Assembleia Nacional (Angola) - Wikipédia, A Enciclopédia Livre

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Assembleia Nacional

(Angola)

A Assembleia Nacional é o parlamento


angolano, constituído e regulado no título IV da
Constituição Angolana de 2010. De acordo
com ela, é a representante do povo angolano,
tendo uma configuração unicameral.

Assembleia Nacional
Assembleia Nacional da República de
Angola

(IV legislatura)

Tipo

Tipo Unicameral

Liderança

Presidente da Carolina Cerqueira[1],


Assembleia Nacional MPLA
desde 16 de setembro
de 2022[2]

Estrutura

Assentos 220 deputados[3]

Grupos políticos Governo (124)


MPLA (124)

Oposição oficial (90)

UNITA (90)
Outros partidos (6)

FNLA (2)

PRS (2)

PHA (2)

Autoridade Título IV da
Constituição

Eleições

Sistema de votação Escrutínio proporcional


plurinominal mediante
sistema d'Hondt com
listas fechadas

Última eleição 24 de agosto de 2022

Local de reunião

Palácio da Assembleia Nacional


Avenida Dr. António Agostinho Neto, Praia do
Bispo, Luanda

Website

www.parlamento.ao

Em representação do povo angolano, exerce os


aspetos essenciais da soberania nacional:
possui o poder legislativo, aprova o Orçamento
Geral do Estado, controla a ação do Governo e
desempenha o resto das funções que lhe
atribui a Constituição.

Natureza

A Constituição angolana, seguindo o principio


de divisão de poderes exposto por
Montesquieu, define e regula os três poderes
básicos: legislativo, executivo e judicial. O
primeiro encomenda-se à Assembleia
Nacional, o segundo ao Governo da Nação e o
terceiro aos tribunais de justiça.

Segundo a configuração derivada da


constituição, a Assembleia Nacional é um
órgão complexo de natureza representativa,
deliberante, inviolável e contínua.

Composição

A Assembleia Nacional compõe-se por 220


deputados (legisladores), eleitos por sufrágio
universal, livre, igual, direto e secreto, sendo
que são eleitos nos termos que estabelece o
artigo 144.º da Constituição do seguinte modo:
[4]

130 deputados são eleitos por


representação proporcional em círculo
eleitoral nacional único;

90 deputados são eleitos pelos círculos


eleitorais provinciais, sendo 5 deputados
eleitos em cada província.

São eleitores e elegíveis todos os angolanos


que estejam em pleno uso dos seus direitos
políticos.

Funcionamento

Regime

A regulação fundamental do funcionamento da


Assembleia Nacional encontra-se na
Constituição e no regimento da câmara.

Tempo

A legislatura é o tempo normal da vida da


Câmara. É comummente aceite que tenha uma
duração máxima de cinco anos, salvo em caso
de dissolução antecipada. Contudo, a
Constituição aprovada em 2010 é omissa em
relação à duração máxima de uma legislatura,
ao contrário, por exemplo, da duração máxima
para o mandato do Presidente da República
que está estipulada no artigo 113.º. Com efeito,
depois da primeira eleição ocorrida em 1992, a
eleição seguinte estava marcada para 1997,
mas no contexto da guerra civil então em curso
foi adiada em várias ocasiões até ter
finalmente lugar em setembro de 2008.

O período de sessões é cada uma das etapas


de trabalho dentro de cada legislatura.
Salienta-se que a Câmara se reunirá
anualmente em dois períodos ordinários de
sessões, um de setembro a dezembro e outro
de fevereiro a junho.

Lugar

De acordo com a constituição, que estabelece


Luanda como capital, a sede da Assembleia
Nacional é na dita cidade. O local da
Assembleia Nacional goza do privilégio de
inviolabilidade da constituição.

Plenário e comissões

O funcionamento da câmara tem lugar no


plenário e em comissões, com as limitações
estabelecidas na Constituição — por exemplo,
nos casos de leis orgânicas e tratados
internacionais —. O plenário é a reunião de
todos os membros de uma câmara, sob a
presidência da sua respetiva mesa; as
comissões são cada uma das secções
operativas em que se dividem os deputados,
sob a direção de uma mesa própria.

Dissolução
Por causa das suas relações com o Governo.
O Presidente da República, prévia audição
do Conselho de Ministros, poderá auto-
demitir-se nos termos do artigo 128.º da
Constituição, mediante mensagem dirigida à
Assembleia Nacional, com conhecimento ao
Tribunal Constitucional. Nesse caso, a auto-
demissão política do Presidente da
República implica a dissolução da
Assembleia Nacional e proceder-se-á
imediatamente à convocação de eleições
gerais antecipadas;[4]
Por exigências constitucionais. Expiração do
prazo da legislatura (mandato dos
deputados), de cinco anos, previsto no
artigo 143.º da Constituição, no qual a
Assembleia Nacional ficará expirada e
deverá proceder-se imediatamente à
convocação de eleições gerais nos termos
do artigo 112.º da Constituição;[4]

Por outras causas especiais.

A Assembleia Nacional exerce todos os seus


poderes e atribuições através da elaboração e
aprovação das Leis, mediante a proposição das
nomeações dos titulares de determinados
órgãos do Estado ao Presidente da República e
de outras formas.

Órgãos da Assembleia
Nacional

Em exercício da autonomia que a Constituição


reconhece à Assembleia Nacional, a câmara
rege-se por leis estabelecidas pela mesma em
que configuram uma série de órgãos de
governo para exercer as suas correspondentes
competências.

Órgãos de trabalho

Plenário

Órgão de trabalho funcional, através do qual a


câmara exerce a sua vontade. É a reunião de
todos os membros da câmara validamente
constituída quando estejam presentes metade
mais um dos seus membros. Este órgão
representa a unidade da câmara e funciona
através das sessões plenárias, que podem ser
de dois tipos, ordinárias e extraordinárias.[5]

Sessões ordinárias, são todas as realizadas


nos períodos de sessões, de setembro a
dezembro, e de fevereiro a junho,
convocadas através de um calendário já pré-
fixado.

Sessões extraordinárias, são as convocadas


a pedido do Presidente da República, da
Comissão Permamente da Assembleia
Nacional, ou da maioria absoluta dos
membros da câmara. Apresentar-se-á uma
ordem do dia pré-determinada e a sessão
encerrar-se-á logo que estiverem tratados
todos os pontos da ordem do dia.

Comissões

Compostas por um número proporcional de


deputados em função da importância numérica
dos diversos Grupos Parlamentares, e que
podem ser de dois tipos: Permanentes e Não
Permanentes; no caso das Comissões
permanentes, o Pleno do Congresso pode
conferir-lhes competência legislativa plena em
relação a um assunto, com o qual poderão
aprovar ou rejeitar definitivamente o projeto de
lei em questão; no caso das Comissões não
permanentes são aquelas criadas com um
propósito específico e cuja temática e duração
estão fixadas de antemão pelo Plenário.[6] A
Comissão Permanente é composta por um
número proporcional de deputados em função
da importância numérica dos diversos Grupos
Parlamentares. É o órgão que zela pelos
poderes da Câmara entre os períodos de
sessões ou quando o seu mandato terminou
por expiração ou dissolução. A Comissão
Permanente será presidida pelo Presidente da
Assembleia Nacional.[7]

Grupo Parlamentar

É um organismo parlamentar no qual os


membros da câmara unem-se em função da
sua afinidade ideológica ou pertença a um
mesmo partido político.[8]

Órgãos de direção e
administração

Presidência

Ver artigo principal: Lista de presidentes da


Assembleia Nacional de Angola

Ostenta a representação da Assembleia


Nacional e é eleito pelo Plenário para a
totalidade da legislatura. Preside a todos os
demais órgãos colegiados da Assembleia
Nacional.[9]

Mesa da Assembleia Nacional

Integrada pelo Presidente, quatro Vice-


Presidentes e quatro Secretários eleitos pelo
Plenário em função da importância numérica
dos diversos Grupos Parlamentares, cuja
função primordial é reger e ordenar o trabalho
de todo a Assembleia Nacional, sendo o órgão
de governo interno.[10]

Sede

Ver artigo principal: Palácio da Assembleia


Nacional de Angola

O Palácio da Assembleia Nacional é o edifício


que alberga a Assembleia Nacional. Está
situado na Avenida Dr. António Agostinho Neto,
na Praia do Bispo, em Luanda.[11] O palácio foi
inaugurado em 2015 para funcionar como a
nova sede do poder legislativo nacional, tendo
o edifício sido construído pela empresa de
construção portuguesa Teixeira Duarte.[12]

Histórico e eleições
legislativas

A 2 de maio de 1972, a Assembleia Nacional


Portuguesa aprovou a Lei Orgânica dos
Territórios Ultramarinos, que previa uma maior
autonomia dos territórios ultramarinos.[13]
Angola deveria ter uma Assembleia Legislativa
de 53 membros, dos quais 32 seriam eleitos de
forma direta.[13] O restante seria eleito
indiretamente dentre os servidores públicos,
grupos religiosos e grupos empresariais.[13] Os
candidatos deveriam ser cidadãos portugueses
que vivessem em Angola há mais de três anos
e saber ler e escrever português.[13] O eleitor
era obrigado a ser alfabetizado.[13] Como a
constituição portuguesa proibia partidos
políticos na época, a maioria dos candidatos foi
apresentada pelo movimento União Nacional,
embora algumas associações cívicas tenham
sido autorizadas a nomear candidatos.[13] As
primeiras eleições deram-se em 19 e 27 de
março de 1973.[14]

Em 25 de abril de 1974, na Revolução dos


Cravos, a "Assembleia Legislativa do Estado de
Angola" perdeu efeito e foi substituida pelo
"Conselho Presidencial do Governo de
Transição" resultante do Acordo do Alvor de
janeiro de 1975. Tinha característica consultiva
e legistaliva-deliberativa, composto por um
colegiado de membros do Movimento Popular
de Libertação de Angola (MPLA), da União
Nacional para a Independência Total de Angola
(UNITA), da Frente Nacional de Libertação de
Angola (FNLA) e de Portugal.[15]

Em 11 de novembro de 1975 o Conselho


Presidencial do Governo de Transição perde
efeitos diante da proclamação da
Independência de Angola, sendo substituído
pelo "Conselho Revolucionário do Povo" (ou
"Conselho da Revolução").[16][17] Composto
por 10 membros eleitos pelo MPLA, o Conselho
Revolucionário do Povo foi chefiado por Lúcio
Lara até 1980, o primeiro líder/presidente do
parlamento angolano independente.[18] A
primeira legislatura de Angola independente
ficaria marcada pela morte de 5 de seus
membros em 27 de maio de 1977. Na tentativa
de golpe de Estado do Fraccionismo, os
Nitistas conseguiram assassinar os membros
Paulo da Silva Mungungo "Dangereux",
Eugénio Veríssimo da Costa "Nzaji", Avelino
Vieira Dias "Saíde Mingas", José Manuel Paiva
"Bula Matadi" e Eurico Manuel Correia
Gonçalves.[19]

Uma emenda constitucional de 19 de agosto


de 1980 substituiu o Conselho Revolucionário
do Povo pela "Assembleia do Povo", com
previsão de eleições para 18 assembleias
provinciais.[20] Em 9 de novembro de 1980 é
realizada uma nova eleição parlamentar
nacional, com todos os 229 assentos
ocupados pelo MPLA-PT.[21] A sessão
inaugural do novo parlamento foi dada em 11
de novembro de 1980.[21] Em 9 de dezembro
de 1986 foram realizadas as segundas eleições
gerais para todas as 18 assembleias provinciais
e membros da legislatura nacional. O MPLA
ficou com 173 assentos enquanto membros
não partidários de associações cívicas,
sindicatos e categorias profissionais ocuparam
os 116 restantes. As sessões da "quinta
legislatura" foram abertas a 30 de janeiro de
1987.[20]

Entre 6 de março de 1991 e 26 de agosto de


1992, a Constituição Angolana de 1975 foi
completamente reescrita e alterada para
permitir a evolução para um Estado com
democrática multipartidária,[18] na forma de
um sistema presidencialista, com eleições
multipartidárias e eleição direta do Presidente.
A Assembleia do Povo passou a ser
denominada "Assembleia Nacional". As
eleições gerais foram realizadas nos dias 29 e
30 de setembro de 1992, com a Comissão
Nacional Eleitoral (CNE) divulgando os
resultados definitivos em 17 de outubro de
1992. Um total de 12 partidos ganhou
assentos, com o MPLA mantendo maioria
parlamentar.[22] A primeira sessão parlamentar
multipartidária foi convocada a 26 de outubro
de 1992 com a abstenção de todos os
membros da UNITA, o maior partido de
oposição.

Após a pacificação angolana, em 2002,[18]


foram realizadas as seguintes eleições
parlamentares: 2008,[23][24][25][18] 2012,[26]
2017[18] e 2022. Todas foram vecidas pelo
MPLA.

Comissões

Quantidade
Presidente
Nome de
(partido)
membros

Comissão dos
Joaquim Reis
Assuntos
Júnior 25
Constitucionais
(MPLA)[27]
e Jurídicos

Comissão de
Segurança
Nacional,
Ruth Adriano
Ordem Interna,
Mendes 22
Antigos
(MPLA)[27]
Combatentes e
Veteranos da
Pátria

Comissão de
Relações
Exteriores, Alcides
Cooperação Sakala
21
Internacional e Simões
Comunidades (UNITA)[27]
Angolanas no
Estrangeiro

Comissão da Franco
Administração Marcolino
23
do Estado e Nhani
Poder Local (UNITA)[27]

Comissão de Aia-Eza da
Economia e Silva (MPLA) 25
[27]
Finanças

Comissão de
Saúde, Ensino Victor
Superior, Kajibanga 21
Ciência e (MPLA)[27]
Tecnologia

Comissão de
Cultura,
Assuntos
Conceição
Religiosos,
João Paulo 21
Comunicação
(UNITA)[27]
Social,
Juventude e
Desportos

Comissão da
Clarice
Família,
Mukinda 21
Infância e
(UNITA)[27]
Acção Social

Comissão de Sérgio
Mandatos, Leonardo Vaz
21
Ética e Decoro Canhoto
Parlamentar (MPLA)[27]

Comissão dos
Direitos
Humanos,
Vigílio Tyova
Petições, 20
MPLA)[27]
Reclamações e
Sugestões dos
Cidadãos

Revista do Parlamento

Assembleia Nacional veicula a Revista O


Parlamento, órgão de divulgação legislativa e
de matérias do direito angolano, notadamente
em direito constitucional.[28]

Ver também

Lista de presidentes da Assembleia Nacional


de Angola

Poder legislativo

Parlamento

Parlamentarismo

Lista de legislaturas por país

Referências

Ligações externas

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