Banana Mal Do Panama
Banana Mal Do Panama
Banana Mal Do Panama
RELATRIO FINAL
CONFIDENCIAL
Viosa, MG
Julho, 2007
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Relatrio Final
1. Introduo
1.1 O mal-do-Panam
A bananicultura est entre as atividades agrcolas de maior
expresso econmica e de elevado alcance social no Brasil. As estatsticas
apontam para uma produo anual em torno de seis milhes de toneladas, em
uma rea cultivada de
516 mil hectares, distribudas de Norte a Sul do Pas, onde a Regio Nordeste
contribui com cerca 38% da produo e 34% da rea cultivada. O consumo efetivo
de frutos est na faixa de quatro milhes de toneladas anuais e apenas cerca de 1%
da produo exportada. Como ocorre em qualquer espcie cultivada em grandes
reas, a bananeira afetada por diversos problemas fitossanitrios. A cultura
afetada por diversos problemas fitossanitrios causados por fungos,
bactrias, vrus, nematides e insetos. Contudo, os fungos so indiscutivelmente
os agentes infecciosos de maior importncia para a bananicultura brasileira. Entre
as doenas causadas por estes microorganismos destacam-se como as mais
importantes a Sigatoka-negra causada por Mycosphaerella fijiensis Morelet, a
Sigatoka-amarela, causada por Mycosphaerella musicola Leach, e o mal-do-
Panam, causada por Fusarium oxysporum fsp. cubense (Foc) (Cordeiro et
al., 2005; Ploetz, 1994,
2006).
Dentre dessas doenas maior ateno tem sido dada s Sigatokas. O fato de
atacar gentipos comercialmente importantes, de no existirem cultivares
resistentes que suplantem as cultivares comerciais e a necessidade de se
realizar grande nmero de aplicaes de fungicidas (at 60), justificam essa
ateno. Assim, o mal-do-Panam, apesar de ser reconhecida como uma das
doenas mais destrutivas da bananeira no mundo (Matos et al., 2001; Ploetz,
2006; Viljoen,
2002), tem sido menos atendida. Isto provavelmente, porque a maioria das
cultivares que se exportam pertence ao subgrupo Cavendish e so resistentes
Raa 1 de Foc, a qual que predomina nas principais regies exportadoras.
Contudo,
a diferena da Sigatoka-negra, o mal-do-Panam endmico em todas as regies
bananicultoras do mundo, seu controle com fungicidas invivel e o uso de
cultivares resistentes est condicionado apario de novas raas do
patgeno (Gerlach et al., 2000; Groenewald et al., 2006;
Smith et al., 2006). Adicionalmente, a diferena
dos pases exportadores a banana no Brasil
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Relatrio Final
2. Objetivo Geral
3. Justificativa
Com base em uma extensiva reviso de literatura de trabalhos
publicados nacional e internacionalmente sobre o mal-do-Panam da bananeira,
verificou-se a inexistncia de estudos mostrando o efeito do Si no controle
dessa doena. Isto mostra a importncia da realizao desse projeto de
pesquisa para determinar o potencial de utilizao desse elemento no controle do
mal-do-Panam da bananeira quando consideramos os enormes prejuzos que
essa doena tem causado aos produtores de banana, principalmente na regio
do Norte de Minas Gerais. necessrio pesquisar medidas alternativas de
controle do Mal-do-Panam da bananeira que sejam viveis economicamente
e que causem menor impacto ao meio ambiente. A fertilizao silicatada uma
opo interessante para o controle dessa doena especialmente quando a bananeira
cultivada em reas onde o solo deficiente nesse elemento. Alm disso, em
comparao aos fungicidas, a fertilizao silicatada no agride o meio
ambiente e permite que a bananeira seja produzida dentro da filosofia de uma
Agricultura sustentvel. A bananeira uma cultura que demanda grande
quantidade de gua e de nutrientes (Lahav, 1995), porm pouco conhecido
sobre o efeito do Si em banana (Musa spp.). A concentrao de Si em
plantas jovens de banana varia de 0,7 a 3,8% (Jauhari et al.,
1974) e pode ser considerada uma planta acumuladora de Si devido contastao
da presena de fitlitos nas clulas das folhas e do pseudocaule (Tomlinson, 1969;
Prychid et al., 2004; Henriet et al., 2006). Existe evidncia na literatura de
que bananeira cultivada em solo da classe Vertisol mais resistente s
infeces fngicas devido alta concentrao de Si disponvel na soluo do solo
(Delvaux,
1995). Isto sugere que a adubao com Si possa vir a constituir uma
alternativa para o controle de doenas da bananeira, a exemplo do mal-do-
Panam. Contudo, estudos no intuito de verificar o efeito do Si sobre a incidncia
do mal-do-Panam no foram encontrados. interessante chamar a ateno
para o fato de que as razes da banana so capazes de induzir a dissoluo da
argila no solo aumentando
a disponibilidade de Si na regio da rizosfera (Hinsinger et al., 2001; Rufyikiri et
al., 2004) fato este que aumentaria o potencial do uso deste elemento para o
controle de doenas.
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5. Resultados
Em plantas no inoculadas, no houve diferena significativa entre
as cultivares Grande Naine e Ma quanto ao teor de Si na folha, pseudocaule e
raiz (Figura 7). O teor de Si na folha foi significativamente maior no tratamento
com AgroSilcio em relao a aplicao de calcrio. No houve diferena
significativa entre os tratamentos AgroSilcio e calcrio quanto ao teor de Si no
pseudocaule e
na raz.
Em plantas inoculadas, no houve diferena significativa quanto ao teor de Si
na folha e no pseudocaule entre as cultivares Grande Naine e Ma (Figura 8). Na
raiz, o teor de Si foi significativamente maior na cultivar Ma. O teor de Si
na folha, pseudocaule e raz foi significativamente maior em plantas crescidas
na presena de AgroSilcio do que de calcrio.
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Figura 7. Teor de silcio (Si) na folha (A), pseudocaule (B) e raiz (C) de plantas de
bananeira das cultivares Grande Naine e Ma no inoculadas e crescidas em solo
*
contendo calcrio (-Si) ou AgroSilcio (+Si). = significativo ao nvel de 1% pelo
ns
teste-t; = no significativo.
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Figura 8. Teor de silcio (Si) na folha (A), pseudocaule (B) e raiz (C) de plantas de
bananeira das cultivares Grande Naine e Ma inoculadas com
Fusarium oxysporum f.sp. cubense e crescidas em solo contendo calcrio
* e **
(-Si) ou AgroSilcio (+Si). = significativo ao nvel de 1 e 5%,
respectivamente, pelo
teste-t; ns = no significativo.
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Figura 9. Teor de clcio (Ca) na folha (A), pseudocaule (B) e raiz (C) de plantas
de bananeira das cultivares Grande Naine e Ma no inoculadas e crescidas em
* e **
solo contendo calcrio (-Si) ou AgroSilcio (+Si). = significativo ao nvel de
ns
1 e 5%, respectivamente, pelo teste-t; = no significativo.
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Relatrio Final
Figura 10. Teor de clcio (Ca) na folha (A), pseudocaule (B) e raiz (C) de plantas
de bananeira das cultivares Grande Naine e Ma inoculadas com Fusarium
oxysporum f.sp. cubense e crescidas em solo contendo calcrio (-Si) ou
* ns
AgroSilcio (+Si). = significativo ao nvel de 1% pelo teste-t; =
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Relatrio Final
no significativo.
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Calcrio AgroSilcio
100
ns *
80
60
ID (%)
40
20
0
Grande Naine Ma + Si - Si
Tratamentos
Figura 12. ndice de doena (ID) em plantas de bananeira das cultivares Grande
*
Naine e Ma crescidas em solo contendo calcrio (-Si) ou AgroSilcio (+Si). =
ns
significativo ao nvel de 5% pelo teste-t; = no significativo.
Em plantas no inoculadas, houve diferena significativa entre as cultivares
Grande Naine e Ma quanto ao peso da matria seca de folhas, pseudocaule, raz
e total (Figura 13). No houve diferena significativa entre os tratamentos
AgroSilcio e calcrio quanto ao peso da matria seca de folhas, pseudocaule, raz
e total.
Em plantas inoculadas, houve diferena significativa entre as cultivares
Grande Naine e Ma apenas quanto ao peso da matria seca de folhas, raz e total
(Figura 14). No houve diferena significativa entre os tratamentos AgroSilcio e
calcrio quanto ao peso da matria seca apenas para folhas, raz e total.
Figura 13. Peso da matria seca (PMS) de folhas (A), pseudocaule (B), raiz (C) e
total (folhas + pseudocaule + raz) de plantas de bananeira das cultivares Grande
Naine e Ma no inoculadas e crescidas em solo contendo calcrio (-Si) ou
** ns
AgroSilcio (+Si). = significativo ao nvel de 1% pelo teste-t; =
no significativo.
Figura 14. Peso da matria seca (PMS) de folhas (A), pseudocaule (B), raiz (C) e
total (folhas + pseudocaule + raz) de plantas de bananeira das cultivares Grande
Naine e Ma inoculadas com Fusarium oxysporum f.sp. cubense e crescidas em
**
solo contendo calcrio (-Si) ou AgroSilcio (+Si). = significativo ao nvel
de
1% pelo teste-t; ns = no significativo.
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Relatrio Final
6. Concluses
A) plantas de bananeira supridas com AgroSilcio , independente da inoculao
com Foc, apresentaram um aumento no teor de Si na folha em comparao s
plantas no supridas com essa fonte de silcio;
C) plantas supridas com AgroSilcio , principalmente da cultivar Ma
considerada altamente suscetvel ao mal-do-Panam, apresentaram uma
reduo significativa na intensidade da doena e
D) em geral, plantas supridas com AgroSilcio e inoculadas com Foc
apresentaram um ganho em matria seca em relao s plantas crescidas na
presena de calcrio.
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7. Literatura Consultada