CPP Parte 2 2024

Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 30

CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – 2024

@professorteneverton
TÍTULO IX
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal
e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
pessoais do indiciado ou acusado. (proporcionalidade)
- No processo penal medidas cautelares são aquelas destinadas a resguardar o
resultado útil da investigação ou do processo, ex.: sequestro de bens, busca e
apreensão, prisão preventiva, etc.
- A grande inovação da lei 12.403/11 foi a criação de novas cautelares pessoais, ou seja
aquelas que recaem sobre a pessoa. Somente existiam as prisões cautelares e a fiança.
- A regra atualmente passou a ser evitar a prisão preventiva, a qual torna-se residual.
§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou,
quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
mediante requerimento do Ministério Público.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao
receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para
se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e
das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de
perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos
do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz,
mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante,
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a
prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou
substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não
cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

- Obediência ao princípio do contraditório – magistrado tem que intimar a parte


contrária para que se manifeste sobre o requerimento da cautelar almejada.
Naturalmente não se fala nessa intimação quando houver urgência ou risco de
ineficácia da medida, situação em que o contraditório será postergado.
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em
virtude de condenação criminal transitada em julgado.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não for
isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
- Ex.: crime de porte de drogas para consumo pessoal (art. 28 da lei 11.343/06) – não há
previsão de pena privativa de liberdade – não cabe nenhuma medida cautelar.

§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as


restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
- Em matéria de prisão o ingresso em residência pode ocorrer de duas formas:
a) Prisão em flagrante: a qualquer momento para que se faça cessar a agressão.
b) Prisão por ordem escrita da autoridade judiciária: cumprida durante o dia
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência
ou de tentativa de fuga do preso.
- A utilização abusiva da força física constitui crime de abuso de autoridade. A força utilizada
pelos executores da prisão deve estar no limite necessário para fazer cessar a violência ou
conter a fuga.
- Lembrar da Súmula vinculante nº 11 do STF no que tange ao uso de algema, que respalda seu
uso no caso de resistência, ou seja oposição da pessoa a ordem legal mediante violência ou
ameaça, no caso de receio de fuga, aferida no caso concreto, e no caso de perigo à integridade
física própria ou alheia. A excepcionalidade tem que ser justificada por escrito.
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.
- Autoridade judiciária (art. 5º, LXI da CF)
Parágrafo único. O mandado de prisão:
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos;
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. (oficial de justiça ou autoridade
policial, que podem cumprir a ordem por meio de seus agentes. É vedado o cumprimento do
mandado de prisão por parte de qualquer outro funcionário público ou particular)
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo
depois da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência.
Da entrega deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou
não puder escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada por duas
testemunhas.
- Deve haver duas cópias originais, devidamente assinadas, do mandado de prisão.
Uma dessas via deverá ficar em poder do preso, servindo como nota de culpa.
- Essas duas testemunhas não prestam declarações sobre a causa penal, mas sobre o
ato de persecução criminal.
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a
prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver
expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia. (Redação dada
pela Lei nº 13.964, de 2019)
- Por serem supostamente mais graves, admite-se a efetivação da prisão mesmo sem a
apresentação do mandado. Para convalidação do ato é essencial ser o preso
imediatamente encaminhado ao magistrado que expediu a ordem, ou ao juiz
plantonista.
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja exibido o mandado ao
respectivo diretor ou carcereiro, a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou
apresentada a guia expedida pela autoridade competente, devendo ser passado recibo
da entrega do preso, com declaração de dia e hora.
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no próprio exemplar do mandado, se
este for o documento exibido.
- Momento posterior à efetivação da prisão.
- O preso será encaminhado para o presídio onde o diretor ou quem faça suas vezes, o
receberá, em conjunto com a cópia do mandado devidamente cumprido.
- Recebido o preso, o diretor passará o recibo do recebimento, comprovando o devido
recolhimento ao estabelecimento penal.
Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz
processante, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do
mandado. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
- Carta precatória é ato de comunicação processual utilizado entre juízes de comarcas
distintas, dentro do mesmo País. Um juiz pode delegar a outro juiz, com esse instrumento, a
prática de ato processual, mas não o julgamento do feito. Com isso é possível delegar o
cumprimento da prisão.
§ 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação
(ex.: fax, comunicação telefônica, e-mail, etc.) , do qual deverá constar o motivo da prisão,
bem como o valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2o A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias para
averiguar a autenticidade da comunicação. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 3o O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30
(trinta) dias, contados da efetivação da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Trata-se de prazo impróprio, cuja inobservância, ressalvadas situações excepcionais, não
dará ensejo ao relaxamento da prisão.
Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em
banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
- O registro do mandado de prisão no banco de dados mantido pelo CNJ objetiva conferir
maior efetividade ao seu cumprimento, pois é um banco de dados de caráter nacional.
No § 1o consta que qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no
mandado de prisão registrado no Conselho Nacional de Justiça; E o § 2 º esclarece que se
ainda não existir o registro no Conselho Nacional de Justiça, mesmo assim a prisão poderá
ser efetuada, mas tem que se adotar as precauções necessárias para averiguar a
autenticidade do mandado e comunicar ao juiz que a decretou, devendo este providenciar,
em seguida, o registro do mandado no banco de dados.
§ 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida
o qual providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e
informará ao juízo que a decretou.
- Uma vez cumprido o mandado, impõe-se a imediata comunicação à autoridade judiciária
local para as devidas providências, afinal o preso deverá ser conduzido a comarca de
origem.
§ 4o O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5o
da Constituição Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será
comunicado à Defensoria Pública.
§ 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do
executor ou sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2o
do art. 290 deste Código.
- Podem colocar em custódia o réu até que fique esclarecida a dúvida, sem que frustre
a diligência.
§ 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro do mandado de prisão a
que se refere o caput deste artigo.
- Regulamentado pela resolução nº 137 do CNJ.
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o
executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o
imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante,
providenciará para a remoção do preso.
Como regra as prisões a serem efetuadas em comarcas distintas daquela em que o
magistrado exerce suas funções devem ser delegadas por meio de cartas precatórias.
Como exceção, permite-se a prisão realizada em outra comarca, ainda que pertencente a
outro Estado.
Em suma, permite-se que os executores cumpram o mandado de prisão em comarca diversa
quanto estiverem em perseguição do agente.
§ 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de
vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco
tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
§ 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da
pessoa do executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o
réu, até que fique esclarecida a dúvida.
Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita desde que o executor,
fazendo-se conhecer do réu, Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo.
A identificação do responsável pela execução da prisão é exigência de envergadura
constitucional (art. 5º, LXIV, CF).
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão
usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se
lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-
hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem
como em mulheres durante o período de puerpério imediato.

O executor pode se deparar com manifestação de resistência, por parte do próprio preso ou
de terceiros (familiares, vizinhos, comparsas, etc.). Nessa situação permite-se o emprego da
força.
A exigência de auto circunstanciado serve para que o executor apresente as razões que o
conduziram ao emprego da violência. O auto, subscrito pelo executor, funcionário público,
desfruta de presunção de legitimidade.
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se
encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão.
Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia,
entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da
intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa
incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.
O ingresso da pessoa procurada em uma residência não permite, de imediato, que o executor
do mandado adentre o recinto. Inicialmente deve intimar o morador para entrega-lo. Se
houver recusa é que poderá ingressar no recinto para cumprir a ordem.
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à
presença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito.
Se o morador dá guarida à pessoa procurada comete, em tese, o crime de favorecimento
pessoal (art. 348 do CP).
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que
for aplicável.
Não existe vedação ao cumprimento da prisão durante a noite, pois a CF autoriza neste caso.
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade
competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os
chefes de Polícia;
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das
Assembléias Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios;
VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII - os ministros de confissão religiosa;
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por
motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos.
- Algumas pessoas, por força da função que desempenham ou da condição específica que ostentam,
possuem prerrogativa de ser recolhida a prisão especial, enquanto não advem o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.
- O rol não é exaustivo, existem leis que estendem o benefício a algumas carreiras, como por exemplo
Membros do MP.
- Sala de Estado Maior é o compartimento de qualquer unidade militar que é utilizado por grupo de
oficiais que assessoram o comandante da organização. O local deve oferecer instalações e comodidades
condignas.
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em
local distinto da prisão comum.
§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do
mesmo estabelecimento.
§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do
ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à
existência humana.
§ 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum.
§ 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum.
Art. 296. Os inferiores e praças de pré (Uma praça de pré - referido ocasionalmente
pelo termo arcaico: praça de pret ou simplesmente praça - é um militar que pertence à
categoria inferior da hierarquia militar), onde for possível, serão recolhidos à prisão, em
estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos.
Os militares, oficiais ou não, não ficarão reclusos com civis.
Sendo prisão cautelar, haverá separação dos militares já definitivamente condenados,
exigindo-se, quando aos praças especiais e graduados, que a prisão atenda aos
respectivos graus de hierarquia.
Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela autoridade judiciária, a
autoridade policial poderá expedir tantos outros quantos necessários às diligências,
devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado original.
O mandado prisional é expedido em duas vias, mas para o pronto cumprimento da
ordem e eficaz atuação da polícia, o mandado pode ser REPRODUZIDO, em tantas
cópias quantas se fizerem necessárias.
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por qualquer
meio de comunicação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as
precauções necessárias para averiguar a autenticidade desta.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
- A captura pode ser requisitada por qualquer meio de comunicação – fax, e-mail,
etc.

Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem
definitivamente condenadas, nos termos da lei de execução penal.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
A separação do preso cautelar dos demais se deve em homenagem à presunção de
inocência, evitando-se o contado com aqueles que já foram condenados.
Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos
procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde
ficará preso à disposição das autoridades competentes.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Independente da natureza da infração penal (se militar ou comum)
PRISÃO - ESPÉCIES

● Prisão pena ou penal: é aquela imposta em virtude de sentença penal condenatória


irrecorrí­vel.

● Prisão Processual-Provisória: decretada antes ou durante o processo penal. Imposta


com finalidade cautelar, destinada a assegurar o bom desempenho da investigação,
do processo penal ou da execução da pena.
Para ser decretada há necessidade de 2 requisitos: periculum libertatis e o fumus
comissi delicti, ou seja, tem que haver um perigo na liberdade do réu a justificar sua
prisão e também a fumaça do cometimento do delito pelo réu.
CAPÍTULO II
DA PRISÃO EM FLAGRANTE

- Conceito:
A expressão “flagrante” deriva do latim “flagrare” (queimar). Em linguagem jurídica,
flagrante seria uma caracterí­stica do delito, é a infração que está queimando, ou seja,
que está sendo cometida ou acabou de sê-lo, autorizando-se a prisão do agente
mesmo sem determinação judicial em virtude da certeza visual do crime. Funciona,
pois, como mecanismo de autodefesa da sociedade. Art. 5º, LXI, CF.
PRISÃO EM FLAGRANTE

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

a) Flagrante obrigatório - compulsório: efetuado pela autoridade policial e seus


agentes. Dever que se impõe à autoridade policial e seus agentes, obrigatoriedade
esta que se aplica 24 horas por dia (e não apenas durante o horário de serviço). A
autoridade, ao prender o agente em flagrante, age em estrito cumprimento do dever
legal.

b) Flagrante facultativo: efetuado por qualquer pessoa do povo. Para o particular, este
tem a possibilidade de prender o agente em flagrante. Se o fizer, estará agindo em
exercício regular de um direito seu.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
Flagrante próprio: o agente está cometendo a infração ou acaba de comete-la; O delito no inc.
I é atual, presente, é visível, ou seja, está sendo praticado. Já no inc. II não se tem a certeza
visual do crime. Ex.: Inc. II – Tício efetua disparos de arma de fogo contra Caio, que cai
mortalmente no chão. Mévio, policial militar, chega ao local e presencia Tício com a arma na
mão e Caio no chão, embora, porém, não tenha visto os disparos.
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
Impróprio ou quase flagrante: Exige 3 elementos indispensáveis: o volitivo (vontade de
perseguir o autor do fato), o temporal (logo após – entre o fato delituoso e o ato de prender o
agente, haja um lapso de tempo exíguo – a doutrina entende 2 ou 3 horas – há que se levar
em conta se há uma conexão temporal entre o momento do cometimento do delito e o início
da perseguição) e o fático (perseguido encontre-se em uma situação que faça presumi-lo
autor da infração cometida). Se a perseguição iniciar-se logo após como manda a lei, não
importa quanto tempo dure, uma vez alcançado o perseguido em situação que faça presumir
ser ele o autor da infração penal, estará ele preso em flagrante delito.
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
Presumido: logo depois da infração o agente é encontrado com algum objeto
comprometedor. Obs.: A expressão logo após (inc. III) e logo depois (inc. IV) não são
sinônimas, pois logo após tem uma relação de imediatidade maior, mais célere, do que a
expressão logo depois. A doutrina tem entendido esse logo depois – até 8 ou 10 horas, mas
o juiz avalia cada caso de acordo com a razoabilidade. Nessa hipótese não há o elemento
volitivo, já que o encontro pode ser meramente ocasional. Ex..: Tício após praticar um
assalto a banco, refugia-se em uma garagem comercial esperando a situação esfriar e é
encontrado logo depois pelos seguranças da agência com a arma do crime, dinheiro
subtraído e alguns papéis que o liga ao crime.

Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto
não cessar a permanência.
É aquele cujo momento da consumação se prolonga no tempo por vontade do agente,
como acontece no crime de sequestro, previsto no artigo 148 do Código Penal, que se
consuma com a retirada da liberdade da vítima e se perpetua enquanto a vítima
permanecer em poder do agente
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e
colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de
entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o
acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,
colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal,
o auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
APF - sequência lógica que permite maior compreensão dos acontecimentos;
depoimentos tomados, em apartado, permitindo a oitiva e, se for o caso, imediata
liberação do condutor e das testemunhas, respectivamente.
A liberação do condutor e das testemunhas ficará a critério da autoridade policial.

§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade


mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o
for, enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante;
mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que
hajam testemunhado a apresentação do preso à autoridade.

§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto
de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)

§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a


existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o
contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada pela
autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso legal.

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado
ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa,


assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no
exercício de suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as
declarações que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo
assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente
ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a
autoridade que houver presidido o auto.

Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o
preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.

Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o
auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24
(vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência
de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)

I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos


constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.


(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato
em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput
do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante
termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de
revogação. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização


criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá
denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da
audiência de custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá
administrativa, civil e penalmente pela omissão.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido


no caput deste artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação
idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade
competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de prisão
preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

Você também pode gostar