Monografia

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 39

CENTRO DE ESTUDOS TEOLÓGICOS BET-HAKAM

CURSO DE BACHAREL EM TEOLOGIA

Eurilene Costa Pereira

A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS COMO


FORMA DE APRENDIZAGEM NO ENSINO INFANTIL

SÃO LUIZ/MA
2016
1

Eurilene Costa Pereira

A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS COMO


FORMA DE APRENDIZAGEM NO ENSINO INFANTIL

Trabalho apresentado ao curso de Bacharelado em


Teologia do Centro de Estudos Teológicos Bet-
Hakam, como requisito parcial para a obtenção do
grau de Bacharel em Teologia.

Orientador: Venceslau Júnior

SÃO LUIZ/MA
2016
2

Eurilene Costa Pereira

A IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS COMO


FORMA DE APRENDIZAGEM NO ENSINO INFANTIL

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado


adequado e aprovado em sua forma final
apresentado à Banca Examinadora composta pelos
professores abaixo listados.

Aprovado em ____/____/_____

Orientador Venceslau Júnior


Centro de Estudos Teológicos Bet-Hakam

Centro de Estudos Teológicos Bet-Hakam

Centro de Estudos Teológicos Bet-Hakam

SÃO LUIZ/MA
2016
3

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus pela sua infinita bondade de sempre estar ao meu lado
nos momentos difíceis da minha vida e por ter me dado o dom da sabedoria,
discernimento, humildade e solidariedade. Aos meus filhos William Gabriel e Deivid
Gabriel que foram uma grande benção em minha vida. A minha mãe Maria do
Socorro pelo carinho e compreensão que sempre me incentivou a nunca desistir
desde objetivo. Ao meu Pai Euzébio de Lavor por me dá coragem e não desanimar
dentre tantos momentos difíceis encontrados durante este trajeto, me fazendo crer
em sonhos e grandes realizações na minha vida. Aos meus irmãos que incentivaram
e acreditaram em mim me dando força e cultivando a esperança desta realização.
Aos meus amigos que estiveram em muitos momentos ao meu lado e de forma
direta ou indireta renovou minhas forças nessa caminhada. A todos os professores
da Faculdade em especial o Professor Maribel pela compreensão, paciência e
cumplicidade durante suas aulas que muito contribuíram para minha formação
pessoal.
4

DEDICATÓRIA

Dedico este momento da minha a vida em especial a minha eterna cunhada Rita
Creudes Ribeiro, que já habita o reino dos céus ao lado do nosso Pai maior, contudo
deixou nesse plano terreno o fruto de sua obra; a minha formação, pois graças a sua
insistência e persistência foi capaz de me mostrar a luz dessa vitória e se não fosse
a sua coragem eu estaria perdida no caminho da ignorância e desprovida da luz do
conhecimento.
5

O sábio ouvirá e crescerá em


conhecimento, e o entendido adquirirá
sábios conselhos.
Provérbios 1.5
6

RESUMO

Este trabalho buscou demonstrar a importância da prática com projetos na educação


infantil, com o intuito de gerar nos educadores atitude reflexiva em torno das
especificidades da criança pequena junto a este mecanismo de trabalho. Para
realização do estudo, optou-se por uma abordagem de cunho bibliográfico, com
diferentes autores que contextualizam o tema com muita propriedade. Ao final da
pesquisa pode-se perceber a importância desse mecanismo na construção de
conhecimento dos pequenos aprendizes e que não só eles saem ganhando em
sabedoria e valores mais toda a comunidade escolar envolvida neste processo.
Neste estudo sobre Pedagogia de Projetos, suas abordagens e as diferentes formas
de articulação que os precedem, é claramente perceptível, nos dias atuais, como os
projetos de produção de novos conhecimentos baseiam-se em propostas que
rompem as fronteiras disciplinares e que, pela sua flexibilidade, permitem dialogar
com diferentes áreas do conhecimento, proporcionando um trabalho coletivo e
adaptação a novos desafios que buscam soluções para os problemas propostos ou
daqueles que surgem aleatoriamente durante a construção do projeto. Sem perder
de vista as limitações impostas pela estrutura do sistema educacional e das próprias
instituições de educação infantil, entendida como investigação sobre a importância
de suas ações nos processos de ensino e aprendizagem.

Palavra-Chave: Criança. Educação. Infantil. Pedagogia. Projeto.


7

ABSTRACT

This study aimed to demonstrate the importance of practice with projects in early
childhood education, in order to generate the reflective attitude educators around the
specificities of small child next to this working mechanism. For the study, we chose a
bibliographic nature approach, with different authors contextualize the subject with
much property. At the end of the survey can be seen the importance of this
mechanism in the construction of knowledge of young learners and that they not only
wins in wisdom and values over the whole school community involved in this process.
In this study Project Pedagogy, their approaches and different forms of articulation
that precede them, is clearly noticeable today, as the new knowledge production
projects are based on proposals that break disciplinary boundaries and which, by
their flexibility, enable dialogue with different areas of expertise, providing a collective
work and adaptation to new challenges seeking solutions to the proposed problems
or those that appear randomly during the construction of the project. Without losing
sight of the limitations imposed by the structure of the educational system and their
own educational institutions, understood as research on the importance of their
actions in teaching and learning processes.

Keyword: Child. Education. Child. Pedagogy. Project.


8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………….................. 09

2. ORIGEM DA PEDAGOGIA DE PROJETOS............................................ 12

3. CONCEPÇÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO......................................... 14


3.1. Por que o trabalho com projetos?......................................................... 16
3.2. Quando e quanto trabalhar com projetos.............................................. 17
3.3. Conteúdos possíveis na Educação Infantil............................................ 17

4. A VISÃO DE CRIANÇA E SEU DESENVOLVIMENTO........................... 19

5. METODOLOGIA DE PROJETOS NA PRIMEIRA INFÂNCIA: UMA


PRÁTICA EDUCATIVA AMPLA E DIVERSIFICADA............................... 21

6. O PAPEL DO EDUCADOR E O PLANEJAMENTO NA PRÁTICA


EDUCATIVA COM PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL.................. 24

7. A FORMAÇÃO DO EDUCADOR NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS COM


PROJETOS NA PRIMEIRA INFÂNCIA.................................................... 28

8. PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO PRÁXIS DO TRABALHO


DOCENTE................................................................................................. 32
8.1. Princípios didáticos para elaborar e organizar um projeto de trabalho. 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 37
9

1. INTRODUÇÃO

Observa-se a demanda por uma práxis de trabalho que valorize o trabalho


coletivo, a construção do conhecimento e o uso de termos como “projetos didáticos”
ou “projetos pedagógicos” no contexto escolar, no entanto, não se vê na prática uma
atuação suficientemente coerente com uma Pedagogia de Projetos que possa abrir
novos horizontes na prática do professor e atender os desejos e as necessidades
das crianças, como também conduzi-las à aquisição de uma aprendizagem
individual, coletiva e significativa. Surge então, a necessidade da pesquisa, a fim de
politizá-la no ambiente educacional e conscientizar a comunidade escolar de sua
importância nas funções de cuidar e de educar específicas da educação infantil.
As atitudes relacionadas aos cuidados, à educação, à higiene e à
alimentação, na educação infantil, devem ser valorizadas e respeitadas pela pré-
escola, contudo, as atividades orientadas e as brincadeiras não podem ser
esquecidas, pois enquanto brincam, as crianças aprendem e recriam
acontecimentos e expressam emoções, pensamentos, desejos e necessidades. E é,
através dessas expressões, que surge a proposta de se trabalhar com projetos
pedagógicos nessa fase, de maneira a valorizar as aprendizagens e a capacidade
de transformação da realidade tão forte e tão presentes nessa fase da vida. Nesse
sentido, o trabalho por projetos didáticos só será direcionado ao desenvolvimento
das crianças se forem estabelecidas relações entre eles, condição esta para que
aconteça a sintonia de ideias, a reflexão, o pensamento, a motivação e a solução do
problema proposto no início da construção do projeto. Dessa forma, por meio da
participação, a criança poderá dialogar com o professor e com seus pares,
expressando, apresentando suas dúvidas e mostrando suas elaborações e relações
que faz. A atenção e o diálogo com o pensar da criança permitem ao professor
identificar que tipo de estratégia seria conveniente para a criança prosseguir na
construção de novas aprendizagens. Para identificar o nível de desenvolvimento
alcançado pelas crianças não significa que o professor deverá partir para uma
avaliação formal, mas acompanhar as crianças no cotidiano de sua sala de aula de
forma que lhe seja possível identificar se determinados conceitos fazem parte do
repertório das crianças. Assim, o trabalho a ser realizado é articular uma estratégia
pedagógica apoiada nas relações sociais, que contemple o sujeito, suas emoções, o
10

seu pensamento e a realização do projeto em foco, a qual poderá atuar,


promovendo, de fato, o desenvolvimento das crianças, pois elas são e precisam ser
consideradas como sujeitos de sua própria aprendizagem.
Isso significa considerar todos e cada uma delas no seu todo e quem são,
como são e onde estão. Situando-as no centro das atenções do projeto pedagógico,
significa dar segurança e contribui para que essas crianças sejam respeitadas em
suas individualidades e diversidades.
No entanto, percebemos muita dificuldade entre os professores e educadores,
quando lhes é solicitado um Projeto e os mesmos apresentam nada mais que
relatórios. Faz-se necessário, então, enfatizar que “o projeto é um plano que tem por
finalidade resolver um problema específico e, ao fazê-lo, antecipar linhas de ações
pretendidas. Uma vez que tais linhas sejam colocadas em prática e produzirem
resultados, esses resultados constituirão os Relatórios”. (Tosi, 2003, p.75).
Na realidade, o que acontece é que, por um lado, os projetos pedagógicos
são implantados dentro do ambiente escolar, sem nenhum critério e sem nenhuma
preparação, tanto no que diz respeito a um planejamento adequado, quanto na
capacitação do professor que media esta dinâmica e, por outro lado, “... é muito
visível a distância entre as intenções expressas nos planos e as práticas concretas
realizadas ... ”(Vasconcellos, 2006, p.15).
Percebe-se ainda, um constante repasse de atividades, que vêm, desde a
coordenação pedagógica, e, em alguns casos, desde a direção, para o professor e
deste para os alunos.
Em nossa prática diária, percebe-se também a existência de certo desprezo
pela temática do planejamento, um vazio cultural e pouca produção neste campo,
pelo fato de se tratar de educação infantil, que, apesar de sua importância evidente
para o desenvolvimento da criança e para o cenário educacional, ainda é vista por
muitos – escola e sociedade - como um espaço de pouco privilégio na área da
educação, considerando-se assim uma perda de tempo, desenvolver atividades que
requerem organização, qualidade, especificidade e compromisso, por se tratar de
crianças pequenas que são vistas apenas com desejos lúdicos e, porque requerem
cuidados essenciais, não carecem de uma educação intencional pautada num
ambiente contextualizado e específico.
O desenvolvimento e a aprendizagem de uma criança serão bastante
diferenciados dependendo se ela teve, ou não, a oportunidade de participar de um
11

ambiente que valorize a cultura, a curiosidade, o comportamento crítico e a dúvida.


Enfim, ter a oportunidade de estar num ambiente planejado, pensado de forma
humanizadora, buscando ser um espaço de promoção da vida, do crescimento, do
desenvolvimento e da aprendizagem, é começar a caminhada na direção da
conquista e do exercício da cidadania. O ponto a chegar à caminhada é a formação
do cidadão em benefício da sociedade.
No processo de construção do Projeto Didático, o professor deverá ter
consciência de que o seu papel é de ajudar o aluno a entender a importância da sua
participação e envolvimento no processo de ensino e aprendizagem.
Esboçadas estas primeiras situações, pretendemos com esta pesquisa,
realizar conceituações, formas de implantação e implementação de projetos,
analisar e questionar os “conteúdos” a serem tratados no desenvolvimento e
formação das crianças. Tais “conteúdos” podem ser classificados em três categorias:
as conceituais (informações, fatos, conceitos, imagens, etc.), as procedimentais
(habilidades, hábitos, procedimentos, etc.) e as atitudinais (disposições, interesses,
atitudes, etc.), as quais se encontram mescladas, sendo difícil estabelecer uma
separação precisa entre elas.
Dessa forma, o objetivo maior deste trabalho se resume na busca do
entendimento do que seja “projeto didático” ou “projeto pedagógico”, como também
revelar a importância desse trabalho no fazer docente e suas repercussões nas
aprendizagens das crianças, além de propor discussões sobre a importância de se
implantar propostas pedagógicas inovadoras.
Sendo assim, esta proposta poderá corresponder aos interesses de diversos
profissionais de uma instituição educacional – professores, educadores, monitores,
coordenadores, entre outros -, trazendo para a discussão esse eixo pedagógico do
ensinar e do aprender, refletindo sobre seus pressupostos e desdobramentos, como
também, enfocando experiências vivenciadas e seus resultados.
12

2. ORIGEM DA PEDAGOGIA DE PROJETOS

Sabemos que a Pedagogia de Projetos é antiga, desde o início do século


XX, que se discute a respeito de sua contribuição ao processo ensino-
aprendizagem.

“A discussão sobre Pedagogia de Projetos não é nova”. Ela surgiu no início


do século com John Dewey e outros representantes da chamada
“Pedagogia Ativa”. “Já nessa época, a discussão estava embasada numa
concepção de que “educação é um processo de vida e não uma preparação
para a vida futura e a escola deve representar a vida presente tão real e
vital para o aluno como a que ele vive em casa, no bairro ou no pátio”
(Dewey, 1897) (Presença Pedagógica v.2 n.8 mar/abr 1996)”.

A Pedagogia de Projetos, esta postura de prática nasceu e desenvolveu


principalmente nos Estados Unidos e depois foi aplicado e experimentado na área
pedagógica por John Dewey: “Este, ao colocar em prática suas experiências,
introduziu o compromisso livre e a democracia, em que, propôs que a criança ao vir
para a escola vem para resolver os problemas presentes e não pensar em uma
escola para o futuro”.
Estamos vivendo uma sociedade pós-moderna, denominada Sociedade da
Informação e Comunicação, em que não se admite mais uma escola arcaica,
descontextualizada, fragmentada, dissociada da realidade, com horários rígidos em
disciplinas, currículos e programas impostos, é preciso mudar a escola, acompanhar
estas mudanças que estão ocorrendo veloz e momentaneamente nesta nova
sociedade. Surge nos anos 90 no Brasil, o trabalho com projetos, educando em uma
visão mais global, complexa, íntegra e contextualizada do processo educativo.
Realmente significa uma mudança de postura, de novas práticas, um repensar da
prática educativa e das teorias. Significa também repensar a escola, seus alunos,
seu corpo docente, seus gestores, enfim toda a clientela da escola, destes novos
tempos escolares, educando em uma visão global, complexa, holística, ensinando
para a vida, como já foi dito por John Dewey há 100 anos.
Existem várias definições entre os estudiosos desta nova postura
metodológica de ensinar, do que seja Projeto, chegando-se a uma definição que
“Projeto é projetar-se, isto é, lançar-se, sair de onde se encontra em busca de novas
soluções”. O trabalho com projetos constitui uma das posturas metodológicas de
13

ensino mais dinâmica e eficiente, sobretudo pela sua força motivadora e


aprendizagens em situação real, de atividade globalizada e trabalho em cooperação.
Segundo Lúcia Helena Alvarez Leite:

“Ao participar de um projeto, o aluno está envolvido em uma experiência


educativa em que o processo de construção de conhecimento está
integrado às práticas vividas. Esse aluno deixa de ser, nessa perspectiva,
apenas um aprendiz do conteúdo de uma área de conhecimento qualquer.
É um ser humano que está desenvolvendo uma atividade complexa e que
nesse processo está se apropriando, ao mesmo tempo, de um determinado
objeto do conhecimento cultural e ser formando como sujeito cultura.”

Concordamos com Lúcia quando diz que a construção de conhecimentos


está integrada às práticas em que os alunos aprendem participando, formulando
problemas, tomando atitudes diante dos fatos da realidade, investigando,
construindo novos conceitos e informações e escolhendo os procedimentos quando
se veem diante das necessidades de resolver questões.
Um dos nomes expressivos na pedagogia sócio histórica é Vygotsky, pois
seus estudos defendem que todo conhecimento é construído socialmente no âmbito
das relações sociais. Partindo dessa premissa e da citação acima, podemos
destacar como palavra-chave nestes tempos modernos de educação, a mediação, a
interação, a função social, a construção, o processo dialógico, o debate e a ação,
que estão embutidos nos principais fundamentos da pedagogia sócio histórica e no
trabalho de projetos. Nesta abordagem define-se conhecimento como algo que se
constrói dinâmico, interativo, que leva ao crescimento educacional. Portanto, o
trabalho com projetos, trata-se de uma postura nova metodológica, concepção em
que o professor organiza, media, propõe situações de aprendizagem para os alunos,
baseados em um conhecimento construído, refletindo sua ação e desenvolvendo
sua aprendizagem. A Pedagogia de Projetos oferece ao professor condições para
que ele (re) avalie seu trabalho, sistematizando coletivamente as atividades
escolares.
14

3. CONCEPÇÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO

Historicamente, o trabalho com projetos tem atravessado vários momentos da


história da Educação e vem se transformando ao longo do tempo. A concepção que
adotamos entende o projeto como um trabalho pedagógico o mais próximo possível
das práticas sociais.
O projeto é um conjunto de situações contextualizadas, em que há um
objetivo compartilhado com as crianças desde o início. As crianças são envolvidas
em uma sequência de atividades com vistas a produzir um evento ou, então, um ou
mais objetos, que dão visibilidade ao processo de aprendizagem. Há um forte
vínculo com uma área de conhecimento, mas, dada a sua natureza, os projetos
pedagógicos integram sempre diferentes áreas que colaboram com o produto final.
As crianças podem ser engajadas em uma sequência de atividades para
produzir um baile de carnaval, uma fita cassete com músicas escolhidas, um livro de
receitas etc.
Reconhecido como um modo de organizar as práticas representa uma ação
intencional, planejada e com alto valor educativo. Neste sentido, os projetos
envolvem estudo, pesquisa, busca de informações, exercício de crítica, dúvida,
argumentação, reflexão coletiva, devendo ser elaborados e executados com as
crianças e não para as crianças.
Barbosa e Horn (2008) indicam algumas dimensões que fazem parte do
trabalho com projetos: aqueles organizados pela escola para serem realizados com
as famílias, as crianças e os professores; o Projeto Político Pedagógico da escola;
aqueles organizados pelos professores para serem trabalhados com as crianças e
as famílias e, principalmente aqueles propostos pelas próprias crianças.
Neste sentido é importante estar atento para as necessidades e interesses do
grupo e assim, propor temas e pesquisas que envolvam o interesse das crianças e
com isso motivem nas a participar ativamente das atividades. O professor pode, ele
mesmo, a partir de uma necessidade identificada no grupo com o qual trabalha
apresentar um projeto a ser trabalhado e explorado pelo grupo. Além disso, os
professores precisam também levar em conta os interesses declarados pelo grupo,
as dúvidas apontadas sobre determinado assunto, os questionamentos, o que indica
15

o nível de curiosidade das crianças e assim o tema que pode ser trabalhado em um
projeto.
Os projetos não tem uma durabilidade fixa, podendo durar dias, meses ou até
um ano. Tudo vai depender do plano de trabalho organizado, o que poderá
demandar mais ou menos tempo de envolvimento do grupo.
De acordo com Barbosa e Horn (2008) são três os momentos decisivos na
elaboração e concretização de um projeto pedagógico na educação infantil, sempre
a partir de um trabalho conjunto dos professores com as crianças. Inicialmente a
definição do problema, seja a partir de um fato inusitado e instigante, de um relato
de um colega ou de uma curiosidade manifestada por uma criança ou pelo grupo de
crianças. Definindo-se o problema parte-se para o segundo passo, que envolve o
planejamento do trabalho e a concretização do projeto. Neste momento acontece o
levantamento de propostas de trabalho – indicadas pelas crianças e também
propostas pelo professor e a divisão de tarefas – O que precisa ser feito? Como o
trabalho pode ser desenvolvido? Como obter o material necessário? Feito isso se
inicia a coleta, organização e registro das informações. Professores e crianças
buscam informações em diferentes fontes previamente definidas e acordadas:
conversas, entrevistas, passeios, visitas, observações, exploração de materiais,
experiências concretas, pesquisas bibliográficas, uso dos diferentes espaços da
instituição. Como último passo, no trabalho com projetos, de acordo com as autoras,
tem-se a avaliação e a comunicação, que envolvem a sistematização e a reflexão
sobre as informações coletadas e produzidas como também a documentação e
exposição dos “achados”.
A partir deste percurso percebemos o quanto é importante trabalhar com
projetos na educação infantil, uma vez que ao desenvolvê-los professores e crianças
encontram-se envolvidos pela temática e podem aprender muito com o
encaminhamento das atividades e sua consecução.
Em sua dinâmica diária, os autores enfatizam a importância de se lutar por
uma educação infantil de qualidade e humanizadora valorizando importância deste
trabalho estar orientado por projetos, pois eles interferem positivamente sobre o
desenvolvimento infantil.
Assim é necessário que se planeje previamente as atividades que serão
desenvolvidas, para que não se perca de vista os objetivos a serem alcançados, de
modo que a prática pedagógica tenha sequencia e permita que a criança atinja
16

determinadas metas e, então desenvolva mais habilidades linguísticas, motoras e


emocionais.
Segundo Oliveira (2005, p.236):

“Na verdade, a elaboração de uma sequencia de atividades relativas a um


eixo temático que se projeta no tempo e constitui o mote principal da ação
permite à criança integrar sua experiência com diferentes propostas. Isso
pode ser feito, por representar um objeto associado a uma história lida pelo
professor com um conjunto de peças para serem encaixadas, desenhar
depois o que foi representado e, finalmente, contar e “escrever” uma história
com base na representação do desenho.”

Desse modo, praticar a elaboração de projetos é um modo de se garantir a


participação dos alunos, uma vez que o projeto parte sempre de uma problemática
surgida no contexto escolar e/ou social.

3.1. Por que o trabalho com projetos?

Para as crianças, há um grande ganho, pois se sentem atraídas e motivadas


a participar das atividades, quando compreendem sua finalidade e podem relacioná-
las com as coisas que já conhecem.
Compartilhar com os outros também é importante para as crianças, pois eles
sabem que o seu trabalho terá outros leitores e apreciadores.
Para isso, colocam em jogo tudo o que sabem, tomando decisões e dividindo
tarefas.
Enfim, o comprometimento é maior, o que garante que as aprendizagens
sejam mais efetivas e o resultado, o melhor possível.
É grande o envolvimento do educador, pois geralmente ele é o responsável
pela escolha do tema. Precisa desenvolver um estudo prévio e organizado, pois, o
tempo todo, está se confrontando com questões e desafios que as crianças vão
trazendo. Seu papel é o de promover situações de aprendizagem de forma
significativa. O projeto nos permite uma organização sequenciada dos conteúdos
mais importantes para cada faixa etária. A princípio, ele requer mais tempo por parte
do educador, mas, a partir de sua implantação, o trabalho flui, facilitando nossa
ação, permitindo uma visão melhor de quanto e como as crianças aprendem.
17

Resumindo as vantagens, podemos dizer que a prática de trabalho com


projetos possibilita:

• A promoção de aprendizagens significativas;


• O desenvolvimento de uma atitude favorável para o conhecimento;
• A garantia de uma sequência organizada de conteúdos;
• O acompanhamento mais fácil do que as crianças estão aprendendo;
• O aprendizado da busca de informações pelas crianças;
• Avaliação constante;
• Maior envolvimento de educadores e crianças.

3.2. Quando e quanto trabalhar com projetos

Projetos didáticos são mais adequados quando as crianças já entendem a


relação entre as atividades e o produto final. A partir dos 3 anos, é possível pensar
em organizar um trabalho como esse. Em geral, desenvolvemos um projeto por
grupo, a cada três ou quatro meses.
A organização do tempo didático envolve, além dos projetos, as atividades
permanentes e diferentes sequências. Se, por exemplo, estamos desenvolvendo um
projeto de reconto de histórias conhecidas, teremos muitas ações envolvendo tanto
a linguagem oral quanto a escrita. Portanto é preciso pensar em atividades
permanentes e sequenciais que envolvam outras áreas, como movimento, artes
visuais, música etc., para que, em outros momentos do dia, as crianças tenham
experiências diferentes.

3.3. Conteúdos possíveis na Educação Infantil

O mais importante é que, na Educação Infantil, podemos diversificar muito,


pois não há um currículo rígido a seguir. Isso permite boas escolhas em relação aos
projetos. É importante lembrar que todo trabalho pedagógico envolve conteúdos
conceituais, procedimentais e atitudinais. Assim, ao produzir uma fita cassete de
poesias para doar a um grupo de crianças menores, por exemplo, estaremos
trabalhando não só a linguagem oral e escrita, mas também a autoestima, a
valorização da cultura e a socialização.
18

As crianças são envolvidas em uma sequência de atividades com vistas a


produzir um evento ou um ou mais objetos, que dão visibilidade ao processo de
aprendizagem. Há um forte vínculo com uma área de conhecimento, mas, dada a
sua natureza, os projetos pedagógicos integram sempre diferentes áreas que
colaboram com o produto final.
19

4. A VISÃO DE CRIANÇA E SEU DESENVOLVIMENTO

Um conjunto de representações, valores e conceitos que expressam alguns


pontos de consenso na área em relação à criança e ao papel do professor face aos
processos de desenvolvimento e aprendizagem das crianças está por trás das
orientações defendidas pelas Diretrizes.
A criança, centro do planejamento curricular, é considerada um sujeito
histórico e de direitos. Ela se desenvolve nas interações, relações e práticas
cotidianas a ela disponibilizadas e por ela estabelecidas com adultos e crianças de
diferentes idades nos grupos e contextos culturais nos quais se insere. A maneira
como ela é alimentada, se dorme com barulho ou no silêncio, se outras crianças ou
adultos brincam com ela ou se fica mais tempo quietinha, as entonações de voz e
contatos corporais que ela reconhece nas pessoas que a tratam, o tipo de roupa que
ela usa, os espaços mais abertos ou restritos em que costuma ficar, os objetos que
manipula, o modo como conversam com ela, etc. – são elementos da história de seu
desenvolvimento em uma cultura.
A atividade da criança não se limita à passiva incorporação de elementos da
cultura, mas ela afirma sua singularidade atribuindo sentidos à sua experiência
através de diferentes linguagens, como meio para seu desenvolvimento em diversos
aspectos (afetivos, cognitivos, motores e sociais). Assim a criança busca
compreender o mundo e a si mesma, testando de alguma forma as significações que
constrói, modificando-as continuamente em cada interação, seja com outro ser
humano, seja com objetos. Em outras palavras, a criança desde pequena não só se
apropria de uma cultura, mas o faz de um modo próprio, construindo cultura por sua
vez.
Outro ponto importante em relação à aprendizagem infantil considera que as
habilidades para a criança discriminar cores, memorizar poemas, representar uma
paisagem através de um desenho, consolar um coleguinha que chora etc., não são
fruto de maturação orgânica, mas são produzidas nas relações que as crianças
estabelecem com o mundo material e social, mediadas por parceiros diversos,
conforme buscam atender suas necessidades no processo de produção de objetos,
ideias, valores, tecnologias.
20

Assim, as experiências vividas no espaço de Educação Infantil devem


possibilitar o encontro de explicações pela criança sobre o que ocorre à sua volta e
consigo mesma enquanto desenvolvem formas de sentir, pensar e solucionar
problemas. Nesse processo, é preciso considerar que as crianças necessitam
envolver-se com diferentes linguagens e valorizar o lúdico, as brincadeiras, as
culturas infantis. Não se trata assim de transmitir à criança uma cultura considerada
pronta, mas de oferecer condições para ela se apropriar de determinadas
aprendizagens que lhe promovem o desenvolvimento de formas de agir, sentir e
pensar que são marcantes em um momento histórico.
Quando o professor ajuda as crianças a compreender os saberes envolvidos
na resolução de certas tarefas – tais como empilhar blocos, narrar um
acontecimento, recontar uma história, fazer um desenho, consolar outra criança que
chora etc. – são criadas condições para desenvolvimento de habilidades cada vez
mais complexas pelas crianças, que têm experiências de aprendizagem e
desenvolvimento diferentes de crianças que têm menos oportunidades de interação
e exploração.
21

5. METODOLOGIA DE PROJETOS NA PRIMEIRA INFÂNCIA: UMA


PRÁTICA EDUCATIVA AMPLA E DIVERSIFICADA.

Primeiramente antes de iniciarmos uma discussão acerca dos projetos


educacionais na primeira infância, é de grande valia esclarecer o que é projeto.
Assim segundo o dicionário Aurélio apud Nogueira (2011, p.30):

A palavra projeto origina-se do latim projectu, ‘lançado para diante’, e que


se refere a:Idéia que se forma de executar ou realizar algo, no futuro; plano,
intento, desígnio. Empreendimento a ser realizado dentro de determinado
esquema. Esboço ou risco de obra a se realizar; plano.

A partir desse conceito, compreende-se que projeto é um caminho em


construção, onde inúmeras etapas são seguidas para que futuramente se consiga o
resultado daquilo que se almejava. Na educação, o projeto pode ser o alicerce do
conhecimento, onde os aprendizes atravessam etapas formando o esqueleto do
objeto desejado e a partir deste pesquisar, trocar ideias e experiências conquistando
assim o resultado final, neste caso: a aprendizagem.
Nesta perspectiva a prática educativa com projetos tem muito a colaborar no
processo de ensino/aprendizagem, principalmente na primeira etapa da educação
básica (educação infantil), que por sua vez, acolhe os futuros cidadãos de uma
sociedade tão exigente. Esta ferramenta é um importantíssimo ingrediente para o
amadurecimento das habilidades e potencialidades dos pequenos aprendizes, pois é
durante as etapas do projeto que as crianças participarão ativamente do seu próprio
conhecimento, tornando-se protagonistas das suas próprias descobertas.
Em consonância a este contexto trazemos a contribuição que asseveram:

A pedagogia de projetos vê a criança como um ser capaz, competente, com


um imenso potencial e desejo de crescer. Alguém que se interessa, pensa,
duvida, procura soluções, tenta outra vez, quer compreender o mundo a sua
volta e dele participar, alguém aberto ao novo e ao diferente. Para as
crianças, a metodologia de projetos oferece o papel de protagonistas das
suas aprendizagens, de aprender em sala de aula, para além dos
conteúdos, os diversos procedimentos de pesquisa, organização e
expressão dos conhecimentos. Barbosa e Horn (2008, p. 87).

De acordo com as palavras das autoras, a educação infantil é um período em


que a criança vivencia grandes desafios e descobertas, que por sua vez, garante o
amadurecimento dos seus aspectos físicos, psíquicos e sociais, ampliando assim
22

cada vez mais sua visão de mundo. Além do mais a pedagogia de projetos faz com
que a criança tenha participação ativa em todas as etapas da construção do seu
conhecimento. Assim trabalhar com projetos na educação infantil é uma excelente
forma de atrair o interesse pelo conhecimento, pois é neste momento que o
educador oferece uma gama de estratégias, oportunizando o fazer mútuo, onde não
só ele e os alunos como toda a comunidade escolar participe constantemente e
ativamente de cada etapa do projeto.
Nesse sentido segundo Barbosa e Horn (2008, p. 89), “a comunidade
educativa precisa tornar-se uma comunidade de aprendizagem aberta, onde os
indivíduos aprendem uns com os outros e onde as investigações sobre o emergente
têm nessas trocas papel fundamental”. As autoras deixam claro que a postura de se
trabalhar coletivamente traz benefícios promissores para todos e que cada cidadão
tem algo novo, diferente e importante para compartilhar. Portanto, faz-se necessário
ressaltar que todo e qualquer projeto tem a necessidade de ser trabalhado em
conjunto, onde a troca constante de pensamentos tome conta desse processo,
criando caminhos, desafios e soluções.
Registra-se ainda que esta visão de compartilhar saberes é imprescindível
para a formação da criança pequena, pois é nesta fase que os valores são
adquiridos através daquilo que elas observam no seu dia a dia. E o educador sendo
companheiro nesta caminhada de descobertas é quem vai preparar está criança
para explorar o mundo a sua volta. Dessa forma na pedagogia de projetos o
educador não será a peça fundamental para desencadear o saber, pelo contrário,
ele se juntará as crianças na busca pelo conhecimento, onde cada um em seu papel
busque formas de alcançar o resultado daquilo que deseja. Principalmente porque
“para se trabalhar com projetos, é essencial que desapareça o educador infantil
proprietário único do saber e da cultura, que olhe seu aluno como ‘lousa não
preenchida ou mente vazia’ dos ensinamentos que transfere” (ANTUNES, 2012,
p.17). Nesta perspectiva podemos perceber de forma clara e objetiva que o
educador não pode e nem deve ser ou se sentir um ser pronto e acabado nas suas
atribuições profissionais junto às crianças, pois ele deverá sempre estar buscando
adquirir novos conhecimentos tendo a consciência de que quanto mais ele se sentir
incompleto buscara aprender cada vez mais.
Sendo assim quando falamos em projetos educacionais, falamos em
possibilidades de alcançar uma aprendizagem significativa das crianças e nesta
23

questão, devemos estar atentos a quais tipos de projetos trabalharemos para


alcançar este objetivo. Acredita-se que para estimular a curiosidade infantil, o melhor
caminho são os projetos temáticos, que por sua vez acabam por chamar atenção em
temas que já fazem parte do cotidiano das crianças e que elas já têm um
conhecimento prévio.
Vale salientar que esses projetos também contribuem para a ampliação das
competências infantis, no qual permite que a criança experimente um vasto
repertório de materiais. Podendo assim, estimular o processo de maturação em
todos os aspectos. Pois a criança que aprende por meio da pedagogia de projetos,
jamais ficará inerte nas suas inquietudes, pois a partir desta ferramenta, ela aprende
a ter autonomia, a argumentar, a socializar, a solucionar, a compreender, a se
posicionar durante suas pesquisas educativas e principalmente na sua vida lá fora.
Além do mais a aprendizagem infantil baseada nos projetos educativos
abrange inúmeras competências e habilidades construtivas e fortalecedoras do
desenvolvimento integral da criança pequena e entre muitos desses fatores, está
envolvido um indispensável componente: a leitura. Está maravilhosa fonte de
sabedoria pode ser apreciada durante as pesquisas do tema envolvido no projeto,
formando vínculos imprescindíveis com o pequeno público leitor. Isto é a leitura é
uma fonte de sabedoria inesgotável, dela nascem os pensamentos, a imaginação, a
fantasia, os sonhos e isso tudo faz parte do mundo infantil, um mundo cheio de
expectativas. Assim quando lemos uma história para uma criança estamos
ampliando suas dimensões cognitivas, afetivas, sociais e culturais.
Para além de tantos atributos, a pedagogia de projetos é uma estratégia que
amplia a visão de mundo daqueles que fazem uso dela “é uma possibilidade
interessante em termos de organização pedagógica porque, entre outros fatores,
contempla uma visão multifacetada dos conhecimentos e informações” (BARBOSA;
HORN, 2008 p.53).
Sendo assim, esta metodologia é uma entre muitas outras formas de atingir a
aprendizagem significativa, ela vem somar com o corpo docente e seus aprendizes,
ampliando caminhos e propondo desafios relevantes, contemplando formas
inovadoras de buscar e atingir o amadurecimento pessoal, profissional e intelectual.
24

6. O PAPEL DO EDUCADOR E O PLANEJAMENTO NA PRÁTICA


EDUCATIVA COM PROJETOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

O planejamento é um ato constante do ser humano no decorrer das suas


tarefas cotidianas, pois mesmo sem perceber ele planeja suas ações mentalmente e
automaticamente. Planejar é necessário quando se trata de querer que algo saia da
maneira correta, sem que haja surpresas no caminho. Segundo o Dicionário Luft
(2000, p.524) planejar significa “fazer o plano, a planta, o esboço de; projetar,
estabelecer o desígnio, o fito de; tencionar”.
De acordo com o conceito acima, podemos dizer que todos os dias
independentes da situação nós fazemos o uso desse instrumento, seja no trabalho,
em casa ou em qualquer outro lugar. Quando planejamos nossas ações fica claro
que caminho deveu traçar. Dessa forma o ato de planejar na prática com projetos
educacionais é fator importantíssimo, pois, não só as etapas do processo ganham
uma direção, como também as crianças aprendem a planejar suas próprias ações e
a partir delas compreender melhor o que estão aprendendo.
Em comentário a essa questão Nogueira aponta sobre o ato de planejar para
os alunos em qualquer idade:

Para os alunos o ato de planejar é também uma aprendizagem e uma forma


de possibilitar sua autonomia em traçar planos e projetos. É preciso fazer os
alunos entenderem e aprenderem que o ato de planejar não significa que
colocamos uma camisa de força no projeto, que tudo terá de ser
exatamente conforme foi pensado e sonhado inicialmente. Nesse processo
de aprendizagem em planejamento, eles precisam compreender sua
importância e necessidade, porém entendendo o conceito de flexibilidade e
maleabilidade. Utilizando essa estratégia, conseguimos que até os alunos
da educação infantil realizem seus planejamentos, pelo simples fato de
contarem o que querem e como querem fazer (2011, p.79).

De acordo com as palavras do autor, fica evidente a relevância desse


instrumento no processo de ensino/aprendizagem, ainda mais podendo utilizá-lo
desde a educação infantil, deixando que as crianças aprendam por si só, busquem
alternativas e se pronunciem sobre o que pode ser mudado ou acrescentado durante
o projeto. Além disso, é de suma importância destacar a postura do educador nesse
processo, pois é ele quem vai instigar as crianças nessa etapa do projeto,
dialogando, questionando, e argumentando fatos necessários para um trabalho bem
elaborado.
25

Devido a isso na educação infantil é necessário que o educador planeje as


possibilidades com cautela, estudando cada etapa com paciência, podendo
acrescentar ou retirar algo que não esteja de acordo com o propósito do projeto.
Para tanto, o planejamento é um instrumento que cabe tanto ao educador, como a
criança, ambos podem planejar o que querem e o que pretendem fazer no decorrer
do projeto, é uma forma de ambos entrarem em sintonia, contribuindo ativamente
para uma aprendizagem mútua. Assim em cada idade o educador tem diferentes
possibilidades para se trabalhar e é a partir de tantas características que a criança
amplia seus horizontes.
Nesse sentido para se trabalhar com a pedagogia de projetos na educação
infantil é necessário que o educador esteja preparado para tal desafio, pois esta
tarefa não é fácil, precisa de muita paciência, companheirismo, responsabilidade,
compreensão, estudo, conhecimento e acima de tudo comprometimento com
aqueles que estão em constante formação: as crianças.
Para além de muitos atributos profissionais (ANTUNES, 2012, p. 75) cita
algumas outras facetas que são imprescindíveis na pedagogia de projetos:

• O conhecimento de diferentes teorias pedagógicas e sua implicação no


desenvolvimento infantil. Que ao optar pela pedagogia de projetos ou uma
linha de estímulos cognitivos, sociais e afetivos possa contextualizar essa
linha de ação com as características pessoais dos alunos.
• Que conheça muito bem os saberes que os alunos trazem para a escola e
que faça sempre desses saberes a ponte de ligação com os que em sua
atividade possa desenvolver.
• Que jamais confunda a aprendizagem significativa que promove com saberes
mecânicos que levam a criança a conquistar informações, sem o devido
conhecimento.
• Que saiba avaliar significativamente seus alunos, explorando suas diferentes
linguagens e percebendo seu progresso em face da Zona de
Desenvolvimento Proximal.
• Que sua ação se mostre interrogativa, desafiadora e sempre pronta para
estudar e aprender cada vez mais. Que se destaque aos olhos dos seus
alunos menos como o que ‘tudo sabe e bem conhece’ e bem mais como o
26

pesquisador ávido por respostas coerentes e que esteja sempre disposto a


ajudar os alunos a encontrar as respostas que procuram.
• Que domine diferentes estratégias de ensino e possibilite a estrutura de
projetos, sempre consistentes e com objetivos claramente definidos. Existem
inúmeros modelos de projetos e faz-se necessário que os alunos possam
aprendê-los não somente pelo que em sua essência ensinam, mas como
estratégias de ação para seu uso pessoal, suas descobertas e pesquisas
mesmo se não solicitadas pela escola.
• Que se mostre aberto a construir relacionamento transparente com os pais e
com a comunidade, acolhendo-os com os subsídios necessários a processos
de interação significativos.

Extrai do pensamento do autor que o bom educador infantil deve saber que
trabalhar com crianças pequenas é trabalhar com múltiplas culturas, é se reconhecer
em cada uma delas, é viver ou reviver partes da sua infância, é estar infiltrado num
mundo cheio de dinamismo, que precisa ser entendido das mais diferentes formas.
Sobre essa questão, Filho compactua com o seguinte pensamento:

“Assim, entendemos que as crianças precisam ser compreendidas em suas


fantasias, em sua imaginação, em suas múltiplas linguagens, em seus
constantes movimentos, em suas várias expressões, em suas
manifestações espontâneas, em suas criações, suas produções e também
recriações e reproduções... e salientamos que tudo isto só é possível pela
inserção do professor nesse mundo inusitado e fantástico, pois assim ele
poderá entender o que as meninas e os meninos desejam para si, e ainda
perceber o que as crianças nos revelam do que conhecem do mundo, e
também ser parceiro de suas expectativas, alegrias, emoções, brincadeiras,
sentimentos, silêncio, choro, olhares, tudo o que é representado neste
período da vida, tão singular e plural ao mesmo tempo... a o qual estamos
chamando de infância”. (2005, p.25).

Como se nota a sociedade contemporânea exige um docente que seja


multifacetado, que saiba falar cem linguagens (assim como as crianças), que saiba
interagir, encarar e resolver desafios, que saiba se pronunciar, que saiba intervir e
principalmente, que saiba lidar com crianças. Este facilitador deve ter sede de
conhecimento, buscar o saber nas mais diferentes teorias e procurar contemplar a
sua prática por meio destas, saber que a missão de formar cidadãos não é fácil e
que por isso precisa estar sempre atualizado, com ideias novas e estratégias
27

interessantes, pois cada vez fica mais difícil acompanhar a criançada que vive no
mundo das tecnologias.

A respeito aduz Libâneo:

Os professores não podem mais ignorar a televisão, o vídeo, o cinema, o


computador, o telefone, o fax, que são veículos de informação, de
comunicação, de aprendizagem, de lazer, porque há tempos o professor e o
livro didático deixaram de ser as únicas fontes do conhecimento. Ou seja,
professores, alunos, pais, todos precisam aprender a ler sons, imagens,
movimentos e a lidar com eles (2009, p.40).

De acordo com o ponto de vista do autor, o professor tem que se juntar aos
meios de comunicação, pois eles se transformaram em recursos didáticos, gerando
uma forma inovadora de abordar os conteúdos escolares. E nas temáticas que serão
escolhidas para o desenvolvimento do projeto é indispensável esses artifícios na
busca de informações e conhecimento.
Logo a metodologia dos projetos também é uma forma de interagir com a
comunidade interna e externa da instituição infantil, podendo compartilhar ideias e
enriquecer o aspecto cognitivo. É uma abertura, para pais, professores, alunos,
diretores e outros indivíduos falarem a mesma língua, buscando formas de chegar a
um único objetivo. Os pais são companheiros importantíssimos nessa caminhada,
pois eles podem instigar os filhos nesse processo de descobertas.
Para que o educador infantil consiga transformar a vida das suas crianças, é
preciso que ele olhe cada um com muito cuidado, que acredite neste ser humano, na
sua capacidade de construir o mundo a sua volta, que veja está criança como
protagonista nas suas diversas tarefas e que é regado de conteúdos valiosos que
podem e devem ser reconhecidos por seus facilitadores.
É nesta visão de criança ativamente participante do seu processo de
aprendizagem que o educador tem que traçar os projetos educacionais, buscando a
partir destes, inculcar o máximo de valores e atitudes, buscando temáticas que
influenciem o contexto de vida dos alunos, fazendo com que eles demonstrem de
várias maneiras lá fora o que aprenderam na escola.
28

7. A FORMAÇÃO DO EDUCADOR NAS PRÁTICAS EDUCATIVAS


COM PROJETOS NA PRIMEIRA INFÂNCIA.

Na educação infantil o educador pode trabalhar com projetos desde o


berçário, levando em conta que a metodologia aplicada será bastante diferenciada e
que ele terá que estudar todas as possibilidades para promover a aprendizagem dos
bebês envolvidos. Visto que, trabalhar com este grupo exige um amplo
conhecimento em função das suas dimensões cognitivas, afetivas, sociais e
culturais. Ainda de acordo com Barbosa e Horn (2008, p. 72):
Com essas características, fica evidente que as crianças bem pequenas
necessitam de um modo muito específico de organização do trabalho pedagógico e
do ambiente físico. Nessa perspectiva, os projetos podem constituir-se em um
eficiente instrumento de trabalho para os educadores que atuam com essa faixa
etária. Os projetos com bebês têm seus temas derivados basicamente da
observação sistemática, da leitura que a educadora realiza do grupo e de cada
criança. Ela deve prestar muita atenção ao modo como as crianças agem e procurar
dar significado às suas manifestações. É a partir dessas observações que vai
encontrar os temas, os problemas, a questão referente aos projetos.
Como podemos verificar, o educador infantil tem que se submeter a um
estudo detalhado em torno das crianças antes de programar o que será aprendido e
assim proporcionar projetos voltados para o que elas precisam adquirir durante o
seu desenvolvimento integral. Portanto, para que o educador seja um facilitador
competente nas suas atribuições é de extrema importância focar-se na sua
atualização permanente, alicerçando sempre o seu fazer pedagógico nos quatro
pilares da educação, sendo estes: aprender a conhecer, aprender a ser, aprender a
conviver e aprender a fazer.
Soma-se a isto adquirir na carreira profissional múltiplas competências e
habilidades é essencial para se destacar no mercado de trabalho e um dos
caminhos para adquirir este atributo é ter a atitude de aprender a prender, pois “para
ser professor, mais do que ensinar é preciso gostar de aprender, o que implica
compreender que formação científica, cultural e política não para, mas continua”
(MACHADO, p. 129).
29

Por isso na formação continuada o educador tem que ter em mente que a
prática se faz juntamente com a pesquisa, é nela que ele tem que focar o seu
conhecimento, buscando sempre inovar seu modo de agir em sala de aula e o ato
de questionar o saber-fazer é fator primordial no seu condicionamento.
A respeito disso Freire contribui com as seguintes palavras:

Não há ensino sem pesquisa e nem pesquisa sem ensino. Esses


quefazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo
buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque
indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho,
intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não
conheço e comunicar ou anunciar a novidade (1996, p. 29).

Para tanto é importante salientar que a formação permanente se faz no elo


entre teoria e prática, uma complementando a outra, principalmente porque é difícil e
praticamente impossível desenvolver um trabalho eficiente e promissor com somente
um desses conhecimentos. Neste processo de revigorar a prática docente, o
formador tem que utilizar constantemente da ação reflexiva, reestruturar sua
metodologia, mostrar para que veio e que é um cidadão ativo e participante do seu
próprio crescimento. Como enfatiza Alarcão:

A noção de professor reflexivo baseia-se na consciência da capacidade de


pensamento e reflexão que caracteriza o ser humano como criativo e não
como mero reprodutor de ideias e práticas que lhes são exteriores. É
central, nesta conceptualização, a noção do profissional como uma pessoa
que, nas situações profissionais, tantas vezes incertas e imprevistas, atua
de forma inteligente e flexível, situada e reativa (2003, p.41).

A autora destaca bem o lado do professor criativo, envolvido com o seu


trabalho, que saiba lidar com as diferentes situações existentes na sala de aula e
que reage de acordo com o que está acontecendo ao seu redor. O desenvolvimento
profissional do facilitador infantil só é garantido por meio de uma aprendizagem que
norteia, ou melhor, que envolve o mundo da criança pequena, ele tem que pensar na
criança que irá formar e amadurecer seu pensamento no sentido de que seu
crescimento se dará em sintonia com este pequeno ser humano.
A realização de um projeto depende de várias etapas de trabalho que devem
ser socializadas e planejadas com as crianças para que possam entender e
acompanhar, com interesse, todo o processo até o produto final, o que servirá de
base para alavancar a prática do professor na sala de aula, como também servir de
30

apoio ao levá-lo a refletir sobre suas ações pedagógicas, justificando assim, o que
se deseja alcançar no final do processo.
De acordo com Machado (2008, p. 149):

Um mundo onde a profissionalidade é tão complexo exige, com certeza,


uma jornada de crescimento e de desenvolvimento ao longo do ciclo de
vida. Envolve crescer, ser, sentir, agir permanentemente; é um processo de
desenvolvimento e aprendizagem ao longo da vida. Envolve crescimento,
como o da criança, requer empenhamento, com a criança, sustenta-se na
integração do conhecimento e da paixão. Esta perspectiva de aprendizagem
ao longo da vida leva-nos a conceptualizar o desenvolvimento profissional
como uma caminhada que decorre ao longo de toda a vida; uma caminhada
que tem fases, que tem ciclos, que pode não ser linear, que se articula com
os diferentes contextos sistêmicos que a educadora vai vivenciando.

Nesse sentido o educador que desenvolve seu trabalho junto com o


desenvolvimento de suas as crianças, não articula somente saberes, mais também
sentimentos que fazem uma enorme diferença nesta caminhada. As crianças
aprendem muito mais quando o educador demonstra interesse por eles, pelo que
estão sentindo e passando e é a partir da empatia que ele conquistará o respeito e o
carinho eterno das mesmas.
Em vista disso a formação dos educadores precisa de um ‘choque térmico’
para que possa suprir as necessidades dos alunos e isso só será possível com
muita força de vontade por parte dos educadores, principalmente porque “não há
ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem renovação pedagógica sem uma
adequada formação de professores” (NÓVOA apud MACHADO, p. 195).
Sendo que está adequada formação docente também se faz nos espaços
tempos da instituição infantil, onde não só educador e criança trocam experiências,
mais todos os outros (as) profissionais que fazem parte da instituição infantil,
utilizando assim da reciprocidade aprendendo e ensinando ao mesmo tempo,
tornando-se praticantes ativos nesse processo continuo.
Conforme sustentam Azevedo e Alves conversas entre professores/as sobre
suas experiências cotidianas nas salas de aula, incluindo, sem grandes
formalidades, algumas declarações catárticas, ocorrem nos diferentes espaços
tempos da Escola. Essas conversas, que ocorrem entre uma e outra aula, na hora
do recreio, da entrada ou da saída, demonstram que o aprender e o ensinar são
partes de um mesmo processo, que não exclui o professorado; ao contrário, amplia
e ressignifica seus saberes construindo e orientando sua formação, tecida pelas e
31

nas redes de relações/interações vivenciadas no cotidiano. Naquele espaço tempo,


há pistas e situações concretas que nos ensinam e desvelam os caminhos da
formação (2004, p. 44).
Por conseguinte este papel de educador aprendente de novas contribuições
precisa basear-se em questões que norteiam sua ação docente, principalmente
nesta questão de lidar com crianças em permanente desenvolvimento. É neste
sentido, que os profissionais da educação têm que repensar a sua prática,
indagando seus saberes para que o seu trabalho seja desenvolvido com grande
propriedade e eficácia. Assim, seja qual for à metodologia de ensino aplicada aos
alunos, fica claro a necessidade de profissionais altamente capacitados para lidar
com qualquer modalidade de ensino e isso só será possível se eles potencializarem
seus ensinamentos.
32

8. PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO PRÁXIS DO TRABALHO


DOCENTE

A condição para que o fazer seja efetivo, é acreditar naquilo que se está
fazendo, entender aquilo como parte de um processo maior, ou seja, se não
compreendermos o sentido da ação dentro de uma perspectiva maior, podemos
fazer pouco ou deixar de fazer. A questão é buscar elementos para que possamos
nos convencer de que é necessário e possível fazer alguma coisa.
A Pedagogia de Projetos na educação infantil busca identificar o sentido do
planejamento e atribuir-lhe valor. O planejamento se coloca então, como uma
ferramenta para o professor, na transformação do seu trabalho e na sua relação com
os alunos.
Nessa perspectiva, o conhecimento da realidade do aluno é essencial para
subsidiar o processo de planejamento numa perspectiva dialética. O professor
enquanto mediador do processo de ensino e aprendizagem deve ter conhecimento
de cada criança e passar a contemplar os espaços da instituição como locais de
investigação, revelação e análise das produções das crianças. É a partir dessa
compreensão que o professor poderá colocar-se como mediador da aprendizagem,
constituindo-se assim em um agente promotor do ser e do fazer do sujeito em
desenvolvimento.
Considerando as limitações do professor no ambiente educacional e
priorizando a identidade do ser em desenvolvimento, deixamos vir à tona a
identificação da necessidade diagnóstica e da real justificativa para esse processo,
as dificuldades e possibilidades para construir e aprender neste contexto e,
principalmente, o levantamento das expectativas em questão, por meio do
oferecimento de recursos e informações às professoras dessa fase de ensino:

8.1. Princípios didáticos para elaborar e organizar um projeto de trabalho

Ao elaborar um trabalho com projetos, busca-se superar as práticas habituais,


monótonas, descontextualizadas do processo educacional por uma prática mais
dinâmica, prazerosa e contextualizada, proporcionando situações de aprendizagem
em que os alunos aprendam fazer errando, acertando, pesquisando, levantando
33

hipóteses, experimentando, investigando, refletindo, construindo, intervindo,


concluindo com conteúdos diversificados, contextualizados, gerando situações de
aprendizagem reais e significativas, trabalhando os conteúdos de forma
interdisciplinar e contextualizada.
Portanto, os projetos não só são trabalhados à escolha de um tema, é preciso
refletir uma visão de educação escolar, na qual a experiência vivida e a cultura
sistematizada se interajam, em que os alunos possam estabelecer relações entre os
conhecimentos construídos e sua vida cotidiana. Neste enfoque, poderemos abordar
como perspectiva dos projetos de trabalho: o enfoque globalizador, centrado na
resolução de problemas significativos: o professor intervém no processo de
aprendizagem ao criar situações problematizadoras, introduzindo novas
informações, dando condições para que seus alunos avancem no processo de
pesquisa; o aluno é visto como sujeito ativo; o conteúdo estudado é visto dentro de
um contexto, de uma realidade; propõe atividades abertas, permitindo que os alunos
estabeleçam suas próprias estratégias.
Na perspectiva de Lúcia (1996), ao se pensar no desenvolvimento de um
Projeto, três momentos devem ser considerados: problematização, desenvolvimento
e síntese.

• Problematização – momento detonador do Projeto, quando o professor


detecta o que os alunos sabem ou não sobre o tema em estudo. É, portanto,
o ponto de partida para a sua organização.
• Desenvolvimento – implementação de ações traçadas para buscar respostas
às questões e hipóteses levantadas na problematização. Criação de
situações nas quais os alunos possam comparar pontos de vista, rever
hipóteses, colocar novas questões, deparar com outros elementos postos
pela Ciência, estratégias fundamentais para se alcançar êxito. Assim, é
necessário que se criem propostas de trabalho que exijam atividades
extraescolar que envolvam uso de bibliotecas municipais e/ou estaduais,
participação de pessoas da comunidade para proferirem palestras, realização
de seminários, debates, etc. Nesse processo, os alunos, ao confrontarem
seus conceitos, suas experiências com o novo conhecimento, reformulam as
hipóteses iniciais, num processo de desequilíbrio e acomodação, no qual as
34

convicções primárias vão sendo superadas e outras mais complexas vão


sendo construídas.
• Síntese – momento no qual a experiência vivida e a produção cultural
sistematizada se entrelaçam, dando significado às aprendizagens
construídas, que serão utilizadas em outras situações.

Assim, o trabalho com Projetos consiste numa mudança de postura, o que


exige um repensar da prática pedagógica e das teorias que lhe dão sustentação.
Constitui alternativa para transformar o espaço escolar num local aberto à
construção de aprendizagens significativas para todos que dele participam.
35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto fica evidente que a pedagogia de projetos na educação


infantil realmente trás grandes benefícios para o desenvolvimento das competências
e habilidades da criança pequena. A partir dela, as crianças se transformam em
protagonistas do seu próprio conhecimento, desabrochando a cada nova etapa do
percurso percorrido. Oportuno destacar também neste contexto, que o educador tem
que se encontrar durante o projeto, tem que questionar a sua própria prática junto às
crianças e entender que elas contribuem ativamente neste trabalho, que também
podem e devem ser questionadas sobre seus pensamentos e ainda que sabem
construir conhecimento a partir daquilo que vivenciam.
Portanto quando o educador escolhe esta estratégia de ensino, ele escolhe
revigorar seus ensinamentos, escolhe mergulhar em um “rio” cheio de novos
contextos, novos valores e novos desafios. É um momento de grande impacto para
o docente, pois ele terá que reviver fatos da sua infância e se encontrar na infância
de hoje, estruturando a sua prática na infância da contemporaneidade.
Todavia a formação continuada deste facilitador tem que estar totalmente
situada ao seu ambiente de trabalho, para que a partir dos seus novos saberes ele
possa favorecer seus alunos com o máximo de habilidades possíveis, contribuindo
ativamente e significativamente para a formação de cidadãos críticos perante a
sociedade.
A possibilidade de se fazer do trabalho com projetos um caminho de
construção de conhecimento e de desenvolvimento de crianças, rompe com a
tendência condicionada de transmissão de conteúdos a que nós, enquanto alunos
passivos e “obedientes” fomos submetidos.
Hoje se percebe a necessidade de o professor, enquanto mediador do
processo de construção do conhecimento, estar inteiro na relação pedagógica, pois
o que está em questão é a formação da consciência, do caráter e da cidadania das
novas gerações na perspectiva da emancipação humana. Isso faz sentido, quando
entendemos que a educação não é neutra e, por assim ser, não pode haver
omissão, no sentido de ser a favor do que está aí, pois educação, além de
desenvolver raciocínios e conteúdos, tem a ver com a postura diante do mundo.
36

A pedagogia de projetos, então, vem ocupar essa lacuna de omissão e dar


sentido e condições para um fazer educacional que privilegie a criança, enquanto
ser ativo e em desenvolvimento, questionar a postura do professor enquanto
mediador desse processo, como também, questionar a escola enquanto espaço de
encontro de possibilidades de reflexão conjunta e de relações em busca de um
encontro único de Projetos.
37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez,


2003. ANTUNES, C. Projetos e práticas pedagógicas na educação infantil.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

AQUINO, Ligia M.M.L. O lugar do erro na Educação Infantil: a reconstrução do


conhecimento das professoras. Tese de Doutorado. Niterói. UFF, 2002.

ARAUJO, Ulisses F. Temas Transversais e a Estratégia de Projetos. São Paulo:


Moderna, 2003.

AZEVEDO, J. G.; ALVES, N. G. (orgs.). Formação de professores: possibilidades do


imprevisível. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. Projetos pedagógicos na educação infantil.


Porto Alegre: Artmed, 2008.

BASSEDAS, Eulália. Intervenção Educativa e Diagnóstico Psicopedagógico. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1996.

BONDIOLI, A; MANTOVANI, S. Manual de Educação Infantil de 0 a 3 anos – Uma


Abordagem Reflexiva. Porto Alegre: Artmed, 1998.

__________. O Projeto Pedagógico da Creche e a sua Avaliação – a qualidade


negociada. Campinas: Autores Associados, 2004.

FILHO, A. J. M. (org.). Criança pede respeito: temas em educação infantil. Porto


Alegre: Mediação, 2005.

FIOCRUZ, Creche. Projeto Político-Pedagógico: Contando histórias, tecendo redes,


construindo saberes... Rio de Janeiro: Fiocruz. 2004

FREIRE, P. Educação como Prática de Liberdade. Rio de Janeiro; Paz e Terra,


1991.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Paz e terra, 1996.

HERNÁNDEZ, F; VENTURA,M. A Organização do Currículo por Projetos de


Trabalho: O Conhecimento é um Caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998.

LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, Adeus professora? : novas exigências


educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 2009.

LUFT. C. P. Minidicionário. São Paulo: Ática, 2000.


38

MACHADO, M. L. A. (org.). Encontros e desencontros em educação infantil. São


Paulo: Cortez, 2008.
MASINI, Elcie F. S. Psicopedagogia na Escola: buscando condições para a
aprendizagem significativa. São Paulo: Unimarco, 1993.
NOGUEIRA, N. R. Pedagogia dos projetos: etapas, papéis e atores. São Paulo:
Érica, 2011.

___________. Pedagogia dos projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao


desenvolvimento das múltiplas inteligências. São Paulo: Érica, 2009.

NOGUEIRA, N. Ribeiro. Pedagogia dos Projetos – Uma Jornada Interdisciplinar


rumo ao Desenvolvimento das Múltiplas Inteligências. S. Paulo: Érica, 2001.
RODRIGUES, M.B.C.; AMODEO, M.C.B. (Orgs). O espaço pedagógico na pré-
escola. Porto Alegre: Mediação, 1997.

NOVA ESCOLA, Revista. Especial Projetos Didáticos. Edições de Out-Nov-


Dez/2001. S. Paulo: Ed. Abril, 2001.

_____________ Especial Educação Infantil. Edições de Out-Nov- Dez/2002. S.


Paulo: Ed. Abril, 2002.

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – Volumes 1, 2 e 3. Brasília:


MEC/SEF, 1998.

TACCA, Maria Carmem V. R. Aprendizagem e Trabalho Pedagógico. Campinas:


Alínea, 2006.

TOSI, Maria Raineldes. Planejamento, Programas e Projetos. Campinas: Alínea,


2003.

VASCONCELLOS, C.S. Planejamento: Projeto Ensino-Aprendizagem e Projeto


Político-Pedagógico. S. Paulo: Libertad, 2006.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. S.Paulo:M. Fontes, 1987.

VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A.R.; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e


aprendizagem. São Paulo: Edusp, 1998.

Você também pode gostar