O Período Henriquino

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ESCOLA BÁSICA DE SÃO DA TALHA

Disciplina: História

O
PERÍOD
O
HENRIQ
UINO

Trabalho realizado por: Gonçalo Oliveira


N.º 15 – 8ºA
O Período Henriquino

Resumo

Após a crise do século XIV Portugal começou a recuperar lentamente – a população


aumentou, a produção agrícola cresceu e o comércio desenvolveu-se. Para começar a
recuperar economicamente da crise era preciso ter acesso a alguns produtos que
escasseavam na Europa, sobretudo o ouro. Todos os grupos sociais portugueses tinham
interesse na expansão pois, de uma forma geral, todos pretendiam resolver os problemas
económicos que o país enfrentava. Além disso, Portugal reunia algumas condições
fundamentais para se tornar no primeiro país a iniciar a expansão marítima.
Em 1415 Portugal começou a sua expansão com a conquista da cidade de Ceuta. Esta
conquista deu-se por vários motivos, entre os quais se podem destacar o facto de as rotas do
ouro e das especiarias passarem por Ceuta e esta ser um ponto estratégico, pois localizava-
se entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo. No entanto, esta conquista revelou-se
um fracasso económico. Os comerciantes árabes desviaram as rotas do ouro e das
especiarias e a cidade era constantemente alvo de ataques dos muçulmanos, obrigando
Portugal a um enorme esforço económico e militar.
No século XV foram redescobertos os Açores e a Madeira. Contudo, quando os navegadores
portugueses chegaram a estes arquipélagos perceberam que estavam despovoados e, como
tal, era preciso povoá-los. O rei D. João I doou estes arquipélagos aos seus dois filhos, o
Infante D. Henrique e o Infante D. Pedro. Estes ficaram encarregues de povoar estas ilhas e,
por essa razão, dividiram-nas em capitanias e distribuíram cada capitania a um capitão-
donatário que estava obrigado a povoar a ilha e a explorá-la economicamente, através da
distribuição de parcelas de terra aos colonos. Na Madeira cultivou-se cereais e cana-de-
açúcar, já nos Açores implementou-se o cultivo de cereais, a criação de gado, a produção de
laticínios e de plantas tintureiras.
Infante D. Henrique, cognominado de O Navegador, foi o grande impulsionador dos
Descobrimentos Portugueses. Este teve um papel de tal forma importante que a fase inicial
da expansão portuguesa ficou conhecida como período henriquino. Durante a sua vida,
Portugal dobrou o Cabo Bojador, fundou a feitoria de Arguim e, no ano da sua morte,
alcançou a Serra Leoa.

Palavras-chave: Crise do século XIV; Expansão Portuguesa; Infante D. Henrique; Período


Henriquino; Descobrimentos Portugueses.

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O Período Henriquino

Introdução

Por que motivos Portugal se expandiu pelo mundo? Quais as principais descobertas e
conquistas no tempo de Infante D. Henrique? Quem foi Infante D. Henrique? É este o
propósito do meu trabalho, explicar todos os acontecimentos desde a expansão portuguesa
até à morte de Infante D. Henrique. Ao longo deste trabalho irei dar a conhecer quem foi
Infante D. Henrique, bem como abordar os motivos da expansão portuguesa, os interesses
dos vários grupos sociais na expansão, as condições da prioridade portuguesa na expansão
marítima e, finalmente, as conquistas de Portugal na costa africana no tempo de Infante D.
Henrique.

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O Período Henriquino

Infante D. Henrique, O Navegador

Nascido no Porto em 1394 e falecido em 1460, Infante D. Henrique foi o quinto filho de D.
João I. Este ficou conhecido pelo cognome de O Navegador devido ao forte impulso que deu
aos Descobrimentos. Foi ele que convenceu os navegadores portugueses a navegar para sul,
ao longo da costa africana. Esta costa só era conhecida até ao Cabo Bojador e acreditava-se
que a partir daí existisse o mar tenebroso. Segundo este mito havia monstros marinhos que
engoliam as embarcações. Além disso, Infante D. Henrique rodeou-se de geógrafos,
cartógrafos, construtores navais e navegadores, para ajudar a decifrar as informações sobre
o mar, bem como as novas terras descobertas pelos marinheiros. Ao longo da sua vida,
apoiou cerca de 20 viagens ao longo da costa ocidental africana e, no ano da sua morte, os
Portugueses já tinham alcançado a Serra Leoa.

Infante D. Henrique, O Navegador

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O Período Henriquino

Motivações para a Expansão Portuguesa e Europeia

No século XV a Europa começou a recuperar da devastadora crise do século XIV. Verificou-se


novamente um aumento da população, um crescimento na produção agrícola, bem como,
um desenvolvimento do comércio. No entanto, de modo a poder recuperar a nível
económico, a Europa, incluindo Portugal, queria ter acesso direto a vários produtos. Um
desses produtos era o ouro, uma vez que o desenvolvimento do comércio dependia de uma
maior circulação da moeda. Para além do ouro, os europeus pretendiam ainda ter acesso às
especiarias e aos produtos de luxo do Oriente.

Interesses dos grupos sociais e do poder régio no arranque da


expansão portuguesa

Os portugueses consideravam a expansão marítima como uma oportunidade para resolver


os problemas económicos que o país atravessava desde a crise do século XIV. Todos os
grupos sociais tinham ambições nesta expansão.
 O Rei tencionava resolver a crise económica que Portugal atravessava, para além de
ambicionar afirmar-se na Europa e mostrar a sua grandeza e poder.
 A Nobreza pretendia obter novas terras, novos cargos e títulos importantes.

 O Clero tencionava converter os Muçulmanos ao cristianismo e espalhar a fé cristã.

 A Burguesia desejava ter acesso a novos mercados e produtos, tais como, o ouro, as
especiarias, o açúcar e escravos, assim como enriquecer com os lucros do comércio.
 O Povo queria melhorar as suas condições de vida.

Caravela Portuguesa
Condições da Prioridade de Portugal na Expansão

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O Período Henriquino
No século XV Portugal apresentava várias condições favoráveis para ser o primeiro país a
expandir-se, tais como:
Condições geográficas:
 Excelente disposição geográfica, com uma extensa costa marítima, excelentes portos
naturais e relativa proximidade com o Norte de África.
Condições políticas:
 Portugal vivia um período de paz e estabilidade política.
 Após a crise do século XIV, D. João I via a expansão marítima como uma forma de
ultrapassar os problemas económicos, unir todos os grupos sociais num objetivo comum e
validar a dinastia de Avis junto da Europa.
Condições técnicas e científicas
 Os pescadores e comerciantes portugueses tinham vários séculos de experiência, o que
possibilitou um bom conhecimento do mar.
 Portugal aperfeiçoou também embarcações, como a caravela portuguesa, o que permitiu
uma melhor navegação no mar, pois este tipo de embarcação permitia bolinar, ou seja,
navegar aproveitando os ventos contrários.
 O contacto com outros povos e culturas, tais como os Muçulmanos e Judeus deram a
conhecer a Portugal vários instrumentos e técnicas de navegação. Estes foram melhorados e
usados na navegação astronómica – navegação feita em alto-mar, usando os astros como
orientação, através do uso de astrolábios, bússolas, quadrantes e balestilhas. Este tipo de
navegação ajudou os marinheiros portugueses a navegar no Atlântico com correntes fortes e
ventos contrários.

Bússola Quadrante Balestilha

A Conquista de Ceuta

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O Período Henriquino
Portugal começou a expansão em 1415 com a conquista da cidade de Ceuta, no Norte de
África, durante o reinado de D. João I. Foram vários os motivos que levaram Portugal à
conquista de Ceuta, entre os quais:
 Ceuta era um ponto estratégico importante, pois localizava-se entre o Oceano Atlântico e o
Mar Mediterrâneo. Assim, com a sua conquista, Portugal conseguiria controlar as entradas e
saídas dos navios no mar Mediterrâneo.
 As rotas do ouro e das especiarias passavam pela cidade de Ceuta, fazendo dela uma
importante cidade comercial. Os mercadores e comerciantes europeus iam a Ceuta
abastecer-se de ouro, especiarias e outros produtos de luxo que os muçulmanos
comercializavam em Ceuta.
 Ceuta possuía solos férteis que produziam muitas quantidades de cereais, produto que, por
vezes, rareava em Portugal.
 Difundir e expandir a fé cristã.
No entanto, a conquista de Ceuta revelou-se um fracasso para Portugal. Por um lado, os
Muçulmanos desviaram as rotas do ouro e das especiarias para outras cidades do Norte de
África. Por outro lado, os solos férteis eram muitas vezes atacados e destruídos. Para
defender esta cidade, Portugal foi obrigado a fazer um enorme esforço económico e militar
que não foi recompensado pois a sua conquista não resolveu os problemas económicos do
país.
Uma das soluções encontradas por Portugal para fazer face a este fracasso económico foi a
exploração da costa africana, que era uma zona rica em ouro. Foi o início dos
Descobrimentos, cujo controlo e coordenação iniciais foram assumidos pelo Infante D.
Henrique.

Conquista de Ceuta

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O Período Henriquino

Os Arquipélagos da Madeira e dos Açores

Os arquipélagos dos Açores e da Madeira já eram conhecidos antes da chegada dos


navegadores portugueses, pois já constavam nos mapas daquele tempo. Porém, só foram
oficialmente descobertos no século XV. A primeira ilha a ser descoberta foi a de Porto Santo,
em 1418, por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira e, em 1419, Bartolomeu Perestrelo
chegou à ilha da Madeira. Passado alguns anos, mais precisamente em 1427, Diogo Silves
atingiu os Açores com exceção das ilhas do Corvo e das Flores. Só em 1452 é que Diogo de
Teive alcançou as duas ilhas que faltavam.
Estes dois arquipélagos atlânticos tinham algo em comum – estavam ambos despovoados.
Assim, era preciso povoá-los para evitar que outros os conquistassem e para desenvolvê-los
economicamente, ou seja, aproveitar os recursos que as ilhas tinham. Iniciou-se, então, a
colonização dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, ou seja, o povoamento com pessoas
vindas de outros territórios, bem como a sua exploração económica. Como o rei não
conseguia colonizar estas ilhas sozinho teve que doar os arquipélagos dos Açores e da
Madeira aos seus filhos. Deste modo, ao Infante D. Henrique o rei doou o arquipélago da
Madeira e mais outras ilhas do arquipélago dos Açores e ao Infante D. Pedro o rei doou as
restantes ilhas dos Açores, tendo ambos que colonizar as respetivas ilhas. O sistema utilizado
para as colonizar foi a divisão em capitanias, sendo cada uma delas entregue a um capitão-
donatário. Os capitães-donatários costumavam ser elementos da baixa-nobreza que
recebiam uma capitania e ficavam responsáveis pelo seu povoamento e exploração
económica, através da entrega de parcelas de terra aos colonos, ficando estes responsáveis
pelo seu cultivo. Os capitães-donatários tinham vários poderes sobre a sua capitania, como
por exemplo, a administração da justiça e a cobrança de impostos.
No arquipélago da Madeira iniciou-se o cultivo de cereais, vinha e cana-de-açúcar. A cana-de
açúcar era muito procurada na Europa e vendida a preços elevados, pelo que se tornou no
produto que mais riqueza trouxe ao país. Já nos Açores implementou-se o cultivo de cereais,
a criação de gado, a produção de laticínios e de plantas tintureiras, como o pastel. Os Açores
e a Madeira, devido à sua posição estratégica, também serviram de ponto de apoio para as
rotas portuguesas para África, América e Oriente.

Cana-de-açúcar

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A passagem do Cabo Bojador e as descobertas no tempo do Infante


D. Henrique

Infante D. Henrique foi quem incentivou os navegadores portugueses a navegarem para Sul.
No entanto, o grande obstáculo foi o Cabo Bojador, pois acreditava-se que para além desse
cabo existia o “mar tenebroso” e que aí havia monstros que afundavam os barcos. Quem pôs
fim a este mito foi Gil Eanes que se afastou da costa e conseguiu dobrar o cabo Bojador em
1434.
A liderança do Infante D. Henrique foi de tal forma crucial que os portugueses conseguiram
chegar até à Serra Leoa, altura em que o Infante D. Henrique morreu. Assim, as conquistas
da costa africana durante o período Henriquino foram:
 1436 – Afonso Baldaia atingiu o Rio do Ouro.
 1443 – Nuno Tristão alcançou Arguim, onde foi fundada uma importante feitoria. Para
esta feitoria os portugueses transportavam panos e bugigangas e, em troca, levavam ouro,
escravos, marfim e malagueta.
 1456 – Neste ano, Luís de Cadamosto chegou às ilhas de Cabo Verde e estas passaram a ser
um importante ponto de reabastecimento dos navios que seguiam para o Atlântico Sul.
 1460 – A Serra Leoa foi descoberta por Pedro de Sintra, ano da morte de Infante D.
Henrique.

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Conclusão

Concluindo, Portugal foi o grande pioneiro na expansão marítima, uma vez que reunia um
conjunto de condições ideais para o fazer, nomeadamente, condições geográficas, políticas,
técnicas e científicas.
Após a elaboração deste trabalho já posso responder às perguntas que enunciei na
introdução. O principal motivo para a expansão portuguesa foi o facto de Portugal ter
acabado de sair da grande crise do século XIV, necessitando, por isso, de recursos, como o
ouro, para voltar a recuperar economicamente e, assim, resolver os problemas do reino.
Infante D. Henrique foi o grande impulsionador dos Descobrimentos Portugueses, tendo
convencido os marinheiros portugueses a ultrapassar o Cabo Bojador que tanto receavam.
Durante a vida de Infante D. Henrique, os portugueses dobraram o Cabo Bojador,
redescobriram os Açores e a Madeira, fundaram a feitoria de Arguim e, no ano da sua morte,
chegaram à Serra Leoa.

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Referências Bibliográficas

Preparar para os testes, História 8, Ana Filipa Mesquita/Cláudia Vilas Boas – Areal editores
A minha História de Portugal, Elisabete Jesus/Eliseu Alves – Porto Editora
Preparação para a Prova de Aferição, História 8.ºano – Porto Editora

Referências icónicas

Caravela Portuguesa – (https://pt.wikipedia.org/wiki/Cardinal_(caravela))


Bússola – (https://nationalgeographic.pt/historia/grandes-reportagens/1831-a-invencao-da-
bussola)
Quadrante – (https://www.museuvirtualdalusofonia.com/glossario/quadrante/)
Balestilha – (https://kids.pplware.sapo.pt/curiosidades/os-primeiros-instrumentos-de-
medida-parte-i/)
Conquista de Ceuta – (https://pt.wikipedia.org/wiki/Conquista_de_Ceuta)
Cana-de-açúcar – (https://auchaneeu.auchan.pt/vida-saudavel/nutricao/conhece-a-cana-de-
acucar/)

Infante D. Henrique, O Navegador – (https://pt.wikipedia.org/wiki/Infante_Dom_Henrique)

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