População
População
População
2010/02
Trabalho apresentado à
Universidade Federal de Santa
Catarina para Conclusão do Curso
de Graduação em Engenharia
Sanitária e Ambiental.
Orientador
Prof. Dr. Henrique de Melo Lisboa
Co-orientador
Eng.º Dr. Eduardo de Oliveira Nosse
FLORIANÓPOLIS, (SC)
FEVEREIRO/2011
ii
Souza, Natan Felipe
iii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL
BANCA EXAMINADORA:
____________________________________
Prof. Dr. Henrique de Melo Lisboa
(Orientador)
____________________________________
Eng.° Dr. Eduardo de Oliveira Nosse
(Co-orientador)
____________________________________
Prof. Guilherme Farias Cunha
(Membro da Banca)
____________________________________
Eng.° Leonardo Hoinaski
(Membro da Banca)
FLORIANÓPOLIS, (SC)
FEVEREIRO, 2011
iv
AGRADECIMENTOS
v
RESUMO
vi
ABSTRACT
vii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..........................................................................1
2.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................... 3
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................ 3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................4
3.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA.......................................................... 4
3.2 DIÓXIDO DE ENXOFRE (SO2) ...................................................... 5
3.3 MATERIAL PARTICULADO ......................................................... 5
3.3.1 Influência de fatores climáticos e mecanismos de remoção na
concentração do material particulado ...................................................... 8
3.3.2 Danos causados pelo material particulado...................................... 9
3.3.3 Coleta do material particulado...................................................... 12
3.4 PADRÕES DE QUALIDADE DO AR........................................... 13
3.5 CERÂMICA VERMELHA (OLARIAS) ........................................ 18
4. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................20
4.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .......................................... 20
4.2 CORRELAÇÃO DA QUALIDADE DO AR EM MORRO DA
FUMAÇA COM INDICADORES DE SAÚDE ................................... 25
4.2.1 Dados históricos de monitoramento da qualidade do ar ............... 25
4.2.2 Monitoramento da qualidade do ar com Amostradores de Grande
Volume para material particulado até 10µm ......................................... 26
4.2.3 Dados referentes à saúde da população ........................................ 35
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................37
5.1 DADOS HISTÓRICOS DE MONITORAMENTO ....................... 37
5.1.1 Material Particulado Total (PTS) ................................................. 37
5.1.2 Material Particulado Inalável (MP10) ........................................... 39
5.1.3 Dióxido de Enxofre (SO2) ............................................................ 40
5.2 DADOS DO MONITORAMENTO DE PM10 ............................... 42
5.3 INFORMAÇÕES DA SAÚDE ...................................................... 46
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.........................................56
7. BIBLIOGRAFIA...............................................................................58
8. ANEXOS...........................................................................................64
viii
1. INTRODUÇÃO
1
em jornais paulistanos da década de 60 e especialmente 70, de episódios
agudos de poluição do ar que levaram a população ao pânico devido aos
fortes odores decorrentes do excesso de poluentes lançados pelas
indústrias na atmosfera, causando mal-estar e lotando os serviços
médicos de emergência.
No Estado de Santa Catarina, a região sul é considerada um dos
locais que apresentam os níveis mais críticos de poluição do país. A
poluição existente nesta região está atribuída principalmente às
atividades de extração, transporte e queima do carvão mineral (FATMA,
1990). Porém, o município de Morro da Fumaça, no sul catarinense,
apresenta problemas ambientais não só relacionados ao carvão, mas
também a outra atividade com enorme potencial poluidor: a produção da
cerâmica vermelha.
Morro da Fumaça conta com uma população de 16.128
habitantes (IBGE, 2009) cobrindo uma área de 82,935 km² onde estão
instaladas aproximadamente 61 unidades produtoras de cerâmica
vermelha. As olarias, como também são chamadas, se encontram tanto
no centro da cidade quanto nas regiões mais periféricas.
De acordo com Teixeira (2007, apud Córdova, 2007) as olarias
instaladas no município, em geral são pequenas e médias empresas, que
geram cerca de 2.100 empregos diretos e 3.300 indiretos, com
faturamento bruto mensal estimado em R$ 1,5 milhões. Essa atividade
potencialmente poluidora funcionou por muitos anos sem que fossem
controladas suas emissões atmosféricas. Todavia, essa situação começou
a mudar a partir de 2004, com a assinatura de um Termo de Ajuste de
Conduta (TAC). Tal documento foi acordado entre o Ministério Público,
a Fundação do Meio Ambiente de SC (FATMA) e o Sindicato da
Cerâmica Vermelha da Região Sul, com o objetivo de regularizar e
estabelecer medidas que visam diminuir os impactos ambientais gerados
por essa atividade.
Sabe-se que a exposição humana à má qualidade do ar pode
trazer conseqüências graves à saúde e que o processo oleiro gera uma
quantidade de poluição considerável, tanto no interior da olaria quanto
para o meio ambiente, devido às suas emissões. Assim, o tema mostra-
se adequado para ser discutido. Neste trabalho, a relação da poluição
atmosférica com a saúde da população, no município de Morro da
Fumaça foram traçadas.
2
2. OBJETIVOS
3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4
Com relação aos processos industriais, os principais poluentes
emitidos são SO2 e material particulado (MONTEIRO, 1997). Para
QUADROS (2008) material particulado em suspensão no ar encontrado
nas fases sólida e líquida, tem grande influência na qualidade do ar em
ambientes internos, bem como externos e é considerado um dos
protagonistas da poluição do ar.
5
Segundo Baird (2002) existem muitos nomes comuns para as
partículas atmosféricas, onde: poeiras e fuligens referem-se a sólidos,
enquanto névoa e neblina referem-se a líquidos. Já um aerossol é um
conjunto de partículas sólidas e/ou gotículas líquidas dispersas no ar. A
principal fonte de contaminação antropogênica por partículas é a
produção de aerossóis secundários a partir de contaminantes gasosos
primários. Com a presença de ácidos (H2SO4 ou NH4HSO4) torna-se
mais propícia a formação de partículas secundárias na atmosfera devido
à reatividade oferecida por estas moléculas (USEPA, 2004; STERN,
1968).
O potencial de gerar danos à saúde humana está ligado ao
tamanho das partículas, assim, elas são classificadas de acordo com seu
diâmetro em:
- Partículas Totais em Suspensão (PTS): São as partículas cujo
diâmetro é menor que 50 µm, sendo que parte destas partículas é
inalável e pode causar problemas à saúde;
- Partículas Inaláveis (MP10): Partículas com diâmetro
aerodinâmico menor que 10 µm. Podem ainda ser classificadas como
partículas inaláveis finas (MP2,5) (menores que 2,5µm) e partículas
inaláveis grossas (de 2,5 a 10µm);
- Fumaça: Está associada ao material particulado suspenso na
atmosfera. Ela é proveniente dos processos de combustão e está
diretamente relacionada ao teor de fuligem na atmosfera (CETESB,
2008).
Baird (2002) ressalta que as partículas grandes apresentam
menos riscos à saúde humana do que as pequenas. Isso acontece, pois:
- As partículas maiores são mais pesadas e sedimentam
rapidamente, sendo reduzida a exposição humana por inalação;
- Quando inaladas, devido ao seu tamanho, acabam ficando
retidas no nariz e garganta;
- A área superficial por unidade de massa das partículas grandes
é menor do que nas pequenas para uma mesma massa. Com isso, a
capacidade dessas partículas maiores de levarem moléculas de gases
adsorvidas até órgãos respiratórios e catalisar reações químicas e
bioquímicas é menor;
- Dispositivos de tratamento de efluentes atmosféricos, como
filtros, removem até 95% da massa total das partículas grandes.
Além de apresentar riscos à saúde humana, a contaminação do
ar por MP necessita de atenção pelo fato de que algumas partículas se
comportam sinergicamente e aumentam a toxidade de outros
6
contaminantes. O MP também pode aumentar a turdidez atmosférica e
reduzir a visibilidade e ainda, na atmosfera, podem se formar partículas
a partir de outros contaminantes gasosos (STOKER, 1981).
A composição depende do local e processo no qual o material
particulado foi formado. O diâmetro das partículas também é
determinado pelo mecanismo de geração do MP (USEPA, 2004). Na
Tabela 1 estão listadas algumas características das partículas inaláveis.
Crescimentos
Combustão,
dentro do
Nucleação Transformação de SO2
Ultrafin- modo
Condensaçã e alguns compostos
as acumulação.
o orgânicos, processos
(<0,1µm) Difusão em
Coagulação com temperaturas
elevadas direção a gotas
Combustão, de chuva
processos sob
Partículas temperaturas Condensa-
finas elevadas e ção,
reações Combustão de carvão,
coagulação,
atmosféricas. óleo, gasolina, diesel e Formação de
evaporação
Finas madeira, produtos de gotas de chuva
de gotas de
(0,1 - 2,5 transformação em nuvens e
névoa
µm) atmosférica do NOx, precipitação
contendo
SO2. Processos sob Deposição seca
gases
temperaturas elevadas.
dissolvidos
e reagidos
Re-suspensão de
poeira do solo, de Deposição
Atrito
atividades industriais, seca. Remoção
mecânico,
mineração e por
evaporação
Partículas (2,5 –10 Quebra de agrícolas Construção precipitação de
de
grossas µm) sólidos e demolição. gostas de
“sprays”,
Combustão de óleo e chuva.
suspensão
carvão. Aerossol
de poeira.
marinho.Fontes
biológicas
7
3.3.1 Influência de fatores climáticos e mecanismos de remoção na
concentração do material particulado
9
Riscos à saúde humana:
A principal evidência que relaciona a deterioração da saúde
humana à presença de materiais particulados no ar provém de estudos
estatísticos que correlacionam as taxas de mortalidades de populações
de diferentes cidades com seus níveis de poluição por particulados
atmosféricos. Nesses estudos, as taxas de mortalidade - tanto totais
quanto taxas relacionadas às morbidades, como câncer do pulmão - são
representadas graficamente contra a concentração média de particulados,
com o objetivo de determinar se estão inter-correlacionadas (BAIRD,
2002).
Os contaminantes em partículas penetram no corpo, quase que
exclusivamente, através, do sistema respiratório. O sistema respiratório
pode ser dividido em superior (cavidade nasal, faringe e traquéia) e
inferior (brônquios e pulmões). Os efeitos imediatos mais importantes
acabam agredindo mais esse sistema, sendo que a intensidade dos danos
está relacionada com o grau de penetração das partículas e a toxidade
das mesmas (STOKER, 1981). Ainda, através dos alvéolos pulmonares,
as partículas podem ser absorvidas, atingindo a circulação sistêmica.
Dentre os principais efeitos à saúde pode-se destacar: irritação ocular,
redução da capacidade pulmonar, dores de cabeça, danos ao sistema
nervoso central, alterações genéticas, aumento da suscetibilidade a
infecções virais e doenças crônicas do aparelho respiratório, como por
exemplo, asma, bronquite, enfisema, pneumoconiose e inclusive câncer
de pulmão (BURNETT et al, 2002, apud HOINASKI, 2010).
Geralmente, os efeitos e sintomas provocados pelas partículas
suspensas no ar em curto prazo são: reações inflamatórias no pulmão,
insuficiência respiratória, efeitos adversos no sistema cardiovascular,
aumento do uso de medicamentos, aumento de internações hospitalares,
mortalidade. Já sob longo período de exposição os sintomas e efeitos
são: diminuição da capacidade de respiração, redução da função
pulmonar das crianças, obstrução pulmonar crônica, redução da
expectativa de vida, mortalidades por doenças cardiovasculares e
respiratórias e contração de câncer nos pulmões (WHO, 2005).
Segundo Hoinaski (2010) além dos problemas respiratórios,
esperados em função da exposição em uma contaminação ambiental, o
MP em suspensão no ar pode levar a outros agravos devido à sua
associação com metais pesados. Os agentes tóxicos metálicos possuem
características cumulativas por possuírem longos períodos de vida. Na
Tabela 2 estão resumidos alguns desses efeitos.
10
Hartman (2005, citado por Martins, 2008) relata que mesmo
com concentrações abaixo do padrão de qualidade do ar, o efeito da
poluição na saúde do homem é mostrado estatisticamente, a partir da
verificação da correlação entre variação de concentrações de poluentes e
admissão em prontos socorros, e aumento de óbitos. Martins (2008)
ainda ressalta que estudos com animais portadores de doenças
respiratórias, como bronquite, hipertensão pulmonar ou um estado
inflamatório aumentado, chegaram a constatar mortes substanciais após
exposição a partículas reais, em concentrações comparáveis às
encontradas em cidades norte americanas.
Segundo Arruda (2008), citando dados do Ministério da Saúde,
os problemas respiratórios representam a segunda maior causa de
morbidades na distribuição das doenças no Brasil. Ressalta ainda que os
estudos que associam poluentes atmosféricos com desfechos de
morbidade e mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares
são relativamente recentes, começando na década de 90.
11
Tabela 2. Principais sintomas relacionados a intoxicações por As, Cd,
Pb, Cr, Mn, Hg e Ni. (Fonte: HOINASKI, 2010)
15
Tabela 6. Qualidade do ar e prevenção dos riscos a saúde. (Fonte: CETESB, 2008.)
16
Visando garantir valores seguros para a saúde humana nas mais
distintas situações, a World Health Organization (WHO), indica valores
de concentrações mais restritivos que os adotados em grande parte do
Brasil. WHO (2005) enfatiza que as normas nacionais variam em função
do enfoque adotado, mas que devem buscar equilibrar os riscos a saúde,
a viabilidade tecnológica, os aspectos econômicos e ainda outros fatores
sociais e econômicos. Estes, por sua vez, dependem, dentre outras
coisas, do nível de desenvolvimento e da capacidade nacional em
relação à gestão da qualidade do ar. Os valores recomendados pela
WHO levam em conta essa heterogeneidade e se reconhece, em
particular, que quando os governos fixam objetivos para suas políticas
devem estudar com cuidado as condições locais próprias antes de
adotarem os valores guias com validade jurídica (WHO, 2005). Isso
quer dizer que a nação deve adotar padrões que sejam condizentes com
seu desenvolvimento econômico, social e ambiental. De uma maneira
geral, quanto mais desenvolvido o país ou região, maiores são as
preocupações com a saúde da população, como também maiores serão
os investimentos em outras áreas, como a tecnológica, por exemplo, o
que justificaria uma cobrança maior com relação os padrões de
qualidade do ar. Nessa tendência, São Paulo, Brasil, sendo uma das mais
importantes e desenvolvidas cidades do país foi a primeira unidade
federativa a adotar os padrões de qualidade do ar recomendados pela
WHO. As novas exigências começaram a valer no início de 2011 e
prometem, por serem mais restritivas, diminuir ainda mais a poluição
atmosférica na região (CETESB, 2010). Alguns dos valores de
concentração recomendados pela WHO são:
- MP10: média anual de 20 µg.m-3 e média de 24h de 50 µg.m-3
- SO2: média de 24h de 20 µg.m-3 e média de 10 minutos de 500 µg.m-3;
- NO2: média anual de 40 µg.m-3 e média de 1h de 200 µg.m-3.
Os valores recomendados pela WHO são níveis de
contaminação do ar nos quais a exposição durante toda a vida, ou por
um tempo médio determinado, não constitui um risco significativo para
a saúde. Se estes limites forem ultrapassados em um curto prazo não
significa que se produzirão efeitos adversos imediatamente e sim que
aumentarão as possibilidades de que tais efeitos se manifestem (WHO,
2005).
17
3.5 CERÂMICA VERMELHA (OLARIAS)
18
E) A qualidade dos recursos naturais;
19
4. MATERIAIS E MÉTODOS
20
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2010) as principais características do município são:
Área: 82,935 km²; População: 16.126 hab.; Densidade: 194, 5
hab./km²; Altitude média: 18m; Clima: Subtropical (Cfb) ;
Bioma: Mata Atlântica.
rro da Fumaça, representada na Figura
A pirâmide etária de Morro
4, se assemelha, em seu formato, com a pirâmide etária de Santa
Catarina. Possui um índice de natalidade em declínio, mas ainda uma
alta taxa de mortalidade. O índice de dependência juvenil, o qual se
refere ao grupoo até 15 anos que não trabalha, ainda é elevado, porém o
grupo de dependência de idosos é baixo. Há a predominância de
indivíduos do sexo masculino na maioria das faixas etárias
representando 50,44% da população total (IBGE, 2010).
O Clima na região do município
nicípio é o SubTropical - Mesotérmico
úmido, com verões quentes e temperatura média entre 10ºC à 35ºC. A
caracterização climática é dificultada pela baixa densidade de estações
meteorológicas na região, sendo as condições do vento determinadas
pelo anemômetro tro da estação meteorológica da EPAGRI da cidade de
Urussanga. Os ventos predominantes são de direção Sudeste (acima de
25%), seguido por ventos de direção Nordeste. A menor freqüência
registrada é de ventos de direção oeste (menos de 2%) seguido por
ventos de direção noroeste. Na Figura 5 encontram-se se representadas a
freqüência relativa da direção do vento em cada trimestre do ano. Os
dados se referem ao período de 1977 a 1997 para a estação
meteorológica de Urussanga (BACK, 1999, apud CORDOVA, 200 2007).
21
Figura 5: Freqüência relativa da direção dos ventos por trimestre, segundo
dados registrados em Urussanga, no período de 1977 a 1997, onde C refere-se
ao período sem vento (Fonte: BACK, 1999, apud CORDOVA, 2007).
22
Cunha (2002) ressalta como fatos que propiciaram a
crescimento das olarias no município: a expansão da rede elétrica, que
ajudou a instalações em lugares distantes do perímetro urbano; a
dragagem do rio Urussanga, com exposição de grande extensão de
várzea, possibilitando a extração de argila nas áreas expostas; a vinda
de maquinários de outras fábricas do país, o que permitiu a
automatização do setor; conclusão da BR 101, facilitando o escoamento
da produção e permitindo o acesso a outro mercados; a criação do
Banco Nacional de Habitação- BNH, impulsionando a construção civil.
Sabe-se que as olarias são empreendimentos com potencial
poluidor relativamente alto, sendo que em Morro da Fumaça tal
atividade ficou anos despejando poluentes da queima de lenha, carvão
mineral e ainda outros resíduos usados como combustível sem nenhum
mecanismo de controle ambiental.
Em 2004 com a assinatura de um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) firmado entre o Ministério Público (MP), a Fundação de
Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA) e o Sindicado da Cerâmica
Vermelha de Morro da Fumaça (SINDCER) foram tomadas as primeiras
medidas para prevenção e repressão à poluição atmosférica na cidade.
Dentre outras medidas, ficou proibida a queima do carvão mineral e de
qualquer outro material combustível que não seja lenha de origem legal,
gás natural ou aparas de serrarias regularmente autorizadas pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA. Com essa assinatura, as olarias que não comprovaram que suas
emissões estavam dentro dos padrões exigidos pela Resolução
CONAMA 382/06 se comprometeram a aplicar métodos de controle da
poluição do ar que apresentasse eficiência de, no mínimo, 80%.
Praticamente todas as olarias que precisaram diminuir suas emissões
gasosas optaram por lavadores de gases do tipo ciclônico por spray. O
primeiro prazo para tais adequações foi estipulado para o ano de 2007,
entretanto, devido ao grande número de cerâmicas e a dificuldade dos
fabricantes de fornecer os lavadores de gases, tal prazo foi estendido até
2008. Atualmente, as empresas que não comprovaram que suas
emissões respeitam a CONAMA 382/2006 devem operar com os
lavadores de gases ou outro método de redução da poluição do ar
(SANTA CATARINA, 2004; CORDOVA, 2007).
Segundo o Ministério Público Estadual (SANTA CATARINA,
2004) a exigência para a instalação de métodos de controle das emissões
atmosféricas ocorreu em função das inversões térmicas que ocorrem
principalmente em épocas de inverno na região de maior influência, as
23
quais podem dificultar a dispersão dos poluentes e trazer conseqüências
danosas à saúde da população local. O grande número de cerâmicas
vermelhas e o somatório de seus efluentes atmosféricos também
justificam o emprego de tais mecanismos.
È importante frisar que, mesmo que os Padrões de Emissão
(Resolução CONAMA 382/06) estejam dentro do permitido por lei, os
Padrões de Qualidade do Ar podem estar em desacordo com a resolução
CONAMA 03/90. Quando se mede a concentração de um poluente no ar
está medindo-se o grau de exposição dos receptores (pessoas, animais,
plantas e materiais) àquele contaminante. Assim, a iteração dos
poluentes com a atmosfera, a qual age diluindo ou reagindo
quimicamente com tais poluentes, vai definir o nível de qualidade do ar,
o qual, por sua vez, determina o surgimento de efeitos adversos da
poluição sobre os receptores. Além do tipo de poluente e das
características climáticas da região, a topografia e a localização das
fontes poluidoras são relevantes quando se trata da dispersão dos
efluentes gasosos (DE MELO LISBOA, 2008). Sendo assim, além do
grande número de indústrias, outro agravante para a má qualidade do ar
em Morro da Fumaça é o relevo. A poluição trazida de outras cidades
pelos ventos, como a que é produzida no município tem a sua dispersão
prejudicada, às vezes, pelo relevo local. A cidade fica localizada em
uma planície entre morros, em uma região de menor altitude em relação
às áreas vizinhas onde a Figura 6 ilustra a topografia local.
24
4.2 CORRELAÇÃO DA QUALIDADE DO AR EM MORRO DA
FUMAÇA COM INDICADORES DE SAÚDE
25
(SINDCER). Os respectivos pontos, IPAT 1 e IPAT 2, estão ilustrados
na Figura 7.
27
Figura 8: Localização do Ponto 1 no perímetro urbano (Fonte: GOOGLE
EARTH, 2011)
28
Figura 11: Visão leste do Ponto 1.
29
segurança e energia elétrica. O ponto fica no centro da cidade e recebe
influência das principais fontes de particulado. Uma das estradas que
passa perto é pavimentada, outra não. Porém, essa é a realidade do
município, onde fogões a lenha, queimadas nas pastagens e estradas sem
pavimentação são importantes fontes de particulado. O fluxo de veículos
pode ser classificado como intermediário.
Instalação: Foi necessária a construção de um suporte para que
o AGV/MP10 ficasse estável e seguro no local. O suporte, ilustrado na
Figura 13, foi preso às vigas sobre as telhas, sendo construído de ferro e
madeira. O amostrador foi fixado com parafusos e braçadeiras no
suporte. A instalação do aparelho foi auxiliada pela Cooperativa de
Eletrificação Rural de Morro da Fumaça (CERMOFUL) que contribuiu
içando o aparelho até o suporte. As figuras 14, 15, 16 mostram,
respectivamente, o aparelho sendo içado, a sua fixação no suporte e uma
visão norte do AGV 2, indicando proximidade a fontes de particulado.
30
Figura 15. AGV 2 locado.
31
Figura 17. Localização ponto 3 (Fonte: GOOGLE EARTH, 2011)
32
Figura 18. Detalhe suporte AGV 3 Figura 19. AGV 3 instalado.
- Calibração:
33
- Dados Meteorológicos
34
retenção do MP10. Ao fim das amostragens, os filtros eram
encaminhados novamente ao dessecador por mais 24h antes da
determinação da massa dos mesmos na balança analítica. A
concentração de MP10, expressa em µg.m-3, foi determinada
relacionando-se a massa coletada no filtro e o volume de ar amostrado.
Um dos fatores que dificultaram as amostragens foi, para alguns
períodos, a ausência dos moradores nas residências, inviabilizando o
acesso aos aparelhos. Outro fato foram as excessivas chuvas durante o
mês de Janeiro de 2011, o que acabou provocando enchentes e também
uma queda de barreira no caminho para o AGV 3. Alguns problemas
operacionais também ocorreram, tal como a necessidade da troca das
escovas do motor no AGV 2 e, posteriormente, a sua recalibração.
35
Nomenclatura Internacional de Doenças, estabelecida pela Organização
Mundial de Saúde (DATASUS, 2011).
Procurou-se relacionar os parâmetros pesquisados com o de três
cidades próximas ao município e também, quando possível, com o
Estado de Santa Catarina. As cidades escolhidas e que também
pertencem a Associação dos Municípios da Região Carbonífera
(AMREC) foram: Cocal do Sul, Criciúma e Urussanga.
Cocal do Sul foi escolhida pelo fato de ter características
parecidas com o município estudado. Outro fato relevante é que Cocal
do Sul possui empresas potencialmente poluidoras em seu perímetro
urbano e é limítrofe com Morro da Fumaça.
Urussanga foi escolhida pelo fato de Morro da Fumaça já ter
pertencido a este município. Possui também empresas grandes e
importantes, como cerâmicas e coquerias, tendo, assim, na sua área, um
grande potencial de degradação da qualidade do ar.
Criciúma foi escolhida por ser a maior e mais importante cidade
na região, onde irresponsabilidades ambientais, uma grande
concentração de indústrias e a extração e beneficiamento do carvão na
cidade foram e são importantes fontes de poluição.
Os parâmetros escolhidos para caracterizar a influência de uma
má qualidade do ar sobre a saúde da população foram:
- Total de internações por doenças respiratórias, de acordo com
CID-10, para os anos de 1998 a 2010, sendo representado tal
dado numa taxa por 10.000 habitantes. Os dados no DATASUS
começam no ano de 1998, justificando sua escolha como inicio
da série temporal;
- Taxa de Internação por insuficiência respiratória Aguda (IRA)
em menores de 5 anos para os anos de 2001 a 2006. Tais dados
estão disponíveis somente no Pacto de Atenção Básica até o ano
de 2006, justificando a escolha da série temporal;
- Taxa de internações por Insuficiência Cardíaca Congestiva
(ICC) disponível no Pacto de Atenção Básica de 2001 a 2006.
- Quadro com as morbidades hospitalares por grupo de causa e
faixa etária para o ano de 2005. Tal ano foi escolhido pois era o
único que possuía este tal tipo de informação para todos os
municípios pesquisados.
36
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
37
Outro fato que se pode concluir é que os picos de concentração
acontecem, na sua maioria, nos meses do inverno, principalmente
agosto. Tal fato é justificável já que nos meses mais frios a dispersão e
remoção dos poluentes na atmosfera são prejudicadas por temperaturas
mais baixas e menores volumes de chuvas.
O monitoramento de PTS foi muito irregular ao longo dos anos,
sendo que em alguns anos, como 1993, 2002 e 2005, aconteceram
poucas amostragens e em outros anos, como 2003 e 2004, nenhuma.
Isso se deve ao fato de que o monitoramento da qualidade do ar no
município era realizado através de um convênio entre o órgão ambiental
e o IPAT/UNESC. O órgão ambiental era responsável pelo
fornecimento de subsídios como, por exemplo, os equipamentos para
medição, reagentes e até o combustível para deslocamento. Nos anos em
que os recursos foram escassos ou até mesmo inexistentes as
amostragens foram comprometidas. Não houve monitoramentos de PTS
após 2007 pois não havia equipamentos disponíveis ou se começou a
monitorar o MP101.
O problema real com relação à qualidade do ar em Morro da
Fumaça fica mais claro ao se verificar as médias geométricas anuais
para PTS. O Gráfico 1 representa essa análise
.
Média Geométrica Anual - Partículas Totais
Concentração Média [µg/m³]
140
120
100
80
60
40
20
0
1993
1994
1996
1997
1999
2000
2001
2002
2005
2006
2007
1
Informações seguindo o Sr. Eduardo de Oliveira Nosse, co-orientador do
trabalho, que na época dos monitoramentos era diretor do IPAT/UNESC.
38
Quando comparados com a média geométrica anual máxima
permitida pela CONAMA 03/90 (80µg/m³) é constatado que, em grande
parte dos anos, há um desrespeito à legislação. Nos anos de 2002 e 2006
os limites não são ultrapassados, mas ficam muito próximos do máximo
aceito, sendo que apenas em 2007 a média anual calculada fica, com
uma margem considerável, no permitido por lei.
É importante destacar que os padrões primários foram
estabelecidos como limites que, se ultrapassados, poderão apresentar
riscos a saúde da população. Assim, tais padrões são entendidos como
níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos.
Diante dos fatos pode-se concluir que, em Morro da Fumaça, os
moradores estiveram, ao longo de anos e por longos períodos, expostos
a uma carga elevada de PTS, onde nos meses de inverno tal situação se
agravava em função das condições climáticas.
Uma explicação para que em 2007 houvesse uma melhora das
médias geométricas anuais pode estar no TAC. Com a assinatura desse
documento e o prazo até início de 2008 para adequação, métodos de
prevenção e controle à poluição foram implantados. Tais medidas, onde
se destacam a proibição da queima de carvão mineral e instalação de
métodos de controle da poluição do ar nas olarias, podem ter resultado
nessa melhora.
39
de particulado inalável é de grande relevância quando se fala de
morbidades respiratórias, pois, como visto anteriormente, são as
partículas menores que conseguem atingir os órgãos mais internos do
corpo humano.
40
Gráfico 4. Concentração de Dióxido de Enxofre (SO2) para 2008 e 2009 em
Morro da Fumaça (Fonte: FATMA, 2010).
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
1997
2005
2006
2007
2008
2009
SO2 CONAMA 03/90
42
Concentração de Partículas Inaláveis em Morro da Fumaça-2010/2011
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
01/10
05/10
08/10
13/10
19/10
22/10
27/10
29/10
08/11
12/11
17/11
19/11
25/11
03/12
08/12
14/12
7/1/11
11/1/11
13/1/11
43
Tabela 8. Concentrações medidas de PM10, com precipitação acumulada e
ventos predominantes.
Concentração de PM10 Precipitação
[µg/m³] acumulada Direção do
DATA
vento
AGV 1 AGV 2 AGV 3 [mm]
01/10/10 15,62 17,1 11,42 6,2 W
05/10/10 25,07 30,5 9,33 0 SE
08/10/10 13,39 15,65 9,4 4 S
13/10/10 21,72 48,84 -* 0,2 N
19/10/10 28,58 45,58 9,09 0 SE/W
22/10/10 59,35 89,35 24,54 6,6 S
27/10/10 12,79 22,99 7,4 0,2 S
29/10/10 69,98 112,15 18,17 10 SW
08/11/10 27,16 58,21 6,87 0 N
12/11/10 26,89 34,99 7,23 0 N
17/11/10 10,82 19,31 6,4 27,2 S
19/11/10 36,6 39,26 9,99 0 SE
25/11/10 13,39 -* 11,27 5 S
03/12/10 28,1 54,22 24,09 4,2 S
08/12/10 32,79 37,11 25,73 4,8 S
14/12/10 31,5 40,3 10,97 0,2 SE/SW/W
07/1/11 31,59 41,15 -* 0 SW
11/1/11 14,24 23,39 14,55 28,6 S/NE/SE
13/1/11 15,06 23,35 -* 12 SW/E
* Os valores que aparecem em branco são referentes aos dias que não foi possível
realizar a amostragem, isso por inacessibilidade ao aparelho ou por algum outro
fator externo.
46
Gráfico 8. Internações por doenças respiratórias para 1999 (Fonte: DATASUS,
2011).
47
Gráfico 11. Internações por doenças respiratórias para 2002 (Fonte: DATASUS,
2011).
Gráfico 12. Internações por doenças respiratórias para 2003 (Fonte: DATASUS,
2011).
48
Gráfico 14. Internações por doenças respiratórias para 2005 (Fonte: DATASUS,
2011).
Gráfico 15. Internações por doenças respiratórias para 2006 (Fonte: DATASUS,
2011).
Gráfico 16. Internações por doenças respiratórias para 2007 (Fonte: DATASUS,
2011).
49
Gráfico 17. Internações por doenças respiratórias para 2008 (Fonte: DATASUS,
2011).
Gráfico 18. Internações por doenças respiratórias para 2009 (Fonte: DATASUS,
2011).
Gráfico 19. Internações por doenças respiratórias para 2010 (Fonte: DATASUS,
2011).
50
Analisando os gráficos pode-se constatar que o município
estudado apresentou um maior número de internações por doenças do
aparelho respiratório do que as cidades escolhidas para comparação. De
todos os meses, de Janeiro de 1998 a Dezembro de 2010, apenas em oito
oportunidades os índices de Morro da Fumaça não foi maior sobre os
outros.
Os dados históricos de monitoramento da qualidade do ar
analisados anteriormente, mostraram que os meses de inverno são os
mais críticos com relação à dispersão de poluentes em Morro da
Fumaça. Assim, do ponto de vista da concentração dos contaminantes
atmosféricos monitorados, os meses mais frios deveriam apresentar uma
maior prevalência de morbidades respiratórias. Os meses de junho, julho
e agosto, em todos os anos, apresentam uma média alta de internações,
mas os maiores valores, em muitos dos anos pesquisados, acontecem
nos meses mais quentes (novembro, dezembro, janeiro e fevereiro),
onde dezembro de 1999 registrou a maior taxa de internações de todos
as datas pesquisadas: 209,573 internações para cada 10.000 habitantes.
Alguns fatores podem explicar essa maior ocorrência de
internações nos meses mais quentes, dentre eles pode-se numerar:
1) Nos meses mais quentes há maior formação de partículas que
podem causar alergias, como grãos de pólen, por exemplo.
Dependendo do caso, tais internações por alergias podem ser
classificadas como causadas por problemas respiratórios, o que
aumenta a taxa de internação por esse grupo de causa em tais
meses.
2) Devido as altas temperaturas, há mais desconforto e dificuldade
de respiração, onde a sensação de abafamento é maior, assim, a
busca de qualquer auxilio devido ao mal estar causado pela
temperatura pode ser classificado como morbidade do aparelho
respiratório.
3) Nos meses quentes há maior incidência de raios solares e sabe-
se que poluentes secundários, como o ozônio (O3), podem se
formar através de reações fotoquímicas entre poluentes
precursores e luz solar. Assim, nos meses mais quentes pode
estar havendo maior formação de poluentes secundários,
principalmente O3, o que causaria incremento nas taxas de
internação por problemas respiratórios. As concentrações de O3
nunca foram medidas na cidade de Morro da Fumaça.
51
Os meses em que foram realizadas as medições de PM10
apresentaram valores baixos de internações para outubro e dezembro e
maior em novembro. Os maiores valores de concentração medidos
foram no final de outubro, contudo o seu reflexo sobre a saúde da
população pode ter acontecido apenas no mês de novembro, causando
um maior número de internações.
Gráfico 20. Internações por IRA em menores de 5 anos de 2001 a 2006 (Fonte:
PACTO, 2006).
52
de cada 10 casos de doenças respiratórias, seis podem estar associados à
contaminação ambiental (VIGIAR, 2006).
Gráfico 21. Internações por ICC nos anos de 2001 a 2006 (Fonte: PACTO,
2006).
53
D) A Tabela 9 contém as causas de internações no SUS, de
acordo com os grupos de causa da CID-10, para diferentes faixas etárias
no ano de 2005. Foram levadas em conta pegas apenas as internações
devido a doenças do aparelho respiratório e aparelho circulatório. A
íntegra dos quadros encontra-se do Anexo 9 ao Anexo 12.
Me-
nor 1a 10 a 15 a 20 a 50 a 65 e To-
Grupo de Causas 1 4 5a9 14 19 49 64 mais tal
X. Doenças do aparelho
respiratório 60.4 66.7 17.6 56.0 19.3 28.0 47.0 32.3 36.1
X. Doenças do aparelho
respiratório 45.0 46.4 20.7 16.7 - 4.1 14.1 22.2 14.3
X. Doenças do aparelho
respiratório 40.9 25.0 23.8 - 2.3 9.0 14.1 17.4 12.7
X. Doenças do aparelho
respiratório 41.8 53.5 29.0 15.1 5.6 10.6 17.1 20.5 16.5
54
Com os valores da Tabela 9 é possível constatar que, mais uma
vez, os indicadores de Morro da Fumaça são piores que os outros
analisados. Somando o total de internações de todas as faixas etárias, do
aparelho respiratório e circulatório, de cada cidade encontra-se um valor
percentual menor do que o percentual de internações por doenças do
aparelho respiratório em Morro da Fumaça. As doenças cardíacas
também têm maior ocorrência no município, como já foi visto antes.
O que chama a atenção no quadro comparativo é a grande
porcentagem de internações por morbidades hospitalares nas faixas
etárias menores de 5 anos, de 10 a 14 e de 50 a 64. Martins et al. (2002)
em um estudo realizado na cidade de São Paulo, destaca que as faixas
etárias mais suscetíveis aos efeitos deletérios da poluição sobre a saúde
são as crianças, adolescentes e os idosos, o que acaba sendo verificado
nesse quadro. Outro fato relevante é que quando a faixa etária de 50 a 64
anos apresenta um grande número de internações por doenças
respiratórias, o percentual de internação por doenças cardíacas na faixa
dos 65 anos ou mais poderá apresentar aumento significativo.
55
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
56
abrandar os efeitos dos contaminantes atmosféricos sobre a população
sem impedir o crescimento da economia local.
Além de um monitoramento mais freqüente do particulado
inalável seria interessante estendê-lo a todos os municípios do estado
que tenham fontes potenciais de poluição, escolhendo o tipo de poluente
monitorado dependendo da fonte emissora. Com esse tipo de dados em
mãos é possível fazer um mapa da qualidade do ar no estado e, assim,
facilitar a tomada de decisões por parte dos governantes. Além de
auxiliar na governança local, esse tipo de informação é fundamental
para diagnosticar o surgimento ou agravo de um problema ambiental
antes que a saúde de toda a população seja colocada em risco.
57
7. BIBLIOGRAFIA
58
ARTAXO, P. A Problemática da Poluição Urbana em Regiões
metropolitanas. Florianópolis- Ambinte Urbano e Qualidade de Vida.
No 3, edição especial. Eco-92, 1991.
60
ENERGÉTICA. Manual de Operação do Amostrador de Pequenos
Volumes- TRIGAS. Disponível www.energetica.com.br acessado em
fevereiro de 2011.
61
MACCARI, M, S, I. Morro da Fumaça : Passado e Presente. Morro
da Fumaça- SC, Editora Soller, 2005, 58p.
62
STERN, A, C. Air polution- Volume 1: Air Polution and Its effects.
Washington, v1, 1968.
63
8. ANEXOS
64
Anexo 4- Concentração de Particulado Total (PTS) para 1997 em Morro da
Fumaça(FATMA, 2010).
65
Anexo 7- Concentração de Particulado Total (PTS) para 2001 e 2002 em
Morro da Fumaça(FATMA, 2010).
66
Anexo 9. Quadro com as morbidades hospitalares para o ano de 2005 por faixa
etária e grupo de causa em Morro da Fumaça (Fonte: DATASUS, 2010)
Distribuição Percentual das Internações por Grupo de Causas e Faixa Etária - CID10/2005-
Morro da Fumaça
Menor 10 a 15 a 20 a 50 a 60 e
Grupo de Causas 1 1 a 4 5 a 9 14 19 49 64 mais Total
I. Algumas doenças
infecciosas e
parasitárias 16.7 13.6 14.7 4.0 15.8 8.5 1.4 1.9 6.2
II. Neoplasias
(tumores) 2.1 13.6 44.1 4.0 1.8 4.5 6.0 3.0 5.6
III. Doenças sangue 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.7 1.4 1.5 0.4
IV. Doenças
nutricionais 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.7 1.4 1.9 0.9
V. Transtornos mentais
e comportamentais 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 5.0 2.8 1.5 2.5
VI. Doenças do sistema
nervoso 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.4
VII. Doenças do olho e
anexos 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.1
VIII.Doenças do ouvido 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.1
IX. Doenças do
aparelho circulatório 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 20.1 28.4 56.7 26.3
X. Doenças do
aparelho respiratório 60.4 66.7 17.6 56.0 19.3 28.0 47.0 32.3 36.1
XI. Doenças do
aparelho digestivo 2.1 1.5 2.9 12.0 3.5 5.0 4.7 2.3 3.5
XII. Doenças da pele e
do tecido subcutâneo 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 2.1 1.4 1.5 0.8
XIII.Doenças sist
osteomuscular 2.1 1.5 2.9 4.0 5.3 2.8 2.3 2.3 1.9
XIV. Doenças do
aparelho geniturinário 2.1 1.5 2.9 4.0 5.3 3.8 2.8 1.5 2.5
XV. Gravidez parto e
puerpério 2.1 1.5 2.9 4.0 36.8 14.0 1.4 1.5 7.1
XVI. Algumas afec
originadas no período
perinatal 12.5 1.5 2.9 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.5
XVII.Malf cong
deformid e anomalias
cromossômicas 2.1 1.5 8.8 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.6
XVIII.Sint sinais e
achad anorm ex clín e
laborat 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.2
XIX. Lesões enven e
alg out conseq causas
externas 2.1 1.5 11.8 16.0 8.8 4.5 3.3 3.0 4.2
XX. Causas externas de
morbidade e
mortalidade 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.1
XXI. Contatos com
serviços de saúde 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.4
CID 10ª Revisão não
disponível ou não
preenchido 2.1 1.5 2.9 4.0 1.8 1.4 1.4 1.5 0.1
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
67
Anexo 10. Quadro com as morbidades hospitalares para o ano de 2005 por
faixa etária e grupo de causa em Urussanga (Fonte: DATASUS, 2010).
Distribuição Percentual das Internações por Grupo de Causas e Faixa Etária - CID10-
Urussanga
Menor 10 a 15 a 20 a 50 a 60 e
Grupo de Causas 1 1 a 4 5 a 9 14 19 49 64 mais Total
I. Algumas doenças
infecciosas e parasitárias 15.0 28.6 31.0 16.7 4.6 2.7 1.6 4.1 5.3
II. Neoplasias (tumores) 1.7 3.6 3.4 5.6 1.5 6.2 9.9 9.8 6.7
III. Doenças sangue 1.7 1.8 3.4 5.6 1.5 1.4 1.6 2.3 1.0
IV. Doenças endócrinas
nutricionais e
metabólicas 5.0 1.8 3.4 5.6 3.1 2.5 6.8 8.6 4.4
V. Transtornos mentais e
comportamentais 1.7 1.8 3.4 5.6 1.5 10.3 5.7 1.5 5.4
VI. Doenças do sistema
nervoso 6.7 1.8 6.9 5.6 1.5 1.6 2.1 1.9 1.9
VII. Doenças do olho e
anexos 1.7 1.8 3.4 5.6 1.5 1.2 1.6 1.5 0.3
VIII.Doenças do ouvido 1.7 1.8 3.4 5.6 1.5 1.2 1.6 1.5 0.1
IX. Doenças do aparelho
circulatório 1.7 1.8 3.4 5.6 3.1 11.5 25.0 29.7 15.8
X. Doenças do aparelho
respiratório 45.0 46.4 20.7 16.7 1.5 4.1 14.1 22.2 14.3
XI. Doenças do aparelho
digestivo 3.3 7.1 13.8 16.7 7.7 8.8 9.9 5.6 8.1
XII. Doenças da pele e do
tecido subcutâneo 1.7 1.8 3.4 5.6 1.5 2.3 1.6 1.5 1.2
XIII.Doenças sist
osteomuscular e tec
conjuntivo 1.7 1.8 3.4 5.6 9.2 6.4 9.4 6.8 6.2
XIV. Doenças do aparelho
geniturinário 1.7 1.8 6.9 11.1 6.2 7.8 7.8 3.8 6.1
XV. Gravidez parto e
puerpério 1.7 1.8 3.4 5.6 50.8 28.4 1.6 1.5 14.5
XVI. Algumas afec
originadas no periodo
perinatal 13.3 1.8 3.4 5.6 1.5 1.2 1.6 1.5 0.7
XVII.Malf cong deformid e
anomalias cromossômicas 1.7 3.6 3.4 11.1 1.5 1.2 1.6 1.5 0.4
XVIII.Sint sinais e achad
anorm ex clín e laborat 1.7 1.8 3.4 5.6 1.5 1.4 3.1 1.5 0.9
XIX. Lesões enven e alg
out conseq causas
externas 3.3 3.6 3.4 22.2 12.3 5.8 3.6 4.1 5.2
XX. Causas externas de
morbidade e mortalidade 1.7 1.8 3.4 5.6 1.5 1.2 1.6 1.5 0.1
XXI. Contatos com
serviços de saúde 5.0 3.6 3.4 5.6 1.5 2.3 1.6 1.5 1.4
CID 10ª Revisão não
disponível ou não
preenchido 1.7 1.8 3.4 5.6 1.5 1.2 1.6 1.5 0.1
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
68
Anexo 11. Quadro com as morbidades hospitalares para o ano de 2005 por
faixa etária e grupo de causa em Cocal do Sul (Fonte: DATASUS, 2010).
Distribuição Percentual das Internações por Grupo de Causas e Faixa Etária - CID10- Cocal do
Sul
Menor 10 a 15 a 20 a 50 a 60 e
Grupo de Causas 1 1a4 5a9 14 19 49 64 mais Total
I. Algumas doenças
infecciosas e
parasitárias 13.6 17.9 4.8 5.6 2.3 2.8 2.9 4.2 3.2
II. Neoplasias (tumores) 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 6.0 8.8 16.7 7.6
III. Doenças sangue 4.5 14.3 4.8 5.6 2.3 1.5 1.8 2.8 0.9
IV. Doenças endócrinas
nutricionais e
metabólicas 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 1.8 2.4 4.9 1.7
V. Transtornos mentais
e comportamentais 4.5 3.6 4.8 5.6 4.7 13.6 2.9 2.8 7.3
VI. Doenças do sistema
nervoso 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 2.3 1.8 3.5 1.4
VII. Doenças do olho e
anexos 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 1.8 1.8 2.8 0.6
VIII.Doenças do ouvido 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 1.5 1.8 2.8 0.4
IX. Doenças do aparelho
circulatório 4.5 7.1 4.8 5.6 2.3 9.0 30.6 34.0 16.5
X. Doenças do aparelho
respiratório 40.9 25.0 23.8 5.6 2.3 9.0 14.1 17.4 12.7
XI. Doenças do aparelho
digestivo 4.5 10.7 23.8 33.3 14.0 8.8 13.5 7.6 10.5
XII. Doenças da pele e
do tecido subcutâneo 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 1.5 1.8 2.8 0.8
XIII.Doenças sist
osteomuscular e tec
conjuntivo 4.5 3.6 4.8 22.2 2.3 2.8 11.2 2.8 4.1
XIV. Doenças do
aparelho geniturinário 4.5 3.6 14.3 16.7 4.7 10.6 4.7 4.9 7.7
XV. Gravidez parto e
puerpério 4.5 3.6 4.8 5.6 62.8 21.4 1.8 2.8 13.4
XVI. Algumas afec no
período perinatal 31.8 3.6 4.8 5.6 2.3 1.5 1.8 2.8 0.8
XVII.Malf cong deformid
e anomalias
cromossômicas 4.5 10.7 4.8 5.6 2.3 1.5 1.8 2.8 0.6
XVIII.Sint sinais e achad
anorm ex clín e laborat 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 1.5 1.8 2.8 0.1
XIX. Lesões enven e alg
out conseq causas
externas 4.5 3.6 14.3 11.1 9.3 6.0 7.6 6.3 6.5
XX. Causas externas de
morbidade e
mortalidade 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 1.5 1.8 2.8 0.1
XXI. Contatos com
serviços de saúde 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 6.0 1.8 2.8 3.1
CID 10ª Revisão não
disponível ou não
preenchido 4.5 3.6 4.8 5.6 2.3 1.5 1.8 2.8 0.1
Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0
69
Anexo 12. Quadro com as morbidades hospitalares para o ano de 2005
por faixa etária e grupo de causa em Criciúma (Fonte: DATASUS, 2010).
Distribuição Percentual das Internações por Grupo de Causas e Faixa Etária - CID10 -
Criciúma
Menor 10 a 15 a 20 a 50 a 60 e
Grupo de Causas 1 1a4 5a9 14 19 49 64 mais Total
I. Algumas doenças
infecciosas e parasitárias 11.7 10.0 9.7 6.3 1.4 2.9 2.8 2.8 3.6
II. Neoplasias(tumores) 0.9 2.6 4.5 5.6 4.3 8.2 12.6 13.7 9.1
III. Doenças sangue 1.4 1.5 1.0 0.4 0.6 0.4 0.5 0.5 0.5
IV. Doenças endócrinas
nutricionais e metabólicas 1.4 1.5 2.5 0.7 0.6 1.3 2.9 3.7 2.0
V. Transtornos mentais e
comportamentais 0.2 0.2 0.2 0.4 3.4 11.4 7.3 1.1 6.9
VI. Doenças do sistema
nervoso 2.1 2.2 2.2 3.5 2.0 1.7 1.4 0.9 1.6
VII. Doenças do olho 0.2 0.4 0.7 1.4 0.1 0.3 0.3 0.4 0.3
VIII.Doenças do ouvido 0.5 1.1 0.5 0.7 0.2 0.1 0.1 0.2 0.1
IX. Doenças do aparelho
circulatório 0.5 0.7 1.7 0.7 1.9 8.9 33.3 40.8 17.5
X. Doenças do aparelho
respiratório 41.8 53.5 29.0 15.1 5.6 10.6 17.1 20.5 16.5
XI. Doenças do aparelho
digestivo 4.2 8.9 11.6 15.1 5.1 8.1 8.4 6.4 7.8
XII. Doenças da pele 0.7 0.7 1.5 2.1 1.3 0.9 0.6 0.5 0.8
XIII.Doenças sist
osteomuscular e tec
conjuntivo 0.2 0.2 3.0 4.9 2.3 3.8 3.3 1.6 2.9
XIV. Doenças do aparelho
geniturinário 1.4 1.7 6.7 9.5 3.2 4.4 4.2 2.8 4.0
XV. Gravidez parto e
puerpério 0.2 0.2 0.2 4.2 56.1 29.5 0.1 0.2 17.1
XVI. Afecções originadas
período perinatal 27.8 0.2 0.2 0.4 0.1 0.1 0.1 0.2 1.0
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