Lei 12016-09 Lei Do MS

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Presidência da República

Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009.

Disciplina o mandado de
Mensagem de veto segurança individual e coletivo
e dá outras providências. 

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o


Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o  Conceder-se-á mandado de segurança para


proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso
de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou
houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de
que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. 

§ 1o  Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta


Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os
administradores de entidades autárquicas, bem como os
dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no
exercício de atribuições do poder público, somente no que
disser respeito a essas atribuições. 

§ 2o  Não cabe mandado de segurança contra os atos de


gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de
concessionárias de serviço público. 

§ 3o  Quando o direito ameaçado ou violado couber a


várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de
segurança. 

Art. 2o  Considerar-se-á federal a autoridade coatora se as


consequências de ordem patrimonial do ato contra o qual se
requer o mandado houverem de ser suportadas pela União ou
entidade por ela controlada. 

Art. 3o  O titular de direito líquido e certo decorrente de


direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar
mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu
titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando
notificado judicialmente. 

Parágrafo único.  O exercício do direito previsto


no caput deste artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23
desta Lei, contado da notificação. 

Art. 4o  Em caso de urgência, é permitido, observados os


requisitos legais, impetrar mandado de segurança por
telegrama, radiograma, fax ou outro meio eletrônico de
autenticidade comprovada. 

§ 1o  Poderá o juiz, em caso de urgência, notificar a


autoridade por telegrama, radiograma ou outro meio que
assegure a autenticidade do documento e a imediata ciência
pela autoridade. 

§ 2o  O texto original da petição deverá ser apresentado


nos 5 (cinco) dias úteis seguintes. 

§ 3o  Para os fins deste artigo, em se tratando de


documento eletrônico, serão observadas as regras da Infra-
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. 

Art. 5o  Não se concederá mandado de segurança quando


se tratar: 

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito


suspensivo, independentemente de caução; 

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito


suspensivo; 
III - de decisão judicial transitada em julgado. 

Parágrafo único.  (VETADO) 

Art. 6o  A petição inicial, que deverá preencher os


requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada
em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira
reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade
coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha
vinculada ou da qual exerce atribuições. 

§ 1o  No caso em que o documento necessário à prova do


alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou
em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão
ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a
exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e
marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez)
dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à
segunda via da petição. 

§ 2o  Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for


a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da
notificação. 

§ 3o  Considera-se autoridade coatora aquela que tenha


praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a
sua prática. 

§ 4o  (VETADO)

§ 5o  Denega-se o mandado de segurança nos casos


previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973
- Código de Processo Civil. 

§ 6o  O pedido de mandado de segurança poderá ser


renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão
denegatória não lhe houver apreciado o mérito. 

Art. 7o  Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 


I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial,
enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos
documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as
informações; 

II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação


judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da
inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito; 

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido,


quando houver fundamento relevante e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente
deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança
ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
pessoa jurídica. 

§ 1o  Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou


denegar a liminar caberá agravo de instrumento, observado o
disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de
Processo Civil. 

§ 2o  Não será concedida medida liminar que tenha por


objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de
mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação
ou equiparação de servidores públicos e a concessão de
aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de
qualquer natureza. 

§ 3o  Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou


cassada, persistirão até a prolação da sentença. 

§ 4o  Deferida a medida liminar, o processo terá prioridade


para julgamento. 

§ 5o  As vedações relacionadas com a concessão de


liminares previstas neste artigo se estendem à tutela
antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869,
de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.  

Art. 8o  Será decretada a perempção ou caducidade da


medida liminar ex officio ou a requerimento do Ministério
Público quando, concedida a medida, o impetrante criar
obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de
promover, por mais de 3 (três) dias úteis, os atos e as
diligências que lhe cumprirem. 

Art. 9o  As autoridades administrativas, no prazo de 48


(quarenta e oito) horas da notificação da medida liminar,
remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham
subordinadas e ao Advogado-Geral da União ou a quem tiver a
representação judicial da União, do Estado, do Município ou da
entidade apontada como coatora cópia autenticada do
mandado notificatório, assim como indicações e elementos
outros necessários às providências a serem tomadas para a
eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como
ilegal ou abusivo de poder. 

Art. 10.  A inicial será desde logo indeferida, por decisão


motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou
lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o
prazo legal para a impetração. 

§ 1o  Do indeferimento da inicial pelo juiz de primeiro grau


caberá apelação e, quando a competência para o julgamento
do mandado de segurança couber originariamente a um dos
tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão
competente do tribunal que integre. 

§ 2o  O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido


após o despacho da petição inicial. 

Art. 11.  Feitas as notificações, o serventuário em cujo


cartório corra o feito juntará aos autos cópia autêntica dos
ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação
judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da
entrega a estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar recibo e,
no caso do art. 4o desta Lei, a comprovação da remessa. 
Art. 12.  Findo o prazo a que se refere o inciso I
do caput do art. 7o desta Lei, o juiz ouvirá o representante do
Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável
de 10 (dez) dias. 

Parágrafo único.  Com ou sem o parecer do Ministério


Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a
qual deverá ser necessariamente proferida em 30 (trinta) dias. 

Art. 13.  Concedido o mandado, o juiz transmitirá em ofício,


por intermédio do oficial do juízo, ou pelo correio, mediante
correspondência com aviso de recebimento, o inteiro teor da
sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada. 

Parágrafo único.  Em caso de urgência, poderá o juiz


observar o disposto no art. 4o desta Lei. 

Art. 14.  Da sentença, denegando ou concedendo o


mandado, cabe apelação. 

§ 1o  Concedida a segurança, a sentença estará sujeita


obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. 

§ 2o  Estende-se à autoridade coatora o direito de recorrer. 

§ 3o  A sentença que conceder o mandado de segurança


pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que
for vedada a concessão da medida liminar. 

§ 4o  O pagamento de vencimentos e vantagens


pecuniárias assegurados em sentença concessiva de mandado
de segurança a servidor público da administração direta ou
autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado
relativamente às prestações que se vencerem a contar da data
do ajuizamento da inicial. 

Art. 15.  Quando, a requerimento de pessoa jurídica de


direito público interessada ou do Ministério Público e para
evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia
públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o
conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão
fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa
decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5
(cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte
à sua interposição. 

§ 1o  Indeferido o pedido de suspensão ou provido o


agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo
pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente
para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário. 

§ 2o  É cabível também o pedido de suspensão a que se


refere o § 1o deste artigo, quando negado provimento a agravo
de instrumento interposto contra a liminar a que se refere este
artigo. 

§ 3o  A interposição de agravo de instrumento contra


liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e
seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do
pedido de suspensão a que se refere este artigo. 

§ 4o  O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido


efeito suspensivo liminar se constatar, em juízo prévio, a
plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão
da medida. 

§ 5o  As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser


suspensas em uma única decisão, podendo o presidente do
tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares
supervenientes, mediante simples aditamento do pedido
original. 

Art. 16.  Nos casos de competência originária dos


tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo
assegurada a defesa oral na sessão do julgamento. 

Art. 16.  Nos casos de competência originária dos


tribunais, caberá ao relator a instrução do processo, sendo
assegurada a defesa oral na sessão do julgamento do mérito
ou do pedido liminar.                     (Redação dada pela Lei nº
13.676, de 2018)
Parágrafo único.  Da decisão do relator que conceder ou
denegar a medida liminar caberá agravo ao órgão competente
do tribunal que integre. 

Art. 17.  Nas decisões proferidas em mandado de


segurança e nos respectivos recursos, quando não publicado,
no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do julgamento, o
acórdão será substituído pelas respectivas notas taquigráficas,
independentemente de revisão. 

Art. 18.  Das decisões em mandado de segurança


proferidas em única instância pelos tribunais cabe recurso
especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e
recurso ordinário, quando a ordem for denegada. 

Art. 19.  A sentença ou o acórdão que denegar mandado de


segurança, sem decidir o mérito, não impedirá que o
requerente, por ação própria, pleiteie os seus direitos e os
respectivos efeitos patrimoniais. 

Art. 20.  Os processos de mandado de segurança e os


respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos
judiciais, salvo habeas corpus. 

§ 1o  Na instância superior, deverão ser levados a


julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que
forem conclusos ao relator. 

§ 2o  O prazo para a conclusão dos autos não poderá


exceder de 5 (cinco) dias. 

Art. 21.  O mandado de segurança coletivo pode ser


impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por
organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1
(um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade,
ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos
seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial. 

Parágrafo único.  Os direitos protegidos pelo mandado de


segurança coletivo podem ser: 

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular
grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica básica; 

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito


desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou
situação específica da totalidade ou de parte dos associados
ou membros do impetrante. 

Art. 22.  No mandado de segurança coletivo, a sentença


fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou
categoria substituídos pelo impetrante. 

§ 1o  O mandado de segurança coletivo não induz


litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da
coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual
se não requerer a desistência de seu mandado de segurança
no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da
impetração da segurança coletiva. 

§ 2o  No mandado de segurança coletivo, a liminar só


poderá ser concedida após a audiência do representante
judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. 

Art. 23.  O direito de requerer mandado de segurança


extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da
ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
Art. 24.  Aplicam-se ao mandado de segurança os arts.
46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de
Processo Civil. 

Art. 25.  Não cabem, no processo de mandado de


segurança, a interposição de embargos infringentes e a
condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem
prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-
fé. 

Art. 26.  Constitui crime de desobediência, nos termos


do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 ,
o não cumprimento das decisões proferidas em mandado de
segurança, sem prejuízo das sanções administrativas e da
aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando
cabíveis. 

Art. 27.  Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as


leis de organização judiciária deverão ser adaptados às
disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias,
contado da sua publicação. 

Art. 28.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 

Art. 29.  Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro


de 1951, 4.166, de 4 de dezembro de 1962, 4.348, de 26 de junho
de 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3o da Lei no 6.014,
de 27 de dezembro de 1973, o art. 1o da Lei no 6.071, de 3 de
julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982 ,
e o art. 2o da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996. 
Brasília,  7  de  agosto  de 2009; 188o da Independência e
121o da República. 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Tarso Genro
José Antonio Dias Toffoli

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