Valores e Valoração

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SUMÁRIO: Os Valores - Análise e Compreensão da

Experiência Valorativa
- Valores e Valoração - A Questão dos
Critérios Valorativos
- Valores e Cultura - A Diversidade e o
Diálogo de Culturas
• Na Aula passada considerámos a ação humana e afirmamos que a liberdade e
a responsabilidade do agente, isto é, as suas decisões fazem-se em função de
motivos, de desejos, de crenças e de valores. Esclarecidos que estão os três
primeiros conceitos, falta ainda conhecer em pormenor o que são os valores.

• A disciplina filosófica que se ocupa do estudo de valores é a axiologia ou


também chamada filosofia dos valores. É a sua função analisar a natureza
dos valores e, como veremos, defini-los a partir da sua relação com o ser
humano.

• Crise de Valores???? Fomentar o diálogo…


Iniciaremos a nossa reflexão sobre esta temática tendo em conta a
experiencia e o modo como a eles habitualmente nos referimos

“Valoramos as mais diferentes coisas. O nosso valor recai sobre todos


os objetos possíveis: água, pão, vestuário, saúde, livros, homens,
opiniões, actos. Tudo isso é objeto das nossas apreciações. E nelas
encontramos já as duas direcções possíveis de todas as nossas
valorações. Isto é: os nossos juízos de valor ora são positivos, ora
negativos; umas coisas parecem-nos valiosas, outras desvaliosas”.
(Johannes Hessen, Filosofia dos Valores, Arménio Amado, p.40)
• O Texto apresenta alguns exemplos de coisas às quais
atribuímos valor. Com efeito, não podemos deixar de
reconhecer que a nossa vida se apresenta repleta de objetos,
pessoas e situações que nos afetam de diversas formas. A
este propósito, é curioso considerar a maneira como
utilizamos a palavra valor em diversas situações e com
diferentes sentidos. Vejamos alguns exemplos:
• O valor de bens de subsistência ou materiais (água, pão,
livros)
• O valor sentimental que atribuímos a dado objeto (um anel
de noivado)
• O valor que, em termos de beleza, atribuímos a uma
pintura ou a uma paisagem;
• Comecemos então por reconhecer que os diferentes objectos ganham
um sentido diferente quando lhe atribuímos valor, isto é, adquirem um
significado (valor) que não teriam se não existisse valoração efetuada por
um sujeito.

• Entendemos por experiência valorativa o acto pelo qual atribuímos e nos


apercebemos dos valores, isto é, o modo como os sentimos e captamos
ao contactar com os diferentes objetos, situações ou pessoas, levando-
nos a considerar tais objetos, situações ou pessoas de uma maneira
diferente: com dado valor – bom ou mau, belo ou feio, justo ou injusto,
• Os valores não se vêem com os olhos, como as cores, nem sequer se
entendem, como os números e os conceitos. A beleza de uma
estátua, a justiça de um acto, a graça de um perfil feminino não são
coisas que se possa entender ou não entender. Apenas se pode “
senti-las”, e, melhor, estimá-las ou não as estimar.

• Estimar é uma função psíquica real – como ver, como entender –


pela qual os valores se nos tornam presentes. E vice-versa, os valores
existem apenas para sujeitos dotados da faculdade de estimar. (Ortega y
Gasset, Introduccion a una estimativa – Qué Son Los Valores?, Ediciones Encuentro, p. 32)
• Comecemos então por reconhecer que os diferentes objectos ganham
um sentido diferente quando lhe atribuímos valor, isto é, adquirem um
significado (valor) que não teriam se não existisse valoração efetuada por
um sujeito.

• Entendemos por experiência valorativa o acto pelo qual atribuímos e nos


apercebemos dos valores, isto é, o modo como os sentimos e captamos
ao contactar com os diferentes objetos, situações ou pessoas, levando-
nos a considerar tais objetos, situações ou pessoas de uma maneira
diferente: com dado valor – bom ou mau, belo ou feio, justo ou injusto,
• Para além dos diversos sentidos do termo valor, podemos
ainda reconhecer presença de quatro elementos
fundamentais a considerar no nosso estudo:

- Diferentes objetos (desde bens materiais a situações e


ações)
- Alguém que se apercebe dos valores, isto é, o sujeito;

- A atribuição do valor ao objeto - a valoração;


- Diferentes valores – úteis, vitais, espirituais: uma
diversidade de valores.
• O valor das relações que mantemos com os outros
(amizade, fraternidade, respeito)
• O valor de uma vida humana;

• Portanto, podemos dizer que o valor dos bens de


subsistência é diferente do valor sentimental que confiro a
um presente que me foi dado por alguém. É óbvio que o
valor de um pão ou de um copo de água poderá ser
diferente em situações-limite (de fome e de sede).

• Ou seja, há vários sentidos que podemos dar a palavra Valor.


• Como sugere o filósofo Ortega y Gasset, somos dotados de uma
capacidade valorativa, de uma faculdade de estimar. É a partir
desta capacidade que nos damos conta de valores.

• Para esclarecer o sentido da distinção entre valores e coisas


(que podemos valorar) importa analisar a maneira como nos
referimos a ambos.
Vimos , no âmbito da dimensão discursiva do trabalho
filosófico, que recorremos a juízos/Preposições para expressar o
que pensamos. Também o fazemos para exprimir o modo como
nos expressamos relativamente às coisas ou factos e
relativamente aos valores
• Dizer que uma chuva de estrelas é um fenómeno natural corresponde a
uma afirmação relativa a um facto; trata-se, efetivamente, de um facto
(uma chuva de estrelas é um fenómeno natural) que facilmente
reconhecemos e comprovamos, se for preciso, recorrendo a nossa
experiência. Já afirmar que uma chuva de estrelas é um espetáculo
indescritível corresponde a um enunciado completamente distinto do
primeiro.

• O fenómeno é o mesmo, mas o modo como nos referimos a ele é


diferente. A primeira afirmação corresponde a um juízo de facto,
enquanto que a segunda corresponde a um juízo de valor. Assim, os
juízos de facto correspondem a afirmações ou proposições que tendem
a ser descritivas e objetivas; os juízos de valor são enunciados que
exprimem as preferências do sujeito e que, por isso, acrescentam ao
fenómeno algo mais - neste caso concreto, a beleza indescritível.
Juízo de facto Juízo de valor
1 - Afirmações/Proposições que 1 – Expressões que pretendem
pretendem descrever a realidade; avaliar a realidade;

2 – São claros e objetivos, isto é, não 2 – São subjetivos, ou seja,


dependem da preferência ou resultam da apreciação e
apreciação de um sujeito; valoração do sujeito;

3 – São empiricamente verificáveis; 3 – Não são empiricamente


verificáveis;
4 – Podem ser verdadeiros ou falsos;
4 – Não falsos nem verdadeiros;
5 – Quando verdadeiros é possível o
seu reconhecimento por todos. 5 – Muitas vezes não são
consensuais; permitem
evidenciar os diferentes valores e
Valores – natureza e características
• As coisas apresentam-se como boas ou más, belas ou
feias, com qualidades ou características que as tornam
preferíveis umas em relação as outras. Preferir
significa, precisamente, eleger algo como melhor do
que. As nossas preferências permitem-nos encontrar
valor nas coisas. Neste sentido, os valores representam
a não indiferença do homem perante os factos e
objectos.
• Os valores apresentam-se em pólos opostos (bom/mau,
belo/feio, justo/injusto) e por isso, dizemos que uma das
suas características é a Polaridade. Todo o valor enfrenta
um contravalor, positivo ou negativo. Para além disso, é
possível classificar os valores considerando a sua
pluralidade. Ou diversidade. Tradicionalmente na axiologia
consideram—se três tipos específicos de valores -estéticos,
éticos e religiosos – que estão na origem das respectivas
disciplinas filosóficas – estética, ética e filosofia da religião.
• No Século XX, muitos filósofos estudaram o problema da classificação dos
valores. Entre eles destaca-se o filósofo alemão Max Scheler, por ter
apresentado uma classificação dos valores reconhecida como sendo uma das
mais adequadas. Consideramos a proposta do filósofo:

• Tábua de valores de Max Scheler


• Valores religiosos: Santo/Profano; divino/demoníaco; milagroso/mecânico;
supremo/derivado.
• Valores éticos ou morais: bom/mau; justo/injusto; leal/desleal
• Valores estéticos: belo/feio; gracioso/tosco; elegante/deselegante;
harmonioso; evidente/provável.
• Valores vitais: forte/fraco; enérgico/inerte, São/enfermo.
• Valores úteis: caro/barato; capaz/incapaz; abundante/escasso.
• Para além da classificação dos valores, pode fazer-se uma
interpretação dos mesmos a partir da sua organização
hierárquica. Trata-se de reconhecer que há valores que têm mais
valor do que outros, sendo necessariamente hierarquizáveis.

• Texto
• “Se tivermos que optar entre salvar a vida de uma criança, que é
uma pessoa, e portanto, contém valores morais supremos, ou
deixar que se queime um quadro, preferiremos que se queime o
quadro. Haverá quem não tenha a intuição dos valores estéticos
e então preferirá salvar um livro de uma biblioteca antes que um
quadro. Isto é o que quer dizer a hierarquia dos valores”.
• Manuel Garcia Morente, Fundamentos de Filosofia – Lições Preliminares, Editora Mestre Jou, p.305
• Assim, e de acordo com Max Scheler, os valores religiosos,
quando presentes na vida do homem, são mais importantes
ou mais valiosos do que os valores morais. No topo da
hierarquia encontra-se os valores ligados à adoção de uma
religião, da crença, enquanto os valores úteis, de todos os
menos valiosos, ocupam a sua base. Quer dizer que a maioria
dos seres humanos abdicaria dos valores úteis, se preciso
fosse, em favor dos éticos; ou abdicaria destes últimos, em
defesa dos religiosos.
• Todavia, a hierarquização dos valores propostos por Max
Scheler não deve ser interpretada como exclusiva ou
definitiva. Diferentes sujeitos constroem as suas tábuas ou
escadas de valores em função das suas experiências e do
significado que lhes atribuem. Bastará partirmos da
constatação de que nem todos os indivíduos seguem uma
religião – como é o caso da posição ateísta – para o
reconhecermos. Cada indivíduo sentirá necessidade de
reajustar a sua escala de valores em função das suas
experiências e necessidades.
• Todavia, a hierarquização dos valores propostos por Max
Scheler não deve ser interpretada como exclusiva ou
definitiva. Diferentes sujeitos constroem as suas tábuas ou
escadas de valores em função das suas experiências e do
significado que lhes atribuem. Bastará partirmos da
constatação de que nem todos os indivíduos seguem um
religião – como é o caso da posição ateísta – para o
reconhecermos. Cada indivíduo sentirá necessidade de
reajustar a sua escala de valores em função das suas
experiências e necessidades.
A dimensão social e cultural dos valores

• É pelo processo de socialização que vamos descobrindo e


assimilando os valores que sustentam as nossas atitudes e
apoiam as nossas ações. Inserindo em grupos, o homem
manifesta a sua natureza cultural, procurando sempre
ultrapassar a sua fragilidade físico-biológico e desafiando a
todo o momento os seus próprios limites. Este desafio
implica a construção de valores. Os valores são, neste
sentido, criações do próprio homem, manifestações da sua
natureza cultural.
• A cultura é um fenómeno universal presente em todos os
tempos e regiões do planeta habitadas pelo homem.
Efectivamente, a cultura surge, numa primeira instância,
como resposta do homem às suas necessidades mais
imediatas: as da sobrevivência e da necessidade de viver-
com-outros.

• Por isso, ela é acção dos indivíduos em sociedade, condição


da sua adaptação ao meio natural e social. Por outro lado, a
cultura surge também como possibilidade de
aperfeiçoamento da própria dimensão natural dos seres
humanos.
• “Toda a cultura é acto e criação do homem; é obra dos
homens. Mas não é uma obra puramente exterior e acidental.
A cultura acha-se profundamente radicada no que há de mais
íntimo no ser humano e tem por isso a mais alta significação
para a compreensão desse ser, sua formação e
desenvolvimento. Pode dizer-se que o homem só consegue
desenvolver-se espiritualmente por meio da cultura e no seio
dela (…).
• E se a cultura deve servir para o aperfeiçoamento do homem,
é evidente que ela também não será senão actuação e
realização dos valores.

Johannes Hessen, Filosofia dos Valores, Arménio Amado, pp.246-247.


Para reflexão…
• Qual a relação dos Valores com a Cultura?
• De que modo é que somos afetados
positivamente/negativamente pela transmissão da
cultura?

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