Ecofisiologia Da Soja
Ecofisiologia Da Soja
Ecofisiologia Da Soja
ECOFISIOLOGIA DA SOJA
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Na maturação, altas temperaturas e excesso de umidade podem
contribuir para diminuição na qualidade do grão e, quando associadas
a condições de baixa umidade, predispõem a danos mecânicos durante
a colheita. Temperaturas baixas na fase da colheita, associadas à
período chuvoso, podem provocar atrasos na coleta da produção,
além de haste verde e retenção foliar (EMBRAPA, 2014). A radiação
solar está relacionada com a fotossíntese, elongação de haste principal
e ramificações, expansão foliar e fixação biológica; para o total de
fitomassa seca produzida pela soja, depende da percentagem de
radiação fotossinteticamente ativa interceptada e da eficiência de
utilização dessa energia pelo processo fotossintético (CÂMARA, 2000).
Em contrapartida, altas intensidades de radiação solar absorvidas pelas
plantas podem levá-las à saturação luminosa, diminuindo a eficiência
no uso da radiação e a produtividade da cultura (JIANG et al., 2004;
ADAMS; ADAMS, 1992 apud SANTOS et al., 2017). A necessidade
total de água na cultura da soja, para obtenção do máximo rendimento,
varia entre 450 a 800 mm/ciclo. Tanto o excesso quanto o déficit de água
são prejudiciais à obtenção de uma boa uniformidade na população de
plantas, em outras palavras, diminui a qualidade e produtividade do
grão (EMBRAPA, 2014). Porém, segundo Müller (1981 apud SANTOS
et al., 2017) o excesso de água gera perdas, prejudicando a aeração do
solo e causando o apodrecimento das raízes, ou seja, pode diminuir
significativamente a produtividade da cultura.
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a deficiência de fósforo ocasiona menor desenvolvimento vegetativo,
produtividade, qualidade e senescência precoce; a deficiência de
enxofre resulta em menor síntese de proteína e aminoácidos sulfurados
(metionina e cistina); e com a deficiência de cálcio, ocorre a morte das
raízes e diminuição do crescimento (MALAVOLTA, 2006). Segundo
Oliveira (2007), a ausência de nutrientes prejudica o desenvolvimento
da planta e a produção de grãos e, dessa forma, diminui produtividade
e a qualidade dos grãos. De acordo com Malavolta (1980), o pH do
solo ideal para o cultivo da soja encontra-se na faixa entre 5,9 – 6,5. O
pH afeta a disponibilidade de nutrientes no solo, abaixo do ideal, e o
aproveitamento de nitrogênio e potássio, por exemplo, diminui; se o solo
estiver muito ácido, significa que há um alto teor de alumínio tóxico, o
que é prejudicial para o desenvolvimento radicular; comprometendo
a produtividade do grão, e se o pH for muito baixo, compromete a
produtividade (BRAGA, 2012).
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O sistema proposto por Fehr e Caviness (1977) divide os
estádios de desenvolvimento da soja em estádios vegetativos e estádios
reprodutivos. Os estádios vegetativos são designados pela letra “V” e os
reprodutivos pela letra “R”.
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por apresentarem um único folíolo. A partir da emissão das folhas
unifolioladas, a soja passa a formar somente as folhas verdadeiras ou
trifolioladas (compostas por três folíolos), com inserção alternada ao
longo do caule e dos ramos.
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Tabela 1: Descrição resumida dos estádios fenológicos vegetativos da soja
Estádio
Descrição
Símbolo Denominação
Os cotilédones estão acima da
VE Emergência
superfície do solo
VC Cotilédone desenvolvido Cotilédones totalmente abertos
As folhas unifolioladas estão
V1 Primeiro nó
completamente abertas
V2 Segundo nó Primeira folha trifoliolada aberta
V3 Terceiro nó Segunda folha trifoliolada aberta
“Enésimo” nó ao longo da haste
Vn Enésimo nó
principal com trifólio aberto
Fonte: Fehr e Caviness (1977)
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Tabela 2: Descrição resumida dos estádios fenológicos
reprodutivos da soja
Estádio
Descrição
Símbolo Denominação
Uma flor aberta em qualquer nó da haste
R1 Início do florescimento
principal
Maioria das inflorescências da haste principal
R2 Florescimento pleno
com flores abertas
Vagens com 0,5 a 1,5 cm de comprimento no
R3 Início da frutificação
terço superior da haste principal
Maioria das vagens no terço superior da haste
R4 Frutificação plena principal com comprimento de 2 a 4 cm (“ca-
nivete”)
Até 10% da granação máxima na maioria das
R5.1 Início da granação vagens localizadas no terço superior da haste
principal
Maioria das vagens no terço superior da haste
R5.2
principal entre 10 e 25% da granação máxima
Maioria das vagens no terço superior da haste
R5.3 Média granação
principal com 25 a 50% da granação máxima
Maioria das vagens no terço superior da haste
R5.4
principal entre 50 e 75% da granação máxima
Maioria das vagens no terço superior da haste
R5.5 Final da granação
principal com 75 a 100% da granação máxima
100% de granação. Maioria das vagens no
Semente formada ou
R6 terço superior contendo sementes verdes em
granação plena
seu volume máximo (“vagem gorda”)
R7.1 Maturidade fisiológica Até 50% de folhas e vagens amarelas
R7.2 Maturidade fisiológica Entre 50 e 75% de folhas e vagens amarelas
R7.3 Maturidade fisiológica Acima de 75% de folhas e vagens amarelas
R8.1 Desfolha natural Até 50% de desfolha
Acima de 50% de desfolha. Aproxima-se o
R8.2 Desfolha natural
ponto de colheita
R9 Maturidade a campo 95% de vagens com a cor da vagem madura
Fonte: Ritchie et al. (1982)
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O período de florescimento da soja é relativamente longo (vai
de 30 a 40 dias) e superpõe-se ao de formação das vagens e sementes,
fazendo com que a planta resista melhor a períodos curtos de estiagem,
durante a floração. Não raro, observa-se, em uma mesma axila foliar,
presença simultânea de gemas vegetativas, flores abertas ou murchando
e frutos em desenvolvimento. O estádio R4 indica a fase em que a
maior parte das vagens está formada. Vagens do terço superior da
planta (haste principal) se apresentam com 2 e 4 cm de comprimento.
Os produtores brasileiros identificam esse estádio como o momento
da cultura em que as plantas mostram os “canivetes”. As sementes são
formadas por meio do processo de fertilização da oosfera, seguido por
divisões e diferenciações, podendo inicialmente serem vistas depois
do desenvolvimento da vagem, caracterizando o início da granação da
soja (estádio R5.1). O acúmulo de matéria seca nas sementes evolui,
atingindo o máximo volume quando se observam as cavidades das
vagens verdes totalmente preenchidas por sementes de coloração verde
(estádio R6). Entre o início e o máximo volume, o processo de acúmulo
de matéria seca pode ser gradativamente quantificado por meio do tato
ou da visão, conforme descrevem os subestádios R5.1 a R5.5 (RITCHIE
et al., 1982).
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a semente, ao atingir o máximo peso de matéria seca, se desliga
fisiologicamente da planta e alcança a maturidade fisiológica (estádio
R7), caracterizada pelo máximo peso de matéria seca nos grãos. Nesse
momento, os grãos assumem coloração amarela e apresentam teores de
umidade de aproximadamente 28 a 30%. Atualmente, para facilidade
do monitoramento da lavoura, a maturidade fisiológica é subdividida
em três subestádios, relativos aos níveis crescentes de amarelecimento
de folhas e vagens. Simultaneamente à maturidade fisiológica de uma
lavoura, poderá ocorrer a queda natural das folhas. Abaixo de 50%
de desfolha, tem-se o estádio R8.1; acima de 50%, o estádio R8.2. O
amarelecimento das folhas e das vagens, acompanhado da abscisão
foliar, indica desidratação das plantas, vagens e sementes. Quando se
observam 95% ou mais de vagens maduras, identifica-se a maturidade
a campo (estádio R9). A lavoura poderá ser colhida a partir de 16%
ou menos de umidade nas sementes. O crescimento das raízes durante
os estádios reprodutivos cessa no R1, para as plantas com hábito de
crescimento determinado, e progride até R5.2, para as de hábito de
crescimento indeterminado. Entretanto e independentemente do hábito
de crescimento, a atividade fisiológica das raízes persiste até o máximo
volume de grãos (R6). Simultaneamente ao crescimento radicular,
ocorre o aumento da taxa de nodulação das raízes, cujo auge se dá entre
os estádios R2 e R6, épocas fenológicas e fisiológicas em que a soja
requer maior quantidade de energia, água e nutrientes. Com relação
ao manejo, durante a fase reprodutiva da soja, a preocupação maior
se refere ao constante monitoramento das pragas aéreas e das doenças
desfolhadoras (doenças de final de ciclo, oídio, mela, antracnose e a
temida ferrugem asiática) (RITCHIE et al., 1982). No Brasil, a cada nova
safra de soja, constata-se que há necessidade de conhecer a fenologia
para auxiliar as novas tecnologias.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
BORGES, E. Planta de soja no R1. In: Sistemas de produção soja e milho. Fundação
Rio Verde. Boletim Técnico n. 21, n. 1. 2013, p. 19.
OLIVEIRA, F. A.; SFREDO, G. J.; CASTRO, C.; KEPLER, D. Fertilidade do solo e nutrição
da soja. 2007. Embrapa. Circular técnica n. 50.
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RITCHIE, S.; HANWAY, J. J.; THOMPSON, H. E. How a soybean plant develops. Ames,
Yowa: Yowa State University of Science and Technology, Cooperative Extension,
1982, p. 20. (Special Report, n. 53).
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