2019 Plano Gestao Territorial Ambiental Ti Zoe
2019 Plano Gestao Territorial Ambiental Ti Zoe
2019 Plano Gestao Territorial Ambiental Ti Zoe
BOKITUTEHA RAM
Planejando como vamos continuar vivendo bem no futuro
Plano de Gestão T erritorial e A mbiental | TI Zo’ é
realização
apoio
MINISTÉRIO DA MINISTÉRIO DO
ECONOMIA MEIO AMBIENTE
Santarém, 2019
6 apresentação
8 P articipantes das reuniões de construção deste P lano
10 C omo ler este documento : sessões , línguas , conceitos
122 parcerias
123 C omo foi construído este P lano
129 D esafios para a implementação deste P lano
6
Este é o Plano de Gestão Territorial e Ambiental elaborado com
os Zo’é, que vivem no interflúvio Erepecuru-Cuminapanema, norte
do Pará, numa terra demarcada e homologada em 2009, com 668.565
hectares.
PGTA | TI Zo’ é
entre o Instituto de Pesquisa e Formação Indígena – Iepé e a Frente
de Proteção Etnoambiental Cuminapanema – FPEC/Funai, apoiada
pelo Projeto Bem Viver Sustentável do Fundo Amazônia.
7
Participantes das reuniões de construção deste Plano
Aldeia Buruwa: Hãj, Jus5, Karu e Mereten
Aldeia Manga: Aj’jã ra’yt, Awapo’í, Kij7, Kubi’e uhu, Puku, Tereren e Wej ra’yt
Aldeia Naret: Bajio, Dijeri tenon, Hun, Kisiriguhu, Riru, Supi, Take e Tap5
Aldeia Pada’y: Ka’i, Kurupaj, Raby, Sarara, Sen5, S5ra’yt e Wej uhu
8
Participação especial
Awapo’í, Boj, Hun, Kita, Kubi’e uhu, Kurupaj, Kwa’í, Mima, Riru,
Sarara, Simirã, Supi, Tereren, Tok9 e Ke’iapo.
PGTA | TI Zo’ é
apresentação
9
Como ler este documento: sessões, línguas, conceitos
Partes e sessões
O Plano de Gestão Territorial e Ambiental
da TI Zo’é está dividido em quatro partes,
cada uma trazendo várias sessões temáticas
e alguns box com textos complementares.
10
Línguas
A primeira e a terceira partes do Plano foram redigidas somente
em português. Já as diretrizes delineadas pelos Zo’é na parte central,
foram discutidas e escritas em sua língua e, depois, em português.
Os Zo’é vivem um processo recente de letramento na sua língua,
em que são fluentes. Ainda não escrevem nem leem em português,
justamente por não falarem bem a língua. Assim, as palavras do
português que eles incorporaram no seu cotidiano aparecem escritas
conforme a convenção adotada para a grafia da língua zo’é. Por
exemplo, em zo´é, Funai se escreve Punaj , Saúde se escreve Sauji ,
Zo’é é grafado Jo’e .
PGTA | TI Zo’ é
português, afirmam com vigor que desejam continuar aprendendo.
apresentação
para descrever a situação fundiária de sua terra indígena. Sabemos
que, para elaborar traduções e criar palavras em sua língua capazes
de transpor práticas e saberes muito específicos da cultura técnico-
administrativa utilizados pela sociedade brasileira, eles precisarão
de tempo e, sobretudo, de apoio adequado para que tal aprendizado
aconteça de modo a fortalecer sua autonomia cultural.
11
Conceitos zo’é
Se os Zo’é ainda não se detiveram na transposição para sua língua
de palavras como “decreto”, “alvará”, “epidemiologia”, “intangível”
etc., em contrapartida, devemos atentar para a riqueza conceitual
do pensamento e da língua deste povo. A seguir, são explicitados
alguns termos indígenas de difícil tradução, que precisam ser
adequadamente compreendidos e respeitados, pois são essenciais
na fundamentação deste Plano.
Rekoha
Essa é uma noção fundamental nos modos de organização
sociopolítica e territorial dos Zo’é. Pode ser traduzida como
“território”, no sentido de lugares ocupados e percorridos por alguma
pessoa ou grupo que construiu uma relação de domínio sobre essa
área. Assim, um rekoha é normalmente referido a determinado líder
(como: Hun rekoha ). Desde o processo de delimitação da TI e ao
longo dos últimos vinte anos, os Zo’é vêm consolidando uma noção
de terra coletiva, identificada como Jo’e rekoha , “nosso território”.
Kõ, Wan
Esses termos indicam a formação de coletivos, designados pelo
nome de um líder (como Biri kõ : o “pessoal” de Biri) ou pelo nome
de uma aldeia dentre outras, tida como central na área ocupada por
tal grupo assim determinado (como: Manga iwan , Nareri wan ). Esses
grupos locais não são unidades nem fechadas nem fixas, e por isso
não correspondem a famílias, mas aos laços entre distintas famílias
extensas que optam, por um certo tempo, conviver numa mesma região.
12
Je ije ijyj, tytyte
Esses termos designam os movi-
mentos de aproximação e distancia-
mento que, ao juntar e separar pessoas,
conformam famílias extensas reunidas
por territórios. O primeiro pode ser tra-
duzido como “ir e vir”, o segundo como
“afastar-se”. Ambos denotam a impor-
tância desses deslocamentos na vida
dos Zo’é. Hoje, ambas as palavras são
utilizadas para enfatizar a importância
da mobilidade territorial, que garante
seu bem-viver.
Ba’u
Esta é uma palavra utilizada em
múltiplos contextos, tanto quando
se cuida da saúde de uma pessoa,
quanto para indicar a necessidade de
atenção aos perigos numa caminhada
pela mata ou num passeio na cidade.
O termo é também utilizado hoje para
se reportar às ações de vigilância
realizadas pelos Zo’é quando circulam
PGTA | TI Zo’ é
pelos limites de sua terra. Por
extensão, ba’u indica o conjunto de
cuidados necessários à manutenção
da integridade da terra demarcada, ou
apresentação
seja, corresponde ao que se costuma
entender por ‘gestão’.
13
O povo Zo'é
e sua Terra Indígena
14
Esta primeira parte do documento inclui algumas informações
importantes para conhecer a história e a organização sociopolítica dos
Zo’é, bem como para entender o processo de regularização da TI ao
longo das últimas décadas. Essas explicações, organizadas em blocos
temáticos, preparam a leitura dos textos da próxima sessão, elaborados
coletivamente pelos Zo’é como diretrizes do Plano de Gestão.
Autodenominação
Os índios do Cuminapanema se reconhecem hoje como Zo’é, um termo
que significa simplesmente “nós mesmo”. Um pronome se consolidou aos
poucos como uma autodenominação, um termo que os diferencia dos não-
índios chamados kirahi . Nos anos 1980, quando começaram a conviver
com missionários e com servidores da Funai, a palavra jo’e não era usada
para designar a si mesmos, mas sim para identificar qualquer pessoa
que adquirisse alguma proximidade passando, então, a ser considerada
“gente como nós”. O pronome se transforma em etnônimo quando os
Zo’é aprendem a se pensar como “índios”, uma categoria social antes
desconhecida por eles, que só pôde surgir na trajetória de convivência
com os diferentes grupos de não-indígenas.
PGTA | TI Zo’ é
quando alguém apontava para seus rostos, buscando saber seu nome.
15
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Encontros com kirahi e com a Missão Novas Tribos
Os Zo’é foram apresentados ao mundo em 1989 como os índios
do Cuminapanema, em reportagens jornalísticas que enfatizavam
a “pureza” e a “fragilidade” desse povo, os descrevendo como um
dos últimos grupos “intactos” na Amazônia. O fato de constituírem
uma das raras etnias ainda “não atingidas” nem pela mensagem
evangélica, nem pela assistência oficial, chamou a atenção de
membros americanos e brasileiros da Missão Novas Tribos - MNT,
que iniciaram o seu trabalho na região em 1982. Foram cinco anos de
sucessivas entradas e saídas das aldeias, para “pacificar” os Zo’é,
até que em 1987 eles instalaram sua base “Esperança” na porção
sul da atual TI Zo’é. Ali, passaram a controlar sozinhos o processo
de acomodação dos Zo’é à nova situação, até a Funai assumir a área
em 1991.
PGTA | TI Zo’ é
Em 1975, eles foram surpreendidos por visitas mais espetaculares,
quando um helicóptero do Instituto de Estudos e Pesquisas do Pará
despejou embrulhos com roupas e objetos sobre a aldeia Kejã. De
acordo com os Zo’é, todos se assustaram e os homens tentaram
O povo Zo'é
flechar o helicóptero, que se distanciou, mas acabou voltando para
lançar pacotes com roupas vermelhas.
17
Foi também com presentes lançados por avião ou dependurados
no caminho das aldeias que os membros da Missão Novas Tribos
se aproximaram. Entre 1982 e 1987, eles estiveram várias vezes em
acampamentos ou aldeias, saindo rapidamente. Segundo os Zo´é,
muitas pessoas ficavam doentes na sequência dessas visitas e,
como os missionários demoravam meses para voltar, as pessoas
acometidas por doenças pulmonares morriam. As baixas foram de
ao menos 37 pessoas, ou seja, um quarto da população estimada na
época. Eles também relatam que resolveram se deslocar rumo ao
sul, em busca de uma explicação para esse “sopro” de doenças e
para pegar mais objetos, chegando finalmente à Base “Esperança”
em outubro de 1987, data oficial do “contato” com a MNT.
18
A Funai assume a proteção do povo Zo’é
Em janeiro de 1989, a missão alerta a Funai sobre a precária situação
de saúde dos índios. O sertanista Sidney Possuelo consegue apoio da
imprensa e pode assim realizar uma primeira visita à área. Numa segunda
viagem, pouco tempo depois, a equipe da Funai verifica que a situação de
saúde estava piorando e começa a planejar um trabalho mais sistemático.
Durante dois anos, os Zo´é assistiram à convivência tensa entre a Funai
e a Missão Novas Tribos, cada uma com sua base, entre as quais eles
continuaram circulando para obter remédios e objetos industrializados.
Quando conseguiu recursos e pessoal adequados para assumir um trabalho
de assistência que abrangeria a totalidade das quatro aldeias existentes
na época, a Funai retira os missionários da área, em outubro de 1991.
O primeiro censo realizado pela Funai, naquele ano, somava 137 pessoas.
A partir desse
momento, os sucessi-
vos responsáveis pelo
PINC Cuminapanema,
orientados pelo De-
partamento de Índios
Isolados – DII/Funai,
desempenham ações
de proteção do povo
Zo’é e de sua terra,
PGTA | TI Zo’ é
em formatos que irão variar sensivelmente ao longo dos anos. Foi somen-
te a partir de dezembro de 2009, com a reestruturação da Funai que o
órgão indigenista amplia a atuação da então Coordenação Geral de Índios
Isolados – CGII, incluindo a proteção às populações de recente contato,
O povo Zo'é
entre eles os Zo’é.
19
Uma política de proteção para os povos de recente contato
h t t p : / / w w w. f u n a i . g ov. b r / i n d ex . p h p / n o ss a s - a co e s / p ovo s -
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20
Etapas da regularização e da proteção da TI Zo’é
Em 1987, a Funai procedeu à interdição da Área Indígena
Cuminapanema/Urucuriana, com uma extensão de aproximadamente
2.059.700 hectares, ao sul do Parque Indígena de Tumucumaque, nos
municípios de Alenquer e Óbidos, Pará (Port. n.4.098 de 30.12.1987).
A interdição visava dar condições de trabalho às equipes de
localização e contato, na identificação de numerosas referências
de índios isolados na região, levantadas pelo então Departamento
de Índios Isolados – DII. Na época, a Funai já conhecia a presença
dos Zo’é nesta área através de informações repassadas pela Missão
Novas Tribos, que já tinha localizado este povo em 1982.
PGTA | TI Zo’ é
e 2000, por uma empresa contratada pela Funai. Contrariamente ao
que tinha sido previsto e demandado pelos Zo’é, eles não puderam
acompanhar as equipes que procederam à demarcação dos limites,
por decisão da coordenação da Funai da época. As ações de formação
iniciadas no processo de identificação foram portanto interrompidas
O povo Zo'é
e só retomadas vinte anos mais tarde.
21
Em 2008, a pedido do Ministério Público Federal, foi criada
uma faixa de amortecimento em volta da Terra Indígena. Esta
Zona Intangível das Florestas Estaduais Trombetas e Paru não
poderia receber nenhum tipo de exploração econômica para evitar
a contaminação dos índios em situação de recente contato. Com
a aprovação do Plano de Manejo da FLOTA do Trombetas pelo
Conselho Estadual de Meio Ambiente do Pará, a faixa foi incorporada
no zoneamento da Unidade, conforme plano de manejo.
22
Como os Zo’é se organizam
Os Zo’é subdividem-se atualmente em quatro grupos locais
( iwan ), distribuídos em determinadas áreas territoriais, onde estão
suas aldeias antigas e recentes e seus acampamentos. Um grupo
local constitui-se num agregado de famílias extensas que ocupam
aldeias próximas. A composição desses grupos sofre constantes
alterações em função das alianças matrimoniais e das parcerias
estabelecidas entre homens para ocupar novas áreas. Assim, a
flutuação do pertencimento a esses grupos, ou mesmo a extinção de
alguns iwan importantes no passado, são processos recorrentes na
história zo´é.
PGTA | TI Zo’ é
nos últimos anos, ocorreu um processo significativo de abertura de
aldeias, que hoje totalizam 46 sendo ocupadas por poucas famílias,
que circulam entre distintos assentamentos.
O povo Zo'é
23
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Parceria:
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Aldeias e s c a l a 1 : 3 5 0 . 0Terra
00 Indígena Zo´é0 10 2 0 Realização: Parceria:
56°0'0"W Km 6
Fontes: IBGE, MMA , A NA, FUNAI (2010/2019)
S i s t e m a d e C o o r d e n a d55°45'0"W
as Geográficas, Datum: SIRGAS 2000
Caminhos Zo´é
Aldeias Floresta Estadual Trombetas Terra Indígena Zo´é Realização:
Hidrografia FPEC - FUNAIFloresta Estadual do Parú Estação Ecológica do Grão Pará
la 1:350.000 0 10 20 Fontes: IBGE, MMA , A NA, FUNAI (2010/2019)
Caminhos Zo´é
Km
Floresta Estadual Trombetas
Sistem a de Coordenadas Geográficas, Datum: SIRGAS 2000
24
ALDEIAS
1 Baija rupa 13 Araryty 25 Orima hemba 37 Na’hu hemba
2 Jikirity-Manga 14 Ereahurupiena 26 Teape uhu 38 Boj porosuwuha hemba
3 Paraty hemba 15 Karu rupa 27 Ytawa 39 Pada’y
4 Naret 16 Haj rupa 28 Pokaty 40 Tahiripa
5 Sarapejuk hemba 17 Tapery 29 Japukej-Takuma 41 Tewok
6 Patawaty kity hemba 18 Jaku rupa 30 Kepi’in’y 42 Sehityuhu hemba
7 Buruwa 19 Jawara kawen 31 Towariabyra rupa 43 Towaripy
8 Sarapejuk 20 Byrysity 32 Parakesina 44 Tarakware
9 Tahy pitan rupa 21 Pehũ pereke 33 Pururuty 45 Barawa
10 Jita’í 22 Wikiha 34 Mojwen 46 Bosuat pike
11 Siri’y 23 Tapy’yj rupa hemba 35 Tuwajwit 47 Jururu
12 Aradu’í 24 Pupuruni hemba 36 Na’hu
PGTA | TI Zo’ é
O povo Zo'é
25
26
O povo Zo'é PGTA | TI Zo’ é
27
D ata 1991 1998 2011 2019
P opu l a ç ã o 137 172 261 310
N ú mero d e a l d eia s 4 8 12 47
Mapa do transporte de três canoas por terra da Aldeia Jawara Kawen até o rio Erepecuru
PGTA | TI Zo’ é
O povo Zo'é
29
Território do Dahereme
1 Aldeia Barawa
2 Igarapé Bireko
3 Tarakware
4 Igarapé Kare
5 Caminho para o Kare (saindo do Tarakware)
6 Acampamento Mytum nem
7 Cachoeira Bosuat pike
8 Igarapé sem nome
9 Caminho para Barawa
10 Caminho para pescar no Igarapé Bireko
11 Capoeira Barake
12 Aldeia Pokaty
13 Caminho para Pokaty
14 Caminho de caça de coatá
15 Território de coatá
16 Capoeira Iwiara
17 Castanhal sem nome
18 Caminho para Iwiara
19 Genipapeiro grande
20 Onde Wajihem matou anta
21 Onde Pisin matou anta
22 Caminho para caça de coatá
23 Caminho para caça de coatá
24 Caminho para caça de coatá
25 Caminho para caça de coatá
26 Caminho para caça de coatá (aberto por
Dahereme, seguido por muitos: Boj, Su etc.)
27 Onde Tajuje dormiu no mato porque era longe
para ele voltar antes de escurecer
30
Território do Hun
PGTA | TI Zo’ é
15 Acampamento na boca do Ig. 27 Igarapé Kuruwaty
3 Igarapé Pireanã
4 Capoeira Dipisow Jakarekwat 28 Caminho para a antiga Missão
16 Igarapé Pireaty 29 Caminho para caça de mutum
5 Capoeira Kapisa
17 Aldeia Ereahurupiana 30 Acampamento da boca do
6 Igarapé Barakeaja Parabehea y
18 Igarapé. Sirurity Iarapé Toj tapiri
7 Ponto para lembrar o que indicar no
O povo Zo'é
19 Igarapé Jaririty 31 Igarapé Toj tapiri
mapa
20 Acampamento Jaririty 32 Acampamento Arapuruty
8 Igarapé. Ruwary
21 Caminho para aldeia Ereahurupiana 33 Castanhal Kipiwera nem
9 Igarapé Ruwary
22 Onde Wara uhu abyt morreu e 34 Lago Jatuk
10 Igarapé Ruwary
11 Ponto para lembrar o que indicar no
foi enterrado 35 Lago sem nome
23 Pequena clareira de Wara uhu 36 Boca do Ig. Peres
mapa
24 Rio Kare 37 Igarapé Peres
12 Igarapé Sehity uhu
31
Território do Tereren
1 Aldeia Sarapejuk
2 Capoeira Byrysity
3 Aldeia Jita’í
4 Aldeia Siri’y
5 Aldeia Aradu’í
6 Aldeia Araryty
8 Acampamento de caça de coatá
9 Castanhais Kaju nady e Pideay na
10 Território de coatá
11 Bosque de palmeira curuá
12 Bosque de Wire pajé (Território de coatá)
13 Travessia do Ig. Y pirang
14 Travessia do Ig. Kuremboty
15 Bosque de Wire’a tawa
32
BATU IJAWO KARU TUPA AMU RAHY KURIRI
Kare pe aha a’e pire kõ a’u kwata kõ awe a’u.
A’e kapit nowe a’e pe katu kõ akapit nowe.
A’e ajywy rahy a’e ajywyt a’e ũty de’orehe akapirane.
Ũty aha rahy a’erame aha nowe Kare ty.
Katu iko ipy u’i araha rane.
Õj ikoba de’ok a’epeno japo u’i ajapo.
Arape tenono mo’ereke erupa wi a’e katu pe teno arera’u.
Buruwa wi kuriri aha rane akit ki’a pe akit.
Ko’eme kwata ajajawy aeket a’e ajuke erowohem akit.
Ki’a pe nowe akirane ajiri ajot tijahu a’erame ajot ajiwyt.
Õj dahakiri tite õj kwata keme.
Ji Buruwa dajkoj a’e dahakiri.
Kare pe kwata keme ji iko a’e dahakiri tite kwata rehe kwata rekoha pete kuriri ji abuhu ajtyk.
Ũty aju a’e pire dajkoj a’erame Kare pe ajtyk.
PGTA | TI Zo’ é
mandioca e eu faço farinha lá mesmo
Agora, eu saio para caçar durante o dia e volto para comer em casa. Antigamente eu
saía da aldeia Buruwa para caçar e dormia na mata. Ia procurar macaco coatá, dormia na
mata e voltava para casa de manhã cedo.
O povo Zo'é
Por isso, eu não preciso dormir fora de casa na estação do coatá gordo. Eu não fico na
aldeia Buruwa nesta época do ano, então não tenho que dormir fora de casa. No tempo do
coatá gordo eu agora fico na minha aldeia nova na beira do rio Kare, então eu não durmo
na mata por causa do coatá. Foi no lugar onde o coatá vive que eu fiz a minha nova aldeia.
Quando eu ficava no Buruwa não tinha peixe, por isso que eu abri aldeia no Kare.
33
Estações e ritmos das atividades produtivas
O caráter sazonal de alguns recursos dos quais os Zo´é se utilizam
conforma a dinâmica de circulação das famílias pelo território e
também repercute nos movimentos de aproximação e distanciamento
entre essas famílias.
PGTA | TI Zo’ é
comendo castanha o ano todo, em preparos
diversos com produtos da mandioca ou
carnes.
O povo Zo'é
Como é também nesse período que muitas
frutas amadurecem, é comum interromper o
movimento de dispersão entre acampamentos
para realizar uma festa, quando se distribui
grande quantidade de bebida fermentada sepy.
35
A estação seca, de final de julho até o
início de janeiro, é marcada pelo trabalho
nas roças. É quando a vida nas aldeias se
intensifica, sendo um período de maior
aproximação entre grupos familiares. Isso
não significa que as famílias não mantenham,
no verão, outras atividades que as leve a
deixar a aldeia. Saem para buscar frutas
da estação, como o açaí que é trazido em
grandes cachos. Mas sobretudo saem para
pescar com timbó, com anzóis, ou ainda com
flecha ou zagaia.
36
No verão, também acontecem expedições de caça, em geral mais
curtas e só entre homens, já que as mulheres ficam nas aldeias
cuidando das roças. Além disso, como muitas famílias mantêm
cultivos em mais de uma aldeia, deslocam-se para dar conta de
todas as roças. O corte, queima e limpeza das roças se prolonga
até dezembro, meados de janeiro, quando a castanha está de novo
madura, e os Zo’é limpam a roça da mandioca que brotou e fazem
novo plantio.
PGTA | TI Zo’ é
A mandioca é o principal cultivo, com uma variedade de produtos:
farinha, beiju, tapioca, tucupi. As mulheres, inclusive com colaboração
O povo Zo'é
dos homens para ralar as raízes, dedicam muito de seu tempo ao
processamento da mandioca: descascar, ralar, espremer no tipiti,
peneirar, torrar farinha.
39
1 Tytyte jo´e iwana kõ iko
Je ije ijyj
40
1 Como vivemos nossa mobilidade territorial
Espalhar-se
Nossos grupos vivem em lugares separados. Apenas desejam viver em seus lugares,
por isso se espalham. Desse modo, cada um tem a sua morada, espalhando mesmo.
Assim vamos abrindo mais e mais aldeias, tendo aldeias novas.
PGTA | TI Zo’ é
Porque cada um de nós deseja ter muitas casas em lugares diferentes
Ultimamente, a gente vem abrindo muitas aldeias novas. Nós não deixamos de viver
assim. Sempre fazemos outra casa nos lugares onde tem caça. É nos territórios de caça
Diretrizes para a
gestão socioambiental
que abrimos novas aldeias.
41
1 Tytyte jo´e iwana kõ iko
Kare pe õj tupa rahy
42
1 Como vivemos nossa mobilidade territorial
Queremos ter nossas aldeias da beira do Kare
Antigamente nós não colocávamos aldeias na beira do rio Kare. Já faz muito tempo que
vamos até lá para fazer as nossas pescarias. Então recentemente decidimos abrir aldeias lá
também.
PGTA | TI Zo’ é
Queremos ter nossas aldeias na beira do Erepecuru
Depois que passamos a fazer canoas, nos estabelecemos também no rio Erepecuru. Muito
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antigamente já íamos no Erepecuru e desde então sabemos que é lugar de muito peixe. É por
isso que agora queremos ter casa lá também.
43
2 Jo’e rekoha ba’uha
Ijerate wekoha ba’u
Gar�peru ba’uha
44
2 Como fazemos a vigilância do nosso território
O líder responsável por cada região é quem deve ir e voltar com frequência naquela parte
do território. Outros líderes irão de vez em quando apenas. Quando o responsável disser, a
Funai irá. Quando tiver algum invasor, então a Funai vai até lá mandá-lo embora.
Quando vamos caçar pelo rio Erepecuru abaixo, ficamos atentos para presença de não-
índios. Se vamos pescar, também tomamos cuidado. Nós continuamos preocupados com o
garimpo que foi retirado desta região há pouco tempo.
PGTA | TI Zo’ é
falam sempre no rádio, por isso não nos
preocupamos mesmo. Achamos que ainda
não fizeram nenhum estrago no nosso
território. Virão escondidos, talvez. Se os
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Tiriyó vierem sem mexer em nada e depois
forem embora, então será adequado.
45
2 Jo’e rekoha ba’uha
Kare repirakeng jo’e oahu rane
46
2 Como fazemos a vigilância do nosso território
PGTA | TI Zo’ é
Vigilância nas cabeceiras do Kare
Na região das cabeceiras do Kare a gente costuma ir caçar. É um caminho de caça que vai
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longe e por ele a gente vai e volta frequentemente. Nessa região tem muita caça, tem muito
mesmo coatá. É região de cabeceira, por isso que é mesmo território de coatá.
É também para vigiar contra invasores que continuaremos abrindo caminhos de caça.
Até agora, eles ainda não fizeram estrago nessa região. Por isso é uma região muito
boa. Se estragarem, aí não vai ser bom. No futuro, nossos netos provavelmente vão abrir
acampamentos de caça de coatá nessa região.
47
2 Jo’e rekoha ba’uha
Kare ywyty ba’uha
48
2 Como fazemos a vigilância do nosso território
Os não indígenas ainda não vieram até a região acima da boca do Kare, por isso ainda não
estregaram nada. Abaixo da boca do Tarãr5, já mexeram. Foi há pouco tempo que soubemos
desse estrago.
Nós estamos bem alertas contra a entrada dos não indígenas em nossa terra. Nós iremos
regularmente verificar se há invasores. Iremos sempre em grande número de pessoas.
PGTA | TI Zo’ é
Fomos nós que pensamos. Os Zo’é mesmo pensaram sobre os motores de popa. Pensamos
muito. Queríamos, então buscamos conversar com a Funai.
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Conversamos com a Funai local, e eles disseram que nos trariam motores. Quando tivesse
dinheiro disponível, eles trariam nossos motores, nos disseram. Depois a Funai trouxe
mesmo, o Iepé trouxe também, então nós passamos a ter.
Agora os Zo’é que tem aldeia no rio Kare já tem os seus motores. Os Zo’é do rio Tarãr5
também tem os seus motores. E os Zo’é do rio Erepecuru támbém tem os seus motores.
Agora que temos motores de popa, o nosso deslocamento pelos rios é satisfatório.
49
2 Jo’e rekoha ba’uha
Haju rehe jo´e kõ kuriri muha
50
2 Como fazemos a vigilância do nosso território
Faz muito tempo que nós começamos a querer ter rádios. Os servidores da Funai nos
diziam “o rádio é para a gente avisar em caso de picada de cobra”, então começamos a
pensar sobre isso. Então dissemos “traga também para mim”. A Funai trouxe primeiro e
depois o Iepé também nos trouxe rádios. Hoje a nossa comunicação por rádio existe de fato.
Quando os rádios ficarem velhos, os nossos parceiros não índios deverão substituí-los.
PGTA | TI Zo’ é
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51
3 Jo’e paraduha
Kuriri warabyra rehe
Não precisamos dos não-índios quando fazemos conversas sérias entre nós. Quando
PGTA | TI Zo’ é
discutimos assuntos relacionados ao casamento de nossas filhas, os não-índios não devem
entrar na conversa. Tampouco discutimos com os brancos sobre o modo como produzimos a
nossa comida. Só entre nós é que conversamos sobre como as pessoas devem ser boas.
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Os não índios não devem vir aqui à toa, devem vir para colaborar. A Funai fica junto da
gente por um motivo: para cuidar de nossa Terra Indígena. O pessoal da saúde também,
conversa conosco a respeito do tratamento das doenças. O Iepé nos ensina várias coisas,
conversa sobre entender o nosso território.
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3 Jo’e paraduha
Batujiawo haju orepotaruhu
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3 Como nos organizamos
Porque precisamos nos comunicar bastante pela radiofonia
Alguns anos atrás não tínhamos acesso à radiofonia e aí não se ouvia bem sobre as
coisas ruins. Então não conversávamos rápido sobre essas coisas. Não nos comunicávamos
rápido sobre pesadelos de presságio. As febres, não comunicávamos rápido. Não sabíamos
rápido sobre mortes. Ouvir sobre picada de cobra, não ouvíamos rápido sobre outras coisas
também. Antes não havia esse meio de ouvirmos uns aos outros, então os nossos parceiros
não indígenas nos trouxeram os rádios.
PGTA | TI Zo’ é
A respeito da produção de cerâmica
Hoje nós coletamos argila ao lado de onde os nossos falecidos avós já faziam isso.
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Nós vamos até o local de coleta com bastante gente, pois é muito difícil cavar argila.
Tem muita argila no nosso território. Não acaba mesmo. “Façam panelas para nós”,
costumamos dizer para aqueles Zo’é que tem locais de coleta de argila na sua própria região.
As mulheres que produzem cerâmica são grandes conhecedoras. Se alguma mulher não
sabe, então as ceramistas lhe ensinam.
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4 Ikuha okeha
Ejot saesa gatu kisiweha
Õj Iepe kõ iko a’erame tapyj uhu wyripi Iepe pyri jakisiwerane a’erame jo’e
kõ nipy’amuhu kisiwet.
Ajiri Iepe kõ upa upa ty kisiwepotat.
Sãtar9 ty Iepe kõ oho rane a’erame jo’e kõ kisiweriwi potari no.
Dokuhaj moporera jakuha oket jo’e kõ ate.
A’erame jo’e kõ kuha potat.
56
4 Como buscamos conhecimentos
Para sabermos ler e escrever
Já faz tempo que queremos muito saber ler e escrever. “Hoje eu já poderia saber”,
dizemos agora. Só muito recentemente o Iepé chegou aqui e começou a nos ensinar. Agora
escrevemos com dedicação, para aprender.
“Vocês que já começaram a ler e escrever, venham”, nós falamos. Para que pessoas de
diferentes aldeias aprendam.
“Não fique de brincadeira você que é mais jovem, para você aprender a ler”, nós dizemos.
Os jovens vão estudar, depois caçar e depois trabalhar a mandioca. É para ser assim sempre.
Não é para deixar a caça de lado.
Quando a equipe do Iepé está aqui, nós lemos e escrevemos junto com eles na Casa dos
Mapas, que fica no Kejã. É quando a gente se reúne para isso. Depois, a equipe do Iepé ensina
também nas aldeias. Quando eles voltam para Santarém, nós continuamos estudando. Os
que já aprenderam procuram ensinar os que ainda não sabem. É assim que vamos aprender
a ler e escrever.
PGTA | TI Zo’ é
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4 Ikuha okeha
Awa amu kõ rupaty jo’e kõ oho rahy t�
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4 Como buscamos conhecimentos
Queremos conhecer onde os outros povos vivem
É como daquela vez em que fomos ao território Wajãpi. Quando os Zo’é voltaram para
o Kejã, contaram do que viram para os demais, então os outros, que não foram, também
passaram a conhecer.
Assim está bem e deve acontecer mais vezes, sempre. É para todos termos conhecimento que
devemos ir visitar outros povos.
PGTA | TI Zo’ é
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5 Sauji
Jaba’u kuha e’e ahyha
Amu ramu jo’e tajahu juke a’erame jo’e sibo’y pe jahak nowe.
Jo’e ta’yn tajahu juke ajiri takit jawo kihe pe o’a a’e doebojerej.
Ikawen ijapat potat.
A’erame doebojerej wahy a’u.
Bijere tisu a’erame ikawen ijapat.
60
5 Como cuidamos da nossa saúde
Nós sabemos nos cuidar
Queremos escrever sobre isso agora. Desde antigamente, quando as mulheres Zo’é
dizem “chegou a menarca”, todos nós nos banhamos com sibo’y . É a própria jovem quem
diz “chegou a minha primeira menstruação”, então a gente se banha, por causa do cheiro
piji . Se não nos banharmos, então esse cheiro penetra na pele da moça, e ela também sente
dores nos ossos das mãos. Talvez muito antigamente não banharam e por isso até mesmo
morreram.
Tem outra situação. Quando um jovem Zo’é mata porco-queixada, também tem que banhar
com sibo’y . Quando ele vai se deitar, não pode ficar se virando na rede, senão seus ossos
ficarão tortos. É um pouco difícil ficar sem se mexer, mas se ele ficar se virando, seus ossos
vão entortar.
Queixada é difícil de matar. Quando um jovem mata queixada, ele toma um banho completo
com sibo’y . Os antigos faziam assim, por isso hoje todos nós banhamos. É quando nós pegamos
as formigas tipijej e prendemos em um trançado de tucum. Então aplicamos no rapaz. Assim
é que está certo. É com a formiga tipijej que os Zo’é, depois de matar queixadas, são picados.
Escrevemos sobre matar porco-do-mato. Isso é tudo. A escrita está correta.
PGTA | TI Zo’ é
Diretrizes para a
gestão socioambiental
61
5 Sauji
Boe’uha rehe pytywũ rane
Mo’e ihy nowe jo’e towari peju a’e mo’e ihy ohem a’e opa rane ahy.
Ahy tenana a’e Sauji boe’u t5 a’e muha dopaj ahy a’e botowari t5.
Ahy dopaj a’e kuha.
Mo’e ihy tenana iko tasing mo’e ihy sese’9j ohem.
Ahy tenana a’e dopaj towari rehe dopaj pyta tenana ahy.
A’e bewe tenana opa.
Sauji boe’u iwi daboe’uihoj a’e bewe ahy opa.
Jo’e rehe Sauji iwana kõ owaba a’erame jo’e dapotariho e’e ha.
Jo’e awu kuhaba moporera hoha dapotari.
Ajiri poroboe’uha piahu ohem a’e konan piahu ohem a’e bewe pyta puku bewe
baja jo’e awu kuha potat.
Oh9jãjã a’e jo’e pokuha. Aijerehe Sauji piahu jepe iki ohem a’e dakuhapotari
boe’uha dokuhapotari boe’uha bobe’u apa potari.
62
5 Como cuidamos da nossa saúde
Nossos modos de tratar ajudam a manter saúde
Contra dores que são causadas pelo princípio agressivo de animais e de plantas, nós
sopramos a fumaça do tauari, então a agressão vem para fora e a dor para. Quando sentimos
uma dor contínua, então a equipe de saúde nos medica. Mas nós pensamos e, se a dor não
cessa, então sopramos a fumaça do tauari. Se ainda assim a dor não para, então já sabemos.
A dor que é mandada por animais ou por plantas vai logo embora quando usamos tauari.
Mas se é uma dor insistente, se o tauari não faz ela parar, aquela dor fica. Então vai demorar
de passar. A equipe de saúde continua medicando, não para de medicar, e devagar a dor acaba.
PGTA | TI Zo’ é
Quando os profissionais da saúde já se acostumaram ao trabalho conosco, não queremos
que sejam trocados
Diretrizes para a
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trocados. Aqueles que já sabem falar a língua zo’é não devem ir embora.
Quando chegar um novo profissional de saúde, ele vai levar bastante tempo até aprender
a nossa língua. Tem que vir regularmente para se acostumar bem a nós. Se ele trabalhar
junto com quem já sabe por um tempo, deverá aprender. Por isso, se ficar sempre trocando
as pessoas da equipe, eles não vão saber nos medicar, vão nos medicar errado.
63
5 Sauji
Sauji iwana kõ towata rane
Sauji rehe
Tono ba’uha
64
5 Como cuidamos da nossa saúde
A equipe de saúde precisa circular
PGTA | TI Zo’ é
Também queremos que os Zo’é trabalhem junto com
a equipe de saúde. Então aqueles que trabalharem junto
vão aprender a medicar.
Diretrizes para a
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Cuidados com gripe
66
6 Como manter nossa qualidade de vida
Nossas roças e capoeiras
Onde é bom abrir aldeia e onde não é
Sempre desejamos abrir aldeias em lugares planos e perto de igarapés. Nunca colocamos
casas em encostas de serras. Se se faz uma casa em encostas, aí nossos filhos podem
tropeçar.
PGTA | TI Zo’ é
mandioca, aí a chuva cai, e a mandioca fica feliz.
Diretrizes para a
gestão socioambiental
pedregulho não abrimos clareira. Em lugares com grandes
pedras não abrimos clareiras. É em bosques de poturu
que procuramos abrir nossas aldeias.
67
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Batu ijawo ore jyjywy taperera kõ pe
68
6 Como manter nossa qualidade de vida
Porque sempre voltamos nas nossas capoeiras
Quando ficarem velhas, nossas aldeias serão lugares de cana-de-flecha. A gente não
deixa nossos flechais, cuidamos deles.
A gente volta sempre às capoeiras por causa de comida. Há muita tempo, nas capoeiras,
o inajá se alastra, nascendo das sementes da comida de nossos falecidos.
Ainda há banana de muito tempo pelas nossas capoeiras. A gente continua limpando,
e aí nossas antigas plantações seguem felizes. Quando vamos atrás de banana, ainda
vemos algumas bananas.
PGTA | TI Zo’ é
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gestão socioambiental
69
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Mo’erekeha
Mo’erekeha rehe jakuha oket
Y typarame te jo’e oho pirewa kubuku a’u oho a’erame pire dipajej e’e.
Pire uha pe mytũ juke ra’e ran nowe.
Be’y rupi te awa kõ oki okit katu kõ kupej.
Aijerehe jo’e watapuku rahy iherape.
Oho uhu ate awa tah5 kõ awe kwani kõ awe.
Kwata ke rame rehe oho oho rane awa kõ upa tite oho rane.
Pepeh5 rane oho upaty.
70
6 Como manter nossa qualidade de vida
Caçando e pescando
Ensinamos os meninos a caçar
No tempo da seca nós vamos fazer nossas pescarias. Vamos mais longe, onde a pesca
é mais farta. Quando vamos pescar longe no verão é que também queremos caçar mutum.
PGTA | TI Zo’ é
Então acampamos na beira do rio, longe das aldeias. É por isso que queremos ir bem longe
com as nossas canoas. Vamos em grande número, as crianças vão também.
Diretrizes para a
A gente se espalha na época do coatá gordo gestão socioambiental
No período do ano em que o coatá engorda, a gente se espalha por nossas diferentes
áreas de ocupação. Vai cada um para sua região.
71
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Dajkopy’yj mo’ekõ Kejã rupi
Iko uhu rane mo’e kõ kuriri Kejã pe. Õj dajkoe’ej. Pyta uhu ti so a’erame
jukeba iram.Peh5 katu pe iko uhu awa kõ a’erame oho mo’ereke oho mo’ereke
oho mo’ereke.Jukeba a’e dajkopywyj mo’e kõ.
Mytũ kõ dajkoj a’erame dajukej. Jakam5 dajkoj jõwe. Tapi’ira kõ ajuke rabori jõ,
daesagi tenono. Ihu kõ ajuke rabora’u jõ, daesagi e’e teno su jõ. Manga pe ihu iko
jõ jepe. Pyhao ihu iko rane. Tapi’it iko tigi jõ jepe Kunana Dyary repirakang rupi.
Ajki tenono dajkoj e’e’e. Jakam5 amuramu dajkoj, kibuku e’e ty baja jakam5
rekoha. Mytũ rekoha we kibukuty.
72
6 Como manter nossa qualidade de vida
Já tem pouca caça no Kejã
Tinha muita caça no Kejã antigamente. Agora não tem muita. Quando fica muita gente em
um mesmo lugar, começa a acabar a caça. Se mora muita gente em uma aldeia só, então um
vai caçar, depois outro, depois outro. Mata muito, então não tem mais caça com regularidade.
Mutum não tem, por isso não matei. Jacamim também não tem. Anta, eu mataria, mas não
encontro. Veado eu até mataria, mas não vi mesmo. Tem sim veado nas matas da aldeia
Manga, à noite tem. Anta tem bem pouco, nas cabeceiras do Kunana Dyary.
Só aqui perto da aldeia Manga é que não tem mesmo. Jacamim também não tem, deve ser
muito longe o lugar onde o jacamim vive. O lugar onde o mutum vive é muito longe também
PGTA | TI Zo’ é
Diretrizes para a
gestão socioambiental
Não devemos pescar em excesso
“Não pesquem em excesso”, eu digo para os meus companheiros no rádio. Só quando vai
moquear é que se deve pescar bastante. Não quero que os peixes apodreçam. Enquanto a
carne não acabou não devemos ir pescar.
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6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Kwata tahy e’e
Kwata tahy e’e juke nono a’e kwani kõ ihy niwu potat.
Aijerehe tahy e’e dojuke nono rahyj.
Erõwohem ame we kujã boapek.
Najnu puku a’u tahy e’e iko rane mo’e kõ ihy.
74
6 Como manter nossa qualidade de vida
O coatá é perigoso
Tem coatá que é mais agressivo. Se matamos deste com muita frequência, ele pode flechar
e adoecer as crianças. Por isso não queremos matar muito este tipo de coatá. A carne dele
precisa ser tratada logo que a caça chega. Essa carne precisa cozinhar por longo tempo. Os
animais têm mesmo este princípio agressivo.
As nossas comidas têm mesmo este princípio agressivo. A castanha também tem. Mesmo
a casca da castanheira que tiramos para fazer rede, ela também tem. Por isso as crianças
não devem sentar-se sobre ela antes de serem tiradas as fibras. Quando retiramos as fibras,
então acaba o perigo.
PGTA | TI Zo’ é
partilhamos.
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75
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Mo’e kõ mokonãha rehe
Jo’e mo’e bodoha rehe muha gatuha rehe
Tapima ate kona napeh9 kona nowe tatu kona nowe tapima kõ ate konanuhu e’e.
Amuramu wywa rehe jo’e wywa dajkoj a’erame perepo bodo. A’erame wywa oh9nowe.
Mi’u kõ bodo tenono nokonani. Sehi kõ nokonani o’u tenono.
Baha
76
6 Como manter nossa qualidade de vida
A respeito de nossos jeitos de fazer trocas
Refletimos muito quando vamos mandar algo em troca
Pensamos corretamente as respeito das trocas entre nós. Quando vamos mandar
algo para uma pessoa, pensamos corretamente também. Falamos diretamente com o
interessado, “vou te mandar isso”, então este parceiro pensa corretamente também.
Quando se trata de uma panela grande, o pagamento será igualmente grande, então
ficamos satisfeitos. “É farinha o que eu quero em troca desta panela”, dizemos sempre.
Pau d’arco
PGTA | TI Zo’ é
onde tem. Existe pau d’arco avermelhado, pau
d’arco escuro, pau d’arco manchado como o
peixe aracu. Nós não os encontramos todos
juntos, próximos uns aos outros. A gente vai
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caçar e aí encontra pau d’arco. O arco não
quebra tão rápido, então não é sempre que
precisamos perguntar aos especialistas onde
tem. Pelo território de algumas pessoas tem
muito pau d’arco, pelo território de outros não tem. Como no território de algumas pessoas
não tem muito, então nós negociamos pau d’arco para trocar com penas.
77
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Kuj
Kuriri iko rane jo’erekuj kirahirekuj dowerurirane jo’e ate kuj iko rane.
Kuj i’y ywy byk tenono potat.
Kuj i’y ba’uhu a’e nomonoj a’erame te kuj iko.
Kuriri tamo abyra kõ jaty rane aret juk.
Jo’e rekuj arera õj iko tik.
Õj ijawu a’e Punaj kuj rakang oerut.
78
6 Como manter nossa qualidade de vida
Cuias
Há muito tempo a gente tem nossas cuias. Quando os kirahi ainda não traziam cuias, a
gente já tinha. Os pés de cuia gostam muito de terra escura. A gente toma muito cuidado com
os pés de cuia, e aí eles não morrem, e, por isso, temos cuieiras. As cuias plantadas pelos
nossos falecidos avós hoje estão ficando velhas. Hoje ainda existe algumas das nossas antigas
cuieiras. Agora a gente fala para Funai e eles trazem estacas de cuieiras para plantarmos.
PGTA | TI Zo’ é
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gestão socioambiental
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6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Nane ribe kõ
Eribe kõ jo’e kõ potaruhu.
Mo’ereke oho a’erame te oerut. Mytũ ra’yra aoj e’e a’e oerut.
Kusi bebyra pope bobe’u o’u. Bewe wy’at kusi bebyra bewe te pokuha.
Ribe jo’e remi’upe wy’at jo’e remi’u rehe wy’at. Daja’uj se oreribe aret.
Jo’e remi’u o’u a’erame pojy a’e daja’uj.
Werurypy ohy rete ijo’o rane ajiri iko pokuha a’e
ijo’o iho. Ajiri ijo’o jo’e rehe mama rehe niremi t5
ijo’o. Opoj katu e’e mi’u obobe’u gatu a’e nomonoj.
Jo’e remi’u dopotari baja ahy baja mono. Mono
a’e jo’e amo rehe jo’e muha.
Oesa ijapyt oeru ijapyt. A’e konan kõ rane.
80
6 Como manter nossa qualidade de vida
Nossos animais de estimação
Nós gostamos muito de nossos xerimbabos. A gente
vai caçar e então trazemos filhos de mutuns; são muito
belos então a gente traz. Antes, quando ainda não se
tem nossos próprios filhos, aí trazemos mesmo filhos de
coatás. A mulheres querem muito os filhos das caças,
aí trazemos. Querem bebês de cotia, querem bebês de
saguis, aí quando os maridos acham eles pegam e dão
a suas esposas. As menininhas também querem muito
ter. “Traga meu xerimbabo para eu afagá-lo” dizem
as mulheres quando os maridos vão caçar. Quando as
mulheres fazem carinho eles ficam felizes. Quando outras
pessoas se aproximam aí ficam bravos; ficam bravos
quando pessoas não convivem com ele chegam perto. Aos
bebês de cotia damos de comer com as mãos.
Lentamente o bebê de cotia vai se familiarizando, acostuma-se bem devagar. É por causa
da nossa comida que o xerimbabo se familiariza conosco. Em nenhuma situação nós comemos
nossos xerimbabos. Eles comem nossa comida, por isso é perigoso, e aí não comemos.
Quando acaba de trazer ele chora mesmo pela sua mãe. Em seguida, ele se acostuma e deixa
de chorar. Depois ele passa a chorar por nossa causa, provavelmente chora porque pensa
PGTA | TI Zo’ é
que é sua mamãe. Damos de comer direitinho. Se dá comida direito aí ele não morre. Quando
ele pensa que a nossa comida pode lhe causar dores, então ele não come e morre. Se ele
morre, pensamos em pedir para outras pessoas, caso vejam, para trazerem de novo. E então
substitui aquele que morreu.
Diretrizes para a
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Quando nossos xerimbabos morrem a gente faz fumacê com cigarro de tauarí. Pulverizamos
mesmo pimenta. Sopramos tauarí e pulverizamos pimenta, então aqueles que eram nossos
xerimbabos não nos flecham com suas agressões.
81
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Jo’e nady kõ rehe
Mi’u e’e nã
Nãry wa
82
6 Como manter nossa qualidade de vida
A respeito de nossos castanhais
A castanha é que é a nossa comida mesmo
PGTA | TI Zo’ é
vez. Quando não tem tanta castanha, apenas
as pessoas que moram em uma mesma
aldeia comem. Quando temos os nossos
cestos de carregar castanha bem cheios,
Diretrizes para a
gestão socioambiental
então convidamos de novo muita gente.
83
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Nã’a’y
Nã kuru’i iko.
A’e jo’e ijawu nã’ay.
Dajko uhuj se nã’ay.
Nã e’e iko uhu ja’um ate nã e’e.
Jo’e rebireko teno nã’ay.
Tite kirahi mo’e.
Jomi’u pirit kirahi mo’e ram ate.
Nã kihe
84
6 Como manter nossa qualidade de vida
Os ouriços pequenos são para fazer nossas pulseiras
PGTA | TI Zo’ é
esfumaçada muito rápido. Há muito tempo
a gente já fazia muita rede de castanheira.
As castanheiras jovens não acabam. A gente
bate a entrecasca que será rede, então a
Diretrizes para a
gestão socioambiental
castanheira estraga. Aquela fica velha, mas
ainda existem outras.
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6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Mo’e juk tyha
Ahyha jo’e kõ ba’u teha jo’e pe ahyha Punaj kõ ba’u Sejaj akõ ba’u nowe.
Kirahi mo’e areraba jo’e kõ werut Sãtar9ty Punaj toereha jawo.
86
6 Como manter nossa qualidade de vida
Como descartamos coisas estragadas
As cascas dos nossos alimentos, mato, jamanxins velhos, cinzas, a gente joga nas nossas
lixeiras, nas aldeias. Se já está estragado, então fica na lixeira. As coisas dos não índios,
quando ficam velhas são ruins meeeesmo. As pilhas velhas são ruim meeeesmo; elas podem
espalhar dores. As meninas, os meninos, nós todos podemos ter dores. A gente toma cuidado
com isso. A Funai toma cuidado com doenças na nossa terra. A equipe de saúde também toma
cuidado. Então, a gente traz esse tipo de material para que a Funai leve para ser descartado
em Santarém.
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Diretrizes para a
gestão socioambiental
87
7 Kirahi mo’e kõ konãha
Pũdu ji atejanatu
Dajkoj Pũdu ji Atejonatu rame Punaj karakuri rehe tenono kirahi mo’e kõ.
Punaj konan oerut a’e bobe’u jo’e kõ tomy’yj.
Õj Pũdu ji Atejonatu iko rame a’e jo’e rebiaporarera rehe jo’e karakuri iko rane.
Jo’e kõ kõta rehe jeba.
Õj Pũdu ji Atejonatu iko ipy.
Jo’e mo’e kõ poharupa iko.
Kisiweha jo’e kõ dokuhagatuj wi a’e õj Punaj karakuri ba’u gatu rane. Jo’e
kuha rame a’e jo’e ate ba’u potat.
Puhaj ate jo’e karakuri ikuha okeha um iko a’e a’e pete
Iepe Punaj pyri pytywũ jo’e rebiaporeraha rehe kisiweha rehe nowe.
Mõ juj jo’e mo’e poha kõ a’e juj kirahi mo’e konan.
Mo’e su jo’e potatete kirahi mo’e kõ: pide turi turi remi’u kuj dybo pirang
sãdaria jikirike jy uhu tata boke ra’yt.
88
7 Como buscamos lidar com dinheiro
Fundo de Artesanato – FAZ
Quando não tinha Fundo de Artesanato era apenas com o dinheiro da Funai que as
mercadorias eram trazidas e distribuídas entre nós. Hoje existe mesmo o Fundo de
Artesanato. Então, por causa das coisas que nós confeccionamos, temos mesmo o nosso
dinheiro. Todos nós somos donos de nossa conta no banco. Agora o Fundo de Artesanato está
se consolidando. Temos um jeito de vender o que produzimos. Hoje ainda não sabemos bem
escrever em português, aí a Funai ajuda a administrar o nosso dinheiro. Quando soubermos
mesmo, aí seremos nós que vamos gerir sozinhos. Hoje está tudo bem, pois a Funai presta
contas a nós sobre as movimentações de nosso dinheiro. O Iepé, junto da Funai, ajuda com
a escrita relacionada às coisas que fazemos para o Fundo. “Quanto custa as coisas que
fazemos?”, assim trocamos de maneira equivalente com coisas dos não índios. Essas são as
coisas dos não índios que queremos: anzóis, lanternas, pilhas para lanternas, cuias, linha
vermelha de algodão, sandália, lima, machado, isqueiro, faquinha.
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gestão socioambiental
89
8 Teha ijisena hoha kupej ba’uha
Kirahi mo’e kõ bopu rane
Iko tisu kirahi jo’e rekoha pe a’erame kwata kiji baja a’e kiwoty ut.
Dojaesage’e muang kwata.
Kwãjti tiga’u sipejisãw rame.
Okuj tenana ijaja ke’i do’uj pak do’uj.
Dojapotare’ej kirahi ojki j5mim.
Ojki n j5mim a’erame kwata kõ dajkoj kyky kõ dajkoj deabu kõ dajkoj.
Namomuami e’e deabu doroeduj e’e deabu.
Kirahi mo’e kõ bopuha.
Derereguhu a’e kwata pojy.
Kasitãj99 ru ba’uha
Kome jo’e kõ dohoj rane, sipejisãw rupi a’erame we kasitãjru ojki iman nãdy
pe orekoha rupi. A’erame dahej iman.
Jo’e kõ iwyjmi kasitãjru ojki jonãdype a’erame dahej iman.
90
8 Estamos preocupados com o entorno da terra indígena
Os não índios espantam a caça
Foi devido à presença de invasores no sul do nosso território que o macaco coatá teve
medo e foi embora dali. Quase não vimos coatá durante a última expedição ao limite sul,
matamos apenas dois. O fruto do inajá cai e fica lá, macaco prego não come, cutia não come.
Não queremos, de modo algum, invasores na nossa terra. Quando tem invasor, não tem
coatá, não tem guariba, não tem nambu. Quando fomos naquela região, não ouvi nenhuma
vez o nambu levantar voo na mata. Os não indígenas espantam a caça. Fazem muito barulho
e o macaco coatá se assusta.
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indígenas não irão mais lá. Se os castanheiros
não indígenas se estabelecerem perto
demais da nossa terra, vai ser muito ruim.
Diretrizes para a
gestão socioambiental
Mas no momento da expedição, os castanheiros
já haviam entrado nos castanhais, dentro do
nosso território, por isso antes mesmo já
estava ruim. Os castanheiros entraram na
nossa terra, nos nossos castanhais, por isso
já estava ruim.
91
8 Teha ijisena hoha kupej ba’uha
Punaj opytywũ ha
92
8 Estamos preocupados com o entorno da terra indígena
A Funai vai continuar nos ajudando a cuidar dos limites da TI
Os não indígenas vieram da região de Oriximiná até a nossa terra. Vieram ficar na beira
da nossa terra, e depois atravessaram. Por isso, é provável que eles fossem se estabelecer
definitivamente ali.
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A castanha não tem só um
dono. É a nossa terra, a castanha
está na nossa terra. Tem
Diretrizes para a
gestão socioambiental
castanha na terra dos não índios,
deve ser a castanha deles. Essa
não é deles. É nossa castanha.
Nossa castanha mesmo. Estamos
falando duramente agora.
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8 Teha ijisena hoha kupej ba’uha
Misiunariu ba’uha
94
8 Estamos preocupados com o entorno da terra indígena
Precauções com missionários
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as cabeceiras dos igarapés, a água se tornará ruim para nossa saúde e não poderemos beber
a água dos nossos rios. A ação mineradora também pode espantar os animais de caça. Não
queremos nada disso. Por isso dizemos às empresas mineradoras: não se aproximem de
nossa terra!
Diretrizes para a
gestão socioambiental
95
Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
1 Tytyte jo´e iwana kõ iko
Como vivemos nossa mobilidade territorial
96
C omo os parceiros devem atuar Q uem deve apoiar
PGTA | TI Zo’ é
Definir de modo participativo as
condições e o tempo de permanência
nas aldeias próximas à base da
Frente de Proteção para reuniões,
Diretrizes para a
gestão socioambiental
FPEC, Equipe de Saúde e Iepé
atendimentos de saúde, e outras
atividades, levando-se em consideração,
dentre outras coisas, a menor oferta de
alimento na região
97
Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
2 Jo’e rekoha ba’uha
Como fazemos a vigilância do nosso território
98
C omo os parceiros devem atuar Q uem deve apoiar
PGTA | TI Zo’ é
vigilância feitas pelos Zo'é
Diretrizes para a
gestão socioambiental
Fomentar a comunicação e promover
relações de parceria com os povos FUNAI, FPEC, Iepé e organizações dos
indígenas vizinhos para o fortalecimento povos vizinhos
da vigilância territorial
99
Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
3 Jo’e paraduha
Como nos organizamos
100
C omo os parceiros devem atuar Q uem deve apoiar
PGTA | TI Zo’ é
Sempre explicar bem e consultar
os Zo’é antes de receber qualquer FPEC
colaborador dentro da Terra Indígena
Diretrizes para a
gestão socioambiental
101
Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
4 Ikuha okeha
Como buscamos conhecimentos
102
C omo os parceiros devem atuar Q uem deve apoiar
PGTA | TI Zo’ é
de saúde e organizações dos
conhecimento com outros povos.
povos vizinhos
Diretrizes para a
gestão socioambiental
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Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
5 Sauji
Como cuidamos da nossa saúde
Nós tomamos muito cuidado com Novos servidores de saúde devem ter
a gripe que é trazida pelos não disposição para aprender nossa língua e nosso
indígenas jeito de ser
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C omo os parceiros devem atuar Q uem deve apoiar
PGTA | TI Zo’ é
saúde atuantes na Terra Indígena
Diretrizes para a
gestão socioambiental
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Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Como manter nossa qualidade de vida
A gente gosta de andar longe. Na seca Nós vamos cuidar para que não
a gente vai longe para pescar, e aí acabem as matérias-primas, para
aproveitamos para matar mutum para obter continuarmos fazendo nossos
penas para fazer flechas objetos e os artesanatos para o FAZ
106
C omo os parceiros devem atuar Q uem deve apoiar
PGTA | TI Zo’ é
Respeitar as concepções específicas
que os Zo'é têm sobre os animais, as
FUNAI, FPEC, Equipe de saúde e Iepé
plantas e outros seres, valorizando seus
cuidados com eles
Diretrizes para a
Respeitar o modo como os Zo’é realizam gestão socioambiental
FUNAI, FPEC, Equipe de saúde e Iepé
as suas trocas
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Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
6 Jo’e kõ iko tute’e potariwi kiramãty
Como manter nossa qualidade de vida
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Diretrizes para a
gestão socioambiental
109
Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
7 Kirahi mo’e kõ konãha
Como buscamos lidar com dinheiro
110
C omo os parceiros devem atuar Q uem deve apoiar
PGTA | TI Zo’ é
Garantir mecanismos para o
acompanhamento pelos Zo’é, das
FPEC e Iepé
movimentações de sua conta bancária
coletiva
Diretrizes para a
gestão socioambiental
Seguir avaliando, com a participação
direta dos Zo'é, a forma mais adequada FPEC, CGIIRC, Iepé e MPF
de gerir o dinheiro gerado por eles
111
Síntese das diretrizes de gestão socioambiental da TI Zo’é
8 Teha ijisena hoha kupej ba’uha
Estamos preocupados com o entorno da terra indígena
112
C omo os parceiros devem atuar Q uem deve apoiar
PGTA | TI Zo’ é
direitos indígenas e ambientais sejam observados
Diretrizes para a
gestão socioambiental
Garantir que a FPEC tenha recursos necessários
para fiscalização e que ela siga planejando e FUNAI, FPEC e Iepé
executando estas ações junto com os Zo'é
113
Pressões e ameaças
no entorno da TI Zo’é
114
Um mosaico de áreas protegidas
A TI Zo’é está inserida em um conjunto de áreas protegidas, na região que, nos anos 1970
e 1980, se tornou conhecida como “Calha Norte”.
Em 2006, o Governo do Estado do Pará criou três grandes Unidades de Conservação (UCs)
no entorno imediato da Terra Indígena:
• A Floresta Estadual do Trombetas, criada pelo Decreto n° 2607 de 04/12/2006, com 3,2
milhões de hectares.
• A Floresta Estadual do Paru, criada pelo Decreto n° 2608 de 04/12/2006, com 3,6 milhões
de hectares.
• A Estação Ecológica do Grão Pará, uma UC de proteção integral, criada pelo Decreto
Estadual n° 2609, de 04/12/2006, com 4,2 milhões de ha.
A criação dessas unidades, que são de domínio público e assim proíbem a titulação
privada, é importante para a proteção dos recursos naturais da TI e de seu entorno. No
entanto, as duas Florestas Estaduais (Flotas) pertencem à categoria de uso sustentável,
permitindo ocupação e acesso regulado de parte de seus recursos naturais. Abrem, portanto,
a possibilidade de concessões de áreas para exploração madeireira e mesmo mineral.
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limites da ESEC Grão Pará, como ocorreu em 2010, com a proposta da mineradora Rio Tinto
Desenvolvimentos Minerais Ltda., interessada na exploração de bauxita no rio Curuá, no
entorno leste da TI Zo’é.
115
Presença de povos indígenas isolados
O banco de dados da CGIIRC-Funai atesta em seu cadastro a
presença de doze registros de povos indígenas isolados na área de
atuação da FPEC. Eles estão dispersos nas imensas florestas que se
estendem pelo norte do Estado do Pará (bacias dos rios Nhamundá,
Mapuera, Cachorro, Trombetas, Erepecuru, Cuminapanema, Curuá,
Maicuru, Paru de Leste e Jari), o norte do Amapá (bacias dos rios
Amapari e Oiapoque), o sudeste de Roraima (bacia dos rios Jatapu/
Jatapuzinho) e nordeste do Amazonas (bacia do rio Jatapu).
116
• Finalmente, o registro nº 122 (Ponekuru/Acapu) incide na Floresta
Estadual do Trombetas, a sudoeste da TI Zo’é; está fundamentado
nos escritos de Padre Nicolino, que circulou na região no final do
século XIX, e em informações recentes fornecidas tanto pelos
quilombolas da Cachoeira da Pancada quanto pelos Katxuyana
que, no início da década de 1970, chegaram a manter relações
com um pequeno grupo Ingaruyana, nessa região específica.
Nos últimos cinco anos, dentre esses três registros no entorno
da TI Zo’é, a FPEC-Funai têm priorizado trabalhos de campo para
averiguar o registro nº 122, tendo em vista que a área em questão
tem sofrido pressão por parte de garimpeiros e grileiros de terra,
oriundos principalmente de Oriximiná-PA.
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Pressões e ameaças
117
Garimpos
A presença de garimpos nos rios Erepecuru, Curuá, Cuminapanema,
Urucuriana e no igarapé dos índios (Tarãr5) é antiga e persistente.
Como registrado no Relatório de Identificação da TI Zo’é, alguns locais
já eram explorados na década de 1960, enquanto outros são ocupados
intermitentemente nos anos 1980 e sobretudo 1990.
Os garimpos existentes
até o momento são
ilegais. No entanto,
se verifica que, em
alguns desses locais,
foram submetidos
requerimentos de “lavra
garimpeira” (mapa ao
lado – Nepomuceno,
2019: 39).
118
Interesses de empresas de mineração
Não há, atualmente, processos minerários incidentes na TI Zo’é.
No entanto, como se vê no mapa, alguns requerimentos de pesquisa
mineral foram solicitados em áreas situadas no limite exato da TI,
tanto a oeste como a leste.
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Pressões e ameaças
119
Exploração ilegal de castanha na porção sul da TI Zo’é
A coleta da Castanha-do-Brasil é uma atividade muito antiga e
significativa para a economia de toda a região de Oriximiná, realizada
tanto por não-índios como por comunidades quilombolas e indígenas.
120
O extrativismo da castanha na região é praticado em modalidades
muito diversas, onde se contrapõem formas de gestão coletiva
em comunidades produtoras, com o recrutamento temporário de
trabalhadores por empresários que vivem nas cidades.
PGTA | TI Zo’ é
Como explicitam na parte central deste documento, acima, os Zo’é
estão muito preocupados com esse tipo de invasão, para atividade
extrativista comercial no interior de sua terra.
Pressões e ameaças
121
Parcerias
122
Como foi construído este Plano
Durante três anos, entre setembro de 2016 e agosto de 2019, foi desenvolvido um
conjunto expressivo de atividades colaborativas com os Zo’é, graças ao apoio do Projeto Bem
Viver Sustentável financiado pelo Fundo Amazônia (Contrato de Concessão de Colaboração
Financeira no.15.2.00733.1, celebrado entre o BNDES e o Iepé).
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de Gestão Socioambiental, em moldes previstos pela PNGATI. Envolveram procedimentos
metodológicos que garantiram a articulação entre essas frentes de atuação.
123
Primeiro, os assessores do Iepé visitaram todas as aldeias e
realizaram expedições em regiões escolhidas pelos Zo’é, para
levantar os usos dos recursos e documentar as iniciativas de
ocupação recente de cada grupo local.
124
O Projeto também apoiou a realização de expedições de
fiscalização nos limites, sob a responsabilidade da FPEC-Funai e
contando com a participação ativa dos Zo’é.
PGTA | TI Zo’ é
Parcerias
125
A partir de 2018, algumas oficinas tomaram a forma de “Encontros
de letramento”, para acelerar a capacidade de leitura e escrita em
língua zo’é de uma primeira turma de 28 jovens e adultos.
126
Na terceira etapa, preparada pelas duas primeiras e que iniciou
em 2019, foi realizada uma série de reuniões visando construir
“acordos” entre eles, visando a elaboração das diretrizes do Plano.
As oito reuniões realizadas abordaram temas específicos, como
PGTA | TI Zo’ é
processo de descentralização das aldeias, práticas de caça e pesca,
usos de matérias-primas para construção de casas e artefatos etc.
Essas reuniões de acordo sempre foram precedidas ou seguidas pelos
Encontros de Letramento, que possibilitavam a sistematização dos
Parcerias
resultados das discussões, em debates e por escrito. A última reunião
de acordos, em agosto de 2019, resultou na redação final das diretrizes
desde Plano, apresentadas na terceira parte deste documento.
127
Como se vê, os aprendizados foram múltiplos e intrincados uns
aos outros. Nesse processo, os Zo’é entenderam gradativamente
a importância da elaboração deste Plano, bem como tiveram
oportunidade de se aproximar de outros instrumentos de proteção
territorial previstos na PNGATI.
128
Desafios da implementação deste Plano
Os desafios para o futuro engajam duas dimensões, estreitamente
vinculadas. De um lado, a governança da gestão territorial sob
responsabilidade dos Zo’é e, do outro, a indispensável articulação
de múltiplos atores que deverão se engajar na implementação deste
Plano, em apoio as diretrizes estabelecidas pelos Zo’é.
PGTA | TI Zo’ é
especialmente durante a construção deste Plano. A realização
regular de reuniões entre todos os chefes de aldeias e muitos de seus
familiares, com as equipes da FPEC-Funai e do Iepé, é o principal
mecanismo demandado por eles tanto para planejamento como
Parcerias
para avaliação das ações em curso. Essas reuniões são chamadas
oporadoha, “conversações”, “acordos” – um termo outrora reservado
ao âmbito das trocas entre famílias. Inclusive, os chefes zo’é se
mobilizam em chamar uma reunião toda vez que desejam obter
informações sobre algum problema ou atividade que envolve decisão
de toda a comunidade, como a gestão do Fundo de Artesanato – FAZ,
129
a organização de expedições de vigilância ou fiscalização, a seleção
de representantes da comunidade que irão participar de eventos fora
da TI.
130
Ao longo dos últimos três anos, representantes zo’é participaram
de diversos eventos em que dialogaram com representantes de
vários povos, inclusive de outros países, em situação de contato
recente ou não.
PGTA | TI Zo’ é
Agora, eles desejam participar regularmente desse tipo de
intercâmbio, em que têm a oportunidade de conhecer a perspectiva
de outros povos sobre os mais diversos contextos de relações
interétnicas.
Parcerias
131
JOKOHA BOIKUHAHAMU A’E PGTA IKO
Temos o PGTA para dar a co-
nhecer o nosso território. Agora
que temos o PGTA, trataremos da
Õj PGTA iko a’erame dade oroho kirahi nossa Terra quando formos visitar
rupaty paradu a’e ore ywy rehe oporadu potat. os não-índios e conversar. Tendo
mapa, os não-índios saberão como
Iko mapa a’e ate jo’e rekoha kirahi kuha potat. ocupamos o nosso território.
132
No final da década de 1980, dois fatos Não é possível pensar em saúde sem
praticamente sincrônicos marcaram a política considerar meio ambiente e território dos
indigenista brasileira. Apresentava-se ao povos indígenas como o principal prestador
mundo o povo Zo'é como uma das últimas de serviços para uma vida saudável. Desta
etnias intactas da Amazônia, e promulgava-se forma, o PGTA é uma ferramenta fundamental
a Constituição Federal vigente, tida como uma para garantir saúde plena e proteção ao
norma estatal capaz de garantir o bem viver dos conhecimento tradicional. Evitar a imposição
povos indígenas. Três décadas se passaram e de um modelo biomédico não índio que não se
nenhuma das premissas se confirmou. Existem, comunica e nem se articula com os saberes e as
hoje, mais de uma centena de registros de práticas desses povos. É através do PGTA que
grupos isolados e os povos indígenas do Brasil ouvimos as demandas e organizamos as ações
jamais deixaram de ter que resistir a inúmeros de saúde em sintonia com os Zo’é e, assim,
fatores de pressão. O quadro, que já era grave, juntos, o escrevemos.
intensifica-se, mediante um brutal desmonte Erik L. Jennings Simões,
neurocirurgião e medico do DSEI Guatoc
da agenda indígena. Na contramão desses
ataques, o povo Zo'é lança luzes de esperança
e, por meio do PGTA de seu rekoha, projeta o
futuro, contribuindo, espontaneamente, para
a correção do passado e presente de violações
sentidas pelos povos indígenas.
Camões Boaventura,
procurador da República
PGTA | TI Zo’ é
Parcerias
133
134
Para saber mais...
BRASIL. Decreto sem número, de 21 de dezembro de 2009. Homologa a
demarcação administrativa da Terra Indígena Zo’é, localizada no Município de
Óbidos, Estado do Pará.
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret_sn/2009/decreto-50198-21-
dezembro-2009-599011-publicacaooriginal-121411-pe.html
BRASIL. Decreto no. 7.747, de 5 de junho de 2012. Institui a Política Nacional de
Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas – PNGATI.
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%20
7.747-2012?OpenDocument
BRASIL. Portaria Conjunta MS/FUNAI nº 4.094, de 20 de dezembro de 2018.
Define princípios, diretrizes e estratégias para a atenção à saúde dos Povos
Indígenas Isolados e de Recente Contato.
https://www.jusbrasil.com.br/diarios/223162461/dou-secao-1-28-12-2018-pg-390
FUNAI. Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato. Web site consultado em
13/10/2019.
http://www.funai.gov.br/index.php/nossas-acoes/povos-indigenas-isolados-e-de-
recente-contato?start=1#
FUNAI. Portaria Nº 1816/PRES, de 30 de dezembro de 2011. Cria a Frente de
Proteção Etnoambiental Cuminapanema.
http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/cogedi/pdf/Boletim%20de%20
Servicos/2011/Boletim%2024%20de%2005.12.2011.pdf
GALLOIS, Dominique Tilkin & HAVT, Nadja Bindá. 1998. Relatório de Identificação
da Terra Indígena Zo’é. Portaria 309/PRES/Funai de 04 de abril de 1997.
NEPOMUCENO, Ítala Tuanny Rodrigues. 2019. Levantamento socioeconômico e
ambiental da Terra Indígena Zo’é e entorno. Instituto de Pesquisa e Formação
PGTA | TI Zo’ é
Indígena – Iepé, Projeto Bem Viver Sustentável.
135
JO’E REKOHA BOKITUTEHA RAM
Planejando como vamos continuar vivendo bem no futuro
Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Zo'é
R ealização
Instituto de Pesquisa e Formação Indígena – Iepé
Frente Etnoambiental Cuminapanema – FPEC/Funai
D ireitos A utorais
Povo Zo’é da TI Zo’é – Pará
O rganização e edição
Dominique Tilkin Gallois
E laboração de textos
Dominique Tilkin Gallois, Hugo Prudente, Leonardo Viana Braga e Fabio Ribeiro
C olaboração
Ítala Nepomuceno
M apas
Thomas Gallois, Ítala Nepomuceno, Simirã, Rasiũ, Tajuje, Hun e Tereren Zo’é
F otografias
Arquivo do Programa Zo’é do Iepé
Acervo pessoal das equipes da Funai e da Saúde que atuam na TI Zo’é
R ealização
A poio
136
PGTA Zo'é CAPA2 final.indd 2 19/11/2019 09:13:50
JO’E REKOHA
BOKITUTEHA RAM
Planejando como vamos continuar vivendo bem no futuro
Plano de Gestão T erritorial e A mbiental | TI Zo’ é
realização
apoio
MINISTÉRIO DA MINISTÉRIO DO
ECONOMIA MEIO AMBIENTE