Programa Nacional para A Promoção Da Atividade Física: Portugal
Programa Nacional para A Promoção Da Atividade Física: Portugal
Programa Nacional para A Promoção Da Atividade Física: Portugal
NACIONAL PARA
A PROMOÇÃO
DA ATIVIDADE
FÍSICA
PORTUGAL
2021
PROGRAMA NACIONAL PARA A
PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA
2021
FICHA TÉCNICA
Portugal. Ministério da Saúde. Direção-Geral da Saúde.
PALAVRAS CHAVE
Atividade física, comportamento sedentário
EDIÇÃO
Direção-Geral da Saúde
Alameda D. Afonso Henriques, 45 1049-005 Lisboa
Tel.: 218 430 500
Fax: 218 430 530
E-mail: [email protected]
www.dgs.pt
AUTORIA
Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física
Índice
Resumo em Linguagem Clara 9
5. Referências Bibliográficas 53
6. Glossário 55
7. Anexos 56
Índice de Gráficos
Gráfico 1. Prevalência da atividade física na população portuguesa entre 2015 e 2020, segundo os
resultados de estudos nacionais conduzidos durante este período. 15
Gráfico 2. Níveis de atividade física dos portugueses (percentagem total e por sexo) um ano após
o início da pandemia (resultados do estudo REACT-COVID 2.0; dados recolhidos em maio de 2021).
22
Gráfico 3. Níveis de tempo sentado diário dos portugueses (percentagem total e por sexo) um ano
após o início da pandemia. 22
Gráfico 4. Prevalência nacional e regional de utentes utilizadores dos CSP, com ≥15 anos, com
atividade física avaliada (pelo menos, um registo no SClínico CSP), por 100 000 utentes. 25
Gráfico 5. Número de consultas dos CSP do SNS (e respetiva tipologia) com registo do nível de
atividade física e comportamento sedentário dos utentes no sistema informático SClínico –
Cuidados de Saúde Primários (períodos 2017-2020 e 2021). 26
Gráfico 6. Incidência anual nacional de utentes utilizadores dos CSP, com ≥15 anos, cujos níveis de
atividade física e comportamento sedentário foram avaliados, pelo menos uma vez, através do
SClínico CSP (por 100 000 utentes). 26
Gráfico 7. Incidência anual de utentes utilizadores dos CSP (todas as idades) cujos níveis de
atividade física e comportamento sedentário foram avaliados, pelo menos uma vez, através do
SClínico CSP, por ARS (por 100 000 utentes). 27
Gráfico 8. Proporção (%) de utentes em cada uma das categorias do semáforo de prática de
atividade física moderada, por grupo etário e sexo, avaliado através da ferramenta digital do
SClínico – Cuidados de Saúde Primários. 28
Gráfico 9. Comparação da prevalência nas categorias do semáforo de atividade física (%) entre
utentes avaliados 3 vezes quanto à sua atividade física no período 2017-2021, com registo através
da ferramenta digital do SClínico – Cuidados de Saúde Primários. 28
Gráfico 10. Proporção (%) de utentes em cada uma das categorias do semáforo de tempo sentado
diário, por grupo etário e sexo, avaliado através da ferramenta digital do SClínico – Cuidados de
Saúde Primários. 29
Gráfico 11. Comparação da prevalência nas categorias do semáforo de tempo sentado diário (%)
entre utentes avaliados 3 vezes quanto ao seu comportamento sedentário no período 2017-2021,
com registo através da ferramenta digital do SClínico – Cuidados de Saúde Primários. 29
Gráfico 12. Prevalência nacional e regional de utentes, com ≥ 15 anos a quem foram emitidos
recursos de aconselhamento breve para a atividade física através da PEM (por 100 000 habitantes).
30
Gráfico 13. Incidência anual nacional de utentes, com ≥ 15 anos , a quem foram emitidos recursos
de aconselhamento breve para a atividade física através da PEM (por 100 000 habitantes). 30
Gráfico 14. Incidência anual de utentes, com ≥ 15 anos, a quem foram emitidos recursos de
aconselhamento breve para a atividade física através da PEM, por ARS (por 100 000 habitantes).
31
Gráfico 15. Evolução do número mensal de guias de apoio ao aconselhamento breve para a
atividade física emitidos através da PEM – Prescrição Eletrónica Médica. 31
Gráfico 16. Tipologia de guias de apoio ao aconselhamento breve para a atividade física emitidos
através da PEM – Prescrição Eletrónica Médica (2017-2021). 32
Gráfico 17. Número de guias de aconselhamento breve para a atividade física emitido entre 2017
e 2021, por idade e sexo dos utentes. 32
Gráfico 18. Perceção de frequência de promoção da atividade física de utentes na prática clínica
por parte dos médicos inquiridos. 36
Gráfico 19. Nível de atividade física semanal dos médicos inquiridos, avaliado por autorreporte,
através do International Physical Activity Questionnaire – Short form (IPAQ-SF). 37
Gráfico 20. Nível de comportamento sedentário (tempo sentado) diário dos médicos inquiridos,
avaliado por autorreporte, através do International Physical Activity Questionnaire – Short form
(IPAQ-SF). 37
Gráfico 21. Evolução do número de acessos ao microsite do PNPAF entre 31 de Dezembro de 2020
e 12 de novembro de 2021. 47
Índice de Tabelas
Tabela 1. Abordagem five-to-five (“cinco para cinco”) para combate às doenças crónicas não
transmissíveis. 13
Índice de Figuras
Figura 1. Caracterização dos padrões de saúde identificados na população portuguesa durante o
primeiro confinamento social (março-maio 2020) devido à COVID-19. 16
Figura 2. Os oito grandes investimentos para a promoção da atividade física com efetividade
comprovada. 20
Siglas e Acrónimos
• A atividade física regular contribui para aumentar a • Regular physical activity contributes to increase
longevidade e reduzir a carga de doença. Além do longevity and to reduce the burden of disease. Be-
seu papel preventivo e terapêutico na saúde das sides its preventive and therapeutic roles in popu-
populações, tem sido notória a produção científica lations’ health, current scientific literature is increa-
no âmbito do seu contributo concomitante para o singly highlighting its contribution to fight climate
combate às alterações climáticas e promoção do changes and to promote sustainable development.
desenvolvimento sustentável. • Epidemiologic data of movement behaviours col-
• Dados de prevalência dos comportamentos do lected during the first COVID-19 general confine-
movimento recolhidos durante o primeiro confina- ment showed that 46,0% of Portuguese adults
mento geral obrigatório decorrente da pandemia were sufficiently active (according to WHO guideli-
da COVID-19, revelaram que a prevalência de por- nes); however, almost the same proportion (46,4%)
tugueses adultos que atingiam as recomendações reported spending 7 hours or more a day in sitting
de atividade física era de 46,0%; contudo, quase a time.
mesma proporção (46,4%) afirmava passar 7 horas • The COVID-19 pandemic seemed to have increa-
ou mais por dia em tempo sentado. sed health iniquities regarding physical activity and
• A pandemia da COVID-19 parece ter contribuído healthy eating due to the interaction of socioeco-
para o aumento das iniquidades em saúde de de- nomic factors.
terminados grupos populacionais, ao nível de com- • In 2021, the International Society for Physical Acti-
portamentos de saúde como a atividade física e a vity and Health (ISPAH) published an updated do-
alimentação, devido à interação com fatores socie- cument regarding the eight best investments that
conómicos. work on physical activity promotion.
• Em 2021, a International Society for Physical Activity
and Health (ISPAH) publicou um documento atua-
lizado identificando as oito principais áreas de in-
vestimento com retorno, a ter em conta no contex-
to das políticas nacionais e locais para a promoção
da atividade física.
• Inquérito nacional REACT-COVID 2.0, sobre prática • REACT-COVID 2.0 national survey implementation
de atividade física e hábitos alimentares dos portu- regarding physical activity practice and eating habi-
gueses um ano depois do início da pandemia por ts one year after the beginning of COVID-19 pande-
COVID-19 (estudo de follow-up). mic (follow up study).
• Tradução portuguesa das novas recomendações • Portuguese translation of the new global guidelines
globais para a atividade física e comportamento on physical activity and sedentary behaviour 2020
sedentário da Organização Mundial da Saúde of the World Health Organization.
• Conclusão da recolha de dados para avaliação de • Conclusion of the process evaluation data collec-
processo da Consulta de Atividade Física piloto no tion of the physical activity pilot consultation within
Serviço Nacional de Saúde (SNS) e preparação da the Portuguese National Health Service (NHS) and
retoma da sua implementação. planning of the national resumption.
• Promoção do aconselhamento breve para a ativi- • Physical activity brief counselling promotion, throu-
dade física, através de iniciativas de capacitação de gh health professionals training initiatives, namely
profissionais de saúde, nomeadamente através do the launch of new editions of a national e-learning
lançamento de mais edições de curso e-learning, course.
especialmente importante no atual contexto pan- • Work development regarding the follow up study
démico, que afetou negativamente a avaliação e on doctors’ physical activity attitudes and promo-
aconselhamento breve da atividade física nos Cui- tion practices.
dados de Saúde Primários. • Work development regarding the production and
• Desenvolvimento de trabalhos no âmbito do lan- launching of quick reference guides on physical ac-
çamento de inquérito nacional sobre atitudes e tivity prescription in chronic diseases.
práticas profissionais de médicos no âmbito da ati- • Systematic reviews of scientific literature to su-
vidade física e sua promoção (estudo de follow-up). pport ongoing work.
• Desenvolvimento de trabalhos preparatórios con-
ducentes à publicação de guias de referência para
a prescrição de exercício na doença crónica.
• Revisões sistemáticas da literatura, para suporte
ao trabalho em curso.
Estão previstas várias ações futuras, que visam: Several future actions are planned, aiming to:
• Melhorar a capacitação da população para a esco- • Improve the population skills in choosing and im-
lha e implementação de um estilo de vida ativo. plementing an active lifestyle.
• Melhorar a prevenção da doença e a prestação de • Improve disease prevention and health care de-
cuidados de saúde, integrando uma abordagem a livery, integrating an approach to health determi-
determinantes de saúde como a AF e o comporta- nants such as PA and sedentary behaviour.
mento sedentário. • Improve the quality of PA practice opportunities in
• Melhorar a qualidade da oferta de oportunidades different contexts, throughout the life course.
de prática de AF em diferentes contextos, ao longo • Promote informed decision making (surveillance
do ciclo de vida. and monitoring).
• Promover a tomada de decisão informada (vigilân- • Improve planning and action in public health emer-
cia epidemiológica e monitorização). gency, within the scope of PA promotion.
O inquérito populacional aos hábitos de atividade física e alimentares da população portuguesa, um ano
depois do início da pandemia por COVID-19, parece apontar para uma tendência de melhoria dos níveis de
AF da população (54,3% reporta níveis adequados de atividade física para a promoção da saúde, vs. 46% em
2020). Serão potencialmente boas notícias, fruto de uma alteração da norma social em torno da atividade
física nos últimos anos e da maior e mais diversificada oferta (incluindo mais oferta digital e maior criação de
contextos de prática, como ciclovias e parques pedonais), mas principalmente da valorização deste compor-
tamento (p. ex., excepção permitida durante os confinamentos; proteção da saúde e gestão do stress, etc.).
Não obstante, parece ter também aumentado o tempo sedentário, sendo este de 7 ou mais horas por dia
para 46,4% dos inquiridos (vs. 38.9%, em 2020). Tal contribui para um perfil populacional “Ativo mas Seden-
tário” (sendo estes dois indicadores de saúde/risco independentes), ao qual importa atentar.
É sabido, e os dados deste relatório também o sublinham, que os fatores de risco se potenciam, mas
o mesmo acontece com os fatores protetores. Ora concorrendo para um padrão salutogénico estão
níveis mais elevados de atividade física. A este nível, investigar, intervir de forma baseada na evidên-
cia encontrada e gerada, e comunicar bem (tanto com a comunidade científica, como com a técnica,
bem como com público em geral) são fundamentais. A acão do Programa Nacional para a Promoção
da Atividade Física em tudo segue estas premissas, sendo o conteúdo deste relatório (e as atividades
a vários níveis nele espelhadas) o seu melhor reflexo.
Em todas as suas vertentes de atuação temos a ancoragem científica (pela investigação e publicação em re-
vistas científicas de circulação internacional), bem como a sua tradução para a comunidade de especialistas
e técnicos. Exemplo disso é o desenvolvimento de recursos e plataformas de formação digital, disseminando
a formação de formadores, por forma a aumentar a capacitação de profissionais para o uso das ferramentas
de avaliação e aconselhamento breve para a promoção da atividade física. Estas ferramentas, ainda que
existentes para download livre por profissionais em qualquer contexto, encontram-se integradas nos siste-
mas eletrónicos de apoio às consultas do Serviço Nacional de Saúde (especialmente nos cuidados de saúde
primários).
O volume total de consultas de Cuidados de Saúde Primários em que foi realizada a avaliação e registo
dos níveis de atividade física e comportamento sedentário dos utentes, desde a disponibilização da ferra-
menta em sistema (final 2017), foi de 261 476 consultas, das quais 23,2% foram realizadas no último ano.
A proporção de utentes, utilizadores dos CSP, avaliados corresponde, em média, a 2 em cada 100 utentes,
representando o dobro do valor monitorizado no final de 2020. Quanto à utilização da ferramenta de apoio
ao aconselhamento breve para a promoção da atividade física, desde que foi disponibilizada, corresponde à
emissão de 42 645 guias de aconselhamento breve para a atividade física, um aumento de 18%, comparati-
vamente aos dados apurados no final de 2020 (dados acumulados).
A população é assim o destinatário último e principal da ação do Programa Nacional para a Promoção da
Atividade Física, o trabalho de disseminação via comunicação social, infografias e redes é disso reflexo. Subli-
nha-se aqui a produção da tradução portuguesa das novas recomendações globais para a atividade física e
comportamento sedentário da Organização Mundial da Saúde e sua disseminação. É baseado nelas que fica
o mote (tanto para a ação do programa, como para a da população): Todo o movimento conta!
Na Europa, um pequeno número de doenças crónicas não transmissíveis é responsável por cerca de 86%
das mortes e 77% da carga de doença (1). São elas a diabetes, as doenças cardiovasculares, o cancro, as
doenças respiratórias crónicas e a doença mental/outras condições de saúde mental. Este conjunto de pato-
logias é atualmente designado por “Big five” (“cinco grandes”), tendo sido sugerida uma abordagem “five-to-
-five”, no contexto da qual o combate a estes cinco tipos de grandes patologias é mediado por uma atuação
prioritária ao nível dos cinco principais fatores de risco: inatividade física, maus hábitos alimentares, consumo
de tabaco, consumo prejudicial de bebidas alcoólicas e fatores de risco ambientais (2) (Tabela 1).
Tabela 1. Abordagem five-to-five (“cinco para cinco”) para combate às doenças crónicas não
transmissíveis.
Analisando o contributo específico da inactividade física para a carga de doença e mortalidade precoce, a
evidência científica aponta para que cerca de 10% dos casos de cancro do cólon, 10% dos casos de cancro
da mama, 7% dos casos de diabetes e 6% dos casos de doença coronária na população mundial possam
ser prevenidos, caso a população mundial tivesse níveis de prática de atividade física compatíveis com as
recomendações globais, sendo que 9% dos casos de morte prematura poderiam igualmente ser evitados (3).
Dados publicados em 2020, do último estudo do Global Burden of Disease acerca da carga de doença e mor-
talidade atribuídas aos principais fatores de risco para a saúde entre 1990 e 2019 (4) indicam que a atividade
física insuficiente é o 16º fator de risco de nível 2 ao qual são atribuídas mais mortes (11,1 mortes por 100
000, ajustadas para a idade, a nível mundial) e o 18º ao qual são atribuídos mais anos de saúde prematu-
ramente perdidos, com um valor de DALYs (disabled-adjusted life-years) ajustados para a idade de 194,8 por
100 000, em todo o mundo (5). Informação mais completa sobre estes indicadores poderá ser consultada no
Relatório do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física de 2020, disponível AQUI.
Além do seu papel preventivo fundamental, a prática de atividade física constitui igualmente um importante
coadjuvante terapêutico, ao contribuir para o atraso da progressão de diversas doenças crónicas não trans-
missíveis, nomeadamente de sete grupos importantes de patologias: cardiovasculares, oncológicas, pulmo-
nares, metabólicas, psiquiátricas, neurológicas e musculo-esqueléticas (6).
Num período em que a saúde das populações nunca esteve tão ligada à saúde do planeta (7), e em que as
alterações climáticas nunca estiveram tanto na ordem do dia, importa salientar o contributo central que a
prática de atividade física representa para a saúde do planeta, ao contribuir directamente para 8 dos 17 Ob-
jetivos para o Desenvolvimento Sustentável (8). No que respeita, especificamente, à redução da poluição do
ar decorrente do aumento da mobilidade ativa em áreas urbanas, através do uso da marcha e/ou bicicleta
para deslocações de curta distância, em substituição do uso do carro, estima-se que possam ser prevenidas
21 a 99 mortes prematuras por milhão num ano (dados estimados para uma cidade como Londres ou Deli,
respectivamente), apenas devido à melhor qualidade do ar (7). Contudo, os benefícios serão ainda superio-
res, se considerarmos o aumento concomitante dos níveis de atividade física, per se, decorrente do maior
uso de formas de mobilidade ativa para as deslocações do dia-a-dia (7).
A um outro nível, a prática de atividade física ao ar livre e em contextos de natureza, designada por “blue
exercise” (quando em contextos aquáticos naturais) e “green exercise” (quando em contextos de vegetação)
tem recebido crescente atenção por parte da comunidade científica, pelo seu duplo contributo, por um lado,
ao nível dos efeitos benéficos potenciados na saúde e bem-estar físico e mental dos indivíduos, por outro
lado, no seu contributo para a sustentabilidade dos ambientes naturais (9).
A este nível, uma aposta forte em políticas intersetoriais de promoção da atividade física da população, ali-
nhadas com a sustentabilidade ambiental do planeta, quer ao nível da mobilidade suave, quer ao nível de
outras formas de atividade física em diferentes contextos de vida, será fundamental.
Destaque-se um exemplo recente a este nível, liderado pela United Nations Climate Change, um secretariado
das Nações Unidas especificamente dedicado à resposta às alterações climáticas, que criou a “Sports for
Climate Change Framework” (10), um referencial ao qual as grandes organizações desportivas podem aderir
e que, aliado ao outras iniciativas, pretende potenciar o seu papel no combate às alterações climáticas, quer
através de ações concretas de redução das emissões de gases com efeito de estufa decorrentes das activida-
des diretamente ligadas ao setor (viagens, eventos, etc.), quer tornando-se líderes de influência no combate
às alterações climáticas, ao alavancar a sua posição de influência nas sociedades em prol do planeta, no
âmbito da sua responsabilidade social. Mais recentemente, no âmbito da Cimeira do Clima COP26, foi apre-
sentado o compromisso “Race to Zero” (11), que integra ações concretas a ser assumidas pelas organizações
desportivas, bem como um conjunto definido de metas a ser atingidas.
Será o esforço conjunto e concertado dos diferentes setores sociais (saúde, transportes, educação, despor-
to, ciência e inovação, trabalho, etc.) que fará a diferença, quer ao nível da promoção da saúde das popula-
ções e combate às doenças crónicas não transmissíveis, quer, intimamente ligado ao anterior, à promoção
da saúde do planeta e combate às alterações climáticas.
A pandemia por COVID-19 afectou severamente a Região Europeia, tendo as suas sucessivas “vagas” deter-
minado esforços e políticas nacionais e internacionais diversos, para contenção da infeção e dos seus efeitos
negativos diretos e indiretos na saúde das populações e no funcionamento dos serviços de saúde. Devido
à elevada transmissão do vírus pessoa-a-pessoa, o distanciamento físico e social são elementos-chave na
gestão da pandemia e integraram os planos de ação da maioria dos países para travar a propagação da
doença. Tal envolveu, em diversos momentos, períodos de confinamento e teletrabalho obrigatórios, com
o encerramento temporário de escolas, locais de trabalho e outros serviços, como estruturas públicas para
prática de exercício físico, parques, ginásios e clubes desportivos (12).
Em Portugal, as medidas nacionais restritivas para contenção da pandemia foram sempre acompanhadas
pela inclusão da prática individual de atividade física ao ar livre como excepção às medidas de isolamento
social, em alinhamento com as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) – um claro reconheci-
mento do papel fundamental da prática de atividade física como determinante de saúde física e mental (13).
Também no contexto específico da infeção por COVID-19, a produção científica mais recente tem suportado
a relação linear entre os níveis de prática de atividade física e a função imunitária/defesa viral e, neste con-
texto, a existência, em pessoas mais ativas, de uma maior proteção contra a doença severa, especialmente
aquando da coocorrência da infeção por COVID-19 com comorbilidades como a obesidade, a diabetes, a
hipertensão ou doenças cardiovasculares (14). Reforça-se, assim, a importância da manutenção de uma prá-
tica de atividade física compatível com as atuais recomendações, de, pelo menos, 150 minutos de atividade
física de intensidade moderada, ou 75 minutos de intensidade vigorosa, ou uma combinação de ambas.
Perante as alterações sociais profundas que a COVID-19 trouxe, a vigilância epidemiológica dos comporta-
mentos de atividade física, a par de outros comportamentos de saúde, obteve especial atenção em vários
países, tendo a atividade física ganho relevo em termos de sensibilização da população para a importância
deste comportamento (12).
Em Portugal, durante o primeiro confinamento social obrigatório (março de 2020), decorreu a primei-
ra recolha de dados do estudo REACT-COVID, da responsabilidade científica conjunta do Programa
Nacional para a Promoção da Atividade Física (PNPAF) e Programa Nacional para a Promoção da
Alimentação Saudável (PNPAS), para caracterização da prática de atividade física e hábitos alimen-
tares dos portugueses durante este período. Especificamente no âmbito dos comportamentos de
atividade física, os dados apontaram para um quadro em que pouco mais de um terço (33,5%) da
população reportou níveis baixos de atividade física, 20,5% eram moderadamente ativos e 46,0%
reportou níveis de atividade física compatíveis com as recomendações internacionais (categoria “ati-
vo”). Comparativamente a dados nacionais anteriores provenientes de estudos populacionais que
utilizaram o mesmo instrumento de estimação, verificou-se que, durante o período do primeiro con-
finamento obrigatório, ocorreu um aumento da prevalência de pessoas com níveis baixos de ativida-
de física face a dados de 2017 (valores que tinham tendência decrescente desde 2015) e permaneceu
praticamente inalterada a prevalência de pessoas com um nível de atividade física compatível com
as recomendações internacionais, comparativamente a 2017 (mantendo-se a prevalência superior
relativamente a 2015) (Gráfico 1).
Gráfico 1. Prevalência da atividade física na população portuguesa entre 2015 e 2020, segundo os
resultados de estudos nacionais conduzidos durante este período.
IAN-AF (2015-2016)
BARÓMETRO NACIONAL DA ATIVIDADE FÍSICA (2017)
COVID-19 (2020)
48,1%
42,6% 46,0%
33,5% 30,3% 29,9% 27,1%
22,1% 20,5%
No que respeita aos comportamentos sedentários, durante este período, quase metade dos portugueses
(46,4%) afirmou passar mais de 7 horas por dia de tempo sentado, um valor preocupante, já que durações
de tempo sentado diário desta grandeza se associam a maior risco de mortalidade (15).
A outro nível, há, contudo, que realçar que o contexto de contenção social parece ter contribuído para o
agravamento das iniquidades em saúde, em função das características socioeconómicas individuais, em que
a adopção de comportamentos de saúde benéficos teve menos expressão em grupos populacionais mais
desfavorecidos. Uma análise simultânea de um conjunto de variáveis de 3 grandes grupos (atividade física,
alimentação e literacia) permitiu identificar aglomerados populacionais com dois padrões de saúde distintos:
um padrão de risco – em pessoas que apresentaram um baixo nível de atividade física, coocorreu a pioria
dos hábitos alimentares (aumento do consumo de snacks salgados, refeições pré-preparadas, refrigeran-
tes e take-away e diminuição do consumo de hortofrutícolas), o desconhecimento das recomendações da
Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre atividade física e alimentação saudável em contexto de isolamento
social, perceção de situação financeira difícil ou muito difícil, menor nível de escolaridade, bem como mais
tempo em situação de confinamento social (5 semanas ou mais) – e um padrão protetor – pessoas que
apresentaram níveis de atividade física ”ativo” ou “moderadamente ativo” não tinham piorado os seus hábitos
alimentares, tiveram acesso às recomendações da DGS na área da atividade física e alimentação saudável
em contexto de contenção social, percecionavam ter uma boa situação financeira, tinham maior nível de
escolaridade (12º ano ou superior), eram mais jovens e estavam há menos tempo em situação de confina-
mento social (Figura 1).
Os resultados completos relativos ao estudo desta primeira recolha de dados podem ser aprofundados
AQUI.
ALIMENTAÇÃO IDADE
*aumentaram o consumo de snacks salgados, refeições pré-preparadas, refrigerantes e take-away e diminuíram o consumo de
fruta e hortícolas
ALIMENTAÇÃO IDADE
*Tendem a não se enquadrar no padrão de comportamento alimentar “não saudável”, caracterizado pelo aumento do consumo
de snacks salgados, refeições pré-preparadas, refrigerantes e take-away e pela diminuição do consumo de fruta e hortícolas.
Este estudo contemplou, ainda uma segunda fase de recolha de dados, um ano após o início da pan-
demia em Portugal, cujos resultados se descreve na secção deste relatório dedicado às atividades
desenvolvidas durante 2021. Contudo, é possível identificar uma clara tendência para a manutenção des-
tes dois tipos de aglomerados populacionais. Importará, assim, acomodar uma estratégia robustecida para
a redução das iniquidades em saúde, aquando do planeamento futuro de políticas de promoção da saúde.
Um pouco por toda a região europeia, a pandemia trouxe efeitos mistos no contexto da promoção da ati-
vidade física. Contudo, apesar do profundo impacto negativo que a primeira vaga da pandemia teve nas
oportunidades de prática de prática de atividade física em cada país e dos resultados mistos (positivos e
negativos) ao nível das políticas nacionais de promoção da atividade física e gestão das doenças crónicas não
transmissíveis em cada um dos diferentes países, há que salientar um claro efeito positivo ao nível da cons-
ciencialização da população para a prática de atividade física (12), um dado de relevo, já que esta tomada de
consciência constitui um dos determinantes da prática de atividade física na população.
Particularmente em Portugal, num ano em que foi publicada a Resolução da Assembleia da República nº
195/2021, que salienta, entre outros, a importância do cumprimento efetivo das medidas previstas ao nível
do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, e durante o qual já será possível beneficiar de
um pequeno incentivo fiscal no contexto da prática de atividade física em ginásios e centros desportivos
(dedução de 15% do IVA associado a estas despesas no IRS de 2021, aplicável até ao limite global de 250€
por agregado), nunca foi tão importante continuar robustecer cada vez mais a promoção da atividade física
da população portuguesa, através de medidas com efetividade comprovada pela ciência e de âmbito trans-
versal a todos os setores sociais.
A OMS lançou no final de 2020 as novas recomendações globais para a atividade física e comportamento
sedentário (16). De acordo com a revisão sistematizada do conhecimento científico produzido ao longo da
última década, uma das mensagens principais que estas novas recomendações vieram trazer é que “CADA
MOVIMENTO CONTA”, constituindo uma importante alteração face às anteriores recomendações de 2010
(17), em que, no caso da atividade física aeróbica, apenas uma duração de prática de, pelo menos, 10 minu-
tos consecutivos era considerada como tendo impacto benéfico na saúde. À luz da nova evidência científica,
toda a atividade física, independentemente da duração consecutiva de cada período de prática, tem impac-
tos positivos na saúde, o que vem trazer implicações importantes na forma de comunicar sobre atividade
física com a população e na forma como esta a perceciona (18), já que contempla, naturalmente, uma noção
de maior flexibilização dos comportamentos da atividade física e, por conseguinte, um maior potencial de in-
tegração destes comportamentos em diferentes momentos e contextos ao longo do dia, uma vez que “tudo
conta” – desde o movimento mais natural, como deslocar-se a pé ou subir escadas, até ao exercício físico ou
atividade desportiva programados.
Esta caracterização da atividade física como algo de fácil integração no dia-a-dia, impendentemente da sua
duração, com elevado potencial de abranger atividades consideradas agradáveis (por ex. corrida ao pôr do
sol) e/ou congruentes com outras prioridades de vida (por ex., brincar com os filhos ou os netos em contacto
com a natureza) é especialmente relevante num contexto de promoção que se quer transversal a diferentes
contextos.
A este nível, importa sublinhar o importante trabalho de revisão sistemática da literatura científica que tem
sido levado a cabo no sentido de se identificar os investimentos com retorno no âmbito da promoção da
atividade física, ou seja, as ações de promoção da atividade física que, efetivamente, funcionam e nas quais
se deve apostar. A International Society for Physical Activity and Health (ISPAH) publicou em 2021 um
documento atualizado identificando as oito principais áreas de investimento com retorno, a ter em
conta no contexto das políticas nacionais e locais para a promoção da atividade física (19):
1. Programas escolares, com uma abordagem transversal a toda a escola (“whole-of-school”): Uma
abordagem “whole-of-school” implica integrar no programam de promoção da atividade física um
conjunto abrangente de componentes escolares que, em conjunto, estão comprometidos em pro-
mover a atividade física para todos os membros da comunidade escolar, através de políticas de apoio,
ambientes e oportunidades sustentáveis. Tais programas visam proporcionar aos alunos múltiplas
oportunidades de atividade física ao longo do dia, tendo benefícios diretos nos resultados escolares
e comportamento em sala de aula.
2. Mobilidade ativa: Constitui uma forma prática e sustentável de aumentar a prática de atividade física
de muitas pessoas, estando identificado um conjunto de políticas que encorajam de forma efetiva
a caminhada, o uso da bicicleta e dos transportes públicos pela população, com impactos positivos
importantes também ao nível dos objectivos para o desenvolvimento sustentável.
3. Desenho urbano promotor da atividade física: A forma como os ambientes urbanos e suburbanos
são projetados e construídos influencia os nossos comportamentos conscientes e subconscientes.
Ambientes promotores da atividade física aumentam o nível de prática dos seus habitantes, pelo que
a implementação de políticas que promovem o acesso equitativo a parques, infra-estruturas locais
que promovam a caminhada, o uso da bicicleta e dos transportes públicos são fundamentais.
que têm com grandes segmentos da população. A evidência científica mostra que intervenções de
promoção da atividade física implementadas no contexto dos cuidados de saúde, especialmente em
Cuidados de Saúde Primários (CSP), são efetivas e, em muitos casos, custo-efetivas. Existe uma forte
evidência para a implementação, por exemplo, de modelos de aconselhamento breve para a ativida-
de física, em articulação com os recursos de atividade física da comunidade envolvente.
6. Desporto e exercício físico recreativo para todos: A prática desportiva e de recreação evidencia
benefícios sociais, económicos e de saúde importantes. Aliado ao significado cultural atribuído por
largos segmentos da população, a participação desportiva e de recreação pode ser incentivada com
o aumento da oferta de infra-estruturas ou espaços de prática e de programas formais e informais di-
namizados pelos clubes. Também os eventos de massa (por ex., corridas de massa), por envolverem
centenas de participantes, incentivam a instalação de uma norma social de participação na prática de
exercício físico recreativo.
7. Locais de trabalho: Constituem dos locais mais oportunos para a promoção da saúde, em que os
efeitos diretos na saúde dos trabalhadores se traduzem em benefícios claros para as entidades em-
pregadoras, através da redução das taxas de absentismo e de burn out. As políticas e programas a
este nível podem incluir o desenho de espaços de trabalho que promovam a atividade física inciden-
tal, a promoção da mobilidade ativa, encorajar uma cultura de trabalho ativa (por ex., reuniões am-
bulantes), proporcionar aos trabalhadores horário remunerado ou flexível para a prática de atividade
física, sessões de educação, entre outras.
8. Programas para toda a comunidade: Os programas comunitários podem e devem integrar várias
abordagens de promoção da atividade física, uma vez que podem actuar a múltiplos níveis, desde o
individual, às redes comunitárias locais ou sociedade como um todo. Podem basear-se em aborda-
gens mais sistémicas, no âmbito da criação de políticas sociais, ambientes e iniciativas promotoras da
atividade física. Estes programas podem incluir componentes identificadas nas áreas de investimento
anteriores, sendo que a inclusão de múltiplas componentes de acção tem um potencial de alcance e
efetividade superiores. Também os contextos devem ser múltiplos e diversificados, o que e particu-
larmente importante para uma abordagem inclusiva de toda a comunidade..
A Figura 2 sistematiza estas oito grandes áreas de investimento no âmbito da promoção da atividade física.
Figura 2. Os oito grandes investimentos para a promoção da atividade física com efetividade
comprovada.
Em Portugal, várias têm sido as iniciativas passadas e em curso coordenadas por diferentes setores que
se alinham com as áreas de investimento descritas – por ex. a campanha nacional de mass media “Siga o
Assobio”, o modelo nacional de aconselhamento breve para a atividade física nos CSP, o Desporto Escolar, a
Estratégia Nacional para a Mobilidade Ciclável, a campanha Fit@work para promoção da atividade física nos
contextos de trabalho, entre outros.
Todavia, uma questão fundamental ao nível da qual urge atuar em Portugal e que constitui uma recomen-
dação transversal para a promoção da atividade física e dos comportamentos de saúde em geral, prende-se
com uma coordenação concertada de base intersetorial, com a articulação combinada e comprometida por
parte dos diferentes setores, de responsabilidade governamental. Este caminho iniciou o seu percurso em
2017, com a criação da Comissão Intersetorial para a Promoção da Atividade Física, formada por represen-
tantes das Secretarias de Estado da Saúde, Educação, Juventude e Desporto, Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, Emprego e Inclusão das Pessoas com Deficiência e com o lançamento do Plano de Ação Nacional
para a Atividade Física.
A atividade desta Comissão está suspensa desde o final de 2019, tendo o seu coordenador elencado ao Ga-
binete do então Secretário de Estado da Saúde um conjunto de modificações e ajustes necessários ao seu
bom funcionamento, com necessidade de deliberação superior. A coordenação da Comissão Intersetorial
para a Promoção da Atividade Física (CIPAF) aguarda, ainda, comunicação de informação a este respeito, por
forma a que a atividade desta Comissão possa ser retomada, bem como novo Despacho de constituição e
nomeação..
O ano de 2021 foi marcado pela continuidade de várias ações em curso, a avaliação de ações implementadas
anteriormente e uma aposta em novos desígnios. Neste segundo ano marcado pela pandemia da COVID-19,
foram também implementadas ações ao nível deste contexto particular, no âmbito da mitigação de impactos
negativos nos determinantes de saúde decorrentes do contexto pandémico, nomeadamente a acentuação
de iniquidades em saúde identificadas aquando do primeiro confinamento social obrigatório, ao nível da
atividade física e hábitos alimentares (cf. secção sobre inquérito REACT-COVID 2020). Nas próximas secções,
será feita uma descrição das principais atividades desenvolvidas em 2021.
O PNPAF, em parceria com o PNPAS e com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Uni-
versidade de Lisboa realizou uma segunda ronda do estudo iniciado em 2020, com o objetivo de descrever
os comportamentos de alimentares e de atividade física um ano após o início da pandemia da COVID-19. A
recolha de dados decorreu entre maio e junho de 2021, tendo participado um total de 4930 indivíduos com
idade igual ou superior a 18 anos.
De uma maneira geral, os resultados vieram confirmar o impacto da COVID-19 nos hábitos alimentares e
de atividade física dos portugueses ao longo do último ano de pandemia, sugerindo que as alterações ob-
servadas nos primeiros meses da pandemia, se mantiveram posteriormente, após o primeiro período de
contenção social.
No que diz respeito à atividade física (Gráfico 2), os dados deste inquérito parecem confirmar, quando em
comparação com inquéritos anteriores, a tendência de melhoria dos níveis de atividade física (AF) da popula-
ção, apontando para um quadro em que 54,3% reporta níveis adequados de AF para a promoção da saúde
(28,9% nível moderado; 16,8% nível baixo). Há um ano, este valor era de 46% e no período pré pandemia
(Barómetro 2017) era de 48.1%. Não obstante, parece ter aumentado o tempo sedentário (Gráfico 3), sendo
este de 7 ou mais horas por dia para 46,4% dos inquiridos (vs. 38.9% em 2020). Passados os períodos de con-
finamento obrigatório, o trabalho/aulas tomam, naturalmente, o primeiro lugar nas atividades que mais con-
tribuem para o comportamento sedentário da população, seguidos pelo tempo de ecrã. Tal contribui para
um perfil populacional “Ativo mas Sedentário” (sendo estes dois indicadores de saúde/risco independentes).
Gráfico 2. Níveis de atividade física dos portugueses (percentagem total e por sexo) um ano após
o início da pandemia (resultados do estudo REACT-COVID 2.0; dados recolhidos em maio de
2021).
Gráfico 3. Níveis de tempo sentado diário dos portugueses (percentagem total e por sexo) um
ano após o início da pandemia.
Os dois principais motivos para a prática de atividade física continuam a prender-se com a saúde física e
mental (manter-se saudável e aliviar o stress/tensão). As principais razões apontadas para o aumento pren-
dem-se com ter adquirido hábitos de AF no último ano e estar a conseguir mantê-los e ter mais tempo ou
ser capaz de o gerir de melhor. De entre aqueles que percecionam ter diminuído a AF, as principais razões
apontadas são sentir-se mais triste e ansioso e ter deixado de poder praticar AF em grupo durante o con-
finamento. Estas razões foram principalmente apontadas pelos mais jovens e com perceção de situação
financeira difícil.
De entre as atividades mais praticadas destacam-se a caminhada, seguida pelas atividades de fitness, treino
de força e corrida (estas últimas duas significativamente mais adotadas pelos homens). Quanto às atividades
do dia a dia, as tarefas domésticas continuam a prevalecer nas mulheres (84.7% vs. 46.3% nos homens) e o
subir e descer escadas como forma de se manter ativo é reportado por cerca de 62% dos inquiridos, uma
opção que ganhou força no confinamento (50%) e parece ter vindo para ficar.
De destacar são os resultados de uma análise simultânea das variáveis relacionadas com a alimentação e
AF, mantendo-se as tendências já verificadas há um ano atrás. Os dados apontam para dois aglomerados de
indicadores de risco e de proteção para a saúde: O primeiro aglomerado é compatível com um padrão de ris-
co, apontando para a coocorrência de níveis de atividade física baixos, mudança para piores comportamen-
tos alimentares, saúde percecionada como razoável ou fraca, situação financeira percecionada como difícil
ou muito difícil, níveis de escolaridade mais baixos (i.e., sem habilitações superiores), idade até aos 45 anos e
ser mulher. Torna-se então fundamental sublinhar que os indicadores de risco se parecem potenciar entre
si. Não obstante, também o contrário é verdadeiro. Há fatores protetores da saúde, tendo os resultados
revelado também um padrão salutogénico em que coocorrem níveis mais elevados de AF e a manutenção
ou melhoria de hábitos alimentares, bem como uma perceção da saúde como ótima ou muito boa, ter uma
idade igual ou superior a 46 anos e ser homem.
Género, idade e situação socioeconómica têm que ser tidos em conta na promoção de comportamentos de
saúde ligados à alimentação e AF, apontando ainda os dados para a importância de estratégias de promoção
integradas destes dois determinantes centrais da saúde que se influenciam mutuamente, uma via funda-
mental para potenciar a sua promoção.
Depois de realizada, em 2020, a primeira recolha de dados do estudo REACT-COVID e respectiva publicação
nacional do respectivo relatório infográfico de resultados, este estudo inicial foi igualmente alvo de publica-
ção em revista científica de circulação internacional, podendo esta publicação ser consulta em: https://www.
mdpi.com/2072-6643/13/8/2685?lang=pt
Estas recomendações integram a evidência científica mais actualizada no âmbito da relação dose-resposta
da atividade física e do comportamento sedentário na saúde física e mental. Contemplam a prática de ativi-
dade física aeróbia, a realização de exercícios de fortalecimento muscular e a limitação do comportamento
sedentário diário, tendo por base a faixa etária (crianças e adolescentes, adultos até aos 64 anos e adultos
com 65 anos ou mais) e considerando subgrupos populacionais de acordo com condições crónicas de saúde
e/ou incapacidade, bem como os períodos de gravidez e pós-parto.
A promoção da atividade física através dos sistemas e serviços de saúde, nomeadamente ao nível dos cui-
dados de saúde primários, é fortemente recomendada a nível internacional. Com efeito, ao nível do Plano
de Ação Global para a Atividade Física 2018-2030 da OMS (20), já havia sido recomendada a implementação
de modelos de avaliação sistemática da atividade física e aconselhamento breve nos cuidados de saúde
primários, articulando os cuidados de saúde prestados neste âmbito com os recursos de atividade física da
comunidade e promovendo a capacitação dos profissionais de saúde para o aconselhamento nesta área.
Do mesmo modo, a capacitação dos profissionais de saúde para a promoção da atividade física dos utentes,
nomeadamente ao nível dos CSP, é uma ação fortemente recomendada.
No SNS, e com especial ênfase nos cuidados de saúde primários, a avaliação dos níveis de atividade física e
comportamento sedentário, bem como o aconselhamento breve a este nível realizado pelos profissionais de
saúde, é, desde o final de 2017, possível com o apoio de ferramentas digitais desenvolvidas especificamente
para o efeito, com base em princípios e técnicas validadas de modificação comportamental, disponíveis no
SClínico – Cuidados de Saúde Primários e na Prescrição Eletrónica Médica.
A monitorização periódica da utilização destas ferramentas pelos profissionais de saúde revela uma evo-
lução bastante positiva dos dados ao longo do tempo, embora nos anos civis 2020 e 2021 se assinale um
impacto menos positivo que a pandemia por COVID-19 teve ao nível da promoção deste determinante de
saúde em particular.
Ao nível da ferramenta digital de avaliação do nível de atividade física, disponível no SClínico – Cuidados de
Saúde Primários, a última monitorização efetuada aponta para (Gráficos 4 e 5):
• Uma proporção de utentes utilizadores dos CSP avaliados correspondente a 2235 por 100 mil utentes
em todo o país, até 31 de dezembro de 2021 (dados acumulados);
• Em média, 2 em cada 100 utentes utilizadores dos CSP foram avaliados, pelo menos uma vez, quanto
aos seus níveis de atividade física e comportamento sedentário, representando o dobro do valor mo-
nitorizado no final de 2020 (ARS Norte: 2,4%; ARS Centro: 2,7%; ARS LVT: 1,9%; ARS Alentejo: 1,7%; ARS
Algarve: 1,9%);
• Desde a disponibilização da ferramenta de avaliação, Tendo em conta que existem utentes cujos ní-
veis de atividade física e comportamento sedentário são monitorizados mais regularmente (i.e. utentes
avaliados mais do que uma vez desde a disponibilização da ferramenta em 2017), o volume total de
consultas de CSP em foi realizada a avaliação e registo dos níveis de atividade física e comportamento
sedentário dos utentes, desde a disponibilização da ferramenta em sistema, foi de 261476 consultas,
das quais 23,2% (60696 consultas) foram realizadas no último ano. As consultas de enfermagem, à
semelhança dos anos anteriores, são aquelas em que a avaliação destes determinantes de saúde é
implementada mais frequentemente.
Gráfico 4. Prevalência nacional e regional de utentes utilizadores dos CSP, com ≥15 anos, com
atividade física avaliada (pelo menos, um registo no SClínico CSP), por 100 000 utentes.
Gráfico 5. Número de consultas dos CSP do SNS (e respetiva tipologia) com registo do nível de
atividade física e comportamento sedentário dos utentes no sistema informático SClínico –
Cuidados de Saúde Primários (períodos 2017-2020 e 2021).
Quando analisamos estes dados sob a perspetiva da incidência anual de utentes avaliados, pelo menos
uma vez, quanto aos seus níveis de atividade física e comportamento sedentário, observamos que, de entre
os utentes utilizadores dos CSP com 15 anos ou mais (Gráficos 6 e 7):
• Entre 2017 e 2019, ouve um aumento bastante expressivo da proporção de utentes avaliados a nível
nacional, atingindo um pico em 2019 (1031 utentes avaliados por cada 100000 utentes);
• Em 2020 e 2021, coincidindo com o período de pandemia por COVID-19 e maior volume de trabalho
decorrente por parte dos profissionais de saúde, este valor reduziu para 2/3, sensivelmente, não se
identificando ainda, em 2021, tendência de recuperação desta atividade;
• Os dados regionais de incidência seguem a mesma evolução que os nacionais, sendo já possível, con-
tudo, observar uma tendência ascendente neste indicador em 2021, por parte da ARS Norte e ARS
Algarve.
Gráfico 6. Incidência anual nacional de utentes utilizadores dos CSP, com ≥15 anos, cujos níveis
de atividade física e comportamento sedentário foram avaliados, pelo menos uma vez, através
do SClínico CSP (por 100 000 utentes).
Gráfico 7. Incidência anual de utentes utilizadores dos CSP (todas as idades) cujos níveis de
atividade física e comportamento sedentário foram avaliados, pelo menos uma vez, através do
SClínico CSP, por ARS (por 100 000 utentes).
Em relação ao nível da atividade física de utentes com 15 anos ou mais, e aquando da primeira
avaliação, os níveis registados em sistema revelam que:
• 32,8% dos utentes avaliados atingia a recomendação de prática de, pelo menos, 150 minutos semanais
de atividade física de intensidade moderada.
• A mediana de prática de atividade física de intensidade moderada por parte dos utentes avaliados era
de 120 minutos por semana na categoria etária dos 15 aos 29 anos; 70 minutos por semana na catego-
ria etária dos 30 aos 69 anos; e 40 minutos por semana na categoria etária dos 70 anos ou mais, sendo
inferior nas mulheres (50 minutos) comparativamente aos homens (90 minutos).
• À semelhança de estudos representativos da população, o nível de atividade física semanal diminui com
o aumento da idade – a prevalência de utentes que não pratica qualquer atividade física de intensidade
moderada (semáforo vermelho) aumenta com a idade, sendo que a prevalência de utentes que pratica,
pelo menos, 150 minutos por semana (semáforo verde) varia de forma oposta – e difere consoante o
sexo – sendo os homens mais ativos ao longo de todo o ciclo de vida (Gráfico 8).
Gráfico 8. Proporção (%) de utentes em cada uma das categorias do semáforo de prática de
atividade física moderada, por grupo etário e sexo, avaliado através da ferramenta digital do
SClínico – Cuidados de Saúde Primários.
Durante o período em análise (2017-2021), os utentes a quem foi realizada uma segunda e terceira avalia-
ções da atividade física evidenciaram uma tendência de aumento do seu nível de atividade física ao longo do
tempo (Gráfico 9).
Gráfico 9. Comparação da prevalência nas categorias do semáforo de atividade física (%) entre
utentes avaliados 3 vezes quanto à sua atividade física no período 2017-2021, com registo
através da ferramenta digital do SClínico – Cuidados de Saúde Primários.
No que respeita aos níveis de comportamento sedentário de utentes com 15 ou mais anos, os dados de
utentes avaliados pela primeira vez no período 2017-2021 revelam que:
• Cerca de metade dos utentes reportaram passar 4 ou mais horas sentados por dia (mediana), à exceção
da categoria etária dos 30-69 anos, que reportou passar 3 horas ou mais (mediana).
• A classe etária com maior volume de tempo sentado diário é a dos 15 aos 29 anos (25,0% passa 7 ou
mais horas por dia em tempo sentado), seguida pelo grupo dos 70 ou mais anos (21,0%) e, por último,
a faixa etária entre os 30 e os 69 anos (15,1%) (Gráfico 10).
Gráfico 10. Proporção (%) de utentes em cada uma das categorias do semáforo de tempo
sentado diário, por grupo etário e sexo, avaliado através da ferramenta digital do SClínico –
Cuidados de Saúde Primários.
Durante o período em análise (2017-2021), os utentes a quem foi realizada uma segunda e terceira ava-
liações do comportamento sedentário evidenciaram uma tendência de aumento do nível intermédio de
tempo sentado diário (4 a 6 horas por dia – “semáforo amarelo”) ao longo do tempo (Gráfico 11).
Gráfico 11. Comparação da prevalência nas categorias do semáforo de tempo sentado diário (%)
entre utentes avaliados 3 vezes quanto ao seu comportamento sedentário no período 2017-
2021, com registo através da ferramenta digital do SClínico – Cuidados de Saúde Primários.
> Emissão de recursos digitais para o aconselhamento breve de atividade física através
dos sistemas eletrónicos de saúde do Serviço Nacional de Saúde
O aconselhamento breve para a atividade física, realizado em contexto de cuidados de saúde de rotina é con-
siderado pela OMS como uma das medidas mais custo-efetivas para a promoção da atividade física, sendo
uma política de saúde fortemente recomendada por esta autoridade de saúde. Em Portugal, desde o final
de 2017, estão disponibilizados a nível nacional recursos de apoio a esta intervenção – os “guias da atividade
física” - baseados nos princípios científicos da modificação de comportamentos de saúde.
Desde a sua disponibilização, no final de 2017, que a emissão destes guias de promoção da atividade física,
destinados a ser explorados com e pelos utentes, tem crescido cumulativamente. Até 31 de dezembro de
2021, 177 em cada 100 000 habitantes com 15 anos ou mais, havia recebido, pelo menos, um guia de acon-
selhamento breve para a atividade física (Gráfico 12).
Gráfico 12. Prevalência nacional e regional de utentes, com ≥ 15 anos a quem foram emitidos
recursos de aconselhamento breve para a atividade física através da PEM (por 100 000
habitantes).
Este decréscimo da incidência deste indicador em anos de pandemia é espelhado a nível regional (Gráfico
14), notando-se, em 2021, uma tendência de melhoria neste indicador nas ARSs Norte, Centro, Alentejo e
Algarve.
Gráfico 13. Incidência anual nacional de utentes, com ≥ 15 anos , a quem foram emitidos
recursos de aconselhamento breve para a atividade física através da PEM (por 100 000
habitantes).
Gráfico 14. Incidência anual de utentes, com ≥ 15 anos, a quem foram emitidos recursos de
aconselhamento breve para a atividade física através da PEM, por ARS (por 100 000 habitantes).
Desde o final de 2017, altura em que foi disponibilizada esta ferramenta, foram emitidos 42 645 guias de
aconselhamento breve para a atividade física, correspondendo a um aumento de 18%, comparativamente
aos dados apurados no final de 2020 (dados acumulados). Dados mensais (Gráfico 15) mostram que, a partir
de Março de 2020, ocorre um decréscimo acentuado no número de guias emitidos mensalmente, ao qual se
segue uma ténue recuperação, atingindo um novo mínimo histórico em julho de 2021, com ténue tendência
de aumento até ao final de 2021.
Gráfico 15. Evolução do número mensal de guias de apoio ao aconselhamento breve para a
atividade física emitidos através da PEM – Prescrição Eletrónica Médica.
Mais de um terço dos guias emitidos correspondem ao “Guia para a atividade física” (38,1%), seguido do
“Plano de ação – Iniciação” (25,0%) e do “Auxiliar de decisão” (21,3%) (Gráfico 16). A emissão de guias de
aconselhamento breve para a atividade física destina-se maioritariamente num perfil demográfico de uten-
tes adultos com idades compreendidas entre os 30 e os 69 anos, sendo ligeiramente superior nas mulheres
(Gráfico 17). .
Gráfico 16. Tipologia de guias de apoio ao aconselhamento breve para a atividade física emitidos
através da PEM – Prescrição Eletrónica Médica (2017-2021).
Gráfico 17. Número de guias de aconselhamento breve para a atividade física emitido entre 2017
e 2021, por idade e sexo dos utentes.
O curso desenvolvido em formato e-learning “Promoção do Aconselhamento Breve para a Atividade Física
no Serviço Nacional de Saúde” permitiu formar psicólogos do SNS enquanto pontos focais junto de outros
profissionais de saúde para promoção dos princípios comunicacionais facilitadores da mudança comporta-
mental. Desenvolvido em colaboração com a Ordem dos Psicólogos Portugueses, esta formação baseia-se
num modelo de formação de formadores, que visa primariamente capacitar os psicólogos com atuação
direta nos CSP do SNS para intervir formativamente, no sentido de potenciar o aconselhamento breve para a
atividade física e a boa utilização das ferramentas digitais de aconselhamento breve atualmente disponíveis
nos softwares de saúde do SNS, a utilizar pelos profissionais de saúde com os seus utentes.
O curso foi lançado em outubro de 2020 e foi recebido com bastante interesse, tendo sido realizadas 6
edições até junho de 2021, 3 edições em 2020 e 3 edições em 2021. No total, houve 309 inscrições. Quanto
à avaliação do curso ao longo das 6 edições, numa escala de 1 a 4 num conjunto de 12 critérios (ex., Interati-
vidade, ferramentas, conteúdo, metodologia, satisfação global), a média global de avaliação foi de 3.6 pontos,
indicador revelador da qualidade dos materiais desenvolvidos e da boa aceitação por parte dos profissionais
inscritos.
No sentido de maior disseminação da oferta formativa, para além destes cursos de formação de formadores,
está em marcha uma parceria com a plataforma de cursos online NAU, de forma a alargar a oferta formativa
e-learning em aconselhamento breve para a atividade física junto de outras profissões da saúde.
A um outro nível, mas igualmente no contexto da capacitação dos profissionais de saúde, o PNPAF colabo-
rou com o Grupo de Estudos de Nutrição e Exercício Físico da Associação Portuguesa de Medicina Geral e
Familiar, ao nível do “Curso Nutrição e Atividade Física em Contexto de Pandemia”, enquadrado na Escola
de Primavera de Medicina Geral e Familiar. O PNPAF coordenou a sessão “Recursos digitais de apoio ao
aconselhamento breve para a promoção da atividade física em Cuidados de Saúde Primários”, integrada no
módulo 6 deste curso.
O curso é online, decorre em várias edições e é dirigido a médicos da especialidade de Medicina Geral e
Familiar.
No primeiro semestre de 2021, e em virtude do segundo confinamento, não foi possível retomar a imple-
mentação do projeto-piloto. Para maior aprofundamento sobre a suspensão das atividades ligadas ao proje-
to-piloto, consulte-se o relatório 2020 do PNPAF.
Durante este período, foi concluída a recolha de dados para a avaliação de barreiras e facilitadores da im-
plementação da primeira fase do projeto-piloto (pré-pandemia), através da realização de entrevistas às equi-
pas de médicos profissionais de exercício físico (6 entrevistas a médicos e 5 entrevistas a profissionais do
exercício), assim como aos utentes (14 entrevistas). Tais dados serão alvo de análise, a publicar no próximo
ano, com o objetivo de contribuir para a melhoria de intervenções neste âmbito, potenciando a sua eficácia
e utilização eficiente de recursos, maximizando o seu potencial salutogénico e a possibilidade de posterior
alargamento a outras unidades funcionais.
Já no segundo semestre foram realizados contactos e reuniões com várias unidades implementadoras do
projeto-piloto e com novas unidades que manifestaram interesse em implementar a consulta de atividade
física. Está também a ser preparada uma nova formação, a decorrer no primeiro trimestre de 2022, dirigida
a todas as equipas das unidades que irão implementar o projeto-piloto no período pós-pandemia e que irá
determinar o arranque da nova fase de implementação da consulta piloto.
O projeto EUPAP é financiado pela Comissão Europeia através do 3rd Health Programme 2014-2020. O EU-
PAP integra parceiros de 10 países com o objetivo de transferir e adaptar a boa prática sueca de promoção
da atividade física nos CSP sob a coordenação da Agência Sueca de Saúde Pública.
Com uma duração prevista de 36 meses, com início em março de 2019 o EUPAP sofreu uma extensão tem-
poral de 12 meses, devido à pandemia da COVID-19, estando agora prevista a sua conclusão em 2023.
Ao longo de 2021 e considerando os diferentes pacotes de trabalho como referenciais das atividades desen-
volvidas, salientam-se as seguintes atividades, relativas a cada Work Package (WP):
WP1. Project coordination. Gestão do projeto em proximidade com a coordenação sueca. Participação na
4ª e 5ª reuniões do steering committee nos dias 24 de janeiro e 5 de maior, em formato online, e nos dias 15
e 16 de novembro, presencialmente em Bruxelas. Foram entregues os relatórios semestrais referentes aos
períodos setembro 2020-fevereiro 2021 e março 2021-agosto 2021. Foram realizadas duas reuniões de
monitorização do estado do projeto em Portugal nos dias 20 de abril e 27 de setembro.
WP2. Dissemination. Foi efetuada uma reunião com a entidade líder do WP3 relativamente à validação do
brandbook no dia 23 de março. Nesse sentido, ficou também decidido, por proposta da DGS, que seria criado
um espaço na plataforma Researchgate para colocação dos recursos produzidos, o qual está disponível em
https://www.researchgate.net/project/EUPAP-A-European-Physical-Activity-on-Prescription-model. No âmbi-
to do EUPAP, foi ainda produzido um artigo de disseminação na Revista Portugal Social dirigido aos membros
do Programa Municípios Amigos do Desporto e que está disponível em https://www.dgs.pt/programa-nacio-
nal-para-a-promocao-da-atvidade-fisica/ficheiros-externos-pnpaf/eupap-revista-portugal-social1.aspx.
WP3. Evaluation. lém dos relatórios de monitorização referentes aos semestres setembro2020-feverei-
ro2021 e março2021-agosto2022, houve efetiva participação na avaliação das atividades realizadas (maio-
ritariamente reuniões) com vista à avaliação do projeto. Simultaneamente, a construção das fichas através
das quais recolher os dados no âmbito do WP7 (referentes ao processo de implementação da consulta de
atividade física) foram desenvolvidas em conjunto com a entidade líder do WP3, uma vez que será esta a
responsável por avaliar o impacto da implementação.
WP4. Feasibility study. Tendo sido encerradas as tarefas relativas ao WP4, foi criado em 2021 o espaço do
projeto na plataforma Researchgate, tal como já mencionado no âmbito do WP2, tendo sido nestes colocados
os 2 documentos produzidos no âmbito deste WP.
WP5. Implementation tools. Os trabalhos referentes a este WP já foram encerrados, estando as ferramen-
tas produzidas disponíveis no espaço do projeto EUPAP na plataforma Researchgate.
WP6. Education and training. No dia 11 de outubro, decorreu o 3º Seminário dirigido ao Steering Committee,
sobre “The importance of national and regional governance for the implementation of FaR”. Com este semi-
nário, foram encerradas as atividades referentes ao WP6.
WP7. Local implementation and monitoring. Este é o WP liderado pela DGS. Durante 2021, foram reali-
zadas duas reuniões com os restantes membros do consórcio a 17 de maio e 4 de outubro. Durante 2021
foram desenvolvidas as seguintes atividades: (1) Definição final dos indicadores de avaliação a utilizar, (2)
Identificação dos indicadores a utilizar por parte de cada parceiro do projeto, respetivos instrumentos e
procedimentos de recolha, (3) Relatório sobre os indicadores, instrumentos e procedimentos de recolha por
parte de cada parceiro do projeto, (4) Desenho do draft para seguimento por parte dos parceiros do projeto
na elaboração dos seus planos de implementação, (5) Validação dos planos de implementação de cada um
dos parceiros, e (6) Início da implementação por parte dos parceiros membros, incluindo a realização de
formação (transferindo a formação efetuada no WP6 para os contextos nacionais). No caso de Portugal, a
implementação é efetuada de forma articulada com o projeto-piloto da consulta de atividade física previsto
no Despacho n.º 8932/2017, de 10 de outubro, que prepara a retoma da sua atividade após o período pan-
démico mais delicado atravessado.
Tal como mencionado, o contexto dos cuidados de saúde apresenta condições únicas para a promoção da
atividade física da população, já que proporciona aos profissionais de saúde um contacto privilegiado com
largos segmentos da população. A confiança da população nos serviços de saúde, particularmente naqueles
prestados pelo seu médico assistente, bem como a evidência de que médicos fisicamente mais ativos pa-
recem promover mais frequentemente a atividade física nos seus utentes, coloca estes profissionais, a par
dos restantes profissionais de saúde, numa posição favorecida para a promoção da atividade física dos seus
utentes.
Deste modo, uma monitorização dos níveis de atividade física dos médicos, bem como das suas práticas
profissionais de promoção da atividade física de utentes, é fundamental, para melhor atuar ao nível da pro-
moção da efetividade destas intervenções breves.
Este estudo, pioneiro em Portugal, permitiu-nos fazer uma caracterização base da realidade portuguesa ao
nível destes indicadores, de forma a proceder-se a uma monitorização da sua evolução ao longo do tempo,
em sincronia com a monitorização de políticas nacionais implementadas a este nível, possibilitando o seu
ajuste atempado, sempre que necessário.
Em dezembro de 2021 / janeiro de 2022, está programada uma segunda recolha de dados no âmbito da
monitorização epidemiológica destes indicadores. Considerou-se, assim, pertinente apresentar um retrato
de base, previamente à apresentação de dados longitudinais (prevista para o próximo ano), que integrarão
esta nova recolha de dados.
Este inquérito nacional, realizado em Janeiro de 2018, através da aplicação de um questionário online disse-
minado a nível nacional via software PEM, teve como objetivos:
• Caracterizar as práticas profissionais de promoção da atividade física dos utentes por parte de médicos
a trabalhar no sistema de saúde português;
• Explorar os preditores da frequência de implementação destas práticas, nomeadamente os hábitos de
atividade física e comportamento sedentário destes médicos.
Dos cerca de 30 mil médicos utilizadores do software PEM, perto de 2 mil acederam ao link e 968 respon-
deram de forma completa ao questionário, dos quais 961 foram incluídos neste estudo transversal (58,6%
mulheres), após aplicação dos critérios de exclusão.
Verificou-se que, no início de 2018, mais de metade dos médicos inquiridos afirmava promover com um fre-
quência “Alta ou muito alta” a atividade física dos seus utentes e apenas 6,6% afirmava nunca o fazer (Gráfico
18).
Gráfico 18. Perceção de frequência de promoção da atividade física de utentes na prática clínica
por parte dos médicos inquiridos.
A frequência de implementação destas práticas em contexto de cuidados de saúde parece ser especialmen-
te determinada por cinco aspetos:
• Contexto de prática clínica, em que médicos a trabalhar em CSP tendem a promover, com maior fre-
quência, a atividade física dos seus utentes, comparativamente a médicos a exercer funções em meio
hospitalar;
• Posição na carreira médica, em que médicos especialistas tendem a promover com maior frequência
a atividade física dos seus utentes, face a médicos não especialistas;
• Relevância atribuída à promoção da atividade física em contexto de cuidados de saúde, em que médi-
cos que atribuem maior relevância a estas práticas tendem a implementá-las com maior frequência;
• Perceção de solicitação por parte dos utentes de aconselhamento em atividade física, em que médicos
com uma perceção de maior frequência de solicitação pelos utentes tendem a aconselhar com
maior frequência também.
• Nível de atividade física dos médicos, em que médicos com um maior volume de horas semanais
de prática de atividade física tendem a aconselhar mais frequentemente os seus utentes na área da
atividade física
De entre os preditores acima identificados, a relevância atribuída à promoção da atividade física dos
utentes em contexto de cuidados de saúde e a perceção de elevada frequência de solicitação de
aconselhamento por parte dos utentes são aqueles que demonstravam exercer um efeito mais forte em
termos de uma maior frequência de promoção da atividade física dos utentes por parte dos médicos.
Especificamente ao nível dos hábitos de atividade física e comportamento sedentário dos médicos inqui-
ridos, que também nesta amostra se corroborou estarem associados à promoção da atividade física dos
utentes, verificou-se que menos de um terço (26,10%) atingia as recomendações mínimas de prática de
atividade física compatíveis com a saúde (categoria “ativo”) e que a maioria despendia 7 horas ou mais por
dia de tempo sentado (Gráficos 19 e 20).
Gráfico 19. Nível de atividade física semanal dos médicos inquiridos, avaliado por autorreporte,
através do International Physical Activity Questionnaire – Short form (IPAQ-SF).
Gráfico 20. Nível de comportamento sedentário (tempo sentado) diário dos médicos inquiridos,
avaliado por autorreporte, através do International Physical Activity Questionnaire – Short form
(IPAQ-SF).
Uma maior duração de tempo sentado diário estava significativamente associado ao desempenho de fun-
ções em contexto de CSP e a médicos da especialidade de Medicina Geral e Familiar (p<0.001). Contraria-
mente ao nível de tempo sentado, os níveis de atividade física desta amostra de médicos não se associavam
ao contexto de trabalho ou a outras características sociodemográficas.
Os níveis de atividade física dos médicos tendiam a influenciar, além da frequência de promoção nos uten-
tes, também o conteúdo do aconselhamento em si. Uma abordagem à importância da prática de formas de
atividade física mais informais, enquadradas nas rotinas diária (por ex., mobilidade ativa, como deslocar-se
a pé ou de bicicleta) era uma prática mais frequente em médicos com um nível de atividade física superior,
comparativamente a médicos com menor nível de atividade física.
Quando questionados sobre as principais barreiras à promoção da atividade física dos utentes, a ausência
de interesse imediato dos utentes sobre o tema (apontada por 63,6% dos inquiridos) e a falta de tempo
(apontada por 59,4% dos inquiridos) foram as duas principais razões identificadas.
A monitorização regular destes indicadores será fundamental para o ajuste contínuo e avaliação das políticas
de promoção da atividade física implementadas no sistema de saúde, em período posterior a esta primeira
recolha de dados, bem como para a tomada de decisão informada, no contexto da identificação de necessi-
dade de delineamento de futuras políticas a este nível, centradas quer na promoção da atividade física dos
utentes, quer na promoção da atividade física dos médicos e demais profissionais de saúde.
• Realização da segunda recolha de dados, tendo o sistema sido carregado em dezembro de 2021, para
disseminação em 2022, já contratualizada com a empresa
• Avaliação da evolução longitudinal destes indicadores para o período 2018-2021 e publicação de rela-
tório de resultados;
O papel da atividade física na gestão e controlo de doenças crónicas, enquanto coadjuvante terapêutico, é
plenamente suportado pela literatura científica. Neste sentido, o desenvolvimento de guias de referência
para a prescrição de exercício físico em populações com doença crónica ou populações especiais, baseados
nas recomendações de atividade física para a saúde, são uma necessidade no nosso país. Estes guias serão
uma mais-valia na hora de prescrever exercício para estas populações.
Em 2021, iniciou-se a elaboração de 3 guias de referência rápida de Prescrição de Exercício Físico em Doen-
ças Crónicas, um para adultos e idosos, outro para crianças e adolescentes e outro para pessoas com defi-
ciência.
Até ao momento, definiu-se a estrutura dos guias de referência e potenciais especialista-chave a envolver.
Foi ainda desenvolvido o primeiro guia relativo à doença oncológica que contou com o apoio do PNDO, no-
meadamente do seu diretor, o Dr. José Dinis (será lançado no mês de Abril de 2022) e servirá como exemplo
para os restantes capítulos e autores.
Enquadramento
A atividade física, o comportamento sedentário e o sono têm importantes efeitos na saúde. Os níveis popu-
lacionais destes comportamentos levaram os líderes de saúde pública a interessarem-se pela forma como
os vários comportamentos de movimento interagem e influenciam a saúde. Devido a esta preocupação, tem
vindo a ser adotado um novo paradigma para as recomendações de atividade física, transitando-se de uma
perspetiva de recomendações para cada um dos comportamentos de movimento para uma abordagem
integrada no que diz respeito a estes três comportamentos do movimento.
Atualmente, o grupo de investigação liderado pela Professora Doutora Rute Santos (Investigadora Coorde-
nadora do Centro de Investigação em Atividade Física Saúde e Lazer, da Universidade do Porto e diretora ad-
junta do PNPAF) está a desenvolver estas recomendações adaptadas para a população portuguesa, por faixa
etária. Este novo paradigma – recomendações 24h do movimento – leva à necessidade de também
serem desenvolvidos novos instrumentos de vigilância e monitorização destes comportamentos,
adaptadas ao novo formato que este paradigma nos traz. Neste sentido, torna-se necessário o total
conhecimento dos vários instrumentos existentes de auto-resposta (questionários) para a avaliação
destes comportamentos. Esforço fundamental para a futura criação ou adaptação de novos questionários,
que permitam monitorizar a população portuguesa. Com isto, será possível avaliar as tendências ao longo do
tempo da população portuguesa de forma sistemática e fiável, no que aos comportamentos de movimento
respeita.
Neste contexto, foi feita uma revisão sistemática que teve como objetivo identificar e analisar o conteúdo
e as propriedades de medida de todos os questionários encontrados que avaliem a quantidade de sono,
comportamento sedentário e sono, em adultos e idosos. Para tal foram seguidas as recomendações preco-
nizadas pela COSMIN - Consensus-based Standards for the selection of health Measurement INstruments (21). A
pesquisa foi realizada através das bases de dados PubMed, a CINAHL, a PsycINFO e a SPORTDiscus. Além
disso, foi realizada uma pesquisa manual de artigos que pudessem não ter sido encontrados através da
pesquisa sistemática. Os critérios de inclusão foram rigorosos no sentido de apenas serem identificados os
questionários de melhor qualidade metodológica. Por exemplo, para a extração de dados, foram apenas
aceites os artigos que avaliassem tanto a validade e fiabilidade de um determinado questionário.
Breve sumário/conclusões*:
No cômputo geral, foi encontrada uma grande heterogeneidade entre questionários uma vez que avalia-
vam diferentes domínios (lazer, trabalho, transporte, desporto, lides domésticas, etc.), através de diferentes
métodos de resposta (perguntas abertas, perguntas fechadas, escalas) e de diferentes unidades de medida
(temporais, METs), que resultavam em diferentes scores (por intensidade, por domínio, por dispêndio ener-
gético, etc.). Esta heterogeneidade dificulta a comparação entre eles e mostra que o questionário deve ser
escolhido consoante a proposta de estudo e com base nas suas características.
O International Physical Activity Questionnaire foi o único questionário considerado com uma validade e fiabi-
lidade adequadas. No entanto apenas avalia a atividade física e comportamento sedentário, não tendo sido
encontrado nenhum questionário que tivesse em conta no novo paradigma das recomendações de compor-
tamentos de movimento 24h, o que realça a complexidade de avaliar todo o espectro de comportamentos
de movimento ao longo do período de 24h e reforça a necessidade de melhores questionários para medir
as combinações de comportamentos de movimento (22).
Paralelamente e em colaboração com o grupo de investigação liderado pela Professora Doutora Rute Santos
(Investigadora Coordenadora do Centro de Investigação em Atividade Física Saúde e Lazer, da Universidade
do Porto e diretora adjunta do PNPAF) que está a desenvolver as recomendações integradas do movimento
adaptadas para a população portuguesa, por faixa etária, estão em curso 5 revisões sistemáticas sobre os
*Esta revisão sistemática foi submetida e aceite para publicação em revista científica com revisão por pares internacional, e servirá de
base para a criação de novos questionários para a avaliação dos comportamentos de movimento, adaptados às novas recomendações.
Vários têm sido os contributos e iterações conjuntos a este nível, quer no âmbito da definição das estratégias
de intervenção, quer no que respeita às principais recomendações para a operacionalização dessas estra-
tégias.
Devido à sua maior especificidade no âmbito da promoção da atividade física e pela sua pertinência no
presente relatório, é importante destacar as cinco principais recomendações para a operacionalização das
estratégias de intervenção propostas, nomeadamente (Tabela 2):
Designação
do programa Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física
de saúde:
(especificar)
a operacionalização
Empresarial
Económico/
Entidade(S)
Educação e
Observações
População
Ambiental
Individual
das estratégias de in-
em Geral
Cidadão
Político
Ciência
tervenção propostas
Saúde
Outro
Social
Publicação de
Orientação da DGS Proposta já elaborada
sobre aconselha- pelo PNPAF (Descrição
mento breve para a das ferramentas de
atividade física nos aconselhamento breve
Cuidados de Saúde Direção-Geral da já alvo de publicação
Primários (“best-buy” Saúde; Ministério da X X em revista científica
da OMS para a Saúde internacional (Int. J.
combate às doenças Environ. Res. Public
crónicas não trans- Health 2020, 17, 815;
missíveis”; em linha doi:10.3390/ijer-
com o Despacho nº ph17030815)
8932/2017)
1ª campanha imple-
mentada em 2019,
Direção-Geral da cuja avaliação muito
Reativação da cam-
Saúde; Ministério da positiva (de processo
panha de comunica-
Saúde; Instituto Por- e de resultado) já se
ção “Siga o Assobio”
tuguês do Desporto encontra publicada
(“best-buy” da OMS X X X X X
e da Juventude; em revista cientifica
para a combate às
Ministério da Edu- internacional (Int. J.
doenças crónicas
cação; Federações Environ. Res. Public
não transmissíveis”)
Desportivas Health 2020, 17, 8062;
doi:10.3390/ijer-
ph17218062)
Ministério da
Saúde; Ministério da
Reativação e reforço Educação; Ministério
CIPAF sem atividade
da CIPAF (Comissão do Trabalho, Solida-
desde o início do atual
Intersetorial para a riedade e Segurança
ciclo legislativo (outu-
Promoção da Ativi- Social; Ministério da X X X X X X
bro 2019), a aguardar
dade Física; em linha Ciência, Tecnologia
parecer por parte do
com o Despacho e Ensino Supe-
gabinete SEAS
nº3632/2017) rior; Ministério do
Ambiente e Ação
Climática
Designação
do programa Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física
de saúde:
(especificar)
a operacionalização
Empresarial
Económico/
Entidade(S)
Educação e
Observações
População
Ambiental
Individual
das estratégias de in-
em Geral
Cidadão
Político
Ciência
tervenção propostas
Saúde
Outro
Social
Implementação
da Consulta de
Ministério da Saúde;
Atividade Física nos
Administração Atualmente em proje-
Cuidados de Saúde X X
Central dos Serviços to-piloto
Primários; em linha
de Saúde
com o Despacho nº
8932/2017)
Algumas Escolas
Médicas já incluíram
conteúdos neste
Inclusão de conteú- âmbito nos Cursos
dos programáticos Ministério da de Medicina; DGS
em atividade física Saúde; Ministério da já operacionalizou
nos currículos pré- e Ciência, Tecnologia X X curso de formação
pós-graduados dos e Ensino Superior; de formadores de
profissionais de Ordens Profissionais profissionais de saúde,
saúde com a Ordem dos Psi-
cólogos; está ainda em
desenvolvimento curso
na plataforma NAU
Seguidamente, serão brevemente descritas outras atividades e iniciativas levadas a cabo ao longo de 2021,
no âmbito dos quatro eixos estratégicos do PNPAF, além das atividades principais, anteriormente descritas.
O dia foi ainda marcado por três comunicações de vários membros do PNPAF em diferentes eventos.
• A diretora do PNPAF, Professora Marlene Nunes Silva, participou no 2º webinar organizado pela Escola
de Saúde e Desenvolvimento Humano da Universidade de Évora, com o tema “Atividade Física, Estilos
de Vida e Envelhecimento Saudável”. Esta iniciativa pretendeu promover a importância da atividade físi-
ca para um estilo de vida saudável, através das diferentes palestras levadas a cabo por especialistas na
área, onde a diretora do PNPAF apresentou os eixos centrais do programa para a promoção de estilos
de vida fisicamente ativos a nível populacional.
• O PNPAF esteve também representado pela Professora Rute Santos e pelo Doutor Romeu Mendes,
diretores-adjuntos do PNPAF, no webinar “Atividade Física e Saúde”, organizado pela Unidade Científico-
-Pedagógica de Enfermagem de Reabilitação, da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC),
e pelo P20 - Programa de promoção da Comunidade Educativa na vida da Escola (Plano Estratégico
da ESEnfC 2020-2024). A comunicação da Professora Rute Santos incidiu sobre o papel do PNPAF na
capacitação dos profissionais de saúde para a promoção da atividade física, e a comunicação do Doutor
Romeu Mendes focou-se no projeto “Diabetes em Movimento”.
• Também para assinalar este dia, a Câmara Municipal de Braga entrevistou o Doutor Bruno Rodrigues,
membro da equipa do PNPAF, acerca da importância da atividade e do exercício físico na saúde e qua-
lidade de vida, enquanto terapêutica não farmacológica. Esta entrevista pode ser vista, na íntegra, aqui::
https://www.facebook.com/watch/live/?v=458603698697528&ref=watch_permalink&458603698697528
No dia 16 de outubro de 2021, Dia Mundial da Alimentação, foi lançado o Relatório Infográfico de Resultados
do 2º Inquérito Nacional sobre Hábitos de Alimentação e de Atividade Física em Contexto de Pandemia CO-
VID-19 (REACT-COVID 2.0), disseminado em vários órgãos de comunicação, também como celebração deste
dia comemorativo.
• Entrevista para o programa Quarto do Fundo, da Rádio Renascença, no dia 9 de outubro, onde a dire-
tora do PNPAF, Professora Marlene Nunes Silva, esteve à conversa com Carla Rocha acerca da impor-
tância do exercício físico. Pode ouvir a entrevista completa aqui: https://rr.sapo.pt/artigo/256410/65-da-
-populacao-portuguesa-nao-pratica-qualquer-exercicio-fisico-recorda-marlene-nunes-silva-psicologa.
• Entrevista para a Revista Deco Proteste edição de junho/julho de 2021, sob o mote “Prioridade: pôr
Portugal a mexer-se”, da diretora do PNPAF, Professora Marlene Nunes Silva, sobre o papel do Pro-
grama Nacional para a Promoção da Atividade Física, procurando explicar porquê e como aumentar
os níveis de atividade física da população nacional. Pode ler a entrevista completa https://www.dgs.pt/
programa-nacional-para-a-promocao-da-atvidade-fisica/ficheiros-externos-pnpaf/entrevista_decopro-
teste_20211.aspx.
• Entrevista para o podcast vitamina P, do jornal Público, no dia 29 de junho de 2021, no qual a diretora
do PNPAF, Professora Marlene Nunes Silva, fala sobre os objetivos do programa e sobre o que é que
funciona melhor para motivar os portugueses para a atividade física, desde as atividades em família ao
futebol. Pode ouvir a entrevista completa aqui:
https://www.publico.pt/2021/06/29/impar/noticia/acabar-vida-sedentaria-faz-saude-nao-funciona-1968274.
Segue-se uma lista dos 19 fóruns nos quais o PNPAF participou, entre janeiro e outubro de 2021:
• Webinar “Direção-Geral da Saúde: Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física”, no 5º Con-
gresso de Envelhecimento Ativo: Atividade Física e Saúde, organizado pela Câmara Municipal de Viseu
(20 fevereiro 2021);
• •Webinar “Promoção da Atividade Física no Sistema Nacional de Saúde”, no 5º Congresso de Envelheci-
mento Ativo: Atividade Física e Saúde, organizado pela Câmara Municipal de Viseu (20 fevereiro 2021);
• Webinar “Identificação de Boas Práticas em Intervenções Comunitárias para a Promoção da Atividade
Física”, no 5º Congresso de Envelhecimento Ativo: Atividade Física e Saúde, organizado pela Câmara
Municipal de Viseu (24 fevereiro 2021);
• Webinar “Recomendações de Atividade Física: Modelo das 24h de Movimento”, no 5º Congresso de En-
velhecimento Ativo: Atividade Física e Saúde, organizado pela Câmara Municipal de Viseu (24 fevereiro
2021);
• Webinar “Atividade Física durante a Pandemia”, inserido no webinar Prevenção a Dobrar – Alimentação
e Peso Saudável em Tempo de COVID-19, organizado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo
Regional do Norte (10 março 2021). Pode assistir ao webinar, a partir do minuto 35:20, no link: https://
www.youtube.com/watch?v=FdY-2C_PMJg&ab_channel=LigaPortuguesaContraCancro-Norte;
• Ciclo de Debates online “O Desporto: Que Futuro? – Na Saúde”, organizado pelo Centro de Estudos do
Desporto da Tempo Livre (25 março 2021);
• Webinar “Atividade Física, Estilos de Vida e Envelhecimento Saudável”, organizado pela Escola de Saúde
e Desenvolvimento Humano da Universidade de Évora (6 abril 2021);
• Webinar “Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física - A capacitação dos profissionais de
saúde”, organizado pela Unidade Científico-Pedagógica de Enfermagem de Reabilitação, da Escola Su-
perior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) (6 abril 2021);
• Webinar “Diabetes em Movimento”, organizado pela Unidade Científico-Pedagógica de Enfermagem de
Reabilitação, da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) (6 abril 2021);
• Entrevista/Webinar “Atividade Física Enquanto Terapêutica Não Farmacológica”, organizado pela Câmara
Municipal de Braga (6 abril 2021). Pode assistir ao webinar completo aqui: https://www.facebook.com/
watch/live/?v=458603698697528&ref=watch_permalink&458603698697528;
• Webinar “Atividade Física para a Saúde”, incluído no VIII Fórum da Rede Portuguesa de Municípios Sau-
dáveis (16 abril 2021). Pode assistir ao webinar completo no link: https://www.facebook.com/watch/li-
ve/?ref=watch_permalink&v=462046885030088;
• Webinar “La Actividad Física y la Actualidad de la Contingencia Sanitaria”, organizada pela Rede Euroame-
ricana de Atividade Física, Educação e Saúde (20 abril 2021). Pode assistir ao webinar completo no link:
https://www.facebook.com/100114333669974/videos/1140343683153960;
Em 2021, dois artigos científicos foram publicados em revistas de circulação internacional e revisão por pares
(Q1 e Q2), abrangendo atividades e temáticas subjacentes ao trabalho desenvolvido:
• Silva, M.N.; Gregório, M.J.; Santos, R.; Marques, A.; Rodrigues, B.; Godinho, C.; Silva, C.S.; Mendes, R.; Gra-
ça, P.; Arriaga, M.; Freitas, G. Towards an In-Depth Understanding of Physical Activity and Eating Behaviours
during COVID-19 Social Confinement: A Combined Approach from a Portuguese National Survey. Nutrients
2021, 13, 2685. https://doi.org/10.3390/nu13082685;
• Franco, S.; Godinho, C.; Silva, C.S.; Avelar-Rosa, B.; Santos, R.; Mendes, R.; Silva, M.N. Assessment of Good
Practices in Community-Based Interventions for Physical Activity Promotion: Development of a User-Friendly
Tool. Int. J. Environ. Res. Public Health 2021, 18, 4734. https://doi.org/10.3390/ijerph18094734.
• Boas Práticas na Promoção da Atividade Física em Cuidados de Saúde Primários: O Exemplo EUPAP - A
European Physical Activity on Prescription Model, Bruno Avelar Rosa, Cristina Godinho, Cristina Portugal,
Catarina Santos Silva, Bruno Rodrigues, Sofia Franco, Adilson Marques, Rute Santos, Romeu Mendes,
Marlene Nunes Silva (Equipa PNPAF) (julho 2021);
• Cada Movimento Conta! - As novas recomendações da OMS para a atividade física e comportamento
sedentário e as futuras recomendações integradas de comportamentos de movimento 24h do dia para
a população portuguesa, Catarina Santos Silva, Bruno Rodrigues, Sofia Franco, Jorge Encantado, Bruno
Avelar Rosa, Adilson Marques, Rute Santos, Cristina Godinho, Romeu Mendes, Marlene Nunes Silva
(Equipa PNPAF) (abril 2021).
• Um em cada três utentes do SNS avaliados praticou 2,5 horas por semana de exercício moderado (Ex-
presso, 06/04/2021)
• Mais de metade dos utentes do SNS diz não praticar qualquer tipo de exercício (Público, 06/04/2021)
• Exercício físico moderado. Um em cada três utentes do SNS avaliados cumpre o tempo recomendado
(SIC Notícias, 06/04/2021)
• Um terço dos utentes dos centros de saúde praticam pelo menos 2,5 horas de exercício físico modera-
do por semana (Observador, 06/04/2021)
• Um em cada três utentes do SNS avaliados praticou 2,5 horas/semana de exercício moderado (Lusa,
06/04/2021)
• OMS lança novas recomendações para atividades físicas em todas as faixas etárias (DNotícias,
13/02/2021)
• OMS lança novas recomendações para atividades físicas (Notícias ao Minuto, 12/02/2021)
• Saiba as novas recomendações da OMS para atividade física em todas as faixas etárias (TVI24,
12/02/2021)
• OMS lança novas recomendações para atividades físicas em todas as faixas etárias (SIC Notícias,
12/02/2021)
Microsite do PNPAF
O microsite da DGS dedicado à promoção da atividade física está disponível através do endereço www.
pnpaf.pt, constituindo um importante canal de comunicação digital onde está concentrado um resumo de
todas as iniciativas desenvolvidas no âmbito do PNPAF, bem como um conjunto importante de documenta-
ção central sobre atividade física para livre download. Atualizado regularmente, tem vindo a obter um núme-
ro de acessos bastante satisfatório, sendo o sétimo microsite da DGS com maior número total de acessos (de
entre mais de 50 microsites sediados em www.dgs.pt), contabilizando, até ao último trimestre de 2021 um
total de 199 841 acessos. No Gráfico 21, pode observar-se a evolução face ao ano de 2020.
Gráfico 21. Evolução do número de acessos ao microsite do PNPAF entre 31 de Dezembro de 2020
e 12 de novembro de 2021.
Dados acumulados.
Colaboração com o Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, no âmbito do Plano Nacio-
nal de Luta Contra o Cancro (Proposta a 12/2021)
O PNPAF colaborou na definição de objetivos e estratégias, na sua área de atuação, incluídos na Estratégia
Nacional de Luta Contra o Cancro, nomeadamente em dois pilares: Pilar da Prevenção/Promoção de Estilos
de Vida Saudáveis; Pilar dos Sobreviventes/Caracterização de Necessidades.
Colaboração com o Programa Nacional para a Diabetes, no âmbito do projeto “Mais Saúde, Menos
Diabetes”
O programa “Mais Saúde, Menos Diabetes”, coordenado pelo Programa Nacional para a Diabetes (PND),
visa a redução do número de pessoas que desconhece ter diabetes mellitus tipo 2, procurando prevenir o
desenvolvimento de uma das patologias mais prevalentes em Portugal na população com risco aumentado
de vir a desenvolver esta doença.
O PNPAF, assim como o PNPAS e Unidades Coordenadoras Funcionais da Diabetes, têm colaborado com o
PND no desenvolvimento deste programa, que contempla várias sessões formativas de promoção da saú-
de. O PNPAF desenvolveu, especificamente, duas sessões de promoção da atividade física que procuram
explicar os diferentes tipos de atividade física, o que se entende por comportamento sedentário, quais as
principais recomendações para a prática de atividade física, como praticar atividade física em segurança e,
ainda, desmistificar algumas ideias e desconstruir algumas barreiras apresentadas para a ausência ou níveis
reduzidos de prática de atividade física.
Estas sessões serão implementadas, de forma presencial nos Centros de Saúde, por agentes facilitadores
previamente formados para dar estas sessões de promoção da saúde. Alternativamente, será também dis-
ponibilizado o programa em formato online, através da plataforma NAU. Nesse sentido, a equipa do PNPAF
já gravou um conjunto de pequenos vídeos em formato entrevista com especialistas na área da promoção
da atividade física, assim como as duas sessões desenvolvidas já foram gravadas em formato digital, de
forma que o programa online consiga traduzir, o máximo possível, os conteúdos abordados nas sessões
presenciais. Para além disto, foram ainda desenvolvidas questões de escolha múltipla que permitam avaliar
as aprendizagens dos formandos ao longo deste programa.
Apesar de toda a evidência existente acerca da utilidade e do sucesso de iniciativas comunitárias na alteração
de comportamentos da população, estas apresentam ainda algumas limitações. Estas lacunas comprome-
tem, em muitos casos, a possibilidade de avaliação e disseminação destas iniciativas a uma escala maior.
Neste sentido, é útil que estas intervenções sejam avaliadas e validadas através de uma ferramenta comum
que assegure/assinale o cumprimento de critérios reconhecidos como boas práticas na promoção da ati-
vidade física junto da população, em situações de “mundo real”. Boas práticas têm sido referidas enquanto
“características de iniciativas, de intervenções ou de programas comunitários, implementadas em contexto
de vida real e que são adequadas ao seu contexto de aplicação, aceites pela população-alvo e parceiros,
efetivas, que produzem bons resultados, eficientes, sustentáveis, replicáveis, éticas e justas”. Estes critérios
de boas práticas são uma fonte útil de evidência baseada na prática no que diz respeito às características de
intervenções em saúde pública, implementadas em situações de vida real.
Para este efeito, o PNPAF criou uma ferramenta, com base em critérios de avaliação provenientes de
várias fontes de evidência (ex.: plataforma CHRODIS, revisão sistemática da literatura e critérios defi-
nidos pela OMS), que avalia as boas práticas existentes em intervenções comunitárias de promoção
da atividade física. Para além disso, este conjunto de critérios de sucesso poderá, igualmente, ajudar
na definição de padrões de qualidade dessas mesmas iniciativas, incentivando a sua disseminação e
adoção a nível nacional.
Este conjunto de critérios foi sistematizado em 2019, estabelecendo-se uma lista final ponderada pela rele-
vância de cada um e, em 2020, desenvolveu-se uma ferramenta para disponibilização pública, possibilitando
a sua utilização generalizada e, em particular, por parte das coordenações de projetos no terreno. No Anexo
3, encontra-se esta ferramenta em formato pdf, também já disponível para livre utilização no website do
PNPAF.
Em 2021 esta ferramenta foi disponibilizada digitalmente via site do PNPAF, ainda não tendo, no entanto, um
formato interativo (i.e. atribuindo automaticamente uma cotação a esta avaliação de boas práticas, e gerando
um feedback automático acerca dos aspetos que estas intervenções poderão melhorar).
Este manual comporta recomendações baseadas no paradigma das 24 horas, com sugestões com recomen-
dações e sugestões concretas para a prática de atividade física, interrupção do comportamento sedentário
e sobre sono para crianças em idade pré-escolar (bebés, crianças entre 1 a 2 anos e dos 3 aos 5 anos) e
crianças e jovens em idade escolar (dos 6 aos 17 anos).
Este manual destina-se aos pais e cuidadores de crianças e jovens, assim como aos professores e outros
elementos da comunidade escolar, ou mesmo aos jovens que pretendam obter mais informação.
>.Outras atividades
Ao longo de 2021 e à semelhança de anos anteriores, o PNPAF respondeu a inúmeras solicitações técnico-
-científicas de relevo no âmbito da promoção da atividade física nacional, designadamente::
• Pronúncia à proposta de revogação da Lei nº 39/2012, de 28 de agosto e proposta de nova lei que es-
tabelece o regime jurídico da responsabilidade técnica pela direção e pelo exercício de funções na área
das atividades físicas e desportivas.
• Validação técnico-científica das brochuras “Ética no desporto: Linhas orientadores para clubes... esti-
mularem uma participação positiva dos pais no desporto” e “Ética no desporto: Linhas orientadoras
para pais”, elaboradas pelo Plano Nacional de Ética no Desporto, promovido pelo Instituto Português
do Desporto e Juventude, I.P., bem como oficialização de apoio institucional da DGS a esta iniciativa.
• Colaboração na monitorização das medidas preconizadas na “Estratégia Nacional para a Mobilidade
Ciclável”.
Os avanços nas políticas de saúde implementadas ao nível da promoção da atividade física em Portugal, no
âmbito do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, têm sido reconhecidos a nível internacio-
nal com regularidade, ao longo dos últimos anos.
Em 2021, a OMS publicou as 2021 Physical Activity Factsheets for the European Union Member States in the WHO
European Region (23), onde vem explanado um destaque especial às políticas de saúde implementadas no
SNS, ao nível do aconselhamento breve para a atividade física e consulta de atividade física piloto, bem como
as ferramentas digitais desenvolvidas especificamente para apoiar os profissionais de saúde nestas inter-
venções. Estas políticas, enquadradas pelo Despacho nº 8932/2017, de 10 de outubro, estão descritas em
publicação científica e os resultados da monitorização da sua implementação são publicados anualmente no
relatório do Programa.
A este nível, a Tabela 3 ilustra a harmonização entre os objetivos estratégicos (OE) da DGS, com as iniciativas
estratégias (IE) e objetivos operacionais (OOp) do PNPAF, fazendo um enquadramento resumido dos desíg-
nios previstos para 2022.
Objetivo estratégico
Iniciativa Estratégica Objetivo Operacional
da DGS para o qual Principais desígnios previstos para 2022
PNPAF PNPAF
contribui
IE1. Melhorar OOp1. Promover a OE3 | Promover a literacia Sendo as campanhas nacionais de mass media
a capacitação comunicação e aumentar em saúde ao longo do uma das estratégias mais custo-efetivas para
da população a prontidão do cidadão ciclo de vida a promoção da atividade física, a reativação
para a escolha e face à atividade física da campanha nacional “Siga o Assobio – A
implementação de um regular e redução do atividade física chama por si” será uma aposta
estilo de vida ativo tempo sedentário para 2022. A primeira fase de implementação
desta campanha teve resultados muito
positivos, pelo que a sua reativação reveste-se
da maior importância, dois anos após o início
da pandemia.
IE2. Melhorar a OOp2. Fomentar e OE4 | Promover a A promoção da atividade física através
prevenção da doença melhorar a qualidade da qualidade, segurança do sistema de saúde é recomendada nos
e a prestação de promoção da atividade e humanização dos principais planos estratégicos internacionais e
cuidados, integrando física nos cuidados de cuidados de saúde nacionais na área. Deste modo, 2022 marcará
uma abordagem a saúde, e a capacitação dos a continuidade do trabalho a este nível, com
determinantes de saúde profissionais de saúde a particular destaque a três níveis:
como a atividade física este nível • Desenvolvimento dos trabalhos conducentes
e o comportamento à disponibilização de ferramentas de
sedentário aconselhamento breve para a atividade física
adaptadas à população pediátrica e juvenil;
• Publicação de orientação técnica para a
promoção da atividade física no SNS;
• Capacitação profissional em promoção da
atividade física, nomeadamente através da
disponibilização nacional de um curso de
e-learning em aconselhamento breve para a
atividade física.
IE3. Melhorar a OOp3. Incentivar OE1 | Assegurar Uma abordagem intersetorial da promoção
qualidade da oferta ambientes promotores estratégias integradas de da atividade física é fundamental. A este nível,
de oportunidades de da atividade física nos planeamento em saúde a reativação da CIPAF será crucial, algo que,
prática de atividade diferentes contextos embora dependa da ação da Secretaria de
física em diferentes e ao longo do ciclo Estado da Saúde, contará com todo o apoio
contextos, ao longo do de vida, valorizando e necessário por parte do PNPAF.
ciclo de vida disseminando as boas A outro nível, está também previsto:
práticas • A continuação dos trabalhos conducentes
à publicação e disponibilização nacional
gratuita de guias de referência para a
prescrição de exercício físico na doença
crónica;
• Continuação da colaboração com a OMS
no refinamento do programa mActive
para aumento do tempo de caminhada da
população adulta. Potencial teste piloto do
programa em Portugal.
Objetivo estratégico
Iniciativa Estratégica Objetivo Operacional
da DGS para o qual Principais desígnios previstos para 2022
PNPAF PNPAF
contribui
IE4. Promover a OOp4. Promover a OE2 | Reforçar a Decorrida a segunda recolha de dados com
tomada de decisão monitorização, a vigilância monitorização da saúde vista ao estudo de monitorização de atitudes e
informada (vigilância epidemiológica e a comportamentos de médicos face à atividade
epidemiológica e investigação na área da física e sua promoção, prevê-se a publicação
monitorização) promoção da atividade de resultados longitudinais 2017-2021.
física
IE5. Melhorar o Todos os anteriores OE6 | Preparação e Um ano depois do início da pandemia, o
planeamento e ação em resposta a emergências estudo REACT-COVID 2.0 veio confirmar a
situações de emergência em saúde pública tendência para o agravamento das iniquidades
em saúde pública, no em saúde, já identificado pelo REACT-COVID
âmbito da promoção da 1.0 aquando do primeiro confinamento
atividade física geral obrigatório. Os dados assim recolhidos
e analisados de forma longitudinal serão
fundamentais para que as ações futuras de
promoção da atividade física atuem ao nível
da mitigação destas alterações negativas e
fomento das positivas.
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6. Glossário
Atividade física | Corresponde a todo o movimento realizado pelo corpo humano que resulta num au-
mento do gasto energético, podendo apresentar formas menos estruturadas, enquadradas nas atividades
do dia-a-dia (por exemplo, subir escadas, jardinar, caminhar até à paragem do autocarro, etc.), e outras mais
estruturadas e, até, com objetivos competitivos (por exemplo, sessão de exercícios de força, corrida, prática
de uma modalidade desportiva, entre outros). A atividade física é um determinante de saúde que deve, por
isso, ser promovida ao longo de todo o ciclo de vida, em múltiplos contextos.
Aconselhamento breve para a atividade física | Interação contendo encorajamento verbal e ou uma
indicação ou recomendação verbal ou escrita para a prática de atividade física realizada por um profissional,
que deve também envolver uma abordagem às motivações, barreiras, preferências, estado de prontidão e
de saúde do utente, e às oportunidades para realizar atividade física, bem como os riscos da atividade física.
Prescrição de exercício físico | Processo contendo uma avaliação inicial da aptidão física e funcional e
composição corporal, se relevante, do utente, uma seleção e explicação pormenorizada dos exercícios a
realizar em função da aptidão física, situação clínica, limitações, objetivos e motivação do utente, e a aplicação
sistemática de mecanismos de acompanhamento e avaliação dos efeitos dos exercícios, da sessão e ou do
programa, devendo também ser abordados os riscos da atividade física.
7. Anexos
Anexo 1 – Relatório infográfico do estudo REACT-COVID 2.0
www.dgs.pt