Com Tec 218
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Belém, PA
Avaliação de Cultivares de
Bananeira em Resistência à
Sigatoka-Negra em Belém, PA
A bananeira é uma das frutíferas com maior expansão Segundo Trindade et al. (2002), dentre os
econômica no Estado do Pará. Estima-se que 30 % da componentes da cadeia produtiva que têm contribuído
banana consumida no estado ainda são importados da para a baixa produtividade dos bananais, destaca-se
região Nordeste e do Estado do Tocantins. Durante o a elevada incidência de doenças, como: sigatoka-
período de 1998 a 2000, o Pará destacou-se como o amarela (Mycosphaerella musicola), sigatoka-negra
maior produtor de banana do País, porém, em virtude (Mycosphaerella fijiensis), mal-do-Panamá (Fusarium
da alta incidência de doenças nos bananais, em 2001, oxysporum f.sp cubensis) e moko ou murcha-
sofreu uma queda e passou a ocupar a terceira colocação, bacteriana (Pseudomonas solanacearum). Além disso,
com produção semelhante à da Bahia (segundo produtor o baixo nível tecnológico adotado pelos agricultores
nacional). No ano de 2004, ocupava o quinto lugar locais tem contribuído para a baixa da produtividade
entre os maiores produtores, com 537,9 mil toneladas. (MENEZES et al., 1998).
Em 2006, passou novamente à terceira colocação,
com uma produção de 551,8 mil toneladas, colhidas Apesar do desenvolvimento de cultivares resistentes
em 43.180 ha. Contudo, a produtividade no Estado a doenças, há carência de informações sobre o
do Pará ainda é considerada baixa, cerca de 12.858 comportamento agronômico e fitossanitário nas
kg/ha, quando comparada ao rendimento médio da condições edafoclimáticas em regiões produtoras
cultura nos estados de São Paulo e Santa Catarina, no Estado do Pará. Em decorrência da diversidade
com 22.355 kg/ha e 21.435 kg/ha, respectivamente climática em que as bananeiras são cultivadas, as
(IBGE, 2006).
1
Engenheira Agrônoma, Doutora em Fitotecnia, Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA.
[email protected].
2
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA.
[email protected]
3
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia – Produção Vegetal, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA.
[email protected].
4
Bolsista do CNPq, Convênio PIBIC/Embrapa Amazônia Oriental.
5
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental,
Belém, PA. [email protected]
2 Avaliação de Cultivares de Bananeira em Resistência à Sigatoka-Negra em Belém-PA
Tabela 1. Média da altura de plantas (AP), número de folhas no florescimento (NFF) e na colheita (NFC),
diâmetro do pseudocaule (DP), peso do cacho (PC), número de pencas por cacho (NPC) e número de frutos por
penca (NFP), em cultivares de bananeira no primeiro ciclo de produção, Belém, PA, 2007.
AP DP PC
Variedades NFF NFC NPC NFP
(m) (cm) (kg)
PV- 0376 2,50 cd* 14 ab 6 b 17,5 e 9,8 c 5b 12 b
BRS Prata Garantida 3,00 ab 16 a 9 a 21,5 bc 20,3 a 6b 13 b
BRS Prata Caprichosa 2,90 abc 16 a 9 a 20,3 bcd 19,8 a 6b 13 b
Pacovan Ken 3,00 ab 16 a 6 b 20,1 bcde 16,6 b 7b 13 b
Caipira 2,00 e 14 ab 7 a 18,1 de 13,8 b 7b 18 a
Thap Maeo 2,70 bcd 14 ab 8 a 20,6 bcd 21,2 a 12 a 16 a
PV- 4253 3,20 a 16 a 8 a 21,1 bc 18,1 a 7b 13 b
Tropical 2,70 bcd 14 ab 4 c 24,5 a 8,1 c 5b 15 a
Nanicão IAC – 2001 2,30 de 12 b 4 c 19,2 cde 15,7 b 8b 12 b
Preciosa 3,30 a 14 ab 5c 22,2 ab 18,7 a 7b 13 b
*Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
A cultivar Thap Maeo apresenta rusticidade de produção, As cultivares Tropical e Nanicão IAC-2001 foram as mais
adaptando-se bem em solos de baixa fertilidade, onde precoces para formação de frutos, com, respectivamente,
se pode obter produtividade em torno de 25 t. Os frutos 88 e 84 dias do florescimento à colheita do cacho (Tabela
são de tamanho semelhante aos da banana “maçã”, a 2), diferindo significativamente das demais cultivares.
altura da planta variou entre 2,7 m a 3,4 m (Figura 2). Entretanto, quando foi avaliado o rendimento médio por
Essa cultivar é recomendada pela Embrapa Mandioca hectare, a cultivar Tropical apresentou a menor média,
e Fruticultura Tropical como alternativa para o cultivo (9,0 t/ha).
comercial na região Norte, em virtude do baixo nível
tecnológico utilizado pelos agricultores locais. Vale ressaltar que, durante o primeiro ciclo de produção,
todas as cultivares testadas foram infectadas pelo fungo
A cultivar Preciosa apresentou peso do cacho com Mycosphaerella fijiensis, agente causal da sigatoka-negra.
média de 18,7 kg. Esse valor está bem abaixo As folhas apresentaram sintomas com menor ou maior
do encontrado por Fioranço e Paiva (2005), que intensidade, dependendo da cultivar. As cultivares BRS
registraram peso de cacho, com média de até 40 kg. Prata Caprichosa, BRS Prata Garantida, Caipira, Preciosa,
Pacovan Ken e Thap Maeo apresentaram sintomas da
doença nas folhas mais baixas, não chegando a afetar
a produção. As cultivares Nanicão IAC-2001 e Tropical,
tiveram praticamente todas as folhas lesionadas pela
doença, provavelmente, em decorrência da maior
sensibilidade à incidência do patógeno M. fingensis.
Dentre elas, a cultivar Tropical foi mais sensível à
sigatoka-negra, com sintomas macroscópicos a partir
da segunda e terceira folha, o que refletiu no baixo
rendimento das plantas com média de 9,0 t/ha.
Tabela 2. Número de dias do florescimento à colheita (DFC), rendimento médio (RM) e tipo de fruto de cultivares
de bananeira no primeiro ciclo de produção. Belém, PA. 2007.
DFC RM
Variedade Tipo
(dia) (t/ha)
PV - 0376 133 a* 10,9 f Prata
BRS Prata Garantida 115 b 22,5 ab Prata
BRS Prata Caprichosa 106 cd 21,9 ab Prata
Pacovan Ken 110 bc 18,4 cd Prata
Caipira 104 cd 15,3 e Maçã
Thap Maeo 100 d 23,5 a Maçã
PV - 4253 109 bc 20,1 c Prata
Tropical 88 e 9,0 f Maçã
Nanicão IAC-2001 84 e 17,4 d Cavendish
Preciosa 116 b 20,7 bc Prata
* Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade.
CORDEIRO, Z. J. M.; MATOS, A. P.; FERREIRA, D. PEREIRA; J. C. R.; GASPAROTTO, L. Contribuição para
M. V.; ABREU, K. C. L. M. Manual para identificação o reconhecimento da sigatoka-negra e da sigatoka-
e controle da sigatoka-negra da bananeira. Cruz das amarela da bananeira (Musa sp.). Manaus: Embrapa
Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Amazônia Ocidental, 2005. 11p. (Embrapa Amazônia
2005. 36 p. (Embrapa Mandioca e Fruticultura Ocidental. Circular técnica, 24).
Tropical. Documento, 153).
TRINDADE, D. R.; TABOSA, S. A.; LEITE, M. A. N.;
FIORANÇO, J. C.; PAIVA, M. C. Sigatoka-negra da POLTRONIELI, L. S.; DUARTE, M. L. R. Doenças da
bananeira. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, bananeira no Estado do Pará. Belém, PA: Embrapa
v.11, n. 2, p. 135-141, 2005. Amazônia Oriental, 2002. 8 p. (Embrapa Amazônia
Oriental. Circular técnica, 27).
Avaliação de Cultivares de Bananeira em Resistência à Sigatoka-Negra em Belém-PA 5
Literatura recomendada
MENEZES, A. J. E. A. de; GALVÃO, E. U. P. Bananeira:
recomendações para o cultivo. Belém, PA: Embrapa
Amazônia Oriental. 2004. 4 p. (Embrapa Amazônia
Oriental. Comunicado técnico, 113).
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