Consciência Fonológica 3
Consciência Fonológica 3
Consciência Fonológica 3
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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2
INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3
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NOSSA HISTÓRIA
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INTRODUÇÃO
A Consciência Fonológica é o conhecimento que cada um de nós tem
sobre os sons da língua materna, ou seja, é uma competência que permite
identificar, manipular e refletir sobre os sons da fala. Por outras palavras, é a
capacidade de perceber que a linguagem é formada por palavras, as palavras
por sílabas, e as sílabas por fonemas (sons).
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durante a aquisição da leitura e escrita. As etapas de aquisição da consciência
fonologia dependem das experiências linguísticas, do desenvolvimento cognitivo
da criança, e da exposição ao sistema alfabético para aquisição da leitura e
escrita.
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É elevado o grau de complexidade inerente à tarefa de fazer corresponder
um som da fala a um grafema, quando desempenhada por crianças que não
conseguem segmentar os enunciados orais nas suas unidades mínimas. Porque
aprender um código alfabético envolve obrigatoriamente a transferência de
unidades fónicas do oral para a escrita, a primeira tarefa da escola deve ser a de
promover o desenvolvimento da consciência fonológica. A capacidade que a
criança tem de isolar unidades fonológicas no contínuo de fala é entendida como
expressão da sua consciência fonológica. Esta subdivide-se em três tipos:
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escolaridade: quanto mais uma dada capacidade for treinada, mais elevado será
o grau de sucesso no desempenho da tarefa. Da prática educacional, terapêutica
e científica, extrai-se recorrentemente a mesma conclusão: dificuldades na
aprendizagem da leitura e da escrita decorrem do fraco desempenho em tarefas
de avaliação da consciência fonológica. Quando atempadamente detectada,
esta situação tem solução, após submissão da criança a um programa de
intervenção incidente na reabilitação e/ou estimulação da sua consciência
fonológica (em situações complexas, há a possibilidade de recurso a intervenção
personalizada por parte de terapeutas especializados). O trabalho sobre a
consciência fonológica, realizado desde cedo e generalizado a toda a população
infantil (antes e durante a iniciação à leitura e à escrita), permitirá promover o
sucesso escolar, funcionando como medida de prevenção ao insucesso na
leitura e na escrita.
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Fonte: https://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com/2017/07/consciencia-fonologica-
o-que-e-como.html?m=0
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na escrita significa criar consciência das especificidades de
cada modo - o oral e o escrito - e das relações que estes
estabelecem entre si.
b. Discussão dos aspectos abaixo, os quais mostram que a
oralidade goza de autonomia e desempenha um papel
crucial na experiência linguística das crianças: a primazia do
oral sobre o escrito no nosso quotidiano, justificada pela
frequência mais alta de enunciados orais do que de
enunciados escritos, nas várias situações de uso da língua;
a precedência da oralidade relativamente à escrita na
história de vida da criança (nos primeiros anos de vida, a
criança adquire uma língua através do contato com a
oralidade e não com a escrita); a existência de comunidades
linguísticas que usam exclusivamente a oralidade, não
tendo desenvolvido sistemas de escrita, o que mostra a
natureza autónoma da oralidade; a escrita como registo das
propriedades do oral, estabelecendo-se entre os dois
sistemas relações de diferentes tipos.
c. Ilustração da variabilidade de formatos da palavra falado,
por oposição à natureza fixa da palavra escrita.
d. Reflexão sobre a unidade de partida para a iniciação ao
código alfabético: devemos partir do som para chegar ao
grafema ou do grafema para chegar ao som? Por ser a
oralidade o modo que é mais familiar à criança, a iniciação
à leitura e à escrita deve ter a oralidade como ponto de
partida e a escrita como ponto de chegada, segundo o
esquema:
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alfabetizado dirá que a sua língua possui 5 vogais (a, e, i, o, u), sendo esta
afirmação falsa e condicionada pelo facto de as propriedades da língua serem
tradicionalmente tratadas com base na escrita. Na verdade, o Português
apresenta 14 vogais (9 vogais orais e 5 vogais nasais):
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e finalmente, da consciência do som da fala (fonema, na tradição dos estudos
em consciência fonológica).
Fonte: https://apraxiabrasil.org/textos-sobre-afi/a-diferenca-entre-consciencia-fonologica-
consciencia-fonemica-e-fonetica/
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ao significado (Simão, 2002). Os defensores desses modelos referem que as
palavras são processadas da esquerda para a direita e armazenadas na
memória para uma posterior construção frásica (Festas, 1994). Os elementos
considerados por este modelo são os seguintes: representação icônica,
identificação de letras, passagem para o léxico mental, procura do seu
significado, registro na memória a curto prazo e passagem para a memória a
longo prazo (Rebelo, 1993). Assim, o processo da aquisição da leitura partiria de
operações perceptivas sobre os grafemas e culminaria em operações
semânticas, sendo as correspondências grafo-fonológicas a única via de acesso
ao significado (Martins,1994). Esses modelos sustentam a ideia de que a
linguagem escrita corresponde à codificação da linguagem oral, não sendo a
leitura mais do que a capacidade para traduzir mensagens escritas nas suas
equivalentes orais (Cruz, 2007). Segundo esse modelo, a leitura implica um
processo linear e hierarquizado indo de processos psicológicos primários, ou
seja, juntar letras, a processos cognitivos de ordem superior, ou seja, produção
de sentido. A linguagem escrita codifica a linguagem oral. Nesse sentido, a
leitura é percebida como a capacidade de decifrar ou de traduzir a mensagem
escrita no seu equivalente oral (Martins, 1996). Ainda à luz desse modelo, a
leitura parte da percepção das letras para as palavras e das palavras para a
frase, realçando o domínio da correspondência grafemafonema. No entanto,
esses modelos sofrem críticas como:
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fonética baseia-se no pressuposto de que, se a leitura decorresse,
sobretudo, de procedimentos de mediação fonológica, a
identificação de palavras regulares estaria facilitada relativamente
às palavras irregulares (Martins, 1996; Silva, 2003).
Ainda outra crítica apontada a esse modelo é a sua ausência de
flexibilidade, pois, afirma que existe apenas uma via de acesso ao
significado, as correspondências grafo-fonológicas, não podendo,
assim, haver por parte do leitor uma adaptação de estratégias em
função do material a ser lido. Contudo, diversos trabalhos de
investigação têm mostrado que as estratégias utilizadas durante a
leitura de diferentes tipos de textos variam (Martins, 1996; Martins
& Niza, 1998; Silva, 2003).
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considera que esse modelo seria inadequado para explicar os comportamentos
de leitores experientes. Esse modelo não esclarece como é que o leitor pode
pesquisar índices grafo-fonológicos, sintáticos e semânticos relativos a uma
palavra ou a uma sequência de letras que ainda não foram identificadas (Silva,
2003). Outra limitação relaciona-se com a importância atribuída à via visual, dado
que esta não pode ser a única via utilizada na leitura, pois, se assim fosse, ficaria
por explicar como é que os leitores conseguem ler palavras desconhecidas ou
não familiares (Cruz, 2007).
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De fato, já vários estudos mostraram a existência de uma relação preditiva
forte entre o nível de consciência fonológica da criança e o seu progresso e
sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita (Barreira, 2012). Vários estudos
correlacionais e longitudinais, realizados por vários autores, demonstram que a
consciência fonológica é uma pré-condição para o sucesso da aprendizagem da
leitura e da escrita. Está provada a existência de uma correlação significativa
entre a capacidade da criança segmentar palavras em fonemas e os seus
resultados em um teste de leitura (Barreira, 2012). Todavia, o inverso tem-se
revelado igualmente verdadeiro, ou seja, a leitura e a escrita potenciam a
manipulação explícita dos segmentos fônicos da fala. Estamos, nesse sentido,
perante uma relação causal bidirecional (Barreira, 2012).
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competências metalinguísticas, tais como a consciência fonológica e a
consciência sintática.
Esta hipótese foi diretamente testada por Rego e Bryant (1993a) através
de um estudo longitudinal com crianças inglesas. Neste estudo, foi constatado
que havia uma relação específica entre desempenho inicial em tarefas de
consciência sintática e o uso posterior do contexto na leitura de palavras que
continham dificuldades ortográficas. A consciência fonológica mostrou-se
apenas relacionada à compreensão do princípio alfabético, avaliada através de
uma análise da escrita espontânea das crianças. Portanto, Rego e Bryant
(1993a) não só produziram evidência para a hipótese de Tunmer et al. (1988),
como também, através de acompanhamento mais prolongado do mesmo grupo
de crianças, os referidos autores verificaram que tanto a consciência sintática
quanto a consciência fonológica contribuem para o progresso das crianças
inglesas em ortografia um ano mais tarde (Rego & Bryant, 1993b).
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específico sobre a compreensão do princípio alfabético e, neste sentido, torna-
se vital para o progresso na decodificação. Mas, como nem todas as
correspondências letra-som são perfeitamente fonéticas e regulares, a criança
também precisa do apoio do contexto para fazer progressos iniciais na ortografia
do inglês, havendo, portanto, uma contribuição da consciência sintática para a
decodificação, através da facilitação contextual.
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entre certas dimensões da consciência metalinguística e a aquisição de
determinadas regras ortográficas. Uma criança, por exemplo, não poderia
dominar a representação do passado dos verbos regulares do inglês se se
detivesse apenas na análise fonológica das palavras. Um certo tipo de análise
gramatical se fazia necessária para que ocorresse a compreensão da natureza
desta representação.
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sabemos, através de estudo anterior (Rego, 1995, 1996), que nem a consciência
sintática nem a consciência fonológica, foram bons preditores da decodificação
na leitura no primeiro ano de alfabetização. Num grupo de crianças com essas
características, pode-se testar com maior segurança a especificidade da relação
entre consciência sintática e aquisição de princípios ortográficos que dependem
de análises morfossintáticas e também verificar se a consciência fonológica,
embora tenha sido menos relevante no início da leitura, teria um papel importante
na aquisição de regras ortográficas que dependem de análises fonológicas mais
sutis na escrita.
Em artigo posterior, Morais (Morais, Alegria & Content, 1987) insiste sobre
as relações entre aquisição da escrita e análise segmental, considerando esta
última como uma das manifestações da consciência fonológica.
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provavelmente precedem a aprendizagem da leitura e escrita, enquanto outros
parecem ser mais um resultado dessa aprendizagem (Bryant & Bradley, 1985),
havendo também provável diferença em termos das habilidades envolvidas na
segmentação silábica e fonêmica (Morais et al., 1986; 1989; Bertelson et al.,
1989).
Estudos realizados por Carraher e Rego (1981; 1984) têm sugerido que a
base cognitiva necessária para que a criança possa perceber as palavras
enquanto sequências de sons a serem representados graficamente, estaria na
superação do realismo nominal. Esse conceito, desenvolvido por Piaget (1926),
refere-se à confusão estabelecida pela criança pequena entre significantes e
significados, com tendência a atribuir às palavras características daquilo que
elas representam, pela dificuldade em perceber o caráter convencional e
arbitrário dos nomes. A superação do pensamento realista nominal possibilitaria,
assim, a completa distinção entre significantes e significados e a consequente
compreensão das palavras enquanto signos verbais arbitrários, capazes de
serem representados graficamente, facilitando a aquisição da escrita. A pesquisa
descrita a seguir teve como objetivo estudar a relação entre consciência
fonológica e aquisição da linguagem escrita a partir de uma perspectiva
psicogenética, buscando investigar alguns aspectos evolutivos relativos a esses
conceitos, em especial a influência do realismo nominal no desenvolvimento da
consciência fonológica. A possível influência do fator sexo, bem como dos
diferentes níveis de análise fonológica da palavra (segmentação silábica e
fonêmica; percepção de rimas e aliterações) foram outros aspectos pesquisados.
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Consciência fonológica é definida como um conjunto de habilidades
explícitas e conscientes de identificar, manipular e segmentar sons da fala até o
nível dos fonemas (CUNNINGHAM, 1990; LIBERMAN et al., 1974; MORAIS,
1996). Exercitando essas habilidades, o indivíduo é capaz, por exemplo, de
formar novas palavras (pela recombinação de sons de palavras diferentes, pelo
acréscimo ou remoção de sons de uma palavra), de encontrar palavras
embutidas em outras, de realizar diferentes tipos de jogos com a sonoridade das
palavras. A evolução dessas habilidades geralmente é gradativa; tem início na
discriminação de expressões, palavras ou sílabas dentro de unidades mais
amplas de fala, progride para a discriminação de rimas, aliterações e sílabas, e
só depois é que se chega à consciência dos fonemas como unidades
independentes na fala (ALÉGRIA, LEYBAERT; MOUSTY, 1997; GONZÁLEZ;
GARCIA, 1995; LIEBERMAN et al., 1974). Essa evolução parece ser função do
nível de exigência cognitiva em cada tarefa.
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isoláveis, mais salientes e menos abstratas e para perceber as sílabas, as
crianças não ignoram a unidade natural da fala. Quanto aos fonemas, há grande
dificuldade em torná-los audíveis quando produzidos isolados, pois os
segmentos fonêmicos não parecem estar disponíveis espontaneamente.
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de consciência fonológica e a aquisição de leitura e escrita são de reciprocidade
e interdependência: a consciência fonológica facilita a aquisição de leitura e de
soletração, mas a aquisição de leitura e escrita, por sua vez, favorece o pleno
desenvolvimento e o refinamento das habilidades de consciência fonológica
(ADAMS, 1990; MORAIS; MOUSTY; KOLONSKY, 1998), especialmente a
consciência fonêmica (BURGESS; LONIGAN, 1998; HULME et al., 2005; JUEL;
GRIFFITH; GOUGH, 1986; LUNDBERG, 1998; MORAIS, 1996). Portanto, se por
um lado certo nível de consciência fonológica é requisito para aprender a ler e
soletrar, por outro, habilidades de consciência fonológica podem ser ampliadas
e refinadas pela exposição do indivíduo a palavras impressas e à aquisição de
correspondências entre grafemas e fonemas, na leitura e na escrita.
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Fonte: https://superareeducacional.com.br/carta-ao-leitor/
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o aprendiz hispano falante, esse precisa adquirir o fonema /z/não existente em
sua língua. Logo, esses aprendizes terão de criar novas categorias fonético-
fonológicas e isso pode dificultar a aprendizagem da L2. As consoantes líquidas,
por sua vez, formam uma classe especial em diversas línguas devido à sua
facilidade para combinar-se com outras consoantes e formar os chamados
encontros consonantais (GOMES, 2013). As líquidas abarcam as laterais /l, ´/,
os glides /j, w/ e os vários tipos de /r/. Essas consoantes compartilham entre si o
traço aproximante (LADEFOGED, 1975 apud BISOL, 2010), aspecto esse que
pode motivar o aparecimento de alofones, como é o caso da troca da líquida /l/
pelo glide /w/ no PB, quando essas se encontram em posição final de sílaba
(salto/sal). Consequentemente, falantes brasileiros, aprendizes de espanhol
como LE, acabam realizando /w/ no lugar de /l/ também na língua-alvo.
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REFERÊNCIAS
Bertelson, P., Gelder, B. de, Tfouni, L. V., & Morais, J. (1989). Metaphonological
abilities of adult illiterates: new evidence of heterogeneity. European Journal
of Cognitive Psychology, 1; 239-250.
25
FERNANDES, Íris; ROSADO, Sônia. O que é a Consciência Fonológica? ITAD
– Instituto de Apoio e Desenvolvimento, 2020. Disponível em:
<http://www.itad.pt/problemas-escolares/consciencia-fonologica/> Acesso em:
23/09/2020.
26
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Psychology, v. 64, p. 293-298, 1973.
27
GONZÁLEZ, J.E. J.; GARCIA, C.R.H. Effects of word linguistic properties on
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HATCHER, P.J.; HULME, C.; ELLIS, A.W. Ameliorating early reading failure
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28
LUNDBERG, I. Why is learning to read a hard task for some children?
Scandinavian Journal of Psychology, v. 39, p. 155-157, 1998.
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https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
65382006000300009&script=sci_arttext&tlng=pt> Acesso em: 23/09/2020
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