Espiritualidade Na Contemporaneidade
Espiritualidade Na Contemporaneidade
Espiritualidade Na Contemporaneidade
ESPIRITUALIDADE NA CONTEMPORANEIDADE
Essa sensibilidade messiânica ao sofrimento não tem nada a ver com plangência, com um culto tristonho
ao sofrimento, mas tem tudo a ver com uma mística bíblica da justiça: paixão por Deus como empatia
pelo sofrimento alheio, como mística prática da compaixão. (METZ, 2013, p.19)
sua meta é um crescimento cada vez mais profundo rumo a uma “aliança” entre Deus e o homem, na
qual [...] o eu das pessoas não é misticamente anulado, mas apaixonadamente solicitado, ou seja, exigido
numa mística de “compassio”, a compaixão de Deus, experimentada e comprovada como compaixão.
(METZ, 2013, p.68)
Para Metz, uma revolução antropológica se opera por essa interrupção. Uma força de oposição que
capacita para a interrupção dos contextos terrenos da violência é o que define, para esse teólogo, o espírito
pentecostal: graça de Deus que ensina “aos corações a arte de parar e dar meia volta, quando o “Adão” natural
tenta sempre prosseguir”. Espírito e graça expressam-se como força de oposição quando a opressão geral das
reproduções sociais exige que tudo continue da maneira como está (METZ, 2013, p.139).
Essa nova sensibilidade faz ver que a experiência do mistério de Deus revelado em Jesus acontece
quando se tem os olhos abertos para os sofredores desse mundo, obedecendo sua autoridade. A “mística de
olhos abertos”, como a denomina Metz, sendo uma mística da compaixão, não se restringe a uma tradição
religiosa, mas tem um sentido universal, pois, depois do processo de secularização e da emergência do
pluralismo religioso, a autoridade das vítimas é a que deve valer para todos (METZ, 2013, p.71).
A mensagem bíblica dirigida a todos não é em primeiro lugar um conjunto de leis e doutrinas, mas é
um convite à observância daquele que é o principal mandamento bíblico, o amor a Deus e ao próximo,
entendidos como uma unidade indissolúvel. Na mensagem de Jesus, o amor ao próximo não está ao lado, mas
faz parte do amor a Deus (METZ, 2013, p.93).
Inclui-se também nessa experiência espiritual mística o “escândalo do amor ao inimigo” que implica
a eliminação da base de ódio e violência da vida política (METZ, 2013, p.84).
A mística de olhos abertos é, portanto, uma mística inspirada na justiça de Deus que desce e se coloca
ao lado do sofredor para salvar o mundo pelo poder da compaixão, solidariedade e comunhão.