CPP Parte 2 2024
CPP Parte 2 2024
CPP Parte 2 2024
@professorteneverton
TÍTULO IX
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LIBERDADE PROVISÓRIA
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal
e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
pessoais do indiciado ou acusado. (proporcionalidade)
- No processo penal medidas cautelares são aquelas destinadas a resguardar o
resultado útil da investigação ou do processo, ex.: sequestro de bens, busca e
apreensão, prisão preventiva, etc.
- A grande inovação da lei 12.403/11 foi a criação de novas cautelares pessoais, ou seja
aquelas que recaem sobre a pessoa. Somente existiam as prisões cautelares e a fiança.
- A regra atualmente passou a ser evitar a prisão preventiva, a qual torna-se residual.
§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente.
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou,
quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
mediante requerimento do Ministério Público.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao
receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para
se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e
das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de
perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que contenha elementos
do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz,
mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante,
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a
prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou
substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 6º A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não
cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não for
isolada, cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
- Ex.: crime de porte de drogas para consumo pessoal (art. 28 da lei 11.343/06) – não há
previsão de pena privativa de liberdade – não cabe nenhuma medida cautelar.
O executor pode se deparar com manifestação de resistência, por parte do próprio preso ou
de terceiros (familiares, vizinhos, comparsas, etc.). Nessa situação permite-se o emprego da
força.
A exigência de auto circunstanciado serve para que o executor apresente as razões que o
conduziram ao emprego da violência. O auto, subscrito pelo executor, funcionário público,
desfruta de presunção de legitimidade.
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se
encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão.
Se não for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia,
entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da
intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa
incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.
O ingresso da pessoa procurada em uma residência não permite, de imediato, que o executor
do mandado adentre o recinto. Inicialmente deve intimar o morador para entrega-lo. Se
houver recusa é que poderá ingressar no recinto para cumprir a ordem.
Parágrafo único. O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à
presença da autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito.
Se o morador dá guarida à pessoa procurada comete, em tese, o crime de favorecimento
pessoal (art. 348 do CP).
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que
for aplicável.
Não existe vedação ao cumprimento da prisão durante a noite, pois a CF autoriza neste caso.
Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade
competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito
Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os
chefes de Polícia;
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das
Assembléias Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios;
VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII - os ministros de confissão religiosa;
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por
motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos.
- Algumas pessoas, por força da função que desempenham ou da condição específica que ostentam,
possuem prerrogativa de ser recolhida a prisão especial, enquanto não advem o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.
- O rol não é exaustivo, existem leis que estendem o benefício a algumas carreiras, como por exemplo
Membros do MP.
- Sala de Estado Maior é o compartimento de qualquer unidade militar que é utilizado por grupo de
oficiais que assessoram o comandante da organização. O local deve oferecer instalações e comodidades
condignas.
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em
local distinto da prisão comum.
§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do
mesmo estabelecimento.
§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do
ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à
existência humana.
§ 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum.
§ 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum.
Art. 296. Os inferiores e praças de pré (Uma praça de pré - referido ocasionalmente
pelo termo arcaico: praça de pret ou simplesmente praça - é um militar que pertence à
categoria inferior da hierarquia militar), onde for possível, serão recolhidos à prisão, em
estabelecimentos militares, de acordo com os respectivos regulamentos.
Os militares, oficiais ou não, não ficarão reclusos com civis.
Sendo prisão cautelar, haverá separação dos militares já definitivamente condenados,
exigindo-se, quando aos praças especiais e graduados, que a prisão atenda aos
respectivos graus de hierarquia.
Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido pela autoridade judiciária, a
autoridade policial poderá expedir tantos outros quantos necessários às diligências,
devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do mandado original.
O mandado prisional é expedido em duas vias, mas para o pronto cumprimento da
ordem e eficaz atuação da polícia, o mandado pode ser REPRODUZIDO, em tantas
cópias quantas se fizerem necessárias.
Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por qualquer
meio de comunicação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as
precauções necessárias para averiguar a autenticidade desta.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
- A captura pode ser requisitada por qualquer meio de comunicação – fax, e-mail,
etc.
Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem
definitivamente condenadas, nos termos da lei de execução penal.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
A separação do preso cautelar dos demais se deve em homenagem à presunção de
inocência, evitando-se o contado com aqueles que já foram condenados.
Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos
procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde
ficará preso à disposição das autoridades competentes.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Independente da natureza da infração penal (se militar ou comum)
PRISÃO - ESPÉCIES
- Conceito:
A expressão “flagrante” deriva do latim “flagrare” (queimar). Em linguagem jurídica,
flagrante seria uma característica do delito, é a infração que está queimando, ou seja,
que está sendo cometida ou acabou de sê-lo, autorizando-se a prisão do agente
mesmo sem determinação judicial em virtude da certeza visual do crime. Funciona,
pois, como mecanismo de autodefesa da sociedade. Art. 5º, LXI, CF.
PRISÃO EM FLAGRANTE
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
b) Flagrante facultativo: efetuado por qualquer pessoa do povo. Para o particular, este
tem a possibilidade de prender o agente em flagrante. Se o fizer, estará agindo em
exercício regular de um direito seu.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
Flagrante próprio: o agente está cometendo a infração ou acaba de comete-la; O delito no inc.
I é atual, presente, é visível, ou seja, está sendo praticado. Já no inc. II não se tem a certeza
visual do crime. Ex.: Inc. II – Tício efetua disparos de arma de fogo contra Caio, que cai
mortalmente no chão. Mévio, policial militar, chega ao local e presencia Tício com a arma na
mão e Caio no chão, embora, porém, não tenha visto os disparos.
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
Impróprio ou quase flagrante: Exige 3 elementos indispensáveis: o volitivo (vontade de
perseguir o autor do fato), o temporal (logo após – entre o fato delituoso e o ato de prender o
agente, haja um lapso de tempo exíguo – a doutrina entende 2 ou 3 horas – há que se levar
em conta se há uma conexão temporal entre o momento do cometimento do delito e o início
da perseguição) e o fático (perseguido encontre-se em uma situação que faça presumi-lo
autor da infração cometida). Se a perseguição iniciar-se logo após como manda a lei, não
importa quanto tempo dure, uma vez alcançado o perseguido em situação que faça presumir
ser ele o autor da infração penal, estará ele preso em flagrante delito.
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.
Presumido: logo depois da infração o agente é encontrado com algum objeto
comprometedor. Obs.: A expressão logo após (inc. III) e logo depois (inc. IV) não são
sinônimas, pois logo após tem uma relação de imediatidade maior, mais célere, do que a
expressão logo depois. A doutrina tem entendido esse logo depois – até 8 ou 10 horas, mas
o juiz avalia cada caso de acordo com a razoabilidade. Nessa hipótese não há o elemento
volitivo, já que o encontro pode ser meramente ocasional. Ex..: Tício após praticar um
assalto a banco, refugia-se em uma garagem comercial esperando a situação esfriar e é
encontrado logo depois pelos seguranças da agência com a arma do crime, dinheiro
subtraído e alguns papéis que o liga ao crime.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto
não cessar a permanência.
É aquele cujo momento da consumação se prolonga no tempo por vontade do agente,
como acontece no crime de sequestro, previsto no artigo 148 do Código Penal, que se
consuma com a retirada da liberdade da vítima e se perpetua enquanto a vítima
permanecer em poder do agente
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e
colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de
entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o
acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,
colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal,
o auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
APF - sequência lógica que permite maior compreensão dos acontecimentos;
depoimentos tomados, em apartado, permitindo a oitiva e, se for o caso, imediata
liberação do condutor e das testemunhas, respectivamente.
A liberação do condutor e das testemunhas ficará a critério da autoridade policial.
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto
de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
leitura na presença deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005)
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado
ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o
preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois de lavrado o
auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24
(vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência
de custódia com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da
Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
deverá, fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)