Usucapiao Extrajudicial Advocacia Extrajudicial

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 24

Júlio Cesar Sanchez

1
JÚLIO CEZAR SANCHEZ
Renomado advogado militante, professor universitário e coordenador acadêmico. Mestre, doutorando,
apresentador de programas jurídicos. Editor-chefe da Complexo Educacional Brasileiro de Ensino.
Fundador do Instituto Júlio Cesar Sanchez e Escola Superior Universitária. Membro da Comissão
de Direito Imobiliário da Ordem dos Advogados do Brasil na Coordenação de Aspectos Jurídicos das
Transações Imobiliárias.
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática
© Júlio Cesar Sanchez
EDITORA MIZUNO 2022
Revisão de Português: Paulo de Morais
Revisão Técnica: Júlio Cesar Sanchez

Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166

S211 Sanchez, Júlio Cezar

Usucapião extrajudicial e advocacia extrajudicial: teoria e prática / Júlio Cezar Sanchez.


– Leme-SP: Mizuno, 2022.

315 p.; 17 X 24 cm

ISBN 978-65-5526-525-5

1. Usucapião. I. Sanchez, Júlio Cezar. II. Título.

CDD 346.810432

Índice para catálogo sistemático


I. Usucapião

Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a repro-
dução total ou parcial destes textos, inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por
qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, reprográficos,
de fotocópia ou gravação.
Qualquer reprodução, mesmo que não idêntica a este material, mas que caracterize similari-
dade confirmada judicialmente, também sujeitará seu responsável às sanções da legislação em vigor.
A violação dos direitos autorais caracteriza-se como crime incurso no art. 184 do Código
Penal, assim como na Lei n. 9.610, de 19.02.1998.
O conteúdo da obra é de responsabilidade dos autores. Desta forma, quaisquer medidas judi-
ciais ou extrajudiciais concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade dos autores.

Todos os direitos desta edição reservados à


EDITORA MIZUNO
Rua Benedito Zacariotto, 172 - Parque Alto das Palmeiras, Leme - SP, 13614-460
Correspondência: Av. 29 de Agosto, nº 90, Caixa Postal 501 - Centro, Leme - SP, 13610-210
Fone/Fax: (0XX19) 3571-0420

Visite nosso site: www.editoramizuno.com.br


e-mail: [email protected]

Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Introdução

A usucapião extrajudicial esconde uma oportunidade de ganhos


para a advocacia e eficiência para entrega de resultados. Peço sua
Atenção para esse tema tão importante, pois esse procedimento pode
ser a solução financeira para seu escritório de advocacia, e o principal
ajudando muita gente que precise de sua ajuda para regularizar seu
imóvel.
Faça uma leitura cuidadosa, use rascunhos, risque, anote, quero
fazer a diferença na sua vida profissional! Vamos juntos!
A usucapião é uma forma originária de aquisição do direito de
propriedade sobre um bem móvel ou imóvel em função de haver utili-
zado tal bem por determinado lapso temporal, contínua e incontesta-
damente, como se fosse o real proprietário desse bem.
Nesta obra explico como usar a advocacia extrajudicial na prática,
ramo também muito rentável e carente de bons profissionais.
A advocacia extrajudicial consiste, basicamente, em deixar para
o Poder Judiciário aqueles casos em que se faz realmente necessária a
sua participação. Com isso, o objetivo é desafogar o sobrecarregado
sistema judiciário brasileiro e dar mais celeridade ao que precisa ser
resolvido.
A advocacia extrajudicial é um tema relativamente novo dentro
da advocacia e que está em alta no Brasil. Trata-se de uma vertente que
está incluída em uma esfera mais abrangente do Direito: a desjudicia-
lização.
A advocacia extrajudicial é, então, uma modalidade que se baseia
na  parceria entre advogados e as chamadas serventias extrajudiciais,
representadas, sobretudo, pelos cartórios.
Muitos atos que antes deveriam ser resolvidos junto ao Poder
Judiciário podem ser feitos em cartórios sem sua intervenção,
como separação, divórcio, união estável, inventário, testamento, con-
tratos, usucapião extrajudicial, entre outros.
Caro leitor, vou te ajudar conhecer um novo ramo! Um fascinante
assunto! Vamos juntos!
sumário

1. O que é Advocacia Extrajudicial?................................................................................ 11


2. Quais Tipos de Trabalhos Extrajudiciais Existentes?.................................................. 12
3. Por que Cobrar Consulta? Vou Elencar aqui Abaixo Simples Motivos para a Cobrança da
Consulta................................................................................................................................ 13
4. O que é Parecer Jurídico?........................................................................................... 16
5. Modelo de Parecer Jurídico......................................................................................... 18
6. O que é Acordo Consensual?...................................................................................... 23
7. O que são Serviços Extrajudiciais?............................................................................. 23
7.1. Quais são os Critérios para Atuar na Área?....................................................... 24
8. Desjudicialização como Alternativa............................................................................ 25
9. A Função Social das Serventias Extrajudiciais e a Desjudicialização......................... 32
10. Regularização de Imóveis......................................................................................... 35
11. Usucapião Extrajudicial na Prática............................................................................ 37
11.1. Como é Feito?.................................................................................................. 38
12. Quem pode Requerer Usucapião Extrajudicial?....................................................... 42
12.1. O que é Usucapião Extrajudicial?.................................................................... 43
12.2. Quem pode Requerer a Usucapião Extrajudicial?........................................... 43
12.3. Como é Feito o Requerimento de Usucapião Extrajudicial?............................ 43
12.4. Quais são os Documentos que Devem Instruir o Requerimento?................... 44
12.5. Precisa de Advogado para Requerer?............................................................. 45
13. Atuação do Tabelião de Notas no Usucapião Extrajudicial....................................... 46
14. Modelo de Ata Notarial de Usucapião Extrajudicial................................................... 51
15. Requerimento de Ata Notarial (Usucapião Extrajudicial)........................................... 60
16. Modelo de Ata Notarial de Usucapião Extrajudicial em Tópicos............................... 67
17. Modelo de Pedido de Reconhecimento Extrajudicial de Usucapião......................... 72
18. Cartilha Procedimento Ata Notarial para Usucapião Extrajudicial............................. 80
19. A Usucapião como Instrumento de Regularização de Imóveis................................. 92
19.1. Por que é Importante Regularizar um Imóvel?................................................. 92
19.2. Documentos Necessários para Regularização de Imóveis.............................. 93
19.3. Regularização de Imóveis: Escritura e Registro.............................................. 93
19.4. Como Regularizar Imóveis sem Escritura e Registro?..................................... 94
19.5. Como Proceder?.............................................................................................. 94
19.6. Regularização do Imóvel sem o Habite-se....................................................... 94
19.7. Qual o Problema de Não Possuir esse Documento?....................................... 94
19.8. Como Fazer esse Documento?........................................................................ 95
19.9. Regularização de Imóveis com Dívidas........................................................... 95
19.10. Regularização de Imóveis: Contratos de Gaveta........................................... 95
19.11. Quais os Passos para Regularizar um Imóvel?............................................. 96
19.12. Entrada no Cartório........................................................................................ 96
19.13. Alvará de Regularização................................................................................ 97
19.14. Certidões Negativas....................................................................................... 97
19.15. Averbação do Imóvel...................................................................................... 97
20. A Usucapião Extrajudicial no Direito Comparado.................................................... 103
21. Evolução Histórica do Instituto no Direito Brasileiro.............................................. 104
22. Aquisição pela Usucapião......................................................................................... 106
23. Efetividade da Usucapião Extrajudicial..................................................................... 108
24. Bens e Direitos Imobiliários que Podem ser Usucapidos........................................... 111
24.1. Acórdão............................................................................................................ 136
24.2. Notas Taquigráficas.......................................................................................... 136
25. Usucapião de Uso Especial para Fins de Moradia.................................................... 221
26. Responsabilidade Civil do Registrador na Qualificação da Usucapião Administrativa..... 228
27. Provimento Nº 121 Altera Provimento Nº 65 do CNJ sobre Usucapião nos Serviços
Extrajudiciais............................................................................................................. 245
28. CNJ: Provimento Nº 65/2017 ................................................................................... 246
29. Modelo de Ata Notarial de Usucapião Extrajudicial de Acordo com o Novo Provi-
mento Nº 65/2017 do CNJ........................................................................................ 257
30. Modelo de Ata Notarial de Usucapião Extrajudicial Aprovada após Provimento 65.. 262
31. Inventário Extrajudicial em Cartório: Como Fazer Passo a Passo............................ 271
32. Modelos de Procuração Pública................................................................................ 277
33. Modelo Petição Inventário Extrajudicial com Bens.................................................... 279
34. Inventário Extrajudicial – Perguntas E Respostas..................................................... 281
34.1. O que é? e Por que Usar?............................................................................... 281
34.2. Quais são os Requisitos para a Realização de um Inventário em Cartório?... 281
34.3. Qual é o Cartório Competente para Realização de um Inventário?................. 282
34.4. Quais são os Documentos Necessários para Fazer um Inventário em Cartório?.. 282
34.5. Documentos do Falecido.................................................................................. 282
35. O Tabelião pode Providenciar.................................................................................... 283
35.1. Documentos do Cônjuge, Herdeiros e Respectivos Cônjuges........................ 283
35.2. Documentos do Advogado............................................................................... 283
35.3. Imóveis Urbanos:............................................................................................. 283
35.4. Imóveis Rurais:................................................................................................. 283
35.5. Bens Móveis:.................................................................................................... 284
35.6. Partilha............................................................................................................. 284
35.7. É Necessário Contratar Advogado para Fazer o Inventário em Cartório?....... 285
35.8. É Possível ser Representado por Procurador na Escritura de Inventário?...... 285
35.9. O que é Escritura para Nomeação de Inventariante?...................................... 285
35.10. O que é Inventário Negativo?........................................................................ 286
35.11. O que é Sobrepartilha?.................................................................................. 286
35.12. Pode ser Reconhecida a União Estável em Inventário?................................ 286
35.13. É Possível Renunciar à Herança?................................................................. 287
35.14. Quanto Custa?............................................................................................... 287
36. Modelo de Escritura Pública de Divórcio em Conformidade com a Emenda Consti-
tucional Nº 66............................................................................................................ 288
37. (REURB) Regularização Fundiária Urbana............................................................... 291
37.1. O que é REURB?............................................................................................. 291
37.2. Papel dos Entes Federados............................................................................. 292
37.3. Modalidade de REURB.................................................................................... 292
37.4. Quem pode e como requerer a REURB........................................................... 293
37.5. Passo a Passo da Reurb-S.............................................................................. 294
38. Embargo de Obra...................................................................................................... 303

referências.................................................................................................................. 307

indíce alfabético remissivo................................................................................... 311


Júlio Cesar Sanchez

1 O que é Advocacia Extrajudicial?


A advocacia extrajudicial é uma prestação de serviço focada em
um ambiente de consensualidade e acordo. A ausência de lide traz inú-
meros benefícios, dentre os quais podemos citar a rapidez com que se
finda a questão e o menor custo para os interessados.
A advocacia extrajudicial é um tema relativamente novo dentro
da advocacia e que está em alta no Brasil. Trata-se de uma vertente
que está incluída em uma esfera mais abrangente do Direito: a desju-
dicialização. Consiste, basicamente, em deixar para o Poder Judiciário
aqueles casos em que se faz realmente necessária a sua participação.
Com isso, o objetivo é desafogar o sobrecarregado sistema judiciário
brasileiro e dar mais celeridade ao que precisa ser resolvido.
Assim, advocacia extrajudicial é, então, uma modalidade que se
baseia na parceria entre advogados e as chamadas serventias extrajudi-
ciais, representadas, sobretudo, pelos cartórios. Muitos atos que antes
deveriam ser resolvidos junto ao Poder Judiciário podem ser feitos em
cartórios sem sua intervenção, como separação, divórcio, união estável,
inventário, testamento, contratos, usucapião extrajudicial, entre outros.
O advogado que souber trabalhar junto às serventias extrajudiciais
estará sempre um passo à frente. E isso se deve a uma série de fatores.
Talvez o mais importante deles seja a rapidez:  os assuntos que
antes tramitavam por anos podem ser resolvidos em um cartório em
um prazo muito mais curto – dias ou até mesmo horas – do que acon-
teceria na Justiça.
Além disso, na advocacia extrajudicial, muitas situações estão à
disposição dos diferentes operadores do Direito. Um bom profissional da
área pode, por exemplo, assessorar seus clientes a utilizar a ata notarial
como meio de prova ou a organizar um testamento público – tudo isso
de forma célere, com segurança jurídica e fé pública.
A advocacia extrajudicial, como o próprio nome já nos remete ao
conceito, é a advocacia fora do Judiciário.
Seguramente, é permitido afirmar que na faculdade não apren-
demos, de forma alguma, a prática para o exercício da advocacia.

11
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática

A parte prática ministrada nas universidades se encontra muito


longe da realidade do dia a dia de um advogado. O que dizer então da
prática para a advocacia extrajudicial? Certamente, essa, a advocacia
extrajudicial, não nos é apresentada no período em que frequentamos
o curso de Direito.
Fielmente se pode afirmar que o estudante de Direito na época
da faculdade é praticamente habilitado, ou melhor dizendo, quase que
adestrado a resolver todo o problema do cliente no Judiciário. Basta
uma simples análise do conteúdo programático para o curso: na facul-
dade se estuda processo civil, processo do trabalho, processo penal, ou
seja, processo, processo e processo.
O bacharel em Direito e, posteriormente, advogado, pode sim
obter sucesso em uma advocacia fora do Judiciário; pois bem, isso é
completamente possível, e na atualidade extremamente necessário.
Qualquer advogado pode atuar na área da advocacia extrajudicial, o
que precisa é se encontrar amplamente capacitado para a realização do
trabalho, a única coisa que o advogado precisa é pensar fora da caixa
do Judiciário.

2 Quais Tipos de Trabalhos Extrajudiciais Existentes?


Os mais conhecidos pelos os advogados e permitidos por lei são:
Consultoria Jurídica, Parecer Jurídico, Inventário Extrajudicial,
Divórcio Extrajudicial, Usucapião Extrajudicial, porém esses trabalhos
não são os únicos e todos nós profissionais do Direito devemos abrir os
olhos e a mente para casos extrajudiciais.
A consultoria jurídica – conceituando, nada mais é do que a boa e
velha consulta jurídica. Cabe afirmar democraticamente e sem sombra de
dúvidas que, a consulta jurídica é imprescindível, tanto para o advogado,
como para o cliente, pois sem ela não há como conhecer ou solucionar
qualquer caso por isso, é primordial a atenção do advogado a esse serviço
extrajudicial. Esse tipo de prestação de serviços pode ser executado
por consultas, mentorias, pareceres, diligências, Due diligence (auditoria)
e outros.

12
Júlio Cesar Sanchez

3 Por que Cobrar Consulta? Vou Elencar aqui Abaixo Simples


Motivos para a Cobrança da Consulta.
Caro leitor(a), a maioria dos advogados na época da faculdade/
universidade desembolsou valores/dinheiro para saber o que sabem.
Arrisco afirmar que, mesmo os Doutores os quais ingressaram em uma
universidade pública desembolsaram algum valor para frequentar a facul-
dade, mesmo que seja na compra de um simples curso de atualização,
vade-mécum e livros.
Quanto à questão disciplinar, diante das várias características de
cada Estado (e até de cada cidade), o ideal seria a avaliação em cada caso
concreto. Há cidades em que se criou uma cultura de que não se cobra
por consulta. O Advogado que ingressa no mercado nesses ambientes fica
engessado e, por falta de opção, acaba seguindo o roteiro já estabelecido.
Portanto, de início, destacamos a enorme dificuldade que os ini-
ciantes têm para cobrar por consultas. Dessa forma, neste texto, não
se faz qualquer tipo de crítica aos Advogados que não cobram por con-
sulta, considerando que o mercado possui várias limitações. O objetivo
é apenas demonstrar os riscos disciplinares que, repetimos, deveriam
ser avaliados de forma regional, e não nacionalmente, haja vista a hete-
rogeneidade do mercado jurídico no país.
Na legislação, o art. 2º, parágrafo único, VIII, “f”, do Novo Código
de Ética da OAB, diz que é dever do Advogado abster-se de contratar
honorários advocatícios em valores aviltantes.
Na mesma linha, o art. 48, § 6º, também do Novo Código de
Ética, diz que:
Deverá o advogado observar o valor mínimo da Tabela de Honorários ins-
tituída pelo respectivo Conselho Seccional onde for realizado o serviço,
inclusive aquele referente às diligências, sob pena de caracterizar-se avilta-
mento de honorários.

Assim, a questão que surge é a seguinte:


É dever do Advogado abster-se de contratar honorários advocatícios em
valores aviltantes.
Se não cobrar o valor mínimo da Tabela de Honorários, há aviltamento de
honorários;

13
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática

A Tabela de Honorários prevê o valor que deve ser cobrado em


cada consulta se a consulta for realizada em condições excepcionais o
valor será diferente;
Logo, a partir dessas premissas, a conclusão seria a de que há
aviltamento de honorários quando não é cobrada a consulta, porque é
desrespeitado o valor mínimo descrito na Tabela de Honorários.
Ademais, é possível que o Tribunal de Ética e Disciplina decida,
como já foi feito em algumas Seccionais, que a ausência de cobrança
da consulta constitua uma forma de angariar clientes, oferecendo uma
“amostra gratuita”, o que seria uma espécie de mercantilização da
Advocacia. Concordando ou não com essa interpretação, o risco
existe.
Por outro lado, há regulamentações que apresentam a cobrança da
consulta como um “conselho” aos Advogados. A Tabela de Honorários da
OAB fala sobre isso:
É aconselhável que o advogado cobre sempre o valor da consulta,
quando alguma matéria jurídica ou ligada à profissão lhe for apresentada.
Se, em função da consulta, sobrevier prestação de serviços, a critério
das partes, o valor da consulta poderá ou não ser abatido dos honorários a
serem contratados.
Obviamente os doutores devem contar com um local para o
desenvolvimento do trabalho, portanto, presumindo que o advogado
tenha uma sala, mesmo que simples, sem luxo e sem muito conforto,
dividindo com outros colegas, essa sala vai lhes render um valor a pagar.
Se o(a) doutor(a) precisar adquirir coisas mínimas, como, papel
para a impressão da sua procuração (afinal advogado em tese não advoga
sem outorga de poderes), vai ter de adquirir, vai precisar da impressora,
certamente pagando por ela, pelo carregamento do cartucho, sim porque no
início talvez o doutor tenha que começar com uma impressora de cartucho,
pois as de toner têm um custo mais elevado.
Ainda se podem elencar mais alguns desembolsos, tais como
despesas mínimas é claro, água, luz, Internet, crédito no celular para
que seu cliente e você possam manter contato, como se podem verificar
coisas básicas que geram um valor a ser pago todo mês.

14
Júlio Cesar Sanchez

ATENÇÃO! A cobrança de um valor de consulta poderá salvar al-


gumas dessas despesas. Sobre a supracitada ideia de “amostra gratuita”,
uma coisa seria a elaboração de artigos genéricos (sem a individualiza-
ção do caso) que ajudem a sociedade e outros profissionais; outra coisa
seria a orientação individualizada (consulta).
A primeira atitude é permitida, inclusive com a possibilidade de fazer
referência a e-mail nos artigos e nas colunas (art. 40, V, do Novo Código de
Ética). Por outro lado, a segunda conduta – que é o objeto deste texto –
depende de uma interpretação sobre aviltamento de honorários.
Ao falar sobre Advocacia “pro bono”, o art. 30, §2º, do Novo
Código de Ética diz: “A advocacia pro bono pode ser exercida em favor
de pessoas naturais que, igualmente, não dispuserem de recursos para,
sem prejuízo do próprio sustento, contratar advogado.”
Destarte, poder-se-ia imaginar a possibilidade de realizar a consulta
gratuitamente (“pro bono”). Entretanto, o art. 30, §3º, também do Novo
Código de Ética, menciona que a Advocacia “pro bono” não pode ser utili-
zada como instrumento de publicidade para captação de clientela.
Percebe-se, portanto, que há riscos decorrentes das várias inter-
pretações possíveis. Havendo o risco, o recomendável seria sempre
cobrar pela consulta.
Feitas essas considerações, passamos para a segunda parte: como
cobrar a consulta?
É possível que quase todos os Advogados já tenham passado pela
seguinte situação: conversaram com um cliente por mais de uma hora,
explicando todos os detalhes sobre o caso e sem cobrarem a consulta,
porque acreditavam que fechariam o contrato para a atuação no processo.
O cliente diz que voltará no dia seguinte para levar os documentos e
o pagamento (ou uma parte dele). Entretanto, não vai ao escritório
no dia combinado, para de atender as ligações e depois o Advogado
descobre que aquele “cliente” já contratou outro Advogado, possivel-
mente levando todas as informações repassadas pelo Advogado que fez
a consulta gratuita.
O que aconteceu nessa situação? O Advogado fez a consulta na
esperança de fechar o contrato, mas não fechou. Além disso, não recebeu
pelo trabalho feito (consulta).

15
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática

Pior do que não ter trabalho é trabalhar e não receber nada,


porque, neste caso, o Advogado fica ocupado, deixa de estudar, fazer
contatos e se cansa em algo que não dará continuidade. Além desse
esforço, a falta de honorários pelo trabalho colocará em risco o funcio-
namento do escritório. Em suma, entra em um ciclo difícil de sair, no
qual tem muito trabalho não remunerado e não consegue tempo para
crescer profissionalmente.
Nesse prisma, a dica é: cobre pela consulta. Como? Em forma de
“antecipação” dos honorários pelo contrato referente à atuação no processo.
Basta seguir a Tabela de Honorários da OAB: “Se, em função da
consulta, sobrevier prestação de serviços, a critério das partes, o valor da
consulta poderá ou não ser abatido dos honorários a serem contratados.”
É evidente que muitos “clientes” não gostarão desse critério e
preferirão ir a um Advogado que não cobra pela consulta. Entretanto,
pergunto: eles realmente são potenciais clientes? Ou apenas querem
uma consulta gratuita já com a ideia premeditada de que não fecharão
o contrato? Se for este o caso, não são potenciais clientes.
Quando um cliente ligar desejando agendar uma consulta e desistir
logo após a informação da cobrança por esse ato, não fique preocupado,
provavelmente não existia um interesse real na prestação dos serviços
jurídicos. Certamente, não era um potencial cliente, mas apenas alguém
querendo ouvir sua orientação. Com essa desistência, você deixou de
exercer o seu trabalho intelectual de forma não remunerada, sobrando
tempo e disposição para fazer outras coisas, como procurar boas parcerias,
inscrever-se em cursos de pós-graduação, estudar, escrever textos e livros.
Dessa forma, há riscos disciplinares na ausência de cobrança de
honorários pela consulta, mas também há uma interessante alternativa
para cobrar pela consulta e, não tendo êxito no agendamento, sabe-se que
o tempo será melhor investido em coisas que servirão para a evolução na
carreira.

4 O que é Parecer Jurídico?


Parecer jurídico se trata de um relatório minucioso elaborado após
o atendimento do cliente o qual tem resultado pautado com fundamento
em lei. Entendendo melhor, na consulta o advogado tem conhecimento do
fato ocorrido, após análise documental, emite o resultado pautado em Lei.

16
Júlio Cesar Sanchez

A justificativa plausível para a aplicação deste procedimento extraju-


dicial, é a garantia da prestação segura de um bom trabalho, além da apre-
sentação da economia financeira do cliente o qual irá gastar seu dinheiro da
forma necessária, unida à celeridade que se pode alcançar no caso.
Inventário, Divórcio e Usucapião Extrajudicial.
São trabalhos extrajudiciais prestados pelo advogado perante o
cartório. Esses trabalhos extrajudiciais estão previstos e regulamentados
em Lei e realizados sempre na presença de advogado.  A vantagem é
o tempo de duração de cada ato. Enquanto esses trabalhos realizados
perante os judiciários poderiam perdurar anos a fio, aliados ao procedi-
mento extrajudicial serão resolvidos muito brevemente e os envolvidos
com certeza poderão seguir cada qual o rumo da vida, sem a intervenção
de um terceiro, o Juiz.

17
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática

5 Modelo de Parecer Jurídico

PARECER JURÍDICO

Requerente: Município de xxx e Estado de xxxxxx


Ementa: FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS – DIREITO
A SAÚDE – CONSTITUIÇÃO – LEI 8080/1990 – MUNICÍPIO DIFE-
RENTE DA AUTORA – PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE E GRA-
TUIDADE. [Na ementa é importante colocar palavras-chaves, como
um resumo do que se trata o parecer a ser escrito. Uma dica bastante
utilizada é escrever a ementa por último, uma vez que você já terá em
mente basicamente toda a conclusão obtida e dominará mais o assunto]
DA CONSULTA [na consulta, ou RELATÓRIO, relata-se os fatos
que são objetos da consulta. Descreve-se apenas os fatos trazidos pelo
cliente/requerente]
Trata-se de consulta formulada pelo Município de xxxxx e pelo
Estado de xxxxx, a consulta tem como objetivo analisar a situação de
FULANA DE TAL, brasileira, estado civil, profissão, CPF nº xxx.xxx.
xxx-xx, residente e domiciliada na Rua xxxxx, nº xx na cidade de xxxy,
em xxx, que promoveu ação de medicamentos, em face do município
de xxx e do Estado de xxx.
A autora da ação foi diagnosticada com DIABETES MELLITUS
TIPO II, porém no dia 10 de agosto deste ano, foi suspenso o forneci-
mento dos medicamentos necessários fornecido pelo Sistema Único de
Saúde – SUS.
Além do uso constante de remédios para diabetes e controle de
sua glicemia com fitas especiais, constatou-se também que a mesma
possui problemas cardíacos e a falta de medicação poderá causar pro-
blemas nos rins, cegueira e até a morte.
Contudo, a autora não possui condições para comprar os medica-
mentos, visto que é hipossuficiente, pleiteando assim, concessão de tutela
antecipada, alegando perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.

18
Júlio Cesar Sanchez

É o relatório. Passo a opinar.


DA FUNDAMENTAÇÃO [A fundamentação é a parte mais impor-
tante do seu parecer jurídico, aqui elabora-se as teses que irão apoiar a
sua conclusão. É importante argumentar com clareza e objetividade,
procurando responder qualquer dúvida a ser suscitada, baseando-se em
leis, jurisprudências e doutrinas. Caso surja mais de um questionamento,
separa-se estes para uma melhor organização e compreensão]
O Sistema Único de Saúde possui em sua estrutura princípios
inerentes ao seu funcionamento. A Lei 8080/1990, em seu Artigo 7º
elenca os princípios atinentes a saúde pública, como o princípio da
universalidade:
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados con-
tratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS),
são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no ......, obedecendo
ainda aos seguintes princípios:

I – Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de


assistência; (Brasil, 1990)

Segundo o princípio preconizado no Inciso I, do Artigo supracitado, a


saúde pública é um direito de todos os brasileiros, não podendo excluir
o cidadão, por qualquer motivo.
É necessário que o Estado disponha dos recursos para aqueles
que não possuem condições para adquirir o medicamento, tendo como
subprincípio, o princípio da gratuidade dos medicamentos.
Considera-se a saúde como um direito social, inerente a todos
os cidadãos, um direito instituído na nossa Constituição de 1988, no
Artigo 6º.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (Brasil, 1988) (grifo nosso)

De acordo com André da Silva Ordacgy (2007):

19
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática

“A Saúde encontra-se entre os bens intangíveis mais preciosos do ser humano,


digna de receber a tutela protetiva estatal, porque se consubstancia em
característica indissociável do direito à vida. Dessa forma, a atenção à Saúde
constitui um direito de todo cidadão e um dever do Estado, devendo estar
plenamente integrada às políticas públicas governamentais”.

Com isso, o Estado assume a responsabilidade da criação e forneci-


mento dos medicamentos para a população, tendo respaldo no que aduz
o Artigo 196, também da Constituição.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
sua promoção, proteção e recuperação. (Brasil, 1988).

Para Henrique Hoffmann Monteiro Castro:


[...] O sistema básico de saúde fica a cargo dos Municípios (medicamentos
básicos), o fornecimento de medicamentos classificados como extraordi-
nários compete à União e os medicamentos ditos excepcionais são forne-
cidos pelos Estados. Percebe-se, claramente, a composição de um sistema
único, que segue uma diretriz clara de descentralização, com direção única
em cada esfera de governo”.

Como afirma o doutrinador supracitado, os municípios possuem


o dever de fornecer os remédios básicos, como os remédios para diabetes
que a autora necessita.  De acordo com o Artigo 30 da Constituição, em
seu Inciso VII.
Art. 30. Compete aos Municípios:

VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado,


serviços de atendimento à saúde da população; (Brasil, 1988)

O município possui o dever de fornecer o medicamento necessário


para a paciente, em respeito ao princípio da universalidade. Contudo, a
autora reside e tem como domicílio a cidade de xxxy.
Ou seja, a ação deverá ser intentada contra o município de xxxy, pois
o foro para a promoção da ação, se dá na cidade onde a interessada reside,
como se extrai da seguinte jurisprudência do Tribunal Catarinense.

20
Júlio Cesar Sanchez

CONSTITUCIONAL – ADMINISTRATIVO – DIREITO À SAÚDE


– DECISÃO QUE OBRIGA O ESTADO A FORNECER TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO – RECURSO DESPROVIDO 1. “O direito à saúde
– além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas
as pessoas – representa consequência constitucional indissociável do
direito à vida. O Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional
de sua atuação no plano da organização federativa brasileira, não pode
mostrar-se indiferente ao problema da saúde da população, sob pena
de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave comportamento
inconstitucional” (AgRgRE nº 271.286, Min. Celso de Mello; RE nº 195.192,
Min. Marco Aurélio). 2. Salvo situações excepcionais, nas causas em
que é reclamado do Poder Público o fornecimento de remédios, o
princípio da proporcionalidade impõe ao juiz o dever de decidir sem
detença o pedido de antecipação dos efeitos da tutela; é dispensável a
prévia ouvida do réu, pois, via de regra, as condições de saúde do autor
não permitem o protraimento da decisão para que sejam resolvidas as
questões de fato suscitadas pelo devedor. 3. Estabelecida a premissa de
que a União, os Estados e os Municípios são solidariamente responsáveis
por fornecer medicamentos àqueles que os solicitarem (AgRgAI nº
886.974, Min. João Otávio de Noronha; AgRgAI nº 858.899, Min. José
Delgado; AgRgAI nº 842.866, Min. Luiz Fux), não há como exonerar o
município dessa obrigação, mesmo a pretexto de o medicamento não
constar da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename),
definida pelo Ministério da Saúde, ou de ser de elevado custo. Ademais,
só o fato de o medicamento ter sido receitado conduz à presunção de
que é necessário ao tratamento do paciente; apenas prova ou fortes
indícios poderiam elidi-la. 4. A circunstância de o Juiz ter remetido os
autos à Justiça Federal não retira do Tribunal estadual a competência
para julgar agravo de instrumento interposto de decisão antecipatória
da tutela (AI nº 2008.015036-1, Des. Paulo Henrique Moritz Martins da
Silva). (TJSC, Agravo de Instrumento n. 2009.011253-9, de Trombudo
Central, rel. Des. Newton Trisotto, j. 13-10-2009).
Na jurisprudência acima descrita, o município teria a obrigação
de fornecer os medicamentos necessários para a paciente, porém, o
município onde a cidadã reside.
Corroborando com o entendimento, outra jurisprudência do
mesmo Tribunal:

21
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO


DE TUTELA. OBRIGAÇÃO DE O MUNICÍPIO FORNECER REMÉDIOS
INDISPENSÁVEIS AO TRATAMENTO E À GARANTIA DO DIREITO À
SAÚDE. PRELIMINARES AFASTADAS (AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
PARA A CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR, ILEGITIMIDADE PASSIVA
AD CAUSAM E COMPETÊNCIA DA UNIÃO E DO ESTADO PARA FOR-
NECER REMÉDIOS CONSIDERADOS DE ALTO CUSTO). RECURSO
DESPROVIDO. REMESSA PARCIALMENTE PROVIDA SOMENTE PARA
PREVER REVISÃO PERIÓDICA DA NECESSIDADE DOS MEDICAMENTOS. 
(TJSC, Apelação Cível n. 2008.003287-4, de Criciúma, rel. Des. Cesar
Abreu, j. 20-05-2008).[4]

Por fim, nota-se que a autora possui direito aos medicamentos a


serem disponibilizados pelo município, porém na cidade onde reside.

CONCLUSÃO
Na conclusão responde-se tudo que foi levantado na fundamen-
tação, responde-se o que foi questionado pelo requerente.
Pelo exposto, respondendo ao questionamento formulado na
consulta, entendemos, que a autora possui direito ao pedido de medica-
mentos conforme os Artigos 6º e 196 da Constituição Federal, e também
o Artigo 7º, Inciso I da Lei nº 8080/1990, que regula o Sistema Único de
Saúde.
Porém, deverá a ação ser ajuizada na cidade onde reside a inte-
ressada, conforme os preceitos constitucionais do Artigo 30, Inciso VII
na nossa Constituição, tendo necessidade de respeitar o princípio da
gratuidade e universalidade da saúde pública.
É o parecer.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]

[Número de Inscrição na OAB]

22
Júlio Cesar Sanchez

6 O que é Acordo Consensual?


Conceituando: é o acordo amigável realizado entre as partes.
Certa vez fui procurado por um cliente que havia sofrido um
acidente de trânsito, ou seja, colisão de veículo automotor, e gostaria
de ser ressarcido pelo dano sofrido.
Então, quando chegou ao escritório, foi primeiramente atendido
(consulta jurídica) para que eu pudesse fazer o levantamento do caso.
Após o relato e análise documental do caso em concreto cheguei à
conclusão inicial que meu cliente tinha direito a ser ressarcido.
Assim, foi proferido, por escrito um parecer jurídico, em que lhe
apresentei os caminhos a serem seguidos, que, na verdade, poderiam ser
um dos dois tipos – o judicial ou extrajudicial. No mesmo relatório, com
os devidos fundamentos, apresentei as vantagens e as desvantagens, tanto
de um como de outro, utilizando minha ferramenta de trabalho: o Direito.
O cliente, após receber o relatório e analisá-lo, optou, me autori-
zando que tentássemos uma tratativa extrajudicial, a qual, lhes adianto,
foi um sucesso.
Nesse caso concreto, o cliente chegou à conclusão que era melhor
um acordo. Conclusão: ganhamos os dois, o cliente e eu. Recebi pelos
meus honorários de forma célere e o cliente saiu completamente satis-
feito com o resultado.
Agindo com sapiência, o advogado, em um atendimento realizado
mediante a consultoria jurídica, pode e deve perceber que poderá, depen-
dendo do caso concreto, atuar extrajudicialmente, atendendo às neces-
sidades de seus clientes de uma forma célere, mais econômica e bem
vantajosa para ambos.
Por fim, os advogados que fazem seu trabalho junto aos cartó-
rios ajudam a aliviar o Judiciário brasileiro, colaborando para a desjudi-
cialização do sistema.

7 O que são Serviços Extrajudiciais?


Os serviços extrajudiciais são atividades que dependem do conhe-
cimento jurídico, mas não são realizadas em uma relação processual. O
objetivo delas é fornecer a tutela administrativa dos interesses, garantindo
a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.

23
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática

No Brasil, o serviço extrajudicial é realizado por profissionais que


recebem poderes delegados pela legislação. Após passar em um con-
curso público, tabeliães, notários e oficiais de registro fazem a gestão
dos serviços públicos dos chamados cartórios, mediante delegação.
Tais serviços estão regulamentados pela  Lei nº 8.935/1994. Na
prática, eles incluem atividades de registro público, em que ficam arqui-
vadas no cartório extrajudicial as informações referentes a um bem imóvel,
assim como sobre pessoas físicas ou jurídicas.
Além disso, estão inseridos o cartorário  e de tabelionato, que
fazem a autenticação de documentos, lavram escrituras, atas notariais
e testamentos e atuam nos negócios jurídicos que as partes desejam
revestir de formalidade ou autenticidade.
Mais recentemente, os cartórios também receberam algumas ativi-
dades de jurisdição voluntária, como a possibilidade de fazer divórcios e
inventários em que exista consenso entre as partes interessadas.
Em todo caso, é importante pensar estrategicamente se vale a pena
seguir essa área, sobretudo no médio e longo prazo. Afinal, a mudança
exigirá conhecimento sobre a legislação de registro público e o estudo do
funcionamento dos cartórios.

7.1 Quais são os Critérios para Atuar na Área?


Entre as atividades, existem aquelas, como divórcio e inventário,
que dependem da assinatura de um advogado para serem válidas. Já
em outras tantas, como alterar o registro de um imóvel ou obter uma
certidão, a atuação do especialista facilita o processo, entregando um
resultado mais rápido e eficiente a partir dos conhecimentos jurídicos.
Os exemplos de serviços extrajudiciais que podem ser oferecidos
por um advogado são bastante vastos:

• divórcio extrajudicial;
• inventário extrajudicial;
• testamento;
• registro público e sua alteração de pessoas ou imóveis;

24
Júlio Cesar Sanchez

• protesto de documentos;
• procuração, atas, escrituras e demais atos que utilizem a forma
pública;
• obtenção de certidões.

Vale ressaltar que o(a) advogado(a) pode usar a procuração extra-


judicial para praticar os atos junto ao cartório, desde que não seja exigida
a presença da parte. Além disso, pode atuar como correspondente jurí-
dico, recebendo diligências de outros profissionais.

8 Desjudicialização como Alternativa


Os cidadãos brasileiros dependem dos serviços prestados pelos
cartórios notariais e de registro em todas as fases da vida. No nascimento,
para obter o registro civil, no casamento, na compra de um imóvel,
para reconhecer uma firma ou passar uma procuração, por exemplo.
Com o objetivo de garantir a qualidade na prestação desses e de outros
serviços, a Constituição Federal de 1988 (com a redação dada pela
Emenda Constitucional n. 45/2004) conferiu ao Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) a atribuição de fiscalizar a atividade extrajudicial no País,
de forma a aprimorar o atendimento ao cidadão.
Nesse sentido, a Corregedoria Nacional de Justiça desenvolveu
inúmeras iniciativas para garantir a modernização dos cartórios e o
respeito ao que determina a Constituição. Nos últimos dois anos, pelo
menos 13 estados iniciaram concursos para o provimento das serventias
extrajudiciais declaradas vagas pelo CNJ, porque estavam em situação
irregular. O Conselho declarou a vacância das unidades cujos titulares
assumiram após 1988 sem concurso público regular, em desrespeito à
Carta Magna.
Além disso, determinou aos tribunais de Justiça a realização de
certames, visando à outorga das delegações.
Com a conclusão dos concursos abertos, a expectativa é que a
situação de mais de 3 mil serventias seja regularizada. Com o objetivo
de verificar a estrutura e o funcionamento das serventias notariais e de
registro no País, a partir de setembro de 2010 o serviço extrajudicial
de 16 estados foi inspecionado pela Corregedoria Nacional de Justiça.

25
Usucapião Extrajudicial e Advocacia Extrajudicial - Teoria e Prática

Com as informações obtidas nas visitas, foram elaborados relatórios


que tratam das deficiências e das boas práticas verificadas nas unidades,
além de determinações aos tribunais para garantir a modernização dos
serviços e o melhor atendimento aos cidadãos.
Também como resultado dos trabalhos da Corregedoria Nacional
de Justiça, o Estado da Bahia deu início à delegação dos serviços extra-
judiciais a particulares, com a promulgação da Lei n. 12.352, de 8 de setembro
de 2011, sendo o último estado a se adequar ao que determina a Cons-
tituição Federal de 1988.
Os cidadãos foram os maiores beneficiados, pois passaram a contar
com um serviço mais ágil e de qualidade. Além disso, por meio do Pro-
vimento n. 18, publicado em 28 de agosto de 2012, a Corregedoria do
CNJ instituiu e regulamentou o funcionamento da Central Notarial de
Serviços Eletrônicos Compartilhados (Censec). O sistema vai interligar
os tabelionatos de notas do País, possibilitando que órgãos públicos,
autoridades e usuários do serviço notarial tenham acesso a informações
dessas unidades, de maneira a facilitar a localização de escrituras públicas e
a obtenção de certidões.
Por meio dessas e de outras iniciativas voltadas ao aprimoramento e
à fiscalização do serviço extrajudicial, a Corregedoria do CNJ cumpre
seu papel constitucional que visa ao interesse público e à melhoria do
atendimento aos cidadãos.
É inegável que o Poder Judiciário está sobrecarregado e se mostra
incapaz de atender a todas as demandas de maneira célere e eficaz. A
busca por meios alternativos de solução de conflitos que possam garantir
o acesso à Justiça é medida que se impõe e a desjudicialização se apre-
senta como importante forma de promover este acesso.
A sociedade está habituada a levar seus conflitos para os tribunais
em busca da prestação jurisdicional (judicialização), por acreditar que
o Poder Judiciário é a única fonte de acesso à Justiça, uma verdadeira
cultura do litígio que culminou com a crise do Judiciário que, abarrotado
de processos, está cada vez mais moroso e ineficiente, o que promove
o caos judicial.

26

Você também pode gostar