O Que São Os Valores?: Valores E Valoração: A Questão Dos Critérios Valorativos

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VALORES E VALORAÇÃO: A QUESTÃO DOS CRITÉRIOS VALORATIVOS.

1. O que são os valores?


Os valores são termos que usamos para atribuir muita, pouca ou nenhuma importância
às coisas que avaliamos. As coisas que avaliamos – acerca das quais emitimos juízos de
valor – podem ser objetos, pessoas e atos. Os valores são padrões ou referências em
função das quais julgamos as coisas. Os valores exprimem aquilo que julgamos que é
importante e significativo na nossa vida.

2. Há diversas espécies de valores?


Sim. Há valores religiosos (sagrado, profano), valores estéticos (belo, feio, sublime,
dotado de harmonia), valores éticos (bem, mal, justiça, igualdade), valores monetários
e utilitários, entre outros. Utilizamos a palavra valor em diversas situações e com
diferentes sentidos.

3. Damos o mesmo valor a todas as coisas?


Não. Além de diversos, os valores são hierarquizados, ou seja, uns são considerados
mais importantes do que outros. Toda e qualquer pessoa dá mais importância a
determinados valores em relação a outros, estabelecendo---se assim uma espécie de
hierarquia de valores. Os valores a que cada pessoa confere mais importância vão
refletir---se nas suas ações e decisões, vão de certa forma organizar e orientar toda a sua
conduta. Os valores podem, por sua vez, ser agrupados em vários tipos. Assim, e
destacando apenas os principais tipos, podemos falar em valores religiosos, estéticos,
éticos (sendo provavelmente estes três domínios aqueles que enquadram os valores
mais importantes), políticos, teoréticos (da ordem do conhecimento), sensíveis (da
ordem do prazer e satisfação), vitais e económicos.

4. Qual o valor que costumamos considerar mais importante?

Habitualmente, o valor que consideramos mais valioso é o valor da vida humana.


5. Qual a disciplina que estuda a natureza dos valores?

A disciplina que estuda a natureza dos valores é a axiologia ou teoria dos valores.

Coloca questões como: O que é um valor? Onde e como existe? Será apenas o
resultado das avaliações que fazemos das coisas? Para muitos pensadores, os valores
não são coisas que existam fora da nossa mente, mas algo que apenas existe para um
sujeito que avalia as coisas. Para outros, os valores têm uma existência própria,
independente do sujeito.

Pense no seguinte caso: Muitas pessoas julgam determinadas coisas belas, enquanto
outras discordam. Então o que fazemos quando dizemos que algo é belo ou feio,
magnífico ou vulgar? Estamos somente a declarar o que sentimos (prazer ou desprazer)
quando contemplamos um objeto ou estamos a referir algo que são propriedades do
próprio objeto, que são independentes do que sentimos? No primeiro caso, estamos
perante uma tese ou posição filosófica denominada subjetivismo estético. No segundo
caso, a posição que adotamos é conhecida por objetivismo estético.
Para os defensores do subjetivismo estético, um objeto é belo ou feio em virtude de
sentirmos prazer ou desprazer ao observá---lo. A beleza ou fealdade dependem, não das
propriedades intrínsecas do objeto, mas dos sentimentos que em nós provoca e
desperta.
Para os partidários do objetivismo estético, dizer «A catedral de Milão é bela» é muito
diferente de dizer «Gosto da catedral de Milão». Os juízos estéticos não são, para o
objetivista, simples juízos de gosto. A beleza ou a fealdade está nos próprios objetos. É
devido a determinadas propriedades intrínsecas que um objeto é considerado belo ou
feio.
6. Que relação existe entre valores e ações?

Os valores são os critérios das nossas preferências (são os motivos fundamentais das
nossas decisões). Ao tomarmos decisões, agimos segundo valores que constituem o
fundamento, a razão de ser ou o porquê (critério) de tais decisões.
A atitude valorativa é uma constante da nossa existência: em nome da amizade,
preferimos controlar e orientar noutra direção uma atração física pela namorada ou
mulher do nosso amigo; em nome do amor, preferimos desafiar as convenções sociais
em vez de perder a oportunidade de sermos felizes; por uma questão de saúde,
preferimos o exercício físico, a dieta e o fim do consumo de tabaco aos hábitos
prejudiciais até então seguidos; em nome da liberdade, preferimos combater, lutar e
correr riscos a aceitar um estado de coisas que, apesar de tudo, satisfaz os interesses
económicos da família a que pertencemos; por solidariedade, preferimos auxiliar os
famintos e os doentes na Somália a permanecer em Lisboa dando consultas; por
paixão pela música, decidimos interromper um curso que não corresponde à nossa
vocação profunda; em nome de Deus, renunciamos a certas «ligações terrenas», etc.
7. O que são juízos de fato?

Os juízos de facto são juízos sobre o modo como as coisas são. Descrevem um estado
de coisas ou uma situação podendo essa descrição corresponder ou não à realidade, ou
seja, ser verdadeira ou falsa. São juízos totalmente descritivos, que têm valor de
verdade (podem ser verdadeiros ou falsos). A sua verdade ou falsidade depende de
como a realidade é e não da opinião ou ponto de vista de cada pessoa: são, portanto,
objetivos. Ex.: O gato é um mamífero que mia.

8. O que são juízos de valor?

Os juízos de valor são juízos sobre que coisas são boas ou agradáveis e sobre como
devemos agir. Os juízos de valor atribuem um valor a um certo estado de coisas – valor
esse que pode ser positivo ou negativo. Ex.: «Este quadro é belo» – valor positivo – ou
«Este quadro é horrível» – juízo negativo.
QUADRO ESQUEMÁTICO

A FORMA HABITUAL DE DISTINGUIR JUÍZOS DE FACTO DE JUÍZOS DE VALOR

Juízos de facto Juízos de valor

Descrevem a realidade ou Avaliam determinados acontecimentos,


informam---nos acerca de factos, coisas e ações.
coisas, acontecimentos ou ações.
Durante a Segunda Guerra Mundial A morte de seis milhões de judeus nas
seis milhões de judeus morreram mãos dos nazistas foi um ato criminoso
nos campos de concentração e horrendo.
nazistas.
Os juízos de facto são verdadeiros O juízo de valor refere---se, de forma
ou falsos, isto é, referem---se aos explícita ou implícita, a valores ou
factos, podendo ser negados ou princípios fundamentais nos quais nos
confirmados pela experiência. baseamos para produzir uma avaliação.
Não se tem a certeza sobre o A morte de seis milhões de judeus foi
número de judeus que morreram um ato criminoso porque (justificação
nos campos de concentração nazis. do juízo) o respeito pela vida e digni---
Só se sabe que o número de vítimas dade do homem é valioso.
mortais foi elevado.
Os juízos de facto são descritivos ou Os juízos de valor são normativos ou
informativos: não prescrevem ou prescritivos.
proíbem o que deve ou não fazer--- Ao julgar---se que a morte de seis
se. milhões de judeus foi um ato criminoso
dos nazis, considera---se que esse ato não
devia ter sido cometido. O respeito pelo
valor da vida e da dignidade humanas
traduz---se na norma «Não matarás»,
que, neste caso, foi infringida.
9. Distinga os seguintes juízos: a) «A pena de morte é aplicada na Arábia Saudita» e
b) «A pena de morte é injusta».
O juízo a) é apenas descritivo: limita---se a dizer como é que as coisas são na Arábia
Saudita no que respeita à pena de morte. Não avalia nada.
O juízo b) não é apenas descritivo porque faz uma avaliação. O que significa dizer que a
pena de morte é injusta? Significa dizer que a pena de morte não deveria existir. Assim,
este juízo diz---nos, não somente como as coisas são, mas como deveriam ser. Ora, ao
dizermos como as coisas deveriam ser, estamos a usar um critério para fazer a nossa
avaliação. Neste caso, o critério valorativo é a justiça. Quando há avaliação, têm de
existir critérios.

10. A distinção juízos de facto/juízos de valor é consensual?


Não, porque há filósofos que a contestam argumentando em defesa da ideia de que
todos os juízos são juízos de facto.
11. O que são critérios valorativos?

Os critérios valorativos são as justificações em que nos apoiamos para determinar que
coisas – ações, pessoas, locais, objetos – têm valor ou importância. Assim, valorizamos
uma ação honesta porque damos importância à honestidade, porque a consideramos
um elemento importante que deve estar presente nas relações humanas.

12. Em que consiste a questão dos critérios valorativos?

Um juízo de valor é um ato mediante o qual formulamos uma proposição que avalia
certos aspetos da realidade, não se limitando a descrever como as coisas são.

Uma vez que, ao avaliarmos as coisas, utilizamos critérios ou razões que se baseiam em
valores (ao dizer «A pena de morte é injusta» julgo como a realidade devia ser
baseando---me num valor, em algo que valorizo e a que dou importância: o valor da
justiça), a questão dos critérios valorativos pode traduzir---se assim: «Será que existem
valores objetivamente verdadeiros? Ou será que a sua verdade depende daquilo que um
indivíduo ou uma sociedade consideram verdadeiro?».

Este problema surge porque nos apercebemos de que há pessoas e culturas com
valores muito diferentes dos nossos, que preferem aquilo que nós rejeitamos ou que
valorizam aquilo que temos dificuldade em considerar importante. Muitas pessoas
julgam que os valores são uma questão de gosto pessoal, ou que variam de cultura
para cultura. Em ambos os casos, não têm qualquer objetividade.

Trata---se do problema da verdade e da objetividade dos juízos de valor. Como os


juízos morais são os que mais importância têm na vida humana, a questão pode
enunciar---se desta dupla forma:
a) Os juízos morais têm valor de verdade?
b) Se têm valor de verdade, essa verdade é objetiva, ou seja, não depende dos
gostos dos indivíduos ou do modo de pensar da sociedade em que vivem?

TEMA 5
RELATIVISMO MORAL, OBJETIVISMO MORAL E SUBJETIVISMO MORAL
1. Acerca da natureza dos valores, o que distingue a posição relativista da posição
objetivista?
O objetivismo defende que os valores são propriedades, qualidades das próprias
coisas, pessoas, objetos, situações e instituições, embora sejam propriedades difíceis
de conhecer porque não existem num sentido físico. Nesta perspetiva, os juízos de
valor são uma espécie de juízos de facto com a diferença de que sobre o seu conteúdo
ainda não obtivemos qualquer certeza. Isso não impede que haja verdades morais
universais e objetivas. Nós é que, provavelmente por causa das nossas limitações,
ainda não os descobrimos.
Para o relativismo, os valores não são propriedades, qualidades, das próprias coisas,
pessoas, objetos, situações e instituições. São simplesmente ideias ou crenças que
existem na mente dos seres humanos e dependem do modo como sentimos e somos
educados pelo meio em que nascemos e vivemos.

2. Caraterize o subjetivismo moral.

O que é moralmente correto? O que a sociedade considera ser moralmente certo? Ou


será o que eu acredito ser moralmente correto? Ou nem uma coisa nem outra?
O subjetivismo moral responde que é moralmente verdadeiro o que cada indivíduo
sente que é verdade. O subjetivismo moral ou relativismo individual afirma que há
juízos morais verdadeiros, mas nega que essa verdade seja objetiva. A cada um a sua
verdade. Os juízos morais traduzem sentimentos de aprovação e de reprovação. Se
genuinamente uma pessoa sente que uma determinada ação é correta, se a ação está
de acordo com o que ela sente ser correto, então o juízo moral que sobre ela faz é
verdadeiro. Moralmente verdadeiro é o que depende dos meus sentimentos. Cada
indivíduo tem um código moral próprio que lhe permite distinguir por si o certo do
errado sem precisar de consultar os outros ou submeter---se ao que a maioria das
pessoas pensa sobre o assunto. «Ninguém pode e deve dar lições de moral a ninguém.
A cada qual a sua verdade, e assim deve ser.

3. Quais são as objeções mais frequentemente dirigidas ao subjetivismo ético?


Podemos destacar três:

a) O subjetivismo moral torna inviável a discussão de questões morais.


O subjetivismo moral parece sugerir que não podemos dizer que as opiniões e juízos
morais dos outros estão errados. Se as verdades morais dependem dos sentimentos de
aprovação ou de desaprovação de cada indivíduo, basta que os nossos juízos morais
estejam de acordo com os nossos sentimentos para serem verdadeiros. Um genuíno
debate moral em que cada interlocutor tente convencer o outro das suas razões
acerca de algo em que acredita perde qualquer sentido. Para o subjetivista, será
mesmo sinal de intolerância.

b) O subjetivismo ético acredita que não há juízos morais objetivos porque os


assuntos morais são objeto de discórdia generalizada, mas isso não prova que não
haja uma resposta correta ou verdades objetivas.

Será que o facto de as pessoas discordarem acerca da existência de Deus prova que
não há uma resposta à questão Será que Deus existe? Durante muito tempo as pessoas
pensaram que as doenças eram causadas por demónios. Sabemos hoje em dia que na
maioria dos casos são causadas por microrganismos como bactérias e vírus.
c) O facto de as pessoas terem crenças opostas acerca de questões morais não prova
que essas crenças sejam ambas verdadeiras.
Se dois indivíduos não estão de acordo acerca de um dado assunto, então têm ambos
razão, ou seja, as suas crenças são ambas verdadeiras. Mas e se as duas crenças se
negam uma à outra, se contradizem? Duas crenças que se contradizem não podem ser
ambas verdadeiras.
4. «Matar é errado», «Roubar é incorreto» e «Mentir é imoral». Será que estes juízos
são verdadeiros? Será que são objetivos e universais? «Há verdade e falsidade em
assuntos morais?», «Faz sentido dizer que uma crença moral é correta e que outra é
errada?». Qual é a resposta que o relativismo cultural dá a estas perguntas?

O relativismo cultural afirma que aqueles juízos são verdadeiros, mas não em todo o
lado e para todas as pessoas. A verdade dos juízos morais depende do que cada
sociedade aprova, ou seja, as afirmações morais só são verdadeiras ou falsas em
determinadas culturas. Moralmente correto é aquilo que a maioria das pessoas de
uma sociedade considera correto. Não existe nenhum critério objetivo e universal para
determinar quem tem razão. Um juízo moral é falso quando os membros – a maioria –
de uma sociedade o consideram falso e verdadeiro quando o consideram verdadeiro.
Assim, afirmar que «Matar é errado» significa dizer «A sociedade X considera que
matar é moralmente incorreto». Afirmar que «Matar é moralmente correto» significa
dizer «A sociedade X considera que matar é moralmente correto».

5. Será que relativismo cultural e ceticismo moral são a mesma coisa?

Não. Para o ceticismo moral nenhum juízo moral tem valor de verdade, ou seja, os
juízos morais não são nem verdadeiros nem falsos. Não há práticas moralmente
corretas ou incorretas. Ora, o relativismo cultural afirma que os juízos morais são
verdadeiros ou falsos conforme o que cada cultura julga ser verdadeiro ou falso.

29. Quais são as objeções mais frequentemente dirigidas ao relativismo moral?

São as seguintes:

A) Há uma diferença significativa entre o que uma sociedade acredita ser


moralmente correto e algo ser moralmente correto.
O relativismo cultural transforma a diversidade de opiniões e de crenças morais em
ausência de verdades objetivas. Mas isso pode ser sinal de que há pessoas e
sociedades que estão erradas e não de que ninguém está errado. Se duas sociedades
têm diferentes crenças acerca de uma questão moral, o relativista conclui que então
ambas as crenças são verdadeiras. Os adversários do relativismo cultural objetam que
a conclusão não deriva necessariamente da premissa porque essa discórdia pode ser
sinal de que uma sociedade está certa e a outra errada.

B) O relativismo cultural reduz a verdade ao que a maioria julga ser verdadeiro.

Desde quando o que maioria pensa é verdadeiro e moralmente aceitável? Os nazis


acreditavam e fizeram com que a maioria dos alemães acreditasse que os judeus eram
sub---humanos e que exterminá---los era um favor que faziam à humanidade. Isso é
claramente falso.

C) O relativismo cultural parece convidar---nos ao conformismo moral, a seguir, em


nome da coesão social, as crenças dominantes.

Algumas pessoas ao longo da história quiseram e conseguiram mudar a nossa maneira


de pensar acerca de certos problemas morais. Estou a lembrar---me de quem combateu
a escravatura em nome dos ensinamentos de Cristo – embora os defensores da
escravatura dissessem que a Bíblia justificava o que faziam –, de quem lutou contra o
apartheid na África do Sul (Nelson Mandela) e contra a segregação racial nos EUA
(Martin Luther King). Essas pessoas fizeram bem à humanidade, combateram injustiças
e devemos---lhes grande progresso moral. Ora, o relativismo cultural parece implicar
que a ação dos reformadores morais é sempre incorreta.

D) O relativismo cultural torna incompreensível o progresso moral.

É verdade, ou pelo menos parece, que não há acordo entre os seres humanos sobre
muitas questões morais. Mas também é verdade que a humanidade tem realizado
progressos no plano moral. A abolição da escravatura, o reconhecimento dos direitos
das mulheres, a condenação e a luta contra a discriminação racial são exemplos. Falar
de progresso moral parece implicar que haja um padrão objetivo com o qual
confrontamos as nossas ações. Se esse padrão objetivo não existir, não temos
fundamento para dizer que em termos morais estamos melhor agora do que antes.
E) O relativismo cultural torna impossível criticar os valores dominantes numa
cultura.

Como explicar as mudanças de perspetiva moral em relação a temas como os direitos


dos animais? Como denunciar e convencer a maioria dos membros que numa cultura
consideram a pena de morte justa de que ela afinal é injusta se justo é para o
relativismo cultural o que é socialmente aprovado pela maioria? Não compreenderiam
como alguém pode considerar esse castigo injusto, tal como um japonês não
compreenderia que o correto é comer de faca e garfo.

F) Torna incompreensível a noção de direitos humanos universais.

Estes direitos são próprios dos seres humanos por serem humanos e não por
pertencerem a esta ou aquela cultura. Esta ideia é, para o relativista, produzida por
uma cultura – neste caso, a ocidental, e por isso só pode valer no interior desta. Pode
haver direitos humanos, mas eles não são universais.

6. O que distingue o relativismo cultural do subjetivismo moral?

A cada cultura a sua verdade, defende o relativismo cultural. A cada indivíduo a sua
verdade, defende o subjetivismo moral. Contrariamente ao relativismo individual ou
subjetivismo moral, o relativismo cultural acerca de assuntos morais afirma que o
código moral de cada indivíduo se deve subordinar ao código moral da sociedade em
que vive e foi educado. Os juízos morais de cada indivíduo são verdadeiros se
estiverem em conformidade com o que a sociedade a que pertence considera
verdadeiro.
SÍNTESE
QUESTÕES O relativismo cultural O objetivismo moral O subjetivismo moral

HÁ VERDADES MORAIS? Sim. Sim. Sim.

O relativismo cultural defende Há verdades morais que Mas essa verdade é


que cada cultura considera puramente subjetiva.
valem por si.
verdadeiros certos juízos de Depende do modo
valor morais. Há uma como cada pessoa vê
diversidade de verdades ou sente as coisas.
morais.

HÁ VERDADES MORAIS Não. Sim. Não.


OBJETIVAS E UNIVERSAIS?
Uma proposição como «Matar Há verdades morais que No que respeita aos
é errado» é verdadeira para valem por si, são valores e práticas
certas sociedades e culturas e independentes do que morais, ninguém está
falsa para outras. Em si cada cultura pensa e do objetivamente certo
mesma, nenhuma proposição que cada indivíduo sente. ou objetivamente
moral – nenhum juízo de valor No que respeita aos errado. É tudo uma
moral – é falsa ou verdadeira. valores e práticas morais, questão de gosto ou
Verdadeiro ou correto é igual é errado pensar que de sensibilidade.
a aprovado ou valorizado pela ninguém está
maioria dos membros de uma objetivamente certo ou
certa sociedade. objetivamente errado.
ALGUMA SOCIEDADE É Não. Não. Não.
PROPRIETÁRIA DA
Nenhuma sociedade ou Havendo verdades Cada pessoa responde
VERDADE EM ASSUNTOS
às questões morais
cultura tem legitimidade para objetivas, podemos
MORAIS?
com base no seu
«dar lições de moral» a outra. considerar como certas ou
código moral pessoal
Cada uma define o que é certo erradas certas práticas
e não pode estar
ou errado de forma autónoma morais de certas culturas
e soberana. ou de indivíduos. A moral errado se for sincero.
é a mesma para todos e Não admite que a
moral seja a mesma
não depende de crenças
culturais ou de para todos. É
sentimentos. moralmente incorreto
que alguém – outro
indivíduo ou uma
sociedade – tente
impor as suas
conceções morais
porque ninguém
possui a verdade
absoluta sobre estes
assuntos. Não há
princípios e normas
morais, a não ser os
que cada indivíduo
escolhe para si
mesmo.

AS ÉTICAS DE KANT E DE MILL


1. A TEORIA ÉTICA DE KANT

TIPOS DE AÇÕES SEGUNDO KANT

Ações contrárias ao Ações em conformidade Ações feitas por dever


dever com o dever
Ações que violam o Ações que cumprem o Ações que cumprem o dever
dever dever não porque é porque é correto fazê---lo. O
correto fazê---lo, mas cumprimento do dever é o único
Ex.: Matar, roubar, porque daí resulta um motivo em que a ação se baseia.
mentir. benefício ou a satisfação A intenção de cumprir o dever
de um interesse. não está associada a outras
intenções, é a única intenção.
Ex.: Não roubar por receio
de ser castigado. Ex.: Não roubar porque esse ato
é errado.
AS ÚNICAS AÇÕES MORALMENTE BOAS

As únicas ações moralmente boas são as ações feitas por dever. Agir por dever significa
reconhecer que há deveres absolutos como não roubar, não mentir e não matar.

AGIR POR DEVER É CUMPRIR O QUE A LEI MORAL EXIGE

Quem apresenta este princípio «Age por dever!» à minha vontade? A razão.

Que nome dá Kant ao princípio ético fundamental que exige que eu cumpra o dever
sempre por dever, sem qualquer outra intenção ou motivo? Kant dá---lhe o nome de lei
moral.

As ações feitas por dever são assim ações que cumprem o que a lei moral exige.

REPEITAR A LEI MORAL É CONSIDERAR QUE O SEU CUMPRIMENTO É UM IMPERATIVO


CATEGÓRICO.

Ouvir a voz da lei moral é ficar a saber como cumprir de forma moralmente correta o
dever. Essa lei diz---nos de forma muito geral o seguinte: «Deves em qualquer
circunstância cumprir o dever pelo dever, sem segundas intenções». O cumprimento do
dever é uma ordem incondicional, não depende de condições ou de interesses. Devemos
ser honestos porque esse é o nosso dever e não porque é do nosso interesse.

Pense em normas morais como «Não deves mentir», «Não deves matar», «Não deves
roubar». A lei moral, segundo Kant, diz---nos como cumprir esses deveres, qual a forma
correta de os cumprir. Assim sendo, é uma lei puramente racional e puramente formal.
Não é uma regra concreta como «Não matarás!», mas um princípio geral que deve ser
seguido quando cumpro essas regras concretas que proíbem o roubo, o assassinato, a
mentira, etc.

O que é um imperativo categórico O que é um imperativo hipotético


Um imperativo categórico é um Um imperativo hipotético é um
princípio que: princípio que:

– Ordena que se cumpra o dever ‒ Transforma o cumprimento do


sempre por dever, ou seja, ordena dever numa ordem condicionada
que a vontade cumpra o dever pelo que de satisfatório ou
exclusivamente motivada pelo que proveitoso pode resultar do seu
é correto fazer. cumprimento.

‒ Ordena que se aja por dever. As ações baseadas num imperativo


hipotético são:
‒ Ordena que sejamos imparciais e
desinteressados, agindo segundo ‒ Ações conformes ao dever, feitas a
máximas que todos podem adotar. pensar nas consequências ou
resultados de fazer o que é devido.
‒ Ordena que respeitemos o valor
absoluto de cada ser racional nunca ‒ As ações que cumprem o dever com
o reduzindo à condição de meio que base em interesses e por isso seguem
nos é útil. máximas que não podem ser
universalizadas.
«Deves ser honesto porque esse é o
teu dever!» ‒ As ações que não respeitam
absolutamente o que somos
enquanto seres humanos.

«Deves ser honesto se quiseres ficar


bem visto perante os vizinhos do teu
bairro.»
AS FORMULAÇÕES MAIS IMPORTANTES DO IMPERATIVO CATEGÓRICO

Fórmula da lei universal Fórmula da Humanidade


Age apenas segundo uma
Age de tal maneira que uses a
máxima tal que possas querer ao
humanidade, tanto na tua pessoa como
mesmo tempo que se torne lei na pessoa de outrem, sempre e
universal. simultaneamente como fim e nunca
apenas como meio.
Imagine que uma pessoa com Quem pede dinheiro emprestado sem
problemas financeiros decide intenção de o devolver está a tratar a
pedir dinheiro emprestado. Sabe pessoa que lhe empresta dinheiro como
que não pode devolver o dinheiro um meio para resolver um problema e
que lhe for emprestado, mas não como alguém que merece respeito,
prometê---lo – mentir – é a única consideração. Pensa unicamente em
forma de obter aquilo de que utilizá---la para resolver uma situação
precisa. A máxima da ação poderia financeira grave sem ter qualquer
enunciar---se assim «Se isso servir consideração pelos interesses próprios
os teus interesses, não devolvas de quem se dispõe a ajudá---lo.
dinheiro emprestado ao seu Sempre que fazemos da satisfação dos
dono». A referida pessoa não nossos interesses a finalidade única da
pode querer sem contradição nossa ação, não estamos a ser
universalizar a exceção que abriu imparciais, e a máxima que seguimos
para si própria porque se tornará não pode ser universalizada. Assim
exceção para todos. Se todos nós sendo, estamos a usar os outros apenas
fizéssemos promessas com a como meios, simples instrumentos que
intenção de não as cumprir, todos utilizamos para nosso proveito.
desconfiaríamos delas, e o Esta fórmula não fala só de respeitar os
empréstimo de dinheiro baseado outros. Diz que nenhum ser humano se
em promessas acabaria. A prática deve tratar a si mesmo apenas como um
de fazer e de aceitar promessas meio. A prostituição, o masoquismo são
desapareceria. A máxima referida exemplos de violação desta norma, mas,
autodestrói---se ao ser mesmo quando desrespeitamos
universalizada porque ninguém diretamente os direitos dos outros,
poderá agir de acordo com ela. como no caso da escravatura, da
violação, do roubo e da mentira,
estamos também a abdicar da nossa
dignidade.
AUTONOMIA HETERONOMIA

Caraterística de uma vontade que Caraterística de uma vontade que não cumpre
cumpre o dever pelo dever. o dever pelo dever. Quando o cumprimento do
Quando o cumprimento do dever dever não é motivo suficiente para agir tendo
é motivo suficiente para agir, a de se invocar razões externas como o receio
vontade não se submete a outra das consequências, o temor a Deus, etc., a
autoridade que não a razão. vontade submete---se a autoridades que não a
razão.
Quando decido
Por isso, a sua ação é heterónoma, incapaz de
independentemente de quaisquer
respeitar incondicionalmente o dever. Todas as
interesses, isto é, quando sou éticas de tipo consequencialista são, para Kant,
imparcial e adoto uma perspetiva heterónomas, reduzem a moralidade a um
universal, obedeço a regras que conjunto de imperativos hipotéticos.
criei ao mesmo tempo para mim e
para todos os seres racionais.
Uma vontade autónoma é uma
vontade puramente racional, que
faz sua uma lei da razão, que diz a
si mesma «Eu quero o que a lei
moral exige». Ao agir por dever,
obedeço à voz da minha razão e
nada mais.

O QUE É UMA BOA VONTADE

É uma vontade que age de forma moralmente correta.

É uma vontade que cumpre o dever respeitando absolutamente a lei moral, ou seja,
cuja única intenção é cumprir o dever.

É uma vontade que age segundo regras ou máximas que podem ser seguidas por
todos porque não violam os interesses de ninguém.

É uma vontade que respeita todo e qualquer ser humano considerando---o uma
pessoa e não uma coisa ou um meio ao serviço deste ou daquele interesse.

É uma vontade autónoma porque decide cumprir o dever por sua iniciativa e não
por receio de autoridades externas ou da opinião dos outros.
UM EXEMPLO ILUSTRATIVO DO QUE É PARA KANT AGIR CORRETAMENTE

Imagine que um grupo de terroristas se apodera de um avião em Berlim. Os seus


passageiros e tripulantes ficam reféns. Contudo, os terroristas propõem libertá---los
se um cidadão local que eles consideram envolvido em atividades antiterroristas
lhes for entregue para ser morto. Se as autoridades da cidade não colaborarem no
prazo de quatro horas, ameaçam fazer explodir o aparelho com todas as pessoas lá
dentro. As autoridades locais sabem que o cidadão em causa não cometeu o menor
crime durante a sua vida e que os terroristas estão enganados, pois não participou
na morte de membros do grupo de que agora dele se quer vingar. Não obstante,
sabem que será vã a tentativa de convencer os terroristas de que estão enganados.
Após longa deliberação, decidem entregar o referido cidadão aos terroristas que
libertam os reféns e matam quem queriam matar.

Posição de Kant

A ação é moralmente incorreta

Justificação

1. Há atos intrinsecamente errados (errados em si mesmos, apesar de poderem ter


boas consequências) que é nosso dever evitar e atos intrinsecamente corretos que
é nosso dever realizar. Certos deveres constituem uma obrigação moral, sejam
quais forem as consequências. Que deveres absolutos são esses? Eis alguns: «Não
matar», «Não roubar», «Não mentir». Por insistir em que há deveres absolutos, a
ética kantiana é considerada deontológica.

2. Viola---se o imperativo categórico de respeitar absolutamente a pessoa humana.


Transforma---se uma vida em meio para atingir um fim que é a salvação de outras
vidas humanas. É evidente que as autoridades que decidem entregar o cidadão aos
terroristas estão a tratá---la como um meio para resolver um problema e não como
alguém que merece respeito, consideração. Pensam unicamente em utilizá---lo para
resolver uma situação grave sem ter qualquer consideração pelo seu interesse
próprio. Para Kant, uma vida humana não é mais valiosa do que outra, nem várias
vidas humanas valem mais do que uma. Devido a esta ideia, a ética kantiana é
frequentemente denominada ética do respeito pelas pessoas.
2. A ÉTICA UTILITARISTA DE MILL

TEORIA ÉTICA CONSEQUENCIALISTA

As consequências de uma ação é que determinam se é moralmente correta ou


incorreta.

TEORIA ÉTICA HEDONISTA

Todas as atividades humanas têm um objetivo último, isto é, são meios para uma
finalidade que é o ponto de convergência de todas. Esse fim é a felicidade ou bem---
estar. Mais propriamente, procuramos em todas as atividades a que nos dedicamos
viver experiências aprazíveis e evitar experiências dolorosas ou desagradáveis. Esta
perspetiva que identifica a felicidade com o prazer ou o bem---estar tem o nome de
hedonismo. Mas trata---se da felicidade geral e não da individual.

O CRITÉRIO DA MORALIDADE DE UMA AÇÃO

Segundo Mill, a utilidade é o que torna uma ação moralmente valiosa. O critério da
moralidade de um ato é o princípio de utilidade. Este princípio é o teste da
moralidade das ações. Uma ação deve ser realizada se e só se dela resultar a
máxima felicidade possível para as pessoas ou as partes que por ela são afetadas. O
princípio de utilidade é por isso conhecido também como princípio da maior
felicidade. A ideia central do utilitarismo é a de que devemos agir de modo a que
da nossa ação resulte a maior felicidade ou bem---estar possível para as pessoas por
ela afetadas. Uma ação boa é a que é mais útil, ou seja, a que produz mais
felicidade global ou, dadas as circunstâncias, menos infelicidade. Quando não é
possível produzir felicidade ou prazer, devemos tentar reduzir a infelicidade.
Costuma---se resumir o princípio de utilidade mediante a fórmula «A maior
felicidade para o maior número». Esta fórmula foi cunhada por Francis Hutchinson
e não aparece tal e qual nos escritos de Mill.

MORALMENTE INCORRETO/MORALMENTE CORRETO

Ação moralmente Ação moralmente incorreta


correta

A ação que tem más consequências ou, dadas


A ação que tem boas consequências ou, as circunstâncias, piores consequências do que
dadas as circunstâncias, melhores ações alternativas
consequências do que ações alternativas.
O que é uma ação com boas consequências O que é uma ação com más consequências

‒ Ação cujos resultados contribuem para um ‒ Ação cujos resultados não contribuem para
aumento da felicidade (bem---estar) ou um aumento da felicidade (bem---estar) ou
diminuição da infelicidade do maior número diminuição da infelicidade do maior número
possível de pessoas por ela afetadas. possível de pessoas por ela afetadas.

‒ Ação subordinada ao princípio de ‒ Ação egoísta em que a felicidade do maior


utilidade. número não é tida em conta ou em que só o
meu bem---estar ou satisfação é procurado.
‒ Ação que não se subordina ao princípio de
utilidade.

NÃO HÁ DEVERES ABSOLUTOS

Para o utilitarista, as ações são moralmente corretas ou incorretas conforme as


consequências: se promovem imparcialmente o bem---estar, são boas. Isto quer dizer que não
há ações intrinsecamente boas. Só as consequências as tornam boas ou más. Assim sendo,
não há, para o utilitarista, deveres que devam ser respeitados sempre e em todas as
circunstâncias. Se, para a ética kantiana, alguns atos como matar, roubar ou mentir são
absolutamente proibidos mesmo que as consequências sejam boas, para Mill justifica---se, por
vezes, matar, deixar morrer, roubar ou mentir.

O PRINCÍPIO DE UTILIDADE E AS NORMAS MORAIS VIGENTES

As normas morais comuns estão em vigor em muitas sociedades por alguma razão.
Resistiram à prova do tempo, e em muitas situações fazemos bem em segui---las nas nossas
decisões. Contudo, não devem ser seguidas cegamente. Nas nossas decisões morais,
devemos ser guiados pelo princípio de utilidade e não pelas normas ou convenções
socialmente estabelecidas. Dizer a verdade é um ato normalmente mais útil do que
prejudicial, e por isso a norma «Não deves mentir» sobreviveu ao teste do tempo. Segui---la é
respeitar a experiência de séculos da humanidade. Mas há situações em que não respeitar
absolutamente uma determinada norma moral e seguir o princípio de utilidade terá
melhores consequências globais do que respeitá---la.

FELICIDADE GERAL E FELICIDADE INDIVIDUAL

A minha felicidade não é mais importante do que a felicidade dos outros. O utilitarismo de
Mill não defende que tenhamos de renunciar à nossa felicidade, a uma vida pessoal em
nome da felicidade do maior número. Trata---se através da educação segundo o princípio de
utilidade de abrir um espaço amplo para que a inclinação para o bem geral se sobreponha
com frequência cada vez maior ao egoísmo. O princípio da maior felicidade em Mill exige
que cada indivíduo se habitue a não separar a sua felicidade da felicidade geral sem deixar
de ter projetos, interesses e vida pessoal.
UM EXEMPLO ILUSTRATIVO DA TEORIA ÉTICA DE MILL

Imagine que um grupo de terroristas se apodera de um avião em Berlim. Os seus passageiros


e tripulantes ficam reféns. Contudo, os terroristas propõem libertá---los se um cidadão local
que eles consideram envolvido em atividades antiterroristas lhes for entregue para ser
morto. Se as autoridades da cidade não colaborarem no prazo de quatro horas, ameaçam
fazer explodir o aparelho com todas as pessoas lá dentro. As autoridades locais sabem que o
cidadão em causa não cometeu o menor crime durante a sua vida e que os terroristas estão
enganados, pois não participou na morte de membros do grupo que agora dele se quer
vingar. Não obstante, sabem que será vã a tentativa de convencer os terroristas de que
estão enganados. Após longa deliberação, decidem entregar o referido cidadão aos
terroristas, que libertam os reféns e matam quem queriam matar.

Posição de Mill
Ação moralmente correta
Justificação

Há que ter em conta a ação que produziria mais felicidade global. O que produz mais
infelicidade? Deixar morrer um inocente ou deixar eventualmente morrer dezenas de
inocentes? Quantas famílias não ficariam enlutadas caso não se cedesse às pretensões dos
terroristas? Para Mill, justifica---se, por vezes, matar, deixar morrer, roubar ou mentir. Nenhum
desses atos é intrinsecamente errado e, por isso, os deveres que proíbem a sua realização não
devem ser considerados absolutos. Deve notar---se que estamos a referir---nos a um caso
dramático em que as alternativas – permitir a morte de um ou permitir a morte de muitos –
são ambas repugnantes. Mas há que optar e, segundo Mill, seguir um princípio como
«Cumpre o dever por dever» é vago.

COMPARAÇÃO ENTRE AS ÉTICAS DE KANT E DE MILL

QUESTÕES RESPOSTA DE KANT RESPOSTA DE MILL

As consequências são o que Não. A minha ética não é Sim. A minha ética é
mais conta para decidir se uma consequencialista. consequencialista.
ação é ou não moralmente
boa?
A intenção é o critério ou fator Sim. A minha ética considera boa a Não. O fator que decide se uma
decisivo para avaliar se uma ação cuja máxima exprime a intenção ação é boa ou não é o que dela
ação é moralmente boa? de cumprir o dever pelo dever. A resulta. As consequências são o
intenção de fazer o que é devido sem critério decisivo da moralidade de
outro motivo que não o do um ato. A intenção diz respeito ao
cumprimento do dever é a única coisa caráter do agente e não à qualidade
que torna uma ação boa. A moralidade moral da ação. Se uma ação é
consiste em cumprir o dever pelo motivada pela vontade de obter o
dever. A minha ética é deontológica. melhor resultado possível mas tem
más consequências, diremos que,
apesar de o agente ser bom, a ação
não é boa.

Há ações boas em si mesmas, Sim. O valor moral de uma ação Não. Não podemos dizer que uma
isto é, que tenham um valor depende da máxima que o agente ação é boa ou má antes de
intrínseco? adota, sendo independente das olharmos para as suas
consequências, efeitos ou resultados consequências.
do que fazemos.

Há deveres absolutos? Há Sim. Mentir, roubar e matar, por Não, exceto o dever de promover a
normas morais que não exemplo, são atos sempre errados. Há felicidade geral. Há situações em
devemos nunca desrespeitar? normas morais absolutas que que não cumprir certo dever tem
proíbem o assassínio, o roubo, a como consequência um melhor
mentira e que devem ser estado de coisas. Há normas morais
incondicionalmente respeitadas em que se tem revelado úteis para
todas as circunstâncias. organizar a vida dos seres
humanos, mas devemos ter em
conta que nem sempre o seu
cumprimento produz bons
resultados.

Qual é o princípio moral O princípio moral fundamental a O princípio moral fundamental a


fundamental que temos de respeitar é o que exige que nunca respeitar é o princípio de utilidade.
respeitar para que a nossa trate os outros – nem a minha pessoa Exige que das nossas ações resulte
ação seja moralmente boa? – como meio ou instrumento útil para a maior felicidade possível para o
um certo fim. Respeitar a nossa maior número possível de pessoas.
humanidade eis o princípio É também conhecido como
incondicional. Para isso ser possível, princípio da maior felicidade
devo agir segundo máximas que possível. A minha ética é
possam ser seguidas pelos outros, isto consequencialista e utilitarista.
é, que possam ser universalizadas.

Há valores absolutos? Sim. A dignidade da pessoa humana é Sim. O único valor absoluto é a
um valor absoluto. Nenhuma ação felicidade entendida como prazer.
pode ser boa se desrespeita esse valor Todas as outras coisas só têm valor
absoluto. A boa vontade é a vontade se produzirem felicidade.
de nunca violar a dignidade absoluta e
incondicional da pessoa humana.

Maximizar o bem---estar ou a Não. Não é obrigatório e muitas vezes Sim. Se o valor moral das ações
felicidade é obrigatório? não é permissível. Porquê? Porque há depende da sua capacidade para
direitos das pessoas que são absolutos. maximizar o bem---estar dos agentes
Os deveres absolutos de que falo são afetados pelas consequências de
restrições que impõem limites à uma ação, então obter esse
instrumentalização dos indivíduos em resultado é obrigatório, mesmo que
nome do bem---estar geral. A minha por vezes isso implique a violação
ética é deontológica porque o de algum direito. A minha ética não
respeito absoluto pelos direitos da é deontológica porque não admite
pessoa humana implica que haja que haja deveres absolutos que
deveres absolutos ou coisas que é impõem restrições ao que é
absolutamente proibido fazer. possível fazer. A minha ética
centra---se no bem---estar geral que
das ações pode resultar, e
maximizar esse bem---estar é a única
obrigação moral.
O que é a felicidade? É o fim A felicidade é um bem, mas não deve A felicidade é o objetivo
ou objetivo último das ações influenciar as nossas escolhas morais. fundamental da ação moral,
humanas? O fim último da ação moral é o embora não se trate da felicidade
respeito pela pessoa humana, pelo individual nem da felicidade que se
valor absoluto que a sua traduza na redução do bem---estar
racionalidade lhe confere. da maioria das pessoas a quem a
ação diz respeito.

O que é o egoísmo? O egoísmo, impedindo ações O egoísmo é condenável porque


desinteressadas e imparciais, é o impede que se tenha em vista um
grande inimigo da moralidade. fim objetivo, que é a maior
felicidade para o maior número
possível de pessoas.

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