conservação e das reservas
florestais delimitadas e registadas no cadastro nacional de terras.
Reservas Florestas dedicada a protecção e manutenção da diversidade biológica e dos Lei 10/99
Florestais recursos naturais e culturais associados. Ambas leis ( florestas 10/99 e menciona
conservação 16/14, não mencionam as reservas florestais mas sim apenas reserva
reservas nacionais., dentro da categoria de áreas de conservação total. nacional
Rede Nacional Lei 16/14
Consiste numa rede de áreas de conservação, devidamente delimitadas e
de áreas de
registadas no Cadastro Nacional de Terras estabelecidas para, entre outros
conservação
objectivos, contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos
recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais
moçambicanas, englobando dois níveis: (i) áreas de conservação total de
domínio público e sem intervenções de extração de recursos,
nomeadamente reservas naturais integrais, parques nacionais e
monumentos culturais naturais que podem incluir árvores históricas e de
valor cultural e, (ii) áreas de conservação e uso sustentável de domínio
publico do Estado, comunitário ou privado, englobando as reservas
especiais, áreas de protecção ambiental, coutadas oficiais, áreas de
conservação comunitária, santuários, fazendas do bravio e parques
ecológicos municipais.
Florestas não Adaptado do
Áreas florestais dentro das áreas de conservação ( rede nacional de áreas de
produtivas Relatório de
conservação) e dentro das áreas de proteção estabelecidas pela lei de
Inventário
terras;
Florestal (
Magalhães,
2018)
Maneio Refere-se às iniciativas, políticas, instituições e processos orientados ao Adaptado de

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comunitário de desenvolvimento rural das áreas florestais baseada na descentralização de FAO, 2016 &
recursos autoridade de gestão dos recursos florestais (bens e serviços, isto é floresta, Guilmour, D
florestais fauna, água, solo, entre outros) do Estado para a comunidade ou um grupo
definido de usuários destes recursos através do reforço do papel da
comunidade e autoridades locais para administração dos recursos florestais.
Concessão Área do domínio público do Estado delimitada, concedido o Direito de Uso Adaptado da lei
florestal exclusivo para fins comerciais a um determinado operador ou grupo de 10/99 de
usuários, através do contrato de concessão, destinada à exploração florestas e
comercial da floresta, seus bens e serviços, mediante um plano de maneio e fauna bravia
de exploração previamente aprovado pelas autoridades e comunidades
antecipadamente cadastradas usuárias do recursos florestais contidos na
área delimitada.
Cadeia de valor Descreve o conjunto total de actividades necessárias para conduzir um (Kaplinsky
produto ou serviço desde a concepção, fases intermediárias de produção ,2000).
(transformação e serviços), comercialização, entrega aos consumidores PFNM
finais e seu descarte final após uso.
Operador Pessoas singulares nacionais e pessoas colectivas nacionais ou estrangeiras
florestal autorizadas nos termos das leis nacionais a utilizar a floresta ( produtos e
serviços) para fins comerciais;

Padrão mínimo Consiste num conjunto de requisitos mínimos a serem cumpridos pelos MITADER /
para o maneio operadores florestais, discutidos e acordados de forma participativa 2018
florestal baseados nas exigências do actual quadro regulatório mas também, quando
necessário, excedendo os requisitos do quadro regulatório para garantir que
o maneio florestal seja realizado de forma responsável. Estes padrões
mínimos constituem um instrumento de avaliação do desempenho de todos
os detentores de licenças florestais em Moçambique.

Produtos Produtos de origem biológica que não seja madeira, derivada das florestas, Adaptado de
florestais não terras florestais e árvores fora das florestas, destinados ao uso humano . FAO, 1999
madeireiros
Enriquecimento
Plantação ou indução da regeneração natural de espécies florestais naturais
florestal
desejadas pelo seu alto valor comercial, aumentando o potencial/ valor
comercial do povoamento objeto desta actividade.
Áreas florestais Áreas florestais ( > 30% de cobertura de copa) convertidas directamente Adaptado de
desmatadas pela acção do homem, de floresta para terras sem floresta. FNDS 2018 (
desmatamento
2003-2013)
Paisagem A ‘paisagem” é um sistema sócio-ecológico que consiste num mosaico de Ecoagriculture
ecossistemas naturais e/ou modificados pelo homem, com a configuração policy focus nr
característica da topografia, vegetação, uso da terra e aglomerados 10, 2013
populacionais que é influenciado pelos processos ecológicos, históricos,
económicos, culturais e actividades na área.
Abordagem de Refere-se ao conjunto de conceitos, ferramentas, métodos, e abordagens Minang et al.,
paisagem desenvolvidas a nível de paisagens na procura de alcançar objectivos 2015
múltiplos económicos, sociais e ambientais através de processos que
reconhecem, reconciliam e capitalizam os interesses, atitudes e acções dos
vários actores, requerendo portanto alguma forma de envolvimento de
multi-actores.

Serviços refere-se aos atributos e processos através dos quais os Ecossistemas Ribeiro &
ambientais Florestais mantem as suas funções, criando condições para o sustento da Matediane,
vida na Terra 2019

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Restauração Restituição de um ecossistema ou de um povoamento florestal degradado, o Adaptado da
florestal mais próximo possível da sua condição natural. Lei 16/14
Reflorestamento Adaptado de
Actividade de estabelecer, cuidar, proteger e utilizar as plantações florestais
para fins de Decreto
para fins de uso múltiplo e de pequena escala, estabelecidas pelo Estado,
conservação 30/2012
pessoas singulares ou colectivas, famílias, comunidades locais, associações
ou organizações comunitárias, instituições de ensino e investigação, com o
objectivo de melhorar a qualidade do ambiente, reabilitação de áreas
degradadas ou protecção de ecossistemas frágeis.

Destinam-se à proteção das seguintes áreas: a) Dunas, encostas com


inclinação acima de 5% e terrenos fortemente erosionados; b) Bacias
hidrográficas e leito dos cursos de água de carácter territorial; c)
Povoamentos ou maciços de flora espontânea que sirvam de protecção a
determinadas culturas; d) Povoamentos vegetais de considerável valor
económico, paisagístico ou turístico e espécies em extinção; e) Povoamentos
ou quaisquer zonas que possam interessar à defesa militar, à defesa
sanitária e à conservação dos recursos hídricos.
Reflorestamento Adaptado de
Consideram –se as actividades de estabelecer, cuidar, proteger e utilizar as
para fins Decreto
plantações florestais de pequena, média e grande escala estabelecidas por
comerciais e 30/2012
qualquer pessoa singular ou colectiva com a finalidade de produção de
industriais
matéria-prima ou de produtos florestais de alto valor agregado destinados
ao mercado interno e exportação. Se considera também o reflorestamento
para bioenergia, lenha e carvão vegetal para consumo doméstico, industrial
ou para a exportação.
Aquisição
O termo aquisição de terra em empreendimentoss florestais, se refere aos
/acesso à terra
procedimentos necessários para garantir o direito de acesso e de uso da
terra, isto é por quanto tempo e sob que condições para fins de
reflorestamento; A Constituição da República de Moçambique e a legislação
nacional, os códigos de conduta e guiões voluntários globais sobre a
governação responsável da terra, florestas e pescas e de empreendimentos
de larga escala orientam a implementação dos investimentos.
Governação Descreve a forma (formal e informal) como as pessoas e organizações FAO,2012 e
florestal (actores públicos e privados) administram e regulam a floresta (processos), MITADER
nomeadamente, como articulam os seus interesses, tomam decisões e 2015;
implementam decisões relativas ao uso e acesso dos recursos florestais, os MITADER,
direitos e os benefícios derivados das florestas, incluindo a planificação, 2018
monitoria e controle do uso, maneio e conservação do património florestal,
entre outras. A boa governação florestal é associada à gestão eficiente e
eficaz dos recursos florestais, humanos e financeiros e a alocação equitativa
dos recursos e benefícios. Em Moçambique a avaliação da governação
florestal considera os 6 princípios da boa governação: (i) quando há
participação activa dos actores; (ii) quando existe transparência nos
processos de tomada de decisões; (iii) quando há responsabilização dos
intervenientes; (iv) quando há equidade nas medidas (v) quando há eficácia
no uso dos recursos e tomada de decisões, e (vi) quando há uma governação
eficiente aplicada aos três pilares da governação: 1. quadro legal e
institucional; 2. planificação e processo de tomada de decisões e 3.
implementação e aplicação da legislação.

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SUMÁRIO EXECUTIVO
O Programa Nacional de Florestas 2019-2035 constitui um exercício de reflecção e
participação dos diferentes actores na análise dos principais problemas e de
construção de uma visão partilhada de desenvolvimento a longo prazo. Especial
atenção foi dada à inclusão dos denominados temas “secundários” do sector
florestal, tais como lenha e carvão, produtos florestais não madeireiros e áreas de
conservação numa abordagem holística e multiabrangente das florestas.

O incremento demográfico, a rápida urbanização, crescimento económico e


mudanças climáticas são os principais motores para ajuste do sector e impelem à
integração das florestas na planificação territorial para acomodar diferentes usos,
funções e benefícios da floresta, bem como para garantir a sua perpetuação e
capacidade de abastecimento de matéria prima a uma industria próspera e
responsável.

Subsistem no sector florestal moçambicano inúmeros problemas e constrangimentos


sendo a fraca governação florestal, a sobre-exploração e abate ilegal as principais
ameaças ao desenvolvimento do sector.

Os principais desafios para cada tema do sector, são:

Temas do
sector Principais desafios da Agenda Florestal 2019 - 2035
florestal
Madeira de
01. Regulação e desenvolvimento de todas etapas da cadeia
florestas
de valor da madeira proveniente da floresta nativa;
nativas
Madeira de
02. Garantir a segurança de acesso à terra no
plantações
estabelecimento de plantações florestais;
florestais
Combustíveis 03. Formalização e regulação da cadeia de valor de carvão
lenhosos vegetal e incentivo do comércio sustentável;
Produtos
04. Valorização e integração dos produtos florestais não
florestais não
madeireiros na Agenda de Desenvolvimento;
madeireiros
Maneio
05. Apoio às iniciativas de gestão comunitárias e de negócios
comunitário
locais para o impulsionar desenvolvimento sócio-económico
dos recursos
local;
florestais
Conservação
florestal,
06. Valorização dos serviços ambientais numa abordagem
serviços
integrada de gestão de paisagens e conservação das florestas e
ambientais e
fauna bravia dentro e fora das áreas de protecção;
mudanças
climáticas
Integração 07. Integração das florestas nos planos de desenvolvimento do
territorial e país a todos os níveis com especial atenção nos distritos
multisectorial vulneráveis ao desmatamento;

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Governação 08. Boa governação, transparência e criação de um ambiente
florestal favorável ao investimento no sector florestal;
Construção 09. Actualização da formação florestal, construção de
de capacidades e investigação aplicada para modernização e
capacidades desenvolvimento do sector;

As florestas, através do uso sustentável dos seus múltiplos bens e serviços contribuem
para um desenvolvimento territorial integrado e inclusivo baseado na diversificação
da economia. O Programa Nacional de Florestas contribuiu ainda para o processo de
revisão do quadro legal através da formulação do Anteprojecto da Política Florestal e
sua Estratégia de Implementação, e é considerado o mecanismo de implementação
e monitoria do instrumento legal anteriormente referido.

O plano de acção está assente sobre três eixos estratégicos :

1) As florestas para o desenvolvimento sócio-economico e segurança alimentar


com foco no envolvimento das comunidades locais;
2) As florestas na construção de resiliência às mudanças climáticas e desastres
naturais; e
3) Governação e construção de capacidades;

que contribuem para alcançar a visão de desenvolvimento para as florestas


moçambicanas, num contexto de maior integração do sector florestal:

Garantir a perpetuação e aumento do património florestal nacional actualmente


existente e geração de benefícios derivados de bens e serviços ambientais através
do reflorestamento, restauracção, uso sustentável e agregacção de valor dos
produtos florestais, incentivando a gestão inclusiva e participativa, em especial dos
grupos vulneráveis, para o benefício económico, social e ambiental das actuais e
futuras gerações;
em: Anteprojecto da política florestal

O documento do programa está estruturado em 5 capítulos: O capítulo 1 refere-se à


contextualização do processo, a descrição geral das florestas moçambicanas
ressaltando a importância das florestas para a subistencia das populações rurais; O
capítulo 2 apresenta as principais constações derivadas dos estudos de apoio onde
se ressalta o desmatamento e a identificação dos distritos vulneráveis e a
necessidade de plantar para abastecer a procura crescente de produtos florestais. O
capitulo 3 versa sobre as potencialidades do sector , as opções de financiamento e
os desafios da agenda 2019-2035; O capitulo 4 apresenta o programa nacional de
floresta, abordagens e sua relação com a política florestal e o capítulo 5 versa sobre
a implementação, monitoria e principais riscos para o sucesso do programa.

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CAPITULO I. CONTEXTUALIZAÇÃO
1.1 Conceitos e processo de formulação

O Programa Nacional de Florestas é considerado um
termo genérico para o processo de formulação de um Os temas emergentes
quadro político abrangente do sector florestal que na área de clima,
contempla diversas abordagens para alcançar o biodiversidade,
maneio florestal sustentável. Envolve a formulação de ordenamento
políticas, estratégias, planos de acção, a sua territorial e
implementação, monitoria e avaliação, num processo descentralização
inter-activo, participativo de longo prazo, para incorporar impulsionam a
as necessidades e temas emergentes (FAO, 2012). revisão das
abordagens nas
É também amplamente adoptado como o instrumento florestas
de materialização das políticas do sector florestal, por moçambicanas.
exemplo em Moçambique, Zâmbia, Zimbabwe, Tanzania,
e Malawi e como um conjunto de iniciativas mutuamente acordadas para o
desenvolvimento do sector florestal que visam conectar a política com acções
práticas (Shumba, 2012, GoM, 2001; GoTanzania, 2001).

A Agenda considera uma visão holística da floresta como provedora de bens


(produtos florestais madeireiros e não madeireiros) e serviços ( qualidade de água,
solo, clima, biodiversidade, beleza estética e valores culturais, entre outros)
fundamentais para o desenvolvimento equilibrado da nação moçambicana.

O Programa Nacional O futuro das florestas está intrinsecamente


de Florestas traduz as interligado com as políticas de ordenamento
aspirações da Política territorial, desenvolvimento agrário, energia,
exploração mineira, infra-estruturas (viárias,
Florestal em eixos de
electricidade, água), assentamentos humanos,
desenvolvimento e
serviços financeiros, tecnologia, conhecimento entre
programa de acções e outros, cujos acções e estratégias afectam a
monitoria. permanência dos recursos florestais.

Para além dos inúmeros estudos e consulta bibliográfica em cada tema, quatro
trabalhos contribuíram para o desenvolvimento da visão e estratégia de acções:
1. O desmatamento histórico e sua projecção (mapa florestal 2035)
2. A análise da oferta e procura de produtos florestais;
3. Ordenamento territorial e valorização de perdas e ganhos
4. Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial: Moçambique integrado e coeso.

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A Agenda florestal foi formulada através de
um processo interativo e participativo
procurando integrar processos em curso,
criar sinergias e parcerias. Participaram na
formulação da Agenda e programa de
acções um total de 246 especialistas entre
membros da sociedade civil, operadores
florestais (produtores de carvão e de
madeira), sector público, academia e
parceiros de cooperação integrados em 8
grupos de trabalhos temáticos (Figura 1)
para além dos cerca mil participantes do
processo de consulta pública cujas valiosas
contribuições enriqueceram o documento.

Figura 1 - Grupos Temáticos da Agenda Estratégica 2035 / Programa Nacional Florestas.

Constituem as bases de formulação do programa Nacional de Florestas :


1. A Constituição da Républica
2. Quadro legal e político do país ;
3. Estratégia de desenvolvimento sustentável de Moçambique 2015-2035
4. Os Objectivos globais de Desenvolvimento Sustentável, os acordos regionais e
convenções globais, com destaque para o clima, biodiversidade, e
desertificação;
5. Os objectivos globais do plano de acção estratégico para as florestas 2017-
2030

§ O programa nacional de florestas é um processo continuo de


planificação participativa estratégica do sector.
§ constitui um instrumento de operacionalização da política
florestal contribuindo para alcançar um desenvolvimento
territorial integrado e inclusivo
• como documento estratégico visa alcançar o maneio florestal
sustentável e o equilíbrio entre conservação e utilização do
recurso, num contexto de baixas emissões de carbono,
desenvolvimento integrado, parcerias e boa governação.
• como valor central incorpora a contribuição das florestas (
bens e serviços) na melhoria do bem-estar da população
moçambicana;

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1. 2. As florestas moçambicanas e o sector florestal

1.2.1 Ecossistemas florestais

Moçambique, com uma superfície terrestre de 786 380 km2 e uma população de
28,8 milhões de habitantes, com 40% do território terrestre coberto por florestas
naturais é considerado um país com recursos naturais abundantes: água, terras
aráveis, potencial hidroeléctrico, reservas de gás natural, carvão e outros recursos
minerais do subsolo. O país possui 7 principais tipos de vegetação de acordo com
White (1983)) : 1) miombo; 2) mosaico costeiro, incluindo as florestas secas da costa;
3) matas de mopane; 4) florestas indiferenciadas contendo Acacia sp. nas zonas
secas e diversas outras espécies como Albizia sp, Terminalia sp, e Sclerocarya birrea;
5) florestas de montanha entre 1500-2000m
de altitude na província de Manica, Tete e
Zambézia; 6) vegetação holófita de solos
salinos no vale do Rio Changane e 7)
vegetação de áreas pantanosas, alagadas
na zona da fronteira com Malawi ( Micoa,
2009).

O país apresenta ainda uma biodiversidade


considerável: cerca de 6000 espécies de
plantas das quais 200 espécies estão na lista
Vermelha da UICN e 22% são endémicas, 200
mamíferos, 726 espécies de aves, 171
espécies de répteis, 85 de anfíbios e 3075
espécies de insectos ( Biofund).

Em Moçambique, o miombo abrange 2/3 da


área florestal de Moçambique, sendo
comum a sua ocorrência a norte do rio
Fonte: biofund ( s/data) Limpopo. Embora considerado um
ecossistema uniforme pela predominância
das Brachystegias, apresenta variações de composição, estrutura e diversidade a
nível local derivado das acções humanas, fauna bravia, clima e solo. Se estima a
diversidade do miombo em 8500 espécies de plantas das quais cerca de metade
(54%) são endémicas (Ribeiro et al., 2015). O estrato arbóreo apresenta uma
densidade média de acima de 500 arv/ha (Hofiço & Fleig, 2015, Ribeiro et al., 2013,
Magalhães, 2018) e as árvores raramente formam uma canópia fechada (40%-80%),
condividindo o solo com extracto continuo herbáceo onde predominam os capins
do género Hyparrhenia, Andropogon e vários arbustos e legumes. Os estrato arbustivo
e herbáceo além de constituir uma fonte de material combustível significativa para as
queimadas recorrentes durante a estação seca e comuns no miombo, é também

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uma fonte de alimentos para um grande número de animais bravios. As árvores do
miombo possuem raízes extensas que facilitam a regeneração, e muitas delas
possuem a capacidade de rebrotar a partir das raízes e toiças, facilitando a
recuperação da vegetação. Sendo predominante em Moçambique, as florestas de
miombo são uma fonte considerável de matéria prima para a indústria madeireira em
Moçambique que utiliza sobretudo as espécies associadas ao miombo (Afzelia
quansensis e Pterocarpus angolensis) e fornecem um conjunto de produtos
alimentares (cogumelos, raízes, bolbos), medicamentos, material de construção,
combustível doméstico e valores espirituais associados a estas florestas à população
moçambicana.

O inventário florestal indica que a floresta de mopane (chanato) com 3,1 milhões de
hectares é o segundo tipo florestal mais extenso depois do miombo, ocorrendo nas
regiões semi-áridas do interior dos vales do Limpopo-Save e no vale do alto Zambeze.
As florestas de mopane, são caracterizadas pela predominância da espécie
Colosphospermum mopane (mopane, chanato, missano) , em povoamentos quase
puros, sendo também comum exemplares das espécies Guibourtia conjugata (
chacate preto), Kirkia acuminate, Acacia nigrescens, Brachystegia utilis e Sclerocarya
birrea ( Magalhães, 2018).

Na África Austral, se estima que os


Figura …... Distribuição de povoamentos de Mopane em Africa povoamentos de Colophospermum
mopane abrangem cerca de 550 500
km2 distribuídos um pouco por todos os
países da região austral ocorrendo
numa variedade de condições
climáticas ( figura 2). Ocorre sobretudo
em terras de baixa altitude (300-850
metros) solos de textura pesada
arenosos a argilosos e em zonas secas e
quentes de precipitação moderada
(370 -700 mm/ano e temperaturas
médias entre 16-29 graus centígrados ) (
Makhado et al., 2014).

Figura 2 - Distribuição das florestas de Mopane na


Fonte : Mucina & Rutherford (2006) África Austral

Em Moçambique estes povoamentos quase puros, decíduos, com sistema radicular


bem desenvolvido mas pouco profundo (1,20 cm) e com capacidade de rebrotar,
adaptados à escassez de água e altas temperaturas ocorrem sobretudo em Gaza,
Tete, Inhambane, e Manica e apresentam uma densidade média 482 arv/ha. As
características dendrométricas variam localmente mas em média são povoamentos
de diâmetro e altura total média baixa (15 cm de diâmetro médio e altura total
média de 7,4 metros) ( Magalhões, 2018).

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A espécie é classificada de primeira classe quando se considera o seu potencial


madeireiro, pesada ( 900 -1075 kg/m3), resistente às térmites e portanto muito
apreciada para estacas, vedações, construção, utensílios domésticos bem como
para lenha e produção de carvão vegetal (embora a produção de carvão desta
espécie não seja permitido por lei). Difícil de cortar com utensílios manuais por ser
dura, esta espécie é considerada a melhor lenha de África, pelo alto poder calorífico,
por arder devagar e produzir poucas cinzas. Os produtores de carvão de Mabalane
consideram o carvão desta espécie como o ‘ melhor”, o carvão “original”.

O mopane é ainda conhecido pelas suas larvas comestíveis ( Gonimbrasia belina ou


matomanas), fonte de proteína importante para a população local, e pela sua
forragem apreciada quer pelos animais domésticos quer pela fauna bravia com
destaque para o kudu e os elefantes. O mopane é também considerado uma
vegetação importante para a diversidade de vertebrados do país (Biofund
sem/data) . As sementes produzem óleo e daí provém o seu nome de “ turpentine “ ,
mas este especto é ainda pouco explorado em Moçambique. Frutifica entre março
e junho e as sementes são dispersas pela chuva e vento a distâncias curtas. A
propagação por semente é considerada relativamente fácil e sem necessidade de
pré-tratamentos pelo que, dada a sua característica de multi-usos e grande
apreciação para produção de estacas e combustíveis, a sua domesticação e
plantio deveria ser considerada para repôr as quantidades abatidas para a
produção de carvão e venda de estacas. Esta vegetação alberga 5 espécies de
aves que podem ser consideradas quase endémicas: o Pássaro-de-amor de Lilian’s
(Agapornis lilianae), o Pássaro-de-amor de face preta (Agapornis nigrigenis),
Pintadinho de garganta rosada (Hypargos margaritatus), Barbaas de Champlin’s
(Lybius chaplini), Chasco-das-rochas (Pinarornis plumosus) e o Canário-de-peito-limão
(Serinus citrinipectus) e ainda várias plantas medicinais das quais se destaca o
gengibre selvagem (Siphonochilus aethiopicus) e a Warburgia salutaris (Biofund,
s/data), e não existe nenhuma reserva florestal estabelecida neste ecossistema
(Ribeiro & Matediane, 2019).

O terceiro extrato florestal, é caracterizado por povoamentos quase puros de


Androstachys Johnsonii ( mecrusse, cimbirre), abrangendo cerca de 843 000 ha , isto
é cerca de 3% da área florestal total, sobretudo nas províncias de Inhambane e
Gaza, nos distritos de Massangena, Chicualacuala, Mabalane, Chigubo, Guijá,
Mabote, Funhalouro, Panda, Mandlakaze e Chibuto (Magalhões & Seifert, 2015) . Esta
espécie é também encontrada nos montes Libombos na zona de Goba. O mecrusse
é da familia Euphorbiaceae, caracterizado por ser uma espécie gregária formando
povamentos densos ( densidade média de 1125 arv/ha) uniformes tanto em diâmetro
como altura, quase puros e sempreverdes. A madeira é densa (810-960 kg/m3 a 12%
de conteúdo de humidade) mas considerada relativamente fácil de trabalhar e
muito apreciada para mobiliário e réguas de parquet no mercado nacional e
internacional;

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Estima-se que os mangais de Moçambique abrangem uma área superior a 300.000 ha
sendo considerados a segunda maior área de mangal do continente africano
(Nigéria, Moçambique, Guiné-Bissau, Madagáscar e Guiné), destacando-se os
mangais do delta do Zambeze ( Sitoe et al.,2014). Além da sua extensão, os mangais
de Moçambique são também considerados aqueles que possuem maior diversidade
de espécies no continente Africano (Fatoyinbo & Simard, 2013), ocorrendo pelo
menos 8 espécies no país (Mitader, 2015; Sitoe e Macamo, 2016). Constituem uma
formação florestal de especial importância pela sua contribuição na provisão de
bens e serviços únicos e específicos sendo de destacar: alimentos, material de
construção, taninos, medicamentos, acumulação de nutrientes e matéria orgânica
essencial para a flora e fauna terrestre e marinha, habitat para reprodução das
espécies marinhas, prevenção da erosão da faixa costeira e ao longo dos rios,
absorção de poluentes e reguladores da qualidade da água, redução das cheias,
entre outros. 60 % da população Moçambicana habita nas zonas costeiras e junto
dos mangais estão localizadas algumas das principais cidades do país: Quelimane,
Beira, Pemba, Inhambane e Maputo. A importância dos mangais na economia
nacional é subestimada pela dificuldade de valorização dos seus inúmeros serviços e
benefícios estimando-se que o valor de mercado anual da pesca apoiada pelos
mangais varia entre 750US$ a 16.750 US$ por hectare de mangal (Mitader, 2015).
Sabe-se também que os mangais para além de proverem um conjunto de serviços
ambientais não quantificados possuem um papel considerável na mitigação das
mudanças climáticas pois os mangais sequestram e armazenam maior quantidade
de carbono do que qualquer outra floresta terrestre. Sitoe et al., (2014) encontraram
que o mangal da baía de Sofala ( localizado ao redor dos estuários dos Rios Savane,
Pungué e Buzi) armazenam 73% do cabono no solo e que o stock médio total de
carbono é de cerca de 200 tCarbono/ha, isto é o dobro do carbono armazenado
pelo miombo (110 tCarbono/ha) e mopane.

Figura 3 - Reservas de carbono por hectare no


miombo, mopane e mangais





Fonte: Sitoe, A. Mandlate, J.L. & Guedes, B. ( 2014). Biomass
and Carbon stock of Sofala Bay Mangrove Forests;

Também associados à costa, destaca-se as
florestas secas costeiras de África Oriental, que
ocorrem ao longo da costa moçambicana até
ao sul da Somália e fazem parte do mozaico

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Zamzibar –Inhambane da classificação de White (1983). Poucos estudos existem sobre
estas florestas costeiras de Moçambique (Timberlake et al., 2011) mas a conservação
internacional e o WWF consideram que as mesmas representam um centro de
biodiversidade importante, com elevado endemismo e diversidade de espécies. Estas
florestas secas costeiras são definidas, entre outras características, como formações
secas encontradas dentro de um intervalo de 50-100 km da costa caracterizadas por
serem : (i) florestas secas, deciduas e semi-deciduas atingindo 80% de cobertura de
copa quando não pertubadas e que se transformam em matagais na presença de
distúrbios; (ii) conterem um número significante de árvores e espécies de arbustos de
folhas espessas e densas ( esclerófitas); (iii) possuírem uma composição de espécies
diferente do miombo vizinho e a sobreposição das mesmas espécies entre as duas
formação é geralmente menor que 30%; ( iv) ocorrerem em manchas pequenas (
geralmente menores de 20km2). Na costa norte de Cabo Delgado pertencem ao
centro de endemismo de Lindi, onde se destaca predominância de algumas
espécies endémicas (Ochna dolicharthros, Eriolaena rulkensii) e novas (Timberlake et
al., 2011; Chase & Darbyshire, 2015; )

Figura 4 - Florestas secas costeiras ( Timberlake et al., 2011)

As florestas possuem ainda importância global pela provisão de serviços reguladores


(armazenam carbono e mitigam as mudanças climáticas) e providenciam habitat à
biodiversidade do país. Sendo um país com 104 bacias hidrográficas, as florestas
como reguladoras do ciclo da água reforçam a sua importância a nível nacional e
regional, com destaque para a bacia do Zambeze.


Florestas e objectivos globais de desenvolvimento sustentável

Moçambique é um dos países mais pobres do mundo, estimando-se que mais de


metade da sua população vive abaixo da linha de pobreza. A incidência da
pobreza manifesta-se particularmente nas áreas rurais onde vivem 8 de 10 pessoas
pobres do país (WB, 2018). A população rural encontra nas florestas os complementos
para a sua subsistência diária. Estima-se que 80% da população rural possui uma
dependência histórica das florestas e satisfaz as suas necessidades em proteínas
animal a partir da caça de animais bravios, insectos comestíveis e dos peixes de
águas interiores e que o sector familiar é o principal consumidor e beneficiário dos
produtos de floresta e fauna bravia (Política de florestas e fauna Bravia, 1997).
Claramente, as florestas moçambicanas são essenciais para alcançar o objectivo de
desenvolvimento sustentável (ODS) global # 15 – vida na terra , pois providenciam
um conjunto de benefícios derivados dos serviços ( biodiversidade, protecção do
solo, regulação dos ciclos da água e carbono, valores culturais e espirituais) e
produtos florestais por elas fornecidos, sendo difícil imaginar a vida dos
moçambicanos num país sem floresta. As florestas e seus inúmeros bens e serviços
contribuem para alcançar o desenvolvimento sustentável, equilibrado e harmonioso
de Moçambique contribuindo para alcançar vários objectivos de desenvolvimento
sustentável. São eles:

Tabela 1 - Contribuição das florestas para alcançar os objectivos globais de desenvolvimento sustentável

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OBJECTIVO GLOBAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ACTIVIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
1. GESTÃO FLORESTAL
Inventário Florestal
Maneio florestal e monitoria dos
recursos
Planificação do uso da terra
Exploração de madeira
Produtos florestais não
madeireiros
Maneio do Fogo
Maneio de fauna bravia
Doenças e pragas florestais
2. ADAPTAÇÃO A
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Restauração florestal
REDD+
Sistemas agro-florestais
Maneio de bacias hidrográficas
3. FLORESTAS URBANAS E
PERI-URBANAS
4. PLANTAÇÕES
FLORESTAIS
5. CONSERVAÇÃO DE
ÁREAS FLORESTAIS
6. RECURSOS GENÉTICOS
FLORESTAIS
7. MANEIO COMUNITÁRIO
DE REC. NATURAIS
8. DESENVOLVIMENTO DE
EMPRESAS
NEGÓCIOS/FLORESTAIS
9. ENERGIA DA BIOMASSA
10. POLÍTICA FLORESTAL
11. GOVERNAÇÃO
FLORESTAL
12. CERTIFICAÇÃO
FLORESTAL
Fonte: FAO, Sustainable forest management toolbox.
1. Erradicação da pobreza; 2. Fome zero; 3. Saúde e bem-estar; 4. Educação de qualidade;
5.Igualdade de género; 6. Água limpa e saneamento; 7. Energia acessível e limpa;
8. Emprego digno e crescimento económico; 9. Indústria, inovação e infra-estrutura;
10. Redução das desigualdades; 11. Cidades e comunidades sustentáveis;
12. Consumo e produção responsáveis; 13. Combate às alterações climáticas;
14. Vida debaixo de água; 15. Vida sobre a terra; 16. Paz, justiça e instituições fortes;
17. Parcerias

1.2.2 O sector informal e subsistência da população


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As florestas são essenciais para o povo moçambicano, que encontra nelas as formas
de subsistência e oportunidades para geração de rendimentos. As florestas possuem
também um papel importante nos momentos difíceis ( eventos climáticos extremos) e
são a principal fonte de combustível doméstico no país, albergando cerca de 1000
operadores florestais para produção de madeira e envolvendo aproximadamente 3
milhões de pessoas na cadeia de valor dos combustíveis lenhosos, sem se considerar
os demais usos comerciais das florestas (artesanato, plantas medicinais, materiais de
construção, entre outros).

Nas áreas rurais, a agricultura, pecuária, pescas e florestas envolve a grande maioria
dos agregados familiares ( 89% segundo o censo de 2007). Apesar da cobertura dos
serviços de extensão estar a aumentar, apenas atinge 12% das famílias agricultoras
(Suit & Choudhary, 2015), sendo o sector agricultura caracterizado por pequenas
unidades familiares cultivadas à mão, estimando-se cerca de 3,9 milhões ( 99%) de
explorações agrícolas pequenas, 51 872 (13%) de explorações médias e apenas 728 (
menor que 1%) são grandes explorações. Considerando que a produção,
produtividade e competitividade agrícola é baixa devido ao fraco desenvolvimento
do capital humano (38% dos chefes de família não possui escolaridade), ao
esporádico uso de sementes melhoradas, fertilizantes, maquinaria, dificuldades de
acesso ao mercado, más condições da estrada e acesso limitado a financiamentos
e créditos, a insegurança alimentar afecta cerca de 50% dos agregados familiares,
dos quais 24% de forma crónica. 43% das crianças são mal nutridas, afectando
irreversivelmente os seu desenvolvimento físico e cognitivo (UNDAF, 2017). Extensa
literatura cita o uso da flora e fauna pela população moçambicana, que encontra
na floresta quase todos os produtos que necessita para sobrevivência: material de
construção, combustível, alimentos, medicamentos, diversos utensílios domésticos,
taninos, produtos ornamentais e ainda valores espirituais e culturais associados às
florestas e meio ambiente. As fruteiras nativas possuem um papel importante na
nutrição e potencial elevado para exploração económica e melhoria do rendimento
familiar e é especialmente nas épocas de crise e fome que os frutos silvestres
(polpa, sementes e caroços ) adquirem uma importância crucial (Magaia & Skog,
2017). Os frutos são particularmente apreciados pelas crianças e as bebidas
alcoólicas produzidas com base nas frutas silvestres agregam valor e são também
muito apreciadas pela população local, e geralmente produzidas pelas senhoras
idosas e viúvas como actividade de rendimento. Para além dos frutos, a população
recorre à floresta para encontrar folhas, bolbos, raízes comestíveis , por exemplo de
Dioscorea preussii (munhanha), sementes de Entada rheedei (zangusi) e
Amblygonocarpus andongensis (mutindiri), ou frutos de Kigelia africana (muweve),
folhas para chás (Combretum hereroense, Boscia albitrunca) entre outros ( Bruschi, et
al., 2014) . A fraca cobertura do sistema sanitário, com um rácio de 7,2 médicos por
100.000 habitantes ( INE, 2014) impele a população a recorrer às florestas para
encontrar os inúmeros produtos para as tratamentos de saúde de que necessita,
sendo de destacar, diarreias, malária, complicações respiratórias, de estômago,
anemias, infecções parasitárias, doenças sexuais e associadas ao HIV, reflectindo a
grande necessidade de preservação deste conhecimento tradicional associado ao
uso dos recursos florísticos. Considera-se que 800 plantas das 5500 classificadas em
Moçambique sejam usadas para fins medicinais (Krog et al., 2006), sendo de destacar
a falta de padronização de dosagens e control de qualidade (Ribeiro et al., 2010).
Além do uso medicinal a grande maioria das espécies ( 87%) são também usadas

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para crenças, mitos, ritos tradicionais, entre outros, revelando a importância da
vegetação nos valores culturais e espirituais das comunidades locais.

Associado à floresta, o país é rico em fauna bravia, possuindo 4271 espécies de


fauna, das quais 72% são insectos, 17% aves, 5% mamíferos, 4% répteis e 2% anfíbios,
estimando-se que 80% da população rural encontra na fauna bravia e peixes de
águas interiores a fonte de proteínas. A lei de florestas e Fauna Bravia considera a
garantia do direito de uso e acesso às florestas para extracção dos produtos para
consumo próprio como um direito fundamental da população moçambicana.

A importância das florestas e seus múltiplos produtos, para as famílias nas áreas rurais
pode ser resumida em 5 seguintes aspectos (Shackleton & Pandey, 2013):
1) Como provedimento das necessidades quotidianas das famílias, isto é, o
consumo directo dos agregados familiares, estimando-se que a contribuição diária
destes recursos varie de 10-60% do rendimento total das famílias de acordo com o
contexto agro-ecológico, social, cultural, político e económico;
2) Como alternativa de geração de rendimentos financeiros, seja como
suplemento ou como fonte principal do agregado familiar estimando-se que a
contribuição do comércio de PFNM para o rendimento do agregado familiar possa
variar de 5% a mais de 90% de acordo com o grau de especialização, envolvimento,
agregação de valor e sazonalidade do negócio;
3) Como mecanismo de segurança em tempos de escassez ou infortúnio
derivado de más colheitas ou perda de criação animal devido às secas, ciclones,
cheias ou acontecimentos e dívidas inesperadas, sendo sobretudo usados pelas
famílias de menores posses;
4) Como bens culturais e papel espiritual ( por exemplo em Moçambique a festa
do canhu é um evento cultural importante) , e os artigos usados nas vestes e
cerimónias tradicionais; e
5) Como poupança para o Estado e para aquelas famílias que dependem
destes produtos para a subsistência, pois o uso grátis (sem contar o trabalho e tempo
despendido para a colheita dos PFNM e madeireiros) permite que as famílias mais
pobres possam utilizar os parcos recursos financeiros disponíveis noutros gastos:
sementes e insumos agrícolas, material escolar, etc.

Isto significa que o Estado deveria gastar mais em infra-estruturas e serviços em


sectores como a saúde, energia, construção e agricultura, adicionando nos gastos
públicos e agravando assim a pobreza de milhões de famílias se as mesmas não
pudessem obter estes produtos de forma grátis na natureza.

Nas cidades existe uma maior mistura de ocupações e oportunidades de emprego


(construção civil e comércio) mas o pequeno comércio constitui a principal forma de
auto-emprego e ocupação nas cidades moçambicanas (UNDAF, 2015). As pequenas
empresas (carpintarias, mobiliário), comercialização de combustíveis lenhosos
(sobretudo carvão vegetal) e de produtos medicinais “tradicionais” são comuns nos
mercados dos centros urbanos e áreas peri-urbanas.

1.2.3 As florestas e as mudanças climáticas

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Para além de produção de madeira e outros produtos florestais, as florestas
moçambicanas são importantes para a provisão de serviços regulatórios do clima,
qualidade de água e solo e como habitat para a fauna bravia do país.
Moçambique é considerado um dos países mais vulneráveis aos efeitos das
mudanças climáticas derivado de diversos factores: (i) localização geográfica a
jusante dos maiores rios de África, (ii) uma extensa zona litoral que alberga os
principais centros urbanos (iii) localização na zona de convergência intertropical.
Adicionalmente, os elevados níveis de pobreza e a grande dependência da
população em relação aos recursos naturais, contribuem para aumentar a
vulnerabilidade do país e sua população aos efeitos das mudanças climáticas.
As florestas possuem um importante papel quer na mitigação dos efeitos climáticos,
quer nas medidas de adaptação para a redução de vulnerabilidade das florestas e
das comunidades dependentes das mesmas ( Tabela 2).

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Tabela 2 - Exemplos de intervenções de mitigação e adaptação às mudanças climáticas

MITIGAÇÃO ADAPTAÇÃO
1. Aumento do sequestro de Carbono
§ Reflorestamento
§ Restauração
§ Sistemas agro-silviculturais
2. Conservação do carbono sequestrado
nas florestas ( REDD+)
§ Gestão integrada da terra e recursos 1. Para reduzir vulnerabilidade e reforçar
naturais a vários níveis ( incluindo capacidades adaptativas das florestas
trans-fronteiras); § Evitar fragmentação de paisagens e realçar
§ Harmonização de políticas corredores de biodiversidade;
multisectoriais para REDD; § Manter saúde e vitalidade das florestas
§ Maneio sustentável das florestas; § Ajustar práticas de maneio ;
§ Exploração florestal de baixo impacto;
§ Maneio do fogo e redução de
queimadas descontroladas; 2. Para reduzir vulnerabilidade e reforçar
§ Redução de desperdícios e aumento de capacidades adaptativas das comunidades
eficiência das cadeias de valor; § Garantir direito de uso e acesso às florestas e
3. Valorização de produtos florestais reforçar mecanismos de defesa das
§ Substituição de alumínio, plástico, comunidades dependentes;
concreto e metais por madeira § Reforçar as capacidades das Organizações
proveniente de florestas manejadas Comunitárias de Base.
sustentavelmente; § Diversificar os produtos florestais e as
§ Energia da biomassa proveniente de oportunidades de geração de rendimento e
florestas manejadas sustentavelmente. emprego.

Boa governação florestal
§ Clareza na propriedade, diretos de acesso e uso das florestas e das árvores;
§ Promoção de transparência e prestação de contas;
§ Reforçar a participação dos actores na tomada de decisões e monitoria;
§ Reduzir lacunas/ sobreposições e aclarar mandatos;
§ Promover coordenação e parcerias;
Fonte: Adaptado de FAO, 2018

As projecções climáticas indicam um aumento da temperatura média anual entre 1,5


oC – 3 oC até 2065, prevendo-se que este aumento se observe sobretudo no interior

do país. Em termos de precipitação, na zona oeste, sul e central espera-se um


decréscimo em cerca de 31%, enquanto que para a zona norte espera-se um
incremento de cerca de 1-8%. Espera-se igualmente uma variabilidade climática
maior e um padrão errático e imprevisível de temperatura e precipitação. Como
consequência, a ocorrência de eventos climáticos extremos irá continuar a
acontecer no próximos 20 anos (Meyer, 2012, citado por Ribeiro & Matediane, 2019).

Sendo um tema transversal e actual as medidas de mitigação e adaptação às


mudanças climáticas estão reflectidas no eixo de desenvolvimento de construção de
resiliência às mudanças climáticas e desastres naturais da Agenda Estratégica 2019-
2035.

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1.2.4 As áreas de conservação florestal,

Moçambique apresenta uma diversidade de ecossistemas e de espécies de interesse


global para a conservação, que é expressa pelas cerca de 6000 plantas classificadas
das quais 22% são endémicas (1320 espécies vegetais) e 300 espécies ameaçadas
incluídas nas Lista Vermelha da UICN (Mitader, 2015). Moçambique engloba 5 zonas
principais fitogeográficas da África Austral, nomeadamente: (i) Centro Regional de
Endemismo Zambeziano; (ii) Centro Regional de Endemismo Swahiliano (Mosaico
Regional Zanzibar-Inhambane); (iii) Zona de Transição Regional Swahiliano-
Maputaland; (iv) Mosaico Regional Maputaland-Tongoland; e a (v) Centro de
Endemismo Afromontanhoso (Mitader, 2015). Muitas das espécies endémicas, raras ou
ameaçadas de flora e fauna são associadas a habitats isolados de montanha,
destacando-se os maciços montanhosos da Gorongosa e Chimanimani e os
inselbergs ( Chiperone, Namuli, Mecula, Mabu, entre outros) e dois centros principais
e reconhecidos de endemismo vegetal do país: a região de Maputaland que inclui a
reserva florestal do Licuati e a região de Chimanimani-Nyanga no qual estão
presentes 3 reservas florestais ( Micoa, 2009).

O país possui 7 parques nacionais, 8 reservas nacionais, 20 coutadas, 51 fazendas de


bravio e 13 reservas florestais (Biofund, 2016). Para além das áreas de conservação e
reservas florestais, as florestas denominadas “produtivas” em regime de licenciamento
comercial para extracção de madeira apresentam também zonas de alto valor de
conservação que devem ser zoneadas e geridas com objectivos de conservação dos
ecossistemas florestais para garantir os serviços ambientais por eles providos, sendo de
destacar a fauna bravia existente nas florestas de produção, as nascentes e floresta
de galeria, inselbergs e arredores, florestas sagradas e de valor espiritual, etc.

Moçambique possui cerca de 528 000 hectares em regime de protecção total , nas
chamadas reservas florestais. Estabelecidas com diversos propósitos as reservas
florestais de Moçambique abrangem alguns dos tipos de vegetação existentes em
Moçambique (floresta e matagal costeiro do centro de endemismo de maputaland
na floresta de Licuati, vegetação de montanha húmida sempreverde de beleza
cénica na região de Manica na reserva de Maronga, miombo seco e húmido nas
reservas de Nampula). Exceptuam-se as matas de mopane e as manchas de
vegetação seca da costa que não estão representadas em nenhuma das reservas
do país.

A literatura sobre reservas florestais em Moçambique relata problemas como


queimadas e assentamentos humanos nas reservas florestais já nos primórdios do seu
estabelecimento. Actualmente, as reservas florestais são caracterizadas pela
presença de aglomerados populacionais, e as actividades humanas (agricultura,
incluindo o fomento de cultivos de rendimento como algodão, tabaco e bananais, a
caça, a produção de carvão, o corte de madeira ) são apontados como as
principais causas de desmatamento e degradação do património florestal nas
reservas florestais. A falta de clareza e administração de tutela, a falta de planos de
maneio (apenas as reservas do Derre, Mecuburi e Matibane possuem plano de
maneio) e a ausência de perspectiva de sustentabilidade financeira, são alguns dos
problemas adicionais enfrentados pelas reservas florestais nos dias de hoje e
amplamente descritos em vários estudos.

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A Reserva Florestal de Mecuburi (a maior das reservas florestais) apresentou uma taxa
anual de desmatamento médio de cerca 1.780 hectares/ano no período 2004-2016
(Bioflora, 2016 citado por Ribeiro & Matediane, 2019). Estes valores estão alinhados
com valores obtidos nas reservas nacionais. Por exemplo, a Reserva Nacional de
Chimanimani apresentou uma taxa média de desmatamento anual de 1.452
hectares/ano (2003-2013) enquanto que a Reserva Nacional do Gilé apresentou um
desmatamento médio anual de 555 hectares/ano, dos quais 83% na zona tampão
resultando na emissão de 73 896,79 tCO2e/ano (FNDS, 2018 pers. com).

1.2.5 Contexto legal e institucional

1.2.5.1 Quadro legal internacional

As florestas (ao contrário da biodiversidade e clima) não possuem um único


instrumento legal internacional que cubra todos os aspectos das florestas e diferentes
tipos de floresta, demonstrando a sua territorialidade e relação com a soberania
nacional e a dificuldade de conjugar consensos globais que possam ser legalmente
impostos. O enquadramento internacional florestal é um conjunto de vários tipos de
instrumentos (Rayner, 2010) :

1. Instrumentos não legalmente vinculantes (princípios, declarações, decisões,


resoluções e outros instrumentos que reflectem o compromisso político
focalizado nas florestas. Incluem os princípios das florestas, Agenda 21, etc).
2. Convenções, acordos e outros instrumentos legalmente vinculativos,
relacionados com as florestas. Incluem a Convenção da Biodiversidade, a
Convenção do Clima, Cites, Ramsar, entre outras.
3. Sistema regulatórios internacionais voluntários ( FSC, Smartwood, códigos de
conduta, guiões voluntários, entre outros).

A governação internacional florestal sendo fragmentada está dispersa por diversos


domínios regulatórios, destacando-se a biodiversidade e serviços ecossistémicos, as
mudanças climáticas e sequestro de carbono, a camada de ozono estratosférico, o
comércio internacional, o meio ambiente, o regime internacional da água, energia,
governação e género ( tabela 3).

Tabela 3 – Quadro regulatório internacional das florestas

1. INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS LEGALMENTE VINCULANTES EM TEMAS RELACIONADOS


COM FLORESTAS
Ratificados por
Regimes Quadro Legal Global contexto Moçambique

1. Convenção da Biodiversidade Perda da biodiversidade Resolução 2/94


Regime
bio-segurança e organismos Resolução
Internacional
1.1 Protocolo de Cartagena genéticamente modificados 11/2011
da protecção
Acesso e partilha justa e equitativa
da
de benefícios derivados de recursos
Biodiversidade 1.2 Protocolo de Nagoya
genéticos e conhecimento Resolução
tradicional associado 2/2014

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Protecção da biodiversidade de
terras húmidas e redução de perdas
/desmatamento de zonas húmidas,
incluindo os mangais. O complexo
de Marromeu no Delta do Zambeze
classificado em 2004 como um sitio
de importância internacional que
2. Convenção sobre Terras húmidas de compreende um total de 1.330.00 Resolução
importância Internacional - RAMSAR hectares dos quais 688.000 ha de 45/2003
florestas em áreas secas e abarca a
reserva de búfalos de Marromeu e 4
coutadas de caça; e o lago Niassa e
sua zona costeira abarcando uma
área de 1.363.700 hectares
classificado em 2011 como zona de
importância internacional RAMSAR.
Criação e gestão de áreas
3. Convenção Africana sobre a Conservação protegidas e conservação e
da Natureza e dos Recursos Naturais ( utilização sustentavel dos solos, Resolução 18/81
Convenção de Argel) florestas, água e fauna. revisto 2003

4. Convenção para a Conservação de Fauna


e aplicação da Lei na comunidade para o Protecção de fauna bravia e Resolução
Desenvolvimento de Africa Austral ( SADC) combate à caça furtiva 14/2005

Mitigação de mudanças climáticas
resultantes da emissão de gases de
efeito estufa. As florestas são
Regime incluídas na análise de mudanças
1. Convenção Quadro das Nações Unidas
internacional de uso da terra e na ligação entre a Resolução
sobre Mudanças Climáticas e protocolo de
de Mudanças perda e degradação de florestas e a 10/2004
kyoto
climáticas emissão de gases de efeito estufa.

1. Convenção de Viena ( 1985) e Protocolo Degradação do Ozono


Regime
de Montreal (1987) estratosférico Resolução 8/93
Internacional
do Ozono 2. Convenção de Bamako sobre a protecção
da camada do Ozono Protecção camada de Ozono Resolução 8/93

1. Convenção sobre a Protecção do
Património Cultural e Natural do Mundo. Protecção de monumentos naturais Resolução 17/82
Prevenir e combater a poluição da
costa oriental africana originada
Regime 2. Convenção para a protecção, gestão e
pela deposição de resíduos e outro
Internacional desenvolvimento do ambiente marinho e
material no mar proveniente de
do Meio costeiro da região oriental de África e
navios, aviões e outras infra-
Ambiente respectivos protocolos
estruturas no mar feitas pelo
homem Resolução 17/96
3. Convenção de Bonn sobre espécies Protecção e conservação de Resolução
migratórias habitats de espécies migratórias 9/2008

Regime 1. Protocolo revisto sobre cursos de água Contempla uma abordagem Resolução
Internacional partilhados na região do SADC regional de gestão de bacias 31/2000
de Água hidrográficas.
Acordo para criação da comissão da
Bacia do Zambeze ( ZAMCOM)
assinado em 2004 no Botswana.

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1. Convenção da comissão Africana de Promover a investigação, Resolução
energia cooperação e desenvolvimento, 22/2003
integração e harmonização de
programas, bem como a
mobilização de recursos para
Regime projetos conjuntos na área da
internacional energia.
de Energia 2. Protocolo de cooperação no domínio da Cooperação no domínio das novas Resolução
energia da SADC energias, eficiência e conservação 52/98
energética. Elaborado plano
estratégico indicativo de
desenvolvimento regional ( RISDP),
plano de energia ( 2012)

1. Acordo de Facilitação do Comércio da Reduzir custos do comércio Resolução
Organização Mundial do Comércio (OMC), internacional; 26/2016
Regime 2. Convenção sobre o Comércio Comércio de espécies em perigo de Resolução 20/81
internacional Internacional de Espécies de Fauna e Flora extinção
de Comércio Silvestre Ameaçada de Extinção (CITES)
3. Protocolo sobre trocas comerciais na Favorecimento de trocas Resolução 44/99
região da SADC comerciais entre países da região

1. Convenção das Nações Unidas contra a Considera a prevenção de conflito Resolução
corrupção de interesses; a lavagem de 31/2006
dinheiro; o desvio de fundos do
Estado; o tráfico de influências; o
Regime abuso de funções e o
internacional enriquecimento ilícito;
de Governação 2. Convenção da União Africana contra a Considera a prevenção da Resolução
corrupção corrupção em África (desvios de 30/2006
fundos, tráficos de influências,
abuso de funções, entre outros).
Considera a corrupção na região da Resolução
3. Protocolo da SADC contra a corrupção África Austral 33/2004
Estabelece metas para a SADC
sobre o alcance da equidade de
3. Protocolo da SADC sobre género e género recomendando alcançar a
desenvolvimento quota de participação de 50% de
mulheres nos espaços de tomada de Resolução
Regime
decisão. 45/2010
internacional
Impele os Estados signatários a Resolução
de Género
rever toda a legislação 4/93
discriminatória vigente e a aprovar
4. Convenção para a Eliminação de Todas novas leis que permitam eliminar
as Formas de Discriminação Contra a quaisquer formas de discriminação
Mulher contra a mulher.

2. INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS DAS FLORESTAS LEGALMENTE VINCULANTES
1. Convenção de Combate à Desertificação Prevenção da Desertificação e as
Resolução 20/96
( UNCCD) florestas para protecção do solo.
2. Acordo Internacional de Madeira Comércio de madeira tropical e
Regime
Tropical - ITTA maneio florestal sustentável Não ratificado
internacional
Uso sustentável das florestas da
de florestas
região, prevendo a criação de
3. Protocolo sobre Actividades Florestais
mecanismos de controle fronteiriço
da SADC
para prevenção do comércio ilegal Resolução
de produtos florestais 1/2009

3. INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS FLORESTAIS DE APLICAÇÃO VOLUNTÁRIA

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1. Princípios das Florestas – Conferência Princípios universais de maneio, 1992
das Nações Unidas para o Ambiente e conservação e uso sustentável de
Desenvolvimento – Rio 1992 todos os tipos de florestas;
Sistema voluntário de certificação 1996 e revisto
florestal orientado ao mercado de 2002
2. Os princípios do maneio florestal
produtos certificados , com base em
sustentável -FSC e outros
padrões previamente acordados e
verificação independente.
Princípios voluntários 2018
desenvolvidos em 4 dimensões da
3. Guião voluntário para as concessões gestão de concessões florestais:
florestais - FAO melhorar a governação, viabilidade
económica, inclusão social e
integridade ambiental.
Conjunto de princípios para o 2010
4. Guião de maneio florestal sustentável de maneio sustentável de florestas em
zonas áridas de África subsariana. zonas áridas.
Acções voluntárias e com Implementado
consentimento informado e prévio através de
para redução de desmatamento e projectos
degradação florestal em troca de específicos
Regime 5. Mecanismo REDD+ pagamentos por resultados de
internacional redução emissões de carbono,
das florestas tomando como referência os níveis
de emissões num período
previamente acordado, medido e
verificado.
10 objectivos globais para proteger Moçambique
as florestas e reduzir a metade o comprometeu-se
6. A declaração de florestas de Nova Iorque desmatamento global até 2020 e em restaurar 1
& Desafio de Bonn. 30% até 2030 bem como restaurar milhão de
150 milhões de hectares de áreas hectares até
degradadas em 2020 e 200 milhões 2030.
de hectares em 2030.
7 princípios para todos os tipos de 2010
investimento na agricultura,
7. Princípios para o investimento Agrícola envolvendo acesso à terra ,
responsável (FAO/FIDA/UNCTAD/Banco concessões e contratos entre
Mundial) investidores e produtores; encontra
aplicação nas plantações florestais
e concessões.
8. Objetivos de Desenvolvimento Metas de desenvolvimento 2015
Sustentável – “transformando o nosso universais.
mundo: Agenda 2030 para o Objectivo 15 - vida terra , está
desenvolvimento sustentável” directamente relacionado com
( UNDP) florestas.
Combate ao comércio de madeira Projectos (
9. Acordos voluntários no âmbito do ilegal entre países produtores e FAO/EU/FLEGT)

comércio de madeira legal importadores ( mercado europeu)

A constituição da República de Moçambique estabelece que os instrumentos


regionais e internacionais quando ratificados pelo país têm o mesmo valor jurídico
que as normas constitucionais emanadas da Assembleia da República e do Governo.

A nível global, são de destacar os seis objectivos para estancar o desmatamento e a


degradação florestal (caixa nr 1) aprovados em 2017 pela Assembleia Geral das
Nações Unidas no plano de acção estratégico para as florestas (2017-2030).

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Caixa nr 1 - Objectivos globais do plano de acção estratégico para as florestas ( 2017 -2030)

Os objectivos globais das Florestas (UNFF):

Objectivo Global #1 – Reverter a perda de Florestas: Reverter a perda de cobertura florestal no mundo
através do maneio florestal sustentável, incluindo a proteção, restauração, florestamento e
reflorestamento, e aumento de esforços para prevenir a degradação de florestas;

Objectivo Global #2 – Ressaltar os benefícios das florestas: Ressaltar os benefícios económicos, sociais
e ambientais das florestas, incluindo o papel das florestas na subsistência das comunidades;

Objectivo Global #3 – aumentar a florestas manejadas sustentavelmente: Aumentar significativamente


a área de florestas protegidas no mundo e outras áreas de florestas manejadas sustentavelmente,
bem como a proporção de produtos provenientes de florestas com maneio sustentável;

Objectivo Global #4 – mobilizar recursos financeiros: Reverter o declínio da assistência ao


desenvolvimento na área de maneio florestal sustentável e mobilizar significativamente novos, mais e
adicionais recursos financeiros de todas as fontes para implementar o maneio florestal sustentável.

Objectivo Global #5 – Governança : promover marcos de governança para implementar o maneio


florestal sustentável, incluindo através dos instrumentos de florestas das nações Unidas e ressaltar a
contribuição das florestas para a Agenda 2030.

Objectivo Global #6 - Cooperação e parcerias : Ressaltar a cooperação, coordenação, coerência e


sinergias nos temas das florestas a todos os níveis, incluindo dentro do sistema das nações unidas e não
só, através de parcerias de colaboração nas florestas das organizações dos Estados membros, bem
como de outros sectores e actores relevantes.

Néxus água, clima e floresta : uma oportunidade por desenvolver em acordos regionais

Moçambique possui 13 principais bacias hidrográficas (Maputo, Incomáti, Umbeluzi,


Limpopo, Save, Govuro, Buzi, Pungué, Zambeze, Licungo, Ligonha, Lúrio, Messalo e
Rovuma) definidas pela Estratégia Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, das
quais 9 são partilhadas com os países vizinhos, destacando-se a Bacia do Rio
Zambeze considerada a quarta maior bacia hidrográfica em África, abrangendo
uma área de 1.390.000 km2 e oito países: Zâmbia (41,7%) Angola (18,4%), Zimbabwe
(15%), Moçambique (12,8%), Malawi ( 8%), Tanzania (2%), Namíbia (1%) e Botswana
(1%). Em 2004 foi criada a Comissão regional do Zambeze( ZAMCOM) ao abrigo do
protocolo do SADC de partilha de recursos hídricos. Caracterizada por grande
variabilidade climática, o rio Zambeze, seus afluentes e sub-bacias estão sujeitas a
secas e cheias com efeitos devastadores para a população dependente e ribeirinha
e em especial para a população do delta do Zambeze, em Moçambique. A bacia
do Zambeze abriga mais de 6000 espécies de plantas, 650 espécies de aves, e 200
espécies animais. Além disso, 165 espécies de peixes de água doce e diversas
espécies endémicas do lago Niassa (ZAMCOM, 2015). Em Moçambique, a Bacia
engloba diversas áreas de referência da biodiversidade, como as áreas Ramsar do
lago Niassa e complexo de Marromeu e ainda a área da Gorongosa e o distrito de
Cheringoma, este último, sob pressão da exploração florestal. Os impactos sobre o rio
Zambeze e seus afluentes derivados da exploração mineira na província de Tete,
constituem também motivo de preocupação ambiental. A bacia do Zambeze, reúne

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assim, um conjunto de valores importantes a preservar oferecendo oportunidade
para a formulação de uma parceria regional florestal e ambiental no âmbito de
adaptação às mudanças climáticas e redução de emissões. A posição geo-
estratégica de Moçambique no desagúe do Rio Zambeze e a extrema
vulnerabilidade às mudanças climáticas e aos impactos das acções a montante
constituem uma oportunidade para que Moçambique seja o principal interessado em
capitalizar e impulsionar uma parceria regional florestal de redução de emissões e
adaptação às mudanças climáticas da Bacia do Rio Zambeze. Igualmente oportuno
consiste a introdução dos aspectos de mudanças climáticas e redução de emissões
nos restantes tratados regionais de gestão de recursos hídricos no qual Moçambique
é membro ( bacia do Limpopo, Incomati, entre outras).

1.2.5.2 Políticas nacionais e quadro legal



O quadro legal nacional relacionado com as florestas é caracterizado pela dispersão
de instrumentos. Em primeiro lugar, é regido pelos princípios emanados na
Constituição da Républica e por vários instrumentos de orientação e alinhamento
geral tais como as políticas, estratégias, programas e planos directores ( Tabela…).

Tabela 4 – quadro regulatório nacional de florestas e relacionados com as florestas


INSTRUMENTO CONTEXTO GERAL ESTRATÉGIAS, PLANOS DIRECTORES E PLANOS DE ACÇÃO
FLORESTAS

Política de florestas Objectivos estratégicos Estratégia nacional de reflorestamento 2010-2030, no qual o


e fauna bravia e para a conservação e uso país acordou uma meta de estabelecimento de 1 milhão de
estratégia de sustentável dos recursos hectares de plantações florestais até 2030 e a criação de
implementação florestais e faunísticos nos 250.000 postos de emprego, nas províncias do centro e norte
(Resolução 08/97) domínios económicos, do país. Actualmente o país possui cerca de 60.000 ha
ambientais, sociais e plantados.
institucionais; Plano de acção para prevenção e controlo às queimadas
descontroladas - 2008-2018, integrado no plano quinquenal
do governo para o sector ambiental estabeleceu a meta de
reduzir os índices de 90.000 focos em 2006 de queimadas
descontroladas para 10% em 2018 e um conjunto de acções
permanentes ainda hoje válidas e pertinentes.
Estratégia para fiscalização participativa de florestas e fauna
bravia em Moçambique -2005 faz o delineamento de ações
de prevenção, detecção e punição de transgressões.
MEIO AMBIENTE

Política nacional É reconhecida a Estratégia ambiental para o desenvolvimento sustentável de


do Ambiente interdependência entre o Moçambique -2007 que no do tema relativo à terra
(Resolução 5/95) desenvolvimento e o estabelece, entre outros, os seguintes objectivos: Assegurar o
ambiente. constitui um uso dos recursos naturais para diminuição da pobreza e na
instrumento para a perspectiva do género; Melhoria da economia através do uso
execução no país de sustentável dos recursos naturais; Alcançar uma gestão
politicas sócio e integrada da terra, água, da flora e da fauna, fortalecendo
macroeconómicas as capacidades locais, nacionais e regionais; Reduzir
ambientalmente aceitáveis, significativamente a desflorestação e a perda da
visando promover e biodiversidade florestal;
impulsionar um crescimento
económico que se
fundamente, tanto quanto
possível, nos preceitos
universais do
desenvolvimento
sustentável.

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BIODIVERSIDADE
Política da Reconhece que o Estratégia de gestão do conflicto homem- fauna bravia (
conservação e desenvolvimento resolução 68/2009) estabelece as medidas de gestão de
respectiva económico gera novas conflictos homem-fauna bravia na área de prevenção,
estratégia de oportunidades e ameaças mitigação, mudança de atitude e medidas especiais para
implementação para a conservação da áreas de conservação e uso múltiplo. Os programas de
(Resolução biodiversidade e visa gestão comunitária dos recursos, canalização de benefícios e
63/2009) desenvolver e consolidar a sensibilização comunitária são algumas das acções
um sistema nacional de propostas.
conservação dos recursos Estratégia e plano de acção para a conservação da
biológicos e da sua diversidade biológica em Moçambique 2015-2035,
biodiversidade aquática e estabelece diversas metas para a conservação da
terrestre biodiversidade sendo de destacar: (i) até 2020,
catalogar/sistematizar, disseminar e incentivar as praticas de
maneio sustentável na agricultura, pecuária, aquacultura,
mineração, florestas e fauna bravia, (ii) a meta de colocar
20% da área de ecossistemas criticamente afectadas pelas
mudanças climáticas sob gestão ecossistémica adaptativa
até 2035, e (iii) até 2025 avaliar e redefinir 75% das actuais
áreas de conservação, e incluir, formalmente 100% dos
centros de endemismo afro-montanhoso (altitude >1500m) e
pelos menos 5% de ecossistemas marinhos nas áreas de
conservação.
TERRAS
Política de Instrui um conjunto de directrizes para definição dos objectivos dos instrumentos de
Ordenamento ordenamento territorial para alcançar uma melhor distribuição das actividades humanas no
Territorial território e preservar as reservas naturais. Os instrumentos são do âmbito nacional, provincial,
(Resolução 18/97) distrital e municipal sendo de destacar: plano de desenvolvimento territorial nacional, planos
especiais territoriais, planos territoriais provinciais, planos de uso da terra distritais, e diversos
tipos de planos municipais.
Política Nacional Versa sobre a manutenção da terra como propriedade do Estado e a garantia de acesso e
de Terras uso da terra pela população bem como pelos investidores , promovendo a justiça
(Resolução 10/95) económica e social no campo e o uso sustentável dos recursos.

ÁGUAS
Política de Águas Versa sobre a garantia da Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos tem
(Resolução quantidade e qualidade de como objectivo a implementação efetiva da Política de
46/2007) água para as actuais e Águas, cuja meta compreende a satisfação das
futuras gerações e necessidades básicas de abastecimento de água para o
estabelece a gestão consumo humano, melhoramento do saneamento, utilização
integrada dos recursos eficiente da água para o desenvolvimento económico, água
hídricos tendo como base a para conservação ambiental, redução da vulnerabilidade à
bacia hidrográfica como cheias e secas, e promoção da paz e integração regional,
unidade fundamental e bem como garantir os recursos hídricos para o
indivisível. desenvolvimento de Moçambique.

ENERGIA
Política Assegurar o fornecimento Estratégia de conservação e uso sustentável da energia da
Energética fiável de energia ao mais biomassa 2014- 2025 , recomenda formular o programa
(Resolução 5/98) baixo custo possível por nacional da biomassa, fomentar plantações e sistemas agro-
forma a satisfazer os actuais florestais para energia, bem como uma modernização
níveis de consumo e as gradual da energia tradicional ( fornos e fogões melhorados);
necessidades para Plano director do gás natural, considera o investimento em
desenvolvimento. A política projectos de GPL como uma prioridade para substituição dos
da biomassa considera a combustíveis tradicionais ( lenha e carvão) no sector
redução gradual do doméstico nacional.
consumo de combustíveis
lenhosos, gestão
sustentável dos recursos
lenhosos bem como o
aumento da eficiência de
transformação e utilização
e plantio de árvores.

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Política de Versa sobre a promoção Estratégia de Desenvolvimento de energias Novas e
desenvolvimento de um maior acesso a Renováveis (ENDER) 2011-2025, considera a redução do dano
de energias novas serviços de energia limpa ambiental associado ao consumo de biomassa lenhosa
e renováveis em derivados da energia apoiando a introdução de tecnologias mais eficientes de
Moçambique humana e animal, consumo ou a sua substituição por outras fontes, contribuindo
(Resolução biomassa, hídrica, radiação para a contenção dos processos de desflorestação.
62/2009) solar, vento, águas térmicas
do subsolo e águas
oceânicas
CLIMA
Clima e emissões Estratégia nacional para a redução de emissões de
de GEE ( sem desmatamento e Degradação florestal, conservação de
política) florestas e aumento de reservas de Carbono através de
florestas ( REDD+) 2016-2030 estabelece a meta de Redução
de 170 MtCO2/ano de emissões até 2030
Estratégia Nacional de Adaptação e mitigação das
mudanças climáticas 2013-2025, pretende tornar o país
resiliente às mudanças climáticas com uma economia verde
em todos os sectores sociais e económicos.
Programa de Acção Nacional para a adaptação às
mudanças climáticas (NAPA)propões as principais acções:
Fortalecimento do sistema de aviso prévio no país;
fortalecimento das capacidades dos agricultores familiares
lidarem com os efeitos das mudanças climáticas; melhorar o
controle e avaliação das águas fluviais; promover ações de
contenção da erosão e actividade pesqueira sustentável;
promover acções que contribuem para a mitigação das
emissões de gases de efeito estufa; educação e
sensibilização, e melhorar a coordenação entre vários grupos
que trabalham em questões relacionadas com a avaliação
da vulnerabilidade, mudanças climáticas e promover a
integração das mudanças climáticas no contexto da
planificação distrital descentralizada;
Estratégia e plano de acção de género, ambiente e
mudanças climáticas, visa garantir a igualdade de acesso e
controle dos recursos naturais, das tecnologias de adaptação
e mitigação das mudanças climáticas, dos benefícios e
oportunidades de desenvolvimento entre homens e mulheres,
rapazes e raparigas, usando de forma sustentável os recursos
naturais no combate à pobreza.
Planos locais de adaptação às mudanças climáticas como
instrumentos de apoio aos planos estratégicos de
desenvolvimento dos distritos, direccionados para as acções
de mitigação das mudanças climáticas.
AGRICULTURA
Política Agrária e Garantir o auto-sustento da Plano estratégico de desenvolvimento do Sector Agrário
estratégia de população e segurança PEDSA 2011-2020, tem como objectivo de contribuir para a
implementação alimentar com vista a segurança alimentar e nutricional e a renda dos produtores
(Resolução 10/95) produção contínua e agrários de maneira competitiva e sustentável, tendo como
acesso a alimentos. um dos pilares o uso sustentável e aproveitamento integral
dos recursos terra, água, florestas e fauna.
Estratégia de género e plano de acção do sector agrário
2016-2025, cuja missão é reduzir as disparidades de género
existentes no sector agrário, através da eliminação dos
obstáculos e todas as formas de discriminação ao controle da
mulher aos recursos produtivos e o acesso ao mercado.
ZONAS COSTEIRAS

Política e Versa sobre o reforço da Estratégia nacional e plano de acção para a gestão
estratégia do mar soberania do Estado sobre integrada de zonas costeiras ( 2015-2020) visa promover a
(Resolução as águas jurisdicionais gestão integrada da zona costeira através da
39/2017 marítimas, o implementação articulada e coordenada de políticas e
desenvolvimento de instrumentos que assegurem o uso racional do espaço físico, a
princípios e mecanismos de preservação dos recursos naturais, e a redução da
ordenamento dos espaços vulnerabilidade das comunidades, visando o desenvolvimento
marítimos, governação do

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mar e zonas costeiras sustentável e a resiliência costeira.
coordenada e coerente,
desenvolvimento de
economia azul, rentável
sustentável.

Estratégia e plano de acção nacional para restauração do


Mangal -2015-2020, que tem como objectivos: promover a
gestão sustentável do ecossistema de mangal; estabelecer
um quadro jurídico para a gestão dos mangais que incentive
a participação comunitária; apoiar a investigação e
desenvolvimento dos mangais em Moçambique; desenvolver
a protecção e/ou reabilitação efectiva dos mangais;
aumentar a consciência publica e educação sobre os
benefícios da floresta e do mangal; e Estabelecer a
capacidade administrativa para a gestão dos mangais em
Moçambique

COMÉRCIO
Política e Conjunto de princípios, medidas e actividades que visam impulsionar o desenvolvimento do
Estratégia comércio para responder às necessidades internas e de exportação.
nacional do
comércio
(Resolução 25/98)
INDUSTRIA
Política e A industria como factor determinante da transformação estrutural da economia considera o
estratégia desenvolvimento e modernização da industria de mobiliário como uma das prioridades do
Industrial sector sendo o desenvolvimento da indústria de construção e a criação de parques
2016-2019 industriais uma oportunidade do sector.
(Resolução
23/2016)
DESENVOLVIMENTO
Estabelece a visão e Estratégia Nacional de Desenvolvimento sustentável 2015-
estratégias para impulsionar 2035, considera a industrialização como a base do
o desenvolvimento da desenvolvimento e aponta o uso sustentável dos recursos
nação. Assim até 2025, naturais, transparência e ordenamento territorial, entre outros,
moçambicanas e como factores de sucesso.
moçambicanos aplicam as Programa Nacional de Desenvolvimento sustentável ( PNDS)
suas capacidades, energias 2015-2030, considera entre as suas metas, o objectivo de
e saberes para juntos redução de emissões de CO2 em 72MtCO2/ano até 2030.
edificarem: Moçambique,
Estratégia para melhoria de ambiente de negócios, cujo
País Empreendedor e de
objectivo é tornar o ambiente de negócios em Moçambique
Sucesso Contínuo, com
mais atractivo para investimentos e assumir uma posição de
base num País em Paz,
referência no ranking regional e mundial, tendo como missão,
Agenda Nacional Unido, Coeso, Democrático
simplificar os procedimentos para fazer negócios e melhorar a
de e Prospero, uma Nação competitividade nos negócios.
Desenvolvimento Harmoniosa e Solidaria, um
2025 País Orgulhoso da sua
História e da sua Cultura Plano de acção para a Economia Verde, pretende tornar
onde se valoriza e respeita Moçambique um “país inclusivo, de rendimento médio,
a diversidade étnica e baseado na protecção, restauro e uso racional do capital
cultural, um país natural e dos serviços do ecossistema, garantindo um
onde se preserva o desenvolvimento inclusivo e eficiente, dentro dos limites
ambiente e a beleza planetários”. Os objectivos específicos do plano são:
natural, se cultiva a a)Estabelecer o fundamento da Economia Verde e incluir
estética, se desenvolvem as a agenda de crescimento verde nas prioridades nacionais
artes, as ciências e a de desenvolvimento; b)Identificar acções de políticas
tecnologia e se promove a concretas para fazer avançar a agenda da Economia
investigação e a inovação. Verde à medida que se perseguem os objectivos de redução
da pobreza; c)Integrar a abordagem de EV nos processos
de planificação e orçamentação bem como nas contas
nacionais
GOVERNAÇÃO

Programa Nacional de Florestas – Moçambique 31



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Política de Reconhece as Estratégia do governo electrónico de Moçambique , pretende
informática de oportunidades que o uso melhorar a governação e tem como o objectivos gerais:
Moçambique efectivo das tecnologias de Melhorar a eficiência e a eficácia na prestação de serviços
(Resolução informação e públicos; Assegurar a transparência e responsabilidade dos
28/2000) comunicação oferece servidores públicos; e dar acesso à informação para melhorar
para a melhoria da as actividades do sector privado e simplificar a vida dos
governação. cidadãos.

Estratégia nacional anti-corrupção, como instrumento de


orientação política e operacionalização das acções
prioritárias do Governo no combate à corrupção e visa que o
sector público preste serviços com qualidade e de forma
descentralizada, actue de um modo participativo e
transparente e, seja efectivo na prevenção e combate à
corrupção;

Política e Visa a governação Planos estratégicos de desenvolvimento distrital , como


estratégia de participativa em que as instrumento orientador do sistema de planificação a nível
Descentralização ( comunidades e outros descentralizado resultante de processos de consulta com a
Resolução actores locais contam com participação dos Concelhos Consultivos distritais, no qual
40/2012) poder de iniciativa e participam os representantes das autoridades comunitárias,
capacidades para o sector privado e das OSC’s. Estes planos são
combate à pobreza, operacionalizados através dos planos Económicos, sociais e
promovendo o orçamentos distritais anuais, projectos de investimento,
desenvolvimento investimento privado e iniciativas comunitárias. O fundo de
económico, social e Desenvolvimento Distrital ( 7 milhões) foi o mecanismo de
cultural. operacionalização do investimento e crédito das iniciativas
comunitárias.


Entre as inúmeras estratégia e planos, destaca-se a importância das estratégias de
Reflorestamento, de Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa e degradação
das florestas, de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas, da Conservação
de Diversidade Biológica, da Energia, de Género cujas metas e indicadores quando
relevantes foram incorporadas no Programa Nacional de Florestas .

Instrumentos legalmente vinculantes do sector florestal e com ele relacionado

O conjunto de leis e regulamentos directamente relacionados com o sector florestal


engloba os seguintes dispositivos legais principais relacionados com a terra e
ordenamento territorial, florestas, conservação, ambiente e governação:

Lei de Terras (Lei no 19/97) - A terra é propriedade do Estado e a Lei de Terras


estabelece os princípios de constituição, exercício, modificação, transmissão e
extinção de direito de uso e aproveitamento da terra. A aplicação da lei de terras é
complementada com o regulamento de lei de terras (decreto 66/98) que se aplica a
todo o território nacional com excepção das áreas municipais que possuem Serviços
Municipais de Cadastro. A Lei de terras (19/97) estabelece zonas de uso restrito,
nomeadamente as zonas de protecção total como aquelas destinadas à actividade
de conservação ou preservação da natureza e de defesa e segurança do Estado e
as zonas de protecção parcial como:

• O leito das águas interiores, do mar territorial e da zona económica exclusiva;


• A plataforma continental;

As faixas:

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• da orla marítima e no contorno de ilhas, baias e estuários, medida da
linha das máximas preia-mares até́ 100 metros para o interior do
território;
• de terreno até́ 100 metros confinante com as nascentes de água;
• de terreno no contorno de barragens e albufeiras até́ 250 metros;
• de dois quilómetros ao longo da fronteira terrestre;
• de terreno de 100 metros confinante com instalações militares e outras
instalações de defesa e segurança do Estado;

Os terrenos:

• ocupados pelas linhas férreas de interesse publico e pelas respectivas


estacões, com uma faixa confinante de 50 metros de cada lado do eixo
da via;
• ocupados pelas auto-estradas e estradas de quatro faixas, instalações e
condutores aéreos, superficiais, subterrâneos e submarinos de
eletricidade, de telecomunicações, petróleo, gás e água, com uma
faixa confinante de 50 metros de cada lado;
• ocupados pelas estradas, com uma faixa confinante de 30 metros para
as estradas primárias e de 15 metros para as estradas secundárias e
terciárias;
• ocupados por aeroportos e aeródromos, com uma faixa confinante de
100 metros.

Nas zonas de proteção total e parcial não podem ser adquiridos direitos de uso e
aproveitamento da Terra e as actividades que nelas forem efectuadas necessitam de
licença especial, mas os procedimentos para esta licença especial não vêm descritos
na lei de terras (DNTF, et al, 2002) .

As zonas de proteção total e de conservação são melhor descritas na Lei da


Conservação 16/2014, que descreve as áreas de Proteção Total como as áreas de
domínio publico destinadas à preservação dos ecossistemas e espécies sem
intervenções de extração dos recurso com excepções previstas nesta mesma lei. Elas
englobam as reservas naturais integrais, os parques nacionais e os monumentos
culturais e naturais. As florestas que se encontram dentro destas áreas de proteção
total (lei de conservação e lei de terras) não são contabilizadas para efeitos de
exploração florestal ( madeireira e não madeireira) e se assume que o
desmatamento nestas áreas é nulo.

A lei da conservação, adiciona ainda as áreas de conservação de uso sustentável


aquelas áreas de domínio publico e privado, destinadas à conservação, sujeitas a um
maneio integrado com permissão de níveis de extração dos recursos de acordo com
o estipulado nos planos de maneio, integrando: reservas especial; área de proteção
ambiental, área de conservação comunitária; santuários, coutada oficial, fazendas
do bravio e parques ecológicos municipais.

Para efeitos de exploração florestal, embora a lei da conservação o permita, nestas


áreas de conservação comunitária, santuários, áreas sagradas, fazendas os bravio,
coutada e parques ecológicos não se recomenda a exploração florestal, pois o

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património que lá se encontra apresenta valor espiritual considerável e fornece o
habitat necessário à fauna bravia e constitui uma reserva das espécies florestais
considerável e a preservar.

O sector florestal está estreitamente relacionado com o uso e cobertura da terra.


Assim o direito de uso e aproveitamento da terra é atribuído aos investimentos de
reflorestamento , sendo a insegurança de garantia de acesso a extensas áreas de
terra por períodos de longo prazo um dos maiores problemas das empresas de
reflorestamento.

Nas áreas de concessões florestais, o contrato de concessão não pressupõe a


emissão de DUAT, e o principal problema reside na proliferação do corte ilegal, no
qual alguns elementos das comunidades e lideranças comunitárias estão
directamente envolvidos. A falta de benefícios, empregos e canalização de fundos
a nível local dificulta a satisfação das necessidades básicas das comunidades,
apesar de que o Diploma 93/2005 prevê a devolução às comunidades de 20% das
taxas de licenciamento florestal.

No sector de terras, a cobrança de taxas de DUAT são baixas e não reflectem o valor
da terra e as capacidades dos investidores, permitindo assim a delimitação de
grandes áreas mesmo quando o seu uso só está previsto para o futuro. A nível de
concessões, a taxas referentes à área não são cobradas por ausência de
regulamentação para as mesmas. Weimer e Carrilho ( 2017) indicam a necessidade
de revisão das taxas de DUAT de modo a incentivar a optimização do uso da terra e
sugerem a descentralização da tributação da terra para nível distrital como forma de
geração de receitas tão necessitadas para a promoção de infra-estruturas e serviços
básicos a nível distrital e comunitário.

Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei no 10/99)

A Lei de Florestas e Fauna Bravia estabelece os princípios orientadores da proteção,


conservação e utilização sustentável dos recursos florestais e faunísticos para
alcançar o desenvolvimento económico e social na base dum sistema de gestão
sectorial integrada, considerando que as florestas naturais são de domínio publico. A
sua aplicação deve ser efectuada de acordo com procedimentos estabelecidos no
Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia – Decreto 12/2002, de 6 de Junho
aprovado em 2002. As florestas são um bem de domínio público com excepção
daqueles que são plantadas para fins comerciais privados. No caso de se pretender
estabelecer uma plantação florestal, cujo património estabelecido passa a ser de
domínio privado caso seja efectuado por uma entidade privada, o requerente
deverá solicitar o Direito de Uso e Aproveitamento da Terra, e sendo uma entidade
de capital estrangeiro deverá ter o projecto préviamente aprovado pelo Centro de
Promoção de Investimentos (CPI). Para a concessão florestal, o direito de exploração
florestal comercial exclusiva é reconhecido através do contrato de concessão, cujo
aproveitamento está geralmente focalizado apenas na extração de madeira. Em
ambos casos, os processos de atribuição de concessões/contractos ou de DUAT’s
para o caso de plantações florestais é demorado (mais de 2 anos), com várias etapas
e procedimentos burocráticos, que dependendo da superfície florestal /terra a ser
explorada, o expediente deve ser tratado a nível central ou provincial.

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A lei de florestas e fauna bravia e seu respectivo regulamento constituem os
instrumento principais da governação florestal pois estabelecem as regras de uso e
acesso ao recurso florestal (classificação de espécies, diâmetros mínimos de corte,
períodos de defeso e licenciamento, etc). No entanto, no sector florestal predominam
as irregularidades:(i) exploração ilegal (acima do volume licenciado ou sem licença,
e exploração fora da área assignada); (ii) violação da lei do trabalho ( trabalhadores
sem contrato e contratação ilegal de trabalhadores estrangeiros) (iii) trânsito e
compra ilegal de madeira e (iv) exportação ilegal de madeira e declaração de
volume menores (Macqueen e Falcão, 2017).

Lei do Ambiente (Lei no 20/1997 )

A Lei do Ambiente define vários conceitos e princípios fundamentais de gestão


ambiental e proíbe a realização de todas as actividades que causam danos
ambientais e que excedam os limites legalmente definidos (com particular destaque
para a poluição) e estipula normas especiais para a protecção do meio ambiente
(em particular a protecção da biodiversidade), a prevenção de danos ambientais e
auditorias ambientais e estudos de impacto ambiental. O regulamento da Avaliação
de Impacto Ambiental estabelece as diferentes categorias de actividades e requisitos
para o licenciamento ambiental havendo alguma incoerência entre os requisitos
para a actividade agrícola de sequeiro (categoria B) e as plantações florestais (
categoria A) bem como o florestamento ( ou enriquecimento da floresta) e o uso de
exóticas ou espécies nativas na restauração e a avaliação ambiental.

Lei da Protecção, Conservação e Uso sustentável da diversidade biológica (Lei no


16/2014 )

A lei de proteção, conservação e uso sustentável da diversidade biológica versa


sobre o estabelecimento dos princípios e normas básicos sobre a proteção,
conservação, restauração e utilização sustentável da diversidade biológica nas áreas
de conservação, bem como o enquadramento de uma administração integrada,
para o desenvolvimento sustentável do país . Esta lei define as áreas de proteção
total e de conservação de uso sustentável e estipula a criação da rede nacional de
áreas de conservação, nas quais as reservas florestais não foram incluídas. As zonas
tampão ao redor das áreas de conservação, podem ser licenciadas para exploração
florestal desde que obtenham a devida licença ambiental e a de exploração. A
exploração florestal madeireira/ carvoeira em zonas tampão de áreas de
conservação não é aconselhável e deve ser proibida, uma vez que a fiscalização
deficiente cria atrativos para o abate ilegal dentro das áreas protegidas.

A lei da conservação define ainda que é da responsabilidade do Estado promover a


restauração e recuperação de áreas degradadas através do reflorestamento
sobretudo nas dunas, bases e encostas das montanhas, vales e outras zonas sensíveis,
bacias hidrográficas e ecossistemas frágeis. Embora a lei não especifique, a
recuperação de áreas degradadas através do reflorestamento/florestamento
implica naturalmente esforços adicionais na proteção contra o fogo e queimadas
descontroladas na área em recuperação.

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O decreto 30/2012 define que o estabelecimento de plantações florestais para fins de
conservação, realiza-se com objectivo de proteção das seguintes áreas: a) Dunas,
encostas com inclinação acima de 5% e terrenos fortemente erodidos; b) Bacias
hidrográficas e leito dos cursos de água de carácter territorial; c) Povoamentos ou
maciços de flora espontânea que sirvam de proteção a determinadas culturas; d)
Povoamentos vegetais de considerável valor económico, paisagístico ou turístico e
espécies em extinção; e) Povoamentos ou quaisquer zonas que possam interessar a
defesa militar, à defesa sanitária e à conservação dos recursos hídricos. O decreto
estabelece ainda que estas plantações são do domínio público.

LOLE –Lei de órgãos locais do Estado ( Lei 8/2003)

Refere-se aos princípios, normas e competências dos Órgãos Locais do Estado na


província, distrito, postos administrativos e localidades. Define a localidade como a
menor unidade dos órgãos do Estado, sendo a localidade composta por aldeias e
outros aglomerados populacionais. Trata de descentralização da governação e de
criar espaço para a consulta e participação da sociedade nos processos de
planificação do Território (Planos distritais do uso da terra) e de administração estatal
(plano estratégico de desenvolvimento distrital – PEDD e o plano económico social e
orçamento distrital – PESOD). O fundo de desenvolvimento distrital (também
conhecido como “7 milhões” )tem a sua génese no Orçamento de Investimento da
Iniciativa Local - OIIL) para crédito e financiamento de projectos a nível local.
Quando da sua génese o Orçamento de Investimento da Iniciativa Local visava
fornecer financiamento para o desenvolvimento da infraestruturas locais, bens e
serviços públicos contidos na estratégia e planos de desenvolvimento distrital (PEDD e
PSEOD) (Weimer e Carrilho, 2017). A sua orientação como mecanismo de crédito a
iniciativas individuais pode ter contribuído para a perpetuação da escassez destes
bens e serviços apontado pelas comunidades como um dos problemas básicos a
nível comunitário (programa nacional de florestas – capitulo participação
comunitária).

O regulamento dos projectos REDD+ ( Decreto 70/2013)

Aprova os procedimentos para aprovação de projectos REDD+ e cria o quadro


institucional para a execução das actividades do REDD+ . Os projectos REDD+
definidos no regulamento, são aqueles que consistem na contabilização do carbono
sequestrado nas florestas nativas e exóticas e não implica necessariamente a
concessão de licenças de exploração florestal ou de uso e aproveitamento da terra.
Os projectos REDD+ serão implementados em áreas de produção florestal,
protecção, conservação, plantações florestais e sob risco de ameaça de
desmatamento e degradação.

Note-se que o referido regulamento estipula que actividades de conversão de


floresta nativa para florestas artificiais não são consideradas no âmbito do REDD+,
consequentemente todas as áreas florestais nativas acima de 30% de cobertura de
copa não podem ser transformadas em plantações florestais. Esta norma deve ser
válida para todas as florestas plantadas com espécies exóticas, independentemente
de acederem a créditos de carbono ou não.

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O regulamento REDD+ não está claro sobre o que é uma floresta artificial (artificial
pelo tipo de espécies ou porque feita pelo homem) criando alguma confusão para o
caso de restauração de floresta degradada e actividades de enriquecimento.
Segundo o regulamento pode-se interpretar que se a restauração fôr efectuada com
espécies exóticas ou naturalizadas constitui uma floresta artificial e não ilegível como
projecto REDD, sobretudo se fôr efectuado em áreas florestais acima de 30% de
cobertura de copa. O regulamento é ainda vago para aspectos como a
agrosilvicultura dada ainda a falta de experiência de implementação deste tipo de
projectos no país.

Foram identificadas as seguintes actividades com elevado potencial para


pagamentos de Carbono (Nhantumbo, 2012 citando Nhantumbo & Izidine, 2009) que
recomenda uma abordagem de implementação faseada de projectos REDD+ de
acordo com a pressão para conversão .

Tabela 5 – Actividades com elevado potencial para pagamentos REDD+

Área Actividades com elevado potencial para


pagamentos do REDD
Agricultura e florestas 1. Agricultura de subsistência
2. Agrosilvicultura
Florestas 3. Reservas florestais
4. Concessões florestais
5. Áreas de maneio comunitário de recursos naturais
6. Áreas sagradas - MCRN
7. Reflorestamento para conservação
8. Reflorestamento para sequestro de carbono.
Fauna Bravia 9. Coutadas de caça
10. Reservas de Caça
11. Parques Nacionais
12 .Fauna bravia fora das áreas protegidas

Propriedade das florestas e direitos de uso e acesso

A legislação moçambicana relacionada com as florestas tem sido classificada de


progressiva pois reconhece a validade das práticas costumeiras no direito de uso e
acesso à terra e aos recursos florestais por parte das comunidades locais. A lei de
terra reconhece inclusive a existência de direitos de uso e aproveitamento (DUATs )
registados em nome das comunidades, que em muitos casos são resultado da
necessidade de aclarar e definir limites dos recursos sob gestão comum como
premissa da planificação do uso sustentável recursos florestais e condição do seu
sucesso.

As florestas nativas moçambicanas pertencem ao Estado. As árvores plantadas


pertencem a quem as plantou. Esta diferenciação pode parecer simples mas na
prática temos um regime complexo de propriedade das árvores derivado da pouca
clareza do sistema legal em relação ao mosaico de funções da floresta e regimes de
propriedade.

Tabela 6 – tipo de florestas e propriedade

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Tipo de florestas Proprietário predominante
Florestas nativas em áreas Reconhecida a propriedade predominante do ESTADO. Direitos de uso
de conservação a acesso restringido apenas para consumo doméstico
Florestas nativas em áreas Propriedade tripartida entre ESTADO, PRIVADO e COMUNIDADE. As
de produção florestal comunidades tem direito de uso e acesso para fins de consumo
(concessões privadas ou doméstico e o Estado pode transferir o direito de uso comercial ao
licenças simples) privado, seja em regime concessionado ou simples.
As comunidades se sentem lesadas na sua “propriedade” e se
envolvem no corte ilegal e comércio de madeira, competindo com
Privado e Estado pelos mesmos recursos.
Florestas nativas em áreas Propriedade tripartida (ESTADO, COMUNIDADES E PRIVADO) difusa e
de uso múltiplo – mosaico pouco clara, variando conforme o nível de organização da
agricultura /floresta comunidade, os interesses e tipo de ocupação da terra.
Área com potencial para estabelecimento de plantações florestais mas
com conflitos de propriedade da terra e da pouca floresta
remanescente.
Florestas plantadas ( com Propriedade privada das árvores se efectuada em áreas delimitadas
espécies exóticas, por DUAT. Entra em conflito com a propriedade da terra (uso
naturalizadas ou nativas) costumeiro) e consiste um dos maiores desafios do investimento
privado.
Florestas plantadas - Propriedade privada ( senso comum. Lei não é clara).
sistemas agro-silviculturais
familiares
Florestas plantadas em Propriedade do Estado. é necessário aclarar que mesmo sendo
áreas designadas de plantadas as árvores pertencem ao estado quando colocadas em
protecção áreas de conservação.
Plantação de árvores em Propriedade do Estado após finalização do contrato de concessão. O
áreas produção - concessionário nem a comunidade estão incentivados a plantar para
restauração e o Estado.
enriquecimento (
espécies nativas)

No estudo sobre a propriedade da terra efectuado por Mandamule, (OMR, 2015)


muitos exemplos encontrados de conflitos de terra envolvendo comunidades,
investidores, e Estado resultavam de uma falta de realização da consulta comunitária
ou da pouca clareza nas informações transmitidas durante a mesma, gerando
diferentes interpretações de expectativas entre as populações. Ceder a terra ( no
caso de plantações) ou as florestas (nas concessões) através de consultas
comunitárias tem resultado ser um processo complicado, conflituoso e muitas das
vezes injusto para uma ou ambas as partes. A revisão do processo de consulta e a
recomendação do uso de tecnologia para registo e arquivo permanente (áudio e
visual), da tradução e explicação dos termos e condições, do registo dos presentes e
ausentes e dos compromissos acordados poderá reduzir alguns dos conflictos actuais.
No entanto, a clareza sobre quem pertence a floresta e a terra é necessária para o
sucesso dos empreendimentos relacionados com as florestas. A introdução de
conceitos de serviços ambientais comuns (água, carbono, solo) requer a clareza de
quem são os provedores destes serviços e os direitos destes não estão ainda
claramente definidos no quadro legal nacional para os diferentes tipos de floresta,
funções e serviços fornecidos. Os contratos e direitos e responsabilidades das partes
precisam de ser definidos e reconhecidos no quadro legal.

1.2.5.3 Quadro institucional nacional



O desenvolvimento do sector florestal está a cargo do Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural (MITADER) que através da Direcção Nacional de Florestas

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possui a função de dirigir, planificar, controlar e assegurar a execução e
hamonização de politicas na área florestal.

O quadro institucional nacional relacionado com as florestas caracteriza-se por ser


fragmentado e disperso por vários ministérios: Ministério de Agricultura e Segurança
Alimentar que inclui o fomento e gestão de plantações florestais e a tutela do Instituto
de Investigação Agrária de Moçambique ( IIAM), o Ministério do Mar, Águas Interiores
e Pescas que engloba a gestão dos mangais, o Ministerio de Recursos Minerais e
Energia( MIREME) que engloba a energia da biomassa sobretudo dos aspectos de
eficiência energética ( fogões e fornos melhorados). Aspectos relacionados com a
fauna bravia e conservação estão também dispersos e difusos: a Agência Nacional
de Conservação é responsável pela fauna bravia dentro das áreas da conservação
e os serviços provinciais de florestas e fauna bravia admnistram a fauna e seus
conflitos que se encontram nas restantes áreas florestais.

As mudanças constantes do quadro institucional se por um lado criam sinergias e


dinâmicas necessárias, por outro criam vazios e descoordenação a nível de
implementação no campo que permanece difusa e pouco clara, e em muitos casos
os funcionários continuam a efectuar o seu trabalho nas instalações de orgãos já não
de tutela. De alertar a necessidade de coordenação a nivel de fiscalização florestal
que com a criação da AQUA passou a ser administrada de forma independente
possuindo até ao momento apenas 2 delgações provinciais. A inserção dos crimes
ambientais no código penal e a criação da polícia de protecção de recursos naturais
incorporou agentes adicionais de fiscalização e a instrução de processos penais aos
processos adiministrativos de infracções derivados da lei de florestas, sendo
necessário coordenar estes dois processos.

O FNDS aglotina todas as taxas provenientes do sectores de terras, ambiente e


florestas. Impulsionou uma nova dinâmica na área florestal com financiamento do
inventário nacional florestal, avaliação da governação, avaliação dos operadores
florestais, introdução de sistema de subvenções de plantações em regime
experimental, apoio às consultas públicas da política florestal, entre outras. Contudo,
as actividades financiadas estão sobretudo relacionadas com agendas de projectos
e actividades piloto e em regime experimental e poderíam ser melhor concertadas
para permitir a implementação de um programa nacional.

A plataforma de consulta no âmbito nacional denominado de “Fórum de consulta de


Florestas”, criado em 2002 ainda não foi legalizado e institucionalizado, criando um
vazio institucional no processo de dialogo e debate das principais decisões do sector
florestal. O hábito de efectuar uma reunião anual das florestas do fórum de consulta
para apresentação do relatório anual de acitvidades, licenciamentos, discussão de
resultados e de propostas de projectos foi se perdendo ao longo do tempo, sendo o
ano 2011 o marco da última reunião deste fórum de florestas. A ausência de
institucionalização de um orgão de consulta nacional do sector florestal limita a
participação, diálogo, harmonização de procedimentos, troca de experiências,
divulgação de resultados e a prestação de contas do desenvolvimento do sector.
A implementação do programa nacional de florestas decorre num ambiente de
instituições fracas, dispersão e vazios institucionais num contexto de desenvolvimento
que requer uma coordenação e conjugação de esforços crescente.

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1.2.6 As cadeias de valor do sector florestal

A produção de madeira constitui a cadeia de valor historicamente previligiada no


quadro político legal e no suporte institucional, relegando-se para um plano
secundário os combustíveis lenhosos e os produtos florestais não madeireiros. A
exploração florestal está concentrada em 2 grandes produtos: combustíveis lenhosos
(93%) somente para o mercado interno, e madeira (7%) para consumo interno e
exportação.

1.2.6.1 Madeira proveniente de florestas nativas


O país conta com 17,2 milhões de hectares considerados como florestas produtivas
com potencial para produção de madeira. O sector florestal, considerando a
industria da madeira, contribui entre 2-4 % do PIB (Muianga & Norfolk, 2017) e cerca
de 1000 operadores florestais foram recenseados em 2018. Os recursos minerais são os
principais produtos de exportação de Moçambique, e o carvão e as areias pesadas
contribuíram com cerca de 45% do valor global das exportações em 2017 ( INE, 2017).

A madeira, além do seu contributo para o consumo nacional e subsistência das


famílias rurais, possui um papel importante para a angariação de divisas, tendo em
2017 contribuído com 59 milhões de USD, e ocupado o sétimo lugar (1,4% do PIB ) no
ranking dos 10 principais produtos de exportação: 1. Carvão mineral ( 40,7%), 2.
Barras e perfis de alumínio ( 26,5%), 3. Energia electrica ( 8,7%), 4. gás natural (8,7%) ,
5. Tabaco ( 5,1%), 6. Areias pesadas ( 5,1%) e 7. Madeira ( 1,4%) (INE, 2017).

As receitas do sector florestal são sobretudo derivadas da exportação dos produtos


florestais madeireiros e em menor proporção do licenciamento, multas e valor de
produtos apreendidos, sendo o mercado Asiático, e em particular a China é o
principal destino da madeira de Moçambique. Apenas uma ínfima porção das
receitas geradas retorna ao sector para execução de actividades (inventários
florestais, entre outros).

A maioria das empresas florestais, são classificadas como pequenas/médias porte (


menos de 50 trabalhadores). O sector florestal conta com cerca de 200 serrações e
uma capacidade instalada de processamento de toros de 200.000 m3. A
informalidade predomina no sector florestal havendo registos de 233 carpintarias
artesanais nos centros urbanos e ao longo das principais vias de acesso. Quando se
considera os combustíveis lenhosos apenas 2% do consumo é licenciado. A mesma
tendência revala-se nos produtos florestais não madeireiros (bamboo, caniço, capim)
e consequentemente as estatísticas são desconhecidas e imprecisas sendo a maior
parte dos produtos florestais não contabilizados na economia nacional. Como
agravante, o comércio ilegal de madeira, isto aquele não registado e licenciado é
na ordem de 2-2,5 vezes mais do que os valores registados no país com avultadas
perdas para o Estado, comunidades e operadores. A baixa produtividade da floresta
nativa, sob um sistema de corte selectivo agravado pela uma redução da área
produtiva por agricultura, existência de assentamentos humanos, restrições
ambientais de maneio que variam entre 10-30 % da área da concessão, favorece a
preferência por grandes áreas, acrescendo em custos de transporte, dificultando o

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controle e facilitando a ilegalidade. A cadeia de valor da madeira proveniente de
florestas nativas é caracterizada por:
a) insegurança no quadro legal e imprevisibilidade do negócio florestal;
b) corte selectivo e sistema de registo em papel favorecendo falsificações,
corrupção e ilegalidades;
c) imcumprimento do plano de maneio
d) competição com operadores ilegais;
e) tecnologia de processamento obsoleta, baixa qualidade dos produtos
florestais e dificuldades de acesso ao mercado;
f) limitado apoio técnico, baixo aproveitamento da madeira ( 30%) e geração
de elevados desperdícios;
g) operadores florestais desencorajados de processar localmente pela falta de
infra-estruturas ( estradas, electricidade);
h) dificuldades de acesso a créditos comerciais pelos elevados juros e fraca
gestão formal;

1.2.6.2 Madeira proveniente de plantações florestais


A nível da cadeia de valor da madeira proveniente de plantações florestais com
espécies exóticas e de rápido crescimento, em 2007 foi estimada uma área de 7
milhões de hectares com potencial para plantações florestais, concentradas nas
regiões Centro e Norte do país, com precipitação acima de 1000 mm/ano, sendo a
zona Sul do país considerada marginal para este tipo de empreendimentos.

Apesar deste zoneamento e de terem sido assignados 770.000 hectares para


plantações, a área de plantada no país é muito reduzida, isto é cerca de 76.000
hectares ou menos de 10% das áreas alocadas e com DUAT atribuído. As empresas
reflorestadoras para além de problemas no acesso a créditos, tecnologia de
processamento e escassa disponibilidade de mão de obra qualificada, apresentam
como maior limitante ao desenvolvimento desta actividade, as dificuldades de
acesso à terra e conflitos com as comunidades mesmo em áreas com Direito de Uso
a Aproveitamento da Terra já atribuído para estabelecimento de plantações
florestais. Este sub-sector é ainda caracterizado por estar sob pressão de lobies
desfavoráveis, ausência de um quadro político-legal incentivador e fomentador de
plantações bem como de operação dentro de um quadro institucional disperso.

O estabelecimento de plantações florestais é considerado um desafio pela


necessidade de incorporar investimento internacional e pela falta de políticas
inclusivas de uso da terra (GDS/MZB, 2016); O custo estimado para o estabelecimento
de plantações florestais nos primeiros 2-3 anos é de 1500 US$ /hectare (Jacovelli, 2017)
e engloba muitos riscos (fogo, roubos, conflitos, falta de clareza de encargos sociais,
etc). Como consequência das políticas nacionais florestais, o país gastou em 2017,
cerca de 123 milhões de dólares na importação de produtos florestais oriundos de
plantações dos países vizinhos.

1.2.6.3 Cadeias de valor dos produtos florestais não madeireiros


Em relação aos produtos florestais não madeireiros, as principais cadeias de valor
são (Phytotrade, 2016):
1. a cadeia de valor do mel,

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2. a cadeia de valor dos produtos de higiene e saúde que incluem os óleos de
beleza e plantas medicinais,
3. produtos alimentares (maioritariamente para o mercado nacional),
4. material de construção e artesanato,
5. cosméticos, tintas e corantes.

Estas cadeias de valor são pouco conhecidas e desenvolvidas apresentando um


grande potencial para expansão e com interesse crescente no mercado nacional e
internacional. Alguns dos problemas que as pequenas/médias empresas de produtos
florestais não madeireiros encontram são: (i) Empresas fracas com capacidades
limitadas , sobretudo aqueles iniciativas locais e comités com pouca experiência em
mercado, processamento e comercialização destes produtos, incluindo a obtenção
de créditos, autorizações e documentos oficiais; (ii) Falta de conhecimento das
tecnologias de armazenamento, transformação, preços, mercado; (iii) Acesso difícil
a financiamento, para adquirir equipamento, e tecnologia de processamento e
competitiva; (iv) acesso e benefícios equitativos limitados para manter um negócio
justo e sustentável.

É importante ressaltar que os produtos florestais não madeireiros no actual quadro


legal do sector pouco ou nada é mencionado sobre os mesmos. O sector da Saúde,
orienta a integração da medicina tradicional no sistema nacional de saúde de modo
a garantir os cuidados de saúde primários, seguros e com qualidade a toda a
população moçambicana, e considera que o conhecimento da medicina
tradicional constitui parte integrante do património cultural dos moçambicanos.

1.2.6.4 Combustíveis lenhosos


A lenha e/ou carvão representam a principal fonte de energia doméstica para quase
a totalidade da população rural ( 95%) e a maioria da população urbana ( 75%)
moçambicana. O objectivo global de desenvolvimento sustentável número 7
estabelece a meta de “assegurar até 2030 o acesso a energia limpa, a preços
acessíveis, confiável, e sustentável para todos”. Este objectivo de energia sustentável
possui 3 pilares: acesso à energia, eficiência energética e energias renováveis. Este
objectivo é particularmente importante para Africa subshariana, onde se estima que
cerca de 800 milhões de pessoas dependem da lenha e carvão para a suas
necessidades de energia doméstica.

A produção de carvão é uma actividade itinerante, na qual os produtores quando


esgotam o material lenhoso de uma área ( geralmente perto de uma estrada ou
caminho de acesso) procuram outra área similar. Os produtores de carvão podem
ser permanentes ( assalariados, ou produtores a tempo inteiro) ou ocasionais ( no
período seco, após a abertura das machambas e em momentos de crise ou de
necessidade de rendimento extra).

O licenciamento do carvão utiliza os mesmos procedimentos e formulários da


madeira. É efectuado para 500 metros esteres de lenha ou 1000 sacos de carvão, de
aproximadamente 50 kg. Como a licença é paga por saco, o transportador tem
tendência de encher e colocar “chapéu” no saco podendo assim transportar mais
quantidade, uma vez que o peso, e os sacos não são padronizados, sendo este um
dos motivos de multas e reprimendas da fiscalização e de perdas de receitas para o

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Estado. Raramente os produtores de carvão pagam e possuem licença. Os
comerciantes/transportadores do produtos são os que pagam a licença para evitar
perder o produto caso passem pela fiscalização. Assim, o nível de licenciamento do
consumo de carvão é muito baixo ( 2 %) representando perdas para o Estado e para
as comunidades, que deveriam receber 20 % desta taxa.

Os problemas da cadeia de valor do carvão podem ser resumidos em 04 grandes


áreas: (i) falta de coordenação multissectorial (florestas e energia) e sem liderança
por nenhum dos sectores; (ii) ineficiência e elevados desperdícios na produção(
fornos tradicionais) e consumo ( fogões de baixo rendimento) ; (iii) abate
indiscriminado sem respeitar espécies ou zonas de corte; e (iv) negócio informal com
baixos rendimentos económicos para os produtores e Estado;

1.2.7 Valorização económica das florestas


A quantificação e valorização das florestas moçambicanas é um desafio quer pela
falta de precisão das estatísticas, quer pela ausência de dados, uma vez que no
sector predomina a industria informal e o abate e comércio ilegal de produtos
florestais .
A florestas contribuem anualmente com cerca de 2% do PIB, 2% de empregos
directos e $200 milhões de USD de divisas em exportações ( AGRIPRO, 2019). Os
sectores de agricultura, silvicultura e a industria extractiva nacionais contribuem com
23,3%, 2,6% e 0,9% no PIB, respectivamente. A contribuição das florestas no PIB, é
derivada sobretudo da exploração e comercialização de madeira proveniente das
florestas nativas.

As receitas do sector provêm das taxas de licenciamento de exploração ( madeira e


fauna bravia) e exportação de madeira com tendência crescente quer pelo
aumento da quantidade exportada quer pelo aumento das taxas cobradas.
De acordo com os dados mais recentes da FAO ( 2015), a produçãoo industrial de
toros totalizou 1.984.000m3. As exportações de madeira em toros totalizaram 492.000
m3 em 2015 ( Agripro, 2019). Desde 2007 que a exportaçãoo de produtos florestais
moçambicana é orientada para o mercado chinês e a exportação constitui o
principal motor da industria florestal extrativa. Esta industria ( cerca de 122 serrações,
24 carpintarias e 3 unidades industriais em 2007) está sobretudo concentrada na
produção de toros e madeira serrada.
Desde 2016 que foi introduzido o banimento de exportação de madeira em toros,
passando a mesma a ser esquadriada no país. O processamento é mínimo (retirando-
se apenas as costaneiras) e passou-se da exportação de toros redondos para toros
esquadriados, classificando estes, como madeira processada.
O mercado da China é pouco exigente em relação à proveninência legal e
sustentável da madeira e de destacar que a exploração florestal está concentrada
em meia dúzia de espécies preferidas. Se estes níveis de exploração se mantiverem
sobre as espécies precisosas e de primeira classe, o stock das mesmas será exaurido
até 2029 (Agripro, 2019 citando FLI, 2016).

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Matavele ( 2017) efectuou um estudo sobre a valorização económica das florestas de
Inhambane encontrando que o custo da licença de exploração de espécies
preciosas é quase 2 vezes o custo por m3 abatido e para as espécies de primeira é
aproximadamente igual ao custo de abate, sendo o custo de abate igual para todas
as classes de espécies ( tabela 7). As menores taxas de exploração das espécies
“secundarizadas” e consequentemente uma maior oportunidade de lucro não é
suficiente para incluir outras espécies no mercado, uma vez que as preferências são
ditadas pelo comprador.
tabela 7 – Custos de exploração florestal e lucros por classe de espécies

3
Custo de exploração ( USD/m )
Preço de % de
Classe de 3 3
Custo de licença venda Lucro ( USD/m ) lucro por m
madeira Total 3
incluindo 15% de Abate e (US$/m ) explorado
taxa de reposição arraste
Preciosa 86,25 45,6 131,85 375 243 184,4
Primeira 43,12 45,6 88,72 275 186 210,0
Segunda 28,75 45,6 74,35 187,5 113 152,2
Terceira 14,37 45,6 59,97 187,5 128 212,7
Quarta 8,62 45,6 54,22 187,5 133 245,8

Existem oportunidades perdidas de ganhos no sector florestal moçambicano pelo


fraco processamento nacional da madeira e concentração no mercado externo
chinês (pouco exigente e não favorecedor do processamento nacional e melhoria
de qualidade de produtos nacionais).
Matavela ( 2017) no estudo de valorização das florestas de Inhambane numa área
total de 6 milhões de hectares, em que a maioria da madeira extraída é
comercializada para o mercado da China ( a um preço médio que varia de 187 a
375 USD/m3) concluiu que o valor presente da madeira nas florestas da província é
de cerca 438 milhões de USD, sendo que as florestas produtivas representam 44% do
valor líquido presente (195 milhões de USD), 54% nas outras formações lenhosas (238
milhões de USD) e apenas 1 %, nas áreas de uso não florestal ( 5 milhões de USD) ,
considerando 28 espécies de valor comercial ( entre todas as classes). Nas florestas
produtivas o volume comercial médio ( acima do DMC) é de 1,12 m3/ha/ano.
A avaliação económica do carbono das florestas de Inhambane (Matavela, 2017) ,
considerando o preço médio actual de 2,75 USD/tonelada de carbono ( intervalo de
US$ 0,5 a US$5) o valor total da província é de cerca US$ 13 milhões, dos quais 55%
corresponde ao valor das florestas em regime de agricultura itinerante, áreas
arbustivas e mangais e 43% ( 5 milhões de USD) às florestas densas abertas e apenas
2% para os outros usos. O valor financeiro do stock de carbono médio foi de 2,19
US$/ha.
O valor económico do carbono florestal apresenta grandes variações, dependendo
da metodologia de cáculo, tipo de vegetação, taxas de juro para determinação do
valor presente, isto é desde 2,19 (Inhambane) a 204 USD/ha em Mussourize
(Matavela, 2017 citando Falcão 2014).
Actualmente, o sector florestal oferece 200.000 empregos formais , estimando-se que
o sector informal emprega cerca de 600.000 pessoas sobretudo na produção,

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transporte e venda a retalho da madeira, combustíveis lenhosos e outros produtos
florestais. Estima-se que até 3 milhões de pessoas estão envolvidas no comércio semi-
legal e informal do carvão com um valor estimado de 2,2% do PIB (estimado em 250
milhões de dólares) (Agripro, 2019, citando Vollmer et al.,2017).
Em 2006, o consumo anual de combustíveis lenhosos (lenha e carvão) foi estimado
em 16 milhões de m3 e avaliado em 706 milhões de dólares (Nielsen et al. 2006).
Mantendo o mesmo ratio de valorização económica, o consumo actual estimado de
26 milhões de m3 (em 2017) de combustíveis lenhosos representa um negócio de
1.1000.000 de USD.
Em 2004 existiam cerca de 150.000 familias empregadas na produção de carvão
vegetal com um rendimento médio anual or família de 250-300 USD ( Agripro, 2019).
A produção do carvão é um pouco dispersa pelo país inteiro para abastecimento
dos centros urbanos e vilas, criando cadeias de valor complexas ou mais simples
dependendo dos mercados, sendo geralmente uma actividade com poucos
rendimentos para os produtores ( menos de 1 usd/dia) mas segura uma vez que a
procura urbana destes produtos é crescente e existe uma rede de transporte e
comercialização consolidada. Sómente 8% dos lucros da cadeia de valor de
produção de carvão permanece com os produtores ( Smith et al., 2018,)
O valor financeiro da floresta não depende só das espécies com valor comercial e ou
do sequestro de carbono, mas igualmente dos diferentes bens e serviços fornecidos
por este bioma (como por exemplo alimentos, medicamentos, produtos florestais não
madeireiros, nutrientes, turismo, etc.). (Matavela, 2017). A ausência de quantificação
e valorização das constribuições dos serviços ecossistémicos diminui a importância
das florestas moçambicanas.

Na quantificação dos serviços ecossistemicos foi efectuado para o Mangal de


Moçambique, podendo-se observar a importância do mangal na regulação do clima
e purificação da água.

Tabela 8 – valorização dos serviços ecossistémicos - Mangal

Valores estimados
Serviços do ecossistema mangal
(dados de 1999)
Serviços de Aprovisionamento
1 Alimentos (peixe, carne, plantas comestíveis) 4,81 US$/ha/ano
2 Água 3 200 000 US$
3 Matérias primas (fibras, areia, pedra, gravilha, coral, outros n.i.) 1,11 US$/ha/ano
Serviços de Regulação
8 Regulação do clima (sequestro de carbono) 64 000 000 US$
11 Tratamento de resíduos (purificação das águas) 12 700 000 US$
Fonte: Agripro, 2019

Para as florestas tropicais, os dados da Tanzania, Malawi, Zambia e Africa do sul foram
convertidos ao dólar ao câmbio e apresentados como referência;

Tabela 9 – Valorização económica dos serviços ecossistémicos – floresta tropical

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Serviços do ecossistema Florestas
Serviços de Aprovisionamento
1 Alimentos (peixe, carne, plantas comestíveis) 0,15 US$/ha/ano
2 Água
3 Matérias primas (fibras, areia, pedra, gravilha, coral, outros 1,81 US$/ha/ano
n.i.)
4. Recursos genéticos 1,49 US$/ha/ano
5. Recursos medicinais 35,14 US$/ha/ano
6. Recursos ornamentais
Serviços de Regulação
7. Polinização 5,67 US$/ha/ano
Fonte: Agripro, 2019

As florestas de miombo possuem também um papel na regulação da erosão e


podem ser fundamentais para a viabilidade dos sistemas agrícolas. A remoção de 10
cm de camada superior do solo, reduz a produção em 14% e em 75% quando se
retira 20cm de solo, revelou um estudo efectuada na zona semi-arida do Zimbabwe.
Por outro lado, a zonas de captação de água de bacias hidrográficas cultivadas
apresentaram 10-33 vezes mais sedimentos do que as bacias menos perturbadas do
lago Malawi (Ryan, et.al., 2016).

Turismo é um dos principais contribuintes para as economias nacionais dos países de


Africa Austral, no entanto somente visitantes regulares de parques nacionais
revelaram interesse nas aves e na diversidade das plantas, enquanto os grande
mamíferos são preferidos pelos visitantes primeiriços ou ocasionais (Rayan, et al.,
2016). A conservação do recurso florestal constitui uma premissa para o
desenvolvimento desta industria, uma vez que a mesma é altamente dependente do
capital natural e cultural;

CAPITULO II. NEXUS FLORESTAS, PESSOAS E ENERGIA

2.1 Desmatamento e degradação

Os dados históricos do desmatamento para o período 2003-2013 indicam uma taxa


anual de desmatamento de 0,79 % equivalente a 267.000 ha perdidos anualmente,
representando 40 milhões de toneladas de gases de efeito estufa, isto é 57% das
emissões totais do país. Se as tendências históricas de desmatamento se mantiverem
no período de análise (2018-2035) prevê-se um desmatamento anual de 155 800
ha/ano até 2035 (Mabilana, 2019). O desmatamento atinge as províncias de forma
desigual, representando um risco para a perpetuação do património florestal
naquelas províncias que combinam maior densidade populacional e menor recurso
florestal, tais como Nampula ( previsão de perda de 58% de florestas actuais até
2035), Sofala (27%) e província de Manica ( 24% ).

Com base apenas na relação histórica entre população e área florestal, ambas
estatísticas disponíveis para o país é possível prever que os distritos da região costeira
da região centro norte e nos corredores da Beira e Nacala serão os mais afectados
pelo desmatamento, sobretudo onde se prevê que irá se perder mais do que 40% da

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actual cobertura florestal actual ou mais de 60.000 ha no período de 2019-2035,
nomeadamente, os distritos de Gondola, Sussundenga, Macate, Lalaua, Mogincual,
Moma, Liupo, Meconta, Monapo, Nacala-a-velha, Buzi, Chibabava, Nhamatanda, e
Alto Molocué ( Tabela....):

Tabela 10 - Relação de distritos com risco de desmatamento ( 2017-2035)

Província Distritos Observação


Manica Gondola e Sussundenga > 60.000 ha
Gondola e Macate > 40%
Nampula Lalaua, Mongicual e Moma > 60.000 ha
Luípo, Meconta, Moma, Monapo e Nacala-a-velha > 40%
Sofala Buzi, Chibabava e Nhamatanda > 60.000 ha
Nhamatanda > 40%
Zambézia Alto Molocué > 60.000 ha
Mabilana, 2019.

Os distritos que combinam os dois critérios (percentagem e área desmatada), tais


como os distritos de Gondola, Moma e Nhamatanda, merecem atenção redobrada
em esforços multissectoriais nas áreas de agricultura e florestas incentivando-se a
implementação de sistemas agro-florestais, agricultura de conservação, restauração
de áreas degradadas, bem como na preservação das áreas florestais
remanescentes.

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Porporção de perda de área florestal (%) Quan'dade de área florestal perdida (ha)

Fonte: Mabilana, 2019

Figura 5 - Distritos vulneráveis por perda de proporção de área florestal ( >40% ) e pela quantidade de área a
ser perdida ( > 60.000 hectares).

Os corredores de desenvolvimento constituem vias de acesso aos recursos naturais ,


aos produtos agrícolas, aos países vizinhos e aos portos de escoamento, sendo
necessário acautelar o impacto do desenvolvimento sobre os recursos florestais
naturais e seus serviços ecossistémicos através da determinação de área mínima
florestal remanescente nestas zonas motoras de desenvolvimento económico. Por
outro lado, além da perda de área florestal a degradação dos ecossistema florestias
é difícil de contabilizar e controlar mas taxas de degradação florestal são estimadas
de 2-3% /ano e estudos estimam um custo de degradação em cerca de 35 milhões
de dólares ou 0,4% do PIB (Agripro, 2019).

2.2 A projecção da oferta e procura de madeira e carvão vegetal


Esta projecção se restringiu a 2 produtos florestais principais: (i) madeira e (ii) carvão
/lenha. Os demais produtos florestais não foram considerados (estacas, bambu, etc)
por escassez de dados. Aquando da realização do inventário nacional, as florestas
moçambicanas contabilizaram uma área de 31.693.872 hectares e um volume total
no país estimado em 2.282.000.000 m3 (Magalhães, 2018). Este volume não incorpora
as copas, que segundo Mate et al.(2016) correspondem a cerca de 50% do volume
comercial, podendo variar de 30-70%. Em 2017, o corte admissível considerando a
área inventariada e o leque de espécies com potencial madeireiro é estimado em

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1,9 milhões de m3, mas apenas 446.727 m3 correspondem às espécies preferidas pelo
mercado (nacional e internacional) de consumidores da madeira moçambicana.

Para abastecer o consumo de madeira nacional previsto em 2035 (900.000 m3)
dentro dos limites do crescimento da floresta natural é necessário diversificar as
espécies e utilizar aquelas espécies que hoje são pouco preferidas (segunda, terceira
e quarta classe), uma vez que o consumo actual já ultrapassa a capacidade de
abastecimento sustentado do grupo preferido de espécies. Caso se considere que a
exploração ilegal de madeira esteja ao redor de 2-2,5 vezes mais do que o volume
registado, torna-se ainda mais urgente a diversificação de espécies.

Em relação à energia da biomassa, diversos estudos relatam que em Moçambique o


consumo per capita urbano de combustíveis lenhoso é de cerca de 1,2 m3/ano e o
rural de 0,72 m3/ano, sendo que nas áreas rurais, o consumo é sobretudo de lenha e
ramos secos, e nas cidades cerca de 75% dos habitantes consome carvão como
fonte de energia doméstica. Esta dependência irá se manter nos próximos anos e
prevê-se que o uso do carvão nas áreas urbanas decresça derivado da projeccão
do crescimento económico, das políticas de substituição de energia e subsídios,
numa taxa decrescente de 1% ao ano entre 2018 e 2025 e de 2% entre 2026 e 2035
(projecções do Ministério de Energia).
Assim :
1. Em 2025 cerca de 68% da população utilizará combustíveis lenhosos, isto é,
anualmente entre 2019 e 2025 cerca de 1% menos da população urbana
utilizaria carvão e lenha;
2. Em 2035, cerca de 48% da população vai continuar a consumir carvão e
lenha (espera-se na cidade da Beira que serão engarrafadas 5000 Botijas de
gás por dia), segundo previsões do Ministério de Energia. Por outras palavras,
entre 2025 e 2035 cerca de 2% menos da população urbana utilizaria carvão e
lenha;

A análise de consumo de combustíveis lenhosos pode-se concentrar sobretudo


sobre o carvão vegetal, uma vez que o consumo de lenha nas áreas rurais é
sobretudo derivado dos recursos ao redor das casas e das machambas. Quando se
considera apenas o consumo de carvão nas áreas urbanas e várias opções de de
redução de consumo, verifica-se que o balanço também é negativo (-8,2 milhões de
metros cúbicos) em 2035 sempre que se utiliza a limitante dada pelo Corte
Admissível Anual, e sobretudo das espécies de de quarta classe.
Tabela 11 - Projecção e balanço da oferta e procura de carvão vegetal nas áreas urbanas

Ano
Carvão vegetal
2018 2025 2035

População urbana (nr de hab.) 9.076.397 11.589.289 16.123.395
3 3
Oferta - crescimento anual m ( supondo 1 m /ha/ano) 31.576.000 30.425.000 28.942.000
Oferta

Oferta de biomassa para combustíveis lenhosos


3 1.043.906 1.043.906 1.043.906
equivalente ao CAA + volume de copas (m /ano)

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Consumo – opção 1
Consumo urbano de combustiveis lenhosos (75%
constante e consumo de 1,2 m3/capita/ano) 8.168.757 10.430.360 14.511.055
( m3 )

Consumo kg carvão ( kg) 1.021.094.663 1.303.795.013 1.813.881.938

Consumo nr sacos ( 65 kg) 15.709.149 20.058.385 27.905.876


Consumo – opção 2

Consumo urbano considerando 75% em 2018, 68%


8.168.757 9.456.859 9.287.075
em 2025 e 48% em 2035 ( m3 )

Consumo kg carvão ( kg) 1.021.094.663 1.182.107.478 1.160.884.440

Consumo expresso em nr de sacos (65kg) 15.709.149 18.186.269 17.859.761

3
Balanço considerando o IMA (m ) 23.407.243 19.994.639 14.430.944
Balanço

Balanço considerando o corte admissivel annual


3
constante ( m ) -7.124.852 -8.412.954 -8.243.170

Fonte: Adaptado de Falcão, 2019

Estima-se um investimento de 79-90 milhões de dólares americanos para estabelecer


plantações energéticas que permitam cobrir o consumo urbano previsto de carvão
vegetal, isto é 60.000 hectares necessários em 2035. Este valor não incorpora perdas
resultantes de fogos, roubos, mudança de uso, etc. Segundo o Ministério de
Agricultura em Moçambique existem cerca de 7 milhões de hectares de terra
adequados para o estabelecimento de plantações florestais em Mocambique, e a
estratégia de reflorestamento indica o objectivo de estabelecimento de 1 mihão de
hectares até 2030.

2.3 Ordenamento territorial e previsão de conflitos


Considerando a previsão de perda florestal de cerca 155.000 hectares anuais nos
próximos anos e a sobre-exploração do recurso florestal e/ou deficit de madeira
importa considerar as diferentes perdas e ganhos das opções de uso da terra sob a
perspectiva florestal. Se por um lado os corredores de desenvolvimento e
crescimento constituem um dos focos de desmatamento florestal actual e futuro, eles
proporcionam a possibilidade de integração regional entre projectos âncora de
grande porte (normalmente na área da mineração) e as pequenas médias empresas
locais e os portos de escoamento (Agripro 2019, citando Ross, 2014).

A extração de inertes e exploração mineira constitui um dos factores a considerar no


desmatamento uma vez que as concessões de mineração estão especialmente
localizadas no centro de Moçambique, onde ocorrem também áreas florestais
altamente productivas além de áreas protegidas (províncias da Zambézia, Sofala e
Tete). A sobreposição de ocupação de diferentes usos da terra e de actividades
económicas do país destaca a actividade mineira como fonte de potenciais conflitos
nas seguintes áreas:

1. industria extractiva e actividade pesqueira no banco de Sofala e C. Delgado.


2. indústria extractiva e exploração agrícola - Distrito de Angónia e Tsangano em
Tete;

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3. Indústria extrativa e exploração florestal pela sobreposição de várias concessões
mineiras e florestais, sendo de destacar a província da Zambézia, Cabo Delgado
Sofala e Manica.
4. Industria extrativa, florestas e agricultura – na área de Manica ao redor do corredor
viário da Beira;
5. Indústria extractiva, exploração florestal e área de conservação em Cabo
Delgado.
6. Indústria extractiva e Habitats críticos – Em Niassa na reserva de biosfera do lago
Niassa.
7. Indústria extrativa e área de conservação – Reserva do Niassa e albufeira de
Cabora bassa.
e ainda
8. Actividade pesqueira e área de conservação – Lago niassa;

As florestas dificilmente competem com a industria mineira, e os impactos ambientais


da desflorestação incluem a perda de serviços ecossistémicos, aumento de
escoamento das águas e erosão, degradação da terra e sedimentação de
importantes massas de água (Agripro, 2019). A transferência de direitos de uso e
acesso destas áreas deve ser orientada pelos princípios voluntários da governação
das Terras, Florestas e Pescas ( FAO, 2012) e a restauração florestal gradual das áreas
mineradas e de extração de inertes após restituição da área.

O Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial constitui um dos instrumentos de


ordenamento orientador do desenvolvimento florestal. Moçambique é considerado
um país de baixa densidade populacional e extensas áreas, e o zoneamento agro-
ecológico do país efectuado em 2007 identificou cerca de 10,5 milhoes de hectares
adequados para o investimento agrícola (incluindo plantações florestais),
representando cerca de 13% do território nacional.

As opções de desenvolvimento do território e recursos naturais bem como dos


caminhos que o país irá trilhar para alcançar os objectivos globais de
desenvolvimento sustentável, está interligada com a visão da Agenda florestal que
pretende que os recursos florestais sejam verdadeiramente valorizados e contribuam
para o desenvolvimento sócio-económico e bem-estar dos moçambicanos, através
da abordagem de interligação multissectorial de gestão do território, de integração
das cadeias de valor para construção de resiliência às mudanças climáticas e boa
governação florestal constribuindo para alcançar a meta de desenvolvimento
territorial: Moçambique um país integrado e inclusivo.
.

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CAPITULO III. A AGENDA ESTRATÉGICA 2035

3.1 Vulnerabilidades e potencialidades para desenvolvimento do sector florestal


Entre 2018 a 2035, a procura de madeira irá aumentar de cerca 500 mil m3 para 900
mil m3, e o aumento da procura de combustíveis lenhosos nas áreas urbanas,
especificamente de carvão vegetal , passará de 8 milhões de m3 para 14 milhões de
m3, caso se mantenha a dependência deste combustível por 75% da população
urbana.

Se espera que a procura crescente de produtos florestais constitua um factor


dinamizador para a plantação de árvores, seja em sistemas de monocultivos ou em
sistemas agroflorestais e do maneio florestal responsável da floresta natural. A
formulação da Agenda florestal 2035 considerou o contexto histórico do sector
florestal moçambicano, isto é a herança do passado, o diagnóstico da situação
actual de cada um dos temas 7 da agenda apresentado no ANEXO 1. As
potencialidades e vulnerabilidades do sector florestal foram aglotinadas nas tabelas
12 e 13.
Tabela 12 - Fortalezas, oportunidades e potencialidades do sector florestal

• Localização geo-estratégica e próxima dos


• Existência de mercados emergentes Asiáticos e África SSA;
recursos florestais • Ligação de mega projectos, industria mineira e
( 32-34 milhões de florestas através de contrapartidas para
hectares de reposição do capital natural;
OPORTUNIDADES

florestas); • O papel das florestas na mitigação das


FORTALEZAS

• Espécies florestais mudanças climáticas e necessidade de manter


apreciadas pelo área florestal permanente;
mercado nacional e • Tendência para desenvolvimento integrado e
internacional; inclusivo da florestas, fauna, solos e água;
• Vastas áreas de uso • Descentralização da gestão territorial e
múltiplo; florestal a nível comunitário;
• Quadro legal • Melhoria da imagem do sector através de selo
reconhece a co- verde para mercado nacional e internacional ;
gestão dos
recursos florestais;

Potencialidades do sector florestal:
ü A existência de recursos florestais e o reconhecimento do papel das florestas na
mitigação das mudanças climáticas e na construção de um futuro de baixas emissões
potencializa a determinação de área permanente nacional de florestas a todos níveis (
municípios, distritos, províncias) as plantações florestais e sistemas agroflorestais;

ü Vastas áreas de uso múltiplo e a geo-localização estratégica potencializa a criação de
pequenos/médios woodlots resultantes do fomento florestal;

ü Potencial para agregar valor nos produtos florestais ( madeireiros e não madeireiros) e
eco-turismo;

ü Contrapartidas de actividades económicas e investimento nos negócios florestais
potencializa a contribuição do sector na redução da pobreza;

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Para a análise das vulnerabilidades foram conjugados os factores negativos internos (
fraquezas) e externos ( ameaças ) ao desempenho do sector florestal:

Tabela 13 - Fraquezas, ameaças e vulnerabilidades do sector florestal

• Floresta com crescimento • Sobre-exploração do recurso;


lento e baixa • Corte ilegal;
produtividade; • Corrupção;
• Gestão e monitoria • Fiscalização deficiente e fraca penalização;
deficiente e centralizada; • Pouco investimento na modernização e
• Instituições muito fracas; desenvolvimento da gestão do sector;
• Tendência a “projectizar” • Centralização de tomada de decisões e ausência
o desenvolvimento do de mecanismos formais de participação;
sector; • Falta de transparência;
• Quadro legal desajustado • Reformas institucionais constantes;
e incompleto; • Falta de prestação de contas a todos os níveis e
FRAQUEZAS

AMEAÇAS

• Fraca penalização de entre todos actores;


infractores e • Poucos operadores responsáveis e
transgressores; comprometidos com a sustentabilidade do
• Acompanhamento técnico recurso;
inexistente; • fraca coordenaçãoo de políticas energéticas e
• Má imagem; alocação de contrapartidas;
• Poucos benefícios • Forte movimento de advocacia contra plantações
derivados da co-gestão florestais;
florestal; • Ordenamento territorial no papel e não aplicado
• Processamento deficiente na prática;
e concentrado no • Fraco compromisso político com a
primário. sustentabilidade do recurso e boa governação;
• Ausência de
associativismo e redes de
diálogo na área florestal;
Vulnerabilidades do sector florestal:
ü A fiscalização deficiente e antiquada gera oportunidades de corrupção e corte ilegal;

ü O deficiente investimento na administração e desenvolvimento do sector revela o fraco
compromisso político e possibilita a perpetuação da sobre-exploração e ilegalidades;

ü A ausência de associativivismo e mecanismos formais de participação e de transparência
perpetuam a má governação do sector.

ü Quadro legal desajustado e incompleto em todos as áreas e temas do sector florestal
desincentiva o desenvolvimento do sector;

3.2 Oportunidades de financiamento



As oportunidades de financiamento para o desenvolvimento do sector florestal
moçambicano que podem ser exploradas, incluem o Orçamento Geral do Estado,
investimento privado, os pagamentos por serviços ecossistémicos e a economia verde

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que envolve a conservação, restauração, plantação e incentivo a sistemas agro-
florestais, geralmente proveniente do regime internacional de clima e conservação.

O orçamento geral do Estado é exíguo e apenas consegue garantir os salários dos


funcionários públicos, apesar das grandes responsabilidades e programas ambiciosos
projectados.

O sector do florestas contribui para o Fundo nacional de desenvolvimento sustentável


através das seguintes taxas ( Fote e Salência, 2019):

§ Depósito de Valores de livros para guia de trânsito


§ 40% de taxas de Regulamento sobre o Processo de Auditoria Ambiental-decreto
25/2011;
§ 60% de Multas de Regulamento sobre o Processo de Auditoria Ambiental-decreto
25/2011;
§ 60% das multas Regulamento Sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e
Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES)-Regulamento 16/2013;
§ 40% das taxas Regulamento Sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e
Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES)-Regulamento 16/2013;
§ 50% das Multas do cumprimento do Regulamento de Floresta e Fauna Bravia –Decreto
12/2002;
§ 70% da taxa de sobrevalorização da madeira-Decreto 21/2011;
§ 60% das multas advindas do Regulamento dos Procedimentos para Aprovação de
Projectos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal
(REDD+)-Decreto 70/2013;
§ 20% das taxas advindas do Regulamento dos Procedimentos para Aprovação de
Projectos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal
(REDD+)-Decreto 70/2013.

No triênio 2015-2017 o sector arrecadou uma média de 20 milhões de USD/ano ,


sendo de destacar a taxa de exportação de madeira serrada.

Tabela 14 – Receitas arrecadadas pelo sector florestal no triénio 2015-2017

TRIÉNIO -2015-2017

TAXAS 2015 2016 2017 TOTAL MZM TOTAL USD


TEMP 181.257.170 163.131.453 2.154.543.456 2.498.932.079 40.305.356
LICENCIAMENTO 287.731.995 415.168.934 471.159.806 1.174.060.735 18.936.463
TOTAL 468.989.165 578.300.387 2.625.703.262 3.672.992.814 59.241.820
Apesar de uma arrecadação modesta, a canalização dos fundos consignados é
deficiente e concentrada na entrega dos 20% para as comunidades. As demais
canalizações ( reflorestamento, fiscalização, apoio institucional) previstas nos
diferentes decretos não são efectuadas

Por exemplo, deve ser consignado à actividade de reflorestamento a sobretaxa de


15% de reflorestamento do licenciamento e 30% da taxa de exportação de madeira
serrada, que no triênio 2015-2017 correspondeu a uma média de US4,9 milhões/ano,

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que permitiria impulsionar esta actividade em cada província ou nos distritos
vulneráveis ao desmatamento dos corredores de desenvolvimento e zona costeira.

O sector privado moçambicano inclui cerca de 1000 operadores florestais


madeireiros, empresas reflorestadoras, pequenos produtores organizados em
associações de produtos florestais e produtores individuais. Inclui provedores de
serviços no sector financeiro (GAPPI, bancos comerciais e mais recentemente o FNDS)
e de insumos para as cadeias de valor florestais (vasos para plantas, sementes, sacos
para carvão, embalagens de mel, ferramentas e equipamento florestal, entre outros )
e ainda serviços de apoio ( transporte, intermediários comerciais). Inclui ainda
actores fora do sector florestal tais como as padarias, produtores da tabaco, chá,
cerâmicas, que sendo consumidores industriais de combustíves lenhosos constituem
parceiros no desenvolvimento.

O REDD, constitui o esquema de pagamento por serviços ecossistémicos do sector


florestal mais conhecido que se encontra na fase piloto de implementação,e que se
espera gere oportunidade para que este sistema seja alargado a todo o país.
É comum que os governos promovam esquemas de incentivo e fomento florestal
para a criação de plantações florestais ( por exemplo na Argentina, Brasil, Uruguay e
Chile) cientes das dificuldades de acesso a créditos para empreendimentos de longo
prazo de natureza florestal. Em África, esta abordagem de apoio ao sector privado
está a ser aplicada no Uganda desde 2003 tendo transformado uma actividade
predominantemente efectuada pelo Estado e com várias tentativas falhadas no
passado numa actividade comercial próspera de apoio financeiro directo ao sector
privado, associações e individuos para o estabelecimento de plantações privadas de
pequena escala (25-500 ha) integrado num esquema de financiamento post-
resultados, de serviços de extensão florestal e apoio técnico (Jacovelli, 2010, 2017).

Desde 2017, o governo moçambicano através do FNDS, ciente da necessidade de


suprir a lacuna entre oferta e procura de produtos florestais desenhou um esquema
piloto de apoio ao sector privado para fomento do estabelecimento de plantações
florestais na paisagem da Zambézia ( lotes de 20 -250 ha) para plantações de curta
duração . Trata-se da primeira iniciativa de financiamento deste tipo de actividade
que se espera traga experiências transformadoras positivas, parcerias e mobilização
de fundos para o inicio do fomento florestal à escala nacional.

A dificuldade de acesso a sistemas de financiamento é um dos problemas comuns a


todas as cadeias de valor, que o sector florestal precisa de ultrapassar. O retorno de
parte das receitas geradas enquadrado no plano anual de actividades aprovado e
enquarado no programa, bem como a coordenação e cooperação com os
parceiros nas áreas de clima, conservação e desenvolvimento rural para a
implementação do mesmo poderão minimizar a perene escassez de fundos do
sector.

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3.3 Desafios e visão dos temas da Agenda estratégica 2035



Nr DESAFIOS VISÃO 2035*
Integrar as florestas nos planos Até 2035 florestas integradas nos planos de desenvolvimento e
de desenvolvimento do país , uso da terra a todos os níveis
1
com foco nos distritos
vulneráveis ao desmatamento;
Regular e adicionar valor ao Em 2035, um sector florestal sustentável através do
negócio da madeira de floresta desenvolvimento de uma indústria competitiva visando um
2
nativa; aproveitamento integral dos recursos florestais em prol do
desenvolvimento económico sustentável do país
Garantir acesso à terra e Em 2035 aumentada a contribuição do Sector Florestal no
estabelecer o compromisso de desenvolvimento social e económico de Moçambique, através
fomento de plantações plantações florestais sustentáveis, que geram benéficos
3 florestais;
económicos, sociais e ambientais partilhados, com o
envolvimento do sector privado, público, comunidades locais e
da sociedade em geral
Formalizar e regular a cadeia Até 2035 reduzir o uso de carvão vegetal proveniente de
de valor de carvão vegetal e florestas nativas, agregar valor e produção sustentável de carvão
4
incentivar o comércio com tecnologias melhoradas a partir de plantações florestais
responsável e/ou desperdícios com aproveitamento integral
Valorizar os serviços Até 2035, os principais serviços ambientais providos pelos
ambientais numa abordagem ecossistemas florestais serão valorizados e integrados no sistema
5 integrada de gestão de
de contas nacionais e equitativamente partilhados com as
paisagem; populações rurais e urbanas.
Apoiar as iniciativas Comunidades empreendedoras, activamente engajadas no
comunitárias e desenvolvimento local, dotadas de capacidades, meios e
6 desenvolvimento de negócios instituições locais fortes, promotoras do desenvolvimento
locais; sustentável com base na boa governação e uso sustentável dos
recursos naturais e em particular dos recursos florestais.
Valorizar e integrar os Até 2035 desenvolver as cadeias de valor dos PFNM numa
produtos florestais não abordagem de gestão integrada dos recursos florestais para
7
madeireiros na Agenda de abastecimento do mercado nacional e internacional
Desenvolvimento;
Conservar as florestas e fauna Em 2035, o papel das florestas na conservação da biodiversidade
bravia dentro e fora das áreas e na oferta de serviços ambientais, incluindo a mitigação do
8
de protecção; efeitos das mudanças climáticas, será valorizado e formalmente
reconhecido.
Boa governação e reinvestir no Até 2035, o sector florestal pretende alcançar a boa governação
fortalecimento e crescimento florestal, melhorar a credibilidade do sector e criar um ambiente
9 do sector; favorável ao negócio florestal com base no equilíbrio da
conservação ambiental e desenvolvimento sócio- económico
sustentável
Investir na educação e Até 2035 será reforçarda a investigação florestal, valorizado o
investigação florestal para conhecimento científico sobre florestas e biodiversidade e a
desenvolver e modernizar o integração de resultados da pesquisa nos diferentes níveis de
10 sector; implementação da agenda de desenvolvimento do país.
Até 2035, um ensino profissional e vocacional florestal de
qualidade irá responder aos desafios económicos, sociais e
ambientais do País.
* Visão acordada e resultante dos seminários temáticos

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CAPITULO IV. PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS 2019 -2035

Desenvolver cadeias de valor sustentáveis, capacidades e
OBJECTIVO DO resiliência às mudanças climáticas e desastres naturais
PROGRAMA NACIONAL contribuindo para o alcance dos Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável
DE FLORESTAS

1. Reforçar a contribuição das florestas para o
desenvolvimento sócio-económico e segurança
alimentar tendo como foco o envolvimento das
comunidades;

Objectivos Estratégicos 2. Reforçar a resiliência às mudanças climáticas e
desastres naturais;

3. Construir capacidades e integrar os princípios da


boa governação no desenvolvimento florestal;

1. Maneio sustentável dos recursos florestais numa


abordagem de gestão integrada e inclusiva de Unidades de
Maneio Florestal implementado;
2. Reforçada a participação e empoderamento das
comunidades locais na tomada de decisão e gestão dos

recursos florestais através de construção de capacidades e
parcerias;
Resultados gerais 3. Instituto florestal criado e quadro legal revisto;
4. Fórum de Consulta de Florestas criado e operacional
5. Manutenção da área permanente de 17 milhões de
hectares de florestas produtivas e sua integração no
ordenamento territorial.
6. Abastecimento sustentável e comércio responsável de
combustíveis lenhosos;
7. Alcançado em 2035 o compromisso de plantação de 1
milhão de hectares e de redução de emissões de 170
MtCO2/ano
8. Sistema de informação florestal e rastreamento de
produtos florestais implementado ;
9. Sinergia de políticas, metas, monitoria, avaliação,
relatórios e captação de fundos.
10. Mecanismos de financiamento e de fomento florestal
diversificados


Valores estratégicos do 1. As comunidades em primeiro lugar
desenvolvimento da
2. Sustentabilidade e integração das cadeias
economia florestal

3. Boa governação

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4.1 VISÃO

A visão de cada tema da agenda florestal foi aglotinada e alinhada na visão geral
da política florestal:

Garantir a perpetuação e aumento do património florestal nacional actualmente
existente e geração de benefícios derivados de bens e serviços ambientais através
do reflorestamento, restauracção, uso sustentável e agregacção de valor dos
produtos florestais, incentivando a gestão inclusiva e participativa, em especial dos
grupos vulneráveis, para o benefício económico, social e ambiental das actuais e
futuras gerações;

4.2 OBJECTIVO DO PROGRAMA



O objectivo do programa reflecte os valores estratégicos orientados à
implementação da visão expressa na política florestal e dos objectivos globais de
desenvolvimento sustentável:

Desenvolver cadeias de valor sustentáveis, capacidades e
resiliência às mudanças climáticas e desastres naturais
contribuindo para o alcance dos Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável.

4.2 VALORES ESTRATÉGICOS


1) As comunidades em primeiro lugar ( isto é, as comunidades como
beneficiárias e empoderadas na promoção do desenvolvimento sócio-
económico);

2) A sustentabilidade e integração do desenvolvimento florestal ( o uso


sustentável dos recursos florestais numa visão abrangente de bens e serviços e
sua perpetuação constituem o valor estratégico central do programa.
Considera ainda a integração multissectorial e entre as cadeias de valor e
etapas das mesma, numa abordagem de desenvolvimento integrado de
unidades de maneio florestal);

3) boa governação florestal ( nos seus diferentes atributos e pilares para


construção de um desenvolvimento económico inclusivo, transparente e
sustentável).

4.3 OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS DE IMPLEMENTAÇÃO


O programa nacional de florestas é um programa de desenvolvimento integrado das
florestas moçambicanas e suas cadeias de valor contribuindo para o
desenvolvimento sustentável e bem estar dos moçambicanos considerando 03
objectivos estratégicos para responder aos desafios do sector:

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OBECTIVO 1 - Reforçar o desenvolvimento sócio-económico e segurança
alimentar tendo como foco o envolvimento das comunidades;

A utilização sustentável das florestas constitui uma das múltiplas actividades


do contexto rural. As florestas possuem um papel importante para a
economia nacional bem como para a segurança alimentar pelas suas
ligações ambientais e de produção sobretudo para as comunidades
dependentes dos recursos. É neste contexto que o programa nacional de
florestas propõe a integração da segurança alimentar no eixo estratégico de
desenvolvimento sócio económico das cadeias de valor reconhecendo que
as florestas constituem um dos elementos do complexo tecido da vida rural.

Este objectivo estratégico é assente em 03 abordagens do Programa:

1.1 As comunidades no centro do desenvolvimento económico;


Esta abordagem considera a necessidade de fomentar o empoderamento das
comunidades locais e participação efectiva dos seus membros e órgãos de
representação na tomada de decisão para assegurar o uso de boas praticas a nível
local, valorização do conhecimento local, e incorporação nos objectivos de maneio
florestal as necessidades da população rural dependentes destes recursos.
Aspectos prioritários de construção de capacidades a nível local são fundamentais
para assegurar que o desenvolvimento sócio-económico proporcione bem estar para
as comunidades locais.

1.2. Desenvolvimento integrado das cadeias de valor sustentaveis dos produtos


florestais ( madeireiros e não madeireiros) e de todas as suas etapas

O desenvolvimento integrado das cadeias sustentáveis de valor considera elementos


de abastecimento sustentável de matéria prima e adequação do quadro legal e
institucional favorecedor ao maneio florestal integrado das florestas nas seus múltiplos
produtos. Engloba as cadeias de valor da floresta nativa e das plantações florestais,
para madeira e para energia e considera ainda modelos de negócio que integram o
estado, sector privado, pequenos produtores e membros das comunidades com
impactos positivos e transversais às dimensões económicas, ambientais e sociais.
Para encorajar o sector privado e pequenos produtores a engajar-se em praticas
sustentáveis e prosperidade dos negócios se considera ainda a implementação de
sistemas de financiamento e incentivos adequado às diferentes cadeias e etapas.

1.3 Promoção do comércio responsável

Diz respeito à melhoria da ligação dos produtores ao mercado, ao encorajamento da


inovação e de promoção de produtos nacionais, à melhoria da competitividade e
introdução de padrões nacionais para certificação e incentivo de um consumo
responsável e sustentável.

OBJECTIVO 2 - Reforçar a resiliência às mudanças climáticas e desastres naturais;

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Este eixo estratégico baseia-se na posição de vulnerabilidade de Moçambique às
mudanças climáticas e destaca o papel e a contribuição das florestas na
construção de uma economia verde contribuindo para a resiliência aos eventos
climáticos extremos e desatres naturais de que o país é periódicamnete assolado.

Está assente em 03 abordagens do programa nacional de florestas:

1.1 Integrar as florestas na planificação territorial e construção de sinergias


florestas/fauna bravia/agricultura/água e energia
Ressalta a abordagem integrada de desenvolvimento rural e contempla acções de
inclusão das florestas nas decisões de administração territorial e de zoneamento para
garantir a perpetuação da área de florestas produtivas permanentes, plantações
florestais e ainda de uma cobertura florestal mínima, sobretudo dos distritos mais
vulneráveis ao desmatamento localizados em corredores de desenvolvimento e na
zona costeira e bem como nas principais bacias hidrográficas do país. Contempla
ainda a adequação do quadro legal favorável à conservação florestal e ao
pagamento por preservação de serviços ecossistémicos.

1.2 Ressaltar as medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas


Esta abordagem engloba acções para a redução do desmatamento e de
queimadas, incentivo e implementação de sistemas agro-florestais e de agricultura
de conservação, plantações florestais e a redução de desperdícios e aumento de
eficiência das cadeias de valor para redução de emissões;

1.3 Aumentar a resiliência às mudanças climáticas e desastres naturais

Considera a conservação da biodiversidade florestal e faunística, em especial os


corredores de fauna e zonas de nidificação sejam em florestas de produção ou nas
áreas de conservação, o mapeamento dos serviços ecossistémicos prioritários e sua
valorização. Restauração de áreas degradadas, fixação de dunas e arborização
urbana são também considerados na construção de resiliência a desastres naturais.

OBJECTIVO 3 - Construir capacidades e integrar os princípios da boa governação


no desenvolvimento florestal;

Este objectivo estratégico reconhece a importância da construção de capacidades


adequadas para fazer face aos desafios do sector e da necessidade de
coordenação e de integração dos princípios da boa governação a todos os níveis
para a criação de uma economia florestal sustentável e inclusiva.

A sua implementação está assente em 03 abordagens do programa florestal:

1.4 Melhoria da monitoria florestal para a tomada de decisões informadas


Esta abordagem engloba a necessidade de monitoria das florestas para responder à
dimensão técnica-científica de produzir dados relevantes, de alta qualidade e
credíveis e a dimensão política dos dados para a tomada de decisões e avaliação

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de desempenho , cumprimento de metas e impactos das acções realizadas.
Aspectos como o desenvolvimento de um sistema nacional de monitoria florestal
integrado ( florestas/ clima/ conservação) para monitoria de resultados nacionais e
dos tratados internacionais para reduzir esforços adicionais e partilhar recursos são
considerados.

O reforço de capacidades de fiscalização e o incentivo ao envolvimento das


comunidades locais na monitoria e fiscalização florestal a nível local são também
considerados.

1.5 Adaptar e adequar a formação e investigação florestal


A abordagem diz respeito à melhoria de capacidades e à necessidade de
aproximar a formação aos actores directamente envolvidos nas cadeias de valor
com especial atenção à introdução da extensão florestal, actividades de
sensibilização ambiental e apoio aos operadores florestais. A investigação florestal e
a aplicação dos resultados para a melhoria do desempenho do sector são também
considerados, ressaltando-se a necessidade de acções coordenadas de
investigação de longo prazo para conhecimento da dinâmica florestal e transmissão
de um legado geracional visando o uso sustentável da floresta.

1.6 Reformular e adequar a arquitectura da governação florestal


As florestas através dos seus produtos e serviços abrangem uma multitude de sectores
e a governação florestal ultrapassa os confins do Estando englobando todos os
actores ( sector privado, sociedade civil e Estado). Este domínio diz respeito à
necessidade de institucionalizar mecanismos de participação e colaboração,
prestação de contas, transparência, mobilização de fundos e construção de sinergias
para um desenvolvimento florestal sustentável integrado e inclusivo.

4.4. Política Florestal e programa nacional de florestas



O Programa Nacional de Florestas constitui o instrumento de implementação dos
objectivos definidos na política florestal. A tabela 15 ilustra a interligação entre os
eixos estratégicos do programa, domínios de intervenção do programa e objectivos
estratégicos preconizados na política florestal.


Tabela 15 – Relação entre a política florestal e os eixos estratégicos do Programa Nacional de Florestas

EIXOS
ESTRATÉGICOS -
2019-2035 DOMÍNIOS DE INTERVENÇÃO Objectivos estratégicos –política florestal
1. Florestas para o Promoção do envolvimento das comunidades locais na gestão
desenvolvimento florestal
1. Colocando as comunidades
sócio-económico e
locais em primeiro lugar Aumentar a contribuição do sector florestal no
segurança
alimentar com desenvolvimento local

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foco no Promoção de parcerias e canalização de beneficios para as
envolvimento das comunidades locais
comunidades Uso sustentável do património florestal natural
locais
Apoio à industria florestal

Contribuição fiscal do património florestal

Criação de ambiente favorável ao investimento no


desenvolvimento de plantações
2. Desenvolvendo as cadeias de
valor dos produtos florestais
Assegurar o acesso à terra no estabelecimento de plantações
(madeira, energia e produtos
florestais não madeireiros) Incentivos ao desenvolvimento de plantações
Adequar o quadro legal sobre a exploração florestal para fins
energéticos
Abastecimento de combustíveis lenhosos com base em
plantações
Adopção de política florestal e energética favorável ao uso de
combustíveis certificados
3. Visando o comércio
Promoção do acesso ao mercado
sustentável
4. Integrando as florestas na
Integração das florestas no ordenamento territorial
planificação territorial

construção de sinergias
2. Florestas na Quadro legal favorável à protecção do património e mitigação
construção de 5. Ressaltando as medidas de de mudanças climáticas
resiliência às mitigação e adaptação às Redução do desmatamento e aumento da contribuição das
mudanças mudanças climáticas florestas na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas
climáticas e
desastres naturais Valorização de serviços ambientais
6. Aumentando resiliência aos Promoção da restauração para fins de protecção de
desastres naturais a nível de ecosistemas frágeis e mitigação de mudanças climáticas
paisagens sustentáveis
7. Melhorando a Governação e Fiscalização florestal
Monitoria florestal para
melhoria de tomada de decisões Monitoria florestal
Desenvolvimento do programa nacional de investigação

8. Adaptando e modernizando Reforço e melhoria das capacidade de investigação e legado


3. Governação geracional
florestal e a formação e investigação
construção de florestal Plano de formação e capacitação na área florestal
capacidades
Sensibilização e capacitação de todos intervenientes
Desenvolvimento do quadro legal
9.Adequando a arquitectura da
Adequação do quadro institucional
governação florestal
Boa governação florestal

4.5 O quadro lógico e matriz de acções



Através do quadro lógico e matriz de acções é possível antever os resultados
esperados, os indicadores e acções a serem desenvolvidas para alcançar os
resultados pretendidos bem como o horizonte temporal, orçamento indicativo e as

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instituições de liderança e colaboradoras. A matriz lógica de açções está
apresentada no anexo nr. 1.

4.6 Metas

4.6.1 Sinergia entre metas nacionais e as metas do Programa Nacional de Florestas

As metas do programa nacional de floresta consideram as sinergias entre os seguintes


instrumentos:
1) política florestal e estratégia de implementação
2) compromissos reflectidos nas estratégias sectoriais
3) compromissos internacionais

O PNF 2019-2035 considera no plano de implementação o conjunto de metas


quantitativas derivadas das estratégias nacionais aprovadas. São elas:

Tabela 16 – compromissos nacionais assumidos

Instrumento Compromisso estabelecido – Moçambique


Declaração de florestas de Restaurar 1 milhão de hectares até 2030;
Nova Iorque e desafio de
Bonn
Estratégia Nacional para • Estabelecer 1 milhão de hectares de plantações comerciais até 2030 e
Reflorestamento providenciar 250.000 novos postos de emprego;
• Estabelecer 200 mil hectares de plantações energéticas;
• Reduzir em 75% o uso de lenha de floresta nativa pelos consumidores
industriais ( chá/ cer6amicas) até 2020;
• Estabelecer 50.000 hectares de espécies de uso múltiplo em áreas
agrícolas abandonadas;
• Estabelecer 3000 ha de restauração para protecção dos solos em 20 anos.
• Estabilizar 50.000 hectares de dunas costeiras em 20 anos.

Anteprojecto da política • Área permanente de floresta produtiva ( 17 milhões de ha);


florestal e estratégia de • Unidades de maneio florestal ( por definir área e quantidade);
implementação 2019-2035 • Entidade florestal robusta e adequada;
• Fórum de consulta florestas;
• Fundo de desenvolvimento comunitário;
• Fundo de desenvolvimento florestal
• Sistema de informação florestal em implementação
• Rastreamento de produtos florestais (exportação e consumo naciona)
• padrões nacionais de certificação;
• 13 Reservas florestais avaliadas e incluídas na rede nacional de conservação;

Estratégia REDD+ ( 2016- Reduzir 170 MtCO2/ano de emissões até 2030.


2030)
Contribuição nacionalmente Reduzir emissões de CO2 em 76,5 MtCO2 até 2030.
determinada para o acordo
climático ( 2020-2030)
Programa Nacional de Reduzir 72,8 MtCO2/ano até 2030.
Desenvolvimento sustentável
2015-2030

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Estratégia da biodiversidade • Avaliar e redefinir 75% das actuais áreas de conservação, e incluir,
formalmente 100% dos centros de endemismo afro-montanhoso (altitude
>1500m) e pelos menos 5% de ecossistemas marinhos nas áreas de
conservação;
• Até 2035, reabilitar pelo menos, 15% dos ecossistemas/habitats degradados,
restabelecer a sua biodiversidade, e garantir a sua sustentabilidade, tendo em
vista a mitigação dos efeitos das alterações climáticas e o combate à
desertificação.
• Até 2020, catalogar/sistematizar, disseminar e incentivar as práticas de
maneio sustentável na agricultura, pecuária, aquacultura, mineração, florestas
e fauna bravia.
• Até 2030, criar e integrar nas contas nacionais um mecanismo de pagamento
por bens e serviços ambientais para promover a utilização equitativa e
sustentável da diversidade biológica.
• Até́ 2020, implementar a legislação nacional sobre o acesso e a partilha dos
benefícios resultantes do uso da biodiversidade e dos recursos genéticos .

4.6.2 Metas do Programa Nacional de Florestas



4.6.2.1 Principais metas do programa
As metas do programa nacional de florestas são agrupados em 04 grandes grupos:
(i) metas quantitativas ; (ii) produtos prioritários, (iii) arranjos institucionais e
mecanismos financeiros.

1. Metas quatitativas do Programa Nacional de Florestas

Qtde Indicadores quantitativos de resultados Fonte
prioritários
3.000 comités de gestão local legalizados
16 Unidades de Maneio sob gestão comunitária
criadas
4 Unidades de Maneio Florestal (UMF's) Mozfip
estabelecidas até 2022
50 Unidades de Maneio Florestal estabelecidas
e operacionais até 2035
17 milhões de hectares de floresta nativa Inventário nacional
permanente de produção
2 milhões de hectares zoneados para Estrat. Reflorestamento
plantações florestais
5 Entrepostos comerciais (
lenha/carvão/madeira/ PFNM)
3 Parques industriais
5 Áreas piloto comunitárias de plantações
para energia
50 viveiros apoiados ( distritos mais vulneráveis
ao desmatamneto)
60.000 hectares de sistemas agro-florestais Estrat. Reflorestamento
implementados
3.000 hectares estabelecidos para sequestro de REDD

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carbono
13.500 hectares de dunas estabilizadas
20 % de cobertura florestal mínima /distrito
2000 hectares de mangais reabilitados Estrat. Reflorestamento
25% consumo industrial máximo permitido de Estrat. Reflorestamento
combustiveis lenhosos provenientes de
floresta nativa
1%/ano redução de consumo urbano de Energia
combustiveis lenhoso até 2020
2% /ano reducao de consumo urbano de Energia
combustiveis lenhosos até 2020-2035
1 milhão de hectares plantados Estrat. Reflorestamento
1 milhão de hectares restaurados AFRIM100

2. Produtos prioritários

Produtos prioritários Fonte
Código florestal aprovado
Banco de dados das comunidades
Sistema de informação florestal operacional
Fiscalização comunitária em implementação
Fiscalização florestal com rastreamento dos produtos
75% da madeira rastreada até 2035
Acordo-tipo de parcerias estado-privado–comunidades aprovado
Modelo de canalização de benefícios aprovado
Mecanismo de actualização de taxas melhorado
Mecanismo de pagamento por bens e serviços ambientais Estrat.
incorporado nas contas nacionais conservação
Metodologia de inventário nacional integrado aprovada
Mapeamento e cadastro de PFNM.
Padrões nacionais aprovados e certificação de produtos florestais
Selo de origem e certificação de carvão vegetal até 2035
Reservas florestais avaliadas e integradas
na Rede de Áreas de Conservação
Sistema de monitoria multisectorial aprovado ( conservação/
florestas/ clima)
Plano Nacional de investigação florestal aprovado
Rede de monitoria florestal permanente estabelecida e
monitorada

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3. Arranjos institucionais e mecanismos financeiros

ARRANJOS INSTITUCIONAIS FONTE
Instituto florestal aprovado e operacional a todos níveis
Forum de consulta de florestas institucionalizado
Rede de extensão florestal criada
Unidade Multisectorial de Energia da Biomassa criada
Unidades de Maneio Florestal definidas, delineadas e operacionais;
Participação nos comités de gestão de bacias hidrográficas Política de Águas
Comissão multisectorial de monitoria e implementação do PNF


MECANISMOS FINANCEIROS
Fundo de desenvolvimento comunitário institucionalizado
Fundo de desenvolvimento florestal criado e operacional
Mecanismo de subvenções florestais aprovado e em implementação

CAPITULO V. Implementação, monitoria, avaliação e relatório do programa


nacional de florestas
A implementação do programa nacional de florestas considera:

1) ciclos quinquenais de avaliação de desempenho;


2) implementação multisectorial coordenada através de orgão de coordenação
a ser criado;
3) monitoria conjunta do regime internacional de florestas, biodiversidade e
clima.

O programa nacional de florestas 2019-2035 será implementado considerando 3


ciclos: ( 1) curto prazo de 2019 a 2024; (ii) médio prazo ( 2025-2030) e longo prazo (
2030-2035); O anexo 2 apresenta a matriz de acções de implementação e o anexo 4
apresenta a calendarização das actividades para o primeiro ciclo de
implementação.

A natureza multiabrangente do programa requer a institucionalização do mecanismo


coordenador de implementação do programa nacional de florestas na actual

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Direcção Nacional de Florestas e seus ramos provinciais integrando representantes
dos seguintes Ministérios : MIREME, MASA, Industria e comércio, Economia e Finanças,
para além do MITADER que representa a instuição chave que engloba as principais
áreas relacionadas com as florestas: terras e ordenamento territorial, meio ambiente e
desenvolvimento rural. As instituições relacionadas com a conservação (ANAC), com
a fiscalização (AQUA), com desastres naturais (INGC), com redução do
desmatamento e degradacao (UT-REDD), com financiamento do desenvolvimento
(FNDS),

A monitoria multisectorial do desempenho do programa integrada em ciclos


quinquenais ( 2024, 2030, 2035 ) permite incorporar as ações nos planos quinquenais
do governo e planos anuais de operação, bem como efectuar avaliações e ajustes
periódicos das acções, orçamentos e prioridades do sector. É importante que a
monitoria do programa seja efectuada por equipe multisectorial combinando
esforços para reportar às convenções e organismos internacionais (FRA/FAO- forest
resources assessment) e evitando duplicação de estatísticas, recursos e esforços.

5.1 Riscos
Os principais riscos envolvidos na implementação do programa nacional de florestas
são:

ü Dificuldades na captação, mobilização dos fundos de implementação;


ü Dificuldades de integração de sinergias multisectoriais (
MITADER/MASA/MIREME) para implementação deste programa, tornando o
presente trabalho em mais um dos multiplos planos estratégicos existentes;
ü Dificuldades de captação de compromisso político para a implementação
coordenada de um plano de acção de desenvolvimento para o sector;
ü Resistência a mudanças e reformas;

Para mitigar os riscos acima apresentados, o sector florestal deve buscar apoio junto
das instituições nacionais e parceiros internacionais, bem como do público em geral,
adepto do maneio florestal sustentavel para um desenvolvimento sócio-económico
integrado, inclusivo e sustentável.

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REFERÊNCIAS

Documentos de apoio:

TEMAS DA AGENDA FLORESTAL/PNF

1. Bila, A. (2018). Cadeia de valor da madeira derivada de plantações florestais. Apoio à formulação da
Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. compilado por CEAGRE. MITADER/
DINAF/FAO/BM. 27 pag.

2. Cristiano, A., Chicue, J., Bila, A, Pereira, C; Pechisso, D., Issufo, A., Vicente, P., e Pambezi, P. (2018). Draft
não finalizado. Anteprojecto da política florestal e estratégia de implementação. MITADER. 64 pag.

3. Egas, A e Falcão M. P. (2018). Cadeia de valor da madeira de floresta nativa. diagnostico da situação
actual. Apoio à formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas.
compilado por CEAGRE. MITADER/ DINAF/FAO/BM. 36 pag.

4. Guedes, B e Sitoe, A. (2018). Diagnóstico da componente de investigação florestal. Apoio à


formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. compilado por
CEAGRE. MITADER/ DINAF/FAO/BM. 27 pag.

5.Greenlight. (2018). Cadeia de Valor e mercado de combustíveis lenhosos em Moçambique. Apoio à


formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. MITADER/
DINAF/FAO/BM. 92 pag.

6. Pereira, C. (2018a). Maneio comunitário dos Recursos florestais . Apoio à formulação da Agenda
Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. WWF & MITADER/ DINAF/FAO/BM. 40 pag.

7. Pereira, C. (2018b). Produtos florestais não madeireiros. Apoio à formulação da Agenda Estratégica
2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. WWF & MITADER/ DINAF/FAO/BM. 58 pag.

8. Pereira, C. & Muino, T. (2018). Governação florestal: o elo mais fraco. Apoio à formulação da Agenda
Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. MITADER/ DINAF/FAO/BM.

9. Cristiano, A., Chicue, J., Bila, A, Pereira, C; Pechisso, D., Issufo, A., Vicente, P., e Pambezi, P. (2018).
Metodologia de elaboração da política florestal – documento de apoio da equipe de redação. Draft
não finalizado. Apoio à formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas.
MITADER/ DINAF/FAO/BM. 18 pag.

10. Ribeiro, N. & Matediane, J. (2019). Mudanças climáticas, conservação florestal e serviços ambientais.
Apoio à formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. IUCN.
MITADER/DINAF/FAO/BM. 37 pag.

11. Rosta, M. (2018). Diagnóstico da Componente de ensino, treinamento e capacitação florestal. Apoio
à formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. MITADER/
DINAF/FAO/BM. 27 pag.


ESTUDOS DA AGENDA FLORESTAL e PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS

Falcão, M.P. (2018). Balanço entre a Oferta e Procura de Produtos Florestais em Moçambique no período
2028 -2035. Apoio à formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. 47
pg.

Mabilana, A. H.(2019). Conversão de áreas florestais: tendências e projecções para 2035. Apoio à
formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. 47 pg.

Programa Nacional de Florestas – Moçambique 68



AGENDA FLORESTAL 2035 e Prograna Nacional de Florestas
MITADER - Julho 2019
Versão após harmonização multisectorial


Agripro Ambiente.(2019). Ordenamento territorial e valorização de perdas e benefícios. Apoio à
formulação da Agenda Estratégica 2018-2035 e Programa Nacional de Florestas. 47 pg.

Bibliografia consultada

DI Matteo, F. & Schonevel, G. C. (2016). Agricultural invenstments in Mozambique. An analysis of


investments trends, business models and social and environemental conduct. Working paper 201. Bogor.
Indonésia. CIFOR.

Egas, A.F. et al. (2013). Assessment of harvested volume and illegal logging in Mozambican natural forests.
Faculty of Agronomy and Forest Engineering, Eduardo Mondlane University, Maputo, Mozambique.

FAO. (2012). Strengthening Effective Forest Governance Monitoring Practice, by A.J.van Bodegom,
S.Wigboldus, A.G.Blundell, E.Harwell and H.Savenije. Forestry Policy and Institutions Working Paper No. 29.
Rome.

GDS/ MZB (2016) Study design report – product selection and background – volume 1.

GoM. (2001) . Malawi’s National Forestry Programme. Priorities for improving forestry and livelihoods.
Government of Malawi ( GoM). Forestry Department.

GoTanzania.(2001). National Forest Programme of Tanzania. 2001-2010. Ministry of Natural Resources and
Tourism. Forestry and beekeeping division.

Glover, S., Salvucci, V. & Jones, S. ( 2016). Where is comercial farming expanding in Mozambique?
Evidence from agricultural surveys. Wider working paper. 21 pp.

Magalhães, T. (2018). Inventário Florestal Nacional. Relatório final. Agosto. MITADER

Mate R., Johhansson, T., Jirjis, R. & Remane, I. (2014) Estimatives of forest residues from selective logging
operations in Mozambique for bioenergy. FAEF/UEM SLU.

Mitader. (2018). Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial . Relatório R.I/03. Cenários, visão e eixos
estratégicos de desenvolvimento territorial. Proposta preliminar.

MuGeDe. (2018). A participação e o papel da mulher rural na gestão do MCRN. Apresentação no


seminário regional de MCRN. MMMR.

Shumba, E.M. (2012). Assessment of National Forest Programme Processes and Plans in Southern Africa.
African Forest Forum, Working Paper Series, Vol. 1(19), 18 pp.

Programa Nacional de Florestas – Moçambique 69



ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 1

ANEXO 1 – DESAFIOS DA AGENDA 2019-2035



1.1 Desafio para além do sector: integrar as florestas nos planos de


desenvolvimento do país com foco nos distritos vulneráveis ao desmatamento

A herança do passado
As florestas moçambicanas são propriedade e domínio público do Estado, competindo a
este definir as condições de acesso e uso deste património. A gestão das florestas
moçambicanas está directamente relacionada com a gestão do território e
desenvolvimento rural pelo seu papel no conjunto de bens e serviços essenciais para
sobrevivência das famílias rurais. A característica multi-funcional da floresta e o seu
papel transversal na mitigação das mudanças climática confere-lhe também uma
importância adicional na componente do meio ambiente terrestre e marinho.
Factores decorrentes do posicionamento geográfico, topografia, clima, e sobretudo na
partilha de recursos hídricos, corredores de biodiversidade e de pessoas e mercadorias
com os países vizinhos da SADC requerem a elaboração de estratégias e coordenação de
acções para além dos limites fronteiriços;
O sub-sector florestal evoluiu do binómio florestas/fauna bravia para florestas/terra
sob tutela do sector de Agricultura. Em 2016, a gestão das florestas perde o subsector de
terras e passa a administrar apenas as florestas naturais (à excepção dos mangais sob
tutela dos ministério do Mar e águas interiores) sob tutela do Ministério de Terras,
Ambiente e Desenvolvimento Rural. A globalização da economia, comércio, movimentos
de bens e pessoas, partilha e competição pelos recursos requerem mecanismos de
coordenação multissectorial, que em Moçambique foram atendidos no passado pelo
Ministério de Coordenação Ambiental.

A administração do sector florestal tem sempre sido fragmentada e dispersa por várias
instituições dificultando a integração da política florestal nos demais sectores do país, o
que dificulta a implementação de uma abordagem integrada de desenvolvimento das
cadeias de valor e de gestão do território, recursos e pessoas.

Árvores de problemas e análise FOFA



A fragmentação gera dificuldade de ligação entre sectores e dispersa as capacidades
existentes . Os principais problemas de fraca coordenação e ligação inter e intra
institucional são:
- incoerências legais (desmatamento em baixas de rios, desmatamento não
licenciado, área mínima de polígono florestal no DUAT não estabelecido,
fomento de cultivos de rendimento em áreas de conservação sem planos de
maneio e gestão, entre outros).
- dificuldades de estabelecer a ligação entre provederes de serviços ambientais e
benefícios e consequentemente os pagamentos pos serviços ecossistémicos;
- Fraca coordenação entre Ministérios chaves para o sector florestal (energia
/florestas; agricultura/florestas e ambiente/florestas) resultando em vazios
institucionais ou falta de clareza de mandatos;
- Repetição de actividades, mandatos e poucas sinergias entre ministérios,

- dificuldades de orçamento e financiamento do desenvolvimento do sector, gera
perda de tempo e recursos na preparação de estratégias, políticas, decretos que
não são depois implementados;


ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 2

Tabela 1 – Análise fofa da fragmentação e dispersão do sector florestal

§ temas emergentes ( clima, § florestas não incluídas nos planos


biodiversidade, água) são transversais; de desenvolvimento.
Fortalezas

§ inadequada ligação entre sectores.

Fraquezas
§ tendência de “projectização”de
plataformas e redes de diálogo;
§ tempo e recursos despendidos em
estratégias, planos e leis que não
são implementados;
§ Ligação de florestas com temas § Ocupação crescente desregrada do
Oportunidades

emergentes; território e aumento da população;

Ameaças
§ corredores integrados de § fraca governação florestal a nível
desenvolvimento local;
§ polos industriais § falta de capitalização de offsets para
desenvolvimento florestal



ü Os temas emergentes e transversais ü Perdas e ganhos não


constituem um potencial para a contabilizados e
conservação e uso sustentável das vulnerabilidades desvalorização da floresta.
Potencialidades

florestas e recursos hídricos nos ü poucos recursos financeiros


corredores de desenvolvimento e mobilizados para o sector;
projectos regionais de bacias ü dificuldade de suprir procura
hidrográficas. de produtos florestais no
futuro.



Objectivo Estratégico do desafio : Reduzir incoerências intra e
intersectoriais e favorecer redes de dialogo e coordenação para mobilização
de fundos, criação de sinergias e redução de desmatamento;

1.2 Desafio urgente: regular e adicionar valor ao negócio da madeira de floresta


nativa
A industria florestal moçambicana é caracterizado por ser sobretudo pequenas -medias
empresas, estimando-se a existência de cerca de 200 unidades de processamento da
madeira no país. Só em 2016 que o país proibiu a exportação de toros (de todas as
espécies) favorecendo assim a agregação de valor a nível nacional .Esta medida
permitiu uma maior arrecadação de receitas mas a transformação primária é ainda
muito incipiente sendo apenas a transformação dos toros em vigas/barrotes quadrados.
O sector é caracterizado pela proliferação de operadores, sobre-exploração do recurso e
incumprimento da lei. O quadro legal está desactualizado, incompleto e não favorece o
desenvolvimento planificado, previsível e harmonioso do negócio. É neste contexto que
se coloca o desafio urgente de transformação do sector.

A herança do passado
As florestas naturais em Moçambique são um bem comum de domínio publico; A
abordagem da sua utilização é fortemente influenciada pelo regime de exploração
regulamentado no passado colonial que pressupunha 3 abordagens de exploração (
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 3

IIED, 2017): (1) florestas que não podiam ser concedidas ou exploradas; (2) florestas
concedidas exclusivamente para a exploração florestal (3) que podiam ser alienadas. O
sistema de licenciamento de exploração dos produtos florestais era usado em 4
modelos: (1) licenças de exploração de prazo e quantidade limitadas; (2) licenças para
consumo próprio; (3) licenças para venda; e (4) licença de derruba para fins agrícolas;

Após a independência e abandono da industria florestal pelos proprietários, no final dos
anos 80, o Estado moçambicano agregou todas as industrias abandonadas e
nacionalizadas sob uma única empresa estatal de âmbito nacional ( Madeiras de
Moçambique – MADEMO) com delegações nas províncias e com o monopólio de
exploração, transformação e comercialização dos recursos florestais, operando em
regime de licença simples; As poucas industrias nacionais seguiram o mesmo modelo e o
sistema de concessão é introduzido após as reformas económicas de país ( meados dos
anos 80) seguido da privatização das actividades económicas e da redução das acções
do Estado (Sitoe et al., 2012) . Em 1997 é aprovada a política de florestas e fauna bravia
que estabelece o objectivo de transformação gradual da exploração florestal em regime
de licença simples para regime de concessão como a forma mais adequada de gestão dos
recursos por parte de terceiros. Em 1998 é aprovada a primeira concessão em Cabo
Delgado. A lei de floresta estabelece o regime de licenciamento e a população foi isenta
de licença de exploração de produtos florestais para consumo próprio e de derruba,
passando a vigorar apenas o licenciamento em caso de exploração florestal para fins
comerciais. Os ciclista transportadores de carvão souberam aproveitar esta brecha e o
trânsito de pequenas quantidade de produtos florestais sem licenciamento e registo
passou a ser comum.

Em 2001 haviam 33 concessões, abrangendo uma área total de 683.980 ha e 353
operadores de licença simples numa proporção de 10 operadores em licença simples
para cada concessionário. Em 2007 havia 137 concessões no país abrangendo uma área
total de 5.225.000 hectares e 637 operadores florestais de licença simples. Em 2013,
foram licenciadas 211 concessões abrangendo uma área total de 8.613.891 hectares e
licenciados 497 operadores de licença simples. Em 2017, foram registados 624
operadores de licença simples e 193 concessionários, obtendo-se um ratio de 3,2
operadores de licença simples por concessionário licenciado.

Tabela 2 - Evolução do Nr. de operadores florestais ( 2002-2017)

ANO 2002 2005 2009 2013 2017


Nr operadores licença simples 403 461 479 497 624
Concessões 53 111 167 211 193
Total de operadores 456 572 646 708 817
LICENCIAMENTO
Toros licenciados ( m3) 130.290 102.627 112.584 212.711 255.492
nr sacos carvão licenciados 1.051.970 515.667 1.345.007 530.173 474.607
Lenha ( mst) 63.625 38.149 37.326 22.467 37.605
EXPORTAÇÃO
Toros exportados ( m3) 64.965 58.659 21.264 54.296 87.579
Madeira serrada exportada (
m3) 4.902 11.417 92.914 226.500 661.756
Travessas ( m2) - 836 688 1.062 148
Parquet ( m2) 1.790 2.132 511 56 6.678
Folheados ( m2) - - 129 81 26
Fonte: Relatórios anuais DNFFB, DNTF e DINAF

ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 4

A maioria dos desmandos do sector são facilitados pela licença simples, que permite
grande rotatividade de operadores e áreas , dificultando a fiscalização.

Árvore de problemas e análise FOFA



Os problemas da cadeia de valor da madeira são inúmeros, sendo actualmente
dominada pelo abate ilegal, sobre-exploração, excesso e diversificação de operadores
(licenças simples e concessões) em competição pelo mesmos recursos, num ambiente
desregrado, de fraca fiscalização e proliferação de corrupção e influências. Os
participantes do seminários de formulação da Agenda identificaram os seguintes
problemas, que foram agrupados em causas e efeitos cujo impactos no sector
consistem em:

ü sobre-exploração do recurso florestal;
ü Ilegalidade e incumprimento de leis e normas;
ü custos elevados;
ü Injustiças sociais e de direitos humanos;

Tabela 3 -Principais problemas das etapas de exploração e processamento na
cadeia de valor da madeira proveniente de floresta nativa

Causas Problemas principais Efeitos Impactos


EXPLORAÇÃO FLORESTAL E PROCESSAMENTO DE MADEIRA
§ Interferência política na Operadores sem reunir Desinteresse em
alocação das licenças; os requisitos implementar Sobre-exploração;
§ Sistema de licenciamento pouco necessários; exploração
eficiente e sujeito a fraudes; sustentável; Ilegalidades e
§ sistema de concessões pouco incumprimento de
eficiente; Concorrência desleal normas;
§ falta de clareza do perfil do com madeira
operador explorada de forma Custos elevados
§ Fraca fiscalização ilegal
§ Uso indevido do conceito Fraca fiscalização Injustiça e direitos
“produto em instância” florestal Sector privado não humanos
§ falta de padrões de vistoria investe para
§ Trabalhadores sem contracto; Condições de trabalho melhorar a gestão.
§ Salários abaixo do salário precárias
mínimo; Desincentivo ao
§ Falta de equipamento de processamento;
protecção
§ Falta de serviços adequados de Fraca capacidade Predominância de
assistência técnica; técnica para barrotes e vigas;
§ Falta de capacitação para implementar os planos
atualização do operadores de e operar os Acidentes de
máquinas equipamentos dentro trabalho
dos padrões mínimos;
Deficiente manutenção Fraco desempenho e
das maquinas e serras resultados;
• Governo não comparticipa nos Equipamento obsoleto,
custos de operação da industria; velho, avariado na Baixo nível de
§ Taxas de juros elevadas e maioria das serrações aproveitamento da
dificuldade de acesso a crédito indústria ( varia de
§ Altos custos de aquisição de 20-90%)
peças;
§ falta de investimento em Baixo nível de uso de
reabilitação do parquet resíduos;
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 5

industrial;
• Falta de associativismo, parcerias Falta de economia de Fraca gestão dos
e cooperação; escala para exportação; 20% destinados às
• Localização incorreta da comunidades.
industria, aumenta custos de Custos elevados
matéria prima Fracasso das
• longas distâncias de transporte iniciativas de
em vias de acesso em mau estado plantação/
• Apoio as comunidades como uma Quadro legal pouco enriquecimento da
exigência obrigatória; claro e incerteza no floresta nas áreas de
• Falta de clareza sobre os 15% de funcionamento do concessão
reflorestamento; sector
.Fonte: Adaptado do workshop do PNF.

Em relação à secagem de madeira, produção de folheados, carpintarias, produção de
móveis e madeira perfiladas, comercialização e mercados foram identificados os
seguintes problemas:

Tabela 4 -Principais problemas das etapas de secagem, processamento


secundário e produtos acabados da cadeia de valor da madeira de floresta nativa

Causas Problemas principais Efeitos


SECAGEM DE MADEIRA
• Falta de fontes de Falta de programa de Madeira de baixa
financiamento para secagem de muitas qualidade, rachas;
estabelecimento de espécies nativas Perda de competitividade;
unidades de secagem de Concentração em produção
madeira; de vigas.
PRESERVAÇÃO DA MADEIRA
Altos custos envolvidos na
Concentração de
preservação da madeira e
exploração em espécies
aplicado apenas a resistentes e pouco de uso
travessas de messassa de vigas de madeira nativa
para estrutura na
construção civil

PRODUÇÃO DE FOLHEADOS DECORATIVOS
• Escassez de pessoal Complexidade tecnológica Dificuldades de colocação
treinado no uso e e exigência de matéria de produtos no mercado
manutenção de prima de qualidade nacional e internacional
equipamento;
• Altos custos de aquisição Poucas unidades de Importação de folhados
de peças e não existem produção de folheados (
fornecedores de peças apenas 1 fabrica em
para criar economia de Manica)
escala
CARPINTARIAS, PRODUÇÃO DE MÓVEIS E MADEIRA PERFILADA
• Escassez de pessoal Equipamento obsoleto e Baixos níveis de
capacitado no uso e avariado rendimento volumétrico;
manutenção de Baixo aproveitamento de
equipamento resíduos;
COMERCIALIZAÇÃO E MERCADOS
• Baixo nível de inovação em Peças com modelos competitividade reduzida
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 6

design antigos e não adequados à com a mobília importada


nova geração
• Falta de conhecimento Produção em série Dificuldade de colocação no
sobre o desenho de dificultada; mercado e de competição
produtos florestais com produtos importados
padronizados
Preferência por consumo
• Falta de de produtos importados ;
priorização/protecção da
industria local no
fornecimento de artigos de
madeira para mercado
doméstico
• Baixa qualidade, maneio e Preferência por mercado Exportação de produtos
legalidade dos produtos pouco exigente em madeireiros concentrada
normas de legalidade e no mercado asiático
maneio;
ARTESANATO DE MADEIRA
• Falta de fundos dos Uso de serra manual e
artesãos para envolvimento em abate
investimento. ilegal.
• Falta de capacitação dos
artesãos em gestão de
negócio e marketing.

.Fonte: Adaptado do workshop do PNF.



A análise dos pontos fortes e fracos da industria madeireira revela que apesar da
existência de alguma experiência de agregação de valor, são inúmeras as fraquezas do
sector, sobretudo relativas a:
ü fraca capacitação e treinamento formal.
ü baixo rendimento volumétrico na transformação com grande geração de
desperdícios e consequentemente com elevadas emissões ao longo da cadeia;
ü Maquinaria obsoleta e consequentemente o processamento se reduz ao mínimo
possível e dificuldades de obter produtos com qualidade e padrão internacional;

Tabela 5 - Pontos fortes e fracos da industria madeireira de floresta nativa em


Moçambique

FOFA Pontos FORTES Pontos FRACOS


Fraca capacidade de fiscalização da exploração
florestal; Fraca capacidade técnica dos gestores da
Os operadores florestais têm capacidade exploração florestal para a implementação dos
em termos de equipamento para a planos de maneio; Fraca capacidade técnica dos
exploração florestal; Existência de parque operadores de equipamentos para a exploração
industrial aceitável nas principais regiões, dentro de padrões técnicos mínimos; Desinteresse
exploração
ainda que obsoleto de forma geral; dos operadores florestais para implementar a
florestal
Existência de operadores experiente e exploração florestal com base em planos de
comprometidos com a produção de exploração; Baixo nível de aproveitamento da
madeira serrada, ainda que em número matéria-prima para a indústria; Baixo nível de uso
reduzido de resíduos da exploração florestal; Falta de
serviços adequados de assistência técnica o
equipamento próximo das áreas de exploração
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 7

Equipamento obsoleto ou avariado em grande


parte das serrações; Grande parte dos operadores
de máquinas não tem formação formal; Falta de
capacitação de atualização dos operadores das
máquinas; Manutenção deficiente das serras:
grande parte do pessoal de manutenção das serras
não tem formação formal; Falta de capacitação na
produção
manutenção das serras; Altos custos de aquisição de
de Disponibilidade de pessoal treinado a
peças: não existe fornecedores específicos de peças
madeira alto nível para assistência técnica
para criar economia de escala; Baixos níveis de
serrada
rendimento volumétrico;
Baixo aproveitamento dos resíduos;
Localização incorrecta da indústria que leva ao
aumento do custo da matéria-prima;
Falta de capacitação de actualização dos operadores
das máquinas; e
Falta de economia de escala para a exportação.
Produção
Existência de experiência de produção de
de
folheados
folheados
Falta de programas de secagem de muitas espécies
Secagem Disponibilidade de pessoal treinado a alto
nativas; Falta de fontes de financiamento para o
de nível para assistência técnica; Existência
estabelecimento de unidades de secagem de
Madeira de experiência na secagem da madeira;
madeira.
Disponibilidade de pessoal treinado a
Preservaçã
alto nível para dar assistência técnica;
o da Escassez de operadores com treinamento formal;
Existência de experiência na preservação
madeira
de madeira
Existências de parque industrial aceitável
nas principais regiões com potencial
Grande parte de equipamento obsoleto ou
florestal, ainda que seja obsoleto e
avariado; Escassez de pessoal com capacitação
Proc. insuficiente; Existência de operadores
formal no uso e manutenção do equipamento;
secundári experiente e comprometidos no
Baixos níveis de rendimento volumétrico; Baixo
o processamento secundário, ainda que em
aproveitamento dos resíduos; Baixo nível de
número reduzido; Disponibilidade de
inovação em design.
pessoal treinado a alto nível para
assistência técnica
Falta de fundos dos artesãos para investimento;
Existência de tradição e artesão
Artesanato Falta de capacitação dos artesãos em gestão de
experientes
negócio e marketing.
.Fonte: Participantes do Workshop do PNF.


A industria da madeira de floresta nativa apresenta as seguintes oportunidades e
ameaças:

Tabela 6 - Oportunidades e Ameaças à industria madeireira de espécies nativas
em Moçambique

FOFA OPORTUNIDADES AMEAÇAS


Existência de recursos florestais valiosos; Exploração ilegal; Altos níveis de
Crescente procura de madeira legal no procura de toros no mercado
mercado ocidental; Prioridade Chinês, independentemente da
Exploração
internacional da preservação ambiental sua legalidade; Persistência da
florestal
particularmente mitigação das crise económica internacional
mudanças climáticas; Acordo com redução dos preços da
internacionais ratificados por matéria prima e aumento dos
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 8

Moçambique sobre ambiente, custos de produção ;


governação e aspectos sociais; Governo
da China preocupado com a gestão
florestal sustentável em Moçambique;
Vontade política para a exploração
florestal sustentável
Desinteresse do mercado chinês
por madeira serrada de
Moçambique; Persistência da
crise económica internacional
Produção de Banimento da exportação de madeira
com redução dos preços da
madeira em toro; Abertura do governo para o
madeira; Concorrência desleal da
serrada desenvolvimento da indústria nacional
madeira de serrações com a da
serragem manual; Concorrência
desleal com madeira de
operadores ilegais;
Existência de mercado (doméstico e Dificuldades de acesso ao
Produção de externo); Abertura do governo para o mercado internacional; Crise
folheados desenvolvimento da indústria de económica internacional com
produtos de maior valor agregados redução dos preços da madeira;
Surgimento de mercado de madeira seca
para o processamento secundário da Disponibilidade de produtos de
Secagem de
madeira; Abertura do governo para o madeira importados a baixos
Madeira
desenvolvimento da indústria de preços;
produtos acabados;
Disponibilidade de produtos de
Preservação Existência de mercado (doméstico e
madeira preservada a baixos
da madeira externo) para travessas e postes tratados
preços no mercado internacional;
Disponibilidade de produtos
Existência de um grande mercado acabados de madeira importados
doméstico; Banimento da exportação de a baixos preços; Dificuldades de
Proc.
madeira em toro; Abertura do governo acesso ao mercado internacional;
secundário
para o desenvolvimento da indústria de Desinteresse do mercado chinês
produtos de maior valor agregados por produtos acabados de
Moçambique
Disponibilidade de matéria-prima de
qualidade; Existência de mercado
Artesanato doméstico e externo; tendência crescente
de mercado justo e valorização de
produtos artesanais;
.Fonte: Participantes do workshop do PNF.


Potencialidades

Quando conjugados os pontos fortes do sector com as oportunidades externas obtemos
a potencialidade de desenvolvimento da cadeia de valor da madeira derivadas das
florestas nativas moçambicanas:

I. A crescente atenção internacional sobre o papel das florestas na mitigação
das mudanças climáticas e no combate ao corte ilegal permite mobilizar
fundos e catalizar acções reformadoras que vão de encontro aos anseios dos
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 9

operadores florestais e técnicos comprometidos com a sustentabilidade do


recurso.

II. Quando conjugada a existência de capacidades técnicas nacionais e o
compromisso do governo em desenvolver a industria florestal de produtos
de maior valor agregado, constitui uma oportunidade para reduzir
desperdícios e aumentar eficiência, valorizar os produtos nobres da floresta
nativa e melhorar o desempenho do sector e aumentando a contribuição deste
no PIB.

Vulnerabilidades:

As vulnerabilidades representam a conjugação dos aspectos fracos internos da cadeia de
valor com as ameaças externas. São elas:

I. A falta de fiscalização florestal e de uso de tecnologias avançadas e
eficientes quando conjugada com um mercado crescente e ávido de
produtos pouco preocupado com a sua legalidade constitui um incentivo
crescente à exploração ilegal, representando perdas para o Estado,
comunidades, operadores e esgotamento do património.

II. Dificuldades de acesso a mercados exigentes: a falta de padronização,
qualidade, desenho da industria nacional e de habilidades de comercialização
poderá favorecer a falta de interesse do mercado chinês em relação à madeira
processada a nível nacional, sendo necessário procurar mercados alternativos e
sobretudo preparar o empresariado nacional para cumprir com os requisitos de
legalidade por eles exigidos (FLEGT, certificação);

Considerando as necessidade de garantir o abastecimento sustentável à industria
florestal foi definido o seguinte objectivo estratégico do tema:

Objectivo Estratégico do tema: Transformar os
operadores florestais em gestores comprometidos com a
sustentabilidade do recurso e impacto sócio-ambiental da
actividade

1.3 Desafio urgente: garantir acesso à terra e estabelecer o compromisso de


fomento de plantações florestais

A herança do passado
Plantações no país datam do século XIX com o plantio de árvores na então Lourenço
Marques, predominantemente com espécies do género Eucalyptus, com o objectivo de
secar os pântanos existentes na parte baixa da cidade. As plantações para efeitos de
protecção efectuadas pelo Estado datam do inicio do século XX, com o objectivo de
conter as dunas de areia na foz do rio Limpopo em Gaza através do plantio de Casuarina
equisetifolia, bem como a fixação de dunas junto aos faróis, na ilha da Inhaca, Barra
Falsa, Ponta Caldeira, Bazaruto, Ponta do Ouro, Cabo da Boa Paz, Barra de Inhambane
(Tofo) e Závora.
Ainda nesta época, foram estabelecidas plantações na Namaacha, Marracuene, Matola,
Mocuba e Ribáue onde foram introduzidas mais de duzentas espécies florestais exóticas
com o objectivo de testar espécies e proveniências mais adequadas ao país. Os testes
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 10

foram efectuados maioritariamente com espécies dos géneros Eucalyptus e Pinus. Em


1932, foram introduzidas em Marracuene e na Matola a espécie Tectona grandis
proveniente de Timor e em Anchilo/Nampula a Sterculia foetida e a Terminalia cattapa.
Foi ainda testada em Marracuene a espécie Pterocarpus tinctorus proveniente de Angola.
Após várias discussões contra a introdução massiva de espécies exóticas no país,
alegando-se fraca qualidade das madeiras destas, na década de 50 estabeleceram-se
ensaios de espécies nativas como o Pterocarpus angolensis (umbila), Afzelia quanzensis
(chanfuta), Millettia stuhlmannii (jambirre), Androstachys johnsonii (mecrusse), Milicia
excelsa (tule), Khaya nyasica (umbaua) entre outras, que infelizmente não surtiram os
resultados desejados, pelo facto de serem espécies de lento crescimento e haverem sido
testadas em sítio fora do seu potencial de crescimento.
Até à data da independência (1975) haviam sido estabelecidas cerca de 20.000 ha de
plantações florestais com espécies exóticas, maioritariamente de Eucalyptus saligna,
Eucalyptus grandis, Pinus patula e Casuarina equisetifolia. A maior parte destas
plantações estavam concentradas em Penhalonga, Rotanda e Sussudenga na província
de Manica; Lichinga em Niassa; Alto-Molócue e Gurué na Zambézia; Angónia em Tete;
Namaacha, Salamanga, Marracuene e Matola em Maputo; Barra do Limpopo e Bilene em
Gaza; e Nhalue em Inhambane.
O período pós-independência nacional foi marcado pelo envolvimento directo do Estado, no
desenvolvimento de plantações com espécies florestais de rápido crescimento para o
abastecimento de lenha e carvão às populações dos três maiores centros urbanos, Maputo,
Beira e Nampula e seus arredores, visando reduzir a pressão que já se começava a sentir
sobre a floresta nativa ao redor dos grandes centros urbanos. Nesta época, se assumia que o
Estado era o promotor desta actividade de longo prazo necessária para criar o património e
uma industria florestal próspera. Foram criados os Projectos FO-1 em Manica, que mais tarde
deu lugar ao projecto IFLOMA, Projecto FO-2 em Marracuene, província de Maputo, Projecto
FO-4 em Dondo, na Província de Sofala e o Projecto FO-5 na província de Nampula, nos finais
dos anos 80. Estes projectos plantaram milhares de hectares com espécies do género
Eucalyptus (saligna, tereticornis, citriodora, camaldulensis, etc), com o apoio do Programa
MONAP (Programa Nórdico de Apoio a Agricultura em Moçambique) e envolveram todos os
poucos florestais nacionais existentes no país, criando uma postura técnica de plantação.
Por outro lado, deu-se ainda continuidade às plantações de Salamanga com o código FO-19,
às plantações de Lichinga através do Projecto FO-10, à Mata de Namaacha, plantações do
Chókwé e às plantações de eucalipto no Gurúe, que passaram a pertencer à empresa estatal
EMOCHÁ. Também, deu-se ainda continuidade ao reflorestamento com casuarinas para a
fixação das dunas ao longo da faixa costeira, com destaque para Bilene, Barra do Limpopo em
Gaza e Zalala, na província da Zambézia.
Foi neste período que foi criado o primeiro empreendimento de carácter industrial e
comercial em Manica, a partir das antigas plantações de Penhalonga e Rotanda e a
transformação do Projecto FO-1 em IFLOMA E.E ( empresa estatal) continuando e
expandindo para Bandula e Cafumpe o programa de plantações de espécies florestais de
rápido crescimento com espécies do género Pinus (patula, taeda, elliottii) e Eucalyptus
(grandis e saligna).
Esta foi uma época marcada por intensa investigação florestal aplicada, destacando-se os
ensaios de selecção de espécies e proveniências; testes de produção de plântulas nos viveiros
e ensaios de técnicas silviculturais no estabelecimento das plantações e estabelecimento de
áreas de produção de semente na maioria dos Projectos FOs, na Zona Sul, Centro e Norte.
Porém, esta investigação foi pouco documentada, resultando ainda numa lacuna no
conhecimento da silvicultura das espécies exóticas plantadas.
Com a introdução do Programa de Reajuste Económico (PRE) em 1987 os projectos de
reflorestamento foram paralisados devido a problemas financeiros e técnicos qualificados
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 11

para garantir a continuidade e manutenção das plantações já estabelecidas. De notar que a


maioria dos técnicos que trabalhavam em projectos de plantações no país eram estrangeiros
contratados pela FAO ou pela cooperação com os países nórdicos através do projecto
MONAP. Neste contexto, iniciou na primeira metade da década 90, o processo de
reestruturação destes projectos que culminou com a privatização de algumas unidades
produtivas como é o caso do Projecto FO-2 e o IFLOMA e as restantes, por falta de
interessados, foram transferidos para a gestão provincial através das Direcções Provinciais
de Agricultura. A maior parte destas plantações foi, de facto, abandonada, perdida devido ao
abate indiscriminado de árvores, as queimadas, prática de agricultura de subsistência e a
transformação em zonas de habitação.
Como resultado deste compromisso do Estado, o país passou de 20.000 ha em 1975 para
cerca de 42.000 ha em 1992, apesar da carência de técnicos, e num clima de insegurança nas
áreas rurais, duplicando a área florestal que o país tinha na altura da proclamação da
independência. Por outro lado, importa referir que estes projectos desempenharam um papel
social muito importante, não só em termos de criação de postos de trabalho para a população
rural, mas fundamentalmente pela organização das comunidades locais em aldeias,
sobretudo ao redor das unidades de processamento, ou das vias de acesso. Com a
restruturação do Estado como um actor mais regulador do que implementador, foram feitos
esforços para atrair o sector privado para investir na área de reflorestamento. As tentativas
iniciais, não surtiram o efeito desejado. A SONAE adjudicatário da IFLOMA retirou-se dois
anos após a recepção da empresa e a SAPPI que em parceria com a SOCIMO constituíram a
sociedade MOSA Florestal, não avançou com o projecto a sul de Salamanga e a MONDI Forest
abandonou o projecto na região de Muanza devido, a várias razões de entre elas as
considerações de carácter ambiental. Com a assinatura dos Acordos de Roma, e como
resultado da intensa campanha de promoção e atracção de investidores estrangeiro, e das
mudanças no Zimbabwe e na África do Sul, registam-se as primeiras iniciativas
encorajadoras do envolvimento de grandes empresas internacionais em projectos privados
de plantações industriais no país, especialmente na região Centro e Norte do país, sendo de
destacar o envolvimento dos consórcios nórdicos, sul africanos e portugueses. O modelo
clássico de plantações comerciais de extensas áreas contínuas é de difícil implementação pelo
crescimento e dispersão populacional, o processo de acesso à terra é complicado, demorado
e custoso, as campanhas de advocacia contra as plantações florestais reflectem na opinião
pública e as empresas reflorestadoras detentoras de capital estrangeiro enfrentam muitas
dificuldades em cumprir o plano de negócio.

Árvore de problemas e análise FOFA



A combinação dos pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades permite identificar as
potencialidades e vulnerabilidades para o desenvolvimento de plantações florestais em
Moçambique.

Tabela 7 – Vulnerabilidades do desenvolvimento de plantações florestais em
Moçambique

Pontos Fracos Ameaças


§ Falta de plano de uso de terra, com a indicação de áreas § Fraca consciência nacional sobre a
potenciais para plantações florestais; conservação e protecção da
biodiversidade, do ambiente e da
§ Quadro legal de difícil aplicação, incompleto, sem clara
natureza em geral;
definição de incentivos sectoriais para plantações
florestais; § Fraco conhecimento sobre o uso racional
e sustentável dos recursos naturais, da
§ Sistema de concessão de DUAT burocrático e
mata nativa e das plantações florestais
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 12

complicado para projectos de plantações florestais; em particular;


§ Reduzida área plantada e praticamente inexistência de § Lobby desfavorável às plantações
indústria florestal baseada em plantações florestais; florestais
§ Fraco desenvolvimento de infra-estruturas sociais e § Queimadas descontroladas;
económicas básicas, em regiões com potencial para
§ Analfabetismo e pobreza absoluta, que
plantações florestais (p.e. estradas, caminhos de ferro,
levam a dependência das comunidades
electricidade, telecomunicações) e elevados custos de
locais a exploração dos recursos naturais,
transacção;
para a sua sobrevivência;
§ Fraca organização e enquadramento institucional de
§ Práticas agrícolas insustentáveis do ponto
plantações florestais;
de vista social, económico e ambiental;
§ Fraca cooperação e associativismo das empresas
§ Problemas sociais e ambientais graves,
reflorestadoras para solução conjunta de problemas;
como o aumento dos índices de pobreza,
§ Baixo perfil e priorização de plantações florestais no do HIV/SIDA e degradação do meio
MASA (prioridade é agricultura e a segurança ambiente
alimentar)

§ Exploração insustentável da floresta nativa para lenha e
carvão para o consumo doméstico e industrial;
§ Queimadas descontroladas anuais em todo o país;
§ Falta de tradição e conhecimentos técnicos para o
plantio e tratamento de plantações florestais e de
árvores de uso múltiplo em geral;
§ Existência de grupos de advocacia e lobby contra
plantações;
§ Falta de conhecimento sobre os reais impactos e o
potencial de plantações florestal em contribuir para o
desenvolvimento social, económico e ambiental do país,
especialmente das zonas rurais;
§ Limitada pesquisa e extensão florestal;

Vulnerabilidades:
Destacam-se as seguintes barreiras ao desenvolvimento e consolidação de plantações florestais no país,
destacando-se as seguintes ( adptado de Bila, 2018)
I. Quadro legal e institucional disperso e incompleto;
II. Plano de uso de terra e zoneamento para plantações florestais inexistente;
III. Acesso a terra complexo, oneroso, demorado e inseguro;
IV. Défict de conhecimento de técnicas de estabelecimento, maneio, protecção e exploração
sustentável de plantações florestais;
V. Desmatamentos, agricultura itinerante e queimadas descontroladas não são penalizadas e se
generalizam;
VI. Exploração ilegal da madeira em toro, lenha, carvão dificulta a rentabilização das plantações e de
outros produtos florestais não madeireiros dificulta rentabilização das plantações.
VII. Parcerias com Comunidades locais e fomento pequenos produtores como alternativa para
geração de rendimento e redução de conflitos de terra;
VIII. Falta de informação do papel das plantações e impactos positivos desta actividade, e o Estado
não assumindo uma atitude pro-activa de incentivo da actividade;
IX. Fraco desenvolvimento das Infra-estruturas encarece o negócio e reduz competitividade.
Fonte: baseado no workshop de plantações – Agenda florestal e PNF


Tabela 8 – Potencialidades para o desenvolvimento de plantações florestais em
Moçambique
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 13

Oportunidades Pontos Fortes


§ Governo estável, comprometido com a criação de um § Existência de grandes áreas pouco
ambiente favorável ao investimento e ao habitadas com potencial para
desenvolvimento económico sustentável do país; plantações florestais;
§ Localização estratégica relativamente aos países Ásia e
§ Clima e solos adequados para
Pacífico (p.e China e Índia), grandes importadores de
espécies florestais de rápido
produtos florestais;
crescimento, especialmente na
§ Desenvolvimento de infra-estruturas de transportes
região centro e norte;
(estradas, portos e caminhos de ferro), comunicações e
energia em franco desenvolvimento; § Existência de áreas degradadas
§ Existência de quadro legal favorável ao investimento que podem ser convertidas em
estrangeiro; plantações florestais comerciais,
§ Potencial para estabelecimento de pólos de industriais, comunitárias, de
desenvolvimento acelerados, ancorados na indústria reabilitação ou protecção
florestal baseada em plantações, moderna, eficiente e ambiental;
competitiva; § Existência de grande mercado de
§ Redução na importação de postes de transmissão, produtos florestais, nacional,
madeira de construção, madeira tratada, papel e seus regional e global, em expansão
derivados e na utilização de espécies e florestas nativas permanente;
na produção de lenha e carvão;
§ Criação massiva de postos de trabalho no campo e § Interesse manifestado por
desenvolvimento de pequenas e médias empresas empresas, nacionais e
nacionais na área de plantações florestais; estrangeiras, em investir em
§ Diversificação da produção e produtos florestais, para plantações florestais, em grande
consumo interno e exportação, e aumento da escala;
contribuição do Sector Agrário no PIB e na balança de
pagamentos;
§ Desenvolvimento de economia verde, mercado de
carbono e captação de fundos internacionais da iniciativa
REDD+;
§ Melhoramento de condições de vida da população, no
campo e nas cidades, através da plantação de árvores de
espécies de uso múltiplo para a produção serviços
ambientais e de bens de auto-consumo e para o mercado.

Potencialidades
I. Aproveitamento de terra ociosa, com condições agro-climáticas para o
desenvolvimento de plantações: O país possui extensas áreas de terra, com baixa
densidade populacional e com condições de clima e solo adequadas para estabelecimento
de plantações florestais, de espécies exóticas e nativas de rápido crescimento na Zona
Norte e Cento.
II. Reabilitação e conversão de áreas degradadas: Em todas as províncias existem áreas
abandonadas, degradadas pela acção humana ou pelos efeitos nefastos da natureza. São os
casos de florestas degradadas pela exploração predatória, agricultura tradicional e
comercial, erosão hídrica e eólica, dunas movediças, mineração, construção de barragens
etc., que podem ser reabilitadas ou convertidas em plantações comerciais de alto
rendimento, plantações de conservação e de outros usos.
III. Suprimento da demanda de produtos florestais madeireiros e não madeireiros: A
procura de produtos florestais tem tendência de crescimento, tanto no mercado interno
como no mercado externo. A demanda de lenha e carvão cresce anualmente com o
aumento da população, enquanto a floresta nativa, ao contrário, mostra caminho inverso,
devido ao desmatamento e exploração desregrada, que se intensificou muito nos últimos
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 14

anos. Por outro lado, aumentou a demanda de produtos florestais de plantações como
postes, papel, madeira prensada, tende a expansão, tanto no mercado interno como
externo. O país oferece vantagens comparativas para investimentos em plantações
florestal, de pequena, média e em grande escala, para a produção sustentável de energia da
biomassa e de produtos florestais modernos, para o mercado interno e exportação.
IV. Créditos de carbono e serviços ambientais: Existe consciência crescente da necessidade
de conservação das florestas naturais, da manutenção e ampliação dos bens e serviços
ambientais que proporcionam a sociedade. Ademais, há o reconhecimento do potencial de
plantações florestais na fixação do Carbono, adaptação e mitigação de mudanças
climáticas. A nível Global, existem vários mecanismos de financiamento climático, que
facilitam e permitem a mobilização de recursos para actividades de conservação assim
como o desenvolvimento de plantações florestais.
V. Desenvolvimento local sustentável: Plantações florestais sustentáveis potenciam
aparecimento e desenvolvimento de pequenas e médias empresas nacionais de
reflorestamento e processamento local de madeira de plantações, bem como unidades
especializadas no reflorestamento energético, reflorestamento de protecção e conservação
do ambiente, melhorar a paisagem e recuperação de áreas degradadas etc. Estes
empreendimentos vão concorrer para a criação infraestruturas sociais e económicas de
desenvolvimento, postos de emprego, diversificação da economia local e melhorar as
condições de vida das comunidades locais.
Fonte: Workshop de plantações – Agenda florestal e PNF

Objectivo estratégico do tema : Estabelecer milhão de
hectares de plantações industriais, plantações de
conservação e de plantações de uso múltiplo,
sustentáveis, através de mecanismos de fomento florestal
e envolvimento de todos actores.

1.4 Desafio antigo: formalizar e regular a cadeia de valor de carvão vegetal e


incentivar o comércio responsável

A herança do passado

África é um continente rico em recursos energéticos mas pobre no abastecimento de


energia, e consequentemente com as menores emissões de CO2 por pessoa, como
reflexo da economia com baixa intensidade de energia e consumos baixos per capita.
Apesar de Moçambique possuir o maior potencial de geração de energia em África,
estimado em 187 gigawatts proveniente do carvão, rios, gás, vento ( excluindo a energia
solar) , a população moçambicana sempre foi dependente da biomassa para suprir as
necessidades de energia doméstica para cozinhar os alimentos, aquecer as casas,
fabricar tijolos, iluminar e afugentar animais, uma vez que o nível de investimento
necessário para abastecer estas necessidades é praticamente nulo. O capital natural
florestal e o fogão de 3 perdas são os dois pilares da energia da população mais pobre
do país.

Devido à relativa economia pequena de Moçambique, o sector residencial é e será


responsável pela maior parte do consumo total de energia em Moçambique, isto é, no
ano 2000 representava 90% e será entre 50-60% do consumo total em 2030 (
Mahumane e Mulder, 2015). Se estima que cerca de 34% da população nacional possua
acesso a energia elétrica, sendo 15% de cobertura da população rural e 57% de
cobertura da população urbana. Moçambique produziu 7.018 GigasWatts em 2016,
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 15

principalmente a partir de hidroelétricas com destaque para a hidroeléctrica de Cahora


Bassa ( em 2015 supria 76% do total de energia e reduziu para 59% em 2016) devido à
produção de energia através de centrais a gás natural e outras alternativas. Apesar desta
produção e de possuir o maior potencial de geração de energia em África, bem como dos
esforços e da meta de atingir uma cobertura de 50% de energia elétrica em 2030 (
equivalente a 175.300 ligações familiares novas/ano) a actual rede de distribuição
numa extensão de 17 580 km abrange 146 das 152 sedes de distrito do país
(Mitader,2018). Assim sendo, o acesso à electricidade em Moçambique é considerado
um dos mais baixos no mundo, especialmente nas áreas rurais onde somente atinge
1,3% das famílias rurais . A comercialização do gás natural iniciou em 2004 com a
exploração do gás de Pande/Temane, sendo que a maioria do gás é exportado para a
África do sul. Apesar das grandes reservas de gás e carvão mineral se prevê que 80-90%
da energia total de produção seja exportada (Mahumane e Mulder, 2015), estimando-se
que Moçambique assuma uma papel crescente na arena internacional da mercado
energético.

São considerados os principais motores do consumo de combustíveis lenhosos ( UNEP,
2018): (i) o crescimento populacional; (ii) a rápida urbanização crescente; (iii) a
pobreza e a falta de crescimento de geração de rendimentos;

Mahumane e Mulder (2015) projectaram diversos cenários de crescimento económico
para a previsão do consumo das diferentes fontes de energia, e consideraram que, se por
um lado o consumo de biomassa decresce devido ao aumento do PIB, a proporção de
consumo de carvão no consumo total de biomassa aumenta devido não só ao aumento
do rendimento económico como também da rápida urbanização. Deste modo, em 2030 a
previsão da contribuição da biomassa no consumo total de energia varia de 62%
(cenário de baixo crescimento económico isto é, 3% taxa de crescimento do PIB) a 44%
( cenário de alto crescimento económico ou seja uma taxa de 5,2% de crescimento do
PIB).

Em qualquer dos casos, mesmo com a previsão do aumento da produção de fontes de
energia no país (electricidade, gás natural, carvão) a predominância da biomassa no mix
energético doméstico irá permanecer considerando os factores de crescimento
económico e populacional, e as alternativas de abastecimento de energia (mercado de
exportação vs mercado interno), a não ser que o governo de Moçambique adopte
medidas para facilitar o acesso de gás natural e gás LPG às famílias desfavorecidas dos
centros urbanos em rápida expansão.

Historicamente, a energia da biomassa tem sido relegada para segundo plano quer no
sector de tutela do seu abastecimento (florestas) quer pelo sector de tutela do consumo
e políticas energéticas (energia). Considerando os modelos de desenvolvimento
orientados pela redução de emissões e os objectivos globais de desenvolvimento
sustentável (energias limpas para todos), bem como o “gap” de produtos florestais
resultantes da aumento demográfico, esquemas de incentivos económicos para criar
alternativas energéticas ao carvão vegetal proveniente das florestas nativas devem ser
seriamente considerados num esforço multissectorial, integrado e apoiado para o
fomento de plantações, para o aumento da eficiência de fabrico e consumo e para o
incentivo do consumo de fontes alternativas de energia doméstica.

Árvore de problemas e análise FOFA



As condições internas favoráveis ( pontos fortes) e desfavoráveis ( pontos fracos ) para
o desenvolvimento da cadeia de valor do carvão vegetal em Moçambique são:
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 16


Tabela 9 - pontos fortes e fracos da cadeia de valor de carvão vegetal

Pontos fortes Pontos fracos


Etapa de produção de carvão vegetal
Quadro Quadro legal desactualizado;
político/legal e As zonas rurais não querem novas plantas para
regulatório produzir carvão, querem as espécies que
conhecem e já utilizam (fraqueza registada devido
ao tópico do MASA distribuir anualmente espécies
para plantação que não são aptas para a produção
de carvão).
O Regulamento pouco claro e interpretado de
diferentes formas: o tamanho do saco e as
quantidades autorizadas não é claro (fiscais
passam multas elevadas sobre cada saco
afirmando que é devido ao excesso, no entanto os
produtores e transportadores não sabem qual o
tamanho permitido sendo que todos os sacos
contêm o mesmo peso – 70 kg);
Aspectos Existência de mercado. Fraca proporção de benefícios para produtores ;
económicos e Existência de mão – de –obra. Falta de capacitação para melhoria de efciciência
técnicos Tecnologia simples de produção e na produção;
baixos custos para entrada no
negócio;
Aspectos Existência de florestas e espécies O recurso florestal utilizado de forma
ambientais, nativas com alto teor calorífico; insustentável, sem respeitar espécies, zonas e
ecológicos e Existência de terras aptas para planos; carvão produzido até em reservas
territoriais plantações florestais energéticas; florestais;
Livre acesso às florestas;
Sobre-exploração florestal
Aspectos sócio Carvão como objecto de troco Exploração do recurso por pessoas de fora e não
culturais para obtenção de bens de 1ª e 2ª pelos residentes;
necessidade – rendimento para as
mulheres e os filhos (compra de
capulana, comida para os filhos)
pois os homens que fazem parte
dos agregados muitas vezes não
dão dinheiro ou gastam tudo com
bebida.
Transporte de carvão vegetal
Quadro Período de desenvolvimento Postos de controle fixos e fiscalização deficiente;
político/legal e económico com construção de Necessidade de dar “refresco” em todos os postos
regulatório redes viárias e melhoria de de fiscalização;
acessos à zonas de produção; Falta de registo do transporte com bicicletas;
Associações de transportadores Transporte em camiões cavalos cobertos e sem
como motores do processo de registos e licenciamento;
associativismo da cadeia de valor;
Aspectos Várias opções de transporte ( Mau estado das estradas;
económicos e bicicleta, camiões e comboios) Subida do preço de combustíveis, um dos itens
técnicos mais onerosos dos transportadores;
Fragilidade no empacotamento do saco de carvão
vegetal (saco fácil de romper ou desfazer o nó
permitindo que o produto se perca);
Falta de lona para proteger o produto quando este
é transportado;
Aspectos Poluição durante o transporte
ambientais,
ecológicos e
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 17

territoriais
Comercialização de carvão vegetal
Quadro Mercado livre e oferta e procura Predominância de comércio informal;
político/legal e regulam o negócio. Falta de uniformização dos preços.
regulatório
Aspectos Única fonte de energia vendida a Crescente demanda nos centros urbanos; produto
económicos e retalho e em pequenas que não apodrece; Infraestruturas fracas para o
técnicos quantidades; armazenamento e venda de carvão;

Aspectos Comercialização de carvão em Dificuldades de acesso a produtos alternativos


ambientais, passeios; continuando a preferir o carvão vegetal em
ecológicos e detrimento de outros;
territoriais Ausência de certificação de produtos de origem
controlada ( carvão de Mabalane muito
apreciado).
Aspectos Etapa dominada pelo género Preferência do consumidor por carvão vegetal de
sócio-culturais feminino; espécies nativas;
Fonte: adaptado de workshop da cadeia de valor de carvão vegetal ( Greenlight, 2018)

Tabela 10 -Oportunidades e ameaças da cadeia de valor de carvão vegetal

Oportunidades Ameaças
Etapa de produção de carvão vegetal
Quadro político/legal Mudanças climáticas pode catalizar Fiscalização e licenciamento
e regulatório sinergia entre os diferentes actores, ineficiente;
coordenação mltisectorial para Enquadramento institucional
menor consumo do carvão vegetal e deficiente;
redução de emissões; Carvão é efectuado em todos
Revisão do quadro legal em curso; os lugares mesmo naqueles
frágeis ou de conservação;
Zoneamento e ordenamento
territorial não efectuado e
respeitado;
Crescimento económico e
expansão de vias de acesso;
Rápida urbanização
Aspectos económicos Disponibilidade dos produtores para Redução de consumo de
e técnicos introdução de novas tecnologias carvão nas cidades implica
mais ineficientes para a produção de criação de novas
carvão e com aproveitamento de oportunidades de geração de
resíduos; rendimento para as
comunidades nas áreas de
produção;
Aspectos ambientais, Produção através de novas Utilização de recursos
ecológicos e tecnologias com espécies menos florestais classificados como
territoriais nobres; Agregação do valor aos preciosos para a produção
desperdícios – aproveitamento do de carvão vegetal; recursos
vuvu para produção de briquetes; florestais cada vez mais
longe;

Aspectos sócio Exploração do recurso por


culturais pessoas de fora e não pelos
residentes;

Transporte de carvão vegetal


ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 18

Quadro político/legal Dificuldade de fiscalização,


e regulatório registo e monitoria de todas
as opções de transporte;

Aspectos económicos Geração de emprego ; Acesso à .


e técnicos comunicação facilita o transporte;

Aspectos ambientais, Cada vez mais distritos com acesso a Zoneamento para carvão a
ecológicos e energia elétrica; nível distrital não efectuado
territoriais e/ou respeitado;
Comercialização de carvão vegetal
Quadro político/legal Revisão do quadro legal em curso; Corrupção; Sistema judicial
e regulatório Sensibilização ambiental do ineficiente deixando em
consumidor e produtores no contexto liberdade os infratores e
das mudanças climáticas penalizando os
comerciantes;

Aspectos económicos Existência de mercado crescente pois a


e técnicos procura está a aumentar para os
vendedores; Capacidade de produção
de novos produtos derivados dos
resíduos e desperdícios; Possibilidade
da venda de acendalhas e palitos feitos
com resíduos e fogões melhorados; A
maior concentração de lucro ocorre na
etapa de comercialização; Variadas
formas de pagamento (m-pesa, i-cash,
m-móvel); Capacidade de obter
microcrédito para compra do carvão;
Empreendedorismo; Facilidade de
venda em qualquer quantidades;
Aspectos sócio- Consumidores com maior consciência Resistência a novos
culturais ambiental e oportunidade para produtos;
comércio de carvão certificado
Fonte: adaptado de workshop da cadeia de valor de carvão vegetal ( Greenlight, 2018)

As Vulnerabilidades
Os pontos fracos conjugadas com as ameaças externas estabelecem as barreiras ao
desenvolvimento de uma cadeia de valor sustentável e de baixas emissões de produção
e carvão. São elas:
(i) Sobre-exploração do recurso florestal derivada um quadro legal
desactualizado conjugado com uma fiscalização deficiente em todas as
etapas da cadeia;
(ii) quadro de incentivos e desincentivos desajustado ao valor do produto (
carvão de floresta nativa deve ser um artigo de luxo e não de necessidade
básica) favorece a procura de carvão de floresta nativa, dificultando o
estabelecimento de plantações energéticas, uma vez que o acesso ao capital
natural é livre e quase gratuito.
(iii) informalidade da cadeia de produção reflecte a falta de interesse do sector
em regular esta cadeia de valor;
(iv) fraco compromisso político em reverter o quadro de dependência da energia
da biomassa, mesmo num contexto de liderança no mercado internacional
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 19

de energia, com a previsão de favorecimento de exportação dos recursos


energéticos no futuro.

As potencialidades
São expressas pela conjugação de aspectos fortes (internos) e oportunidades (
externos).
(i) A principal potencialidade para mudança, está na conjugação das mudanças
climáticas com a revisão do quadro político/legal do sector florestal em
curso para se colocar as alternativas à energia da biomassa lenhosa nas
prioridades da agenda de desenvolvimento do país;
(ii) O crescimento da consciência ambiental da população jovem das cidades
para a aceitação de carvão vegetal certificado, carvão de briquets e de
espécies plantadas consiste numa mais valia para mudança.
(iii) A rápida urbanização e a necessidade de planificar o crescimento das
cidades e serviços permite criar sinergias para os aspectos de
abastecimento de energia doméstica urbana e pressionar o uso de fontes
alternativas ( GPL e gás natural) ao nível dos gestores dos municípios.
(iv) a previsão de liderança no cenário energético internacional permitirá ao país
arrecadar receitas que, quando conjugada com a consciência ambiental e a
necessidade de “esverdear” o desenvolvimento poderá imprimir políticas de
promoção de fontes alternativas à energia da biomassa nos centros urbanos;

Objectivo Estratégico do tema : Maneio sustentável
das áreas de produção de combustíveis lenhosos,
formalização de valor da cadeia de valor e comércio
responsável.

1.5 Novo desafio: valorizar os serviços ambientais numa abordagem integrada de


gestão da paisagem.

A herança do passado
Moçambique sempre foi considerado um país com abundantes florestas e a redução da
área florestal é considerada uma consequência natural do desenvolvimento económico e
da crescente demografia e consumo de produtos florestais. A herança do passado
demonstra que o sector florestal em Moçambique considerou a produção de madeira,
quase que exclusivamente, como o único produto do ecossistema. Contudo, a
contribuição dos outros bens tais como: a produção de lenha e carvão, produção de mel
e outros para as economias local e nacional foram completamente secundarizados e
como consequência, a quantificação desses é escassa a nível nacional. Por outro lado, os
serviços de regulação e suporte (por exemplo, polinização, formação e fertilidade do
solo, regulação do ciclo hidrológico e do carbono) têm sido completamente ignorados
principalmente no que concerne os sistemas de maneio florestal.

As mudanças climáticas e a vulnerabilidade de Moçambique aos efeitos dessas
mudanças realçam a visão holística do território e da floresta e o papel desta para
atingir os objectivos de desenvolvimento sustentável de baixas emissões. Assim,
recentemente as florestas passaram a ser consideradas como um pilar importante para
mitigação dos efeitos das mudanças climáticas através do sequestro de carbono. As
experiências do passado são sobretudo baseadas em alguns projectos piloto em áreas
tampão das zonas de conservação (Gilé, Gorongosa,) sendo de destacar a experiência
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 20

piloto do projecto comunitário de Nhambita. Este projecto, teve o mérito de introduzir


na prática, o conceito de Pagamento por Serviços Ambientais (PSE) mas encerrou o
programa de pagamento por serviços ambientais em 2015 devido a dificuldades
financeiras derivadas da queda do preço de mercado internacional de carbono. O
fundamento de que a conservação florestal possui custos e é resultante de gastos
contínuos e do equilíbrio entre perdas/ganhos, impulsiona acções verso o pagamento
destes esforços e melhoria das condições de vida da população envolvida. A visão
holística da floresta e de gestão do território (abordagem de paisagem) e a valorização
dos serviços ecossistémicos surgem como uma oportunidade há muito esperada para
impulsionar a conservação das áreas florestais e o almejado maneio sustentável.

Problemas e análise FOFA da valorização dos serviços ambientais ( PSE’s)


O PSE é um mecanismo ainda desconhecido em Moçambique, pese embora exista
potencial para a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável do país e alívio da
pobreza a nível rural. De facto, aquando da realização do workshop de consulta sobre o
tema, os principais serviços ambientais identificados em Moçambique foram:
(i) regulação dos ciclos hidrológicos,
(ii) sequestro de carbono e,
(iii) formação/conservação de solos.
A biodiversidade foi considerada com a base fundamental para garantir a provisão
destes e outros serviços.
São vários os problemas identificados para a implementação prática de mecanismos de
pagamentos por serviços ambientais:
(1) Necessidade de assegurar um mecanismo de monitoria e administração dos
pagamentos de baixo custo, aplicável a várias escalas (local, distrital, nacional),
fiável e preciso.
A literatura menciona que os custos administrativos/monitoria podem
alcançar 40% em áreas remotas e de difícil acesso como a maioria das
áreas florestais.
(2) A falta de fundos provenientes de “pagadores” nacionais (Por exemplo:
Electricidade de Moçambique, Mozal, empresas de combustíveis fósseis, empresas
agrícolas) garantindo assim fundos que sejam para além da “projectização’ ou
baseados em mercados internacionais cujos preços não compensam os custos
administrativos e possam levar à interrupção de programas.
(2) A falta de um mecanismo claro de transação, gestão e monitoria.

Os aspectos fracos e ameaças para a valorização dos serviços dos ecossistemas florestais
são:

Tabela 11 – Fraquezas, ameaças e vulnerabilidades dos PSE

FRAQUEZAS AMEAÇAS
Deficiente conhecimento do valor e difícil • Taxas crescentes de degradação florestal e
quantificação dos SE. desmatamento.
Fraca fiscalização. • Deficiente capacidade para a valorização dos
serviços ambientais.
Falta de inclusão das RFs no desenvolvimento
do distrito. • Falta de um esquema de PSE.
Falta de clareza sobre a viabilidade económica.
Lacuna na legislação para PSE.
Deficiente ligação entre os potenciais
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 21

compradores de SE (sector privado, Estado) e


os potenciais provedores (comunidades, sector
privado).
Vulnerabilidades
• A pressão demográfica crescente conjugada com a fraca governação florestal e gestão de
fundos constitui uma das principais vulnerabilidades dos esquemas de pagamento por serviços
ambientais;
• As dificuldades de valorização dos serviços ambientais e de monitoria de resultados constitui
também uma vulnerabilidade do pagamento destes serviços.


tabela 12 – fortalezas e potencialidades dos PSE’s

FORTALEZAS OPORTUNIDADES
• Cobertura florestal do país significativa. • Existência de experiências
• 26% do país sob regime de conservação. nacionais.
• Existência de RFs e outras áreas com valor de • Quadro legal (regulamento REDD+)
conservação. em definição.
• Conhecimento tradicional na gestão e valor • Compromisso nacional para a
dos Recursos florestais. mitigação e adaptação aos efeitos
das mudanças climáticas.
POTENCIALIDADES:
• A existência de uma cobertura florestal considerável (40% do território), a pressão
internacional e compromisso nacional com o crescimento económico verde e mudanças
climáticas geram um ambiente favorável para a valorização dos recursos florestais e
pagamento de serviços ambientais para benefício das comunidades residentes nas áreas
rurais;
• A conservação florestal constitui um ponto de entrada para valorização e pagamento de
serviços ambientais, em especial para a viabilidade económica e social das reservas
florestais;


Objectivo estratégico do Tema: Contabilização de serviços
ambientais nas contas nacionais e provinciais;

1.6 Desafio central: apoiar as iniciativas comunitárias e desenvolvimento de


negócios locais;

A herança do passado
Desde sempre que a população moçambicana utiliza a floresta para satisfazer as suas
necessidades básicas e efetua a utilização integral dos recursos ao seu dispor: terra,
água, floresta, fauna . Os recursos florestais de Moçambique constituem um bem de
domínio público e propriedade do Estado. O maneio comunitário dos recursos florestais
é baseado no conceito de gestão colectiva da floresta, como um bem comum partilhado,
onde um grupo de pessoas compartilham as normas de acesso e uso dentro de um
território definido e formalmente delimitado, que administram em nome ou de forma
conjunta com o seu proprietário, neste caso o Estado. Este apesar de ser desde sempre
usado foi formalizado no quadro legal apenas nos final dos anos 90 (política florestal e
lei de florestas) baseado nas experiências do “tchuma tchato – nossa riqueza”, e na dos
países vizinhos, e seguindo as tendências de governação florestal internacionais. O
envolvimento e partilha de benefícios de gestão das florestas com as populações locais é
indicado como o mais apropriado para garantir a conservação da biodiversidade,
reduzir a degradação ambiental e pobreza nas áreas florestais. Não se sabe ao certo o
número de iniciativas de maneio comunitário dos recursos florestais, uma vez que
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 22

muitas delas se resumem à formação de comités de gestão para a recepção dos


benefícios financeiros derivados do licenciamento florestal ( os famosos 20%)
estimando-se em 2000 comités comunitários criados em todo o país. Anualmente entre
200-400 comunidades recebem os benefícios dos 20%.

Tabela 13 - Número de comunidades beneficiárias de 20%

Província 2005 -2009 2009 2012 2016


Maputo 56 18 0 6
Gaza 97 6 0 86
Inhambane 132 13 38 12
Sofala 92 38 26
Manica 98 14 17 74
Tete 55 27 23 9
Zambézia 118 125 57 62
Nampula 168 25 11 41
C. Delgado 215 19 19 57
Niassa 71 3 10 1
Total 1102 250 213 374
Fonte: DNTF/ DINAF – relatórios anuais

O maneio comunitário, impulsionado por projectos e iniciativas da sociedade civil,
requer o acompanhamento e capacitação permanente e os ganhos obtidos são por
vezes demorados e nem sempre directamente relacionados com o maneio florestal
(participação, inclusão, descentralização). 20 anos depois de institucionalizado e
reconhecido o papel das comunidades na gestão dos recursos florestais, não será mais
possível excluir e retirar esse direito, ainda mesmo que o maneio comunitário não tenha
correspondido às expectativas de conservação do recurso.

Árvore de problemas e análise FOFA


São inúmeros os problemas identificados a nível das comunidades e que afectam a
gestão comunitária dos recursos florestais. De destacar a falta de infra-estruturas
básicas ( acessos, escolas, postos de saúdes, casas melhoradas, entre outros) que
geralmente não constituem o foco das actividades florestais e os aspectos históricos,
sócio/culturais como a menor participação das mulheres na tomada de decisões e maior
incidência de analfabetismo. As fracas capacidades das instituições locais constitui um
dos maiores obstáculos ao registo de avanços imediatos, entre outros vários problemas.

O levantamento dos pontos fortes e fracos ( internos) e oportunidades e ameaças (
externos) pelos representantes das comunidades nos workshops indicou os seguintes
aspectos ( tabela 14)

Tabela 14 - Análise FOFA do MCRN

MCRN- Força Oportunidade Fraqueza Ameaça


FOFA
Quadro • Reconhecimen • Integração dos • fracas • Ausência de
político/ to dos direitos CGRN na capacidades dos sentido de
legal/ de uso e acesso planificação CGRN/ OCB’s propriedade do
regulatóri aos recursos distrital através • Informação/con recurso e
o florestais e dos Concelhos hecimento interesse em
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 23

organizações Consultivos inadequada(o) conservação do


comunitárias Distritais e sobre quadro mesmo;
de base; Planos de legal, direitos, • Governação
• O MITADER Ordenamento deveres da não
engloba a Territorial comunidade e transparente e
terra, Distritais. oportunidades corrupção das
ordenamento • Os CGRN de parcerias com lideranças
territorial e fornecem uma o sector privado; locais;
floresta na oportunidade • Sustentabilidade • fraco
mesma para preparação e futuro incerto envolvimento e
instituição. social da das reconheciment
comunidade; organizações de o dos CGRN
• CGRN base ; pelos governos
fortalecidos • iniciativas locais distritais.
podem descoordenadas;
impulsionar o
desenvolviment
o local.
Aspectos • Maneio • Captação de • Falta de infra- • proliferação do
económico comunitário de recursos estruturas e abate e caça
s e recursos financeiros das acessos difíceis e ilegal
técnicos naturais como mudanças precários; • Ausência de
uma opção climáticas e sua • Fraca benefícios
para promover ligação com a capacidade imediatos,
o gestão financeira e directos,
desenvolvimen comunitária de técnica das tangíveis e
to local; recursos OCB’s; consistentes,
florestais; • Grande derivados dos
• Negócios dependência do resultados de
familiares e apoio das OSC’s conservação,
diversificação de e doadores; boas práticas e
fontes de • Ausência de uso sustentável
rendimento; extensionistas e dos recursos
de capacitação florestais;
em gestão de • aumento de
pequenos pobreza nas
negócios. zonas rurais;

Aspectos • Visão holística • Fiscalização e • Fraca • Aumento de


ecológicos da floresta e supervisão consciencialização competição no
/ território; directa do uso da importância de uso da terra (
ambientai • MCRN como dos recursos; boas praticas; agricultura,
s e instrumento • Respeito pelo pastos e
territoriai
de zoneamento floresta);
s
implementaçã territorial e • Degradação
o dos objetivos diferentes ambiental e
de potenciais; aumento de
desenvolvime pobreza;
nto e • Aumento de
compromissos conflitos
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 24

ambientais homem-animal
internacionais
Aspectos • Conhecimento • Analfabetismo e • Pobreza
sócio- tradicional dos baixo nível de • Descontentame
culturais recursos; educação em nto social e
• Respeito pelas geral e degradação da
normas sobretudo das qualidade de
costumeiras mulheres; vida;
• Estreita • Actores passivos
dependência e ( beneficiários,
ligação com os informantes,
recursos mão de obra,
florestais; etc) no
desenvolviment
o rural;
Fonte: Participantes ao workshop de maneio comunitário ( Pereira, 2018 a)


Potencialidades
I. O maneio comunitário florestal como um veículo para promoção de
desenvolvimento rural e de empreendedorismo a nível local quando conjugado
com o desenvolvimento rural integrado ( território, florestas, agricultura,
energia, finanças) poderá corresponder às aspirações de desenvolvimento e
promoção de bem estar a nível local.

II. A visão holística da gestão do território desde sempre usada a nível local,
conjugada com a pressão das mudanças climáticas para uma abordagem de
paisagem e multissectorial vai de encontro às praticas locais de uso do território
e constitui uma potencialidade para a revigorar as iniciativas comunitárias.


Vulnerabilidades
I. As fragilidades de capacidades das OCB’s , as dificuldades de sustentabilidade
financeira das mesmas e o favorecimento de empreendedorismo individual
poderá orientar o maneio comunitário para capacitação individual e da elite
local, enfraquecendo a gestão comunitária do recurso.

II. A pobreza e falta de infra-estruturas básicas orientam a aplicação dos benefícios
para a solução destes problemas em primeiro lugar e só depois o investimento
na melhoria dos recursos florestais.

Objectivo estratégico do tema:
apoiar comunidades empreendedoras
comprometidas com a gestão
sustentável dos recursos naturais.

1.7 Desafio actual: Valorizar e integrar os produtos florestais não madeireiros na


Agenda de Desenvolvimento

ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 25

A herança do passado

Os registos históricos do uso de produtos florestais para os mais variados fins que não
seja a madeira pelas comunidade locais em Moçambique confirmam a estreita ligação
entre o povo moçambicano e o meio que o rodeia e a sua utilização comercial (Pereira,
2018 citando Guerra, 1938, Missão Botânica de Moçambique 1942-1948, Gomes e
Sousa, 1966). A comercialização de produtos florestais não madeireiros que a nível local
quer a nível internacional é também antiga, sendo a exportação da mafurra (Trichilia
emética) já efectuada em 1913, quando atingiu o seu máximo com 7962 toneladas para
depois baixar para menos de 1000 toneladas devido à instabilidade derivada da
primeira guerra mundial e flutuações de mercado, e em 1936 exportou-se apenas 506
toneladas.

Os produtos florestais não madeireiros de origem animal e vegetal constituem uma
dádiva da natureza que alivia os momentos difíceis e complementa a produção familiar.
Mas os produtos florestais não são apenas importantes como um mecanismo de
sobrevivência e apoio em períodos difíceis e de insegurança alimentar, mas também
para os pequenos negócios locais e alternativas de geração de rendimento baseados na
grande variedade de produtos que podem ser extraídos das florestas.

Se espera que na próxima década o uso dos produtos florestais não madeireiros
aumente, tal como aconteceu nas últimas duas décadas, quer seja nos países
desenvolvidos como nos países em desenvolvimento (Shackleton et al.,2011), pois
existem numerosas razões para o aumento do interesse global nos PFNM. Em primeiro
lugar se acredita que a promoção do uso sustentável dos PFNM poderá conduzir a uma
situação de ganho-ganho na redução da pobreza e conservação da biodiversidade (
FAO,1995).

Árvore de problemas e análise FOFA


O enquadramento legal e os instrumentos políticos relativos ao produtos florestais não
madeireiros, são geralmente accionados em resposta a uma crise ou um problema
especifico encontrado ( geralmente a sobre-exploração) , e raramente as iniciativas
regulatórias são derivadas de um levantamento sistemático do conjunto de
oportunidades e ameaças associadas aos produtos, espécies, ecossistemas e de formas de
subsistência. Um problema comum na formulação de lei e políticas relacionadas com os
PFNM é a escassez de dados e do conhecimento limitado dos técnicos e tomadores de
decisão sobre os produtos, as etapas das várias cadeias de valor e actores envolvidos
sobre as quais devem regular. Assim, uma abordagem estratégica para regulação do
subsector de PFNM é pouco comum no mundo (Pereira,2018b citando Laird, et al. 2011) e
Moçambique não é excepção, e sem informação e dados, possui também a mesma forma
de formulação “reactiva “de políticas relacionadas com os produtos florestais não
madeireiros e de adaptação do sistema de regulamentação existente da madeira aos
produtos não madeireiros.

Foram identificados 7 principais áreas de intervenção necessárias:
§ Política e estratégia para orientar o uso, maneio e desenvolvimento de PFNM em
Moçambique é inexistente devido à invisibilidade destes produtos no sector ;
§ Conhecimento sobre o recursos florestais não madeireiro, falta de estatísticas e
desconhecimento do seu potencial para a economia local e nacional.
§ Sensibilização para a importância dos PFNM
§ Assegurar o uso e acesso a PFNM para auto-consumo, mesmo em circunstâncias de
comercialização e desenvolvimento de negócios;
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 26

§ Exploração insustentável se a pressão para comercialização destes produtos


aumenta;
§ Habilidades de colheita e processamento;
§ Informação e dificuldades de acesso a mercado;


Os pontos fortes e as oportunidades para o desenvolvimento de negócios baseados em
PFNM são a seguir indicados:

tabela 15 – potencialidades para o desenvolvimento dos PFNM

Pontos fortes Oportunidades


• Existem recursos • Existem recursos procurados no mercado
• Existe mãos-de-obra: a comunidade internacional e outros que podem ser de
• Contribui para a economia do país: criar interesse se haver sensibilização (pode-se
emprego para as comunidades e melhorar a criar o mercado).
qualidade de vida destas, começando por • Existência de conhecimento sobre os
adicionar valor ao que a comunidade já faz. produtos ( processamento/ transformação
• são importantes para a resiliência da / redes comerciais) a nível internacional
comunidades • mudanças climaticas
• Faz parte do mercado do comércio justo
(Fair Trade);
• Conhecimento tradicional ;
Potencialidades
• A existência de floresta e conhecimento tradicional associado com a procura
internacional crescente deste produtos e existência de tecnologia de transformação
constitui um potencial importante que Moçambique deve explorar para introduzir
pequenos negócios a nível local e entrar nas redes de “fair trade”.
• As mudanças climáticas e o papel dos produtos florestais não madeireiros na
construção de resiliência constituem uma mais valia para a colocação destes
produtos na Agenda de Desenvolvimento Nacional.
Fonte: Participantes do Grupo de trabalho- PFNM ( workshop de formulação da agenda
2035 e Programa Nacional de Florestas

Os pontos fracos e as ameaças ao desenvolvimento e prosperidade dos negócios
baseados em PFNM são:

tabela 16 – vulnerabilidades do desenvolvimento dos PFNM

Pontos Fracos Ameaças


• Existe uma lacuna no mercado nacional (i.e.: • Competição com outros países
o mel é importado). que tem os mesmos recursos ;
• O mercado nacional não exige muitas • contrabando e comércio ilegal
certificações de qualidade. transfronteiro;
• Falta de estudos científicos sobre os recursos, • Problema de sustentabilidade das
mapear estes e estudar as cadeias de valor e florestas- conservação ;
produção. • Adulteração de produtos;
• Não identificar as florestas sagradas e as • Interesses diferentes,
normas de uso aceitáveis; especialmente com os líderes
• O Mercado alvo tem fraco conhecimento dos comunitários, podem causar
produtos que estão à venda; conflitos: os líderes comunitários
• Não há infraestruturas e equipamentos para podem decidir outros fins para os
extração, processamento, e embalagem dos produtos com potencial de ser
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 27

produtos; comercializados no mercado


• Falta de uma estratégia nacional e legislação nacional e internacional ;
que suporte o sector dos PFNM, bem como
aprovação da lei de medicina tradicional;
• Falta de fiscalização;
• Falta de capacitação para competir no
mercado;
• Cadastro nacional dos recursos é fraco e não
existe um banco genético que possa garantir a
conservação das plantas de interesse
(protocolo de Nagóia);
• Não são produzidos produtos em quantidade
nem de qualidade;

Vulnerabilidades
• A ausência de estratégia de desenvolvimento da industria de PFNM e a
competição crescente dos mesmos produtos com os países vizinhos poderá
dificultar o posicionamento de Moçambique no mercado internacional
destes produtos.
• Sem dados e conhecimento sistematizado sobre estes produtos, a
valorização dos mesmos e a incorporação na agenda de desenvolvimento
do país é pouco provável;
Fonte: Participantes do Grupo de trabalho- PFNM ( workshops de formulação da agenda
2035 e Programa Nacional de Florestas)



Objectivo estratégico do Tema: Promover a integração
dos PFNM na agenda de desenvolvimento do sector florestal,
valorizando os PFNM e incentivando o desenvolvimento das
cadeia de valores;

1.8 Desafio permanente: conservação florestal dentro e fora das áreas de


protecção

A herança do passado
A rede nacional de áreas de conservação abrange 26% do território nacional e cerca de
6,9 milhões de hectares de florestas abrangendo quase todos os ecossistemas florestais
relevantes do país ( com excepção da floresta de Mopane e florestas associadas aos
montes Mabu, Chiperone e Namúli). As 13 reservas florestais actualmente existentes no
país (cerca de 530.000 hectares) foram criadas durante a década de 50 e visavam a
protecção de algumas bacias hidrográficas, espécies endémicas e de espécies
madeireiras e ecossistemas florestais associados. Criadas por boletins e nem sempre
com os propósitos de conservação e limites claramente definidos, as reservas florestais
não foram formalmente submetidas a nenhum regime de maneio de conservação,
resultando numa situação de “abandono” que facilitou as actividades humanas dentro
dos seus limites. Já em 1968 Gomes e Sousa (1968) mencionou problemas de queimadas
e exploração florestal nas reservas florestais. Desde esse tempo que estes problemas
foram apenas se agravando e outros adicionados, tais como a caça, a expansão da
fronteira agrícola e dos assentamentos populacionais e infra-estruturas de acesso.

ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 28

Em Moçambique a gestão da totalidade das reservas é da responsabilidade do Estado,


predominando o modelo de co-gestão com a participação comunitária e em alguns casos
com o envolvimento do sector privado/estado e organizações da sociedade civil. Das 13
reservas florestais existentes apenas 3 possuem plano de maneio. Sem limites claros,
sem planos e objectivos definidos, sem administração, sem orçamento e
sustentabilidade financeira, as reservas florestais enfrentam o perigo de
desaparecimento ou redução substancial do seu potencial de conservação se o cenário
de ‘business as usual “ permanecer num futuro próximo.

Problemas e análise FOFA dos reservas florestais



Apesar do reconhecido papel da conservação florestal na mitigação dos efeitos das
mudanças climáticas e no fornecimento de serviços ambientais a nível nacional, são
inúmeros os problemas da conservação florestal e em particular das reservas florestais
do país, destacando-se:

• A falta de clareza de governação das reservas florestais;
• A viabilidade económica destas reservas num contexto institucional com poucos
recursos e capacidades;
• Os poucos benefícios e incentivos derivados dos esforços de conservação.

Tabela 17 – Aspectos fortes e oportunidades das reservas florestais

Fortalezas Oportunidades
• Cobertura significativa dos • Potencial para as RFs serem formalmente
diferentes tipos florestais em reconhecidas no SNAC.
Moçambique.
• importância reconhecida na NBSAP- National
• Existência de comunidades ao redor Biodiversity Strategies & Action Plans;
das RFs com potencial para a
• Existência de cerca de 200 concessões
conservação. florestais com potencial de conservação.
• Suficiente cobertura florestal
• Reconhecimento da necessidade de
(aplicável a algumas áreas com
pagamentos por serviços ecossistémicos
potencial para conservação). (PSE) em áreas de conservação.
• Ecossistemas resilientes (ex.
Florestas de miombo). • Elegíveis para actividades de gestão
integrada da paisagem, restauração de
• Existência de potencial de ecossistemas, agricultura de conservação, e
conservação em áreas de produção agrosilvicultura nas zonas tampão ou áreas
florestal (concessões florestais). com influência humana.
Potencialidades:
• A existência de comunidades nas áreas tampão das reservas florestais quando
conjugada com os pagamentos por serviços ambientais representa um potencial
futuro de incentivo à conservação e viabilização económica destas áreas.

• A conservação florestal em zonas de produção com esquemas de pagamentos por
serviços ambientais num sistema regulado de gestão florestal em parceria com as
comunidades locais possui o potencial de incentivar os operadores e comunidades a
conservarem zonas de interesse mútuo e a excluir a exploração florestal comercial
de zonas frágeis ou de importância de protecção da biodiversidade.

ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 29

Tabela 18 - Vulnerabilidades, fraquezas e ameaças às reservas florestais

Fraquezas Ameaças
• Falta de clareza de governação das • Deficiente conhecimento do valor e difícil
RFs. quantificação dos SE.
• Limitada representação de • Fraca fiscalização.
espécies e ecossistemas de
• Falta de inclusão das RFs nos planos de
distribuição restricta (ex. A RF de
desenvolvimento dos distritos.
Licuati não faz parte da Reserva de
Maputo e Ponta de Ouro). • Falta de clareza sobre a viabilidade
económica.
• Conversão de área florestal em
agricultura (em 3 RFs). • Lacuna na legislação para PSE.

• Conhecimento limitado sobre a • Deficiente ligação entre os potenciais


ecologia e biodiversidade (estado compradores de SE (sector privado,
Estado) e os potenciais provedores
de conservação).
(comunidades, sector privado).
• Existência de comunidades dentro
das RFs. • pressão demográfica

• O uso do conhecimento local não é


complementado ao científico de
forma a garantir a definição das
áreas de conservação e/ou
prioridades para conservação.
• A definição das áreas de
conservação é feita priorizando a
fauna não valorizando a
diversidade florística.
• Ecossistemas de montanhas não
estão devidamente representados
nas áreas de conservação.
• Não inclusão de alguns tipos
florestais nas RFs (e.g Mopane).
• Limitado conhecimento dos
limites actuais das RFs.
Vulnerabilidades

• A falta de clareza de governação das reservas florestais e escassa fiscalização
quando combinadas com a pressão demográfica crescente e não incorporação das
florestas de conservação nos planos de desenvolvimento territorial incentiva e
favorece o desmatamento e degradação das áreas de conservação florestal e o seu
desaparecimento a médio-longo prazo.


Objectivo Estratégico do Tema: Promover a
restauração e maneio das Reservas florestais
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 30

considerando o objectivo de proteção e conservação dos


seus objectivos e valores centrais;

1.9 Desafio urgente: Boa governação, transparência e criação de um ambiente


favorável ao investimento no sector florestal;

A herança do passado

Se governação se refere ao uso de autoridade sob uma determinada esfera, a governação
florestal passou de uma planificação centralizada pelo Estado ( Plano Estatal Central ) e
um Estado regulador, auditor, e implementador das actividades florestais (Mademo,
IFLOMA E. E., , entre outras) para um sistema de administração florestal orientada pela
economia do mercado, introduzido nos programas de reajuste económico na década de
80-90. Os quadro legais foram considerados desactualizados e ineficientes (nas décadas
de 80-90 surgem um conjunto de políticas e leis relacionadas com o uso da terra e
recursos naturais,) os mecanismos regulatórios insuficientes, a interferência do Estado
excessiva.
A governação florestal em Moçambique acompanhou as tendências mundiais no sector:
(i) descentralização do maneio florestal, no qual os governos aceitam que a protecção
dos recursos não necessita necessariamente da exclusividade do governo e reconhecem
o papel da sociedade civil e das comunidades na gestão florestal; (ii) a governação
concessionada, que se refere ao aumento do papel dos actores que não sejam o Estado,
incluindo o papel de associações florestais, industria florestal, concessões e grupos de
operadores florestais, que influenciam a governação e o estabelecimento de regras e
normas de administração dos recursos, e (iii) os mecanismos de mercado (certificação,
REDD+, FLEGT) actualmente dominados pelas mudanças climáticas no qual as florestas
recebem a atenção mundial pois o desmatamento florestal é considerado a segunda
maior fonte de emissões de CO2, (9%) depois da combustão de combustíveis fósseis.
Estes mecanismos de mercado e de pagamentos por resultados são também
considerados como influência “suave” para a mudança de atitude e comportamento em
relação às florestas ( CIFOR, 2010).

Três motores vão determinar as tendências da regulação internacional das florestas
(Maguire, 2010), que irá também influenciar as tendências da administração florestal
em Moçambique: o primeiro é o clima, que joga um papel dominante em todas as
políticas ambientais e desenvolvimentistas internacionais como resultado das
plataformas políticas de negociação climática ao mais alto nível de governação. O
segundo motor das tendências futuras de regulação florestal internacional é atribuído à
emergência de redes e alianças globais que lidam com o corte ilegal. E o terceiro motor
é a presença crescente da regulação florestal privada internacional.

Árvore de problemas e análise FOFA



O Estado moçambicano sempre foi responsável por administrar o património florestal
mas a sua gestão é considerada deficiente, e vários estudos alertam para a necessidade
de melhorar a governação florestal e enumeram os principais problemas e desafios da
governação florestal :
• A sobre-exploração do recursos florestal com consequências nefastas para as
comunidades, para o ambiente, para o Estado e para as empresas privadas;
• A ausência efectiva de gestão do património derivado da escassez de dados
actualizados, fiáveis, sistema de informação, monitoria e análise da dinâmica
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 31

das florestas deficiente, dificultando a administração de um património florestal


considerável e geograficamente disperso, sobre pressão derivado do
crescimento populacional e aumento da procura de produtos florestais;
• quadro institucional fragmentado, disperso e ineficiente, com falta de clareza de
mandatos e funções e ou duplicação ou ausência de funções.
• O limitado investimento e canalização de fundos na construção de capacidades
das Instituições do Estado ligadas à gestão florestal, perpetua a falta de
capacidades da mesmas e favorece a fraca governação do sector florestal; A
canalização das receitas de acordo com o estipulado nos decretos
(reflorestamento, queimadas, desenvolvimento institucional) não acontece,
fragilizando ainda mais as instituições.
• A falta de meios modernos e pessoal qualificado para a governação electrónica e
modernização do sector, propicia a corrupção, corte ilegal e ineficiência da
gestão.
• A falta de transparência do sector facilita a corrupção, o desrespeito pela lei, a
não prestação de contas e responsabilização criando um clima de
imprevisibilidade, que dificulta o desenvolvimento do sector;
• A fraca previsibilidade e insegurança jurídica derivada de decretos had-oc cria
insegurança no sector privado e reduz a credibilidade da governação
• A ausência de apoio efectivo aos operadores florestais e um ambiente favorável
ao investimento privado reduz a contribuição económica do sector florestal com
base na exploração sustentável;
• A ausência de mecanismos institucionalizados de participação e diálogo dos
actores na tomada de decisões que afectam o seu negócio bem como de
mecanismo de reclamações cria falta de confiança e desequilíbrio de interesses,
com consequências nefastas para desenvolvimento harmonioso.
• A falta de transparência, prestação de contas e responsabilização de todos
actores dificulta o desenvolvimento do sector.
• A fraca coordenação e comunicação a todos os níveis e a desconsideração pelas
especificidades das províncias fazem com que as regras estabelecidas a nível
central e nacional nem sempre sejam adequadas


A análise dos aspectos fortes e oportunidades da governação florestal indicam que o
sector poderá reverter a má imagem se apostar na transparência, monitoria
independente (fiscalização, monitoria de resultados e medição de impactos) e
governação com os demais actores e sectores institucionalizada para implementação
coordenada e construção de sinergias na implementação

Tabela 19 - Análise dos aspectos fortes e oportunidades da governação florestal


Atributos da PONTOS FORTES OPORTUNIDADES
governação
Quadro legal Reconhecimento da co-gestão Reforma do quadro legal
comunitária;

Quadro Historial de descentralização Advocacia para descentralização;
Institucional comunitária;
Procedimentos administrativos para Fiscalização independente
licenciamento conhecidos;
Sociedade civil activa, mas dispersa Economia verde e integração
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 32

nas acções; territorial;


Fiscalização semi-independente”.
Monitoria independente
Transparência Introdução da iniciativa EITI no
sector florestal;
Participação Reconhecimento da necessidade de Gestão participativa do sector;
inclusão de actores e harmonização
multissectorial;
Responsabilização Era digital e network social;
e prestação de
contas
Eficiência / Conhecimento básico de Expandir e descentralizar
monitoria procedimentos de monitoria florestal; monitoria ;

POTENCIALIDADES:
1. Existência de condições técnicas e económicas para estabelecimento de uma
administração florestal com capacidade de autofinanciar-se e mobilizar investimento
para o sector, gerando empregos;

2. A descentralização municipal poderá potencializar a harmonização das questões
ambientais /energéticas a nível urbano para abastecimento sustentável da biomassas às
vilas e cidades em crescimento através de contrapartidas dos principais investimentos
sediados nos polos de desenvolvimento;

3. O sector florestal poderá assumir um papel de relevo na criação de um “Moçambique
inclusivo e integrado” ( cenário 3 do PNDT) com polos industriais e negócios nas áreas
rurais numa abordagem institucional integrada e de investimento no sector;

4. A era digital irá potencializar a participação e monitoria da sociedade civil e demais
actores, pelo que a terceirização da monitoria contribuindo para dar maior
transparência, credibilidade ao sector e melhorar a imagem da governação é de destacar.


A análise dos aspectos fracos e ameaças da governação florestal revela que as
constantes mudanças institucionais e a projectização do desenvolvimento do sector
enfraquece as instituições, dispersa as capacidades. A falta de investimento na melhoria
da governação florestal e no fortalecimento das instituições revela falta de compromisso
com a sustentabilidade do património.


Atributos da PONTOS FORTES OPORTUNIDADES
governação
Quadro legal - Proliferação de politicas, • Pouca clareza sobre
estratégias e planos que não se propriedade ( árvores e
implementam; áreas restauradas, carbono,
- Fraca harmonização legal água) e direito de
multissectorial comercializar serviços
(agricultura/florestas) ambientais
- ausência de quadro legal sobre
transparência e boa governação;
- quadro legal incompleto: falta de
mecanismos de regulação de
mudanças institucionais
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 33

Quadro Institucional • Perda de continuidade e


- Quadro institucional disperso e acumulação de
enfraquecido e incompleto ; conhecimentos;
- Mudanças institucionais
constantes; • Poucos resultados e fraca
- Mandatos e papel do Estado e contribuição do sector na
demais actores não claros; melhoria das condições de
- Falta de padronização de medidas vida nas áreas rurais;
e unidades, templates e
procedimentos; • Ambiente pouco favorável ao
- Métodos anticuados e ineficientes negócio formal, responsável
e sem uso de tecnologia e comprometido com
disponível; desenvolvimento a longo
- governação “projectizada” prazo do sector;
Transparência - Administração opaca; • Abate ilegal e sobre-
exploração do recurso;
• agravamento da má
imagem do sector;
Participação - Decisões centralizadas sem • Marginalização de actores,
concertação prévia; sectores e temas centrais
- Falta de formalização de do sector florestal;
mecanismos de participação;
- Desunião / procura de
protagonismo
Responsabilização e - Falta de mecanismo de prestação
prestação de contas de contas de todos os actores
(Estado, Privado e Sociedade
Civil).
Eficiência/monitoria - Re-investimento no sector não • Abate ilegal e descredito do
efectuado; sector;
- Variáveis de monitoria não • reflorestamento não
incluídas; incentivado
- Monitoria da exploração nao é
efectuada;

VULNERABILIDADES
1. Constantes mudanças institucionais e a projectização “do desenvolvimento do sector
enfraquece as instituições, dispersa as capacidades e a longo prazo, reduz a eficiência
e agrava a má imagem;
2. Fraca transparência induz a especulações, cria insegurança para o negócio, favorece
oportunidades para o corte ilegal e perpetua a má imagem do sector florestal ;
3. O inadequado investimento na melhoria da governação florestal e modernização do
sector reflecte o fraco compromisso em introduzir mudanças;
4. A fraca participação e coesão na tomada de decisões fomenta a ilegalidade;
5. Um real compromisso com a reforma legal /institucional compromete a perpetuação
dos recursos;


Objectivo estratégico do Tema : tornar a governação florestal
transparente, participativa, monitorada, moderna e eficiente.



ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 34

1.10. Desafio contínuo : investir na educação florestal e investigação aplicada


para apoair o desenvolvimento e modernização do sector

A herança do passado - investigação Florestal



A investigação florestal é caracterizada por ser fragmentada e dispersa entre diversos
actores, pequenos projectos de investigação e estudos. A investigação é complementar
à função de ensino e efectuada de forma complementar pelo corpo docente enquanto
que, é no Instituto de Investigação Agrário de Moçambique que a investigação florestal
adquire a sua função e natureza principal.

A investigação florestal pré-independência é centrada em estudos de etno-botânica,
identificação de espécies e dendrologia , características da madeira. Pós- independência,
com a implementação dos projectos de reflorestamento intensificam-se os trabalhos de
investigação relacionados com espécies e procedências, pomares de semente e material
genético de espécies exóticas. Nos anos 80, com os primeiros inventários ( Niassa e
Sofala) foram efectuados alguns estudos fenológicos das espécies do miombo e
actualmente predominam estudos relacionados com equações alométricas e
contabilização de carbono sequestrado e emitido.

Hoje em dia, existe uma grande diversidade de actores que interagem com a
investigação florestal, nomeadamente:
i. Os que realizam investigação florestal – Este grupo inclui os institutos e centros
de investigação públicos, em especial o Instituto de Investigação Agrária de
Moçambique (IIAM), Centro de desenvolvimento sustentável – Recursos
Naturais (CDS-RN), CENACARTA, as Universidades que contemplam o curso de
florestas no seu currículo ou leccionam tópicos relacionados com florestas e
meio ambiente (em especial o Departamento de Engenharia Florestal da FAEF-
UEM, a Escola Superior de Ciências Marinhas da UEM, a UCM, a UniZambeze e a
UniLURIO. Algumas organizações nacionais e internacionais que realizam e
apoiam a investigação florestal no país, com destaque para o CIFOR, FAO, IIED,
WWF, UICN e a AFD, fazem parte deste grupo de actores;
ii. Os que apoiam a investigação florestal – Este grupo envolve parceiros de
cooperação , com destaque para o Banco Mundial, FIP, JICA, o FNI, MITADER,
USAID, INAM (ex. mangal), FAO, ICRAF, IUFRO, IMBAR, Kew gardens. Este grupo
também envolve parceiros de investigação tais como a Universidade Suéca de
Ciências Agrárias (SLU), a Universidade de Edinburgh no Reino Unido, a
Universidade de Wageningen na Holanda, a Universidade de Helsínquia e a
Universidade de Jyvaskyla na Finlândia.
iii. Redes de investigação e parcerias com redes regionais e organismos
internacionais de investigação (por ex. a Rede de Miombo, a rede ELTOSA).

Árvore de problemas e análise FOFA da investigação florestal



Os problemas da investigação florestal podem ser agrupadas em dois grandes grupos:
ü fraca produção de conhecimento e busca de soluções dos problemas dominantes
do sector florestal ; e
ü fraca divulgação, massificação, advocacia, experimentação e aplicação do
conhecimento, informação e tecnologia nos processos de tomada de decisão
sobre o maneio florestal sustentável.
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 35

Os problemas identificados foram:


1. Fraca ligação entre investigação científica sobre florestas e meio ambiente e os
tomadores de decisão
2. Falta de uma entidade nacional com funções de coordenação da investigação
florestal ao nível interinstitucional e nacional e de melhoria da visibilidade e
impacto da investigação sobre florestas e meio ambiente realizada no pais.
3. Falta de uma plataforma nacional que sirva de meio de aglutinação, divulgação e
partilha de dados, métodos e resultados sobre a investigação sobre florestas e
meio ambiente no pais.
4. Fraca coordenação entre os diversos actores nacionais e internacionais
relativamente aos trabalhos de investigação sobre florestas e meio ambiente no
país.
5. Falta de priorização das actividades de investigação sobre florestas e meio
ambiente no país, e por conseguinte, falta de critérios de priorização de
financiamento para investigação.
6. Falta de garantias de financiamento para assegurar a continuidade de
programas de investigação florestal de medio e longo prazo e multi-abrangentes.
Por exemplo, a investigação de eventos climáticos e da dinâmica dos sistemas
ecológicos exige longos períodos de observação que possibilitam captar
tendências de variação cujos padrões não são perceptíveis a curto prazo.
7. Duplicação de esforços e desperdícios dos recursos escassos necessários para a
investigação.
A análise FOFA realizada, sobre a investigação florestal no pais, gerou os seguintes
resultados.
Pontos fracos –investigação florestal
§ Falta de um programa nacional de investigação florestal no país, que priorize
linhas de pesquisa dentro do conjunto de alternativas de investigação possíveis;
§ Fracas oportunidades de financiamento para investigação no sector florestal
comparado, por exemplo, com o sector de agricultura;
§ Fraca articulação entre os actores que realizam e/ou apoiam a investigação
sobre florestas e meio ambiente no pais, o que resulta na dispersão da
investigação e na duplicação de esforços e recursos financeiros escassos;
§ Projectos e programas de desenvolvimento em geral contemplam estudos, não
actividades de investigação, o que reduz as oportunidades de financiamento da
investigação florestal;
§ Fraca partilha, disseminação e publicação do conhecimento ou informação
gerada por projectos e programas de desenvolvimento implementados no pais
§ Falta de laboratórios públicos sobre assuntos de florestas no pais (por ex. solos,
biomassa) que sejam acreditados que de modo a satisfazer os requerimentos de
garantias de qualidade técnica dos trabalho de investigação científica e de
consultorias;
§ Fraca articulação entre as actividades de investigação levadas a cabo as diversas
instituições de ensino e investigação (por ex. UEM, UniLURIO, UniZambeze),
centros e institutos nacionais de investigação (por ex. IIAM, CDS-RN,
CENACARTA), entre outros organismos do Estado;
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 36

§ Fraca garantia de financiamento para garantir a continuidade de programas de


investigação florestal a longo prazo;
§ Fraca coordenação e priorização dos trabalhos de investigação entre os diversos
atores, entre os que realizam investigação florestal e/ou apoiam o sector
florestal;
§ Fraca ligação da investigação e os tomadores de decisão;
§ Fraca integração de aspectos ambientais como parte dos planos de
desenvolvimento distrital;
§ Fraca qualidade de dados e informação existente sobre os ecossistemas
florestais no país, derivado da falta de uma rede nacional de sítios
(observatórios e parcelas permanentes) para observação, monitoramento e
investigação a longo prazo de fenómenos ecológicos e sociais e a maneira como
estes são afectados pela forma e intensidade de uso de recursos florestais, em
particular, e dos recursos naturais, em geral;
§ Existência de lacunas de conhecimento científico mesmo em temas que
tradicionalmente dominam os debates a volta do maneio florestal sustentável
desde a cimeira do Rio em 1992, por ex. exploração e transporte de produtos
florestais, processamento de produtos florestais madeireiros e não madeireiros,
ecologia e dinâmica florestal, entre outros;
§ Fraca partilha, divulgação e uso dos resultados da investigação científica
realizada no país pelos tomadores de decisão;
§ Deficiência de recursos humanos e financeiros para implementar iniciativas de
redução do desmatamento e degradação florestal, no âmbito das opções de
mitigação da mudanças climáticas através de florestas e nos níveis requeridos
internacionalmente;
§ Falta de um manual/caderno de metodologias nacionais padronizadas, para a
realização de inventários florestais nacionais, de recursos florestais e de
biomassa e carbono;
§ Fraca visibilidade internacional de publicações nacionais em decorrência do uso
da língua portuguesa na publicações.

Ameaças – investigação florestal
As ameaças ao desenvolvimento da investigação florestal são:

§ Fraca utilização do conhecimento científico produzido em Mozambique pelos
tomadores de decisão sobre florestas e ,meio ambiente;
§ Fraco financiamento institucionalizado para desenvolvimento da investigação
florestal;
§ Financiamento quando disponível condiciona a realização de estudos de curto
prazo (1-2 anos);
§ Difícil obter financiamento para programas o projectos de investigação – multi-
abrangentes e de longo prazo

Pontos fortes

§ Disponível capital humano para realizar investigação florestal;
§ Existência de instituições de ensino medio e superior com capacidade para
formar técnicos e investigadores sobre florestas e meio ambiente;

ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 37

. Oportunidades
§ Possibilidade de criação de um programa nacional de investigação sobre
florestas, meio ambiente e biodiversidade, que agrega diversos actores, linhas
orientadoras e de financiamento;
§ Projectos piloto do REDD+ em andamento que podem servir de base para
melhor o quadro político legal relativo à investigação florestal;
§ Possibilidade de criação de uma futura entidade nacional com funções de
coordenação da investigação florestal ao nível interinstitucional e nacional, que
faça controlo de qualidade da investigação florestal e que seja facultada para as
definições essenciais, quanto a prioridades e orientações temáticas de
investigação, dentro do conjunto de alternativas temáticas de investigação;
§ Existência de redes telemóvel para uso de dados digitais e aplicativos de
telefone no sector florestal;
§ Existência de parceiros nacionais e internacionais interessados em apoiar o
sector florestal e/ou participar na realização da investigação, em especial o
Banco Mundial, FIP, FAO, CIFOR, IIED, WWF, IUCN, JICA, FNI, USAID, entre
outros;
§ Existência de alguma capacidade técnica e institucional que mediante um
investimento não alto, poderia alavancar e dinamizar uma investigação florestal
de excelência no pais (por ex. UEM, UniLURIO, UniZambeze, IIAM, CDS-RN,
CENACARTA, entre outros);
§ Existência de várias instituições públicas e privadas, entre centros, institutos e
universidades com habilidade de treinar técnicos capazes de conduzir
investigação científica em várias áreas de conhecimento;
§ Possibilidades de estabelecer sinergias com redes regionais e internacionais de
investigação ecológica e ambiental, incluindo o Miombo network.

Tabela 20 - Vulnerabilidades e potencialidades da investigação florestal

As vulnerabilidades da investigação florestal são:


ü A falta de financiamento para a investigação florestal e ausência de coordenação
para investigação multissectorial aplicada, intensifica a investigação dispersa,
fragmentada e não utilização e valorização da investigação por parte dos
tomadores de decisão;
ü A falta de financiamento de investigação florestal reflecte-se na ausência de um
programa coordenado de investigação e na falta de visibilidade da investigação
florestal e sua incorporação na Agenda de Desenvolvimento do país.
ü A utilização da língua portuguesa nos trabalhos de investigação reduz a
visibilidade e valorização do conhecimento nacional acumulado.
As potencialidades da Investigação florestal
Quando conjugados os pontos fortes com as oportunidades da investigação obtemos as
seguintes potencialidades da investigação:
ü A existência de recursos humanos qualificados e de experiências piltotos e
programas na área do meio ambiente cria um potencial para financiamento e
implementação de investigação aplicada na área de florestas, biodiversidade,
meio ambiente com intervenção de vários actores para procura de soluções ao
desenvolvimento rural;
ü Temas transversais e emergentes como as mudanças climáticas reforçam a
oportunidade de criação de uma futura entidade nacional de coordenação da
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 38

investigação florestal ao nível interinstitucional e nacional;




Objectivo estratégico do Tema: Implementação de um
programa nacional de investigação florestal e da
biodiversidade coordenado, financiado e multi-abrangente
para a produção de informação, conhecimento científico e
tecnológico de apoio à agenda de desenvolvimento do país.

1.11 A herança do passado - ensino Florestal


Em Moçambique, o ensino, treinamento e capacitação florestal é categorizado em 4
etapas:
ETAPA 1 - Ensino geral ( sistema nacional de Educação)
ETAPA 2 - Técnico Profissional básico
ETAPA 3 - Técnico Profissional Médio
ETAPA 4 - Ensino Superior
Se outrora havia sobretudo maior concentração de atenção no ensino técnico
profissional através das escolas industriais, comerciais e institutos agrários, pois o
ensino superior de agronomia e silvicultura na Universidade de Lourenço Marques foi
criado apenas em 1968, actualmente se assiste a uma proliferação de ensino técnico
superior, deixando lacunas na formação de técnicos de campo com domínio do saber
fazer.

As escolas Industriais e Comerciais, outrora existentes, formavam técnicos básicos com
habilidades para ingressar no mercado de emprego nas várias áreas específicas de
formação. Em Moçambique, houve interrupção ou limitada oferta dos cursos básicos
profissionais e vocacionais oferecidos pelas escolas de artes e ofícios, devido a
dificuldades de operação, necessidade de equipamentos, oficinas e laboratórios
apropriados e falta de fundos para funcionamento. Posteriormente foram
transformadas as escolas de artes e ofícios em "escolas profissionais”.

Existem no País, mais de 108 escolas de formação técnico-profissional e mais de 2500
professores envolvidos. Porém, somente duas escolas oferecem educação florestal. É de
destacar que o Instituto Agrário do Chimoio foi pioneiro na formação de técnicos
florestais no país e continua liderando a formação específica florestal e o Instituto
Agrário de Bilibiza ( tabela...). Outras instituições de ensino, treinamento incluem as
escolas vocacionais dirigidas pelas igrejas, como é o caso de Casa Gaiato, Dom Bosco,
Salesianos, Escola dos Padres de Gurué. Estas instituições oferecem ou pretendem
oferecer cursos básicos (artes-e-ofícios) afins ao sector florestal como: carpintaria,
torno, mecânica geral.

A falta de técnicos com formação vocacional ou profissional básica/ elementar fragiliza
o sector florestal, pois resulta em escassez de mão-de-obra capacitada para prestar
assistência técnica para a maioria dos serviços de estabelecimento e gestão de
plantações florestais, operações de máquinas florestais e processamento de produtos
florestais. As empresas florestais recorrem a mão-de-obra local muitas das vezes sem
nenhuma instrução formal e específica, resultando em avarias, acidentes e fraco
desempenho geral.


Tabela 21 - Principais actores no ensino florestal vocacional
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 39

Actores Níveis
Elementar Básico Médio

Escola dos Padres de Gurué x x a partir de
2019
Escola Profissional Dom Bosco x x a partir de
2019
Casa do Gaiato x
Centros de formação vocacional de x
Moamba, Manica e Zambézia

Instituto de Formação Profissional e x
Estudos Laborais (Alberto Cassimo)
(antigo INEFP)
Instituto Agrário de Chimoio (IAC) x
Instituto Agrário de Bilibiza (IAB) x x

A Universidade Eduardo Mondlane constitui a instituição mais antiga e líder na
educação florestal, seguida pela Universidade do Zambeze (Mocuba), Universidade do
Lúrio (Unango) e os Institutos Superiores Politécnicos de Gaza e Manica. Outras
instituições que oferecem cursos afins na área do ambiente com enfoque na área de
gestão ambiental incluem a Universidade Técnica de Moçambique, Universidade São
Tomás, Instituto Superior de Gestão Economia e Finanças. Os institutos superiores e
politécnicos diferentemente das universidades, são instituições do ensino superior com
a missão de formar técnicos empreendedores e inovadores. Espera-se que estes sejam
incubadores de negócios e centros de recursos técnicos e tecnológicos que facilitem a
criação de um empresariado nacional à altura dos desafios de desenvolvimento
socioeconómico do País.

Tabela 22 - Principais actores do ensino superior na área florestal

Instituições Abreviatura Níveis


Instituições públicas
Licenciatura Mestrado Doutoramentos
Academia de Ciências ACIPOL Polícia de Protecção
Policiais de recursos naturais
Instituto Superior ISPG Engenharia Florestal
Politécnico de Gaza
Instituto Superior ISPM Engenharia Florestal
Politécnico de Manica
Universidade Eduardo UEM/ FAEF Engenharia Florestal Ciências Recursos
Mondlane Florestais, Florestais
Maneio e
Conservação
da
Biodiversidade
UniLurio- Faculdade Engenharia Florestal
de Ciências Agrárias
(Niassa)
UniZambeze Engenharia Florestal,
Engenharia
Ambiental e dos
Recursos Naturais

ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 40

Instituições Privadas
Universidade Católica UCM Gestão Ambiental e
de Moçambique Ciências Agrárias
Universidade São USTM Ciências Agrárias
Tomás de
Moçambique
Universidade Técnica UDM Engenharia Ambiental
de Moçambique e Gestão de Desastres
(LEBA/GD)
Universidade Jean UJPM Engenharia do
Piaget de Ambiente e
Moçambique Desenvolvimento
Sustentável
Instituto Superior de ISGECOF Gestão Ambiental
Gestão, Comércio e
Finanças
Instituto Superior ISM Gestão do Meio
Monitor Ambiente

É evidente a lacuna de instituições de ensino que garantam a educação aos níveis de
base ou de artes-e-ofício, vocacional, técnico básico e médio. Contudo, houve
massificação de instituições de ensino aos níveis de educação superior. Em termos de
números de graduados, as estatísticas são agregadas (agricultura, florestas e
veterinária) sendo disponíveis apenas os dados para o ensino superior. Em 2015, as
instituições públicas e privadas graduaram 292 estudantes das áreas de agricultura,
florestas e veterinária.

Na vertente de capacitações e treinamentos, a Direcção Nacional de Florestas e Fauna
Bravia (DNFFB), actual Direcção Nacional de Florestas (DINAF) promovia capacitações a
fiscais já formados e/ou ajuramentados, assim como treinamento continuo de fiscais,
para actualizar sobre as matérias da legislação. A formação específica de fiscais era
liderada pelo Parque Nacional de Gorongosa, enquanto que para as outras áreas
específicas como gestão participativa de recursos naturais, mercados e planos de
negócios, planificação participativa, monitoria e avaliação, produção de carvão,
propagação de bambu, produção de vinagre de madeira, uso de motosserra, tecnologias
de exploração, entre outras áreas foram lideradas em parte pela DNFFB no âmbito dos
vários projectos de assistência técnica pela FAO, Finlândia, assim como por parcerias
com UEM, Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, em colaboração com a
Universidade Federal do Paraná, Brasil. Para a formação específica o grupo alvo eram
comunidades locais, trabalhadores de empresas florestais, e técnicos do sector de
florestal ligadas as áreas de implementação da formação.

As recentes medidas de incentivo à industria florestal derivadas do banimento da
exportação de toros, poderá criar uma maior necessidade de técnicos para o sector,
incluindo a figura de extensionistas florestais para provisão de assistência técnica na
preparação e apoio das comunidades para redução de desmatamento e adopção de
técnicas de agricultura de conservação, sistema agro-florestais e para esquemas de
fomento florestal junto das comunidades.

Árvore de problemas e análise FOFA - ensino florestal



ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 41

Para além de questões culturais que afectam o ensino florestal, foram identificados 6
grandes áreas de problemas adicionais

(i) Desarticulação entre o ensino e o contexto nacional, expressa na falta de
alinhamentos dos conteúdos e competências , dos objectivos estratégico do
sector de educação ou formação com os diferentes níveis de política de
desenvolvimento do país e sectorial;
(ii) Desarticulação entre os diferentes níveis de ensino e treinamento florestal,
expresso no fraco alinhamentos dos curricula desde o ensino básico, técnico
profissional e superior;
(iii) Limitado número de unidades de ensino elementar, básico e técnico
profissional vocacionado a cursos prioritários;
(iv) Falta de investimentos ou disponibilidade de fundos para investir em
infraestrutura e tecnologia para reforço da aprendizagem técnica e
desenvolvimento de habilidades específicas ( sobretudo infra-estruturas e
equipamentos para componente prática);
(v) Falta de recursos humanos qualificados para provisão de formação e
divulgação de práticas florestais sustentáveis (extensionistas florestais
capacitados) assim como dar suporte técnico às empresas florestais;
(vi) Dificuldades de emprego agravada pelo não cumprimento da
obrigatoriedade de contratação de mão-de-obra nacional qualificada;
(vii) Questões culturais


Fraquezas
• Fraco alinhamento das políticas sectoriais de educação na definição de perfis
profissionais e ocupacionais que respondam as necessidades reais do sector;
• Falta de cursos de artes e ofícios para a formação de operadores de serras, de salas
de manutenção das serras e de supervisores das serrações, e outras tarefas chave
para uma empresa florestal;
• Necessidade de reforçar os currículos do ensino técnico-profissional superior em
processamento de madeira de plantações florestais;
• Falta de um sistema de credenciamento de técnicos do sector que valorize a
educação não formal/ experiência prática de potenciais provedores de serviços;
• Baixa organização empresarial. A maioria destas unidades de concessões florestais
de matas nativas pertence a pessoas com limitados conhecimentos de gestão e da
própria indústria florestal, resultando em baixo nível consciencialização sobre a
necessidade de um sistema de produção devidamente organizado e formalizado;
• Falta de ensino básico e consequentemente inadequada capacitação e apoio
técnicos das comunidades, comités de gestão e camponeses e SDAE;
• Falta de integração de matérias florestais nos currículos de formação dos
extensionistas agrários e Serviços Distritais de apoio às actividades Económicas;
• Falta de instituições que oferecem uma educação que confira o desenvolvimento de
uma carreira vocacional estruturada: certificado de qualificação vs treinamento/
capacitação para levar a cabo as suas actividades eficientemente e em segurança/
sistema de credenciamento de técnicos do sector que valorize a educação não
formal/ experiência prática de potenciais provedores de serviços;
• Falta de um sistema de acreditação progressiva que reconhece a variedade de
cursos e experiência de trabalho para técnicos do sector florestal.

Ameaças
• Falta de alinhamento entre as necessidades técnicas para as áreas de
desenvolvimento do País (política vs perfis ocupacionais);
ANEXO 1 - DESAFIOS DA AGENDA FLORESTAL – 2019-2035 42

• Fraco investimento no subsistema de ensino técnico profissional (máquinas,


laboratórios, campos experimentais e de treino);
• Operacionalização limitada do observatório nacional do mercado do trabalho;
• Mudanças de políticas e legislação florestal.

Pontos fortes
• Existência de pessoal qualificado para prover educação/ capacitação nos assuntos
de interesse do sector florestal e áreas afins: certificação florestal, saúde e
segurança ocupacional, legislação, etc;
• Existência de instituições de ensino técnico profissional e superior com capacidade
de constituir núcleos de aperfeiçoamento de profissionais qualificados.

Oportunidades
• Visão governamental sobre a necessidade de reformas no sector do ensino técnico
profissional e vocacional;
• Introdução da carreira de extensionistas florestal;
• Existência de observatório nacional de mercado de trabalho.

Tabela 23 - potencialidades e vulnerabilidades do ensino forestal

Potencialidades
ü Conjugação de ensino florestal durante treinamentos de estágios e sector
público e privado;
ü integração do ensino florestal na rede de extensão agrária.
Vulnerabilidades
ü Dificuldades para emprego de trabalhadores florestais qualificados num
contexto empresarial pouco desenvolvido;
ü A falta de extensão florestal e do domínio do “saber fazer”
ü Ensino desarticulado dos temas emergentes e necessidades de desenvolvimento



Objectivo estratégico do tema: Formar técnicos florestais
qualificados, competitivos e com habilidades que garantam
assistências técnica na produção, maneio e uso sustentável
dos recursos florestais no País.

ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 1

Instituições Orçamento
implementadoras Indicativo

Meticais
Resultados indicadores de horizonte colabora (x1000m
Acções ( P.N.F) esperados desempenho temporal Lider ção (US$) t)
OBECTIVO 1 - Reforçar o desenvolvimento sócio-económico e segurança alimentar tendo como foco o envolvimento das
comunidades
AS COMINIDADES EM PRIMEIRO LUGAR E NO CENTRO DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
área de intervenção: fortalecimento das OCB's e comunidades 10.599.480 657.168
Banco de dados
Melhorado o
Criar, manter e actualizar estabelecido e funcional;
conhecimento e
cadastro das OCB's e Pelo menos 80% de
dados sobre
comunidades em áreas florestais actores fornecem dados OSC's;
comunidades
do MCRN; contínuo MITADER MASA, 7.200.000 446.400
OCB's reconhecidas Procedimento de
Rever, propôr, aprovar e OSC's;
no quadro legal e representação, formação,
incorporar no quadro legal, os MASA;
consideradas registo e legalização das 35.640
orgãos de representação das MICTUR;
representativas da OCB's aprovado por
comunidades locais MIMAIP;
comunidade decreto;
até 2024 MITADER MEF 2.210
Aumentadas o
Até 2035, legalizados
número de
Apoiar a criação de orgãos de 3000 orgãos de
comunidades com contínuo 1.800.000
representação local representação
representação
comunitária
legalizada
MITADER OSC's 111.600
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 2

institucionalizar um fundo melhorado o


comunitário derivado de receitas mecanismo de Proposta de fundo MEF/
provenientes de benefícios do canalização de comunitário aprovada, contínuo MIMAIP/M
maneio florestal e pagamentos beneficios às estabelecido e operacional ASA/MICTU
por serviço ambientais comunidades MITADER R 1.563.840 96.958
Área de intervenção: promoção de áreas de gestão comunitária e empoderamento das comunidades 3.349.080 207.643
Até 2035 pelo menos 16 MITADER,
unidades de maneio sob MASA;
contínuo
Promover a gestão comunitária gestão comunitária MICTUR,
áreas de gestão
de recursos florestais, boas criadas e em operação OSc's MEF; 3.240.000 200.880
comunitária
práticas e empoderamento das Até 2024 sistema de
aumentadas
comunidades locais monitoria e fiscalização MITADER;
comunitária operacional e MASA;
implementada até 2024 OSC's MICTUR 109.080 6.763
Área de intervenção: Promoção de atividades de geração de rendimento e parcerias 53.136 3.294
Melhorar o conhecimentos sobre
Reduzidos os nós de
os pequenos negócios e Nr de negócios em
estrangulamento
actividades de geração de implementação: Valor
para iniciativas
rendimento baseados nos (mt) dos rendimentos MITADER/
locais de geração de
recursos florestais - madeireiros gerados MASA/
rendimento
e não madeireiros até 2024 OSC's MICTUR 53.136 3.294

Área de intervenção: Promoção de parcerias e canalização de benefícios 617.892 38.309


Formular guião de modelo/acordo-tipo nr de Parcerias
procedimentos para negociação, de parcerias comunidades-estado-
estabelecimento e formalização aprovado e parcerias sector privado OSC'S/
de parcerias com comunidades em implementação estabelecidas até 2024 MITADER ACADEMIA 69.380 4.302
% de residentes em áreas
locais que manifestam
Traduzir em línguas locais dos conhecimento dos termos
guiões, contractos e acordos . guiões e modelos de e condições das parcerias
parceria divulgados estabelecidas ou por
em lingua local estabelecer até 2024 OSC'S PRIVADOS 150.000 9.300
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 3

Mecanismo de
consulta para
obtenção de FPIC -
Rever, reformular e aprovar Nr de conflitos resultantes
free prior informed
mecanismo de consulta e sua de incumprimento de
consent, revisto,
incorporação no quadro legal consultas
validado e
incorporado no OSC'S /
quaro legal até 2024 MITADER PRIVADO 35.640 2.210
Estabelecer e implementar Monitoria de Nr de parcerias
mecanismo de monitoria e parcerias em monitoradas e redução contínuo
avaliação periódica de parcerias implementação dos principais problemas OSC'S /
MITADER PRIVADO 293.492 18.197
Rever, simplificar , definir e
divulgar mecanismos legais e
Melhorado o sistema
admnistrativos de alocação de Aumentada a canalização
de actual de
taxas de exploração florestal e de beneficios às
canalização de
demais beneficios de sua comunidades
beneficios
canalização transparente às
comunidades locais MITADER MEF 69.380 4.302

. 2. Desenvolvendo as cadeias de valor dos produtos florestais (madeira, energia e produtos florestais não madeireiros)

Área de intervenção: maneio sustentável e boas práticas


35.608.576 2.207.732
Procedimentos de
inventário, planos de OSC'S /
Promover boas praáticas de melhorados os maneio, planos de PRIVADO
maneio e exploração florestal procedimentos de exploração, indicadores /
abastecimento de de monitoria de monitoria ACADEMI
matéria prima revistos e melhorados até 2024 MITADER A 209.296 12.976
Procedimento claro, OSC'S /
Rever o sistema de licenciamento,
melhorados os expedito e reduzidas PRIVADO
acesso, uso e aproveitamento dos
procedimentos e oportunidades para o /
recursos florestais naturais
eficácia corte ilegal e sobre- até 2024 MITADER ACADEMI 134.080 8.313
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 4

exploração A

operadores
Promover sistema de incentivos incentivados a nr de operadores
e penalizações com base no melhorar as práticas aplicando boas praticas e
desempenho; de maneio reduzidos os números de OSC/PRI
sustentavel acidentes no trabalho até 2024 MITADER VADOS 117.040 7.256
PRIVADO
Promover o rastreamento da sistema de S/MASA/
origem da madeira e e- rastreamento da Conhecimento da origem ALFANDE
governação origem da madeira da madeira e eliminado o GAS /
testado e operacional corte ilegal até 2024 MITADER MIC 277.728 17.219
Regras de uso do recurso
florestal ( madeireiro e
não madeireiros)
negociadas e acordadas,
protecção de áreas locais
de conservação da
biodiversidade animal (
fauna bravia) e vegetal OSC'S /
Promover a gestão integrada e
gestão integrada de aprovados, incluindo PRIVADO
integral dos recursos florestais (
áreas de maneio sistema de monitoria e /
madeireiros e não madeireiros)
florestal penalidades baseado em ACADEMI
em unidades de maneio florestal
resultados até 2024 MITADER A
Aproveitamento de
ramadas e reduzidos os
desperdícios nas florestas PRIVADO?OSC' MITADER
e cadeias de valor 2025-2030 s /MASA
Nr de actividades de eco-
turismo em áreas de MITADER
produção florestal 2025-2030 MICTUR /MASA 2.200.000 136.400
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 5

OSC'S /
02 -04 Unidades de PRIVADO
Maneio Florestal em /
regime piloto MITADER/MA ACADEMI
estabelecidas até 2024 SA A
pelo menos 50 Unidades OSC'S /
de Maneio Florestal PRIVADO
delimitadas, /
estabelecidas e MITADER/MA ACADEMI
operacionais até 2035 SA/ENERGIA A 32.500.000 2.015.000
assegurar que as áreas florestais
de maior potencial produtivo
sejam delinenadas em unidades
de maneio florestal e mantidas proposta de área florestal
como áreas forestais produtiva permanente; Nr
permanentes e integradas no de hectares de floresta de
plano nacional de ordenamento produção ( 17 milhões de MASA/
do território. ha) mantido e aumentado até 2024 MITADER MINAS 170.432 10.567
Área de intervenção: Processamento e agregação de valor
796.688 49.395
Estabelecer pacote de incentivos
e ambiente favorecedor de
investimento na industria de CTA/
transformação de produtos MIC/
madeireiros e não madeireiros tipo de incentivos até 2024 MITADER MISAU 114.644 7.108
Promover o acesso a tecnologias
industria florestal
de processamento modernas para
competitiva
os operadores florestais (parques
industriais) especialmente para
melhorar o rendimento e a MIC/
qualidade do produto final e MEF/
maximizar o aproveitamento de 03 parques industriais CTA/
resíduos; incentivados 2025-2030 MITADER MASA 441.744 27.388
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 6

Promover e apoiar as MIC/


pequenas/medias industrias ao Nr de PME's envolvidas contínuo MIREME/
longo da cadeia de valor nas cadeias de valor MITADER MASA 96.120 5.959
Rever a figura legal de "produto reduzidas as MASA/
em instância, autorizações, e oportunidades de contínuo PGR/PPR
produto acabado" ilegalidades MITADER N 96.120 5.959
Desenvolver políticas aduaneiras
que promovem a exportação de
produtos florestais acabados e
incentivos fiscais para a aumento de exportação de MEF/
importação de equipamento produtos acabados e de ALFANDE
florestal maior valor agregado 2025-2030 MITADER GAS/ AT 48.060 2.980
Área de intervenção: coleta de taxas e canalizações 399.404 24.763
mecanismo de
actualização de taxas
Rever mecanismo e critérios de justo, eficaz e
actualização de taxas transparente até 2024 MITADER MEF/ AT 82.040 5.086
aumentada a contribuição MEF/
Rever e operacionalizar do sector e de canalização MIMAIP/
aumentada a colecta
mecanismos de colecta e transparente de taxas MASA/MI
de taxas e de
canalização de taxas incentivando parcerias até 2024 MITADER CTUR 99.752 6.185
canalização
Propor e implementar um Fundo PRIVADO
de apoio ao desenvolvimento da fundo de apoio à industria MITADER/MA S/
industria florestal florestal criado 2025-2030 SA/ MEF OSC/CTA 121.244 7.517
Consignar parte do valor das MITADER/
receitas às comunidades com proposta de consignaçao MIREME/ PRIVADO
base em resultados preprarada e aprovada até 2024 MICTUR S/ OSC 96.368 5.975

1.501.782.4
Área de intervenção: criação de ambiente favoravel e apoio ao estabelecimento de plantações 82 93.110.514
quadro reduzidas /eliminadas as MIREME/
Desenvolver quadro legal legal/institucional incongruências no quadro MITADER ACADEMI
adequado e coordenado favorável legal/institucional para as 2019-2030 /MASA A/ 99.504 6.169
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 7

plantações JUSTICA

Rever e adequar os arranjos


institucionias para fortalecer uma
entidade central de gestão de
informação e conhecimento para quadro institucional MIREME/
facilitar e dinamizar favorável e promotor MITADER ACADEMI
investimentos neste domínio; de plantações /MASA A -
Aprovar o mapa de uso de terra,
indicando as áreas potenciais
para plantações florestais, a nível
nacional, provincial e distrital e zoneamento de pelo
realizar, nestas áreas, estudos de menos 2 milhões de
avaliação de impacto ambiental hectares para plantações
estratégico para facilitar florestais actualizado e MINAS/
investimento em plantações divulgado a todos os MITADER/ ENERGIA
florestais; realizado e niveis até 2024 MASA / MIC 170.416 10.566
implementado áreas e regras de
Preparar e divulgar um guião
ordenamento investimento em
(roadmap) para investidores em
territorial para plantações claras e MASA/
plantações florestais;
plantações divulgadas até 2024 MITADER 10.292 638
Desenvolver e implementar base de dados das
sistema de registo e monitoria de plantações actualizada e MASA/ OSC'S /
estabelecimento de plantações criar base de dados implementada até 2024 MITADER PRIVADO -
Preparar e aprovar mecanismos e MASA/
estratégia de envolvimento das MITADER
comunidades e de parcerias nas /
plantações florestais visando reduzidos conflitos Nr de conflitos com PRIVADO
aumentar a renda familiar com as comunidades comunidades até 2024 OSC's S 59.528 3.691
Consignar uma percentagem do
valor das taxas de exploração implementado o nr de hectares
para o estabelecimento de fomento florestal e a estabelecidos com
plantações florestais e instituir utilização das taxas sobrevivência acima de MEF/MASA/ OSC's/PR
mecanismos de consignação, consignadas 70% 2019-2030 MITADER IVADOS 66.568 4.127
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 8

utilização e monitoria.

Criar incentivos para certificação estabelecidas as


florestal e desenvolvimento de condições nacionais nr de empresas MASA/ OSC'S /
padrões nacionais para certificação /produtores certificados 2025-2030 MITADER PRIVADO 128.624 7.975
Promover o estabelecimento e
desenvolvimento de pequenas e
médias empresas nacionais na
área de plantação, maneio, nr de empresas e
processamento primário e apoiar a empregos gerados em TRABAL
secundário da madeira de terceirização e sistema de fomento HO /
plantações florestais prestação de serviços florestal até 2024 MIC/ MASA MITADER 20.656 1.281
elaborar proposta para criação do PRIVADO
fundo de fomento florestal e nr de hectares S/ CTA/
mecanismo de funcionamento e fundo de fomento estabelecidos em sistema MEF/ MASA/ OSC's
subsidio de plantações. florestal de fomento florestal até 2024 MITADER /MIC 33.168 2.056
PRIVADO
Rever, melhorar, simplificar e S/ CTA/
implementar os procedimentos procedimentos guião de procedimentos MASA/ OSC's
de acesso à terra para plantações claros e simplificados elaborado e aprovado até 2024 MITADER /MIC 56.584 3.508
PRIVADO
Elaborar e aprovar os instrumentos de nr de instrumentos S/ CTA/
instrumentos de ordenamento do ordenamento aprovados MASA/ OSC's
território para plantações actualizados até 2024 MITADER /MIC 11.292 700
50 distritos com
Participar na elaboração e revisão planos de plantações nr de hectares para
dos planos estratégicos de em especial nos plantações identificadas
desenvolvimento distrital de corredores de nos planos de
acordo com as potencialidades desenvolvimento e desenvolvimento MASA/ OSC'S /
locais para plantações áreas degradadas distritais até 2024 MITADER PRIVADO 564.600 35.005
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 9

Promover estabelecimento de
plantações com espécies de
rápido crescimento para suportar 1 milhão de hectares
contínuo
uma indústria florestal moderna estabelecidos com nr de hectares
no país ( 1 milhão de hectares até 50% de subsidio de estabelecidos; nr de MASA/ OSC'S / 1.499.970.0
2035) plantação hectares subsidiados MITADER PRIVADO 00 92.998.140
Apoiar o estabelecimento de uma pelo menos 50 viveiros
rede de viveiro distritais, estabelecidos/identificad
privados e comunitários e os para apoio aos 50 contínuo
sistemas de colecta, beneficiação distritos em corredores MASA/ OSC'S /
e tratamento de sementes rede de viveiros de desenvolvimento MITADER PRIVADO 591.250 36.658

Área de intervenção: Transformação e comercialização de produtos derivados das plantações 89.720 5.563
incentivo à
Desenhar e aprovar sistema de agregação de valor
incentivos para investimento em nos produtos nr de unidades de
industria florestal com base em derivados das processamento e polos MITADER
plantações florestais plantações industriais 2030-2035 MASA/ MEF / CTA 55.424 3.436
Estabelecimento de
procedimentos de promoção de aumento de consumo de
consumo de produtos locais produtos nacionais MASA/ PRIVADO
consumo de
(Made in Mozambique); derivados de plantações 2025-2030 MITADER S/ MIC 9.420 584
produtos nacionais
melhorado o padrão dos MASA/
Desenho e padronização de aumentado
produtos florestais MITADER/
produtos processados para o
nacionais provenientes ACADEMIA/ MIC/
mercado interno;
das plantações 2025-2030 PRIVADOS MIREME 24.876 1.542
Área de intervenção: quadro legal incentivador da produção sustentavel de combustiveis lenhosos e
integração de políticas
5.611.956 347.941
Desenvolver um quadro legal quadro legal revisto e
formalização do
adequado e harmonizado com as aumentado o
subsector de
politicas e estratégias de licenciamento de MITADER OSC's/
combustíveis
reflorestamento e energia da combustíveis lenhosos ( /ENERGIA/ PRIVADO
lenhosos
biomassa capaz de assegurar a actualmente 2% do até 2024 JUSTIÇA S 284.976 17.669
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 10

exploração e produção consumo)


sustentável de lenha e carvão
vegetal;

ENERGIA
Rever o regime de licenciamento, / incluido na
registo e exploração e produção ACADEMI actividade
de combustíveis lenhosos até 2024 MITADER A anterior -
quadro legal incentivador da
estabelecimento de 5
criação de unidades de maneio
áreas piloto e quadro legal
florestal para fins de produção de ENERGIA
favorável a áreas de
combustíveis lenhosos geridas /
maneio para fins
por associações , cooperativas ou ACADEMI
energéticos
acordos de parceria 2025-2030 MITADER A 5.000.000 310.000
Estabelecer um banco de dados
aumentar o
dos produtores de carvão/ nr de produtores ACADEMI
conhecimento da
industrias consumidoras e de quantificado e áreas de A/
cadeia de valor e
associações de transportadores produção mapeadas MITADER/ PRIVADO
seus actores
de carvão existentes até 2024 ENERGIA S/ OSC's 185.056 11.473
Rever a cadeia de valor do carvão
vegetal e incentivar a redução de
aumentada a
desperdicios e maior
eficiência de
rendimentos para os produtores (
transformação e
incluindo os termos e condições ACADEMI
reduzidos os
para aproveitamento de ramadas, reduzir desperdicios e A/
desperdícios
costaneiras e serradura, entre aumentar rendimentos PRIVADO
outros) dos produtores até 2024 MITADER S/ OSC's 46.932 2.910
preparar e aprovar mecanismo de
incentivos para o consumo de aumentado o
briquetes de carvão e de carvão aproveitamento de MIC/
proveniente de plantações residuos MEF/
florestais 2025-2030 MITADER ENERGIA 94.992 5.890
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 11

Área de intervenção: Incentivos para estabelecimento de plantações para fins energéticos 53.692.728 3.328.949
promover e incentivar o uso de
combustíveis lenhosos Reduzido o consumo redução de 75% do
provenientes de plantações industrial de energia consumo industrial de
florestais e/ou resíduos pelas da biomassa combustíveis lenhoso
industrias consumidoras destes proveniente de provenientes de floresta ENERGIA/ OSC's/AC
combustíveis; floresta nativa nativa 2025-2030 MITADER ADEMIA 47.496 2.945
elaborar proposta de canalização OSC'S /
e aplicação do fundo de PRIVADO
reflorestamento para incentivo 100% de sobretaxas MITADER/ /
de reposição florestal para de reflorestamento canalização de taxas para MASA/MIREM ACADEMI
produção de energia canalizadas reflorestamento até 2024 E A 96.144 5.961
incentivar/subsidiar o
estabelecimento de plantações
florestais comerciais privados e OSC'S /
sistemas agroflorestais,e rede de 60.000 hectares contínuo PRIVADO
produtores comunitários e fomentar e subsidiar estabelecidos até 2035 /
familiares de média e larga escala plantações para fins para fins energia com MITADER/ ACADEMI
para fins energéticos energéticos 50% de subsidio MASA A 45.000.000 2.790.000
incentivar a produção de mudas criação de rede de
como oportunidade de negócio e viveiristas nas OSC'S /
uso de espécies nativas e/ou comunidades e PRIVADO
contínuo
exóticas de rápido crescimento distritos como apoio a formação e /
para parcelas de produção de alternativa de distribuiçãode kit inicial MASA/ ACADEMI
energia; rendimento de 400 viveiristas MITADER A 600.000 37.200

Área de intervenção: comércio responsável de combustíveis lenhosos e integração de políticas


6.385.572 395.905
OSC'S /
Introduzir mecanismos que fomentar o comércio PRIVADO
permitam a certificação nacional responsavel de MITADER /
dos combustíveis lenhosos; combustíveis selo de origem e /MIREME/ ACADEMI
lenhosos composição do carvão 2030-2035 MASA A 63.516 3.938
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 12

Promover uma consciência do


impacto do uso de carvão das MIDIA/
florestas nativas e campanhas de 2 campanhas de advocacia contínuo OSC's/
sensibilização para carvão ambiental orientada à MITADER ACADEMI
"plantado". energia da biomassa/ano /MIREME A 1.500.000 93.000
Promover a coordenação e
cooperação entre o sector de
florestas e de energia da
biomassa para se alcançar o OSC'S /
contínuo
abastecimento energético com PRIVADO
base na exploração sustentável Unidade multisectorial de /
dos recursos e fontes energia da biomassa MIREME/MIT ACADEMI
alternativas; criada em operacional ADER A 3.942.000 244.404
Criação de incentivos e OSC'S /
politica florestal e
compensações/contrabalanços valor dos contrabalanços PRIVADO
energetica
derivadas de outras fontes de canalizado para o contínuo /
integradas para
energia para apoio ao sector subsector da energia da MIREME/MIT ACADEMI
promoção de
florestal; biomassa ADER A 32.040 1.986
redução de emissões
redução do consumo
das cadeias de valor
doméstico de carvão
de combustiveis
vegetal ( 1% /ano) nos OSC'S /
lenhosos
Promover e massificar a centros urbanos e do PRIVADO
utilização industrial e doméstica consumo industrial ( MIREME/ /
de fontes alternativas de energia menos 75%), proveniente MITADER/ ACADEMI
à biomassa lenhosa de florestas naturais. 2025-2030 MIC A 800.520 49.632
OSC'S /
PRIVADO
reduzido o consumo de
estudo de subsidios para MIREME/ /
combustiveis lenhosos
estimular o uso de fogões mais MITADER/ ACADEMI
eficientes ( de lenha e de carvão) até 2024 MIC A 47.496 2.945
Área de intervenção: aumentar o conhecimento e valorização dos PFNM 1.636.096 101.438
Fazer o mapeamento e criacao de incorporados os todos os inventarios e MISAU/
banco de dados dos PFNM do PFNM nos planos de maneio incluem MIC/
país, em especial daqueles instrumentos de os PFNM até 2024 MITADER ACADEMI 128.160 7.946
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 13

considerados prioritários e com maneio e gestão A


procura no mercado florestal

Inventariação, cadastro e SAUDE/


ordenamento territorial MIC/
considerando os principais ACADEMI
PFNM, sobretudo daqueles sobre A/ Obras
pressão comercial até 2024 MITADER Publicas 429.968 26.658
Inclusão de PFNM no sistema de
informação florestal, cobrindo os ACADEMI
inventários dos recursos, A/
produção, processamento e cadastro dos PFNM PRIVADO
comercialização actualizado e operacional até 2024 MITADER S/ OSC's 57.728 3.579
incentivar a participação de ACADEMI
actores ligados aos PFNM nos melhorado o A/
foruns de decisão- rede de pontos conhecimento das rede nacional de pontos PRIVADO
focais cadeias de valor focais estabelecida contínuo MITADER S/ OSC's 1.020.240 63.255
Área de intervenção: uso sustentável dos PFNM e aumento da contribuição do sector florestal no
desenvolvimento local 292.560 18.139
Promover boas práticas de
colheita e maneio florestal para melhoradas as MITADER
PFNM (manuais e trocas de praticas de colheita ACADEMIA/O /PRIVAD
experiencias) dos PFNM nr de manuais produzidos 2025-2030 SC'S OS 55.912 3.467
Metodologia de inventariação,
extracção sustentavel, aplicação metodologia de inventário
de tratamentos silviculturais dos metodologias e registo de extracção ACADEMIA/M MISAU/
PFNM, monitoria e certificação desenvolvidas estabelecido 2025-2030 ITADER OSc's 51.368 3.185
apoiar a domesticação e
criação/replantio de espécies ( aumentado o MISAU/
animais e vegetais) com valor conhecimento sobre OSC's/
local e comercial (medicinal, domesticação/ manuais de ACADEMIA/M PRIVADO
alimentar, entre outros). plantio plantio/domesticação 2025-2030 ITADER S 38.912 2.413
consumo
Padrões para certificação ou selo responsável nr de produtos com selo ACADEMIA/ OSC'S /
verde incentivado verde 2025-2035 MITADER PRIVADO 146.368 9.075
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 14

Área de Intervenção: Apoiar o desenvolvimento das cadeias de valor dos PFNM 753.643 46.726
aumentadas as MASA/
Melhorar e apoiar as cadeias de oportunidades de negocio MITADER
valor existentes dos PFNM e favorecidas novas ( mais produtos, mais /
identificar novas oportunidades oportunidades de agregação de valor) e os MIC/ PRIVADO
de negócio e inovações negocio rendimentos obtidos até 2024 MITADER S 111.283 6.900
MASA/
Incentivar o processamento a MITADER
nível local e acesso a crédito - facilitado o acesso a /
acesso aos fundo de desenvolv. credito para nr de creditos concedidos MIC/ PRIVADO
Industrial/fundo comunitário negócios a nivel local e nivel de reembolso 2025-2030 MITADER S 15.456 958
Promover troca de experiencias e OSC'S /
capacitação 15 elementos /ano contínuo MITADER PRIVADO 603.720 37.431
Revisão da pauta aduaneira dos MIC/
produtos envolvidos nas cadeias MITADER/
de valor dos PFNM e redução de incentivo de tipo de barreiras ALFANDEGAS OSC'S /
barreiras ao negócio negocios de PFNM reduzidas 2025-2030 / AT PRIVADO 23.184 1.437

3. visando o comércio sustentável


Área de Intervenção: Incentivo de mercado de produtos florestais 4.626.920 286.869
ACADEMI
Estudos de mercado e para a A/
criação de entrepostos de venda PRIVADO
de produtos florestais 05 entrepostos criados 2030-2035 MIC/MITADER S/ OSC's 4.377.780 271.422
padronização de produtos
florestais ( inclui os sacos ACADEMIA/ PRIVADO
Padronização e classificação dos de carvão vegetal ) MITADER/ S/ CTA/
produtos florestais aprovada até 2024 MIC OSC's 65.548 4.064
incentivar o uso de espécies aumentado o leque de ACADEMIA/ PRIVADO
secundárias espécies 2025-2030 MITADER S 24.984 1.549
Harmonizar metodologias de Reduzidas discrepâncias MITADER/ PRIVADO
registos ( alfandegas e florestas) e de estatísticas até 2024 ALFANDEGAS S/ CTA 89.968 5.578
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 15

procedimentos / AT

estabelecer Acordos de
entendimento com principais PAÍSES
mercados e produtos florestais acordos bilaterais para DE
visando comércio externo comércio sustentável MITADER/ EXPORTA
sustentavel e responsavel estabelecidos 2025-2030 MIC ÇÃO 68.640 4.256

OBJECTIVO 2 - Reforçar a resiliência às mudanças climáticas e desastres naturais

4. Integrando as florestas na planificação territorial e construção de sinergias florestas/agricultura/água e energia


Área de Intervenção: Avaliação e integração das reservas florestais e áreas de conservação florestal na
rede de áreas de conservação 436.888 27.087
classificar e zonear as áreas
florestais em categorias
funcionais e integração formal
destas áreas na Rede de Areas de ACADEMI
Conservação e no plano de A/
desenvolvimento territorial a PRIVADO
todos níveis. MITADER S/ OSC's 20.460
demarcar, cartografar e lançar no
tombo nacional de terras e
respectivos instrumentos de florestas de
ordenamento territorial as protecção e Reservas florestais ACADEMI
reservas florestais, florestas produtivas avaliadas e integradas na A/
sagradas e ás árvores de devidamente rede nacional de áreas de PRIVADO
interesse público; mapeadas conservação até 2024 MITADER S/ OSC's 330.004 -
Definir e descrever claramente os valores de ACADEMI
valores de conservação e divulgar conservação A/
a todos os níveis com enfoque ao conhecidos e nr de capanhas de PRIVADO
nível das comunidades divulgados divulgação MITADER S/ OSC's -
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 16

integrar as áreas de conservação


nos planos de desenvolvimento todas as areas de
distrital e alocação de parte de conservação florestal Min. Ad.
benefícios e PSE à administração AC integradas nos integradas nos planos Estatal /
distrital. planos distritais distritais 2025-2030 MITADER MEF 57.132 3.542
Acautelar e estabelecer a área
mínima de conservação da
cobertura florestal dos distritos pelo menos 20% de área
de maior projecção de florestal em todos os GOVERN
desmatamento e nos corredores área de cobertura distritos dos corredores OS
de desenvolvimento e bacias florestal minima de desenvolvimento e da PROVINC
hidrográficas; assegurada costa até 2024 MITADER IAIS 49.752 3.085

Área de Intervenção: Melhorar o quadro legal considerando a conservação florestal 270.976 16.801
Desenvolver quadro legal
favorável e atrativo para
investimento e co-gestão das sistema de gestão e ACADEMI
reservas florestais e outras áreas parcerias para reservas A/
de protecção e conservação do florestais e AC florestal MITADER/ PRIVADO
ambiente. estabelecido até 2024 MICTUR S/ OSC's 4.804
Melhorar o quadro legal que
encoraje e garanta as áreas e quadro legal
produção florestal para a incentivador da
multiplicação e conservação de conservação florestal MITADER/
germoplasma in situ e ex situ ( ex: e gestão efectiva das áreas de conservação de IIAM/ PRIVADO
michafutene) AC florestal germoplasma protegidas até 2024 ACADEMIA S/ OSC'S 77.476 -
Fortalecer a autoridade nacional
para o CITES e assegurar a
tomada de decisões sobre a espécies sob niveis ACADEMI
protecção das espécies florestais elevados de pressão introdução de espécies MITADER/ A/
ameaçadas ou em perigo de comercial ameaçadas nos apendix ALFANDEGAS PRIVADO
extinção em tempo útil. protegidas CITES contínuo / AT S/ OSC's 85.000 5.270
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 17

Monitoriar a observâncias e
recomendações constantes do ACADEMI
quadro legal , convenções, A/
tratados internacionais relativas PRIVADO
à protecção e conservação MITADER S/ OSC's 2.366
Favorecer programas e modelos sistema integrado de PRM/
integrados de monitoria regional monitoria integrada monitoria periódica de ALFANDE
( bacias hidrográficas, fiscalização de convenções e acordos internacionais GAS/
fronteiras, ) tratados operacional contínuo MITADER AGUAS 38.168 -
aprovar pacotes de incentivos ACADEMI
para actores ( pessoas singulares, pacote de incentivos A/
colectivas, comunidades) para conservação tipo e valor de incentivos PRIVADO
envolvidos na protecção florestal aprovado atribuídos até 2024 MITADER S/ OSC's 15.456 958
estabelecer mecanismos de
monitoria e penalização de não ACADEMI
cumprimento do ordenamemto monitoria do numero de penalidades e A/
territorial florestal , queimadas e ordenamento tipo de infrações ao PRIVADO
conservação da biodiversidade territorial ordenamento florestal até 2024 MITADER S/ OSC's 54.876 3.402
5. Ressaltando as medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas

Área de intervenção: mitigação de mudanças climáticas 55.453.696 3.438.129


Definir de estratégias de
conservação e maneio para melhorado o maneio ACADEMI
espécies protegidas nas RFs e florestal em áreas de A/
outras áreas florestais com valor conservação todas areas com planos de PRIVADO
de conservação. maneio 2025-2035 MITADER S/ OSC's 993.240 61.581
Promover através da rede de
extensão agrária e de fomento
florestal práticas e tecnologias
agro-florestais de melhoria da MITADER
fertilidade, protecção dos solos e /
recuperação de áreas extensão para ACADEMI
degradadas; redução de emissões rede de extensão florestal contínuo MASA A 39.420.000 2.444.040
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 18

ACADEMI
promoção de sistemas agro- sistemas agro- 60.000 hectares em A/
florestais com espécies de uso florestais sistemas agro-florestais MASA/ PRIVADO
múltiplo estabelecidos implementados contínuo MITADER S/ OSC's 15.000.000 930.000
desenvolver e disseminar ACADEMI
modelos de conservação de água, A/
solo e protecção de bacias, praticas de nr de manuais de boas MITADER/ PRIVADO
riachos e cursos de água conservação práticas até 2024 MASA/ AGUAS S/ OSC's 40.456 2.508
6. Aumentando resiliência aos desastres naturais a nível de paisagens sustentáveis

Área de intervenção: Valorização e pagamentos dos serviços ambientais


13.702.664 849.565
mapa de
Identificação e mapeamento dos
ecossistemas ACADEMI
serviços dos ecossistemas
florestais de acordo mapa de serviços A/
prioritários a nível nacional
com os serviços ambientais realizado e MITADER/ PRIVADO
(carbono, água e solos).
ambientais divulgado até 2024 IIAM S/ OSC's 195.872 12.144
ACADEMI
Identificação de critérios de
A/
valorização dos SA (carbono, 113.168
MITADER/ PRIVADO
água e solos).
2025-2030 IIAM S/ OSC's 7.016
atribuído valor economico ACADEMI
Identificação dos intervenientes
aos serviços ambientais A/
prioritários a nível nacional
dos ecossistemas MITADER/ PRIVADO
(água, mineração, agricultura, ...).
florestais 2025-2030 IIAM S/ OSC's -
Avaliação do valor
ecológico/produtivo e economico valor dos serviços MEF/

dos serviços dos ecossistemas ambientais MITADER/ ACADEMI
prioritários conhecido 2025-2035 IIAM A -
nr de cursos e material OSC's/ MITADER
Capacitação nacional em PSA's
didatico produzido contínuo PRIVADOS /MEF 270.000 16.740
mecanismo de ACADEMI
Definição de estrutura(s) de pagamentos de A/
gestão do mecanismo de PSA. serviços ambientais manuais e procedimentos MITADER/ PRIVADO
elaborado aprovados 2025-2030 MEF S/ OSC's 7.728 479
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 19

Definição de mecanismos de ACADEMI


monitoria dos PSA, incluindo procedimentos A/
transparência e prestação de estabelecidos e manuais MITADER/ PRIVADO
contas. de divulgação 2025-2030 MEF S/ OSC's 7.728 479
ACADEMI
Definição dos mecanismos de
A/
partilha de benefícios e
manuais e procedimentos MITADER/ PRIVADO
canalização de fundos
aprovados até 2024 MEF S/ OSC's 7.728 479
Implementação de medidas de sistema de monitoria de ACADEMI
monitoria da responsabilização serviços ambientais A/
para a partilha justa dos aprovado e em MITADER/ PRIVADO
benefícios. implementação 2025-2035 MEF S/ OSC's 195.872 12.144
Definição de critérios de MITADER/
utilização das receitas dos PSA's e manuais e procedimentos OCB's/PRIVAD
outras receitas consignadas. aprovados até 2024 OS OSC's 195.872 12.144
Realizar campanhas de plantio ACADEMI
para a protecção de ecossistemas A/
realizadas 13
frágeis envolvendo a sociedade PRIVADO
campanhas/ano
em geral e, em particular, o sector MITADER/ S/ OSC's/
de educação; contínuo EDUCAÇÃO MIDIA 9.000.000 558.000
Promover a participação de
outros actores (sector privados, ACADEMI
ONGs e comunidades) em apoio a 5 redes de A/
projectos de plantações de sensililização em advocacia para MITADER/ PRIVADO
conservação - rede de advocacia áreas de conservação conservação contínuo MASA S/ OSC's 2.700.000 167.400
ACADEMI
Adequação da legislação florestal
legislacao relativa à MITADER/ A/
e municipal para incentivar
arborização urbana legislação municipais MUNICIPIOS/ PRIVADO
arborização
actualizada revistas 2025-2030 MASA S/ OSC's 15.456 958
ACADEMI
proposta de sistema de partilha Pagamento por A/
equitativa dos recursos e serviços serviços MITADER/ PRIVADO
ambientais em RF. ecossistémicos valor de PSE's /ano contínuo MEF S/ OSC's 993.240 61.581
Área de intervenção: mitigação e adaptação às mudanças climáticas 32.061.819
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 20

517.126.12
0
ACADEMI
Avaliação das oportunidades de
definição de áreas identificadas as áreas com A/
restauração de paisagens
prioritárias para maior prioridade de MITADER/ PRIVADO
florestais.
restauração restauração até 2024 MASA S/ OSC's 146.120 9.059
ACADEMI
Incentivar plantações de
A/
conservação no âmbito do
MITADER/ PRIVADO
REDD+;
3000 ha estabelecidos contínuo MASA S/ OSC's 2.250.000 139.500
ACADEMI
A/
Estabelecer actividades florestais
PRIVADO
para a estabilização e fixação de
S/ OSC's/
dunas costeiras;
estabilização de 13500 ha MITADER/ EDUCAÇA
de dunas contínuo MASA O/ MIDIA 10.125.000 627.750
Promover e estimular o sector
privado para conservação da
biodiversidade e recuperação de ACADEMI
áreas degradadas em áreas de sua restauração de 1 milhão A/
jurisdição, particularmente em recuperação de áreas de hectares ( 40% MITADER/ PRIVADO 500.000.00
concessões florestais; degradadas subsidio) contínuo MASA S/ OSC's 0 31.000.000
zonas de nidificacao e
corredoresde fauna
elaborar proposta de
protegidos e incorporadas
conservação e restauração dos
protecção de fauna as regras em todos os ACADEMI
corredores de fauna e as zonas de
bravia dentro e fora planos de maneio ( A/
nidificação.
das áreas de florestas produtivas e de PRIVADO
conservação conservação) até 2024 MITADER S/ OSC's 500.000 31.000
ACADEMI
A/
Reabilitação de mangais 2000 ha de mangais MITADER/ PRIVADO
degradados reabilitados contínuo MAMAIP S/ OSC's 1.000.000 62.000
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 21

Promover comitês de gestão de integração das ACADEMI


bacias hidrográficas, com a florestas na gestao A/
participação de todos actores de bacias MITADER/ PRIVADO
interessados; hidrográficas 09 comités operacionais até 2024 AGUAS S/ OSC's 405.000 25.110
MIC/
ACADEMI
promover a utilização de madeira
aumentada a utilização MITADER/ A/
na construção civil
aumento de de madeira por outros OBRAS PRIVADO
resiliência e mercado sectores economicos 2025-2030 PUBLICAS S/ OSC's -
ACADEMI
Promover a arborização de vias
mapeamento de árvores MITADER/ A/
de acesso nas cidades e gestão de
resiliência das urbanas e planos de MASA/ PRIVADO
zonas verdes .
cidades aumentada arborização 2025-2035 MUNICIPIOS S/ OSC's 2.700.000 167.400
OBJECTIVO 3 - Construir capacidades e integrar os princípios da boa governação no desenvolvimento florestal
7.Melhorando a arquitectura da governação florestal

Área de intervenção: Revisão de quadro institucional 7.913.298 490.624
MIC/
orgão público central com MEF/
Revisão institucional para quadro institucional representações a nivel ACADEMI
adequação aos desafios do sector eficiente e adequado provincial e distrital MITADER/ A/ OSC's/
criado MASA/ PRIVADO
até 2024 MIREME S 65.456 4.058
Rever o enquadramento MIC/
institucional das actividades MEF/
plantações e florestas
ligadas ao desenvolvimento de quadro institucional ACADEMI
nativas sob o mesmo
plantações florestais num único integrado MITADER/ A/ OSC's/
orgão institucional
orgão central com mandato para MASA/ PRIVADO
dinamizar este subsector. até 2024 MIREME S 10.500 651
alocação de receitas para ACADEMI
Regulamento de alocação de
desenvolvimento A/
receitas para desenvolvimento
regulamento institucional MITADER/ PRIVADO
institucional e demais alocações;
aprovado implementado até 2024 MEF S/ OSC's 10.092 626
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 22

adequada a ACADEMI
relatório annual de
Criação de sistema de auditoria monitoria de gestão A/
gestão de receitas
de gestão de fundos alocados; de receitas e fundos MITADER/ PRIVADO
divulgado
aprovado até 2024 MEF S/ OSC's 5.250 326
Melhorada a ACADEMI
Institucionalizar o fórum nacional criado o forum de
participação dos MITADER/ A/
de florestas e as reuniões anuais florestas e 1 reunião anual
actores na tomada de MASA/ PRIVADO
do sector florestal; do mesmo
decisão até 2024 MIREME S/ OSC's 1.872.000 116.064
Promover a criação de fóruns ACADEMI
provinciais e associações de 4 foruns/ 1 por cadeia de A/
operadores e produtores de inclusão de todos os valor em cada provincia MITADER/MA PRIVADO
carvão e produtores de PFNM actores até 2024 SA/MIREME S/ OSC's 3.400.000 210.800
Favorecer a hospedagem de
eventos internacionais ACADEMI
02 eventos internacionais
relacionados com governação, contínuo A/
hospedados
políticas, monitoria e maneio inclusão no cenário PRIVADO
florestal sustentável; internacional MITADER S/ OSC's 1.700.000 105.400
Reforçar a coordenação
multissectorial (FUNAE/FNDS,
02 reuniões de
MIREME e MITADER) para
coordenação
estabelecimento de programas de contínuo ACADEMI
multisectorial (sendo 1
acções conjuntas e coordenadas melhorada a A/
de alto nível)/ano
para alcançar a visão coordenação MITADER/MA PRIVADO
estabelecida; multisectorial SA/ MIREME S/ OSC's 850.000 52.700
Área de intervenção: quadro legal actualizado e completo 1.374.384 85.212
Adequar o quadro legal em todos
os temas da Agenda florestal ( ACADEMI
comunidades, PFNM, A/
conservação, PES, cadeias de quadro legal revisto MITADER/ PRIVADO
valor, etc) e actualizado código florestal aprovado até 2024 JUSTIÇA S/ OSC's 8.400 521
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 23

Incorporar os sistemas de
monitoria (auto avaliação e
independente) de governação (
transparência, responsabilização,
participação na tomada de ACADEMI
decisões, entre outros) no marco A/
legal do sector e regulamentar o PRIVADO
acesso à informação; até 2024 MITADER S/ OSC's 22.584 1.400
ACADEMI
Rever a lei florestal e respectivos
20 consultas provinciais A/
regulamentos em tempo e
sequencia e fluxo para lei e regulamento MITADER/ PRIVADO
sequência adequada
legislativo adequado respectivamente até 2024 JUSTIÇA S/ OSC's 960.000 59.520
ACADEMI
Desenvolver manuais de
A/
interpretação e aplicação florestal
MITADER/ PRIVADO
pratico
manuais de legislação até 2024 JUSTIÇA S/ OSC's 33.400 2.071
Desenvolver actividades de
divulgação do quadro legal do campanhas de 10 de campanhas
sector divulgação realizadas até 2024 MITADER OSC's 350.000 21.700
8. Melhorando a Governação e Monitoria florestal para suporte de tomada de decisões

Área de intervação: Adequação da fiscalização florestal 14.879.640 922.538
ACADEMI
Reorganizar e descentralizar os
A/
serviços de fiscalização
Fiscalização florestal ALFANDE
apetrechando com meio contínuo
dotada de meios nr de campanhas de GAS/
humanos, materiais e
humanos e fiscalização e prevenção PPRN/
tecnológicos adequados
equipmento realizadas MITADER PRM 12.240.000 758.880
ACADEMI
Assegurar a implementação A/
efetiva do Estatuto de fiscal Eestrangulamentos Valor de ALFANDE
florestal garantindo incentivos a de implementação do comparticipações GAS/
todos os intervenientes estatudo de fiscal incluindo o(s) PPRN/
desbloqueados denunciante(s) até 2024 MITADER PRM 29.940 1.856
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 24

introduzir o sistema de ACADEMI


rastreamento da origem da pelo menos 75% da A/
madeira e da cadeia de custódia Fiscalização madeira rastreada até PRIVADO
na fiscalização florestal modernizada 2035 até 2024 MITADER S/ OSC's 1.000.000 62.000
capacitar os actores e ususários
para as mudanças introduzidas Equipe treinada e 15 elementos /provincias PRIVADO
pelo rastreamento capacitada formados até 2024 MITADER S 600.000 37.200
Promover estratégia de
fiscalização local e de denúncia de Estratégia de nr de aplicativos
irregularidades em tempo real denúncia melhorada desenvolvidos/domestica
através de aplicativos e em implementação dos e em implementação 2025-2030 MITADER OSC'S 31.400 1.947
grupos de coordenação
Criar e facilitar o funcionamento
criados e operacionais e
de órgão de coordenação
Coordenação das harmonizados PGR/
interinstitucional na fiscalização contínuo
entidades envovidas procediementos entre PPRN/PR
florestal central, provincial,
na fiscalização entidades ( PGR/ M/M.JUS
distrital e comunitária
melhorada PPRN/PRM/ fiscais) MITADER TIÇA 972.000 60.264
Proposta de
mecanismo de
instituir mecanismos de
resolução de
reclamações e resolução de contínuo
conflitos elaborada, nr de conflictos e
conflictos de âmbito florestal
aprovada e reclamações resolvidas e PPRN /
operacional apresentadas MITADER OSC'S 6.300 391
Área de intervenção: boa governação: e-governação e transparência 5.183.833 321.398
nr de processos
Modernizar a gestão florestal administrativos ACADEMI
através do uso de TIC's nos Sistema de realizados com auxílio de até 2024 A/
processos administrativos do Informação Florestal TIC's; acesso à informação MITADER PRIVADO
sector florestal a todos os níveis operacional do sector em tempo real /MCTESP S/ OSC's 2.000.000 124.000
ACADEMI
Reforçar o acesso à internet de Ligação e comunicação A/
até 2024
alta velocidade Acesso a internet entre actores do sector MITADER PRIVADO
melhorado mais frequente /MCTESP S/ OSC's 1.000.000 62.000
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 25

Incorporar a informação espacial plataforma digital ACADEMI


e melhorar o sistema de actualizada e utilizada A/
2025-2035
licenciamento, rastreamento e eliminado o corte pelos actores do sector; nr PRIVADO
registo de forma continua ilegal de ilegalidades detectadas MITADER S/ OSC's 250.000 15.500
webepage actualizada;
Relatórios e informações
Dessiminar relatórios, de projectos do sector ACADEMI
até 2024
informação e legislação do sector acessíveis ao público; A/
Prestação de contas Legislação do sector PRIVADO
implementado acessível; MITADER S/ OSC's 1.728.000 107.136
Avaliação periódica ACADEMI
Avaliar mecanismos de
( a cada 6 anos) da grau de participação dos A/
participação e promover a periódico
participação na actores na tomada de PRIVADO
inclusão de todos actores
governação decisões MITADER S/ OSC's 64.900 4.024
Gabinete de imagem e
criação de gabinete de imagem e melhorada a imagem divulgação do sector
de coordenação de redes e do sector junto ao operacional; Nr de acções contínuo
campanhas de advocacia público ( 60 % realizadas; Avaliação da MIDIAS/
aprova ) opinião pública MITADER OSC's 92.980 5.765
Mecanismos para
Estudar oportunidade e transparência e
pertinência do enquadramento avaliação da
do sector florestal na EITI- governação até 2024 ACADEMI
Estractive Industries aprovadas e A/
Transparency Iniciative incorporadas na Melhorada a MITADER/ PRIVADO
legislação transparência do sector MIREME S/ OSC's 28.506 1.767
Acordar e estabelecer o sistema
independente de monitoria de Aprovado sistema de
governação florestal, em monitoria da ACADEMI
contínuo
particular da transparência, governação e sua A/
gestão de fundos e implementação avaliação da governação PRIVADO
responsabilização; periodica realizada florestal realizada MITADER S/ OSC's 19.447 1.206
Área de intervenção: Monitoria Florestal 14.713.720 912.251
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 26

Acordar e aprovar o sistema e


metodologia nacional de
monitoria florestal ( inventários,
mapas, classificação da Sistema nacional de PARCEIR
vegetação,) considerando as inventário florestal e MITADER/ OS DE
especificidades nacionais e os metodologia relatorio e anexos IIAM/ COOPERA
acordos internacionais aprovada; aprovado; até 2024 ACADEMIA ÇÃO 166.120 10.299
Desenhar e estabelecer sistema
integrado de monitoria e Relatório do sector
relatório nacional de progresso reduzida duplicação florestal incluindo sistema
verso o maneio florestal de monitoria e de indicadores provinciais até 2024 PARCEIR
sustentável /programa nacional criadas sinergias e nacionais harmonizados MITADER/ OS DE
de florestas e da implementação para monitoria e alinhados com outros IIAM/ COOPERA
das convenções internacionais integrada sectores ACADEMIA ÇÃO 47.600 2.951
ACADEMI
Realizar inventarios florestais
02 inventários nacionais A/
nacionais compreensivos e periódico
tomada de decisões realizados de acordo com PRIVADO
integrados
informadas a metodologia aprovada MITADER S/ OSC's 8.000.000 496.000
todas provincias com
Fortalecer os inventários capacidade para realizar
florestais provinciais com a inventarios estratégicos e ACADEMI
contínuo
capacitação e dotação de monitoria periódica monitoria dos recursos; A/
equipamento especializado; a nivel local Nr e área de inventários PRIVADO
realizadas realizada; MiTADER S/ OSC's 5.000.000 310.000
melhorada a
informação das
Promover a inventariação e
espécies sob pressão nr de inventários ACADEMI
monitoria de espécies de madeira contínuo
comercial e tomada orientados a espécies em A/
e PFNM sobre pressão comercial
de decisões perigo ou sob pressão PRIVADO
informadas comercial realizados MITADER S/ OSC's #VALUE!
Institucionalizar a monitoria
participativa dos actores monitoria periódica pelo menos 3 avaliações ACADEMI
florestais a atribuir incentivos e dos realizadas até 2035; A/
penalidades conforme a operadores/produto Avaliação de progressos PRIVADO
classificação res carvão resultantes da monitoria periódico MITADER S/ OSC's 1.500.000 93.000
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 27

9. Adaptando e modernizando a formação e investigação florestal

Área de intervenção: Adequação do ensino florestal nos diferentes domínios da ciência florestal e dos temas emergentes 396.624 24.591
Levantamento de necessidades e
lacunas do actual sistema de
capacitação junto do sector
privado, sociedade civil e
instituições do Estado, para melhorado o
elaboração de programas de conhecimento sobre
formação para atender as as lacunas da identificadas lacunas e ACADEMIA/
componentes do programa formação preparada proposta de MITADER/ OSC's/
nacional de florestas ; profissional florestal capacitação até 2024 PRIVADOS OCB's 36.312 2.251
Institucionalização dos diversificada as MITADER
treinamentos em serviço para opotunidades de nr de certificados ACADEMIA/ , OSc's,
melhor acesso ao pessoal sem treinamento atribuidos por formações MITESS/ PRIVADO
formação formal. reconhecidas no trabalho até 2024 MCTESP S 36.312 2.251
PRIVADO
Criação de plataforma de
reduzida a escassez quantidade de fundos S/
financiamento para programas de
de fundos para mobilizados para ACADEMIA/ MITADER
capacitação na área florestal;
capacitação capacitação 2025-2030 MCTESP / OSC's 324.000 20.088
Área de Intervenção: Capacitação técnica e treinamento 10.278.072 637.240
Capacitação de formadores para extensionistas OSC/
assegurar o ensino técnico e agrários, membros 3 formações por provincia MITADER/ PRIVADO
profissional; do SDAE capacitados realizadas 2025-2030 MASA S 1.200.000 74.400
Elaborar proposta de assessoria
técnica às comunidades e programa de formação OSC/
operadores, incluindo viabilidade programa de aprovado e em MITADER/ PRIVADO
económica da mesma formação actualizado implementação até 2024 MASA S 108.112 6.703
Elaborar manuais e material de
apoio à capacitação ( preparação 6 manuais preparados e
contínuo
social, gestão florestal, gestão de material de formação distribuidos por cada PRIVADOS/
negócios, gestão de conflictos e actualizado cadeia de valor até 2035 OSC's MITADER 600.000 37.200
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 28

assuntos transversais)

Implementar programa de
capacitação a nivel local, MITADER
sensibilização sobre temas /
ambientais e florestais e 50 cursos realizados x 15 PRIVADOS/ MIREME
assessoria técnica pessoas/cada até 2024 OSC's /MASA 1.250.000 77.500
Apoiar a formação de jovens na 20 bolsas de estudos( MITADER
área de florestas através de programas de 4 anos) contínuo ACADEMIA/ /
bolsas de estudo financiadas EDUCAÇÃO MIREME 672.000 41.664
Promover treinamento e pesquisa
aplicada às industrias florestais
com vista a melhorar a qualidade
dos produtos e eficiência da 20 cursos de treinamento ACADEMIA/P MITADER
produção realizados aé 2035 2025-2030 RIVADOS / MIC 500.000 31.000
melhoradas as
Desenvolver e disseminar 10 cursos/provincia de IIAM/ MITADER
capacidades técnicas
conhecimentos e tecnologias de produção de carvão ACADEMIA/ /
do capital humano
produção de carvão vegetal efectuados até 2035 até 2024 OSC's MIREME 3.000.000 186.000
MIREME/
cursos de treinamento de 1 curso /ano ( 60 MITADER/IIA MASA/
atualização dos técnicos florestais participantes) continuo M/ACADEMIA OSC's 922.520 56.274
Levantamento de necessidades
de treinamento e capacitação dos programa de treinamento MITADER
produtores e corpo directivos das das OCB's aprovado e em ACADEMIA/ /
associações de produtores implementação até 2024 OSC's MIREME 25.440 1.577
Fornecer capacitação e incentivos
para adopção da agricultura
sustentável e adaptação a 10 cursos/provincia em MITADER
mudanças climáticas ( climate agricultura de /
smart agriculture) conservação até 2024 MASA/OSC MIREME 2.000.000 124.000

Área de intervenção: sensibilização e educação ambiental


9.343.168 579.276
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 29

1 campanha
programa de sensiblização /provincia/ano até 2035 e
ambiental com foco na redução melhorado a aumentado em 30% o
de emissões: queimadas sensiblização em nivel de consciencia da
florestais, desmatamento, relação à redução de população mocambicana
agricultura de conservação, agro- emissões e sobre os impactos das
silvicultura mudanças climáticas actividades humanas contínuo OSC'S MITADER 9.000.000 558.000
Seleccionar árvores símbolos do
país e a nível de distrito,
sobretudo daquelas que sejam de
uso múltiplo e valorizadas pelas arvores-simbolo
comunidades locais ( mwendge seleccionadas e
das timbilas, malambe, divulgadas
mopane....) e desenvolver aumentada a
campanha de divulgação e valorização da ACADEMIA/O
orgulho nacional; árvore e das florestas 2025-2030 SC'S MITADER 160.000 9.920
Integrar nos currículos escolares,
a todos níveis, conteúdos sobre o
plantio de árvores, seu curricula de escolas nr de escolas com ACADEMIA/
tratamento, maneio e protecção; melhorado programas de plantio 2025-2030 EDUCAÇÃO MITADER 33.168 2.056
Preparar e divulgar manual de
plantação, tratamento e
protecção de árvores de urbanas MITADER
sombra, protecção contra ventos, /
ornamentação e, em geral, arborização urbana material de divulgação MUNICIPI
árvores de espécies de uso valorizadas pelos sobre arborização urbana OS/
múltiplo; municipes preparado 2025-2030 OSC'S MASA 150.000 9.300

Área de Intervenção: formulação do Programa Nacional de Investigação florestal/ambiental


35.500 2.201
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 30

Criada uma entidade


nacional que resulte da
aglutinação de
instituições públicas
ligadas à pesquisa sobre
Melhorar o quadro intitucional florestas e meio ambiente
quadro institucional
para uma investigação e que actualmente se
de investigação 2019-2030
multisectorial integrada e de encontram em ministérios
adequado
longo prazo diferentes, por exemplo o
sector ligado à Inventário
de Recursos Florestais
(subordinado ao MITADER
MITADER) e a DARN-IIAM MASA/ IIAM /MIREME
(tutelado pelo MASA). /ACADEMIA / MASA 23.000 1.426
melhoradas as MIREME/
Preparar e aprovar a Estratégia capacidades de MITADER
para mobilização de fundos para investigação quantidade de fundos contínuo /MASA/
financiamento de investigação coordenada e de disponiveis para IIAM/ PRIVADO
longo prazo investigação ACADEMIA S 12.500 775

Área de Intervenção: melhoria das capacidades de investigação florestal


2.616.384 162.216
identificar e adequar laboratório
nacional que seja acreditado em
temas específicos: solos,
biomassa, GIS, sementes, capacidade e 2025-2030 IIAM/ACADE
biotecnologia entre outros para credibilidade de MIA/
garantir padrão de qualidade e investigação 03 laboratórios MITADER/MA PRIVADO
reconhecimento internacional aumentada melhorados e acreditados SA S 300.000 18.600
rede nacional de sítios
(observatórios e parcelas
permanentes) para observação, 100 parcelas de
contínuo
monitoramento e investigação a investigação de observação estabelecidas
longo prazo de fenómenos longo prazo em e monitoradas IIAM/ PRIVADO
ecológicos e sociais implementação periódicamente ACADEMIA S 1.586.400 98.357
ANEXO 2 - Matriz de acções - Programa nacional de Florestas 31

promover pesquisa sobres


espécies secundárias. Etno-
5 efectuados estudos
botanica, PFNM, modelos de 2025-2030
prioritários
crescimento e equações IIAM/ MITADER
alométricas, entre outros ACADEMIA / MISAU 225.000 13.950
Investigar e desenvolver identificadas espécies
variedades de espécies florestais nativas apropriadas para
até 2024
para responder à demanda dos plantações de energia IIAM/ MIREME/
combustíveis lenhosos /zona agro-ecológica ACADEMIA MITADER 60.000 3.720
Desenvolver pesquisa em
combustíveis lenhosos e 1 ou 2 tipo(s) de fornos
disseminar técnicas melhoradas apropriados para cada até 2024
pesquisa aplicada
de produção e utilização de ecossistema IIAM/ OSC's/
efectuada
carvão; ACADEMIA MITADER 189.984 11.779
Promover investigação aplicada e
extensão em plantações florestais Iinvestigação aplicada a
priorizando a escolha de espécies, viveiristas rurais, MITADER
até 2024
produção de mudas, técnicas de comunidades e empresas /
estabelecimento, tratamento e do sector IIAM/ PRIVADO
protecção de plantações. ACADEMIA S 90.000 5.580
Realizar pesquisa para a Identificadas pelo menos
identificação e divulgação de 5 spp e melhorado o MITADER
espécies potenciais para a conhecimento de uso e até 2024 /
reabilitação de ecossistemas manuseio destas especies IIAM/ACADE PRIVADO
degradados; nativas para restauração MIA S 80.000 4.960
100% dos resultados das
Divulgação de resultados de Aumentada a ligação investigações publicados
até 2024
investigação e aplicação dos entre investigacão e e divulgados em forums IIAM/ACADE PRIVADO
resultados usuários do sector MIA S 85.000 5.270

Anexo 3 – Orçamento indicativo do programa nacional de florestas 1


Orçamento indicativo do programa nacional de florestas –
2019 -2035


Para efeitos de programação e mobilização de fundos foi elaborado o
orçamento indicativo do Programa Nacional de Florestas, considerando as
actividades e metas a serem alcançadas. O orcamento total é de 2,4 biliões
de dólares americanos

Tabela 1 – Orçamento indicativo por objectivos estratégico


OBJECTVOS ESTRATÉGICOS USD Meticais ( 1000 mt) %
OBJECTIVO 1- desenvolvimento
socio-economico ( comunidades e
cadeias de valor) 1.626.295.933 100.830.348 67
OBJECTIVO 2- mudanças
climáticas, conservação e
resiliência 586.990.344 36.393.401 24
OBJECTIVO 3- construção de
capacidade e governação 66.734.623 4.137.547 3

TOTAL 2.280.020.900 141.361.296 93


Governação e Administração do
programa ( 7%) 159.601.463 9.895.291 7
TOTAL GERAL 2.439.622.363 151.256.587 100

Em termos praticos significa num horizonte temporal de 16 anos os seguintes
gastos:

Orçamento total anual US$ Meticais ( x1000mt)

Total /ano 152.476.398 9.453.537


Total /ano /província 15.247.640 945.354


Tabela 2 – Orçamento indicativo do objectivo estratégico nr 1.

Objectivo estratégico 1 : desenvolvimento económico USD Meticais ( 1000 mt)


1.1 Desenvolvimento comunitário 14.619.588 906.414
1.2 Cadeias de valor da madeira de floresta nativa 36.804.668 2.281.889
1.2 Cadeias de valor da madeira derivada de plantações 1.501.872.202 93.116.077
1.3 Energia da biomassa 65.690.256 4.072.796
1.4 Cadeias de valor de PFNM 2.682.299 166.303
1.5 Mercado sustentavel 4.626.920 286.869
Total 1.626.295.933 100.830.348
Total anual 101.643.496 6.301.897
Total anual /província 10.164.350 630.190

Anexo 3 – Orçamento indicativo do programa nacional de florestas 2

Tabela 3 – Orçamento indicativo do objective estratégico nr 2

Objectivo estratégico nr 2 - conservação,


mudanças climáticas e resiliência USD MT ( 1000 mt)
2.1 conservação florestal 14.410.528 893.453
2.2 Mudanças climáticas e resilencia 572.579.816 35.499.949
Total 586.990.344 36.393.401
Total annual ( 16 anos) 36.686.897 2.274.588
total annual /província 3.668.690 227.459


Tabela 4- Orçamento indicativo do objectivo estratégico nr 3.

Objectivo estratégico nr.3 - Construção de


capacidades e governação USD MT ( 1000 mt)
3.1 Adequação de quadro institucional 7.913.298 4.906.245
3.2 Adequação de quadro legal 1.374.384 852.118
3.2 Monitoria florestal 14.713.720 9.122.506
3.3 Fiscalização 20.063.473 12.439.353
3.4 Formação e sensibilização florestal 20.017.864 12.411.076
3.5 investigação florestal 2.651.884 1.644.168
Total Geral 66.734.623 41.375.466
total anual 4.170.914 2.585.967
total anual /provincia 417.091 258.597


Os resultados e indicadores de cada objectivo estratégico estão expressos
na matriz de acções.
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 1 de 18
Programa Nacional de Florestas

ANEXO 4. CALENDARIZAÇÃO DAS ACTIVIDADES PARA O PERIODO 2019 -2024




CALENDÁRIO DE
orçamento indicativo IMPLEMENTAÇÃO
Nr Actividade Resultados esperados INDICADORES 2 2 2 2 2
0 0 0 0 0
MT 2 2 2 2 2 2024-
USD (1000 mt) 2019 0 1 2 3 4 2035

OBECTIVO 1 - Reforçar o desenvolvimento sócio-económico e segurança alimentar tendo como foco as florestas e envolvimento
das comunidades
1.1 AS COMUNIDADES EM PRIMEIRO LUGAR E NO CENTRO DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
Área de intervenção: Fortalecimento das OCB’s e das comunidades
Rever, propôr, aprovar e OCB's reconhecidas no
Procedimento de representação,
incorporar no quadro legal, os quadro legal e consideradas priori
1.1 formação, registo e legalização das 35.640
orgãos de representação das representativas da dade
OCB's aprovado por decreto;
comunidades locais comunidade 2.210 1

Criar, manter e actualizar cadastro Banco de dados estabelecido e
Melhorado o conhecimento e priori
1.2 das OCB's e comunidades em áreas funcional; Pelo menos 80% de
dados sobre comunidades dade contin
florestais actores fornecem dados do MCRN;
7.200.000 446.400 1 uo
Até 2035, legalizados 3000 órgãos
Aumentadas o número de de representação comunitária ; Até
Apoiar a criação de orgãos de
1.3 comunidades com 2024 pelo menos 1000 órgãos de 6.000.000
representação local
representação legalizada representação local legalizados (100
/província) 372.000
Institucionalizar um fundo
comunitário derivado de receitas melhorado o mecanismo de
Proposta de fundo comunitário
1.4 provenientes de benefícios do canalização de benefícios às
aprovada, estabelecido e operacional
maneio florestal e pagamentos por comunidades contin
serviço ambientais 1.563.840 96.958 uo
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 2 de 18
Programa Nacional de Florestas

Área de intervenção: promoção de áreas de gestão comunitária e empoderamento das comunidades


Promover a gestão comunitária de Até 2035 pelo menos 16 unidades
recursos florestais, boas práticas, áreas de gestão comunitária de maneio sob gestão comunitária
1.5 empoderamento das comunidades aumentadas e fiscalização criadas e em operação; até 2024

locais e fortalecimento das comunitária operacional pelo menos 4 unidades de gestão
lideranças locais comunitária estabelecidas 1.320.000 81.840
Estabelecer e implementar
Monitoria de parcerias em Nr de parcerias monitoradas e
1.6 mecanismo de monitoria e contin
implementação redução dos principais problemas
avaliação periódica de parcerias 293.492 18.197 uo
Promover a gestão comunitária de
Até 2024 sistema de monitoria e
recursos florestais, boas práticas e fiscalização comunitária
1.7 fiscalização comunitária operacional
empoderamento das comunidades operacional
e implementada
locais 109.080 6.763
Área de intervenção: Promoção de parcerias e canalização de benefícios
Formular guião de procedimentos
para negociação, estabelecimento e modelo/acordo-tipo de
nr de Parcerias comunidades-
1.8 formalização de parcerias com parcerias aprovado e priori
estado-sector privado estabelecidas
comunidades , e tradução em lingua parcerias em implementação dade
local 219.380 13.602 1
Mecanismo de consulta para
Rever, reformular e aprovar obtenção de FPIC -free prior
Nr de conflictos resultantes de
1.9 mecanismo de consulta e sua informed consent, revisto, priori
incumprimento de consultas
incorporação no quadro legal validado e incorporado no dade
quadro legal 35.640 2.210 1

Rever, simplificar , definir e
divulgar mecanismos legais e
admnistrativos de alocação de taxas
Melhorado o sistema de actual Aumentada a canalização de
1.10 de exploração florestal e demais
de canalização de beneficios benefícios às comunidades
beneficios ( inclui mecanismo de
PSE's) de sua canalização
transparente às comunidades locais
69.380 4.302
1.2 DESENVOLVENDO AS CADEIAS DE VALOR DOS PRODUTOS FLORESTAIS (MADEIRA, ENERGIA E PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS)
Área de intervenção : boas praticas a maneio florestal sustentável

Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 3 de 18
Programa Nacional de Florestas

04 UMF's estabelecidas e Acordo


modelo de uso do recurso florestal (
madeireiro e não madeireiros)
Promover a gestão integrada e
Conceito de unidades de negociadas e acordadas, protecção
integral dos recursos florestais (
1.11 maneio florestal e acordo de áreas locais de conservação da
madeireiros e não madeireiros) em
modelo aprovado biodiversidade animal ( fauna
unidades de maneio florestal
bravia) e vegetal aprovados, priori
incluindo sistema de monitoria e dade
penalidades baseado em resultados; 2.600.000 161.200 1
sistema de delimitação e
demarcação de unidades de
Delimitação, demarcação floresta de produção mapeada e
maneio florestal estabelecido
1.12 participativa de UMF's ( 17 milhões delimitada em UMF's ( 17 milhões de
e determinada área de
de ha de floresta de produção) ha)
produção florestal
permanente 85.000.000 5.270.000
Procedimentos de inventário, planos
melhorados os procedimentos
Promover boas práticas de maneio de maneio, planos de exploração,
1.13 de abastecimento de matéria
e exploração florestal indicadores de monitoria de
prima
monitoria revistos e melhorados 209.296 12.976
Maneio de fauna bravia
Estabelecer guião de maneio de
incorporado nos planos de maneio de fauna bravia incorporado
1.14 fauna bravia em áreas fora das
maneio e ordenamento nas boas praticas de maneio florestal
áreas de conservação
territorial 49.752 3.085
Desenvolver e disseminar modelos
de conservação de água, solo e
1.15 praticas de conservação nr de manuais de boas práticas
protecção de bacias, riachos e
cursos de água 40.456 2.508
Rever e modernizar o sistema de
Procedimento claro, expedito e
licenciamento, acesso, uso e melhorados os procedimentos
1.16 reduzidas oportunidades para o
aproveitamento dos recursos e eficácia
corte ilegal e sobre-exploração
florestais naturais 134.080 8.313

sistema de rastreamento da
Promover o rastreamento da Conhecimento da origem da madeira
1.17 origem da madeira testado e
origem da madeira e e-governação e eliminado o corte ilegal
operacional
277.728 17.219
Área de intervenção: Processamento e agregação de valor
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 4 de 18
Programa Nacional de Florestas

Estabelecer pacote de incentivos e


ambiente favorecedor de
1.18 investimento na industria de industria florestal competitiva tipo de incentivos
transformação de produtos
madeireiros e não madeireiros 114.644 7.108
Rever mecanismo e critérios de aumentada a colecta de taxas mecanismo de actualização de taxas
1.19
actualização de taxas florestais e de canalização justo, eficaz e transparente 82.040 5.086
Rever a figura legal de "produto em priori
reduzidas as oportunidades de
1.20 instância, autorizações, e produto industria florestal competitiva dade
ilegalidades
acabado" 96.120 5.959 1

Rever e operacionalizar canalização transparente de 100%
aumentada a colecta de taxas
1.21 mecanismos de colecta e das taxas incentivando parcerias e
e de canalização
canalização de taxas melhoria do desempenho do sector
99.752 6.185

Área de intervenção : Apoio ao estabelecimento de plantações florestais e criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento de plantações florestais
Aprovar o mapa de uso de terra,
indicando as áreas potenciais para
plantações florestais, a nível
zoneamento de pelo menos 2
nacional, provincial e distrital e realizado e implementado
milhões de hectares para plantações
1.22 realizar, nestas áreas, estudos de ordenamento territorial para
florestais actualizado e divulgado a
avaliação de impacto ambiental plantações
todos os niveis
estratégico para facilitar
investimento em plantações
florestais; 170.416 10.566

Rever, melhorar, simplificar e
procedimentos claros e guião de procedimentos elaborado e
1.23 implementar os procedimentos de
simplificados aprovado
acesso à terra para plantações
56.584 3.508

Elaborar e aprovar os instrumentos
instrumentos de
1.24 de ordenamento do território para nr de instrumentos aprovados
ordenamento actualizados
plantações
11.292 700

Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 5 de 18
Programa Nacional de Florestas

Participar na elaboração e revisão 50 distritos com planos de


dos planos estratégicos de plantações em especial nos nr de hectares para plantações
1.25 desenvolvimento distrital de acordo corredores de identificadas nos planos de
com as potencialidades locais para desenvolvimento e áreas desenvolvimento distritais
plantações degradadas 564.600 35.005
Propor e instituir mecanismos de
implementado o fomento
consignação, utilização e monitoria nr de hectares estabelecidos com
1.26 florestal e a utilização das
das taxas de exploração destinadas sobrevivência acima de 70%
taxas consignadas
ao reflorestamento; 66.568 4.127
Desenvolver e implementar sistema
base de dados das plantações
1.27 de registo e monitoria de criar base de dados
actualizada e implementada
estabelecimento de plantações 212.240 13.159
Preparar e aprovar mecanismos e
estratégia de envolvimento das
reduzidos conflitos com as
1.28 comunidades e de parcerias nas Nr de conflitos com comunidades
comunidades
plantações florestais visando
aumentar a renda familiar 59.528 3.691

Preparar e divulgar um guião realizado e implementado
áreas e regras de investimento em
1.29 (roadmap) para investidores em ordenamento territorial para
plantações claras e divulgadas
plantações florestais; plantações
10.292 638
Promover estabelecimento de 1 milhão de hectares
plantações com espécies de rápido estabelecidos com 50% de
nr de hectares estabelecidos; nr de
1.30 crescimento para suportar uma subsidio na plantação; pelo
hectares subsidiados
indústria florestal moderna no país menos 300.000 ha contin
( 1 milhão de hectares até 2035) estabelecidos até 2024 225.000.000 13.950.000 uo
pelo menos 50 viveiros
Apoiar o estabelecimento de uma
estabelecidos/identificados para
rede de viveiro distritais, privados e
apoio aos 50 distritos em corredores
1.31 comunitários e sistemas de colecta, rede de viveiros
de desenvolvimento; até 2024,
beneficiação e tratamento de
apoiado o estabelecimento de 20
sementes
viveiros 236.500 14.663

Área de intervenção: quadro legal incentivador da produção sustentável de combustíveis lenhosos e integração de políticas na área de energia
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 6 de 18
Programa Nacional de Florestas

Desenvolver um quadro legal


adequado e harmonizado com as
formalização e melhoria do quadro legal revisto e aumentado o
politicas e estratégias de
sistema de registo e licenciamento de combustíveis
1.32 reflorestamento e energia da
licenciamento do subsector de lenhosos ( actualmente 2% do
biomassa capaz de assegurar a
combustíveis lenhosos consumo)
exploração e produção sustentável
de lenha e carvão vegetal; 284.976 17.669
Estabelecer um banco de dados dos
produtores de carvão/ industrias
aumentar o conhecimento da nr de produtores quantificado e
1.33 consumidoras e de associações de priori
cadeia de valor e seus actores áreas de produção mapeadas
transportadores de carvão dade
existentes 185.056 11.473 1
Elaborar proposta de canalização e
100% de sobretaxas de
aplicação do fundo de
reflorestamento canalizadas canalização de taxas para
1.34 reflorestamento para incentivo de
e nr de ha estabelecidos para reflorestamento
reposição florestal para produção
fins energéticos
de energia 96.144 5.961
60.000 hectares estabelecidos até
Incentivar/subsidiar o
2035 para fins energia com 50% de
estabelecimento de plantações
subsidio; até 2024 pelo menos
florestais comerciais privados e Fomentar e subsidiar
20.000 ha de plantações para fins de
1.35 sistemas agroflorestais,e rede de plantações para fins
energia, com prioridade para
produtores comunitários e energéticos
abastecimento de consumo industria
familiares de média e larga escala
de energia de biomassa ( padarias,
para fins energéticos
cerâmicas, tabaco e chá); 15.000.000 930.000
política florestal e energética
Estudo e proposta de subsídios integradas para promoção de
reduzido o consumo de
1.36 para estimular o uso de fogões mais redução de emissões das
combustíveis lenhosos
eficientes ( de lenha e de carvão) cadeias de valor de
combustíveis lenhosos 47.496 2.945
Desenvolver pesquisa em
combustíveis lenhosos e disseminar aumentada a eficiência de 1 ou 2 tipo(s) de fornos apropriados
1.37
técnicas melhoradas de produção e produção de carvão para cada ecossistema
utilização de carvão; 189.984 11.779
10 cursos/província de produção de
Desenvolver e disseminar melhoradas as capacidades carvão efectuados até 2035; Até
1.38
conhecimentos em tecnologias de técnicas do capital humano 2024, três cursos por província ( 30 contin
produção de carvão vegetal cursos total) 900.000 55.800 uo
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 7 de 18
Programa Nacional de Florestas

Promover a criação de fóruns


provinciais e associações de 4 fóruns/ 1 por cadeia de valor em
1.39 inclusão de todos os actores
operadores e produtores de carvão cada província
e produtores de PFNM 3.400.000 210.800
Promover a coordenação e
cooperação entre o sector de política florestal e energética
florestas e de energia da biomassa integradas para promoção de Unidade multissectorial de energia
1.40 para se alcançar o abastecimento redução de emissões das da biomassa criada até 2021 e
energético com base na exploração cadeias de valor de operacional
sustentável dos recursos e fontes combustíveis lenhosos
alternativas; 1.314.000 81.468
Criação de incentivos e política florestal e energética
compensações/contrabalanços integradas para promoção de Proposta elaborada até 2021 e valor
1.41 derivadas de outras fontes de redução de emissões das dos contrabalanços canalizado para
energia para apoio ao sector cadeias de valor de o subsector da energia da biomassa
florestal; combustíveis lenhosos 32.040 1.986
Área de intervenção: aumentar o conhecimento e valorização dos PFNM
Fazer o mapeamento e criação de
banco de dados dos PFNM do país, incorporados os PFNM nos
todos os inventários e planos de
1.42 em especial daqueles considerados instrumentos de maneio e
maneio incluem os PFNM
prioritários e com procura no gestão florestal
mercado 5.382.720 333.729
Inventariação, cadastro e
ordenamento territorial incorporados os PFNM nos
todos os inventários e planos de
1.43 considerando os principais PFNM, instrumentos de maneio e
maneio incluem os PFNM
sobretudo daqueles sobre pressão gestão florestal
comercial 429.968 26.658
Inclusão de PFNM no sistema de
incorporados os PFNM nos
informação florestal, cobrindo os cadastro dos PFNM actualizado e
1.44 instrumentos de maneio e
inventários dos recursos, produção, operacional
gestão florestal
processamento e comercialização 57.728 3.579
Melhorar e apoiar as cadeias de aumentadas as oportunidades de
valor existentes dos PFNM e favorecidas novas negocio ( mais produtos, mais
1.45
identificar novas oportunidades de oportunidades de negócio agregação de valor) e os
negócio e inovações rendimentos obtidos 111.283 6.900

Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 8 de 18
Programa Nacional de Florestas

incentivar a participação de actores


ligados aos PFNM nos foruns de melhorado o conhecimento rede nacional de pontos focais
1.46
decisão e criação de rede nacional das cadeias de valor estabelecida e operacional contin
de pontos focais ; 283.400 17.571 uo
1.3 VISANDO O COMÉRCIO SUSTENTÁVEL
Área de intervenção: incentivo ao mercado de produtos florestais e comércio sustentável

padronização de produtos florestais


Padronização e classificação dos regulada a comercialização de
1.47 ( inclui os sacos de carvão
produtos florestais produtos florestais
vegetal ) aprovada
65.548 4.064

Harmonizar metodologias de
regulada a comercialização de Reduzidas discrepâncias de
1.48 registos ( Alfandegas e Florestas) e
produtos florestais estatísticas
procedimentos
89.968 5.578
Estabelecer Acordos de
Entendimento com principais roteiro para comercio
acordos bilaterais para comércio
1.49 mercados e produtos florestais responsavel estabelecido e
sustentável estabelecidos
visando comércio externo apoiado
sustentável e responsavel 68.640 4.256
Promover uma consciência do
2 campanhas de advocacia
impacto do uso de carvão das
fomentar o comércio ambiental orientada à energia da
florestas nativas e campanhas de
1.50 responsavel de combustíveis biomassa/ano; até 2024,realizadas
sensibilização para carvão
lenhosos 10 campanhas de advocacia
"plantado" e consumo de origem contin
ambiental
sustentavel; 1.000.000 62.000 uo
OBJECTIVO 2 - Reforçar a resiliência às mudanças climáticas e desastres naturais

2.1 INTEGRAR AS FLORESTAS NA PLANIFICAÇÃO TERRITORIAL E CONSTRUÇÃO DE SINERGIAS


Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 9 de 18
Programa Nacional de Florestas

classificar e zonear as áreas


florestais em categorias funcionais
e integração formal destas áreas na florestas de protecção e Reservas florestais avaliadas e
2.1 Rede de Areas de Conservação e no produtivas devidamente integradas na rede nacional de áreas
plano de desenvolvimento mapeadas de conservação
priori
territorial a todos níveis incluindo
dade
o lançamento no cadastro de terras
330.004 20.460 1

Aprovar pacotes de incentivos para
actores (pessoas singulares, pacote de incentivos para
2.2 tipo e valor de incentivos atribuídos
colectivas, comunidades) conservação aprovado
envolvidos na protecção florestal
15.456 958
sistema de Pagamento por
Proposta de sistema de partilha serviços ecossistémicos
2.3 equitativa dos recursos e serviços elaborado, aprovado e
ambientais em RF. funcional nas reservas contin
florestais valor de PSE's /ano 993.240 61.581 uo
Fortalecer a autoridade nacional
para o CITES e assegurar a tomada
espécies sob níveis elevados
de decisões sobre a protecção das introdução de espécies ameaçadas
2.4 de pressão comercial
espécies florestais ameaçadas ou nos apendices CITES
protegidas
em perigo de extinção em tempo contin
útil. 25.000 1.550 uo
Desenvolver quadro legal favorável
e atrativo para investimento e co-
gestão das reservas florestais e
outras áreas de protecção e quadro legal incentivador da sistema de gestão e parcerias para
2.5 conservação do ambiente ( inclindo conservação florestal e gestão reservas florestais e AC florestal
a multiplicação e conservação de efectiva das AC florestal estabelecido
germoplasma in situ e ex-situ
(jardins botânicos, Michafutene,
entre outras) ) 77.476 4.804
2.2 RESSALTAR AS MEDIDAS DE MITIGAÇÃO E ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 10 de 18
Programa Nacional de Florestas

Estabelecer a área mínima de


conservação da cobertura florestal
pelo menos 20% de área florestal em
dos distritos de maior projecção de área de cobertura florestal
2.6 todos os distritos dos corredores de
desmatamento e nos corredores de mínima aprovada priori
desenvolvimento e da costa
desenvolvimento e bacias dade
hidrográficas; 49.752 3.085 1

Identificação e mapeamento dos
mapa de ecossistemas
serviços dos ecossistemas mapa de serviços ambientais
2.7 florestais de acordo com os
prioritários a nível nacional realizado e divulgado
serviços ambientais
(carbono, água e solos). 195.872 12.144
60.000 hectares em sistemas agro-
Promoção de sistemas agro- sistemas agro-florestais
florestais implementados até 2035.
2.8 florestais com espécies de uso estabelecidos e redução do
até 2024 estabelecidos 18.000 ha em contin
múltiplo desmatamento
sistemas agro-florestais 4.500.000 279.000 uo
3000 ha estabelecidos até 2035, ou
Incentivar plantações de
2.9 Aumentado o sequestro de 1000 hectares estabelecidos até contin
conservação no âmbito do REDD+;
carbono 2024; 750.000 46.500 uo

2.3 AUMENTAR A RESILIÊNCIA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DESASTRES NATURAIS


recuperação de mangais
degradados em zonas frágeis 2000 ha de mangais reabilitados até
2.10
Reabilitação de mangais e de elevada importância de 2035. Até 2024 reabilitados 600 ha contin
degradados conservação de mangais 300.000 18.600 uo
Estabelecer actividades florestais protecçao de dunas costeiras
2.11 para a estabilização e fixação de e mitigação de mudanças contin
dunas costeiras; climáticas Estabilização de 13500 ha de dunas 10.125.000 627.750 uo
Estabelecer mecanismo de
contrapartidas derivadas das valor de contrapartidas captadas e
sistema de contrapartidas
2.12 actividades económicas para numero de hectares estabelecidos/
aplicado no sector florestal
restauração do capital natural restaurados
florestal 59.876 3.712

Avaliação das oportunidades de definição de áreas prioritárias Identificadas as áreas com maior
2.13 146.120 9.059
restauração de paisagens florestais. para restauração prioridade de restauração
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 11 de 18
Programa Nacional de Florestas

zonas de nidificacao e corredoresde


Elaborar proposta de conservação e protecção de fauna bravia fauna protegidos e incorporadas as
2.14 restauração dos corredores de dentro e fora das áreas de regras em todos os planos de maneio 500.000 31.000

fauna e as zonas de nidificação. conservação ( florestas produtivas e de
conservação)
Promover e estimular o sector
privado para conservação da
restauração de 1 milhão de hectares
biodiversidade e recuperação de Restauração de áreas contin
2.15 ( 40% subsidio) até 2035. até 2024 160.000.000 9.920.000
áreas degradadas em áreas de sua degradadas uo
recuperados 320.000 ha
jurisdição, particularmente em
concessões florestais;
Estabelecer mecanismos de
monitoria e penalização de não
monitoria do ordenamento Nr de penalidades e tipo de infrações
2.16 cumprimento do ordenamemto 54.876 3.402
territorial ao ordenamento florestal
territorial florestal , queimadas e
conservação da biodiversidade

Definição de critérios de utilização criterios de utilização de


2.17 das receitas dos PSA's e outras receitas consignadas manuais e procedimentos aprovados 195.872 12.144

receitas consignadas. definidos e aprovados

Campanhas de sensiblização
1 campanha /provincia/ano até
ambiental com foco na redução de
melhorado a sensiblização em 2035 e aumentado em 30% o nivel
emissões: queimadas florestais, contin
relação à redução de emissões de consciencia da população 2.500.000 155.000
desmatamento, agricultura de uo
e mudanças climáticas mocambicana sobre os impactos das
conservação, agro-silvicultura e
actividades humanas
2.18 recuperação de áreas degradadas

Realizar campanhas de plantio e sensililização sobre


protecção de ecossistemas frágeis conservação florestal, redução Realizadas 10 campanhas/ano. Até contin
2.19 2.500.000 155.000
envolvendo a sociedade em geral e, de queimadas descontroladas 2024 realizadas 50 campanhas uo
em particular, o sector de educação; e mudanças climáticas

OBJECTIVO 3 - Construir capacidades e integrar os princípios da boa governação no desenvolvimento florestal


3.1 MELHORIA DA MONITORIA FLORESTAL PARA A TOMADA DE DECISÕES INFORMADAS
Área de intervenção: monitoria florestal
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 12 de 18
Programa Nacional de Florestas

Acordar e aprovar o sistema e


metodologia nacional de monitoria
florestal ( inventários, mapas, Sistema nacional de inventário
3.1 classificação da vegetação,) metodologia aprovada; florestal e relatorio e anexos
considerando as especificidades aprovado; Priori
nacionais e os acordos dade
internacionais 166.120 10.299 1

Fortalecer os inventários florestais


provinciais com a capacitação e
3.2 monitoria florestal periódica até 2024, 02 províncias com
dotação de equipamento
especializado; a nivel provincial e local capacidade para realizar inventarios
realizadas provinciais e locais; 1.400.000 86.800

Área de intervenção : Fiscalização Florestal

Assegurar a implementação efetiva


estrangulamentos de
do Estatuto de Fiscal Florestal Valor de comparticipações incluindo
3.3 implementação do estatuto de
garantindo incentivos a todos os o(s) denunciante(s)
fiscal desbloqueados
intervenientes
29.940 1.856

Reorganizar e descentralizar os
serviços de fiscalização
3.4 Fiscalização florestal dotada Nr de campanhas de fiscalização e
apetrechando com meio humanos,
materiais e tecnológicos adequados de meios humanos e prevenção realizadas; redução de contin
equipmento infrações 3.600.000 223.200 uo
Criar e facilitar o funcionamento de
órgão de coordenação grupos de coordenação criados e
3.5 interinstitucional na fiscalização Coordenação das entidades operacionais e harmonizados
florestal central, provincial, distrital envovidas na fiscalização procediementos entre entidades ( contin
e comunitária melhorada PGR/ PPRN/PRM/ fiscais) 270.000 16.740 uo

Introduzir o sistema de
rastreamento da origem da Pelo menos 75% da madeira
3.6 Fiscalização modernizada
madeira e da cadeia de custódia na rastreada até 2035
fiscalização florestal
1.000.000 62.000
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 13 de 18
Programa Nacional de Florestas

Capacitar os actores e usuários para


3.7 as mudanças introduzidas pelo Até 2024 , um total de 150
rastreamento elementos formados no contin
Equipe treinada e capacitada rastreamento de prod. florestais 600.000 37.200 uo

Modernizar a gestão florestal Nr de processos administrativos


através do uso de TIC's nos Sistema de Informação realizados com auxílio de TIC's;
3.8 priori
processos administrativos do sector Florestal operacional acesso à informação do sector em
florestal a todos os níveis tempo real dade
2.000.000 124.000 1

Ligação e comunicação entre actores


Reforçar o acesso à internet de alta do sector mais frequente. Até 2024,
3.9 Acesso a internet melhorado priori
velocidade acesso à internet melhorado em
todos os serviços florestais. dade
1.000.000 62.000 1

Instituir mecanismos de denúncias, Proposta de mecanismo de mecanismo de denuncias e de


3.10 reclamações e resolução de resolução de conflitos reclamações operacional. nr de
conflitos de âmbito florestal elaborada, aprovada e conflitos e reclamações resolvidas e contín
operacional apresentadas 821.250 50.918 uo
3.2 REFORMULAR E ADEQUAR A ARQUITECTURA DA GOVERNAÇÃO FLORESTAL

Área de intervenção: Revisão de quadro institucional

Orgão público central ( autoridade


Revisão institucional para quadro institucional eficiente
3.11 florestal) com representações a nível priori
adequação aos desafios do sector e adequado
provincial e distrital criadas dade
65.456 4.058 1
Rever o enquadramento
institucional das actividades ligadas
ao desenvolvimento de plantações quadro institucional Plantações e florestas nativas sob o
3.1.2
florestais num único orgão central integrado mesmo orgão institucional priori
com mandato para dinamizar este dade
subsector. 10.500 651 1

Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 14 de 18
Programa Nacional de Florestas

Regulamento de alocação de alocação de receitas para


3.13 receitas para desenvolvimento regulamento aprovado desenvolvimento institucional
institucional e demais alocações; implementado
10.092 626

Institucionalizar o fórum nacional
Melhorada a participação dos criado o fórum de florestas e 1 priori
3.14 de florestas e as reuniões anuais do
actores na tomada de decisão reunião anual do mesmo dade
sector florestal;
1.872.000 116.064 1
Participar nos comitês de gestão de
bacias hidrográficas, e promover a integração das florestas na
3.15 09 comités operacionais
participação de todos actores gestão de bacias hidrográficas contin
interessados; 405.000 25.110 uo
Área de intervenção: quadro legal actualizado e completo
Rever a lei florestal e respectivos 20 consultas provinciais para lei e
sequencia e fluxo legislativo priori
3.16 regulamentos em tempo e regulamento respectivamente e
adequado dade
sequência adequada código florestal aprovado
960.000 59.520 1
Desenvolver actividades de
3.17 divulgação do quadro legal do contin
sector campanhas de divulgação 10 de campanhas realizadas 1.400.000 86.800 uo
Área de intervenção: boa governação e transparência
adequada a monitoria de
Criação de sistema de auditoria de relatório anual de gestão de receitas
3.18 gestão de receitas e fundos
gestão de fundos alocados; divulgado
aprovado
5.250 326
Estudar oportunidade e pertinência mecanismos para
do enquadramento do sector transparência e avaliação da
3.19 Melhorada a transparência do sector
florestal na EITI- Estractive governação aprovadas e
Industries Transparency Iniciative incorporadas na legislação 28.506 1.767
Incorporar os sistemas de
monitoria (auto avaliação e
independente) de governação ( aumentada a transparência,
transparência, responsabilização, prestação de contas e marco legal favorecedor da boa
3.20
participação na tomada de decisões, responsabilização na governação a
entre outros) no marco legal do governação florestal
sector e regulamentar o acesso à
informação sobre florestas; 22.584 1.400

Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 15 de 18
Programa Nacional de Florestas

Aprovado sistema de
Avaliação periódica da governação monitoria da governação e avaliação da governação florestal
3.21
florestal sua implementação periódica realizada a cada 5 anos, definindo a contin
realizada linha de base inicial em 2021 53.352 3.308 uo
Área de intervenção: Imagem, advocacia e network
Até 2024 webpage institucional
reformulada e actualizada;
Disseminar relatórios, informação,
Relatórios e informações de
3.22 resultados alcançados e legislação
projectos do sector acessíveis ao
do sector
Prestação de contas público; Legislação do sector contin
implementado acessível; 480.000 29.760 uo
Gabinete de imagem e divulgação do
Criação de gabinete de imagem e de
melhorada a imagem do sector operacional; Nr de acções
3.23 coordenação de redes e campanhas
sector junto ao público ( 60 % realizadas; Avaliação da opinião contin
de advocacia
aprova ) pública 718.500 44.547 uo
Favorecer a hospedagem de
eventos internacionais 02 eventos internacionais/regionais
3.24 relacionados com governação, /ano hospedados. Até 2024, dez (
políticas, monitoria e maneio Inclusão no cenário 10) eventos hospedados. contin
florestal sustentável; internacional florestal 500.000 31.000 uo

3.3 ADAPTAR E ADEQUAR A FORMAÇÃO E INVESTIGAÇÃO FLORESTAL

Área de intervenção: Extensão florestal e capacitação florestal e ambiental
Levantamento de necessidades e
lacunas do actual sistema de
capacitação junto do sector privado,
melhorado o conhecimento identificadas lacunas e preparada
sociedade civil e instituições do
3.25 sobre as lacunas da formação proposta de capacitação e extensão
Estado, para elaboração de
profissional florestal florestal
programas de formação para
atender as componentes do
programa nacional de florestas ; 36.312 2.251
Institucionalização dos
diversificada as
treinamentos em serviço para nr de certificados atribuidos por
3.26 oportunidades de
melhor acesso ao pessoal sem formações no trabalho
treinamento reconhecidas
formação formal. 36.312 2.251

Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 16 de 18
Programa Nacional de Florestas

Elaborar proposta de assessoria


técnica às comunidades e programa de formação/ programa de formação/extensão
3.27
operadores, incluindo viabilidade extensão florestal actualizado aprovado e em implementação
económica da mesma 108.112 6.703

Levantamento de necessidades de
treinamento e capacitação dos melhoradas as capacidades programa de treinamento das OCB's
3.28
produtores e corpo directivos das técnicas do capital humano aprovado e em implementação
associações de produtores
25.440 1.577
Promover através da rede de
extensão agrária e de fomento
extensão florestal e educação
florestal práticas e tecnologias Rede e actividades de extensão
3.29 ambiental para redução de
agro-florestais de melhoria da florestal operacional
emissões
fertilidade, protecção dos solos e contin
recuperação de áreas degradadas; 10.950.000 678.900 uo

3.30 Capacitação nacional em PSA's capacitação para nr de cursos e material didatico contin
implementação dos PSA's produzido 150.000 9.300 uo

Promover troca de experiências e aumentado o conhecimento 15 elementos /ano . Até 2024, 60


3.31
capacitação sobre PFNM sobre o PFNM e suas pessoas participaram em trocas de contin
potencialidades económicas experiências sobre os PFNM 603.720 37.431 uo
Elaborar manuais e material de
apoio à capacitação ( preparação 6 manuais preparados e distribuidos
3.32 social, gestão florestal, gestão de por cada cadeia de valor até 2035;
negócios, gestão de conflictos e material de formação Até 2024 preparar 2 manuais para contin
assuntos transversais) actualizado cada cadeia de valor 200.000 12.400 uo
Implementar programa de
capacitação a nivel local, 50 cursos realizados x 15
melhoradas as capacidades
3.33 sensibilização sobre temas pessoas/cada. Até 2024 realizados
técnicas do capital humano
ambientais e florestais e assessoria 15 cursos de capacitação e pelo contin
técnica meos 225 pessoas treinadas 405.000 25.110 uo
Fornecer capacitação e incentivos
para adopção da agricultura 10 cursos/provincia em agricultura
melhoradas as capacidades
3.34 sustentável e adaptação a de conservação . Até 2024 realizados
técnicas do capital humano
mudanças climáticas ( climate 20 cursos, isto é 02 cursos/ contin
smart agriculture) provincia 400.000 24.800 uo
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 17 de 18
Programa Nacional de Florestas

técnicos florestais do sector


público actualizados e
3.35 capacitados para cumprir
cursos de treinamento de mandato com qualidade 1 curso /ano ( 60 participantes). 05 contin
atualização dos técnicos florestais desejada cursos até 2024 622.520 38.596 uo

Preparar e aprovar a Estratégia


melhoradas as capacidades de
para mobilização de fundos para
investigação coordenada e de quantidade de fundos disponiveis
financiamento de investigação
longo prazo para investigação na área de
florestal
3.36 florestas 12.500 775

Apoiar a formação de jovens na melhoradas as capacidades 20 bolsas de estudos( programas de
área de florestas através de bolsas técnicas do capital humano 4 anos) financiadas; até 2024 contin
3.37 de estudo atribuidas 05 bolsas de estudos 134.400 8.333 uo
Área de intervenção : Investigação Florestal
Criada uma entidade nacional que
resulte da aglutinação de
instituições públicas ligadas à
Melhorar o quadro intitucional para pesquisa sobre florestas e meio
quadro institucional de
uma investigação multisectorial ambiente e que actualmente se
investigação adequado e
integrada e de longo prazo para encontram em ministérios
plano nacional de
implementação do plano nacional diferentes, por exemplo o sector
investigação aprovado
de investigação ligado à Inventário de Recursos
Florestais (subordinado ao
MITADER) e a DARN-IIAM (tutelado
3.38 pelo MASA). 66.500 4.123

Rede nacional de sítios 100 parcelas de observação
(observatórios e parcelas estabelecidas e monitoradas
permanentes) para observação, periódicamente. Até 2024 aprovada contin
3.39
monitoramento e investigação a a rede de monitoria permanente uo
longo prazo de fenómenos investigação florestal de longo florestal e estabelecidas 35 áreas de
ecológicos e sociais prazo em implementação observação 926.800 57.462
Investigar e desenvolver variedades identificadas espécies nativas
de espécies florestais para apropriadas para plantações de contin
3.40 responder à demanda dos pesquisa aplicada efectuada
energia /zona agro-ecológicas e uo
combustíveis lenhosos e restauração
restauração florestal 180.000 11.160
Anexo 4 – Calendário de Actividades 2019 -2024 18 de 18
Programa Nacional de Florestas

Promover investigação aplicada e


extensão em plantações florestais
pesquisa aplicada a Iinvestigação aplicada a viveiristas
priorizando a escolha de espécies, contin
3.42 plantações florestais rurais, comunidades e empresas do
produção de mudas, técnicas de uo
efectuada sector
estabelecimento, tratamento e
protecção de plantações. 450.000 27.900
Divulgação de resultados de 100% dos resultados das
contín
3.43 investigação e aplicação dos Aumentada a ligação entre investigações publicados e
uo
resultados investigacão e usuários divulgados em forums do sector 85.000 5.270

4. MONITORIA E IMPLEMENTAÇÃO INTEGRADA DO PNF
Reforçar a coordenação 02 reuniões de coordenação
multissectorial (FUNAE/FNDS, multisectorial (sendo 1 de alto
MIREME e MITADER) para nível)/ano; até 2024 aprovado e contin
4.1
estabelecimento de programas de institucionalizado o orgão de priori uo
acções conjuntas e coordenadas melhorada a coordenação coordenação multisectorial e 10 dade
para alcançar a visão estabelecida; multisectorial reuniões efectuadas 250.000 15.500 1

Captar e mobilizar fundos e


Quantidade de fundos contin
4.2 parcerias para implementação do
mobilizados./proveniência; Priori uo
Programa Nacional de Florestas
Programa nacional de dade
florestas implementado 1
Desenhar e estabelecer sistema
integrado de monitoria e relatório Relatório do sector florestal
nacional de progresso verso o reduzida duplicação de incluindo sistema de indicadores
4.3 maneio florestal sustentável monitoria e criadas sinergias provinciais e nacionais
/programa nacional de florestas e para monitoria integrada harmonizados e alinhados com priori
da implementação das convenções outros sectores dade
internacionais 47.600 2.951 1
577.624.601 35.812.725
TOTAL

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