Cursos de Turismo
Cursos de Turismo
Cursos de Turismo
Cláudia Soares*
Éricka Almeida**
([email protected])
Introdução
Turismo em Salvador
Trigo (1999) aponta ainda que, no final da década de 60, alguns municípios
do sul do Brasil "preocupavam-se" em estar de acordo com a evolução do
turismo e implantaram secretarias municipais de turismo onde eram
empregados parentes que, de preferência, tivessem ido ao Nordeste do país
ou à Flórida.
Acreditava-se, como ainda hoje se pode ouvir de pessoas que ocupam altos
cargos públicos do turismo, que o sucesso na atuação em turismo era
devido exclusi-vamente à vida prática e que os cursos de formação (mesmo
os superiores) eram destinados apenas aos níveis operacionais.
Para Trigo (1999), "é inegável que após 1995 os cursos de turismo no Brasil
passaram por uma verdadeira explosão na quantidade, mas não,
infelizmente, na qualidade". Segundo o autor, esse aumento quantitativo
tenta suprir a crescente necessidade de especialização e segmentação
apresentando, porém, inúmeros problemas.
Não se trata de discutir a quantidade de formandos por ano, haja vista que
o número de graduados no Brasil é muito baixo, além de muitos acabarem
por não seguir carreira relacionada ao curso que concluiu o 3º grau. Trata-
se de discutir em que premissas esses cursos estão embasados, no
atendimento das necessidades de mercado ou nas pretensões que um curso
superior se propõe.
Bensuaschi (2004) aponta que dos 485 cursos, apenas 23% têm o
reconhecimento pelo Ministério da Educação, já que para isso é necessária a
conclusão da primeira turma. Do total de cursos disponíveis, apenas 31 são
públicas (cerca de 6%), evidenciando, segundo o autor, a falta de
investimento em educação pelo governo.
Esse dado tornou-se preocupante, mas as causas podem estar nas IES que
não adequam seus currículos às necessidades de mercado. Todas as
instituições apresentam apenas uma disciplina com conteúdo de Agencia de
Viagens, exceto uma universidade que possui, inclusive, uma agência-
escola em suas instalações. As instituições não incluem a disciplina
Agenciamento e disciplinas similares ou afins, por entender que não é
necessário habilitar o profissional a esta atividade. As instituições acreditam
que este é um empreendimento em extinção, face ao crescimento do
número de agências virtuais, crescente número de sites de informação
turísticas e de outros serviços que possibilitam os 'turistas' buscarem seus
próprios destinos, assim como montar seu próprio roteiro, sem a
necessidade do intermediador.
Sem avançar nesse ponto de discussão, por entender que não se constitui o
foco do trabalho, é válido destacar, no entanto, a importância dos
distribuidores no movimento e funcionamento do Sistema Turístico global.
Já na Hotelaria, os números indicam resultados positivos. A aceitação e
empregabilidade dos egressos do curso de turismo ultrapassam os 60% em
cargos de supervisão, gerência e estágio. O mesmo quadro se apresenta
para a análise da oferta da disciplina e a forma como é lecionada, passando
inclusive pela experiência do docente. Todas as instituições oferecem a
disciplina "Meios de Hospedagem", ou "Hotelaria", geralmente acrescida de
uma outra disciplina complementar intitulada "Laboratório de Meios de
Hospedagem / Hotelaria".
Considerações finais
Assim como afirmam Reijowski e Carneiro (2003), por conta das mudanças
e tendências à universalização da informação, a educação deve ter o
propósito de reavaliar sua própria constituição, apresentando estruturas
curriculares mais flexíveis, abordagens de conteúdo interdisciplinares e
enfoque pedagógico que contemplem uma visão global de mundo e
sustentabilizem sua cultura original.
Referências bibliográficas
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* Turismóloga, Mestre em Análise Regional pela Universidade Salvador
(Brasil), Docente e Consultora em Gestão e Planeamento de empresas e
destinos turísticos.