Intro - o Vento Nos Salgueiros
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www.clubinholiterario.com
Revisão:
Gleice Queiroz ISBN: 978-65-87853-23-9
Capa:
Irina Ibanez Reichow de Fleury Reservados todos os direitos desta obra.
Editoração: Proibida toda e qualquer reprodução desta edição
Eduardo C. de Oliveira por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica ou
mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro
Ilustração: meio de repro-dução, sem permissão expressa do
Arthur Rackham editor.
“Pois, como em um só
corpo temos muitos membros
e cada um dos nossos
membros tem diferente
função, assim nós, embora
sejamos muitos, formamos
um só corpo em Cristo, e
cada um de nós é membro
um do outro.”
ROMANOS 12, 4 e 5
SUMÁRIO
1 A M ARGEM DO R IO 7
2 A ESTRADA ABERTA 25
3 A F LORESTA S ELVAGEM 39
4 S R . T EXUGO 53
5 D OCE LAR 69
6 S R . S APO 87
9 V IAJANTES 131
11 “C OM OS TEMPORAIS DE
A MARGEM
DO RIO
O
Toupeira trabalhou duro a manhã toda, fazendo
faxina em sua casinha. Primeiro com uma
vassoura, depois com espanadores; em seguida,
em cima de escadas e cadeiras, com uma escova e um
balde de cal. Trabalhou tanto que ao final tinha poeira
em seus olhos e em sua garganta, respingos de cal em seu
manto preto, dores nas costas e extremo cansaço em seus braços.
A primavera se aproximava pelo ar e pela terra, penetrando até
mesmo a escura e humilde casinha com seu espírito de inquietação
e desejo de novas aventuras. Não foi surpresa, então, que ele de
repente jogasse sua escova ao chão e dissesse:
— Que tédio. Ah, quer saber? A faxina fica para depois!
Então saiu de casa em disparada, sem nem pôr seu casaco.
Algo lá em cima o chamava imperiosamente, e ele entrou pelo
pequeno e íngreme túnel que fazia as vezes do caminho de casca-
lho que se estende em frente às casas dos animais que moram mais
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1. M.q. shilling, antiga unidade monetária britânica. Meio xelim equivale a six-
pence. (NT)
2. Muito se discute sobre o sentido dessa fala do Toupeira. Sabe-se que, entre os
séculos XIX e XX, no Reino Unido (época e local de vida do autor), era comum
o consumo de coelhos servidos com molho de cebola. Ainda, o molho de cebola
era um alimento muito associado a camponeses pobres e simples, ou “caipiras”.
A resposta provocativa do Toupeira aos coelhos é provavelmente referência a
algo desse tipo. (NT)
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que posso andar pela maior parte do leito sem molhar os pés, en-
contrando comida fresca e coisas que pessoas descuidadas deixam
cair de seus barcos.
— Mas isso não é um pouco chato às vezes? — aventurou-se
o Toupeira a perguntar. — Só você e o rio, e ninguém mais para
conversar?
— Ninguém mais para… Bem, não devo ser duro com você —
disse o Rato, com paciência. — Você é novo aqui, e obviamente não
sabe. A margem está tão cheia hoje em dia que muitas pessoas estão
se mudando definitivamente. Não é mais como antigamente. Lon-
tras, martim-pescadores, mergulhões-pequenos, galinhas-d’água,
todos estão aqui o dia todo, querendo sempre que você faça alguma
coisa, como se os outros não tivessem seus próprios afazeres!
— O que é aquilo? — perguntou o Toupeira, apontando com
a pata para a floresta ao fundo que, de um dos lados do rio, emoldu-
rava os campos alagados com sua madeira escura.
— Aquilo? É apenas a Floresta Selvagem — disse brevemente
o Rato. — Nós, da margem do rio, não vamos muito para lá.
— As pessoas de lá não são muito… Muito boas? — pergun-
tou o Toupeira, um pouco nervoso.
— Bem… — respondeu o Rato. — Deixe-me ver. Os esquilos
são legais. Quanto aos coelhos, alguns deles, mas entre os coelhos
há de tudo. E ainda há o Texugo, é claro. Ele vive bem no meio da
floresta; não viveria em nenhum outro lugar, nem que fosse pago
para isso. Bom e velho Texugo! Ninguém mexe com ele. E é melhor
mesmo que não mexam — ressaltou por fim.
— Por quê? Quem mexeria com ele? — perguntou o Toupeira.
— Bem, claro, há outros… — prosseguiu o Rato, meio hesi-
tante. — Doninhas, e furões, e raposas, e assim por diante. Eles são
legais, de certa forma. Eu sou muito amigo deles; faz tempo desde
o dia em que nos conhecemos, e tudo o mais; mas eles estouram
às vezes, não há como negar, e aí… Bem, não se pode confiar neles,
essa é a verdade.
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