D.O Menezes Leitão

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Secção I

O Direito das Obrigações


e a definição legal de obrigação

1. A definição de obrigação


O Direito das Obrigações encontra-se essencialmente regulado no Livro
II do Código Civil, cujo art. 397º nos define a própria figura da obriga-
ção como “o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita
para com outra à realização de uma prestação”. Desta definição, em parte
influenciada pelas noções constantes das fontes romanas1, resulta que as
obrigações são situações jurídicas que têm por conteúdo a vinculação de
uma pessoa em relação a outra à adopção de uma determinada conduta
em benefício desta.
No entanto, o conceito de obrigação pode ser igualmente entendido
em sentido amplo, podendo abranger todo e qualquer vínculo jurídico
entre duas pessoas, como sejam os deveres jurídicos genéricos, os ónus

1
 Compare-se esta definição com a das Institutiones de Justinianus (3.13.pr.): “obligatio est
iuris vinculum quo necessitate adstringimur alicuius solvendae rei secundum nostrae civitatis jura”
(obrigação é o vínculo jurídico que necessariamente adstringe alguém a solver uma coisa,
segundo os direitos das nossas cidades). Em texto atribuído a Paulus, em D.44.7.3., é referido
que “obligationum substantia non in eos consistit, ut aliquod corpus nostrum aut servitutem nostram
faciat, sed ut alium nobis obstringat ad dandum aliquid, vel faciendum vel praestandum” (a essência
das obrigações não consiste em fazer nosso algum corpo ou servidão, mas sim em constranger
outros a dar-nos algo ou a fazê-lo, ou a prestá-lo). Destas definições já resulta a concepção
da obrigação como uma relação de direito entre duas pessoas, e não como a sujeição de uma
pessoa a outrem. Cfr. Manuel Duarte Gomes da Silva, Conceito e estrutura da obrigação,
Lisboa, s.e., 1943, p. 11.

11
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

e as sujeições. Haverá, portanto, que efectuar uma contraposição entre a


obrigação e estas figuras afins2.
A sujeição é, conforme se sabe, o correlato passivo dos direitos potes-
tativos, consistindo na necessidade de suportar as consequências jurídicas
correspondentes ao exercício de um direito potestativo3. Um exemplo é a
situação de alguém que tem um prédio entre outro prédio e a via pública
poder ver constituída sobre ele uma servidão legal de passagem em bene-
fício do prédio encravado (art. 1550º). Apesar de um autor ter sustentado
o contrário4, não parece possível incluir no conceito de obrigação a figura
da sujeição, através da criação de uma categoria de direitos de crédito
potestativos. Efectivamente, no estado de sujeição não é possível obstar
a que surjam os efeitos jurídicos correspondentes ao exercício do direito
potestativo, não havendo, portanto, possibilidade de violação da sujeição.
Pelo contrário, a obrigação é eminentemente violável, ainda que o deve-
dor acarrete nesses casos com a sanção da indemnização (art. 798º) ou da
execução do seu património (art. 817º)5.
O ónus consiste na necessidade de adoptar uma conduta em proveito
próprio, ou seja, na necessidade de realizar certo comportamento para bene-
ficiar de uma situação favorável. Um exemplo é o ónus da prova, referido no
art. 342º. A obrigação não se confunde com o ónus uma vez que consiste
num dever jurídico, imposto em benefício de outra pessoa, o credor (cfr.
art. 398º, nº 2). Pelo contrário, aquele que está onerado pelo ónus não tem
qualquer dever6, pelo que o seu não acatamento não se pode considerar ilí-
cito, traduzindo-se apenas na perda ou na não obtenção de uma vantagem.

2
 Cfr. M anuel de Andr ade, Teoria Geral das Obrigações, com a colaboração de Rui de
Alarcão, 3ª ed., Coimbra, Almedina, 1966, pp. 3 e ss., Inocêncio Galvão Telles, Direito
das Obrigações, 7ª ed., Coimbra, Coimbra Editora, 1997, pp. 9 e ss., Antunes Var ela,
Das Obrigações em geral, I, 10ª ed., Coimbra, Almedina, 2000, pp. 51 e ss., Mário Júlio de
Almeida Costa, Direito das Obrigações, 12ª ed., Coimbra, Almedina, 2009, pp. 65 e ss.,
Menezes Cordeiro, Direito das Obrigações, 1º, Lisboa, AAFDL, 1980 (reimp.), pp. 9 e ss.,
Ribeiro de Faria, Direito das Obrigações, I, Coimbra, Almedina, 1987, pp. 17 e ss.
3
 Cfr. Manuel de Andrade, Obrigações, p. 3 e António Menezes Cordeiro, Tratado
de Direito Civil Português, I – Introdução. Fontes do Direito. Interpretação da Lei. Aplicação das Leis
no Tempo. Doutrina Geral, 4ª ed., Coimbra, Almedina, 2012, pp. 896 e ss.
4
 Cfr. Menezes Cordeiro, Obrigações, 1º, pp. 253 e ss. e 305 e ss., e Tratado, VI, pp. 360-361.
5
 No mesmo sentido, Ribeiro de Faria, Obrigações, I, p. 23.
6
 Não concordamos com Ribeiro de Faria, Obrigações, I, p. 25, quando admite a qualificação
do ónus como “dever para consigo próprio”.

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O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E A DEFINIÇÃO LEGAL DE OBRIGAÇÃO

O dever jurídico genérico consiste na situação em que se encontram


os outros sujeitos relativamente aos titulares de direitos absolutos. Relati-
vamente a direitos de personalidade, como a vida, ou a direitos reais como
a propriedade, todos os outros sujeitos estão obrigados a um dever geral
de respeito, cuja infracção pode acarretar responsabilidade civil com o
correspondente dever de indemnizar os danos sofridos pelo titular (art.
483º). Este dever geral de respeito, por vezes impropriamente designado
como obrigação passiva universal não se confunde, porém, com a obriga-
ção em sentido próprio, referida no art. 397º. Efectivamente nesta existe
um vínculo específico, que se traduz numa relação jurídica entre credor
e devedor. Pelo contrário, os direitos absolutos são direitos sem relação,
pelo que o dever geral de respeito não passa de uma simples expressão do
princípio do neminem laedere, não se podendo considerar como um vínculo
específico que autorize uma pessoa a exigir de outrem uma prestação7.
O que caracteriza a obrigação em relação a estas figuras é a circunstân-
cia de determinada pessoa se encontrar adstrita a realizar uma específica
conduta, positiva ou negativa, no interesse de outra, também determinada
(ou determinável). Essa conduta é designada por prestação.

2. Objecto e características do Direito das Obrigações


O Direito das Obrigações assume-se como um ramo do Direito Civil que
constitui, como se sabe, o Direito privado comum. Por esse motivo goza
das características do Direito Privado: a liberdade e a igualdade. Em prin-
cípio, os sujeitos das relações obrigacionais têm os mesmos poderes e são
livres de fazer tudo o que não se encontre abrangido por uma proibição.
Pelo contrário, o Direito Público rege-se pelas características da autori-
dade e da competência. Uma das partes tem só por si o poder de provocar
modificações na esfera jurídica alheia e só pode praticar os actos para os
quais a lei lhe atribui competência8.
Esta diferenciação tem reflexos no controle da motivação dos sujeitos.
Enquanto que no Direito Público as decisões são vinculadas e, portanto,
a sua motivação é sempre relevante, no Direito Privado a actuação dos

7
 Contestando a qualificação do neminem laedere como obrigação em sentido técnico, veja-
se Lodovico Barassi, La Teoria Generale delle Obbligazioni, I – La struttura, 2ª ed. (reimp.),
Milano, Giuffrè, 1963, pp. 117, que salienta que o conteúdo do preceito de agir correctamente
seria demasiado indeterminado e variável para poder ser objecto de uma obrigação.
8
 Cfr. Menezes Cordeiro, Tratado, I, pp. 99 e ss.

13
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

sujeitos insere-se na sua liberdade de decisão, não relevando a motivação


com que foi tomada, salvo em casos graves de desconformidade ao sistema
jurídico, como na hipótese de abuso de direito9.
No âmbito da classificação germânica do Direito Civil que como se sabe
distingue, além de uma parte geral, entre dois ramos de características
estruturais, as Obrigações e os Direitos Reais, e dois ramos de caracterís-
ticas institucionais, o Direito da Família e o Direito das Sucessões, a auto-
nomização do Direito das Obrigações tem uma base estrutural: a distinção
entre direitos de crédito e direitos reais, herdeira da velha contraposição
romana entre as actiones in rem e as actiones in personam. Normalmente é dito
que o Direito das Obrigações se refere à transmissão dos bens, enquanto o
Direito das Coisas se refere ao domínio estático dos bens10. Mas mais pre-
cisamente se deve dizer que enquanto o Direito das Obrigações se refere
à regulação de fenómenos futuros (prestação de coisas ou factos) o Direito
das Coisas abrange a regulação de situações jurídicas já existentes (direi-
tos sobre coisas)11.
A unidade do Direito das Obrigações é assim fornecida em função do
conceito de obrigação, tratando-se de um ramo de Direito cuja unidade
não resulta de uma semelhança funcional ou material entre as relações da
vida que regula, mas antes de uma semelhança de consequências jurídicas
geradas a partir de uma relação obrigacional. Sempre que surja estrutu-
ralmente a vinculação de uma pessoa para com outra à adopção de deter-
minada conduta, essa situação é potencialmente regulada pelo Direito das
Obrigações, o que só não se verificará se ocorrer a sua absorção por uma
instituição pertencente a outro ramo do Direito.
Por esse motivo, o Direito das Obrigações abrange matérias sujeitas
a campos jurídicos distintos, as quais são unicamente unificadas através
do conceito de obrigação. Menezes Cordeiro inclui entre esses cam-
pos a circulação de bens, as prestações de serviços, e as sanções civis12.
Já Gernhuber aponta, entre as funções desempenhadas pelo Direito das

9
 Cfr. Oliveir a Ascensão, Direito Civil. Teoria Geral. I – Introdução. As Pessoas. Os bens,
2ª ed., Coimbra, Coimbra Editora, 2000, pp. 12-13
10
 Cfr. Ernst A. Kr amer, em AAVV, Münchener Kommentar zum Bürgerlichen Gesetzbuch,
2- Schuldrecht, Allgemeiner Teil (§§ 241-432), 5ª ed., München, Beck, 2007, Einl, p. 4, nr 1.
11
 Assim, K arl Larenz, Lehrbuch des Schuldrechts, I- Allgemeiner Teil , 14º ed., München,
Beck, 1987, § 1, p. 4.
12
 Cfr. António Menezes Cordeiro, Obrigações, 1º, p. 17.

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O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E A DEFINIÇÃO LEGAL DE OBRIGAÇÃO

Obrigações, a sua aptidão genérica para regular situações da vida, a trans-


missão dos bens, o gozo de bens alheios, a prestação de serviços, a com-
pensação, a intervenção em patrimónios ou direitos alheios, os elementos
de organização e a segurança da existência13.
A nosso ver, o Direito das Obrigações abrangerá essencialmente as
seguintes realidades:
– Circulação de bens;
– Prestação de serviços
– Instituição de organizações;
– Sanções civis para comportamentos ilícitos e culposos;
– Compensação por danos, despesas ou pela obtenção de um enri-
quecimento.

Relativamente à circulação de bens, são abrangidas pelo Direito das


Obrigações todas as situações das quais resulte alteração na ordenação
jurídica dos bens através de negócios jurídicos. Assim, são regulados pelo
Direito das Obrigações a transmissão dos direitos reais (cfr. art. 408º) e
os contratos que a desencadeiam – como a compra e venda (arts. 874º e
ss.) ou a doação (arts. 940º e ss.) – bem como a concessão de gozo de bens
alheios – através de contratos como a locação (arts. 1022º e ss.) ou o como-
dato (arts. 1129º e ss.) – bem como os fenómenos de transmissão de cré-
ditos e de dívidas – através dos institutos da cessão de créditos (arts. 577º
e ss.), sub-rogação (arts. 589º e ss.), assunção de dívida (arts. 595º e ss.) e
cessão da posição contratual (arts. 424º e ss.).
Relativamente à prestação de serviços, esta é genericamente abrangida
pelo Direito das Obrigações através do contrato de prestação de serviços
(arts. 1154º e ss.), uma modalidade contratual atípica, que a lei regula em
três modalidades típicas: o mandato (arts. 1157º e ss.), o depósito (arts.
1185º e ss.) e a empreitada (art. 1207º e ss.). O importante contrato de tra-
balho (cfr. art. 1152º) é, no entanto, deixado para legislação especial (art.
1153º), a qual justifica a autonomização de um novo ramo do Direito: o
Direito do Trabalho.

 Cfr. Gernhuber, Das Schuldverhältnis (Begrendung und Anderung, Pflichten und Strukturen,
13

Drittwirkungen), Tübingen, Mohr, 1989, pp. 3 e ss.

15
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Relativamente à instituição de organizações, temos o contrato de socie-


dade civil (arts. 980º e ss.)14, que aparece regulado pelo Direito das Obri-
gações como a forma comum de associação de pessoas para a exploração
de uma actividade económica lucrativa. Já a matéria das sociedades comer-
ciais é, no entanto, relegada para o Direito Comercial e sujeita inclusiva-
mente a um Código próprio.
Depois, temos a matéria relativa às sanções civis para comportamen-
tos ilícitos e culposos dos privados. Estas sanções civis consistem essen-
cialmente na obrigação de indemnizar os danos causados (arts. 562º e
ss.), cuja fonte é genericamente designada por responsabilidade civil. No
âmbito da responsabilidade civil subjectiva, o sistema do Código distingue
a responsabilidade civil delitual (arts. 483º e ss.) da responsabilidade civil
obrigacional (arts. 798º e ss.) consoante esteja em causa a violação de uma
situação jurídica absoluta, ou antes a violação de obrigações. A sanção civil
aparece aqui associada a uma função de compensação dos danos sofridos
pelo lesado, levando a que por vezes seja obliterada perante a valorização
deste último aspecto.
Finalmente, temos a matéria relativa à compensação por danos, des-
pesas ou obtenção de um enriquecimento. A matéria da compensação de
danos é abrangida pela responsabilidade pelo risco (arts. 499º e ss.) que,
apesar de dar igualmente origem a uma obrigação de indemnização, não
se apresenta neste caso como tendo natureza sancionatória, visando exclu-
sivamente a compensação dos danos segundo critérios objectivos de repar-
tição do risco. Já a compensação de despesas é abrangida pela gestão de
negócios (art. 464º e ss.), instituto que visa tutelar as actuações realizadas
sem autorização em benefício de outrem. Finalmente, a compensação do
enriquecimento é abrangida pelo instituto do enriquecimento sem causa
(arts. 473º e ss.), que visa precisamente determinar a compensação dos
enriquecimentos obtidos injustamente à custa de outrem.
Tendo origem essencialmente romanística, o Direito das Obrigações
assumiu-se como um eco jurídico do sistema de ordenação, produção e

 Para Menezes Cordeiro, Obrigações, 1º, p. 16, o contrato de sociedade seria uma figura
14

que releva simultaneamente da transmissão de bens e da prestação de serviços. Conforme


salientámos em “O Contrato de Sociedade Civil”, em Menezes Cordeiro (org.), Direito
das Obrigações, 3º – Contratos em especial, Lisboa, AAFDL, 1991, pp. 97-184 (123), parece-nos
antes que o elemento preponderante deste contrato reside antes na sua função associativa, o
que justifica a sua qualificação como contrato associativo ou de organização.

16
O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E A DEFINIÇÃO LEGAL DE OBRIGAÇÃO

distribuição dos bens na sociedade económica de mercado15, o que levou


inclusivamente à defesa da sua imunidade em relação a modificações sociais
e invariabilidade no tempo e no espaço16, o que configuraria o denomi-
nado “dogma da geometria euclidiana das obrigações”17. Esta concepção
mostrou-se, no entanto como errada, já que o Direito das Obrigações não
deixou de receber as concepções derivadas do moderno Estado Social, de
que é exemplo a protecção da parte mais fraca nos contratos18, bem como
reagir à crescente valorização económica da movimentação dos bens, atra-
vés da tutela das possibilidades de seu aproveitamento económico e ima-
terial, na responsabilidade civil e no enriquecimento sem causa19.
Daqui resulta a importância do Direito das Obrigações, uma vez que
abrange praticamente todo o comércio jurídico-privado – com excepção
das matérias reservadas ao Direito Comercial – e todas as sanções civis para
a actuação dos privados, bem como diversos institutos destinados a efec-
tuar a compensação por danos ou despesas verificadas ou por aquisições
obtidas à custa alheia. Para além disso, a apurada técnica que se foi desen-
volvendo desde os juristas romanos torna-o um campo privilegiado para a
investigação dogmática mais avançada, levando a que seja um dos ramos
de Direito que mais influência exerce noutros ramos de Direito, mesmo
que sejam de Direito Público, como sucede com o Direito Administrativo
ou o Direito Fiscal. O Direito das Obrigações constitui, por isso, talvez o
ramo de Direito que mais importância desempenha na formação do jurista.

15
 Cfr. Josef Esser /Eik e Schmidt, Schuldrecht, I – Allgemeiner Teil, 7ª ed., Müller,
Heidelberg, 1992, § 1, I, p. 2.
16
 Cfr. Manuel de Andr ade, Obrigações, pp. 13 e ss., Antunes Varela, Obrigações, I,
pp. 25 e ss., Ribeiro de Faria, Obrigações, 1º, pp. 9 e ss.
17
 Cfr. Calvão da Silva, Cumprimento e sanção pecuniária compulsória, Coimbra, Separata do
BFD 30, 1987, pp. 54 e ss.
18
 Cfr. Esser/Schmidt, § 1 II, p. 7. Entre nós, veja-se António Pinto Monteiro,
Cláusulas limitativas e de exclusão da responsabilidade civil, Coimbra, Separata do BFD 28, 1985,
pp. 3 e ss. e Calvão da Silva, Cumprimento, pp. 32 e ss.
19
 Cfr. Esser/Schmidt, § 1 II, p. 12. Cfr. Luís Menezes Leitão, O Enriquecimento sem
Causa no Direito Civil, Lisboa, C.E.F., 1996, pp. 747 e ss., reed. Coimbra, Almedina, 2005,
pp. 720 e ss., Júlio Gomes “O dano da privação do uso”, em RDE 12 (1986), pp. 169-239 e
O conceito de enriquecimento, o enriquecimento forçado e os vários paradigmas do enriquecimento sem
causa, Porto, U.C., 1998, pp. 214 e ss.

17
ÍNDICE

INTRODUÇÃO

SECÇÃO I: O DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E A DEFINIÇÃO LEGAL


DE OBRIGAÇÃO 11
1. A definição de obrigação 11
2. Objecto e características do Direito das Obrigações 13

SECÇÃO II: PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 19


1. O princípio da autonomia privada 19
1.1. A autonomia privada e o negócio jurídico 19
1.2. A liberdade contratual e os seus conteúdos 21
1.3. Restrições à liberdade contratual 23
1.3.1. Generalidades 23
1.3.2. Restrições à liberdade de celebração 25
1.3.3. Restrições à liberdade de estipulação. Contratos submetidos
a um regime imperativo, cláusulas contratuais gerais e contratos
pré-formulados 27
2. O princípio do ressarcimento dos danos 49
3. O princípio da restituição do enriquecimento injustificado 52
4. O princípio da boa fé 53
5. O princípio da responsabilidade patrimonial 57

SECÇÃO III: CONCEITO E ESTRUTURA DA OBRIGAÇÃO 65


1. Generalidades 65
2. As teorias personalistas 66
2.1. O crédito como um direito sobre a pessoa do devedor 66
2.2. O crédito como um direito à prestação (teoria clássica) 68

531
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

3. As teorias realistas 69
3.1. O crédito como um direito sobre os bens do devedor 69
3.2. O crédito como relação entre patrimónios 73
3.3. O crédito como um direito à transmissão dos bens do devedor 74
3.4. O crédito como expectativa da prestação, acrescida de um direito
real de garantia sobre o património do devedor 77
4. As teorias mistas 78
5. As doutrinas sustentando a complexidade do vínculo obrigacional 83
5.1. A obrigação como organismo, como estrutura e como processo 83
6. Posição adoptada 86

SECÇÃO V: CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO 89


1. Generalidades 89
2. A patrimonialidade 89
3. A mediação ou colaboração devida 92
4. A relatividade 93
5. A autonomia 97
6. Conclusão 99

SECÇÃO V: DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS DE CRÉDITO


E DIREITOS REAIS 101
1. A distinção entre direitos de crédito e direitos reais 101
2. A questão dos direitos pessoais de gozo 104

SECÇÃO VII: OBJECTO DA OBRIGAÇÃO: A PRESTAÇÃO 111


1. Delimitação do conceito de prestação 111
2. Requisitos legais da prestação 112
2.1. Generalidades 112
2.2. Possibilidade física e legal 113
2.3. Licitude 114
2.4. Determinabilidade 115
2.5. Não contrariedade à ordem pública e aos bons costumes 116

SECÇÃO VIII: A COMPLEXIDADE INTRA-OBRIGACIONAL


E OS DEVERES ACESSÓRIOS DE CONDUTA 119

SECÇÃO IX: MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES 123


1. As obrigações naturais. Problemática da sua inserção no conceito
de obrigação 123
2. Classificação das obrigações em função dos tipos de prestações 128

532
ÍNDICE

2.1. Generalidades 128


2.2. Prestações de coisa e prestações de facto 128
2.3. Prestações fungíveis e prestações infungíveis 131
2.4. Prestações instantâneas e prestações duradouras 133
2.5. Prestações de resultado e prestações de meios 137
2.6. Prestações determinadas e prestações indeterminadas 138
2.6.1. Generalidades 138
2.6.2. As obrigações genéricas 140
2.6.3. As obrigações alternativas. Distinção das obrigações
com faculdade alternativa 146
2.7. As obrigações pecuniárias 150
2.7.1. Generalidades 150
2.7.2. Obrigações de quantidade 152
2.7.3. Obrigações em moeda específica 155
2.7.4. Obrigações em moeda estrangeira 156
2.8. Obrigações de juros 157
3. Indeterminação e pluralidade de partes na relação obrigacional 161
3.1. A indeterminação do credor na relação obrigacional 161
3.2. A pluralidade de partes na relação obrigacional 162
3.2.1. Generalidades 162
3.2.2. As obrigações conjuntas ou parciárias 163
3.2.3. As obrigações solidárias 164
3.2.3.1. Generalidades 164
3.2.3.2. O regime da solidariedade passiva 166
3.2.3.3. O regime da solidariedade activa 168
3.2.4. As obrigações plurais indivisíveis 170
3.2.5. Outras modalidades de obrigações plurais 172

PARTE I
DA CONSTITUIÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

SECÇÃO I: CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES DAS OBRIGAÇÕES 175


1. As diversas classificações de fontes das obrigações 175
2. Posição adoptada 178

SECÇÃO 2: FONTES DAS OBRIGAÇÕES BASEADAS NO PRINCÍPIO


DA AUTONOMIA PRIVADA 183
1. O contrato 183
1.1. Generalidades 183
1.2. Modalidades de contratos 185

533
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

1.2.1. Classificação dos contratos quanto à forma 185


1.2.2. Classificação dos contratos quanto ao modo de formação 187
1.2.3. Classificação dos contratos quanto aos efeitos 190
1.2.3.1. Contratos obrigacionais e reais 190
1.2.3.2. A cláusula de reserva de propriedade 194
1.2.4. Classificação dos contratos entre sinalagmáticos
e não sinalagmáticos 198
1.2.5. Classificação dos contratos entre onerosos e gratuitos 201
1.2.6. Classificação dos contratos entre comutativos e aleatórios 202
1.2.7. Contratos nominados e inominados. Contratos típicos e atípicos 203
1.2.8. Contratos mistos 204
1.2.9. A união de contratos 209
1.3. Os contratos preliminares 210
1.3.1. Generalidades. Distinção entre contratos preliminares
e contratação mitigada 210
1.3.2. O contrato-promessa 212
1.3.2.1. Noção e regime aplicável. O princípio da equiparação 212
1.3.2.2. Modalidades de contrato-promessa 214
1.3.2.3. Forma do contrato-promessa 215
1.3.2.4. Transmissão dos direitos e obrigações emergentes
do contrato-promessa 221
1.3.2.5. A execução específica 222
1.3.2.6. Articulação com o regime do sinal 226
1.3.2.7. A atribuição do direito de retenção ao promitente
que obteve a tradição da coisa 240
1.3.2.8. A eficácia real do contrato-promessa 243
1.3.3. Pacto de preferência 245
1.3.3.1. Noção e qualificação jurídica 245
1.3.3.2. Forma do pacto de preferência 246
1.3.3.3. Os direitos de preferência com eficácia real 246
1.3.3.4. A obrigação de preferência 247
1.3.3.5. A violação da obrigação de preferência 253
1.3.3.6. A natureza da obrigação de preferência 259
1.4. O conteúdo dos contratos 260
1.4.1. Contrato a favor de terceiro 260
1.4.1.1. Definição e estrutura do contrato a favor de terceiro 260
1.4.1.2. Modalidades de contrato a favor de terceiro 262
1.4.1.3. O regime normal do contrato a favor de terceiro 262
1.4.1.4. Regimes especiais 265
1.4.2. O contrato para pessoa a nomear 267

534
ÍNDICE

1.4.2.1. Noção e regime 267


1.4.2.2. Natureza jurídica 269
2. Negócios unilaterais 270
2.1. O problema da eficácia dos negócios unilaterais 270
2.2. Promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida 273
2.3. Promessa pública 275
2.4. Concurso público 276

SECÇÃO 3: FONTES DAS OBRIGAÇÕES BASEADAS NO PRINCÍPIO


DO RESSARCIMENTO DOS DANOS 277
1. A responsabilidade civil como fonte das obrigações. Classificações
da responsabilidade civil 277
2. A responsabilidade civil por factos ilícitos 281
2.1. A responsabilidade delitual 281
2.1.1. Pressupostos genéricos da responsabilidade delitual 281
2.1.1.1. O facto voluntário do lesante 281
2.1.1.2. A ilicitude 283
2.1.1.3. A culpa 307
2.1.1.4. O dano 327
2.1.1.5. O nexo de causalidade entre o facto e o dano 341
2.2. A responsabilidade obrigacional 348
2.3. A “terceira via” na responsabilidade civil 350
2.3.1. A admissão de uma terceira via na responsabilidade civil 350
2.3.2. A responsabilidade pré-contratual. 353
2.3.3. A culpa post pactum finitum 360
2.3.4. O contrato com eficácia de protecção para terceiros 361
2.3.5. A relação corrente de negócios 362
3. A responsabilidade pelo risco 363
3.1. O fundamento da imputação pelo risco 363
3.2. Casos de responsabilidade pelo risco 364
3.2.1. A responsabilidade do comitente 364
3.2.2. A responsabilidade do Estado e de outras pessoas colectivas
públicas 369
3.2.3. Danos causados por animais 370
3.2.4. Danos causados por veículos 371
3.2.4.1. Danos causados por veículos de circulação terrestre 371
3.2.4.2. Danos causados por outros veículos 384
3.2.5. Danos causados pela utilização efectiva de instalações
de energia eléctrica ou de gás 389
3.2.6. A responsabilidade do produtor 391

535
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

4. A responsabilidade pelo sacrifício 397


5. A obrigação de indemnização 399
5.1. Generalidades 399
5.2. Formas de indemnização 400
5.3. Compensatio lucri cum damno e cessão dos direitos do lesado 403
5.4. Titularidade do direito de indemnização 403
5.5. Prescrição da obrigação de indemnização 405

SECÇÃO 4: FONTES DAS OBRIGAÇÕES BASEADAS NO PRINCÍPIO


DA RESTITUIÇÃO DO ENRIQUECIMENTO INJUSTIFICADO 407
1. O enriquecimento sem causa como fonte das obrigações 407
2. Configuração dogmática do instituto 409
3. Modalidades de enriquecimento sem causa 419
3.1. O enriquecimento por prestação 419
3.1.1. Conceito e modalidades típicas 419
3.1.2. A repetição do indevido 421
3.1.3. A restituição da prestação por posterior desaparecimento
da causa 424
3.1.4. A restituição da prestação por não verificação do efeito
pretendido 425
3.1.5. O problema das atribuições patrimoniais indirectas 427
3.2. O enriquecimento por intervenção 428
3.2.1. Conceito e situações abrangidas 428
3.2.2. Configuração dogmática 433
3.3. O enriquecimento resultante de despesas efectuadas por outrem 437
3.3.1. Generalidades 437
3.3.1. O enriquecimento por incremento de valor de coisas alheias 438
3.3.2. O enriquecimento por pagamento de dívidas alheias 439
3.3.2. A necessidade de tutela do enriquecido contra a imposição
do enriquecimento 442
3.4. O enriquecimento por desconsideração de património 445
4. Pressupostos genéricos do enriquecimento sem causa 446
4.1. Generalidades 446
4.2. O enriquecimento 446
4.3. A obtenção do enriquecimento à custa de outrem 450
4.4. A ausência de causa justificativa 455
5. A obrigação de restituição por enriquecimento sem causa 458
5.1. Objecto da obrigação de restituição 458
5.1.1. Concepção real e concepção patrimonial da restituição 458
5.1.2. Posição adoptada 462

536
ÍNDICE

5.2. Agravamento da obrigação de restituir 473


5.3. Transmissão da obrigação de restituir 477
5.4. Prescrição do direito à restituição 479

SECÇÃO V: SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DE FONTES DE OBRIGAÇÕES


NÃO BASEADAS EM PRINCÍPIOS GERAIS 481
1. Generalidades 481
2. A gestão de negócios 481
2.1. Conceito e função da gestão de negócios 481
2.2. Pressupostos da gestão de negócios 483
2.2.1. Análise geral 483
2.2.2. A assunção da direcção de negócio alheio 483
2.2.3. A exigência de que a gestão se faça no interesse e por conta
do dominus 485
2.2.4. A falta de autorização 487
2.3. Deveres do gestor para com o dono do negócio 487
2.4. A responsabilidade do gestor 491
2.5. Deveres do dono do negócio para com o gestor 492
2.6. A aprovação da gestão 493
2.7. Posição do dono do negócio em face de terceiros 493
2.7.1. Generalidades 493
2.7.2. A gestão de negócios representativa 494
2.7.3. A gestão de negócios não representativa 495
2.8. A gestão de negócios alheios julgados próprios e a gestão
de negócios imprópria 496
3. Relações contratuais de facto 498
3.1. Conceito e modalidades 498
3.2. Apreciação da necessidade de autonomização dogmática
desta categoria 504
4. Outras situações de facto 506

bibliografia 509

537

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