Aula2-Muro de Arrimo - Exemplo-01

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Estruturas de Concreto e Fundações

Estruturas Especiais
Muros de Arrimo – Exemplo-01
Prof. M.Sc. Antonio de Faria
Prof. D.Sc. Roberto Chust Carvalho

1
Muros de Arrimo – Exemplo numérico
• Projetar um muro de arrimo isolado, com fundação em
sapata, para um talude vertical de altura 4,0 m, considerando:
σsolo = 0,20 MPa
Coeficiente de atrito solo/concreto = 0,55;
Ação variável normal no terrapleno = 5,0 kN/m2
γsolo = 18,0 kN/m3 ,
φ = 300
Aço CA-50
fck = 20,0 MPa.
Pré-dimensionamento:

• Largura total da sapata:


– 0,40 H ≤ l ≤ 0,70 H, considerando H = 4,20 m, chega-se a l = 2,80 m;
• Parte externa da sapata:
– a = H/6 = 4,20/6 = 0,70 m;
– A espessura h2 da seção da parede do muro depende do valor do
momento fletor atuante;
– As espessuras h0 e as externas da sapata são adotadas com valores
mínimos de 15,0 cm;
– A espessura h1 da laje da sapata depende do momento fletor
atuante.
Pré-dimensionamento:

• Nesta fase de pré-dimensionamento é preciso verificar o tombamento e


deslizamento;
• Como não se conhecem as dimensões definitivas do muro de arrimo,
pode-se verificá-los considerando apenas as ações devidas ao peso
próprio do terreno e sobrecarga, adotando para peso específico do
terreno um valor fictício (γfictício), que leve em conta o valor do peso
específico aparente do concreto;
• Este procedimento também pode ser adotado para verificar as pressões
na fundação (sapata);
• O valor de γfictício deve esta situado entre γconcreto = 25 kN/m3 e γsolo = 18
kN/m3;
• Caso se adote γfictício = γsolo as verificações na fase de ante-projeto ficam a
favor da segurança.
Pré-dimensionamento:
• Assim, com o pré-dimensionamento chega-se a:
Verificação da estabilidade:
Verificação da estabilidade:
• Diagramas de ações:
Ações Verticais
Área γmat. Resultante MRestit.
Força z (m)
(m2) (kN/m3) (kN) (kN.m/m)
F1 2,10 x 5,0 10,50 1,750 18,375
F2 2,10 x 4,40 9,24 19,5 180,18 1,750 315,315
F3 0,70 x 0,40 0,28 19,5 5,46 0,350 1,911
Somatório 196,14 335,601

Distância da resultante do ponto A

MRestit. 335,6
d0 = = = 1,71 m
Result 196,14
Resultantes horizontais – Empuxos ativos

2  0 30 0 
ka = tg 45 −  = 0,333
 2 
Verificação da estabilidade:

q1 = ka . q = 0,333 x 5,0 = 1,7 kN/m 2


qep = ka.γsolo.H1 = 0,333.18.4 ,4 = 26,4 kN/m 2
E1 = q1.H1 = 1,7.4,4 = 7,5 kN/m 2
1 1
E2 = .qep.H1 = .26,4.4,4 = 58,1 kN/m 2
2 2
Verificação do tombamento:

Mtom, A = E1.2,2 + E2. 1,47 = 101,9 kN.m/m


Mrest, A = ∑ MF, A = 335,6 kN.m/m
Mrest, A 335,6
F.S. = = = 3,29 > 1,5
Mtomb, A 101,9
Como F.S. > 1,5, não haverá tombamento
Verificação da estabilidade:
Verificação do deslizamento:

∑F H = E1 + E2 = 7,5 + 58,1 = 65,6 kN/m

FH, restist = Fatrito = µ . ∑ Fv 2  2 0


µ = tg  .φ  = tg  .30  = 0,36
3  3 

∑F v = 0,9.[F2 + F3] + F1 = 0,9.[180,2 + 5,5] + 10,5 = 177,6 kN/m

Fatrito = µ . ∑ Fv = 0,36.177,6 = 63,9 kN/m


FAtrito 63,9
F.S. = = = 0,97 < 1,5
∑ FH 65,6
O fator de segurança não deve ser inferior à 1,5
Como o F.S. é inferior à 1,5, haverá possibilidade de deslizamento.
Verificação da estabilidade:
• Soluções:
– 1 – Criar um consolo (chave) para aumentar a superfície de
deslizamento que provoca atrito-solo;
– 2 – Inclinar a base da sapata;
– 3 – Aumentar o comprimento (1 – a) que aumentaria ΣFv.
– O coeficiente 0,9 indicado na NBR 8681 afeta as ações permanentes
favoráveis que, neste caso se não ocorrem, ficam contra a segurança;
– Numa primeira tentativa para aumentar o fator de segurança será
adotada a solução com chave na sapata.
Verificação da estabilidade:

Com esta solução, o coeficiente de atrito fica;


µ = tgφ = tg 30 0 = 0,577 Fatrito = µ . ∑ Fv = 0,577.177, 6 = 102,5 kN/m
FAtrito 102,5
F.S. = = = 1,56
∑ FH 65,6
Esta solução foi suficiente para que não ocorra deslizamento;
Caso não o fosse, teríamos que inclinar a base da sapata ou aumentar o seu comprimento;
Verificação da estabilidade:
• A verificação das pressões no solo é feita a partir do
carregamento devido às ações verticais;

N  6.e 
σ1,2 = .1 ±
A  l 
196,2  6.0,21  σ1 = 101,6 kN/m 2 < σadm = 200 kN/m 2
σ1,2 = .1 ±
2,8.1,0  2,8  σ2 = 38,5 kN/m 2 < σadm = 200 kN/m 2
Previsão da espessura da parede do muro

• Na determinação da espessura da parede do muro não deve


ser esquecido o cobrimento de 3,0 cm, pois há contato direto
com o solo;

Mbase = Mtomb = 101,9 kN ⋅ m/m


Md 1,4 ⋅10190
dmin = = = 19,95 cm
kmdlimite ⋅ bw ⋅ fcd 0,251 ⋅100 ⋅ 2,0
1,4

O valor adotado para h foi de h = 25,0 cm, com d = 21,0 cm


Dimensionamento:
• A partir das medidas verificadas no pré-dimensionamento é feita agora o
dimensionamento com as medidas definitivas;
Forma da seção do muro:

q1 = 1,7 kN/m 2
qep = 0,333.18.4 ,2 = 25,17 kN/m 2
E1 = 1,7.4,2 = 7,14 kN/m 2
1
E2 = .25,17.4,2 = 52,86 kN/m 2
2
Dimensionamento:
Determinação dos momentos fletores em relação ao ponto A:

Resultante MRestit
Força Descrição a (m) b (m) γmat. (kN/m3) z (m)
(kN) (kN.m/m)

F1 q (5,0 kN/m2) 1,85 - 9,25 1,875 17,34

F2 gpp,par 0,25 4,20 25 26,25 0,825 21,66

F3 gpp,sol 1,85 4,20 18 139,86 1,875 262,24

F4 gpp,sap 0,25 2,80 25 17,50 1,400 24,50

F5 gpp,sol 0,70 0,20 18 2,52 0,350 0,88

F6 gpp,cons 0,40 0,25 25 2,50 2,675 6,69


Somatório 197,88 333,31

MRestit. 333,41
x0 = = = 1,68 m Distância da resultante ao ponto A.
Result 197,88
1  1 
Mtomb = 7,14. .4,2 + 0,25  + 52,86. .4,2 + 0,25  = 104 kN.m/m
2  3 
Dimensionamento:
• Verificação do tombamento:
– A verificação ao tombamento deve apresentar fator de segurança
superior a 1,5;

Mrest, A 333,41 Como F.S. > 1,5, não


F.S. = = = 3,2 > 1,5 haverá tombamento
Mtomb, A 104,0
• Verificação do deslizamento:

µ = tgφ = tg30 0 = 0,577


Fatrito = µ . ∑ Fv = 0,577.197, 88 = 114,18 kN/m

FAtrito 114,18
∑ E = E1 + E2 = 60,0 kN F.S. = = = 1,90
∑ E 60,0
Como F.S. > 1,5, não haverá deslizamento
Dimensionamento:
• Verificação das pressões no solo de apoio:

N  6.e 
σ1,2 = .1 ±
A  l  σ1 = 108,53 kN/m 2 < σadm = 200 kN/m 2
197,88  6.0,25  σ2 = 32,8 kN/m 2 < σadm = 200 kN/m 2
σ1,2 = .1 ±
2,8.1,0  2,8 
Verifica-se, pois que nenhuma tensão no solo foi superior à tensão admissível.
Dimensionamento:
• Determinação dos esforços solicitantes na parede do muro de arrimo –
(ponto B);
• Os esforços atuando sobre a parede são as ações devido à sobrecarga
e ao peso de terra atuando sobre ela;

q1.y 2 1 y3
My = + .qeq.
2 6 h
q1 = 1,67 kN/m2
qep = 25,20 kN/m2
Dimensionamento:
Determinação dos momentos fletores atuantes na parede:

y (m) Mk (kN.cm/m) Md (kN.cm/m)


0 0 0
1,0 183,5 256,9
2,0 1134,0 1587,6
3,0 3451,5 4832,1
4,2 8881,7 12434,4

Cálculo do esforço cortante na parede para y = 4,2 m:

1
VB, k = 1,67.4,20 + .25,2.4,20 = 59,93 kN ≅ 60,0 kN
2
Dimensionamento:
• Determinação dos esforços solicitantes na sapata do muro de arrimo;
• As ações a considerar são o peso próprio da sapata, o peso do aterro sobre
a extremidade da sapata e a reação de apoio do solo de fundação;

108,5 − 32,8 y1 kN
= → y1 = 56,78 → σsolo, c = 89,58 2
2,80 2,10 m

108,5 − 32,8 y2 kN
= → y2 = 50,02 → σsolo, b = 82,82 2
2,80 1,85 m

q3 = 0,20.18 + 0,25.25 = 9,85 kN/m 2


q4 = 5,0 + 4,20.18 + 0,25.25 = 86,86 kN/m 2
Dimensionamento:

Momento Fletor na seção C – (tração nas fibras inferiores):


0,7 1 2 0,7
MC, k = 89,58.0,7. + .(108,5 − 89,58 ).0,7. .0,7 - 9,85.0,7. = 22,62 kN.m/m
2 2 3 2
1
VC, k = 89,58.0,7 + (108,5 − 89,58 ). .0,7 - 9,85.0,7 = 62,43 kN/m
2

Momento Fletor na seção B – (tração nas fibras superiores):


1,85 1 1 1,85
MB, k = 32,8.1,85. + .(82,82 − 32,8).1,85. .1,85 - 86,86.1,85 . - 0,25.0,4.2 5.1,725 = - 68,29 kN.m/m
2 2 3 2
Dimensionamento:
Verificação do equilíbrio dos momentos em relação ao ponto C:
M C, esq = 22,62 kN.m/m
0,25  1,85  2,1  0,25 
M C, dir = 26,25. + (86 ,86 .1,85 ). + 0, 25  - 32,8.2,1. + 0,25.0,4.2 5. 2,1 - 
2  2  2  2 
1 1
- .(89,58 - 32,8 ).2,1. .2,1 = 82,97 kN.m/m
2 3

MC, acima = Mtomb, A = 104 kN.m/m


Dimensionamento:
Diagramas de Md - Detalhamento
Dimensionamento:

Determinação das Armaduras;

Considerando:
Concreto C-20 – Aço CA-50
h = 25 cm; d = 21 cm
As,min = 0,15.25 = 3,75 cm2/m

As As,ef
Md (kN.cm/m) Kmd kx kz φ (mm) s (cm)
(cm2/m) (cm2/m)
12460 0,198 0,336 0,866 15,77 18,00 16,0 12,5
4850 0,077 0,119 0,952 5,58 9,00 16,0 25,0
1600 0,025 0,038 0,985 1,78 3,79 12,5 33,0
260 0,004 0,006 0,998 0,29 3,79 12,5 33,0
9560 0,152 0,248 0,901 11,62 12,50 12,5 10,0
3170 0,050 0,076 0,969 3,58 16,0 15,0
Detalhes das armaduras:
Detalhes das armaduras:
Adotaram-se os seguintes valores para o detalhamento das armaduras:
al = 1,5.d = 1,5.21 = 31,50 cm (laje)
lb = 44.φ = 44.16 = 70,0 cm (boa aderência)
10.φ = 16,0 cm
cobrimento = 3,0 cm
Armaduras de distribuição horizontal:
16,7
Até 1,20 m : As, distr. = = 3,34 cm 2 /m → φ 8,0 mm c/ 15,0 cm
5
5,80
1,20 à 2,20 m : As, distr. = = 1,16 cm 2 /m → φ 8,0 mm c/ 30,0 cm
5
2,20 à 4,20 m : φ 8,0 mm c/ 30,0 cm

 As
As, distr = > 0,9 cm 2 /m
Lembrar que :  5
 smáx = 33,0 cm
Detalhes das armaduras:
Armaduras construtivas do lado externo da parede:
0,1
.bw.h = 2,5 cm 2 /m → φ 8,0 mm c/ 20,0 cm Armadura vertical e horizontal
100
Verificação do esforço Cortante:
Vk = 60 kN → Parede, Ponto B
VSd = 84 kN
A resistência de projeto ao cisalhamento é dada por:

VRd1 = [τRd.k.(1,2 + 40.ρ1) + 0,15.σcp ].bw.d


fctk, inf 0,25
τRd = 0,25.fctd = 0,25. = .0,7.0,3.3 fck 2
γf γf
0,25 3 2 kN
τRd = .0,21. 20 = 0,276 MPa = 0,0276
1,4 cm 2
Detalhes das armaduras:
σcp = 0 - (não há força de compressão longitudinal na seção)

k = 1,6 - d = 1,6 - (0,25 - 0,04) = 1,39 > 1,0

Asl 18,0 cm 2
ρ1 = = = 0,00857 2
< 0,02
bw.d 100.(25,0 - 4,0) cm

VRd1 = [τRd.k.(1,2 + 40.ρ1) + 0,15.σcp ].bw.d

VRd1 = [0,0276.1,39.(1,2 + 40.0,00857 ) + 0,15.0].100.(25,0 - 4,0) = 124,29 kN

Como VSd = 84,0 kN é menor que VRd1 = 124,29 kN, não há necessidade de
armadura Transversal;
Detalhes das armaduras:
Verificação do esforço cortante atuante na sapata:

Vc,k = 62.43 kN

1,35
VB, k na sapata = (82,82 - 32,8 ). + 32,5.1,35 - 86,85.2,1 = - 77,94 kN
2
VB, k = - 77,94 kN
A resistência de projeto ao cisalhamento é dada por:
VRd1 = [τRd.k.(1,2 + 40.ρ1) + 0,15.σcp ].bw.d
fctk, inf 0,25
τRd = 0,25.fctd = 0,25. = .0,7.0,3.3 fck 2
γf γf
0,25 kN
τRd = .0,21.3 20 2 = 0,276 MPa = 0,0276
1,4 cm 2
Detalhes das armaduras:
σcp = 0 - (não há força de compressão longitudinal na seção)

k = 1,6 - d = 1,6 - (0,25 - 0,04) = 1,39 > 1,0

Asl 12,5 cm 2
ρ1 = = = 0,00595 2
< 0,02
bw.d 100.(25,0 - 4,0) cm

VRd1 = [τRd.k.(1,2 + 40.ρ1) + 0,15.σcp ].bw.d

VRd1 = [0,0276 ⋅1,39 ⋅ (1,2 + 40.0,00595) + 0,15 ⋅ 0]⋅100 ⋅ (25,0 - 4,0) = 115,85 kN
Como VSd = 109,12 kN é menor que VRd1 = 124,29 kN, não há necessidade
de armadura transversal;
Laje 02 (sapata)
Não foi feita a verificação, pois a força cortante é menor.

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