E-BOOK Transforme Vidas Contando Historias - Livia Alencar

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Dedico esse meu primeiro livro à minha mãe, que me apresentou ao mundo

encantado das histórias; ao meu pai, que sempre me tocou com suas histórias

de vida; ao meu marido, com quem estou construindo a minha história; aos meus

filhos Benjamin, que me inspira a criar histórias novas quase que diariamente, e

Rebecca, que na data de lançamento desse livro está ainda aqui dentro de mim,

dando muitas piruetas e ansiando por iniciar a sua história nessa Terra.

Maio de 2017

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ÍNDICE

Prefácio: uma história transformadora inédita ..................................... 4

Introdução: a minha jornada com a contação de histórias ................ 11

A contação de histórias como instrumento de transformação .......... 18

Preparando-se para contar histórias e transformar vidas .................. 28

Mais histórias motivacionais e transformadoras ................................. 35

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Prefácio: uma história transformadora inédita

O SONHO DE MARICOTA

Lívia Alencar

Era uma vez uma galinha que vivia em um galinheiro dentro de uma grande

fazenda e que se chamava Maricota.

Como todas as outras galinhas, Maricota passava seus dias ciscando, batendo

papo com as amigas, botando ovos... ela levava uma vida normal de galinha.

Certa tarde, Maricota estava ciscando perto da porteira do galinheiro quando

olhou para fora e notou que, lá do outro lado da fazenda, havia uma grande

montanha. De repente ela se viu tomada por uma curiosidade: o que haveria lá

no alto da montanha?

Os dias foram passando e Maricota não tirava aquela pergunta da cabeça. E

dentro dela nasceu uma vontade grande de ir até a montanha, subir até o topo e

saber como era estar no alto da montanha, o que ela encontraria por lá...

Maricota foi conversar com suas amigas, mas todas elas acharam aquilo um

absurdo:

- Que ideia maluca, Maricota... para que você quer ir subir a montanha se nós

temos tudo o que precisamos aqui? O nosso dono nos dá comida todos os dias,

temos o nosso poleiro para dormir... aqui nós estamos seguras e cuidadas, e lá

na montanha teríamos que nos virar para sobrevivermos.

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- Isso mesmo, Maricota! Aliás, nunca nenhuma galinha foi até a montanha. É tão

longe que você nem sabe se vai conseguir chegar lá. Você pode morrer pelo

caminho e ninguém nunca vai ficar sabendo.

- Maricota, realmente é impossível para nós, galinhas, subirmos aquela

montanha.

E assim as amigas de Maricota fizeram de tudo para tirar aquela ideia da

cabecinha dela.

De início a Maricota ficou muito desanimada e tentou esquecer tudo, pois parecia

que suas amigas tinham razão... aquela ideia era mesmo muito maluca.

Mas cada vez que ela olhava para a montanha, tão alta e imponente, aquela

vontade de chegar lá no topo voltava. E Maricota começou a se questionar:

“Como é que as minhas amigas sabem que é impossível se nunca nenhuma

delas tentou?”

E a vontade foi se transformando em algo grande, em uma coisa que ela já não

podia ignorar: um sonho! E ela sentia que tinha que lutar para alcançar aquele

sonho, mesmo que não tivesse o apoio de ninguém.

Então Maricota foi se preparando para o momento certo de sair em busca do seu

sonho. Até que, certa tarde, quando o fazendeiro abriu a porteira do galinheiro

para levar comida às galinhas, Maricota passou por ele, saiu pela porteira e

correu em disparada fazenda afora. O fazendeiro até tentou correr atrás dela,

mas não conseguiu alcançá-la.

Lá dentro do galinheiro se formou o maior alvoroço. A galinhada gritava:

- Maricota, sua louca, o que você está fazendo?

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- Volta, Maricota, não seja doida!

- Você vai morrer, amiga... volte enquanto há tempo!

Mas Maricota estava concentrada em ir em busca do seu sonho e não deu

ouvidos às galinhas. Ela só correu o mais rápido que pôde até conseguir sair da

fazenda e se ver livre. Finalmente, livre! Sim, ela estava livre para chegar aonde

queria e realizar seu sonho.

O caminho até a montanha não foi nada fácil. Maricota passou horas e horas

andando e começou a sentir muita fome. Ela se lembrou da comida que tinha no

galinheiro. Era mesmo muito conveniente e fácil ganhar comida todos os dias,

mas devia haver alguma maneira de conseguir comida sozinha.

Enquanto pensava, Maricota naturalmente começou a arrastar suas patinhas

pelo chão. Para a sua surpresa, foram surgindo minhocas muito apetitosas. Ela

começou a comê-las e ficou satisfeita. Agora ela sabia como conseguir comida!

Maricota continuou andando até a montanha, mas o caminho era tão longo e

difícil que várias vezes ela pensou em desistir.

“Talvez minhas amigas estejam certas. Talvez eu nunca consiga chegar à

montanha. Eu posso até morrer pelo caminho... talvez seja melhor voltar para a

fazenda antes que seja tarde demais.”

Mas ao mesmo tempo, quando Maricota tinha esses pensamentos, parecia que

havia algo mais forte dentro dela que a fazia seguir em frente. E ela seguia.

E foi assim, nessa luta consigo mesma, que Maricota continuou em frente por

alguns dias, até chegar à montanha. E ao chegar ao pé da montanha ela

percebeu que o maior desafio estava só para começar: ela precisava chegar ao

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topo, e essa seria a parte mais difícil. Mas agora não tinha mais volta. E, se ela

já tinha andado tanto e chegado até ali, com certeza ela conseguiria chegar ao

topo.

A subida foi mais difícil ainda do que Maricota imaginava. Havia muitas pedras

pelo caminho. O esforço era muito grande. Ela se sentia extremamente cansada

e tinha que parar várias vezes para respirar e descansar.

Mas em cada parada Maricota olhava para baixo e via o quanto já tinha subido,

o quanto já havia progredido, e percebia que a vista estava ficando cada vez

mais bonita. E, ao olhar para cima, ela se lembrava que o seu foco era chegar

ao topo, e pensava que a vista de lá provavelmente seria muito melhor.

Foram mais alguns dias de caminhada, de muito esforço, de muita determinação.

Desistir já não era mais uma opção. A única opção era atingir seu objetivo,

alcançar seu sonho.

Até que aquele momento chegou. E Maricota deu seus últimos passos em

direção ao topo toda ansiosa, ofegante, empolgada.

E foi um momento mesmo lindo, uma cena emocionante de filme, daquelas em

câmera lenta com uma música poderosa de fundo: a galinha Maricota

alcançando o topo da montanha com os olhos arregalados, a respiração rápida,

o seu coraçãozinho de galinha batendo forte, parando e contemplando a beleza

daquela vista sem igual.

Maricota respirou fundo e sentiu uma emoção forte... seus olhinhos se encheram

de água e várias lágrimas escorreram... afinal, ela tinha conseguido algo que as

outras galinhas tinham certeza que era impossível. Ela tinha mesmo alcançado

seu sonho. Era um sentimento inexplicável.

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A história poderia acabar aqui. Maricota conseguiu realizar seu sonho e ponto.

Mas as histórias dos grandes sonhadores não acabam assim. De que adianta

alcançar um sonho sem poder ajudar outros a fazerem o mesmo?

Maricota pensou que outras galinhas também deveriam ter a oportunidade de

sentir o mesmo que ela estava sentindo, de contemplar as belezas que ela

estava contemplando, de enxergar um mundo além do galinheiro e da fazenda.

Agora que já sabia como, ela poderia ajudar mais galinhas a percorrerem aquele

caminho e chegarem onde ela chegou.

Assim, Maricota se preparou para voltar para a fazenda e causou grande

surpresa ao entrar no galinheiro.

- Maricota, é você mesma?

- Você está viva? Já tínhamos perdido as esperanças...

E Maricota contou para todas as galinhas como havia sido a sua jornada e tudo

o que ela havia aprendido e visto. Ela mostrou que realmente era possível e que

valia a pena subir a montanha e poder contemplar as belezas lá de cima.

O galinheiro ficou dividido: uma parte das galinhas sentiu o desejo de ir para a

montanha também e ver com seus próprios olhos tudo o que Maricota tinha visto,

e outra parte achava que aquilo era totalmente desnecessário, uma grande

bobagem.

Maricota ficou feliz por poder despertar em algumas das galinhas aquela vontade

de alcançar um sonho. Juntas elas planejaram o dia e a hora de partirem.

E partiram.

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Durante o caminho até a montanha, Maricota ia encorajando o grupo. Ela

ensinou as outras galinhas a conseguirem minhocas e saciarem sua fome.

Quando as galinhas falavam em desistir e voltar para a fazenda, Maricota

contava que também havia pensado aquilo muitas vezes, mas que valeu a pena

seguir em frente. Ela fazia o seu melhor para motivá-las e ajudá-las a manterem

o foco.

As galinhas ficaram felizes ao chegarem à montanha, mas não foi fácil enfrentar

a subida. Maricota continuava a encorajá-las e, a cada parada, mostrava o

quanto já tinham progredido e pedia para que olhassem para cima, para o topo

da montanha, que era o seu objetivo maior.

E assim as galinhas foram subindo juntas, unidas e determinadas em alcançar o

topo da montanha.

Ao chegarem lá em cima, foi uma festa geral! Foi tão emocionante quanto aquela

cena da Maricota quando estava sozinha, mas multiplicada. E Maricota percebeu

que aquela emoção de ter ajudado suas amigas a chegarem lá era ainda maior

e melhor do que quando tinha chegado sozinha.

As galinhas estavam todas felizes e realizadas. Era um sentimento único e

compartilhado - por isso era mais gostoso.

Elas passaram alguns dias no topo da montanha, contemplando aquela vista tão

bela e conversando e se deliciando juntas com aqueles momentos.

Numa noite, enquanto elas papeavam antes de dormir, com o céu estrelado

acima de suas cabecinhas, Maricota estava pensativa e olhava fixamente para

a lua cheia, toda deslumbrante lá no céu.

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Até que, de repente, ela falou:

- Como será que a gente faz para chegar na lua?

As galinhas se entreolharam e muitas opiniões surgiram...

Mas, conhecendo bem a Maricota, você tem alguma dúvida de que ela

conseguiu?

E finalizo essa história com uma frase atribuída a Nelson Mandela:

“Tudo parece impossível até que seja feito.”

Nota: Eu ia finalizar meu livro com essa história, mas como muitas pessoas

acabam não lendo os livros até o final, achei melhor abrir o livro com ela, pois

essa história é meu presente para você e eu espero que ela te influencie

positivamente!

O que você sentiu ao ler essa história?

Você pode me contar o que achou dessa história e também desse livro me

enviando um e-mail para: [email protected]

Vou adorar saber!

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Introdução: a minha jornada com a contação de histórias.

Quando eu falo da minha trajetória como contadora de histórias, costumo dizer

que comecei a contar histórias em 2006, aos 21 anos, quando peguei uma

matéria optativa de Contação de Histórias do Departamento de Letras na

Universidade Federal de São Carlos, onde eu estudava Ciências Sociais. Foi aí

que comecei a contar histórias voluntariamente e me apaixonei por essa arte

maravilhosa.

Mas, na verdade, a minha história com a contação de histórias começou bem

antes, quando eu era pequena e ouvia a minha mãe contando histórias para

mim. Acredito que foi a minha mãe que despertou em mim de maneira tão doce,

com o amor único que as mães tem, o interesse pelas histórias e a capacidade

criativa e imaginativa. Tenho memórias lindas dos momentos que eu e minha

irmã passávamos deitadas na cama com a minha mãe enquanto ela nos contava

histórias, e as imagens iam se formando dentro da minha cabecinha, e os

personagens ganhavam vida no meu mundo. Minha mãe também criava

histórias e personagens próprios, e creio que daí veio também a primeira

influência para que eu mesma criasse minhas próprias histórias.

Então, a semente já havia sido plantada quando eu era muito pequena, e o meu

contato “oficial” com a contação de histórias logo fez com que eu me identificasse

totalmente com a magia que essa arte traz.

Vários anos depois, ao fazer aquela matéria na Universidade, eu precisava

aplicar os conhecimentos que estava adquirindo com a comunidade e preparar

um trabalho de conclusão relatando as experiências práticas. Por isso comecei

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a contar histórias em uma escola pública de Ensino Fundamental de São Carlos.

Lembro-me exatamente do que senti quando entrei pela primeira vez na escola.

Tive um sentimento bem gostoso e mágico ao ver as crianças com quem eu

trabalharia naquele semestre. Eram algumas turmas do primeiro ao terceiro ano

do Ensino Fundamental e logo eu comecei a ser chamada de “tia das histórias”!

Como era delicioso chegar nas salas de aulas e ser recebida com palmas, gritos

de alegria, abraços e beijos das crianças! Era muito carinho e amor que eu

recebia cada vez que ia contar histórias e algumas situações chegaram a me

emocionar, como a de uma vez em que uma das meninas me abraçou e disse:

“Você podia ser a minha mãe...”

Nesse período inicial da minha jornada como contadora de histórias eu comecei

a pesquisar muitos livros, sempre buscando histórias novas para os meus

pequenos ouvintes. Às vezes eu não encontrava o que precisava, por isso passei

a criar minhas próprias histórias e então um novo mundo se revelou para mim: o

despertar do meu poder criativo, que fazia tudo aquilo ser mais gostoso ainda!

Ver as crianças se divertindo com as histórias criadas por mim era maravilhoso

e único!

Mas, além de contar histórias voluntariamente naquela escola, eu comecei a

contar histórias em casa, onde tive experiências inesquecíveis também. A

primeira foi com minha mãe. Naquela época minha mãe tinha se recuperado de

uma depressão profunda que havia durado alguns duros anos. Foram anos muito

difíceis para a nossa família. Só quem passa por uma depressão ou tem alguém

na família com depressão sabe do que eu estou falando. Com a depressão

minha mãe havia adquirido ainda síndrome do pânico, da qual nunca se

recuperou totalmente.
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E, em momentos de tristeza e desespero que às vezes retornavam na vida da

minha mãe, ela me pedia para contar histórias para ela. E eu contava... e ela se

sentia melhor. Por meio desses momentos eu comecei a perceber que as

histórias tem um poder maior do que eu imaginava, ou do que todos nós

imaginamos.

O mais interessante foi que minha mãe foi quem primeiro moldou e transformou

a minha vida contando histórias para mim, e depois fui eu quem influenciei a vida

dela de maneira positiva contando histórias para ela. É um ciclo, uma troca

inexplicável e bela.

A outra experiência que eu tive em casa foi com meu irmão caçula. Na época

em que comecei a contar histórias voluntariamente ele tinha uns 11 ou 12 anos.

Mesmo com essa idade, ele era o bebezão da família, sempre carente e

carinhoso. E ele começou a me pedir para contar histórias para ele antes de

dormir. E muitas vezes eu me sentava ao lado dele na cama e fazia carinho no

cabelo dele enquanto contava histórias, até ele dormir. Foram momentos que

estreitaram nossos laços como irmãos e dos quais nunca nos esquecemos.

Muitas experiências incríveis foram se seguindo. Outra oportunidade que tive de

contar histórias voluntariamente foi em uma instituição para adolescentes e

adultos com necessidades especiais em São Carlos. Havia pessoas com

síndrome de down, autismo e vários tipos de deficiências. Eles logo me

cativaram e eu ia semanalmente contar histórias lá. Era maravilhoso ver como

as histórias prendiam a atenção deles e, melhor ainda, que eles mesmos

queriam participar contando histórias. Então, após minhas contações, eu abria

um tempo para que eles fossem à frente e contassem histórias para o grupo.

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Um dos rapazes não falava, apenas emitia sons. Mas, mesmo assim, ele fazia

questão de ir todas as vezes contar histórias e elaborava suas histórias fazendo

sons de animais. Era lindo!

Esses momentos me fizeram entender que todos nós – todos – temos

capacidade de imaginar, inventar, criar.

Ao me preparar para finalizar meu curso na Universidade, eu queria utilizar a

contação de histórias de alguma forma para o meu trabalho de conclusão de

curso. Descobri que dentro das Ciências Sociais havia um campo relativamente

novo de estudos: Sociologia da Infância. Então escolhi um tema e usei a

contação de histórias como instrumento de aproximação e de pesquisa para

trabalhar com as crianças o meu tema. Fiz minha pesquisa de campo em duas

escolas: uma de periferia e outra particular.

Os resultados foram muito bons e, como eu tinha um contato mais profundo com

aquelas crianças, descobri que por meio da contação de histórias eu podia

compreender o que se passava com elas – seus pensamentos, sentimentos,

desejos e anseios. Mais do que isso, eu vi que podia influenciá-las positivamente

com as histórias que contava. Elas assimilavam rapidamente as mensagens das

histórias e não as esqueciam.

Até aquele momento eu já havia acumulado uma bagagem grande de

experiências com a contação de histórias. Já havia entendido um pouco sobre o

poder de contar histórias e transformar vidas.

Depois de me formar na Universidade eu saí como missionária voluntária de

tempo integral pela minha igreja por 1 ano e meio. Servi pregando o Evangelho

de Cristo em Cabo Verde, um arquipélago no Oeste da África. Esse período

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único e fantástico da minha vida renderia um outro livro – um livro bem longo -,

e dentro do nosso tema basta dizer que por lá eu também contei muitas histórias

e me utilizei bastante dessa arte durante meu trabalho.

Poucos meses depois de voltar para o Brasil, consegui um emprego em São

Paulo, mas era em uma outra área e eu passava a maior parte do tempo

trabalhando em escritório.

Logo entrei em um grupo de contadores de histórias voluntários, o grupo Era

Uma Vez, que me trouxe mais oportunidades incríveis de levar a magia das

histórias para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Eu contava histórias em

creches, escolas, instituições carentes, abrigos, asilos e em um espaço da

prefeitura que atendia moradores de rua. Aliás, nunca vou me esquecer dos

momentos que passei com moradores de rua, contando e ouvindo histórias –

muitos eram ex-presidiários e compartilhavam conosco suas experiências de

vida e histórias fictícias também. Era uma troca sem igual.

Após algum tempo trabalhando em escritório, eu estava infeliz em meu trabalho.

Havia me casado recentemente e um dia meu marido me encontrou chorando

em casa depois do trabalho. Eu disse para ele que não tinha mais sonhos. Nós

conversamos muito e ele me motivou a buscar fazer algo dentro do que eu

realmente gostava e usar meus talentos.

Eu estava naquele momento que talvez você também já tenha passado ou esteja

passando agora, de busca por realização pessoal e profissional. Mas eu não

sabia o que fazer exatamente.

Acabei saindo da empresa onde trabalhava e voltei a dar aulas de inglês, que

era algo que eu já havia feito quando estava na Universidade. E me interessei

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em fazer um curso de coach com um profissional que estava indo para São

Paulo. Foram três dias de curso que me ajudaram muito a me conhecer melhor,

mas o mais interessante foi o que aconteceu no final do curso.

O nosso professor nos deu uma oportunidade de mostrarmos nossos talentos e

então eu fui contar uma história ao grupo, que era formado em sua maioria por

empresários que estavam buscando no coaching ferramentas para usar dentro

de suas empresas, ou pessoas que já atuavam como coaches. Aliás, eu era a

caçulinha do grupo e a única que não tinha experiência com um negócio próprio.

Enquanto eu contava a história, todos estavam muito atentos e, no final, vi que

vários estavam emocionados. O que mais me marcou foi o que um dos

participantes, um empresário bem sucedido, foi me falar depois da contação. Ele

tinha ficado bastante emocionado e me disse: “A história que você contou cura

a alma da gente.”

Essa frase dele nunca saiu da minha cabeça. Nesse dia eu aprendi que as

histórias também tem poder curativo.

Não se passou muito tempo até que eu descobrisse o que realmente tinha que

fazer da minha vida.

Certa noite eu e meu marido estávamos em uma Virada Cultural e fomos ver

uma contadora de histórias profissional se apresentando para uma plateia

grande de pessoas de todas as idades. O clima ali era de muita energia positiva

e todos estavam fascinados durante a contação de histórias. Eu fiquei super

empolgada e de repente tive uma “luz” e pensei exatamente assim: “É isso que

eu tenho que fazer! Eu tenho que contar histórias profissionalmente!”

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Pesquisando a respeito, descobri que existia um mercado bastante forte de

contação de histórias e que as possibilidades de atuação nessa área eram

muitas! E ali nasceu um sonho: viver de contação de histórias, levando a magia

dessa arte para onde eu pudesse. A possibilidade de unir o útil ao agradável,

poder viver fazendo o que eu mais gostava, acendeu em mim uma chama que

eu já não tinha fazia muito tempo. Finalmente eu tinha me encontrado!

O que aconteceu depois daí e como eu me inseri no mercado de contação de

histórias e fui contratada por grandes empresas como Itaú, McDonald`s e

Discovery Kids, eu relato em uma das aulas do meu Curso Online Avançado

de Técnicas de Contação de Histórias, e inclusive ensino aos meus alunos o

passo a passo para entrar nesse mercado, divulgar seus trabalhos, quanto

cobrar, etc.

(Caso você ainda não tenha feito o Curso Avançado de Técnicas de Contação

de Histórias e queira saber como funciona, é só me escrever para pedir

informações sobre o curso para [email protected])

Ao atuar voluntariamente e profissionalmente com contação de histórias e

principalmente depois que comecei a ensinar as técnicas dessa arte a milhares

e milhares de pessoas com meu trabalho online, tenho visto muitas vidas serem

transformadas por meio das histórias.

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A contação de histórias como instrumento de transformação

Você já sentiu que sua vida tem um objetivo grande, um propósito maravilhoso?

Acredito que você, eu e todos nós fomos colocados nessa vida na época e no

lugar certos para podermos influenciar as pessoas ao nosso redor de maneira

positiva.

E se você é mãe, pai, professor(a), coordenador(a) ou tem algum outro papel em

que exerce influência sobre crianças ou pessoas de qualquer idade, você tem

não só a missão, mas a grande responsabilidade de fazer o seu melhor por essas

pessoas.

A sua influência pode transformar as vidas das pessoas ao seu redor para

melhor. Você pode fazer isso por meio do seu exemplo, e pode fazer também

por meio das suas palavras.

E qual é a melhor forma de usar as palavras para transformar as vidas das

pessoas?

Dando sermão, tentando convencer com nossos pensamentos ou opiniões?

Às vezes podemos cair nessa armadilha, mas a história abaixo ilustra bem o que

eu quero dizer. Aliás, essa foi a história que eu contei para aquele grupo de

empresários no final do curso de coach que eu fiz, e que os emocionou tanto.

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O PRÍNCIPE SILENCIOSO

Dan Yashinsky

Há muito tempo, antes de qualquer um de nós termos nascido, havia um

príncipe que parou de falar quando tinha 13 anos. Ele ficou conhecido como o

Príncipe Silencioso.

Seus pais, o rei e a rainha, ficaram desesperados. A mãe tinha esperança que

seu filho voltasse a falar. Mas por outro lado, o pai achava que seu filho estava

totalmente perdido. Quando o Príncipe Silencioso tinha 18 anos, seus pais

proclamaram a seguinte sentença: "Quem fizer o Príncipe Silencioso falar

receberá uma grande recompensa". Embaixo, em letras pequenas, estava

escrito: "Quem tentar e falhar terá sua cabeça cortada". Todos os homens

corajosos que tentaram fazer o Príncipe Silencioso falar falharam e tiveram suas

cabeças cortadas.

Não muito longe do palácio, havia uma jovem corajosa que vivia com sua sábia

avó. A sábia avó tinha lhe ensinado toda a sua sabedoria. Um dia, a jovem

decidiu tentar fazer o Príncipe Silencioso falar, mesmo sabendo que sua vida

corria risco.

A jovem foi até o palácio e contou para o rei e a rainha as suas intenções. O rei

ficou surpreso e pensou, tão jovem e tão corajosa. Mas disse: "OK. As regras

são as seguintes: você passará a noite com o príncipe no seu quarto com uma

testemunha. Amanhã a testemunha vai contar o que ele viu e ouviu”.

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A jovem foi para o quarto do príncipe e sentou-se em silêncio. Isso surpreendeu

muito o príncipe, pois todos os homens que tentaram fazê-lo falar falavam o

tempo todo. Enquanto isso, o príncipe admirava a beleza da jovem. Finalmente

a jovem falou, mas não com o príncipe. Ela se virou para a testemunha e disse:

"Amanhã eu vou morrer. Você poderia me contar uma história que me ajudasse

a passar esta noite?

"Sinto muito", disse a testemunha, "mas eu não sei nenhuma história, eu sou só

uma testemunha".

Então ela perguntou, "Você ouviria a minha história se eu te contasse?".

"Sim", respondeu a testemunha.

Então, a jovem começou a sua história.

Era uma vez, três mulheres que tinham poderes especiais. A primeira possuía

um telescópio mágico, com o qual ela podia ver qualquer coisa que estivesse

acontecendo em qualquer lugar do mundo. A segunda mulher possuía um tapete

mágico, que podia levá-la a qualquer lugar imediatamente. A terceira tinha uma

maçã mágica, a maçã da vida - uma mordida poderia curar qualquer doença. Um

dia, as três mulheres estavam conversando sobre os seus poderes, e a primeira,

olhando em seu telescópio, disse: "Amigas, eu estou vendo um palácio do outro

lado do mundo, e nele tem um príncipe que está morrendo”. A segunda mulher

disse: "Subam no meu tapete mágico”, e num segundo elas estavam no palácio.

A terceira mulher se aproximou do príncipe e lhe ofereceu uma mordida da sua

maçã mágica. O príncipe foi curado instantaneamente. Ele olhou para as três

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mulheres jovens e bonitas e pensou: "Eu sou jovem, estou saudável e sou

solteiro. Gostaria de pedir uma delas em casamento".

Nesse momento a jovem interrompeu a sua história e disse: "Eu tenho uma

pergunta para você. Cada mulher fez alguma coisa para salvar a vida do

príncipe. Quem fez mais? Quem ele deveria pedir em casamento?”.

A testemunha respondeu, "Eu não sei, não sou muito bom em charadas".

O Príncipe Silencioso, que ouvia atentamente, falou. Pela primeira vez em muitos

anos o Príncipe Silencioso falou. E ele disse: "Eu tenho uma ideia".

"Eu fico muito feliz em ouvir isso", disse a jovem, "qual é a sua ideia?".

O Príncipe Silencioso disse: "Eu acho que ele deveria pedir a mão da mulher que

lhe ofereceu a maçã. A mulher do telescópio mágico não perdeu nada ao usá-

lo. A do tapete mágico também não. Mas a mulher da maçã abriu mão de um

pedaço dela, e não poderá recuperá-lo. Ela foi a única que abriu mão de alguma

coisa pelo príncipe".

A jovem olhou nos olhos do príncipe e disse: "Sábia resposta, ó príncipe! Eu

espero que você também encontre alguém que abra mão de alguma coisa por

você”.

Na manhã seguinte o rei e a rainha entraram no quarto e perguntaram o que

tinha acontecido. A testemunha informou que o Príncipe Silencioso tinha

finalmente quebrado o seu silêncio. A rainha estava felicíssima e disse: "Eu sabia

que ele podia falar!".

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Mas o rei não acreditou. E disse, "Eu insisto numa segunda noite com duas

testemunhas!".

Então naquela noite a jovem foi para o quarto do príncipe com as duas

testemunhas. Novamente ela se sentou em silêncio por um longo tempo.

Finalmente, se virou para as duas testemunhas e disse, "Amanhã eu vou morrer.

Vocês poderiam me contar uma história que me ajudasse a passar esta noite?".

"Nós não somos contadores de histórias", eles disseram, "nós somos só

testemunhas."

"Vocês ouviriam minha história se eu contasse pra vocês?”

Eles concordaram, e a jovem começou:

Havia uma jovem bruxa que vivia numa vila. Ela estava apaixonada por um

rapaz, mas ela não tinha contado para ele que era uma bruxa. Ela tinha medo

de que ele a abandonasse, assim que descobrisse a verdade. Uma noite,

sozinho na floresta, o jovem rapaz viu uma bruxa. Ele pegou uma pedra grande

e atirou na direção dela. Ela tentou escapar, mas a pedra bateu na sua perna.

Na manhã seguinte quando o rapaz foi visitar a sua namorada, ele percebeu que

ela estava mancando. Quando a moça se virou, o jovem se deu conta de que ela

estava com um machucado na perna, tal como a bruxa da floresta. Ele disse:

"Então você é uma bruxa!". E ela concordou: "Sim, eu sou uma bruxa!".

Nesse momento, a jovem parou a sua história e disse para as duas testemunhas,

"Eu tenho uma pergunta pra vocês. Agora que o namorado sabe a verdade, o

que ele deve fazer?".

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"Nós não sabemos", eles disseram, "nós não somos muito bons em charadas".

O príncipe, que estava ouvindo cuidadosamente, falou: "Eu tenho uma ideia".

"Estou muito feliz em ouvir isso", a jovem respondeu. "Qual é a sua ideia?"

"Acho que eles deveriam se casar e guardar o segredo dela."

"Uma resposta sábia", disse a jovem, "e uma resposta incomum para um homem.

Muitos homens teriam dito - ela é uma bruxa; mande ela embora; que ela seja

queimada. Mas você entende que quando um casal se ama, não apenas abre

mão de seus segredos, como também descobre outros. Eu espero que você

também encontre alguém que abra mão de um segredo por você".

Na manhã seguinte o rei e a rainha entraram no quarto e perguntaram o que

tinha acontecido. As testemunhas disseram que o Príncipe Silencioso tinha

falado. A rainha estava felicíssima, mas o rei ainda não acreditava. "Eu insisto

em mais um teste", ele disse, "com três testemunhas".

Então a mesma coisa aconteceu na terceira noite. A jovem, o príncipe e as três

testemunhas se sentaram em silêncio por um longo tempo. Finalmente a jovem

se virou para as testemunhas e disse: "Amanhã eu vou enfrentar minha morte.

Vocês poderiam me contar uma história que me ajudasse a passar esta noite?".

"Nós não conhecemos nenhuma história", eles disseram.

"Vocês ouviriam a minha história se eu contasse pra vocês?"

Eles concordaram, e a jovem começou:

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Havia um homem que sonhava com pássaros de fogo. Um dia quando ele estava

na floresta, ele viu um grande raio de luz dourada. Ele se escondeu atrás de uma

árvore e fechou seus olhos. Quando criou coragem para olhar, ele viu uma

mulher lindíssima tirando sua roupa de penas e entrando num lago para se

banhar. Ele nem pensou duas vezes, pegou as penas douradas e as escondeu.

Quando a mulher saiu do lago, procurou suas penas, e não as encontrou. Nesse

momento, o homem saiu do seu esconderijo e falou: "Venha morar comigo". A

mulher sabia que não poderia voar e foi com ele para sua casa. Ele tinha uma

casa bonita e era gentil. Então ela ficou com ele. Depois de um tempo, ela teve

um lindo menino que ela amava muito. Um dia quando o pai não estava em casa,

o menino veio correndo e disse, "Mamãe, venha ver, achei uma coisa linda". A

mãe foi com ele até a floresta, e atrás de uma árvore ela encontrou suas penas

douradas. Ela as pegou e foi para casa com o filho. Depois de colocá-lo na cama,

cantou algumas cantigas de ninar. Com uma mão acariciava seu filho, e com a

outra segurava suas penas.

Nesse instante, a jovem parou a sua história e disse: "Eu tenho uma pergunta

pra vocês. Agora que a mulher encontrou as suas penas, o que ela deve fazer?”.

As três testemunhas disseram: "Não sabemos, essa charada é a mais difícil de

todas".

Mas o príncipe, que estava ouvindo com muita atenção, disse: "Eu tenho uma

ideia".

"Estou muito contente em ouvir isso", disse a jovem, "Qual é a sua ideia?".

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"Eu acho", disse o príncipe, "que eu não posso julgar o homem nem a mulher da

sua história. Sua história é ao mesmo tempo doce e amarga. Se eu fosse o

homem e pudesse ver o pássaro de fogo na sua forma verdadeira, como mulher,

faria tudo para ficar com ela. E se eu fosse a mulher, que tinha vindo do céu,

estaria ansiosa para voltar para lá".

"Sábia resposta, ó príncipe", disse a jovem. "Algumas histórias não são para

serem julgadas, mas somente para serem ouvidas e lembradas”.

A jovem continuou a sua história e disse: "A mulher beijou seu filho, saiu, vestiu

suas penas e voou em direção ao infinito. Quando o homem chegou, ela já tinha

partido".

"O que aconteceu com o menino?", perguntou o príncipe.

A jovem sorriu e disse: "Algumas pessoas dizem que ele chorou tanto por sua

mãe, que perdeu a voz e ficou silencioso. Outros dizem que, quando ele acordou,

encontrou uma pena dourada no travesseiro, e a pena lhe trouxe sorte, alegria,

coragem e amor para o resto de sua vida".

Na manhã seguinte, o rei e a rainha entraram e perguntaram para as

testemunhas o que tinha acontecido. E as testemunhas disseram: "Ontem à

noite, seu filho falou!". A rainha estava nas nuvens, e finalmente o rei acreditou

neles. Ele se voltou para a jovem e perguntou: "Agora que você conseguiu o que

todos aqueles homens não conseguiram, o que você gostaria de ganhar como

recompensa?".

25
Pela primeira vez a jovem não soube o que dizer. Ela não estava pensando na

recompensa, mas sim em ajudar o príncipe, o rei e a rainha. O príncipe se

levantou, olhou bem nos olhos dela e disse: "Me escolha".

Ela sorriu e disse: "Eu tenho uma ideia. Eu fico com ele".

Eles se casaram e viveram felizes para sempre, como todos nós

podemos.

Essa história traz muitas mensagens para reflexão, não é?

Uma delas é a diferença que podemos fazer na vida de alguém ao contar

histórias. Essa jovem da história literalmente transformou a vida do príncipe, do

rei, da rainha e dela mesma ao contar histórias para o príncipe. É como a

Scherazade fez com o sultão nos contos das Mil e Uma Noites.

As histórias exercem um fascínio sem igual. Elas nos marcam, nos fazem parar

para refletirmos sobre nossas ações, para desejarmos ser melhores pessoas.

Você se lembra de uma história que marcou a sua vida, mas não se lembra

exatamente quem foi que a contou para você ou onde você achou essa história?

Pois é. Podemos nos esquecer do nome de um professor, por exemplo, mas não

nos esqueceremos das histórias que ele nos contou. Você poderá ser

esquecido(a), mas as histórias que você contar serão sempre lembradas.

E é exatamente por isso que você deve se esforçar para contar histórias caso

queira fazer a diferença nas vidas das pessoas e influenciá-las para o bem.

Como disse Augusto Cury: “Pais e professores devem dançar a valsa da vida

como contadores de histórias” (Pais brilhantes, professores fascinantes, página

26
132). As histórias que você contar serão um dos maiores legados que você

poderá deixar para as pessoas ao seu redor.

Nessa minha trajetória com a contação de histórias eu tenho visto inúmeras

vezes o poder das histórias em ação, como exemplifiquei no prefácio deste livro.

As histórias abrem portas dentro da nossa mente para novas possibilidades, para

nos colocarmos no lugar dos personagens e resolvermos nossos conflitos

pessoais - isso acontece com pessoas de todas as idades, mesmo com bebês e

crianças bem pequenas.

E eu pude comprovar isso com meu filhinho desde cedo, veja só: quando ele

começou a andar, eu queria passar a dar banho nele só no chuveiro ao invés de

dar banho na banheira, mas ele parecia ter um trauma de banho no chuveiro

desde bem antes de fazer 1 aninho. Cada vez que eu tentava dar banho nele no

chuveiro, ele ficava desesperado e chorava muito, portanto lá estava eu dando

banho nele com mais de 1 ano e meio ainda na banheira. Então eu inventei uma

história para ele que falava de um cachorro e de um gato. O cachorro tomava

banho no chuveiro, mas o gato tinha medo e só tomava banho na banheira. Em

resumo, nessa história o cachorro mostrou para o gato como era legal tomar

banho no chuveiro e o gato acabou descobrindo que era mesmo muito legal e

passou a tomar banho só no chuveiro.

Eu comecei a contar essa história para o meu filho e a contei repetidas vezes, e

quando chegava o momento do banho eu relembrava a história com ele. Foi um

processo, claro, mas ao fim de algum tempo ele se sentiu pronto e aceitou tomar

banho no chuveiro, igual ao gato da história. E a mesma coisa aconteceu com o

27
processo do desfralde, em que eu criei uma história de desfralde para ajudá-lo

nessa fase.

O autor Augusto Cury fala muito sobre a importância de contar histórias. “Sabe

qual a melhor maneira de resolver conflitos em sala de aula? Não é agredir, dar

gritos estridentes ou fazer um sermão. Estes métodos são usados desde a idade

da pedra e não funcionam. Mas contar histórias. Contar histórias fisga o

pensamento, estimula a análise.” (Pais brilhantes, professores fascinantes,

página 134).

E então, você quer transformar vidas contando histórias?

Aqui vão algumas orientações e experiências minhas para ajudar você a se

preparar bem para esse papel tão importante!

Preparando-se para contar histórias e transformar vidas

Entenda os seus ouvintes

Antes de tudo, você precisa entender quais são as necessidades dos seus

ouvintes. Leve em conta a idade, o grau de entendimento, os elementos que são

mais interessantes para eles em uma história.

Por exemplo, para crianças menores, de 0 até cerca de 5 ou 6 anos, é ótimo

contar histórias que tem animais como protagonistas. Usar brinquedos e

28
personagens dos desenhos preferidos delas nas histórias também funciona

muito bem.

Você pode ainda colocar elas mesmas como personagens principais das

histórias, ou o papai, a mamãe, a vovó, o titio e outras pessoas próximas a elas.

As crianças maiores adoram personagens heroicos e fantasiosos como

protagonistas, como príncipes e princesas, cavalheiros, fadas, sereias, etc. E

você pode também contar histórias com crianças da idade delas. Uma frase

muito legal que eu gosto de usar para iniciar histórias nesse caso é: “Era uma

vez um menino / uma menina assim, do seu tamanho / do tamanho de vocês”.

Isso ajuda a criança a se identificar logo de cara com o protagonista da história.

Já para os adolescentes, adultos e idosos você pode contar histórias com

quaisquer tipos de personagens, desde que o enredo seja adequado, claro.

Histórias motivacionais e cômicas são ótimas para esses públicos.

Quanto à duração da história, para as crianças menores o ideal é contar histórias

que vão de 1 a 3 minutos, ou no máximo 5 minutos, e para as maiores você pode

contar histórias de mais de 5 minutos, até uns 10 minutos. O mais importante

mesmo não é a duração da história, e sim a maneira como você conta.

Você pode contar uma história mais longa e ainda assim conseguir prender a

atenção das crianças menores. Isso é questão de técnica, mas as técnicas de

contação de histórias são tantas que serão abordadas em outro livro.

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Aumente seu repertório constantemente

Uma vez que você compreende os seus ouvintes, é muito importante que você

esteja sempre pesquisando histórias. Leia muito e pesquise tanto em bibliotecas

e livrarias quanto na Internet, que oferece um banco de dados inesgotável.

E invista também em livros, principalmente aqueles que oferecem várias histórias

em um mesmo livro, pois assim você ganha mais por ter uma boa variedade de

histórias para usar reunidas em uma só obra.

Para ilustrar a importância de sempre buscar aumentar seu repertório, que tal

uma história?

O ALVO
(narrada por Dan Yashinsky)

Era uma vez um rabino tão sábio que sabia responder a qualquer pergunta com
incrível sabedoria, contando uma história a todos que o consultavam.
Certa vez um discípulo perguntou ao rabino como ele conseguia acertar suas
respostas com tamanha precisão a ponto de deixar admirados a todos os que
lhe pediam conselhos.
- É simples, respondeu ele. Vou lhe contar uma história:
Era uma vez um jovem que decidiu dedicar-se ao esporte do tiro. Tiro ao alvo.
Queria ser o maior atirador do mundo. Treinava com os mais competentes
atiradores, fez cursos de tiro, participava de todo tipo de provas e aos poucos foi
sendo reconhecido como um dos maiores atiradores do mundo. Tornou-se
campeão olímpico e mundial. Enfim, era considerado imbatível.
Certa vez, em uma de suas viagens, ele passou por uma cidade onde pôde ver
surpreso que em todas as paredes haviam alvos de tiro, com marcas de tiro
certeiras, bem no centro do alvo. Todos os alvos, e eram muitos, com tiros
certeiros, bem na mosca.
Nem ele, o grande campeão, tinha conseguido tal feito! Quis saber quem era o
autor de semelhante façanha e lhe apresentaram uma menina. Ele lhe perguntou
como ela conseguia isso. Ela respondeu:

30
- Muito simples: primeiro eu atiro e depois desenho o alvo.
Então, disse o rabino, eu ouço tantas histórias e as guardo, e quando alguém
me pede um conselho, penso em todas as histórias que ouvi e acho uma que se
encaixa perfeitamente no assunto.

Adapte as histórias

Eu acredito que qualquer história pode ser adaptada para qualquer idade.

Às vezes recebo comentários como: “Mas essa história é para crianças maiores.

As minhas crianças são pequenas e essa história não serve para elas”, ou “Essa

história é para adultos e não para crianças”, ou ainda “Essa história tem

personagens que eu não posso usar na minha escola porque eles não

permitem”.

É claro que existem exceções, mas na maioria dos casos o que você pode fazer

é adaptar a história de acordo com as necessidades dos seus ouvintes e da

situação ou evento. Você pode mudar os personagens, encurtar a história,

colocar ou tirar detalhes.

Um ótimo exemplo de adaptação são as histórias das Mil e Uma Noites, que

originalmente foram escritas para adultos - e algumas delas são escabrosas -,

mas várias foram adaptadas para crianças. Aliás, o mesmo se deu com os contos

de fadas originais, que na modernidade ganharam suas versões infantis.

Acima de tudo, use sua capacidade criativa e imaginativa para adaptar as

histórias da maneira que precisar.

E não se preocupe por estar mudando as histórias. Sabe aquela frase: “Quem

conta um conto, aumenta um ponto”? Você nunca vai contar uma história

exatamente como leu e ouviu, então fique à vontade para fazer mudanças e

31
adaptações nas histórias que contar. Eu mesma, quando disponibilizo as

histórias de minha autoria, deixo as pessoas à vontade para adaptarem as

minhas histórias como quiserem. Ao contar histórias autorais e fazer mudanças,

você pode dizer que sua contação está sendo baseada na história de tal autor.

Certa vez fui contratada por uma Editora para contar uma história no lançamento

de um livro e o autor do livro estaria lá. Só que o livro foi escrito em forma de

poesia, e para contar a história eu não poderia decorar e declamar a poesia.

Então eu adaptei a história e tomei a liberdade de adicionar elementos, frases e

situações que não existiam no livro dele. O resultado foi incrível! Percebi que o

autor estava chorando durante a minha contação, e não foi de desapontamento.

Foi de emoção! Ele foi conversar comigo após a contação e agradeceu muito

pela forma como eu contei a história que ele escreveu. Ele fez questão de deixar

uma dedicatória para mim na cópia do livro dele que eu tinha agradecendo mais

uma vez pela minha contação. E isso se repetiu com outras contações que eu

fiz em lançamentos de livros.

Relaxe e aproveite

A contação de histórias deve ser um momento prazeroso tanto para quem está

ouvindo quanto para quem está contando. Não existe postura certa para contar

histórias. Você pode contar em pé, sentado, deitado na cama, e o mesmo vale

para seus ouvintes. Tanto você quanto eles devem estar confortáveis e livres de

distrações para não atrapalhar esse momento mágico.

Principalmente se você quer ajudar a transformar vidas, as histórias que você

conta devem estar associadas a um momento gostoso na lembrança dos

32
ouvintes, para que eles realmente as assimilem e as levem na memória por muito

tempo.

No início você pode sentir insegurança, nervosismo ou timidez nas primeiras

vezes em que contar histórias. Isso é totalmente normal, pois afinal você está se

apresentando em público. Mas lembre-se que quanto mais você praticar, mais

vai se soltar. Se você for muito tímido(a), comece contando histórias para as

pessoas mais próximas a você e com quem você tem mais afinidade e liberdade.

E aos poucos vá ampliando seu público.

A prática leva à perfeição, então pratique cada vez mais!

Imprevistos e interrupções podem sempre acontecer, principalmente quando

estamos nos apresentando em público. Mas não se preocupe tanto, pois não é

o fim do mundo. Respire fundo e, quando a situação estiver normalizada,

continue sua contação como se nada tivesse acontecido. Lembre-se de que você

é quem está no controle.

Uma vez eu estava fazendo uma contação em uma escola e estava no pátio me

apresentando para as crianças. Começou a chover torrencialmente e de repente

ouvimos um barulho bem forte, como o de uma explosão (não sei bem o que foi)

muito próximo ao lugar onde estávamos. Todos nos assustamos e, com o

tamanho do susto, eu poderia ter parado a contação ali mesmo naquele

momento. Mas eu simplesmente pedi para todos terem calma, não alimentei o

sentimento de pânico, e continuei contando a história normalmente. Logo as

crianças estavam tranquilas e assim nós finalizamos a contação sem problemas.

Se eu tivesse me desesperado, teria quebrado totalmente o clima de magia da

história. Mas eu estava no controle, então não podia deixar aquilo acontecer.

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Relaxe e curta cada momento!

Conte histórias com amor

O seu sentimento em relação a esse trabalho é o que mais conta. Se você fizer

com amor e dedicação, com certeza vai ajudar a transformar as vidas dos seus

ouvintes. Isso pode parecer clichê, mas é muito real e verdadeiro.

O seu amor se manifesta no seu relacionamento com seus ouvintes, na atenção

e carinho que você dá a eles, ao ouvir o que eles tem a dizer.

Então, aproveite os momentos antes e depois da contação para conversar com

seus ouvintes, perguntar de quais histórias eles mais gostam, qual é seu

personagem preferido, etc. Dê oportunidades para eles se expressarem até

mesmo durante a sua contação, para que eles se sintam parte da história.

Há contadores de histórias que tem receio de deixar os ouvintes falarem e se

expressarem enquanto estão contando a história, mas eu descobri com a prática

que é muito mais gostoso quando meus ouvintes participam das minhas

contações. É uma troca maravilhosa e, principalmente com as crianças, fica bem

mais divertido e produtivo quando elas se expressam, fazem comentários e dão

suas opiniões enquanto eu estou contando histórias.

Experimente você também conversar com seus ouvintes, entender de quais

histórias eles mais gostam e dar oportunidades para eles se expressarem

durante suas contações! Eles vão adorar e você também vai!

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Mais histórias motivacionais e transformadoras

Para motivar ainda mais você a transformar vidas por meio da contação de

histórias, quero compartilhar outras histórias que podem te ajudar e que você

pode espalhar por aí. As duas primeiras são de minha autoria e as outras foram

coletadas em diferentes websites.

A seguinte história eu publiquei em meu blog (historiasdalivia.com.br) e recebi

centenas e centenas de comentários de leitores emocionados. Eu escrevi essa

história inspirando-me em uma experiência real do meu marido com o pai dele.

O CAMINHÃO DE MADEIRA
Lívia Alencar

Era uma vez um homem. Um homem-menino. Em meio às preocupações


corriqueiras e responsabilidades que chegam com a vida adulta, o menino quase
havia desaparecido dentro dele, ou melhor, estava escondido.
Certa tarde esse homem caminhava por uma avenida movimentada quando
passou por uma loja. Parou de repente. Não era uma loja de carros importados,
nem artigos esportivos, e sim de artesanatos. Alguma coisa ali na vitrine chamara
sua atenção. Fixou o olhar. Era um caminhão de madeira, desses de brinquedo.
Entrou na loja e dirigiu-se à prateleira. Pegou. Examinou o caminhãozinho por
todos os lados, enquanto seus olhos brilhavam. Quem por ele passou naquele
momento não podia imaginar a torrente de memórias que tomava conta de sua
mente...
Viu-se pequeno, outra vez menino, dentro do carro velho da família com seu pai.
Passaram por um vendedor na estrada - era um vendedor de caminhões de
madeira. O olhar curioso do menino logo se transformou em querência: “Pai, me
dá um caminhãozinho?” O pai lançou um olhar sério para o filho, sem nada dizer.
Outras vezes mais o menino passaria com seu pai por aquele vendedor e seus
olhinhos fitariam os caminhões de madeira.
Um dia o menino voltou da escola e, para sua surpresa, encontrou um caminhão
de madeira em cima da cama! Correu para dar um abraço forte no pai, que

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explicou: “Fui eu que fiz para você, meu filho.” Brincou a tarde toda. Era seu, só
seu, aquele caminhão de madeira! E era especial, porque seu pai o tinha feito.
Muitas vezes mais brincou com o caminhão, e como foi feliz naqueles dias!
Essas foram as memórias que passaram pela mente daquele homem-menino.
Não conseguiu segurar seu impulso: pegou o celular e discou. “Pai? Oi, pai! Eu
queria te contar que estava passando por uma loja e vi um caminhão de madeira,
e me lembrei daquele que o senhor fez para mim quando eu era criança, lembra?
Eu gostava tanto dele!”
Do outro lado da linha, silêncio total.
Era uma vez um homem. Um homem-ancião, marcado pelas batalhas da vida.
Estava esse homem um dia assolado por uma tristeza dessas que vem não sei
de onde e teimam em ficar. De repente, o telefone tocou. Era seu filho, que
morava bem longe. Ouviu-o e silenciou. Uma torrente de memórias apoderou-se
de sua mente...
Viu-se novo, muito mais novo, dirigindo seu carro velho com o filho. Passaram
por um vendedor de caminhões de madeira e, naturalmente, o filho lhe pediu um.
Ele não soube o que dizer. Mal sobrara dinheiro naquele mês para pagar a
gasolina do carro. A comida em casa era pouca. O trabalho de pedreiro era duro.
Não tinha dinheiro para presentes. Outras vezes mais passaram pelo vendedor
e o menino sempre com aquele olhar.
Decidiu ele mesmo fazer o caminhão. De marcenaria não entendia muita coisa,
mas não podia ser tão difícil. Só que foi. Todos os dias, antes de sair para o
trabalho de madrugada, trabalhava um pouco no caminhãozinho, serrando a
madeira aqui, montando ali. O resultado não foi tão bom quanto gostaria, mas
foi o melhor que conseguiu fazer. Acomodou o caminhão sobre a cama do filho
antes que ele chegasse da escola. O abraço apertado foi a recompensa pelo
trabalho!
Agora, naquele momento, tantos anos depois, o telefonema do filho sobre o
caminhãozinho de madeira...
Uma lágrima escorreu por um olho, e atrás vieram outras. Um calor gostoso
tomou conta de seu peito e substituiu a tristeza.
Afinal, valia a pena viver!

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A história abaixo eu escrevi em forma de poema e ela fala sobre o mais belo dom

de todos. Você sabe qual é esse dom?

O DOM DE ANA
Lívia Alencar

Cada pessoa tem um dom


E isso é importante saber:
Usá-lo em benefício do próximo
É o que devemos fazer

Foi o que Ana aprendeu


Na aula daquele dia
Mas reconhecer seu próprio dom
Era o que não conseguia

Ver os dons dos outros


Certamente era fácil
Suas amigas todas tinham
Algo em que se destacavam

Paula cantava com voz de anjo


A todos arrepiava
Juliana pintava quadros
Com suas cores encantava

Gabi era perfeita bailarina


Pelos palcos se exibia
Flávia falava outras línguas

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Idiomas diversos entendia

“Não sou boa em nada


Não tenho dom nenhum...”
Ana consigo pensou
E muito triste ficou

Foi andando pela rua


E viu no chão, de repente,
Uma menina tremendo
Ali, bem na sua frente

Era um dia muito frio


Não parava de ventar
Mas a menina não tinha
Nenhum casaco para usar

Sem pensar duas vezes


Ana se abaixou
Fez um carinho na menina
E seu casaco tirou

Estendeu o casaco e disse:


“Pegue; é um presente!”
O rosto da menina se iluminou
E mostrou um sorriso contente

Ana saiu feliz


Nenhum frio sentia
Pois o calor daquela ação
Seu peito aquecia

38
E enquanto para casa
Pensativa caminhou
Ouviu uma voz suave
Que ao seu ouvido sussurrou:

“O seu dom é muito belo


Uma grande raridade
É o maior de todos –
O dom da CARIDADE!”

Atenção: As próximas histórias não foram escritas por mim. Elas foram

coletadas de diferentes websites e estão disponíveis livremente na Internet

para qualquer pessoa e, portanto, são de responsabilidade dos websites

que disponibilizam as mesmas. A fonte (website) de onde foram coletadas

foi devidamente citada abaixo de cada texto. Como não há citação de

autores nos websites de onde essas histórias foram coletadas, suponho

que todas sejam de autor desconhecido.

LENDA ORIENTAL

Conta uma popular lenda do Oriente que um jovem chegou à beira de um oásis
junto a um povoado e aproximando-se de um velho perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive neste lugar?
- Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem? -- perguntou por sua vez
o ancião.
- Oh, um grupo de egoístas e malvados - replicou o rapaz - Estou satisfeito de
haver saído de lá.
A isso o velho replicou:
- A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui.
No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o
ancião perguntou-lhe:
- Que tipo de pessoa vive por aqui?

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O velho respondeu com a mesma pergunta:
- Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem?
O rapaz respondeu:
- Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito
triste por ter de deixá-las.
- O mesmo encontrará por aqui -- respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:
- Como é possível dar respostas tão diferentes à mesma pergunta?
Ao que o velho respondeu:
- Cada um carrega no seu coração o meio em que vive. Aquele que nada
encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra
coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui,
porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre
a qual podemos manter controle absoluto.

Fonte: http://www.botucatu.sp.gov.br/

A cenoura, o ovo e o café

Certa vez, um velho sábio recebeu a visita de uma moça que se queixava de
como era sua vida e de como as coisas estavam tão difíceis para ela. Ela já
não sabia mais o que fazer e queria desistir. Estava cansada de lutar e
combater. Parecia que, assim que um problema estava resolvido, um outro
surgia.
Então, o sábio levou-a até a cozinha. Encheu três panelas com água e colocou
todas em fogo alto. Logo, as panelas começaram a ferver. Em uma delas,
colocou cenouras, em outra, ovos e, na última, pó de café. Deixou que tudo
fervesse, sem dizer uma palavra. A moça deu um suspiro e esperou
impacientemente, imaginando o que ele estaria fazendo.
Minutos depois, o sábio apagou o fogo. Pegou as cenouras, os ovos e o café,
colocando-os em recipientes separados. Virou-se para a moça e perguntou:
- O que você está vendo?
– Cenouras, ovos e café. – ela respondeu.
Ele a trouxe para mais perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras. Ela
obedeceu e notou que as cenouras estavam macias. Ele, então, pediu-lhe que
pegasse os ovos e o quebrasse. Ela obedeceu e, depois de retirar a casca,
verificou que o ovo endurecera com a fervura.
Finalmente, ele lhe pediu que tomasse um gole de café. Ela sorriu ao sentir seu
aroma delicioso e então perguntou:
– O que isso significa?
– Cada um desses – a cenoura, o ovo e o café – enfrentou a mesma
adversidade, a água fervendo, mas cada um reagiu de maneira diferente. A
cenoura, outrora crua e rígida, amoleceu e se tornou frágil. Os ovos, antes
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frágeis, mesmo com sua casca protegendo o líquido interior, tornaram-se
firmes e mais resistentes. Já o pó do café é incomparável: depois que coloquei
na água fervente, ele mudou a própria água.
Após um profundo silêncio, o sábio prosseguiu:
– Qual deles é você? Quando a adversidade bate à sua porta, como você
responde? Você é a cenoura, o ovo ou o pó de café? Você é como uma
cenoura parece firme e forte, mas, com a dor e adversidade, murcha e se torna
frágil, perdendo sua força? Ou será que você é como o ovo, começando
maleável, mas, depois de sofrer alguma pressão da vida, torna-se dura? Sua
“casca” até parece a mesma, mas por dentro, você está dura. Será que você é
como o pó de café? Você transforma o meio que a aflige, altera o que está
trazendo a dor e oferece algo melhor e mais gostoso do que havia antes da
adversidade?

Fonte: http://www.soniajordao.com.br/

As questões do rei

Conta-se que num país longínquo, há muitos séculos, um rei se sentiu intrigado com
algumas questões. Desejando ter respostas para elas, resolveu estabelecer um
concurso do qual todas as pessoas do reino poderiam participar.

O prêmio seria uma enorme quantia em ouro, pedras preciosas, além de títulos de
nobreza. Seria premiado com tudo isto quem conseguisse responder a três
questões:

Qual é o lugar mais importante do mundo?

Qual é a tarefa mais importante do mundo?

Quem é o homem mais importante do mundo?

Sábios e ignorantes, ricos e pobres, crianças, jovens e adultos se apresentaram,


tentando responder as três perguntas.

Para desconsolo do rei, nenhum deles deu uma resposta que o satisfizesse.

Em todo o território apenas um único homem não se apresentou para tentar


responder os questionamentos. Era alguém considerado sábio, a quem não
importava as fortunas nem as honrarias da terra.

O rei convocou esse homem para vir à sua presença e tentar responder suas

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indagações.

E o velho sábio respondeu a todas:

O lugar mais importante do mundo é aquele onde você está. O lugar onde você
mora, vive, cresce, trabalha e atua é o mais importante do mundo. É ali que você
deve ser útil, prestativo e amigo, porque este é o seu lugar.

A tarefa mais importante do mundo não é aquela que você desejaria executar, mas
aquela que você deve fazer. Por isso, pode ser que o seu trabalho não seja o mais
agradável e bem remunerado do mundo, mas é aquele que lhe permite o próprio
sustento e da sua família. É aquele que lhe permite desenvolver as potencialidades
que existem dentro de você. É aquele que lhe permite exercitar a paciência, a
compreensão, a fraternidade. Se você não tem o que ama, importante que ame o
que tem. A mínima tarefa é importante. Se você falhar, ou se omitir, ninguém a
executará em seu lugar, exatamente da forma e da maneira que você o faria.

E, finalmente, o homem mais importante do mundo é aquele que precisa de você,


porque é ele que lhe possibilita a mais bela das virtudes: a caridade. A caridade é
uma escada de luz. E o auxílio fraternal é oportunidade luminosa. É a mais alta
conquista que o homem poderá desejar.

O rei, ouvindo as respostas tão ponderadas e bem fundamentadas, aplaudiu


agradecido.

Para sua própria felicidade, descobrira um sentido para a sua vida, uma razão de
ser para os seus últimos anos sobre a Terra.

Fonte: http://mensagenstododia.blogspot.com

A menina e a caixa

Algum tempo atrás uma mãe puniu sua filha de 5 anos de idade por estragar um
rolo de papel dourado que ia, por fim, decorar uma caixa a ser colocada sob a
Árvore de Natal.
Na manhã seguinte à noite de Natal, a menina trouxe a caixa e entregou-a à mãe
dizendo:
- Isto é para você, mamãe.
A mãe ficou embaraçada por sua reação precipitada, mas sua raiva aflorou,
novamente, quando viu que a caixa estava vazia, e falou rudemente com a
menina:

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- Você não sabe que quando se presenteia alguém é esperado que haja alguma
coisa dentro do pacote?
A menina olhou-a em lágrimas e disse:
- Oh, não está vazia, mamãe. Eu soprei dentro dela, até ficar cheia de beijos.
A mãe ficou arrasada. Ajoelhou e pedindo perdão por sua ira irracional, abraçou-
a com ternura.
Um acidente tirou a vida da menina pouco tempo depois e é sabido que a mãe
guardou aquela caixa dourada perto de sua cama por todos os anos de sua vida.
Sempre que estava deprimida ou tinha de enfrentar problemas, ela abria a caixa
e imaginariamente tirava um beijo e lembrava o amor que a criança colocou lá.
Verdadeiramente, cada um de nós, seres humanos, temos recebido uma caixa
dourada repleta do amor de nossos filhos, família, amigos e de Deus. Não há
maior tesouro a se possuir.

Fonte: http://www.soniajordao.com.br/

OS TRÊS LEÕES

Numa determinada floresta havia 3 leões.

Um dia o macaco, representante eleito dos animais, fez uma reunião com toda
a bicharada da floresta e disse:
- Nós, os animais, sabemos que o leão é o rei dos animais, mas há uma dúvida
no ar: existem 3 leões fortes. Ora, a qual deles nós devemos prestar
homenagem? Quem, dentre eles, deverá ser o nosso rei?
Os 3 leões souberam da reunião e comentaram entre si:
- É verdade, a preocupação da bicharada faz sentido, uma floresta não pode
ter 3 reis, precisamos saber qual de nós será o escolhido.
Mas como descobrir?
Essa era a grande questão: lutar entre si eles não queriam, pois eram muito
amigos. O impasse estava formado.
De novo, todos os animais se reuniram para discutir uma solução para o caso.
Após algum tempo eles tiveram uma ideia excelente. O macaco se encontrou
com os 3 felinos e contou o que eles decidiram:
- Bem, senhores leões, encontramos uma solução desafiadora para o
problema. A solução está na Montanha Difícil.
- Montanha Difícil ? Como assim ?

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- É simples, ponderou o macaco. Decidimos que vocês 3 deverão escalar a
Montanha Difícil. O que atingir o pico primeiro será consagrado o rei dos reis.
A Montanha Difícil era a mais alta entre todas naquela imensa floresta. O
desafio foi aceito. No dia combinado, milhares de animais cercaram a
Montanha para assistir a grande escalada.

O primeiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado.

O segundo tentou. Não conseguiu. Foi derrotado.

O terceiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado.

Os animais estavam curiosos e impacientes, afinal, qual deles seria o rei, uma
vez que os 3 foram derrotados? Foi nesse momento que uma águia sábia,
idosa na idade e grande em sabedoria, pediu a palavra:
- Eu sei quem deve ser o rei!!! Todos os animais fizeram um silêncio de grande
expectativa. - A senhora sabe, mas como?, todos gritaram para a Águia. - É
simples, - confessou a sábia águia, - eu estava voando entre eles, bem de
perto e, quando eles voltaram fracassados para o vale, eu escutei o que cada
um deles disse para a montanha.
O primeiro leão disse: - Montanha, você me venceu!
O segundo leão disse: - Montanha, você me venceu!
O terceiro leão também disse: - Montanha, você me venceu, por enquanto! Mas
você, montanha, já atingiu seu tamanho final, e eu ainda estou crescendo.
- A diferença, - completou a águia, - é que o terceiro leão teve uma atitude de
vencedor diante da derrota e quem pensa assim é maior que seu problema: é
rei de si mesmo, está preparado para ser rei dos outros.
Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente ao terceiro leão que foi
coroado rei entre os reis.
Fonte: http://pensarparavencer.blogspot.com

O MILAGRE DA CANÇÃO DE UM IRMÃO

Como qualquer mãe, quando Karen soube que um bebê estava a caminho, fez
todo o possível para ajudar o seu outro filho, Michael, com três anos de idade,
a se preparar para a chegada. Os exames mostraram que era uma menina, e
todos os dias Michael cantava perto da barriga de sua mãe. Ele já amava a sua
irmãzinha antes mesmo dela nascer. A gravidez se desenvolveu normalmente.

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No tempo certo, vieram as contrações. Primeiro, a cada cinco minutos; depois
a cada três; então, a cada minuto uma contração. Entretanto, surgiram algumas
complicações e o trabalho de parto de Karen demorou horas.

Todos discutiam a necessidade provável de uma cesariana. Até que, enfim,


depois de muito tempo, a irmãzinha de Michael nasceu. Só que ela estava
muito mal. Com a sirene no último volume, a ambulância levou a recém-
nascida para a UTI neonatal do Hospital Saint Mary. Os dias passaram. A
menininha piorava. O médico disse aos pais: “Preparem-se para o pior. Há
poucas esperanças”.

Karen e seu marido começaram, então, os preparativos para o funeral. Alguns


dias atrás estavam arrumando o quarto para esperar pelo novo bebê. Hoje, os
planos eram outros.

Enquanto isso, Michael todos os dias pedia aos pais que o levassem para
conhecer a sua irmãzinha. “Eu quero cantar para ela”, ele dizia. A segunda
semana de UTI entrou e esperava-se que o bebê não sobrevivesse até o final
dela. Michael continuava insistindo com seus pais para que o deixassem cantar
para sua irmã, mas crianças não eram permitidas na UTI. Entretanto, Karen
decidiu. Ela levaria Michael ao hospital de qualquer jeito. Ele ainda não tinha
visto a irmã e, se não fosse hoje, talvez não a visse viva. Ela vestiu Michael
com uma roupa um pouco maior, para disfarçar a idade, e rumou para o
hospital. A enfermeira não permitiu que ele entrasse e exigiu que ela o retirasse
dali. Mas Karen insistiu: “Ele não irá embora até que veja a sua irmãzinha!”

Ela levou Michael até a incubadora. Ele olhou para aquela trouxinha de gente
que perdia a batalha pela vida. Depois de alguns segundos olhando, ele
começou a cantar, com sua voz pequenininha: “Você é o meu sol, o meu único
sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro…” Nesse momento,
o bebê pareceu reagir. A pulsação começou a baixar e se estabilizou. Karen
encorajou Michael a continuar cantando. “Você não sabe, querida, quanto eu te
amo. Por favor, não leve o meu sol embora…” Enquanto Michael cantava, a
respiração difícil do bebê foi se tornando suave. “Continue, querido!”, pediu
Karen, emocionada.

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“Outra noite, querida, eu sonhei que você estava em meus braços…” O bebê
começou a relaxar. “Cante mais um pouco, Michael.” A enfermeira começou a
chorar. “Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando
o céu está escuro…Por favor, não leve o meu sol embora…”

No dia seguinte, a irmã de Michael já tinha se recuperado e em poucos dias foi


para casa.

O Woman’s Day Magazine chamou essa história de “O milagre da canção de


um irmão”. Os médicos chamaram simplesmente de milagre. Karen chamou de
milagre do amor de Deus.

Nunca abandone aquele que você ama. O amor é incrivelmente poderoso.

Fonte: http://www.refletirpararefletir.com.br/

O piano

Desejando encorajar o progresso de seu jovem filho ao piano, uma mãe levou
seu pequeno filho a um concerto de Paderewski.
Depois de sentarem, a mãe viu uma amiga na plateia e foi até ela para saudá-
la.
Tomando a oportunidade para explorar as maravilhas do teatro, o pequeno
menino se levantou e eventualmente suas explorações o levaram a uma porta
onde estava escrito:
"Proibida a entrada".
Quando as luzes abaixaram e o concerto estava prestes a começar, a mãe
retornou ao seu lugar e descobriu que seu filho não estava lá.
De repente, as cortinas se abriram e as luzes caíram sobre um impressionante
piano Steinway no centro do palco.
Horrorizada, a mãe viu seu filho sentado ao teclado, inocentemente, catando as
notas de "Cai, cai, balão".
Naquele momento, o grande mestre de piano fez sua entrada. Rapidamente foi
ao piano e sussurrou no ouvido do menino:
- "Não pare, continue tocando".

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Então, debruçando, Paderewski estendeu sua mão esquerda e começou a
preencher a parte do baixo. Logo, colocou sua mão direita ao redor do menino e
acrescentou um belo acompanhamento de melodia. Juntos, o velho mestre e o
jovem noviço transformaram uma situação embaraçosa em uma experiência
maravilhosamente criativa.
O público estava perplexo.
É assim que as coisas são com Deus. O que podemos conseguir por conta
própria mal vale mencionar. Fazemos o melhor possível, mas os resultados não
são exatamente como uma música graciosamente fluida. Mas, com as mãos do
Mestre, as obras de nossas vidas verdadeiramente podem ser lindas.
Na próxima vez que você se determinar a realizar grandes feitos, ouça
atentamente. Você pode ouvir a voz do Mestre, sussurrando em seu ouvido:
- "Não pare, continue tocando".
Sinta seus braços amorosos ao seu redor. Saiba que suas fortes mãos estão
tocando o concerto de sua vida. Lembre-se, Deus não chama aqueles que são
capacitados. Ele capacita aqueles que são chamados. E Ele sempre estará lá
para amar e guiá-lo(a) a grandes coisas.

Fonte: http://www.soniajordao.com.br/

O sapateiro e o rei

Há muitos anos, na Pérsia, havia um rei chamado Abbas. Era conhecido como
um homem honesto e justo. Toda as noites ele vagava pelas ruas da cidade,
disfarçado, para assim conhecer melhor os seus súditos.
Certa vez, durante uma de suas andanças, notou uma pobre cabana. Ao olhar
pela janela, viu um homem diante de uma refeição bem simples, cantando
louvores a Deus. O rei bateu na porta e perguntou-lhe se aceitava um convidado.
“Um convidado é sempre uma grande dádiva”, disse o homem. “Por favor, sente-
se e junte-se a mim”. E, assim, repartiu sua refeição com o rei. Os dois
conversaram por muito tempo. O rei perguntou-lhe como ganhava a vida. “Sou
sapateiro”, respondeu o homem. “Caminho o dia inteiro consertando os sapatos
do povo. E, à noite, compro comida com o dinheiro que ganho”. ”E o que será do
dia de amanhã?”, perguntou o rei. “Não me preocupo com isso”, retrucou o
homem. “Assim como está nos Salmos eu digo: Bendito seja o Senhor a cada
dia, dia após dia”. O rei ficou muito impressionado com essa atitude e prometeu
voltar no dia seguinte.
Para testar o novo amigo, o rei promulgou um decreto: ninguém poderia
consertar sapatos sem uma licença. E voltou a visitá-lo na noite seguinte,
encontrando-o sentado em sua pobre cabana, comendo, bebendo e louvando ao
Senhor. O homem convidou-o novamente a participar da frugal refeição porque
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“um convidado é sempre uma grande dádiva”. O rei ouviu o homem lhe contar:
“Não podendo consertar sapatos, por decreto do rei, resolvi tirar água do poço
para as pessoas, para ganhar um pouco de dinheiro e comprar meu sustento”.
“E se o rei proibisse isso?” O homem respondeu: “Eu direi: Bendito seja o Senhor
a cada dia, dia após dia.”
Mas o rei decidiu testar uma vez mais o homem e decretou que seus súditos
estavam proibidos de tirar água dos poços sem licença. Na noite seguinte,
voltando novamente à cabana, o rei foi recebido por seu novo amigo com alegria
e o ouviu novamente declarar sua fé.
O rei não estava convencido e decidiu testar mais e mais o homem. Este passou
a cortar lenha para garantir seu sustento e, quando isto também foi proibido pelo
rei, não desanimou e apresentou-se no palácio real para fazer parte da guarda
real.
O homem que foi sapateiro, depois carregador de água e, em seguida, lenhador,
recebeu uma espada, para ser guarda. À noite, sem ter recebido o pagamento,
foi até uma loja e trocou a lâmina de sua espada por um pouco de comida e
colocou uma lâmina de madeira no cabo, cobrindo-a com a bainha.
Logo depois, o rei chegou. Eles seguiram o mesmo ritual, comendo e
conversando até tarde. O amigo lhe contou sobre a espada. “E se houver uma
inspeção nas espadas, o que você fará?”, quis saber o rei. “Bendito seja o
Senhor a cada dia, dia após dia”, respondeu o homem, mais uma vez não
demonstrando preocupação alguma.
No dia seguinte, o capitão dos guardas ordenou ao homem que decapitasse um
prisioneiro, por ordem do rei. “Nunca matei ninguém em toda a minha vida. Como
posso fazer isso?”, retrucou o homem, abaixando a cabeça e recitando o Salmo:
“Bendito seja o Senhor a cada dia, dia após dia”. Logo ocorreu-lhe uma
brilhante ideia e então apresentou-se para obedecer à ordem do rei. Na frente
de uma multidão que viera para assistir a execução, pegou a sua espada e gritou:
“Ó Senhor Todo-Poderoso, o senhor sabe que eu não sou um assassino. Se o
prisioneiro for culpado, deixe minha espada ser de aço. Mas, se ele for inocente,
faça com que a lâmina de aço transforme-se em madeira”. Dizendo isso, puxou
a bainha e ohh!, a espada era de madeira! Todos ficaram pasmos de surpresa.
O rei chamou o sapateiro e o abraçou. Contou-lhe sobre o seu disfarce e os
testes pelos quais o fizera passar. “Eu nunca tinha encontrado um homem com
tamanha fé”, disse o rei. E foi assim que o sapateiro, que se tornou carregador
de água e, depois, lenhador e, afinal, guarda real, tornou-se o conselheiro do rei.

Fonte: http://www.usinadeletras.com.br/

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