A Expressão Oral No Ensino-Aprendizagem Do Português e Do Espanhol (LE) : Uma Análise Comparativa
A Expressão Oral No Ensino-Aprendizagem Do Português e Do Espanhol (LE) : Uma Análise Comparativa
A Expressão Oral No Ensino-Aprendizagem Do Português e Do Espanhol (LE) : Uma Análise Comparativa
Artes e Letras
i
ii
Agradecimentos
iii
iv
Resumo
v
vi
Resumen
vii
viii
Índice
Dedicatória ...................................................................................................... i
Agradecimentos ............................................................................................... iii
Resumo .......................................................................................................... v
Resumen ....................................................................................................... vii
Lista de Tabelas ............................................................................................... xi
Lista de Figuras................................................................................................ xi
Lista de Anexos .............................................................................................. xiii
Lista de Siglas ou Acrónimos ...............................................................................xiv
Introdução .......................................................................................................1
Capítulo I – Conceptualização acerca da oralidade ......................................................5
1.1. Competência comunicativa oral ................................................................5
1.1.1. Competência linguística e competência comunicativa ...................................5
1.1.2. Destrezas comunicativas .......................................................................7
1.1.3. Destreza comunicativa oral ....................................................................8
1.1.4. Delimitação do conceito de expressão oral .................................................9
1.2. Características da expressão oral ................................................................ 10
1.2.1. Funções ...................................................................................... 10
1.2.2. Condições de produção ................................................................... 12
1.2.3. Fatores condicionantes ................................................................... 13
1.2.4. Traços diferenciadores ................................................................... 15
1.2.5. Modalidades e usos ........................................................................ 17
1.3. A expressão oral em contexto de sala de aula ............................................. 18
1.3.1. Evolução do paradigma ....................................................................... 18
1.3.2. Legislação e Orientações programáticas .................................................. 21
1.3.3. Distribuição de papéis sociais ............................................................... 24
1.3.4. Dificuldades e necessidades linguísticas dos alunos ..................................... 26
1.3.5. Artificialismo versus simulação do real .................................................... 29
1.3.6. Estratégias de atuação ....................................................................... 30
Capítulo II – Análise empírica acerca da oralidade .................................................... 39
2.1. Tipos de comunicação oral ........................................................................ 39
2.1.1. Aulas observadas de português .................................................................................. 39
2.1.2. Aulas lecionadas de português ................................................................................... 41
2.1.3. Aulas de espanhol ......................................................................................................... 41
2.1.4. Clube de Leitura ........................................................................................................... 43
2.1.5. Clube de Espanhol ........................................................................................................ 43
2.2. Registos formal e informal da oralidade .................................................... 44
2.2.1. Aulas de português ....................................................................................................... 44
2.2.2. Aulas de espanhol ......................................................................................................... 45
2.2.3. Clubes ............................................................................................................................. 46
2.3. Estereótipos acerca da oralidade: professores e alunos .................................. 46
2.3.1. Aulas de português ....................................................................................................... 47
2.3.2. Aulas de espanhol ......................................................................................................... 47
ix
2.4. Técnicas e tipos de exercícios ................................................................ 48
2.4.1. Aulas de português ............................................................................ 49
2.4.2. Aulas de espanhol ............................................................................. 49
2.4.3. Clubes ........................................................................................... 50
2.5. Gestão das atividades de expressão oral .................................................... 50
2.5.1. Aulas de português ........................................................................ 51
2.5.2. Aulas de espanhol ......................................................................... 52
2.6. Avaliação da competência comunicativa oral .............................................. 54
2.6.1. Aulas de português ....................................................................................................... 54
2.6.2. Aulas de espanhol ......................................................................................................... 56
2.7. Análise comparativa das aulas de português e de espanhol ............................. 58
Capítulo III – A expressão oral nas aulas de português e de espanhol .............................. 65
3.1. A expressão oral nas aulas de português ....................................................... 65
3.2. A expressão oral nas aulas de espanhol ......................................................... 76
3.3. Perspetiva comparativa ............................................................................ 89
Capítulo IV – Estágio Pedagógico .......................................................................... 91
4.1. Caracterização da Escola .......................................................................... 91
4.2. Caracterização do corpo docente ................................................................ 95
4.3. Caracterização das turmas ........................................................................ 96
4.4. Aulas supervisionadas e planificações das unidades didáticas .............................. 98
4.4.1. Aulas supervisionadas de português ........................................................ 98
4.4.2. Aulas supervisionadas de espanhol ........................................................ 101
4.5. Reflexão crítica sobre as aulas supervisionadas .............................................. 105
4.5.1. Aulas supervisionadas de português ....................................................... 105
4.5.2. Aulas supervisionadas de espanhol ........................................................ 108
4.6. Atividades desenvolvidas ao longo do ano letivo ............................................. 115
4.6.1. Clube de Leitura “Banda das Letras” ..................................................... 116
4.6.2. Colaboração no Clube de Espanhol ........................................................ 119
4.6.3. Datas comemorativas e eventos da escola ............................................... 120
4.6.4. Palestras promovidas na escola ............................................................ 123
4.6.5. Atividades de aperfeiçoamento curricular ............................................... 124
4.7. Outras atividades .................................................................................. 126
Conclusão .................................................................................................... 129
Referências Bibliográficas ................................................................................. 133
Legislação e Documentos Orientadores da Prática Pedagógica .................................... 136
Anexos ........................................................................................................ 137
x
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Diferenças entre Competência linguística e Competência comunicativa ..............7
Tabela 2 – Traços diferenciadores ........................................................................ 16
Tabela 3 – Tipos de Comunicação Oral ................................................................... 27
Tabela 4 – Tipologia de exercícios de expressão oral ................................................. 35
Tabela 5 – Técnicas de correção de erros ............................................................... 38
Tabela 6 - Número de alunos por ano de escolaridade (2015/2016) ............................... 91
Tabela 7 - Oferta educativa de nível secundário....................................................... 92
Tabela 8 - Atividades do Projeto Ser+++ ................................................................. 94
Lista de Figuras
xi
Figura 24 – Tarefa final: planta enigmática ............................................................. 83
Figura 25 – Expressão oral: motivação para o tema da ecologia .................................... 84
Figura 26 – Jogo dos conselhos “amigos” do ambiente ............................................... 85
Figura(s) 27 – Cartazes: jogo dos conselhos “amigos” do ambiente ................................ 86
Figura 28 – Tarefa final: elaboração de um folheto sobre o ambiente ............................. 87
Figura 29 – Estrutura do folheto sobre o ambiente .................................................... 87
Figura 30 - Expressão oral: canção sobre ecologia ................................................... 88
Figura (s) 31 – Instalações da ESQP ....................................................................... 92
Figura 32 - Projeto Ser +++ ................................................................................ 93
Figura 33 - Áreas disciplinares do Projeto Ser +++ ..................................................... 93
Figura 34 - Organograma do Gabinete do Diretor da ESQP ........................................... 96
Figura(s) 35 – Sessões do Clube de Leitura – Semana da Leitura ................................... 117
Figura (s) 36 – Workshop “A musicalidade na poesia” ............................................... 118
Figura 37 – Exposição do dia mundial do livro – “Árbol de las Sinestesias” ...................... 119
Figura 38 – Intercambio com escola secundária espanhola .......................................... 120
Figura (s) 39 – Pinhata do Dia da Hispanidade ......................................................... 120
Figura 40 – Dia internacional da pessoa com deficiência ............................................ 121
Figura(s) 41 – “Elos de Leitura” .......................................................................... 122
Figura 42 – Peddy-paper “Pé de Livros” ................................................................ 122
Figura 43 – Feira de troca de livros do Dia da Criança ............................................... 123
Figura(s) 44 – Palestras com escritores: Ivo Rocha e Pedro Seromeno ............................ 123
Figura (s) 45 – Palestras com escritor Sandro Junqueira e o pintor João Salcedas.............. 124
Figura 46 - Prova oral do Concurso Nacional de Leitura (fase de escola) ........................ 125
Figura(s) 47 - Visita de estudo a Lisboa e a Sintra .................................................... 125
xii
Lista de Anexos
Anexo 1 – Tabelas de avaliação da língua oral: sistema analítico e sistema sintético ......... 139
Anexo 2 – Tabela de classificação de uma prova de avaliação oral ................................ 141
Anexo 3 – Exercício de apreciação crítica oral do Manual Mensagens10.º ano................... 141
Anexo 4 - Ficha de preparação para o debate sobre “La Mejor Propuesta de Viaje” .......... 142
Anexo 5 – Ficha de Autoavaliação da expressão oral de português ................................ 143
Anexo 6 - Grelha de avaliação da expressão oral - espanhol ....................................... 144
Anexo 7- Quadro-síntese – Análise do poema “Num bairro moderno” de Cesário Verde ....... 145
Anexo 8 – Planificações da Disciplina de Português .................................................. 146
Anexo 9 – Ficha da estrutura do plano de viagens .................................................... 168
Anexo 10 – Reprodução da Planta da cidade (placard) ............................................... 170
Anexo 11 – Plantas A e B da Tarefa final ............................................................... 171
Anexo 12 – Ficha do questionário sobre os hábitos ecológicos ...................................... 173
Anexo 13 – Modelo de folheto sobre o ambiente ...................................................... 174
Anexos 14 – Planificações das aulas de espanhol ...................................................... 175
Anexo 15 – Projeto do Clube de Leitura ................................................................ 198
Anexo 16 – Cartaz/convite do Clube de Leitura ....................................................... 200
Anexo 17 – Divulgação do Clube de Leitura no Jornal da ESQP ..................................... 201
xiii
Lista de Siglas ou Acrónimos
APA’s - Medidas de Apoio ao Estudo
APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental
BE – Biblioteca Escolar
CNL – Concurso Nacional de Leitura
CRE – Centro de Recursos Educativos
CTE – Centro Tecnológico em Educação
ELE – Espanhol como Língua Estrangeira
EPS - Ensino Pré Secundário
EPU - Ensino Pré Universitário
ESQP – Escola Secundária Quinta das Palmeiras
GPI – Projeto de Guias de Percursos Interativos
IAVE – Instituto de Avaliação Educativa
MCER – Marco Común Europeo de Referencia para las Lenguas
NEE – Necessidades Educativas Especiais
PESI - Projeto de Educação para a Segurança na Internet
PIP – Projeto de Intervenção Pedagógica
PMMS - Palmeiras Mais e Melhor Saúde
PPEN – Projeto de Preparação para os Exames Nacionais
RBE – Rede de Bibliotecas Escolares
xiv
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Introdução
A oralidade foi, durante largos anos, relegada para segundo plano nos processos de
ensino-aprendizagem, por ser considerada uma competência adquirida e desenvolvida, de
uma maneira geral, fora da escola, no seio da família e dos amigos. Esta posição marginal da
expressão oral, sobretudo face à escrita, foi sendo sedimentada por uma série de crenças e
preconceitos que, ainda hoje, deixam marcas nas nossas escolas. Sem qualquer fundamento
teórico são veiculadas algumas ideias como: falar é um dom natural, não é necessário ir à
escola para aprender a falar, falar é sinónimo de indisciplina na sala de aula.
A frase que dá inicio ao artigo de Nuñez Degado (2001: 95) “Escribe cien veces, en
clase no se habla” permite-nos refletir sobre uma realidade, não muito distante, em que os
alunos não podiam falar na aula, salvo depois da autorização do professor. O castigo era
levado a cabo por escrito, porque essa era a linguagem dominante. Na escola ensinava-se a
escrever, não a falar.
Esta panorâmica só começa a mudar em épocas recentes, quando os investigadores se
começam a interessar pelo estudo científico das especificidades da comunicação oral, face à
comunicação escrita. O paradigma da comunicação-interação descobre que comunicar com as
outras pessoas é o fundamento da vida em sociedade. Contudo, da teoria à prática, os
modelos levam algum tempo ser implementados e nem sempre se adequam à realidade.
Vários investigadores (Amor 2003; Cassany et alii 2008; Monteiro et alii 2013) consideraram
que não tem havido um ensino intencional e sistemático do oral e que os instrumentos de
observação e avaliação são escassos.
Em Portugal, normativos recentes (portaria n.º 1322/2007 de 4 de outubro e a
portaria n.º 304-B/2015 de 22 de setembro) vieram recentrar o debate acerca da
competência comunicativa oral, ao decretar a obrigatoriedade da sua avaliação nas aulas de
línguas, no ensino secundário. Porém, hoje, os professores continuam a confrontar-se com a
necessidade de desenvolver os seus próprios critérios e grelhas de avaliação, uma vez que a
legislação é omissa e não existem diretivas claras por parte do Ministério da Educação neste
sentido. Por sua vez, o estado de arte sobre este assunto é restrito e encontra-se, neste
momento, ultrapassado, dado a alteração repentina dos normativos. Ainda não houve
oportunidade nem para reflexões por parte de corpo docente, nem por parte dos
investigadores da área da pedagogia.
Face ao exposto, e na medida em que a oralidade ganha cada vez maior importância
na afirmação pessoal e social dos jovens nas suas comunidades e, ainda, na sua formação de
cidadãos mais ativos e críticos, considerou-se pertinente analisar a expressão oral no ensino-
aprendizagem do português e do espanhol – LE, no âmbito deste estágio pedagógico.
A opção pelo estudo comparativo foi-nos suscitada pela perceção de que as
metodologias implementadas seriam distintas, dado estarmos perante uma língua materna e
1
uma segunda língua. Partimos do pressuposto de que o ensino do espanhol estaria mais
vocacionado para intercâmbios comunicativos informais, privilegiando a conversação e a
simulação de situações comunicativas próximas ao real. Esta coloquialidade e espontaneidade
parecem-nos, por sua vez, mais afastadas das aulas de Português, nas quais se estimulariam
intervenções orais num registo mais formal.
As orientações em termos de política educativa nacional e europeia (Instituto
Cervantes 2002; Buescu et alii 2014) denotam que a primazia é dada à formação de locutores
eficientes e críticos, tendo em conta os diferentes contextos em que operam. Assume,
particular, importância verificar como é que estas políticas e a nossas perceções se traduzem,
objetivamente, nas atividades propostas em sala de aula, assim como comprovar os processos
de avaliação da competência comunicativa oral.
A observação e análise serão levadas a cabo, quer em algumas aulas das professoras
cooperantes de português e espanhol, quer nas aulas que lecionámos na Escola Secundária
Quinta das Palmeiras (ESQP), na Covilhã. O estudo será, igualmente, enriquecido com as
experiências recolhidas no Clube de Leitura por nós proposto, na medida em que, para além
do estímulo à leitura, pretendia incentivar os jovens à partilha informal das suas opiniões
acerca dos livros lidos e à apreciação crítica dos mesmos. Esta atividade extracurricular será
alvo de particular atenção, uma vez que nela se privilegia a expressão e interação orais. As
iniciativas, deste género, desenvolvidas pelo Clube de Espanhol, serão, igualmente,
consideradas na nossa investigação. Assim, defendemos a tese de que os clubes detêm um
papel importante na preparação de jovens oradores mais espontâneos e confiantes, assim
como, contribuem para estimular regras de convivência e o inter-relacionamento entre pares.
Desta forma, o presente relatório encontra-se estruturado em quatro capítulos. O
primeiro capítulo será dedicado à conceptualização acerca da oralidade, nomeadamente à
delimitação do conceito de expressão oral numa perspetiva diacrónica; à análise das
características da expressão oral e aos fatores relacionados com a expressão oral em contexto
de sala de aula.
No segundo capítulo, faremos a análise empírica acerca da oralidade. Com base no
enquadramento teórico anterior, desenvolvemos seis indicadores que irão orientar o nosso
estudo: 1) tipos de comunicação oral; 2) registos formal e informal da oralidade; 3)
estereótipos acerca da oralidade: professores e alunos; 4) técnicas e tipos de exercícios; 5)
gestão das atividades de expressão oral; 6) avaliação da competência comunicativa oral. A
análise segmentar dos indicadores para cada disciplina, possibilitará, posteriormente, a
comparação global das práticas de ensino-aprendizagem da expressão oral da disciplina de
português (ensino secundário) e de espanhol (3.º ciclo do ensino básico).
No terceiro capítulo, abordaremos o ensino da competência oral numa perspetiva
mais reflexiva, apresentado a nossa abordagem, propostas de atuação e as técnicas
implementadas nas aulas lecionadas às turmas de português e espanhol.
O último capítulo incidirá sobre a prática pedagógica inerente ao estágio.
Procederemos à caracterização da escola, das turmas com as quais trabalhámos,
2
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
3
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Neste primeiro capítulo, não pretendemos realizar uma revisão teórica exaustiva
sobre linguística, mas apenas salientar os conceitos que se aplicam mais diretamente à nossa
reflexão acerca da expressão oral no ensino-aprendizagem de línguas. Neste sentido,
partiremos de uma abordagem mais genérica e diacrónica do conceito de competência
comunicativa oral, salientando as suas especificidades, fatores e condicionantes, para,
depois, particularizar a sua incidência em contexto de sala de aula.
5
vista linguístico e gramatical. Mais tarde, o autor (Chomsky 1980) virá a reconhecer que
alguns aspetos da atuação também são dirigidos por regras, existindo uma competência
pragmática, para além da gramatical. Na sua época, porém, o conceito de competência
linguística gera bastante controversia, sendo considerado “inadecuado”, por se tratar de “una
abstracción e idealización, que no tiene una relación directa con la capacidad y habilidad
para utilizar una o varias lenguas en la comunicación interpersonal por parte de hablantes
monolingües y plurilingües en sociedades multiculturales” (Cenaz Iragui 2004: 450).
Procurando ultrapassar esta incoerência, os investigadores posteriores sublinham o
uso da língua em contexto e o seu caráter social e cultural. O representante mais ilustre
desta nova abordagem comunicativa é Hymes (1972), que define competência comunicativa.
Este autor (Hymes 1972: 282) integra, no seu conceito de competência, “both (tacit)
knowledge and ability for use.” Os indivíduos apresentam diferenças quanto à habilidade de
usar esse conhecimento, ou seja, a forma como interpretam, diferenciam, etc. A capacidade
de aplicar as regras de uso da língua pode ser apropriada ou não, tendo em conta um
determinado contexto. Ao incorporar esta habilidade na conceção de competência
comunicativa, o investigador (Hymes 1972) atribuiu um papel relevante não, apenas, aos
fatores cognitivos, mas, também, aos psicológicos, sociolinguísticos e culturais. Dada esta
variabilidade, há uma série de aspetos que influenciam a comunicação tais como: a
motivação, as características dos interlocutores e as relações que mantêm entre si.
Dependendo das situações, os intervenientes podem, igualmente, utilizar diferentes registos
linguísticos.
A competência comunicativa e, particularmente, o conceito de “performance”, isto
é, a atuação, foram desenvolvidos por Hymes (1972: 284), desde o ponto de vista da
etnografia da comunicação e do interacionismo simbólico, destacando a inter-relação entre
códigos linguísticos verbais e não-verbais. Os seus seguidores (Canale 1983; J. Van EK 1986),
já numa ótica mais especializada, da didática das línguas, decompõem o conceito em várias
sub-competências: “gramatical, discursiva, sociolinguística, estratégica, sociocultural”
(Suárez Hernán 2013: 12).
Do mesmo modo, Cenaz Iragui (2004) ressalta que são muitos os contributos que vêm
complementar a definição de competência comunicativa. Todavia, o mais importante é
destacar as diferenças qualitativas relativamente à competência linguística, que podemos
verificar no seguinte quadro:
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Expressão oral
Expressão Compreensão
escrita oral
Compreensão
escrita
7
Entretanto, o MCEL (Instituto Cervantes 2002) ultrapassa a classificação tradicional e
inclui duas novas atividades linguísticas: a interação e a mediação. Estas mudanças procuram
dar resposta a novas necessidades criadas no âmbito da circulação de pessoas no espaço
europeu e destacar a importância da interação oral para as relações sociais em geral.
As destrezas não surgem de forma isolada nas atividades comunicativas reais. Na
maioria dos casos, elas aparecem de forma simultânea e em múltiplas combinações entre si.
Desta forma, por exemplo, podemos ouvir ou ler uma notícia e comentá-la diretamente ou
por escrito com outras pessoas e, estas, por sua vez, podem reagir e interatuar connosco. Por
esse motivo, nas aulas de línguas é importante tentar reproduzir esses cenários de inter-
relações próximos da realidade. Contudo, tendo em conta os objetivos já definidos, iremos
debruçar-nos, apenas, sobre as destrezas da língua oral e nas suas inter-relações, isto é, nos
conceitos de expressão oral, de compreensão oral e de interação oral.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
[…] se tiene en cuenta tanto aquellas situaciones comunicativas en las que el hablante
actúa sólo como tal, produciendo un discurso - por ejemplo, al pronunciar una
conferencia, cantar o dejar un mensaje en un contestador automático -, como aquellas en
las que alternativamente actúa como hablante y oyente, situaciones en las que no se
puede negar que la interacción es más acusada como sucede, por ejemplo, en una
conversación, un debate o una entrevista de trabajo.
9
Aprender a expresarse oralmente en una lengua extranjera supone poder comunicar a
un interlocutor concreto, en un momento determinado, aquello que se piensa, se
necesita, etc., de la forma más adecuada posible a las expectativas del interlocutor y de
la situación comunicativa.
Como iremos explorar mais adiante, o uso da língua por parte dos alunos, para atos
comunicativos, com um ou mais interlocutores, deve satisfazer necessidades concretas como
pedir alguma informação na rua ou solucionar algum problema. A situação comunicativa
integra o contexto e as circunstâncias em que o ato de comunicação ocorre (Pinilla Gómez
2004).
A partir do conceito de expressão oral e das suas dimensões podemos continuar a
construir o edifício teórico, através das suas principais características, nomeadamente os
tipos de comunicação oral e suas funções, os códigos linguísticos e outros traços
diferenciadores desta habilidade linguística.
1.2.1. Funções
Cada texto oral apresenta uma intencionalidade. Há sempre um propósito que norteia
um ato de fala. Cada tipo de discurso oral tem a sua finalidade ou finalidades e a partir da
sua análise podemos concluir quais são as funções da comunicação oral.
Num sentido amplo, Brown e Yule (1983: 23) definem duas funções básicas da
comunicação oral: “the primary fuction of spoken language is interactional, to establish and
mantain social relations. However, an important function of spoken language is primarly
transactional – to convey information.” Como podemos verificar pelo seguinte esquema,
ambas funções são consideradas primordiais na linguagem oral, embora a função interativa
tenha maior predominância.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Writen language
Spoken language
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mesmo, podemos distinguir entre diálogo transacional, no qual se pretende transmitir
informação real e concreta, e diálogo interativo ou interpessoal, que possibilita a troca de
ideias e opiniões (papel socializador).
Num sentido mais específico, Montserrat Vilà (2005: 1) apresenta os seguintes
propósitos da atividade oral: “hablar para gestionar la interacción social; hablar para
aprender, es decir, dialogar para negociar significados y construir conocimientos; hablar para
aprender a hablar mejor, para explicar hechos y conocimientos y para argumentar opiniones
de forma planificada.”
Desta forma, as pessoas falam para interagir umas com as outras, ou seja para gerir
os relacionamentos; falar permite aprender, através do intercâmbio comunicativo com os
outros construímos conhecimento; outro propósito do exercício da palavra é o
aperfeiçoamento; falar visa, também, a transmissão de factos e conhecimentos às outras
pessoas e, por fim, o uso da palavra serve para argumentar as nossas ideias e opiniões de
forma organizada.
Por sua vez, Cazden (1992) categoriza as funções da linguagem oral em contexto de
sala de aula. Em primeiro lugar, refere a função proposicional, que se reporta à comunicação
de informação por parte do professor para ensinar e, por parte dos alunos, para demonstrar o
que aprenderam. Em segundo, menciona a função social, que diz respeito à criação e
manutenção de relações sociais no meio escolar. Por último, a função expressiva refere-se à
expressão da identidade e da personalidade dos estudantes através da comunicação oral.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
São, pois, estas condições de produção que, segundo a autora (Amor 2003), irão
conferir ao modo oral características distintivas relativamente à linguagem escrita – que
iremos desenvolver numa rúbrica própria -, nomeadamente a dependência do contexto em
que ocorrem os enunciados orais, os recursos utilizados como fatores de coesão e, ainda, as
dificuldades de adaptação à comunicação no imediato.
As variáveis expostas concorrem para a heterogeneidade dos processos comunicativos
orais. Perante esta diversidade inerente às condições de produção do oral, devemos intervir
no sentido de incentivar contextos e recursos adequados e, sobretudo, dar algumas
ferramentas aos nossos alunos para se conseguirem adaptar em situações de interação (mas
também de transação comunicativa). Veremos, oportunamente algumas propostas, quando
abordarmos as estratégias de atuação (ponto 1.3.6).
Para atuar sobre as características da produção oral é importante conhecer uma série
de fatores que, como defende Amor (2003: 63), condicionam a comunicação oral. Os fatores
condicionantes são os seguintes:
13
El contexto de una situación comunicativa está integrado por las circunstancias
espacio-temporales y por otros factores como son el entorno social e cultural y la relación
que se establece entre los participantes – cuestiones de edad, sexo, grado de
conocimiento mutuo, interpretación de intenciones, etc.
Pinilla Gómez (2004) coincide com Amor (2003) no que respeita às circunstâncias
espácio-temporais e aos fatores socioculturais, decorrentes do contexto da situação
comunicativa, e introduz os condicionantes relativos à relação entre participantes e ao grau
de conhecimento mútuo.
Relativamente aos diferentes tipos e registos do discurso oral, Briz (2002) salienta
essa íntima relação entre o uso formal ou informal da língua oral e a situação ou contexto
comunicativo. Com efeito, não se fala da mesma maneira perante familiares e amigos ou
perante um médico numa consulta, porque estamos perante contextos são diferentes.
Na mesma linha de pensamento das autoras mencionadas (Amor 2003; Pinilla Gómez
2004), Briz (2002: 21) considera que a distinção entre formal e informal é estabelecida quer
devido à variação da situação comunicativa, quer em virtude de certas condições de produção
e receção do discurso tais como: “la relación de proximidade entre participantes, su saber y
experiencia compartidos, el grado de cotidianidad, de planificación, la finalidade de la
comunicación (interpersonal, transaccional).” Não se trata, entretanto, de um modelo rígido,
uma vez que contempla diferentes graus de formalidade e informalidade (maior ou menor
grau), assim como “modalidades intermédias entre el formal y lo coloquial.”
Estes registos intermédios podem surgir em diferentes situações ou tipos de discurso.
Uma conversa entre amigos pode evoluir para uma discussão mais séria e formal, quando
estes se desentendem e mudam a forma de tratamento, indiciando o distanciamento entre
eles. Certo tipo de discurso pode envolver ambos registos, como é o caso de uma declaração
amorosa que pode ser planificada e solene (rasgos de formalidade) mas, simultaneamente,
denotar familiaridade e saber partilhado (rasgos de informalidade).
O referido autor (Briz 2002) menciona, ainda, que estas modalidades do discurso
ganham especificidade com as características dos usurários da língua, tais como a idade, nível
sociocultural e género.
Em síntese, podemos referir que os registos estão vinculados ao tipo de discurso, aos
objetivos da comunicação e aos intervenientes na negociação da mesma.
O professor deve estar atento a estes fatores a quando da planificação das atividades
orais; conhecer bem o perfil das turmas; efetuar um diagnóstico adequado das características
dos alunos; dominar as circunstâncias da situação comunicativa, de modo a aferir as melhores
condições de produção do oral para cada caso específico. Esta não será, entretanto, uma
tarefa fácil porque “o jogo destes fatores é complexo e, por vezes, um/vários de entre eles
sobredetermina(m) os restantes” (Amor 2003: 63-64).
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Segundo denuncia Amor (2003: 64), estes lapsos de interpretação da expressão oral
acontecem porque “se analisam os fenómenos de oralidade sem cuidar primeiro de os situar
num quadro comunicativo.” Desenvolvem-se assunções muito básicas acerca do que é a
comunicação oral, reduzindo-a ao que é “dito”, “o que tem um suporte oral”, esquecendo-se
de outros fatores que estão na sua origem.
De uma maneira geral, consideramos que se seguem os padrões do texto escrito para
estabelecer se um discurso oral é correto ou incorreto. Por este motivo, são atribuídos tantos
erros e falsas conceções à expressão oral, quando, esta, na verdade, tem regras próprias.
Por isso, o quadro seguinte resume os traços distintivos entre o oral e o escrito,
constituindo-se como um contributo, que é hoje, consensual sobre a matéria (Amor, 2003:
64):
15
Tabela 2 – Traços diferenciadores
ORAL ESCRITO
Efemeridade + dependência contextual _ Permanência
_ planificação, controle +
+ manobras de reforço e correção _
_ prescrições formais, normalização +
_ distância discursiva do sujeito de +
enunciação
16
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Com base no trabalho de Martín Peris (1993: 182-184) acerca da relação entre a
comunicação oral e a escrita, destacaremos as seguintes especificidades dos intercâmbios
orais: i) a imediatez e a espontaneidade das intervenções orais, colocando os intervenientes
sob pressão psicológica face à impossibilidade de poder anular o que foi dito; ii) o predomínio
da retroalimentação (feedback) imediata, o que significa que o discurso se irá elaborando e
modificando em cooperação, de acordo com as reações dos participantes ao que os outros
dizem; iii) a entoação, a pronunciação – tendo de se contar, nas segundas línguas, com as
dificuldades de aprender um novo sistema fonético – as pausas os silêncios; iv) “la
conjugación de elementos lingüísticos, paralingüísticos y extralingüísticos que facilitan y
agilizan la transmisión de mensajes.”
No que respeita à última alínea, Pinilla Gómez esclarece que (2004: 883) “Los
elementos lingüísticos hacen referencia al proprio código verbal, como sistema estructurado
de signos, con sus niveles de análisis correspondientes – fonético-fonológico, morfológico,
sintáctico, etc.” Algumas das características da língua oral verbal, já foram previamente
assinaladas, tais como: frases incompletas ou interrompidas pelos comentários dos
interlocutores; maior facilidade para passar de um assunto a outro; uso de um vocabulário
mais reduzido, recurso ao bordão linguístico, abundância de coloquialismos e vulgarismos,
utilização de expressões idiomáticas e frases feitas, entre outras.
A mesma autora (Pinilla Gómez 2004: 884) apresenta os outros dois elementos da
seguinte forma:
Los elementos paralingüísticos tienen que ver con esa dimensión tan importante y
significativa de la comunicación oral que constituye la comunicación no verbal – no
presente en la comunicación escrita – gestos, movimientos corporales o faciales, situación
espacial y distancia entre los interlocutores, etc. Por último, los elementos
extralingüísticos se refieren a todo lo relacionado con el tema sobre lo que se habla y la
situación comunicativa, es decir, quienes son los participantes, qué relación hay entre
ellos, etcétera.
17
área da comunicação dominada pelo vetor da interação: ouvir para recolher
informação e para interagir;
área da comunicação dominada pelo vetor da expressão: usar a palavra em
termos pessoais; desbloquear e adequar a expressão;
área da comunicação dominada pela apropriação, em situação, de técnicas
específicas de formalização do discurso.
Esta divisão das áreas, por objetivos e necessidades da discência, é uma proposta de
modalidades que não se esgota em si mesma, no seu interior, mas pode sofrer delimitações.
Do mesmo modo, a investigadora (Amor 2003) reforça que a ordem, pela qual são
apresentadas, não deve ser seguida de forma rígida e linear no contexto didático. Contudo,
considera-se que as técnicas de formalização do discurso devem ser aplicadas num nível mais
avançado de trabalho, deixando antever que de um registo informal se deve ir
progressivamente para um registo mais formalizado.
Esta proposta de classificação irá ser retomada na parte das estratégias de atuação
em contexto escolar, quando abordarmos as técnicas e exercícios para desenvolver em sala
de aula.
Emília Amor (2003), tal como múltiplos autores (Brown e Yule 1983; Nuñez Delgado
2000; Pinilla Gómez 2004), ressalta a pouca atenção dada à comunicação oral ao longo dos
tempos. A linguagem oral é a primeira que se adquire e domina, de forma espontânea, e, por
isso, tem sido pouco valorizada pela escola que, por sua vez, se tem centrado,
essencialmente, na língua escrita.
Da mesma forma, Cassany et alii (2008) corroboram esta ideia, mencionando que a
função tradicional da escola tem sido ensinar a ler e escrever, ou seja, a denominada
alfabetização. A destreza oral tem sido a grande esquecida tanto no contexto escolar como
nos estudos e materiais sobre o tema. Este desinteresse prende-se com a crença bastante
difundida, até há pouco tempo, de que não faz falta ir à escola para aprender a falar, pois é
algo que se adquire, naturalmente, no contexto familiar e entre amigos.
Só, recentemente, com o advento da linguística moderna se começou a dar relevância
à componente oral e interacional da linguagem. No entanto, as suas especificidades foram
18
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
19
Segundo Briz (2002: 17), no caso das segundas línguas as mudanças epistemológicas e
metodológicas foram protagonizadas pelos “enfoques comunicativo-funcionales” e
conduziram à renovação: de objetivos, da forma de ensinar e dos materiais. O objetivo é,
pois, ir mais além da gramática, dos enunciados escritos, do padronizado, recentrando o
ensino nas variedades linguísticas (registo formal e coloquial) de acordo com o usurário e o
uso da língua em diferentes situações concretas.
No entanto, é importante precisar que a propagação dos referidos enfoques, surge,
entretanto, associada a uma orientação humanista da educação que se preocupa com o
crescimento e desenvolvimento individual do aluno e, particularmente, com a influência de
fatores cognitivos e afetivos na aprendizagem (Giovannini et alii 1996). A análise de variáveis
individuais afetivas como a ansiedade, a autoconfiança e a motivação dos alunos conduz à
preocupação em proporcionar-lhes melhores condições de aprendizagem, num clima de
diálogo e respeito mútuo na sala de aula.
Como consequência destas abordagens humanistas são promovidos planos de
aprendizagem centrados no aluno e visando a sua autonomia. Giovannini et alii (1996: 14)
esclarecem, assim, o modelo:
“Un planteamiento de este tipo requiere que tanto los objetivos del programa como
los procedimientos pedagógicos que se utilicen sean establecidos en función de los
intereses, las expectativas y las características particulares de los alumnos, lo que implica
un cierto modo de negociación entre profesor y alumnos sobre el propio proceso de
aprendizaje.”
20
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Em suma, elencámos alguns dos enfoques que têm acompanhando a forma como a
expressão oral é abordada em contexto escolar. Na parte empírica deste relatório, iremos
averiguar quais os que melhor se adequam às nossas práticas pedagógicas e em que situações.
Tendo em conta que o referido Programa não visa apenas uma preparação académica
dos estudantes, mas uma preparação para a vida, a comunicação oral assume um papel
21
importante na formação pessoal, profissional e social destes. Estamos, assim, perante a
inegável função social da comunicação oral (Cassany et alii 2008; Amor 2003; Nuñez Delgado
2000).
Como vem mencionado no Programa (Coelho et alii 2001-2002: 18) “o domínio da
oralidade é uma competência transversal que deve permitir ao aluno a sua afirmação pessoal
e a sua integração numa comunidade, ora como locutor eficaz, ora como ouvinte crítico, ora
como interlocutor, em suma, como cidadão.” Assim sendo, a escola deverá atuar em três
vertentes do domínio oral. Em primeiro lugar, para promover a afirmação pessoal, fomentam-
se “práticas de produção oral unidirecional” (aluno/ alunos e alunos/professor) para
descondicionar e desenvolver a expressão oral individual. Em segundo lugar, fomentar
momentos de interação verbal (diálogos, discussões, debates), como forma de promover a
integração na comunidade. Em terceiro lugar, como domínio transversal do currículo, permite
“fornecer ao aluno os conhecimentos instrumentais exigidos pela vida escolar (relatos,
exposições, diálogos, debates) social e profissional (entrevistas para um emprego,
conferências).”
Entretanto, o texto das Metas Curriculares de Português para o Ensino Secundário
(Buescu, Helena C. et alii 2014) parece seguir, também, a inspiração de Chomsky (1995) e
Hymes (1972) na adaptação do conceito de performance, particularmente ao elencar um
vasto leque de descritores de desempenho para os vários domínios de aprendizagem. Ao
estabelecer estes parâmetros, nota-se, pois, um esforço de objetividade na avaliação da
componente oral. No caso do 10.º ano, por exemplo, define-se que a produção oral de uma
síntese seja de três minutos e da apreciação crítica seja de quatro minutos. No domínio da
educação literária, encontra-se previsto a realização de “apresentações orais (5 a 7 minutos)
sobre obras, partes de obras ou tópicos do Programa”. Está, assim, igualmente, patente a
metodologia integradora dos vários domínios e, de modo particular, entre a leitura e da
oralidade. Ambos partilham dos mesmos objetivos de promover “as capacidades de avaliação
crítica, de exposição e de argumentação lógica” e, concretamente, ao possibilitar o treino de
apresentações formais sobre temas relevantes e debates de diferentes graus de formalidade
(Buescu, Helena C. et alii 2014: 46 e 8)1.
No entanto, tal como nos normativos anteriores, o documento (Buescu, Helena C. et
alii 2014) mantém-se omisso quanto à percentagem específica de tempos letivos para a
avaliação do domínio da oralidade. Os tempos letivos destinados à expressão oral são apenas
oito e a sua avaliação não é mencionada. O quadro de distribuição de tempos letivos, apenas,
contempla a avaliação escrita com catorze tempos.
Numa análise semelhante à de Monteiro et alii (2013), relativamente à evolução dos
programas de português do ensino básico, na qual nos baseamos, refere-se que embora seja
1
É importante, entretanto, ressalvar que o treino dos debates só está previsto para o 12.º ano e parece-
nos que, muito embora se mantenha o objetivo de promover o exercício de cidadania, de uma maneira
geral, as vertentes do domínio oral de integração na comunidade e na vida profissional, defendidas no
anterior programa, se perdem um pouco com as Metas.
22
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
23
critérios orientadores. O documento elenca, unicamente, diversas provas que podem ser
aplicadas para avaliar a expressão oral: “repetição de frases”, “leitura oral”, “questionários”,
“respostas a perguntas sobre uma série de imagens”, “formulação de enunciados relativos a
situações dadas”, “relato de acontecimentos e vivências”, “entrevista”, “debate”,
“dramatização”, “juego de papeles”, entre outras.
Os normativos são omissos relativamente à avaliação da componente oral no ensino
básico de línguas estrangeiras e, também, no ensino básico do português. A supramencionada
Portaria n.º 1322 de 2007 refere-se, apenas, à avaliação da língua estrangeira, no nível
secundário, da seguinte forma: “são obrigatórios momentos formais de avaliação da oralidade
[…] integrados no processo de ensino-aprendizagem […]: b) Na disciplina de Língua
Estrangeira a componente de oralidade tem um peso de 30 % no cálculo da classificação a
atribuir em cada momento formal de avaliação, nos termos da alínea a) do n.º 2 do artigo
14.º”.
Tal como Monteiro et alii (2013), não conseguimos perceber pelos documentos
analisados (referentes às disciplinas de português e de espanhol) qualquer menção aos
instrumentos de avaliação da competência oral: critérios de avaliação, grelhas de observação
e registo e momentos formais de avaliação.
Da política educativa às práticas em contexto escolar parece haver alguma diferença.
Desta forma, no segundo capítulo deste relatório, procuraremos verificar como é que estes
normativos se traduzem na realidade.
24
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
“Estudos realizados sobre registos de aula permitem verificar que os professores falam
três ou quatro vezes mais do que a totalidade dos alunos, e que essas falas, pelo tipo e
sequência de atos e funções que realizam, revelam de sujeitos diferentemente
posicionados.”
25
1.3.4. Dificuldades e necessidades linguísticas dos alunos
26
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Fonte: Adaptado de Cassany et alii (2008: 138-139 apud J. Badia et alii 1988).
27
Quando o aluno já se encontra numa fase mais avançada do seu crescimento, o
professor deverá fomentar atividades de natureza singular (“exposiciones, parlamentos,
intervenciones formales, etc.”) explorando contextos formais da oralidade. As necessidades
comunicativas dos jovens já são mais exigentes, uma vez que têm de ser preparados para a
futura vida académica e profissional. Ainda mais, perante uma sociedade moderna e
tecnológica, os desafios comunicativos são cada vez mais complexos (Cassany 2008: 140).
Na mesma linha de pensamento, mas salvaguardando que não de forma rígida e
linear, Amor (2003) considera que, nos níveis mais baixos de ensino, se deve apostar mais no
vetor da interação entre pares e em modalidades de expressão oral mais pessoais e
espontâneas. Na primeira situação, os alunos mais novos precisam de adquirir regras de
convivência, de aprender a ouvir o outro e a respeitá-lo para conseguir interagir e saber
relacionar-se com este. No segundo caso, procura-se estimular as capacidades de expressão,
de forma espontânea e lúdica, para desbloquear e aprender a libertar-se de vários
condicionalismos emocionais, sociais, etc. Por sua vez, nos níveis mais elevados de ensino-
aprendizagem, os estudantes necessitariam de trabalhar técnicas de formalização do discurso
(mais expositivas ou interativas), com vista ao seu ingresso na vida adulta.
Em cada um dos níveis, é importante atender às dificuldades e necessidades dos
discentes. Por isso, o professor deve seguir uma estratégia de progressividade na
implementação das atividades, ou seja, ir introduzindo exercícios mais breves e controlados
para, lentamente, implementar práticas mais complexas e abertas que concedam maior
liberdade ao aluno (Cassany et alii 2008).
De uma maneira geral, na língua materna é importante aperfeiçoar a competência
oral, pois “no se trata de enseñar a hablar desde cero”, mas de “hablar bien o hablar mejor”
(Cassany et alli 2008: 134). Por sua vez, a prática da expressão oral ganha, ainda, maior
relevância na aprendizagem de uma segunda língua porque os alunos têm de superar as
deficiências linguísticas provenientes das interferências da sua própria língua e da envolvente
sociolinguística.
Nas línguas estrangeiras, os estudantes têm necessidade de dominar as variedades de
uso para evitar mal-entendidos linguísticos, que podem comprometer a comunicação. Neste
sentido, Briz (2002) defende que se devem ensinar as variedades de uso e, sobretudo, o
espanhol coloquial, que é modalidade da linguagem oral mais autêntica, a interação
quotidiana (mas também as variedades dialetais como o espanhol de Espanha e da América).
A justificação que aponta para o ensino/aprendizagem do registo coloquial do espanhol é a
seguinte: “porque el dominio de una lengua se manifiesta también en la correcta adecuación
del uso con la situación y con el entorno comunicativo (Briz 2002: 18).” Este tipo de
conhecimento pressupõe uma evolução positiva na competência comunicativa e interpretativa
dos estudantes de ELE. O autor assinala que o falante é tanto mais culto quanto domine os
diferentes registos e seja capaz de os usar adequadamente de acordo com o contexto
comunicativo.
28
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Por sua vez, o estudo sistemático das variedades da língua estrangeira só deve ocorrer
nos graus mais avançados ou superiores do ensino. No entanto, nada impede que, em níveis
mais baixos, se estude ou reflita na sala de aula, por exemplo, “sobre algunos rasgos
morfológicos o léxicos del lenguage juvenil […]”(Briz 2002: 19).
29
“Suele decirse que deberíamos intentar cerrar la brecha que existe entre la realidad y
la clase. (Dicho de otro modo: que en el mundo de la clase no se habla como se habla en
el mundo real.) Y esto hasta cierto punto es verdad, si bien la clase tiene una realidad que
le es propia e intercambios que –en ese contexto- son perfectamente auténticos. Pero
esto no justifica aceptar comportamientos lingüísticos sin que se sea consciente de las
consecuencias que pueden tener.”
A autora (Vázquez 2000: 39) considera que se deve estabelecer um equilíbrio entre as
situações reais e o contexto de sala aula, clarificando, assim: “[…] no todo lo que sucede en
clase debe parodiar la realidad. Sin embargo, esto no significa que lo que suceda en la clase
deba distorsionar la realidad de la lengua, ni tampoco que –al observar la realidad- no
debamos modificar algunas conductas pedagógicas.”
Trabalhar com modelos reais de interação pode conduzir a meras imitações e não é
isso que se pretende. As conversas informais implicam um contexto e uma atmosfera difíceis
de recriar em aula. É importante refletir sobre o tipo de interação possível a desenvolver e as
necessárias adequações aos meios disponíveis. O recurso às novas tecnologias (formas de
comunicação à distância) e ao intercâmbio frequente com pessoas nativas pode ser uma
estratégia, bem como o laboratório de línguas antes de os alunos se confrontarem com
cenários reais.
A) Motivação
30
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
31
perfil. Se não tiverem a consciência dos passos que têm de dar, acaba por não haver evolução
no processo de ensino-aprendizagem.
B) Didática
Planificar
Planificando la expresión de esta forma, garantizamos que todos los alumnos hablen,
que realicen varios tipos de intervención (presentación, argumentos, réplicas,
conclusiones), que también haya un espacio para interpelarse libremente (4. ª fase) y que
se tengan que formular todas las ideas existentes en el aula sobre un determinado tema.
32
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Do mesmo modo, Amor (2003) também defende que se devem preparar discussões
motivadoras, acerca problemas e dilemas morais, com regras bem definidas de participação
para os intervenientes (normas de distribuição do tempo e de uso da palavra, alargar a rede
de direções e sentidos da comunicação entre os participantes).
33
2) Técnicas orientadas para a expressão pessoal e espontânea
34
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
(tal como nos textos escritos). Durante a exposição o enunciador deve estar atento aos
aspetos discursivos, ao adequado desenvolvimento do conteúdo e argumentação, bem como à
postura física, aos aspetos psicológicas e relacionais que envolvem a comunicação.
O debate é uma forma de discussão em grupo sobre um tema e regulada e orientada
por um moderador. A preparação do debate envolve a escolha de um moderador que tenha
um bom domínio do tema, o estabelecimento dos objetivos e regras de participação dos
intervenientes (o modo e o tempo de tomada de palavra, papel do moderador, possibilidade
de diálogo, interpelações, etc.). O desenvolvimento do debate começa com a apresentação
do tema pelo moderador, dos participantes e dos propósitos do mesmo, segue-se o recordar
das regras e lança-se a discussão. Depois de uma primeira ronda de intervenções de todos os
participantes, lançam-se novas questões ou aprofundam-se as anteriores. “O moderador
anima e centra o debate, elaborando pontos de situação ou sínteses parciais.” Quando se
esgotar o tema de discussão encerra-se a atividade e fazendo-se o balanço final da mesma
(Amor 2003: 80-81).
Os modelos apresentados obedecem a uma série de normas e rituais, no entanto na
sua aplicação podem surgir formas mais flexíveis. É importante, essencialmente, salvaguardar
que o debate pode assumir diferentes graus de formalidade e, no nosso estudo, esta técnica
pode revestir-se de registos e contextos mais informais.
Para além das técnicas acima mencionadas, recorreremos, sempre que necessário, ao
seguinte quadro-síntese de Cassany et alii (2008: 154), detalhando as que utilizarmos na
nossa prática pedagógica:
35
Avaliar
36
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Por outro lado, a coerência dos procedimentos de avaliação ganha relevância com os
modelos de aprendizagem centrados no aluno. Para que estes momentos de avaliação do oral
façam, realmente, sentido para os alunos é importante que constituam situações
comunicativas contextualizadas e integrada dos processos comunicativos (ler, escrever, falar,
ouvir e compreender) (Monteiro et alii 2013: 120 apud Castro 1991). A avaliação objetiva
exige um “plano de ação, previamente preparado, centrado no aluno e orientado para o
aperfeiçoamento da sua competência comunicativa oral.”
Por fim, segundo as autoras mencionadas (Monteiro et alii 2013: 121), “as grelhas de
observação e avaliação devem ser usadas como estratégias de tratamento pedagógico-
didático da expressão oral”, visto se basearem em critérios teóricos consistentes e com
adequação prática ao contexto. Acima de tudo, exige-se que sejam “instrumentos
operacionais, fiáveis e capazes de traduzir com rigor o nível de desempenho dos alunos.”
Cassany et alii (2008) apresentam dois tipos de critérios ou tabelas de avaliação: os
sistemas analíticos ou de bandas (em forma de grelha), que atribuem uma pontuação a cada
aspeto, separadamente, e a nota resulta da soma dos mesmos; os sistemas sintéticos ou
globais, que associam uma qualificação a cada nível global da língua – fluidez e correção (vide
exemplos em Anexo 1).
Os dois sistemas apresentam vantagens e desvantagens. O sistema analítico é mais
pormenorizado, porque integra todos os elementos a avaliar. Porém, é difícil decidir em que
banda enquadrar o erro, podendo, por isso, contabiliza-lo mais do que uma vez. O sistema
sintético, por sua vez, foca, sobretudo, a globalidade da expressão oral do examinado. Pode
parecer menos subjetivo, mas também apresenta critérios concretos para cada nota a
atribuir. “El mayor inconveniente de este sistema es que los errores no quedan anotados y se
hace difícil realizar un análisis o una revisión de prueba. En cambio es mucho más rápido y
ágil que la analítica” (Cassany et alii 2008: 188).
Estes instrumentos pedagógico-didáticos permitem a observação e registo dos
desempenhos dos alunos. No entanto, para além dos critérios e grelhas de avaliação não
virem consignados nos normativos e programas ou, como no caso do MCER (Instituto Cervantes
2002), serem apresentados catorze critérios (o que é bastante ambíguo), normalmente não há
unanimidade na sua seleção. Acresce, ainda, o facto de por “la propia naturaleza de la
expresión oral, como destreza productiva que es, hace que sólo pueda ser evaluada mediante
pruebas subjetivas, por lo que, a veces, surgen problemas de fiabilidad (Pinilla Gómez 2004:
894)”. Neste caso, é, pois, necessário fazer um esforço de objetivação dos critérios e de lhes
atribuir uma valoração quantitativa (vide proposta de Pinilla Gómez 2004: 895, em Anexo 2).
Estas vicissitudes têm conduzido os professores a ter de, autonomamente ou em grupo
disciplinar, selecionar critérios, atribuir-lhes um valor e elaborar as próprias grelhas.
No entanto, partilhamos da opinião de Cassany et alii (2008: 188) de que: “estas
pruebas son el sistema más fiable y completo de evaluar la capacidad expresiva de nuestros
alumnos”. Muito embora as dificuldades mencionadas, é preferível este cenário do que as
habilidades comunicativas ou os alunos não serem alvo de qualquer avaliação.
37
Corrigir
A correção das atividades orais não é tarefa fácil para os professores, porque estes
parecem estar mais habituados às provas escritas do que a trabalhar com sons e expressões.
Além disso, há pouca informação sobre metodologias de correção das intervenções e dos
textos orais dos alunos. Ciente deste problema, Cassany et alii (2008: 189-190) apresentam
algumas formas de concretizar a correção em sala de aula: “corregir sólo los errores más
importantes”; “fomentar la autocorrección y la colaboración entre compañeros”; decir los
errores, pero no corregirlos” (repetir o erro para que o aluno perceba que tem de o retificar);
“Corrección y fluidez” (o professor deve, por um lado, corrigir os erros mais flagrantes e, por
outro, comentar o ritmo, a segurança e a desenvoltura do discurso); “medir el grado de
corrección” (estar consciente dos efeitos que uma correção excessiva ou imediato possam ter
no aluno).
Pelo exposto, podemos perceber que o docente deve ser prudente na forma como
corrige e, principalmente, ter em conta as características individuais de cada aluno. Neste
sentido, os investigadores (Cassany et alii 2008: 190) expõem duas técnicas de correção de
erros que constam na tabela seguinte:
38
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Com base nas investigações de Cassany et alii (2008), Briz (2000), Amor (2003), entre
outras, desenvolvemos seis indicadores que nos vão permitir orientar a análise empírica e,
simultaneamente, comparativa das duas línguas: 1) tipos de comunicação oral; 2) registos
formal e informal da oralidade; 3) estereótipos acerca da oralidade: professores e alunos; 4)
técnicas e tipos de exercícios; 5) gestão das atividades de expressão oral; 6) avaliação da
competência comunicativa oral.
Não obstante, será importante ressalvar, na esteira de Briz (2000: 21), que devemos
ultrapassar a eventual rigidez dos modelos e classificações teóricas que seguirmos,
considerando “situaciones intermedias” se necessário, bem como saber adequá-los ao
contexto escolar em presença.
Por outro lado, estas categorizações também acabam por segmentar analiticamente a
realidade, que é una. Procuraremos ultrapassar este fracionamento no último ponto deste
capítulo, no qual procederemos à comparação global (integrando os seis indicadores) das
práticas pedagógicas do português e do espanhol.
Em primeiro lugar, é importante verificar que tipos de textos orais são implementados
nas aulas de português e de ELE, tendo em conta as necessidades de expressão dos alunos.
Seguindo a tipologia adotada por Cassany et alii (2008: 138), procuraremos
comprovar se predomina a “comunicación singular” (o emissor expõe o tema e o recetor não
tem possibilidade de responder), a “comunicación dual” (os interlocutores adotam
alternativamente os papéis de emissor e de recetor) ou a “comunicación plural” (interação de
três ou mais interlocutores). Desde um ponto de vista mais técnico, a primeira traduz
atividades “autogestionadas” (reguladas pelo enunciador) e as segundas são
“plurigestionadas” (geridas de forma colaborativa) (Cassany et alii 2008: 139).
39
escrito com a seguinte estrutura: dados de identificação do filme, breve resumo ou
introdução ao tema, opinião sobre a performance dos atores, ambientes e aspetos técnicos,
classificação atribuída em número de estrelas. No segundo período, os representantes das
mesmas turmas efetuaram apresentações orais sobre obras literárias, devendo referir os
motivos da sua escolha, as personagens preferidas, opinião geral sobre o livro e classificação
atribuída em número de estrelas. Antes das exposições orais, os alunos realizaram a
apreciação crítica integrada no manual Mensagens 10.º ano (Cameira et alii 2015: 128), sobre
os “arranjos” de casamentos no tempo de Gil Vicente e na época atual. Na nossa opinião,
esta proposta não resultou muito bem porque a abordagem ao assunto é demasiado simplista
e desinteressante. A estrutura do enunciado contém, praticamente, todos os dados da
resposta, não criando expetativa nos alunos (vide enunciado em Anexo 3). No terceiro
período, por motivos de cumprimento do programa, não se realizou o terceiro momento de
avaliação da expressão oral. Neste caso, a avaliação da expressão oral resultou da média do
primeiro e segundo períodos. Foi dada, entretanto, a oportunidade aos alunos de fazerem
melhoria de nota através de uma apresentação oral individual livre, selecionando o género
textual pretendido (obras literárias, filmes, jogos, exposições, peças de teatro, etc.).
No que respeita às turmas A e C de 11.º ano, os momentos de avaliação formal do oral
também foram de cariz singular e em autogestão. No primeiro período, foi desenvolvida uma
proposta do manual Expressões 11.º (Silva et alli 2011: 65), na qual se pediu aos alunos que
transformassem provérbios em anúncios publicitários. No 2.º período, as apresentações
individuais, quase todas com recurso ao PowerPoint, incidiram sobre temas da atualidade da
preferência dos estudantes. Foram abordadas diversas problemáticas sociais (aborto,
eutanásia, os refugiados, violência na adolescência), a vida e obra de autores, a importância
da leitura, jogos, desporto, saúde, etc. Finalmente, no terceiro período, os alunos levaram a
efeito trabalhos de grupo sobre vários episódios da obra de Eça de Queiroz, Os Maias. Este
tipo de comunicação não deixa de ser singular, uma vez que não há interação direta com os
colegas, quando muito estes podiam colocar algumas perguntas no final da exposição
efetuada pelos diferentes membros do grupo. Esta situação proporcionou, não obstante, uma
interessante interação de grupo aquando da preparação dos trabalhos para a exposição, que
podemos considerar um tipo de comunicação plural de gestão conjunta, embora não
diretamente avaliada. No mesmo período decorreu, ainda, um debate sobre a temática do
incesto. Neste âmbito, podemos falar de um tipo de comunicação plural gerida pelos próprios
alunos, tendo sido, para o efeito, destacados dois moderadores. Na medida em que esta
atividade se enquadrava na temática transversal da Educação Sexual, não foi alvo de
avaliação na componente de expressão oral, constituindo-se, meramente, como um bom
treino para desenvolver a capacidade argumentativa dos discentes.
40
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Nesta parte do trabalho vamo-nos centrar nas atividades de expressão oral que foram
alvo de avaliação formal nas turmas às quais lecionámos a disciplina de espanhol: 8.º B, 8.º C
e 9.º E.
41
No primeiro período, na sequência da unidade que sugerimos, os alunos da turma B do
8.º ano realizaram trabalhos de grupo para exporem oralmente as melhores propostas de
viagem de finalistas para o ano letivo seguinte. Numa primeira fase, centramo-nos num tipo
de comunicação singular e em autogestão. Numa segunda fase, propusemos um debate na
sequência desta, para escolher a melhor opção de viagem e, desta forma, proporcionaram-se
momentos de comunicação plural e de gestão da interação por parte dos grupos, com alguma
mediação da professora. No segundo período, a avaliação da expressão oral foi efetuada
mediante a simulação de um diálogo numa loja, envolvendo grupos de dois ou três alunos.
Esta atividade permitiu implementar os géneros de comunicação dual e plural, totalmente
gerida pelos intervenientes. Finalmente, no terceiro período, foi realizado um debate sobre o
tipo de comida preferida. Depois de ter sido preparada previamente a temática, os alunos
deveriam esgrimir argumentos para defender um tipo de dieta e posteriormente eleger a
favorita. Esta tarefa foi semelhante ao debate do primeiro período, apenas diferindo na
preparação da argumentação, que passa a ser individual e não em grupo.
A segunda turma observada, o 8.º C, no decorrer do 1.º período, realizou um debate
sobre o tema das viagens semelhante ao desenvolvido no 8.º B. Pelo facto de esta turma não
apresentar um perfil comunicativo, a dinâmica não resultou tão bem como na outra turma.
Com efeito, houve alguma dificuldade em manter a interação, verificando-se alguns silêncios
e momentos “mortos” durante a discussão. No segundo período, a turma mostrou-se mais
motivada para a apresentação oral de uma notícia, recorrendo a meios audiovisuais. Surgiram
trabalhos bastante criativos e que envolveram diálogos construídos de forma algo “artificial”
mas, que possibilitaram exercícios de comunicação dual (no caso de entrevistas) e, na maior
parte dos casos, de comunicação de natureza singular (transmissão de notícias), gerida por
grupos de dois a três participantes. Acresce ainda, neste caso, durante uma unidade
essencialmente comunicativa, por nós proposta, a realização de jogos para dar indicações na
cidade. Estas atividades permitiram veicular um tipo de comunicação dual e plural, embora
mais direcionadas, ou seja, de forma geral, geridas pela docente. No último período, repetiu-
se, também nesta turma, o debate sobre o tipo de comida preferida, mas, desta vez,
acrescentando-se um contexto, ou seja, decidir qual o tipo de comida mais adequado para o
intercâmbio escolar que iria decorrer no período seguinte, com uma escola de Badajoz.
Notou-se uma maior adesão do grupo neste último debate, denotando maior à-vontade face à
insistência nas atividades de expressão oral. Acreditamos que o facto de se tratar de uma
situação comunicativa mais concreta terá sido um auxílio importante na motivação do grupo.
Relativamente ao 9.º E, no primeiro período a expressão oral foi avaliada através de
um debate sobre a sobrevivência da espécie humana. Perante o dilema moral de ter de se
abandonar a Terra, a discussão girou em torno das habilidades profissionais necessárias para
assegurar a sobrevivência dos seres humanos noutro planeta. Mediante um tipo de
comunicação plural, os alunos tinham de assumir papéis diferentes e gerir a sua
argumentação e contra-argumentação durante a interação (gestão plural). No segundo
período, realizaram-se apresentações orais, em grupo, nas quais os participantes teriam de
42
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
O clube de leitura a “Banda das Letras” tinha como principal objetivo compartilhar
experiências e opiniões acerca das leituras realizadas num ambiente informal e descontraído.
Por conseguinte, era um espaço privilegiado para a comunicação dual e plural, gerida pelos
próprios adolescentes. Quase todos os momentos de comunicação oral foram de natureza
plural: jogos de apresentação (transmissão e resumo de informação para posterior discussão),
discussão sobre as regras do clube, eleição do nome e logotipo, partilha das emoções que o
livro transmite, resumo e debate sobre as obras lidas, “rodas de leitura” seguidas de
interpretação conjunta de cada parte do texto, inferir informação acerca da história dos
livros antes e depois da leitura, através de “book-bits” (Yopp & Yopp 2006: 18) ou pequenos
retalhos dos livros, com posterior intercâmbio de opiniões, entre outros.
O papel da professora era o de mediadora na partilha e na negociação de
conhecimentos por parte do grupo. Não obstante, tratava-se de uma mediação pouco incisiva,
uma vez que a gestão do tipo de comunicação era essencialmente colaborativa e os próprios
participantes iam assumindo, também, a mediação de algumas atividades.
Foram preparadas, também, algumas comunicações singulares, ou seja, exposições
orais, protagonizadas pelos alunos, para divulgar o clube na rádio da escola e na QTV
Palmeiras, assim como, em sessões sobre leitura com várias turmas, no âmbito da Semana da
Leitura (de 14 a 18 março de 2016).
43
acorreram semanalmente, momentos de comunicação plural, onde todos tiveram
oportunidade de interagir. Por um lado, surgem alguns exemplos deste tipo comunicação
como as conversas espontâneas sobre o quotidiano dos jovens, atividades da escola, filmes ou
livros. Por outro lado, foram desenvolvidas iniciativas mais estruturadas e planeadas como os
debates sobre dilemas morais, com distribuição de papéis sociais e role play. O Jogos de
dinâmica de grupo para apresentação dos participantes, bem como o jogo dos conselhos sobre
a dieta mediterrânea, envolveram, igualmente, um tipo de comunicação dual ou plural. Por
sua vez, as dramatizações e pequenas peças ocorreram no âmbito da comunicação singular,
na medida em os emissores transmitiam a sua mensagem, sem haver espaço para a interação.
Briz (2002: 23) define as modalidades de uso formal e coloquial através dos
“parámetros situacionales”, que, como vimos, anteriormente, ajudam a contextualizar a
situação comunicativa. Desta forma, o registo “formal oral” caracteriza-se por “[- (menor)
relación de proximidad], [- cotidianidad], [+ (mayor) grado de planificación], [+ finalidad
transaccional]…; por ejemplo, el juicio oral.” O registo “coloquial oral” engloba “[+ (mayor)
relación de proximidad], [+ saber compartido], [+ cotidianidad], [- (menor) grado de
planificación], [+ finalidad interpersonal]…; por ejemplo una conversa de amigos […].”
Aplicando este modelo, encontramos diferentes graus de formalidade/informalidade
e, como referimos, podem-se verificar modalidades intermédias entre o formal e o coloquial.
Cruzando esta classificação, com a anterior, adotada por Cassany et alii (2008),
referente aos tipos de comunicação oral, tentaremos desvendar se há diferenças significativas
entre as duas disciplinas ou não, no que concerne à expressão oral e, deste modo, se se
confirmam ou infirmam as nossas perceções iniciais.
44
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
45
2.2.3. Clubes
Diversos autores (Mendonça et alii 2003; Cassany et alii 2008) mencionam alguns
preconceitos acerca da oralidade veiculados pelo próprio corpo docente, como por exemplo:
a preferência por atividades de escrita, a falta de recursos, de formação e de experiência
para desenvolver as atividades orais ou o medo de romper o silêncio da aula. Cassany et alii
(2008: 136) menciona que muitos professores se mantêm céticos sobre o tema e quando se
decidem a implementar as novas técnicas: “puedes tener la sensación de perder el tiempo,
de no avanzar y se hace difícil controlar el ejercicio (los alumnos hablan al mismo tiempo y
gritan más de lo previsto) y de evaluarlo.”
Os alunos também podem apresentar comportamentos de “pasar el tiempo” quando
se realizam atividades de expressão oral e aproveitar para fazer mais ruído (Cassany et alii
2008: 152). Por seu turno, Amor (2003: 67) refere-se aos comportamentos expectáveis de
ambas partes: o professor fala incessantemente e o aluno “não fala, responde.” Cassany et
46
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
allí (2008), Amor (2003) e Nuñez Delgado (2001) partilham a ideia de que os estudantes se
encontram muito mal preparados para se expressarem oralmente, em público, e interagirem
com os pares e com o professor. Por outro lado, é frequente que os aprendizes apresentem
dificuldades e bloqueios de palavra generalizados.
47
a análise, a posteriori, com maior objetividade. Neste sentido, parece, pois, aproximar-se da
metodologia apresentada por Neves e Sardinha (2009).
Outro receio será o de não se conseguir envolver grande parte dos alunos na atividade
oral ou que estes não queiram participar. Tratando-se de turmas com um elevado número de
alunos, o problema é acrescido.
Por outro lado o medo da indisciplina assola quer docentes quer alunos. Os
professores porque temem perder o controlo da aula. Os estudantes que têm as matérias
preparadas temem a confusão, pululando a ideia de que há espaço para a distração da tarefa
proposta. De forma generalizada, os discentes temem intervir de forma espontânea, sem um
discurso memorizado e muito preparado, por receio de não conseguirem defender os seus
pontos de vista. Surgem, também, com alguma frequência os bloqueios, o medo de errar
perante os outros, a timidez e as dificuldades de natureza cognitiva. A perceção imediata dos
erros linguísticos e as dificuldades de pronunciação são fatores condicionantes a ter em
conta. Dada a proximidade linguística entre o português e o espanhol, o uso de uma espécie
de interlíngua, ou seja, o “portunhol” é frequente e estimulado, nos graus de ensino mais
baixos como forma de libertar o aluno da pressão do erro e de maneira a ganhar fluidez no
discurso. Porém, não se pode deixar de atuar, mediante várias estratégias de correção para
evitar a fossilização de alguns erros na comunicação oral.
É importante persistir nestas iniciativas porque, no cômputo geral, depois de
dissipadas dúvidas e medos, alunos e professores vão ganhando confiança e vão-se
construindo atividades didáticas altamente motivadoras e desafiantes.
48
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
49
atendimento numa loja, o vídeo do noticiário de insólitos e o jogo de indicações na rua,
parecem-nos tipos de técnicas de desbloqueio, embora com variações ao nível do registo de
linguagem utilizado e do tipo de comunicação.
Todas estas atividades comunicativas funcionais ou de interação social foram
antecedidas de atividades pré-comunicativas, nomeadamente de aprendizagem do léxico, das
estruturas gramaticais e dos articuladores do discurso oral necessários para cada situação
comunicativa.
2.4.3. Clubes
Perante as dificuldades e estereótipos que ainda fazem parte do meio escolar, cabe
ao professor alterar essas atitudes e fazer com que os alunos percebam a relevância do oral
na vida quotidiana e os benefícios que podem obter com este tipo de exercícios.
Para tal, uma das tarefas mais importantes do professor é a organização da atividade
oral na sala de aula. Esta tem de ser gerida de forma eficaz, para que os alunos se sintam
seguros e motivados. Cassany et alii (2008: 182) ressaltam algumas palavras-chave neste
50
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
2
Os novos manuais de português apresentam materiais bastante atuais e adequados para estimular a
componente oral: músicas alusivas ao tema, crónicas com personalidades conhecidas, cartoons e
imagens sugestivas. As propostas de exploração nem sempre são as mais adequadas, mas os professores
podem adaptá-las às finalidades pretendidas.
51
com manifestações de entusiasmo e apoio por parte dos companheiros, mas sempre num
clima de respeito, travando-se de imediato alguma tentativa de excesso, de forma amena e
subtil, recorrendo-se com frequência ao sentido de humor. Considerámos importante este
equilíbrio e procurámos, também, seguir este exemplo nas aulas que lecionámos.
Para evitar meras leituras, num dos períodos não lhes era permitido o uso do suporte
audiovisual. Face ao desconforto que, por vezes, os alunos demostravam, este
condicionalismo mostrou-se importante para irem vencendo estas dificuldades.
As exposições individuais sobre temas livres do 11.º ano foram, em geral, muito
interessantes e os alunos tiveram boas prestações, destacando-se a boa estrutura, o
conhecimento sobre o tema e a fluência das mesmas. As orientações dadas foram no sentido
da estruturação das apresentações e da sua distribuição por diversas aulas (de forma
semelhante à metodologia usada no 10.º ano).
A gestão e a monotorização dos trabalhos de grupo tornaram-se um pouco mais
complexas, uma vez que foi necessário gerir uma série de imprevistos provenientes do
incumprimento de algumas instruções dadas: o envio prévio dos PowerPoint, a comparência
de todos os membros do grupo, a organização e teste dos suportes digitais com os trabalhos,
entre outros. A gestão de comportamentos também teve de ser mais incisiva, uma vez que os
alunos tendem a dispersar-se mais, principalmente quando estão sentados em grupo.
Quanto à metodologia de avaliação, no final das apresentações, cada grupo preenchia
uma ficha de autoavaliação e uma de heteroavaliação do desempenho dos restantes grupos,
salientando os aspetos positivos e as falhas a corrigir. Depois da apresentação do quadro dos
resultados (de forma anónima), notou-se, nalguns casos, uma ligeira competitividade e reação
negativa às apreciações dos colegas. No entanto, esta acabou por ser salutar, porque os
grupos esforçaram-se mais nos trabalhos seguintes.
Apostou-se sempre mais numa forma de correção diferida das falhas do discurso oral
dos alunos, nomeadamente relativas ao tipo de linguagem mais adequado ao contexto de sala
de aula e à postura dos alunos nas apresentações (nervosismo, rigidez corporal, voz pouco
audível, postura pouco séria, leitura do discurso), mas, também, ao não cumprimento de
alguns objetivos do desenvolvimento temático (dar opiniões pessoais devidamente
fundamentadas dos filmes ou obras em apreciação; fazer apresentações superficiais dos
temas a abordar). Por vezes, antes das atividades ou quando se davam as instruções para a
realização das mesmas, alertava-se, de forma genérica, para alguns dos erros a evitar,
sobretudo no que se refere ao uso de um código linguístico adequado à situação comunicativa
e à postura descontraída. Esta estratégia de atuação revela que já se haviam diagnosticado
alguns dos problemas e que se procura prevenir o erro.
Nas aulas de espanhol (LE) observámos que a dinâmica é constante e o professor tem
de ser um animador e um gestor muito atento ao ritmo da aula, sobretudo quando aplicamos
52
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
jogos e atividades que integram várias destrezas em simultâneo. Tudo isto conjugado com a
questão do equilíbrio entre, o necessário, clima descontraído e a participação ordenada dos
alunos. Por isso, a meticulosa preparação das atividades é fundamental, bem como a
capacidade de antecipação e adaptação por parte do docente às situações imprevistas.
A aplicação do “enfoque por tareas” (Martìn Peris 1993: 184) no qual toda a unidade
deve convergir na realização de uma tarefa final, exige uma boa organização e integração de
atividades pré-comunicativas e comunicativas, bem como uma adequada conjugação das
destrezas de acordo com o tipo de comunicação e a situação comunicativa que se pretende
criar. Como o manual adotado não dava resposta a esta metodologia, fomos incentivados a
desenvolver as nossas unidades didáticas de raiz e a construir os nossos próprios materiais.
Desta forma, a preparação de materiais é bastante trabalhosa e pormenorizada: PowerPoint,
jogos de “tarjetas”, cartazes, vídeos, canções, imagens, etc. Todos estes suportes tinham de
ser devidamente trabalhados de acordo com as técnicas e estratégia a implementar.
As instruções para as atividades de comunicação oral, tal como para as outras
atividades em geral têm de ser muito claras e precisas. Neste sentido, observámos que a
estratégia mais eficaz foi a de transmitir oralmente as instruções e, simultaneamente
projetá-las por escrito ou escrevê-la no quadro, para que a informação permanecesse
disponível no decorrer da atividade.
Basear a avaliação da expressão oral apenas nas exposições e apresentações sobre
determinados temas acaba por ser, no nosso entender, redutor e artificial, porque não
observamos a fluência linguística num contexto de comunicação real ou próximo do real. Por
isso, à luz do paradigma comunicativo-interativo, vamo-nos centrar na gestão das atividades
de interação oral, que foram as técnicas preferencialmente utilizadas nos momentos de
avaliação formal.
Assim, a gestão do debate é um dos maiores desafios, sobretudo quando temos turmas
grandes. Em primeiro lugar, atribui-se um guião de preparação do debate com as funções que
os alunos iriam desempenhar, os assuntos a abordar e onde podiam anotar os tópicos dos
argumentos a defender: aspetos interessantes e desinteressantes das propostas (vide guião do
debate em Anexo 4). Antes do debate, são facultadas à turma as normas comportamentais do
debate e os articuladores do discurso necessários para opinar, tomar a palavra, apresentar
propostas e justificar as opções. A disponibilização aos discentes dos critérios de avaliação da
atividade é, igualmente, importante para terem alguma orientação para os resultados
pretendidos.
A preparação do espaço físico é bastante importante nas atividades comunicativas.
Neste sentido, a disposição das cadeiras em “U”, nas salas de aula, pareceu-nos ser a
estratégia mais bem-sucedida, uma vez que os alunos se encontravam todos visualmente
envolvidos no debate. De uma maneira geral, os alunos demostraram entusiasmo por se
poderem movimentar e alterar a rotina da aula.
Um planeamento e gestão eficaz passam pelo disgnóstico das dificuldades e do perfil
dos alunos e das turmas, de modo a adequar as estratégias às necessidades dos alunos. Desta
53
forma, em turmas extensas ou bastante heterogéneas em termos de participação (por
exemplo no 8.º A, B e E), a professora cooperante optou por, faseadamente, retirar do debate
os alunos mais interventivos, atribuindo, a alguns destes, o papel de moderador ou de
ajudante na tomada de notas para avaliar as participações. Com esta estratégia, os mais
tímidos ou com mais dificuldades iam ganhando confiança e melhorando a sua atuação no
debate. Neste tipo de iniciativa, no 3.º ciclo, o professor deverá assegurar a moderação ou
quando a atribui a um ou dois alunos, com maior maturidade, tem de se manter, sempre, na
retaguarda, garantindo o acompanhamento da atividade.
Outra alternativa seria a planificação da interação segundo a proposta de Badia y Vilà
(1993) ou de Amor (2003), já apresentadas previamente. Assim, por exemplo, a introdução de
rondas (com tempos pré-definidos) para discutir cada proposta de viagem, protótipo de robot
ou comida preferida, na qual todos os alunos tivessem de falar, poderia solucionar alguns
problemas quer da gestão de intervenções, quer da centralização das discussões apenas
nalgumas propostas.
Quanto às modalidades de correção do erro, no âmbito das atividades de interação a
correção diferida é a mais adequada, uma vez que não se deve interromper ou inibir a troca
de argumentos dos alunos, nem cortar a fluidez discursiva. A docente vai apontando os erros
e depois transmite-os, de forma genérica, no final das intervenções, procurando
contextualizá-los através de um exemplo elucidativo e, por fim, anotando no quadro as
formas corretas. É tolerado o uso do “portunhol” e são salientados, essencialmente, os erros
mais importantes tendo em conta o vocabulário e as estruturas apreendidas. Durante as
interações orais há espaço para a auto e heterocorreção. A correção imediata acontece
somente em situações de erros mais flagrantes e recorre-se à técnica da repetição para o
próprio aluno se autocorrigir.
54
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Contrato de Autonomia da ESQP que, entre outros objetivos, visa aproximar as classificações
internas dos alunos à classificação dos exames nacionais. Regista-se, pois, um desfasamento
entre a classificação interna que inclui a avaliação da oralidade e as atitudes e a nota dos
exames que apenas se centra na componente escrita. As incongruências verificam-se,
também, relativamente à falta de grelhas de avaliação da oralidade por parte do Ministério
da Educação. Os professores acabam por escolher ou adaptar as grelhas apresentadas pelos
manuais das diversas editoras.
Quanto ao tipo de provas da expressão oral de português, como já referimos incidiram
nas técnicas orientadas para a participação formal controlada: apreciações críticas de livros e
filmes, exposições orais de trabalhos individuais e em grupo sobre diversas temáticas. Foram
propostas algumas técnicas tendentes à participação informal e espontânea, tais como
pequenos debates exploratórios, preguntas abertas à participação espontânea da turma,
exploração oral de imagens, provérbios, construção de rimas. Estas atividades foram
consideradas no âmbito da participação oral contínua. Não foram alvo de avaliação
quantitativa, mas foram sendo efetuados alguns registos que poderiam servir para solucionar
alguns casos de dúvida nas notas finais.
Após a realização dos momentos de avaliação da expressão oral, os alunos preenchem
uma ficha de autoavaliação com os mesmos parâmetros da grelha de avaliação da docente
disciplina (vide ficha de autoavaliação em Anexo 5). Entretanto, a ficha de autoavaliação
apresenta os parâmetros de avaliação sob a forma do comportamento desejado ou metas a
atingir. Desta forma, os alunos têm consciência dos parâmetros pelos quais são avaliados e os
desempenhos pretendidos podendo, assim, valorizar as suas capacidades e refletir sobre os
aspetos a melhorar.
A grelha de avaliação é composta por cinco critérios: o desenvolvimento temático
(30%); o código paralinguístico (20%); o código cinésico (20%); o código linguístico (25%) e o
tempo (5%). O primeiro critério integra o desenvolvimento do tema, a organização e
articulação das ideais. O código paralinguístico diz respeito à dicção e entoação, tom de voz e
ritmo do discurso. O código cinésico refere-se à linguagem corporal, ou seja, a postura, os
contactos visuais, a linguagem gestual expressiva. O código linguístico engloba o vocabulário,
o registo de língua e as estruturas linguísticas.
Se estabelecermos um paralelo com a classificação dos domínios de avaliação oral de
Monteiro et alii (2013), podemos considerar que a comunicação verbal engloba o
desenvolvimento temático e o código linguístico, a comunicação paraverbal é similar ao
código paralinguístico e a comunicação não-verbal coincide com o código cinésico.
Estamos perante um tipo de tabela de avaliação analítica, que pormenoriza os
elementos de avaliação, mas o facto de apresentar apenas 5 critérios, confere, em nosso
entender, uma maior agilização a este sistema de avaliação.
Quanto à valoração podemos considerar que o maior peso recai na comunicação
verbal (desenvolvimento do tema e código linguístico) (55%), a comunicação paraverbal e
não-verbal ou cinésica absorvem 40% do total e o respeito pelo tempo da exposição oral
55
apresenta um valor residual (5%), que não é valorizado, na medida em que é atribuído a todos
os alunos3. De salientar que o peso concedido ao código cinésico (20%) acaba por ser bastante
penalizador para os alunos que apresentam sinais de insegurança e nervosismo. Se
compararmos estes valores com os constantes na investigação de Monteiro et alii (2013),
verificamos que o peso atribuído à comunicação não-verbal é menor (10%).
3
Contrariamente à importância que atribuído ao temo das apresentações orais na Metas Curriculares
(Buescu, Helena C. et alii 2014), os professores parecem não considera-lo relevante para efeitos de
avaliação dos alunos.
56
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
57
2.7. Análise comparativa das aulas de português e de espanhol
58
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
59
Uma gestão adequada das atividades de expressão oral é fundamental para motivar os
alunos e combater os preconceitos acerca da oralidade. Por esse motivo, a preparação de
materiais foi bastante meticulosa nas duas disciplinas. No entanto, na língua estrangeira o
trabalho foi, ainda, mais árduo e pormenorizado, porque envolveu a criação de unidades
didáticas de raiz. No caso do português, seguimos a estrutura e grande parte das atividades
do manual, enriquecendo-as com os nossos contributos e adequando-as aos nossos objetivos e
ao perfil das turmas. Em ambos os casos, se procurou utilizar materiais diversificados
(multimodais) apelativos para os alunos, no sentido de se gerarem discussões e momentos de
expressão oral sobre temas atuais, interessantes e úteis. No ensino do espanhol, utilizam-se,
mais, as metodologias ativas, sobretudo, a partir de jogos lúdico-pedagógicos que possibilitam
que o aluno faça as próprias aprendizagens em termos comunicativos. Estamos, entretanto,
perante faixas etárias e níveis de ensino diferentes, bem como a aprendizagem de uma língua
materna e de uma língua estrangeira por isso, as atividades e materiais têm de estar
ajustados a essa realidade.
No ensino das duas línguas procura-se o equilíbrio entre o contexto de sala de aula e a
realidade exterior, ou seja, tem de se conjugar a esfera da aprendizagem da língua, com a
esfera do seu uso concreto. No entanto, no caso da aprendizagem da língua estrangeira há
uma maior preocupação com a aproximação ou imersão na nova realidade, para poder
compreender as especificidades sociolinguísticas e culturais desta e, em última instância,
conseguir comunicar nessa língua. Neste sentido, no espanhol procurou-se criar situações
comunicativas orais próximas ao real para que os alunos pudessem treinar diferentes
contextos e registos e até se proporcionaram intercâmbios comunicativos autênticos, com
alunos de escolas espanholas, e através de uma visita de estudo a Madrid. Pelos dados da
nossa análise, podemos concluir que no ensino do espanhol se recorre mais a simulações do
real e role play do que no português, verificando-se, também, uma maior variabilidade no uso
dos registos de língua. Os alunos assumem diferentes posturas e tratamentos de acordo com o
contexto da situação comunicativa. Como defende Amor (2003), a fuga ao artificialismo,
também, passa por gerar mais momentos de interação na aula, uma vez que a língua serve
para comunicar com os outros, o que é algo que acontece, essencialmente, de forma
espontânea e imediata. Esta componente da interação é muito importante para preparar os
alunos para a integração social e para o domínio da competência comunicativa oral e, como
pudemos observar, esta, é mais trabalhada no espanhol do que no português. Por fim, o uso la
língua de forma útil, para realizar ações concretas, também é mais exercitado na língua
estrangeira do que na língua materna.
No português trabalham-se sobretudo técnicas de discurso mais formalizadas e
controladas, que segundo as finalidades programáticas, terão como objetivo preparar
estudantes, futuros profissionais e cidadãos ativos. Não obstante, parecem esquecer a
proficiência para realizarem reuniões espontâneas de trabalho ou comunicações pertinentes
no seu futuro quotidiano, apropriadas aos diferentes contextos de vida. Como menciona
Cazden (1992: 143) em sociedades cada vez mais plurais “el equipo y el comité están en la
60
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
orden del día en la vida de los adultos.” Com efeito, as orientações programáticas da
disciplina de português acabam por ser condicionantes, no entanto, os professores vão
fazendo a diferença, no seu dia-a-dia, com recurso ao trabalho de grupo, a discussões
exploratórias ou pequenos debates sobre temáticas da atualidade.
Por outro lado, os manuais apresentam, cada vez mais, materiais que permitem
estabelecer a conexão entre as obras literárias e a realidade atual, particularmente com
assuntos e personalidades do interesse dos jovens, músicas, recursos multimédia, etc.
Por seu turno, os manuais de espanhol embora apresentem alguns materiais
apelativos e extraídos da realidade, não formam um todo coeso, que nos permita aplicar a
metodologia do “enfoque por tareas”, ou seja que nos permita trabalhar as habilidades
comunicativas de forma integrada e orientadas para uma tarefa comunicativa final.
No que concerne à orientação dos trabalhos dos alunos, em ambos os casos são dadas
instruções prévias para a realização das atividades, recorrendo-se ao registo escrito para
além de ser explicadas oralmente. No português, recorre-se por vezes a apresentação de
modelos e exercita-se a aplicação dos mesmos antes da realização das atividades de
apreciação crítica. No caso das apresentações individuais e em grupo, de diversos temas,
facultam-se alguns tópicos orientadores ou a estrutura do trabalho. Nalguns casos, também,
se indicam os conectores discursivos que se podem utilizar. No espanhol, paralelamente à
apresentação das instruções, são relembrados alguns conetores discursivos, vocabulário e
estruturas gramaticais, previamente, trabalhados em exercícios pré-comunicativos.
Comparativamente com o português há uma maior preocupação com o código linguístico, uma
vez que estamos perante alunos de nível inicial ou intermédio de aprendizagem da língua.
Na monotorização das atividades orais, os professores têm de ouvir, observar e fazer
as suas anotações e registos de avaliação. Além disso, ainda têm de gerir comportamentos,
porque, sobretudo, nos trabalhos em grupo, os alunos que assistem às prestações dos colegas
nem sempre estão atentos e podem perturbar o normal funcionamento das atividades. Neste
ponto, não há grandes divergências nas duas disciplinas, exceto nas simulações de espanhol e
nos jogos comunicativos que implicam maior movimentação dos alunos na sala, tendo que se
gerir o espaço e ir orientando e animando constantemente os alunos para se manter um certo
ritmo nas atividades. A monotorização do debate é uma das tarefas mais difíceis. Assim
sendo, o professor tem de estabelecer um bom plano-guia para poder ultrapassar alguns
receios e lidar melhor com os imprevistos. Como na disciplina de português, os casos pontuais
que desenvolvemos não se constituíam com momentos formais de avaliação, as posturas
foram diferentes, ficámos mais libertos para gerir e animar a discussão, uma vez que não
tivemos que efetuar registos de avaliação. Na disciplina de espanhol, foram realizados vários
debates com características diferentes, uns mais estruturados que outros, mas, em geral, com
um registo informal, dentro do expectável para uma sala de aula. A professora assegurava
uma mediação não muito incisiva, para que os alunos tomassem a iniciativa e a discussão
decorresse com mais espontaneidade. A disposição do espaço físico (mesas em “U”, utilização
61
de sala de estudo ao ar livre) e a contextualização do debate são fatores importantes na
motivação e eficácia desta técnica pedagógica.
Na disciplina de espanhol é nítida a orientação comunicativa interativa, centrada no
aluno que, como comprovámos, está bem explicita no programa de espanhol do 3.º ciclo do
ensino básico. Para além da aposta nas técnicas orientadas para a uma interação mais
espontânea e informal, salienta-se a preocupação em adequar as estratégias às necessidades
de expressão dos alunos, como se atesta pela revisão efetuada à organização do debate, de
modo a permitir que os alunos com maiores dificuldades expressivas tivessem oportunidade
de intervir mais.
No ensino do português, não será tão claro a orientação para o paradigma
comunicativo, principalmente com a entrada em vigor das Metas Curriculares (Buescu, Helena
C. et alii 2014: 15), nas quais se associa o domínio da oralidade ao paradigma da
“complexidade crescente” das capacidades de interpretar, de expor e de argumentar. Nota-
se, pois, uma preocupação com a progressão da performance oral, visando a preparação dos
jovens ao nível académico e profissional e para o exercício da cidadania. Não verificamos,
entretanto, qualquer referência à dimensão de relacionamento e integração na comunidade,
através da prática da interação oral, que constava no anterior programa de português do
ensino secundário (Coelho et alii 2001-2002).
Quanto à metodologia de avaliação, tanto no português como no espanhol se promove
a autoavaliação e heteroavaliação do desempenho dos discentes nas atividades de expressão
oral. As fichas de autoavaliação dos alunos apresentam os mesmos critérios das grelhas de
avaliação dos professores. Esta forma de atuar não só confere maior fiabilidade e
credibilidade ao método, como permite uma maior responsabilização do aluno, ao envolve-lo
no seu próprio processo de avaliação.
Em ambas as situações de ensino-aprendizagem se opta por modalidades de correção
do erro diferidas, essencialmente, para não inibir o aluno ou cortar a fluidez discursiva.
Tendo em conta que estamos perante fases diferentes de aprendizagem, no espanhol,
destacam-se os erros linguísticos e, no português, as falhas na postura e da fluidez do
discurso.
Um normativo recente veio atribuir o caráter de obrigatoriedade à avaliação da
componente oral no ensino do português de nível secundário. A ESQP decidiu-se por uma
ponderação de 10% para a compreensão oral e 10% para a expressão oral. Na língua
estrangeira optou-se exatamente pela mesma valoração, mas sem existirem diretrizes legais
nesse sentido. A legislação e os programas curriculares das duas disciplinas têm sido omissos,
quer na definição de critérios objetivos, quer na apresentação de instrumentos de avaliação
válidos e eficazes. Face ao exposto, os docentes vêm-se obrigados a desenvolver as suas
próprias gelhas de avaliação. No caso do português, os “tópicos de conteúdo” do domínio da
expressão oral, constantes na Metas Curriculares (Buescu, Helena C. et alii 2014: 12) servem
de orientação para a elaboração dos critérios, bem como os manuais da disciplina. No caso do
62
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
espanhol, adaptaram-se alguns critérios indicados pelo MCER (Instituto Cervantes 2002) e os
critérios constantes nos guiões dos modelos de exame do IAVE.
Depois de agregarmos os parâmetros de avaliação das duas áreas curriculares,
segundo a classificação de Monteiro et alii (2013), chegámos às seguintes resultados acerca
da avaliação da expressão oral: a comunicação verbal detém o maior peso em ambos casos,
mas com maior destaque para a disciplina de espanhol (55% para o português e 75% para o
espanhol); a comunicação para-verbal apresenta o mesmo valor nas disciplinas de português e
espanhol (20%) e o código cinésico ou comunicação não-verbal tem o mesmo peso que a
comunicação para-verbal, no caso do português (20%), no entanto, no espanhol, apresenta um
valor residual de apenas 5%.
Em conclusão, na língua materna, as áreas da comunicação para-verbal e não-verbal,
juntas, têm quase tanto peso como a comunicação verbal, na avaliação da performance
comunicativa dos alunos. Nesta fase mais avançada da aprendizagem, as expetativas e
exigências parecem recair mais nas atitudes e postura, na entoação e ritmo do discurso, do
que propriamente na componente verbal (que se pressupõe já estar adquirida). Esta opção
parece-nos algo contraditória porque são apresentados modelos de géneros textuais que os
alunos têm de aprender a aplicar, mas não se trabalha o descondicionamento da expressão
oral relativamente aos fatores psicológicos ou mesmo paralinguísticos e, no entanto,
verificamos que neles residem algumas das maiores dificuldades dos alunos. Compreende-se,
entretanto, que esta seja uma tarefa de muito difícil execução para os professores, na
medida em que dispõem de pouco tempo (8 tempos letivos no 10.º ano e 10 tempos letivos no
11.º), ao longo do ano letivo, para trabalhar a expressão oral, que na prática é usado para a
avaliação da mesma e tem de ser muito bem gerido.
No espanhol (LE) atribui-se um maior peso à comunicação verbal e com destaque para
a correção léxica e gramatical. Portanto, no desejável equilíbrio que deve existir, na
perspetiva de Cassany et alii (2008), entre a correção e fluidez, a primeira tem alguma
vantagem sobre a segunda, o que não deixa de ser normal nas fases iniciais em que aprendem
as estruturas linguísticas. A postura corporal detém um menor peso, o que impede que se
penalize, em demasia, os alunos mais inseguros e inibidos.
No nosso entender, os critérios de avaliação e a sua ponderação deveriam ser
devidamente concertados com os objetivos e as estratégias de aprendizagem destas áreas
disciplinares, tendo em conta, essencialmente, as necessidades dos alunos. Estes
instrumentos de avaliação deveriam merecer uma maior atenção por parte dos normativos e
programas curriculares, uma vez que condicionam bastante a classificação dos alunos e os
seus desempenhos.
63
64
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
De uma maneira geral, envidámos esforços para que a expressão oral fosse uma
constante nas aulas de português, procurando incessantemente suscitar a participação e o
envolvimento dos alunos nas práticas pedagógicas.
Sánchez-Cano et alii (2009) referem que o estilo interativo está relacionado com a
maneira de exercer a função docente no dia-a-dia e com a reflexão sobre as circunstâncias
que trazem mais benefícios à construção das aprendizagens. O mais importante não é a
natureza da atividade, mas, antes, a interação que se cria através desta. Qualquer situação
pode ser tão comunicativa quanto nós pretendamos. Não será suficiente falar ou fazer falar os
alunos, é necessário incorporar o estilo interativo de ensino.
O estilo interativo depende, pois, da forma como o docente conduz o diálogo com os
alunos, nomeadamente na forma como expande a conversa a cada enunciado, colocando
perguntas abertas em vez de fechadas, aproveitando as respostas dos alunos para enriquecer
o debate, respeitando os seus pontos de vista e relançando a discussão a partir destes. De
acordo com estes passos, estamos a ensinar os alunos a participar numa conversação aberta.
Foi desta forma interativa, que durante a primeira aula do 10.º B (unidade 3 – Gil
Vicente), conduzimos um debate espontâneo sobre a atualidade da obra vicentina, a Farsa de
Inês Pereira. Para possibilitar a interação reunimos algumas condições prévias.
Em primeiro lugar, a visualização do vídeo da peça possibilitou que existisse um saber
compartilhado pelo grupo.
Em segundo lugar, partimos da leitura de excertos da rúbrica “mensagens cruzadas”
do manual Mensagens 10.º ano (Cameira et alii 2015: 108-109) que apresentava a opinião de
algumas figuras públicas acerca da mensagem atual da obra de Gil Vicente.
Em terceiro lugar, apresentámos os eixos orientadores da argumentação e normas de
conduta do debate, como podemos verificar pelo diapositivo seguinte.
65
Figura 3 – Normas do debate sobre a atualidade da Farsa de Inês Pereira
Adultério
Estereotipo Conflito de
do homem gerações
ideal
Mundo de Libertação
aparências da mulher
Atualidade
da obra
Casamentos
Campo vs de
cidade conveniência
Abusos Agências
por parte de
de padres Carrascos matrimónio
domésticos
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
As várias propostas foram gerando alguma reflexão crítica acerca dos provérbios por
parte dos alunos, discutindo entre si quais os que consideravam mais adequados e menos
adequados para transmitir a mensagem da peça de teatro. Este exercício teve uma dupla
função: fazer inferências acerca das mensagens do mote da farsa e dos diversos elementos da
cultura popular apresentados e, simultaneamente, permitiu explorar a “dimensão lúdico-
catártica da palavra”. Na senda de Amor (2003: 77), será plausível enquadrar este exercício
nas técnicas que visam o descondicionamento da expressão oral e a fruição do discurso. Por
67
outro lado, ainda, se acrescenta a importância da recuperação deste património para manter
viva a identidade cultural e enriquecer as abordagens pedagógicas, promovendo a inter-
relação entre a literatura escrita e a literatura oral.
Na última aula da unidade 3, propusemos uma atividade de pós-leitura da Farsa de
Inês Pereira, que consistiu na elaboração e apresentação oral de um sketch humorístico
musicado acerca da peça. Cada grupo deveria apresentar um conjunto de estrofes
caricaturando uma das personagens da peça e, desta forma, efetuar uma interpretação e
recriação da mesma.
A gestão da iniciativa envolveu vários passos. Primeiramente elucidámos bem os
alunos acerca do que se pretendia com esta iniciativa: explicámos em que consistia um sketch
humorístico, demos dois exemplos, e apresentámos um modelo nosso, estabelecendo, assim,
a conexão entre os exemplos facultados e peça de teatro visada.
Desta forma, procurámos estimular trabalhos criativos, mas com uma estrutura e
conhecimento prévio, que orientasse e disciplinasse essa mesma criatividade e imaginação.
Como vemos no diapositivo seguinte, apresentámos alguns dados sobre a elaboração de um
sketch, de modo a que alunos agissem como “profissionais” do humor.
68
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
69
O exemplo do “rap dos matarruanos” do Gato Fedorento aplicava-se muito bem à
tarefa pretendida, percisamente por se utilizar um estilo musical muito versátil que se
adequa bastante bem aos objetivos da crítica social.
Por analogia, desenvolvemos o nosso próprio modelo denominado “rap vicentido” e
lançámos o mote para que cada grupo caracterizasse personagens da peça: Inês Pereira, a
mãe, o escudeiro, o moço, Pero Marques, Lianor Vaz.
O modelo foi facultado antes da realização dos trabalhos, lançando-se o repto a aguns
alunos, que sabiamos que tinham aptidão para a música, para o interpretarem. O exemplo foi
motivador e os alunos, depois, de se reunirem em grupo, apresentaram as suas próprias
versões. As várias contribuições declamadas ou cantadas, foram apresentadas de forma
encadeada, dando um efeito final de conjunto muito interessante à atividade.
A docente foi circulando pela sala dando apoio aos grupos, verificando se os objetivos
estavam a ser cumpridos e estimuldando os alunos menos inspirados. A realização deste tipo
de inicitiva, proporciona momentos de interação e trabalho de equipa muito frutífera para o
desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos e, simultaneamente, das destrezas
sociais dos mesmos. Por último, será importanta destacar a relevância deste tipo de técnicas
para aperfeiçoar a expressão oral através da vertente lúdica-pedagógica, estimulando
momentos criativos de “libertação da/pela palavra” (Amor: 2003: 77).
Esta iniciativa foi tão motivadora, que a repetimos na aula do 10.º C, da Professora
Cooperante de português, e numa aula do 10.º A , de uma colega do grupo de português. Com
as devidas adaptações a perfis de turmas diferentes, o exercício resultou bem e teve os
efeitos desejados de descondicionamento e de promoção da liberdade criadora pela palavra.
70
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
71
Figura 9 – Análise de um soneto de Camões
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
À medida que as questões iam sendo lançadas, os alunos iam dando as suas opiniões
de forma espontânea, numa gestão cooperativa da comunicação, sem grandes intervenções
por parte da docente, a não ser a de assegurar a sistematização das ideias transmitidas. Desta
forma, foi-nos possível incorporar as experiências de vida dos alunos ao referido processo de
reconcetualização. Assim, mais uma vez, socorrendo-nos de Cazden (1992) defendemos,
também, que a escola não pode negar os significados trazidos pelos alunos para o processo de
conhecimento e é, principalmente, no âmbito da interação com os pares e com professor que
estes são potenciados e integrados.
Na última aula da unidade 4, propusemos um exercício de escrita criativa, em grupo,
para elaborar quadras inspiradas nos temas da lírica camoniana: a representação da amada, a
representação da natureza, as reflexões sobre o amor, o desconcerto do mundo, a mudança.
Colocámos algumas restrições no enunciado da atividade para balizar um pouco a
criatividade dos alunos, de acordo os objetivos da unidade. Por outro lado, o exercício
tornou-se mais desafiante pelo facto de não se poder usar as palavras principais do tema,
tendo que se encontrar alternativas dentro do mesmo campo semântico. Este tipo de técnicas
didáticas, de jogos de palavras e de rimas, contribui para criar contextos de expressão oral
espontâneos e descontraídos que ajudam os alunos a desbloquear e expressar-se, de forma
mais natural, perante os colegas.
A redação dos textos e partilha, dos mesmos, com a turma resultou de um trabalho
colaborativo entre os vários membros do grupo, registando-se alguns contributos
surpreendentes, por parte de alunos mais inibidos ou, mesmo, com dificuldades de
aprendizagem.
73
No terceiro período, lecionámos duas aulas da sequência didática “Poesia de Cesário
Verde”, ao 11.º A. Dado que dispúnhamos apenas de duas aulas para fazer a contextualização
da obra e a análise de um poema, optámos por técnicas orientadas para a expressão oral mais
formalizada, porque nos permitiam rentabilizar o tempo disponível e, simultaneamente,
propor uma metodologia de trabalho ativa e centrada na autonomia do aluno.
No entanto, seguindo um traço que nos caracteriza, continuamos a implementar o
estilo interativo nas aulas. Na primeira aula, foram diversas as oportunidades de interação
oral geradas, nomeadamente perguntas abertas, aos alunos, para relacionar a sequência
anterior com a atual, visualização de imagens e audição de músicas para aferir sensações
visuais e sonoras acerca do impressionismo e a discussão exploratória da antinomia cidade-
campo.
74
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
75
este procedimento, porque entendemos que, em primeiro lugar, se deve estruturar bem o
pensamento, para, depois, se transmitir/expor as informações oralmente de forma eficiente.
Cada grupo geriu a sua própria apresentação oral, cabendo à docente o papel de
orientação do trabalho, na sua globalidade, fazer a monotorização dos preparativos,
nomeadamente a gestão de imprevistos relacionada com os suportes digitais de apoio e a
gestão de comportamentos. De salientar, também, a intervenção da docente, sempre que
necessário, na condução ou recondução das interpretações dos alunos, de acordo com as
linhas pré-definidas para a análise. Neste âmbito da formalização do discurso, há uma maior
proximidade à componente escrita. No entanto, os alunos apoiaram as suas exposições nos
suportes escritos, mas foram explicando de forma personalizada as conclusões das suas
análises.
No final, a professora apresentou uma sistematização da análise do poema,
procurando inserir alguns contributos dos alunos e disponibilizou-lhes o quadro-síntese em
suporte papel (vide quadro-síntese da análise do poema “Num bairro moderno” em Anexo 7).
Antes da realização das atividades de expressão oral que elencámos, elaborámos os
respetivos planos de aula e materiais de apoio em PowerPoint, que as integram (vide os
documentos correspondentes em Anexo 8).
Durante a interação com o grupo, o professor exerce a sua “influencia educativa”, vai
incorporando, juntamente com o conteúdo informativo, os elementos que ajudam na
aprendizagem da língua (Sánchez-Cano et alii 2009: 43). Assim sendo, no ensino da língua
estrangeira, para além de transmitirmos conteúdos, temos de ajudar os alunos a desenvolver
as suas próprias estratégias de aprendizagem da língua. Neste sentido, a componente oral é
fundamental porque a retroalimentação é imediata e podem-se esclarecer logo as dúvidas dos
alunos. Por outra parte, o professor vai percecionando, ao longo da interação com os alunos,
os seus pontos fortes e frágeis, através dos sinais não-verbais, para além da comunicação
verbal e paraverbal. Neste caso, o discurso oral em sala de aula parece cumprir a denominada
da função proposicional, na medida em que permite que o docente percecione o que os
alunos aprenderam (Cazden 1992).
Tal como aconteceu nas aulas de português, o estilo interativo acompanhou-nos,
também, nas aulas de espanhol. Procurámos sistematicamente interatuar com as turmas,
envolve-las no processo de aprendizagem, dar a palavra aos alunos, incentivar a prática da
expressão oral individualmente e com os colegas.
No primeiro período, no arranque da unidade didática “los viajes”, na primeira aula
lecionada ao 8.º B, expusemos algum material audiovisual de motivação para o tema, que foi,
em seguida, exploração oralmente pela turma. Na sequência da visualização, primeiro, de
uma imagem e, depois, de um vídeo os alunos deveriam antecipar o tema da unidade, bem
como tecer considerações acerca do lugar e as características de uma personagem do filme.
76
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Mesmo sem perceber tudo o que viram e ouviram, os alunos foram dando os seus
pontos de vista e apresentando as suas perceções. A professora foi ordenando as
participações dos alunos, valorizando as intervenções de todos e colocando algumas perguntas
para ajudar a desvendar os tópicos considerados.
O momento de comunicação oral foi motivador para os alunos, graças à forma como
foi conduzido, mas, também, à escolha dos materiais. Neste caso, foi importante optarmos
por um vídeo humorístico que se mostrou adequado aos objetivos definidos: mostrar que o
cliente necessitava de um bom plano de viagem. Desta forma, introduzimos a tarefa final
desta unidade: a elaboração de um plano de viagem de finalistas para os alunos do 8.º B.
Na aula seguinte, utilizando as metodologias ativas, procurámos orientar as atividades
no sentido de criar expetativa nos alunos e de os envolver de forma lúdico-pedagógica na
aprendizagem. Deste modo, propusemos a elaboração de um plano de viagem para os
professores de espanhol, com a ajuda dos alunos.
77
Na sequência da escolha do destino de viagem, foram apresentadas as preferências
dos professores no que respeita às características dos lugares e às atividades de lazer que se
poderiam praticar. Desta forma, através destes enunciados, fomos introduzindo alguns dos
conteúdos culturais, funcionais, lexicais e gramaticais necessários à elaboração da tarefa final
e, simultaneamente, ao exercício da expressão oral sobre esta temática.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
79
Figura 20 – Plano de viagem dos professores: estrutura
Por fim, foi relembrada a estrutura do plano de viagem, que permaneceu projetada
no quadro enquanto os alunos trabalhavam em grupo nos preparativos das exposições orais. A
professora foi verificando os suportes escritos e os PowerPoint que alguns grupos já tinham
adiantado em casa e esclarecendo algumas dúvidas. As apresentações orais e o debate para a
escolha da melhor proposta de viagem de finalistas, só seriam levadas a efeito nas aulas
seguintes, já orientadas pela Professora Cooperante.
No segundo período, desenvolvemos a unidade didática “servicios de la ciudad”, na
qual os atos comunicativos, entre os alunos do 8.º C, foram orientados para satisfazer
necessidades comunicativas concretas, ou seja, pedir e dar indicações na cidade. Para
introduzir a temática dos serviços da cidade começámos por apresentar várias imagens de
locais e serviços da cidade que conheciam (Covilhã), para descobrir o vocabulário deste
âmbito.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
81
Nesta atividade, uma parte da turma dispunha de pequenas imagens de serviços e
comércios e a outra parte de frases descrevendo a função desses estabelecimentos (como
vemos no exemplo do diapositivo acima). Cada aluno ia lendo a sua frase para encontrar a
imagem correspondente. Depois, os dois colegas afixavam a imagem na planta da cidade e
colavam a frase ao lado desta para fazer a legenda. Desta interação resultou uma planta da
cidade que serviu como elemento periférico para praticar o conteúdo funcional: pedir e dar
indicações na rua (vide ficha com a reprodução da planta da cidade em Anexo 10).
Continuámos, posteriormente, com diversas atividades pré-comunicativas de
aprendizagem de mais algum léxico e estruturas gramaticais necessárias à realização do ato
comunicativo proposto, aplicando várias estratégias para que fossem os alunos a descobrir as
regras do funcionamento da língua.
Na última aula, realizámos um primeiro jogo para treinar a aplicação dos conteúdos
através da planta da cidade elaborada, antes da tarefa final. Como vemos no diapositivo
seguinte, deram-se instruções para a organização da turma em duas equipas. Depois de
eleitos dois representantes de cada grupo, um deles dava indicações e o outro marcava o
caminho no mapa. Para maior motivação dos participantes, os lugares foram selecionados
aleatoriamente e cada equipa dispunha de um minuto para encontrar o lugar. Resultou ser
uma competição divertida, na qual os colegas tinham de interagir espontaneamente, seguindo
as fórmulas apreendidas.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
nome das ruas e mobiliário urbano, para servir de orientação. Esta atividade procura
reproduzir uma situação real na qual um dos interlocutores tem conhecimento da localização
de um estabelecimento (dá indicações) e o outro desconhece o seu posicionamento (recebe
indicações).
Cada equipa tem uma planta diferente que tem de ser desvendada, por isso tem de
intercambiar informação para conseguir desvelar o enigma, ou seja descobrir a planta final
(vide plantas da tarefa final em Anexo 11). Procurámos reproduzir, também, o tratamento
formal e informal (de “tú” ou de “usted”), tal como poderia acontecer na realidade
consoante as características dos intervenientes neste tipo de diálogos (de acordo com os
vídeos exemplificativos observados previamente em aula).
No último período, desenvolvemos a unidade didática “la ecología, no âmbito das aula
lecionada ao 9.º E. O objetivo final desta unidade era realizar um folheto sobre o ambiente,
sugerimos, também, à Professora Cooperante de espanhol, que, posteriormente se
expusessem oralmente os trabalhos e se realizasse uma discussão informal acerca das
propostas.
Partindo da imagem, que se segue, lançámos a mote para uma conversa com os
alunos sobre o consumo excessivo de tecnologias e os seus impactos para o ambiente. Em
termos de procedimentos, primeiro apresentámos a imagem para os alunos espontaneamente
a interpretarem e só, depois, se lançou a pergunta num tom de provocação para suscitar as
suas reações acerca do assunto. Tínhamos observado o interesse dos alunos pela temática das
tecnologias, bem como a tentativa de uso de telemóvel nas aulas, por isso, resolvemos
começar a unidade abordando esta relação entre os dois fenómenos.
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Figura 25 – Expressão oral: motivação para o tema da ecologia
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Neste jogo dos conselhos amigos do ambiente, cada aluno tinha um cartaz nas costas
com um problema e teria de adivinhá-lo no seguimento dos conselhos que os colegas lhes iam
dirigindo. Os alunos circulava pela sala, cada um na sua vez, para que os colegas
conseguissem visualizar os problemas e dar-lhes os respetivos pareceres.
Incorporando, mais uma vez, uma situação real, demos como exemplo o problema que
os alunos tinham apontado à professora: o excessivo gasto de papel em fichas de trabalho.
Este ejemplo teve um efeito ludico-catártico, uma vez que os alunos aproveitaram para fazer
uma série de recomendações à professora e sentiram-se muito bem neste papel.
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Siempre voy al instituto en mi moto súper buena y súper contaminante.
Figura(s) 27 – Cartazes: jogo dos conselhos “amigos” do ambiente
Embora possamos integrar esta atividade na técnica didática dos diálogos dirigidos
(Cassany et alii 2008: 159-160), porquanto os discentes “pratican de forma controlada
determinadas funciones linguísticas ya estuduadas anteriormente”, podemos, também,
considerar que no decorrer da interação se registam, também, rasgos de comunicação oral
espontãneos. Os alunos no imediato alteram e renovam o próprio feddback.
Perante as necessidades disgnosticadas, resolvemos estender os conselhos ao meio
escolar e elaborar o nosso próprio folheto sobre o ambiente. Sem perder de vista o estilo
interativo e seguindo, igualmente, o “enfoque por tareas” realizámos diversas atividades pré-
comunicativas para possibilitar a tarefa final da elaboração dos folhetos e discussão dos
mesmos. Assim sendo, foram realizados diversos exercícios para trabalhar o léxico específico
do ambiente, as expressões funcionais para dar conselhos e as estruturas gramaticais
inerentes (“es necesario que + presente de subjuntivo”).
De seguida, foram facultadas instruções prescisas para a elaboração dos folhetos
sobre o ambiente em grupo e para as respetivas apresentações orais. Como fator motivacional
da publicação adicional, sugerimos a publicação do melhor trabalho no blog da biblioteca
escolar (BE). Mais uma vez procurámos imprimir um cunho real é de utilidade à tarefa à
atividade comunicativa, de modo a que a tarefa fizesse mais sentido para os alunos.
Consideramos que a estruturação das ideias é fundamental para que os alunos possam
realizar exposições orais proficientes. Segundo Castellà e Vilà (2016), “se trata de aprender a
pensar bien para hablar bien”, ou seja, o professor tem de “enseãr una oralidad reflexiva”.
Todo este trabalho de preparação dos conteúdos e de planificação é essencial para um bom
resultado final da tarefa comunicativa.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
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Na terceira aula desta unidade didática, levámos a música á sala de aula, que é algo
que normalmente cativa os jovens, sendo, também, um bom ponto de partida para
desenvolver atividades de oralidade. Neste caso pretendia-se que a música servisse de
inspiração para a elaboração de um slogan a integrar na brochura.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
A forma como se abordou a expressão oral nas disciplinas de português e espanhol foi
diferente, embora com alguns pontos comuns.
Nas aulas de português conseguimos desenvolver os três tipos de técnicas enunciadas
por Amor (2003). Criámos situações comunicativas de interatividade mais ou menos
espontâneas à volta de temas atuais e pertinentes para os jovens, associadas ao domínio da
educação literária. Por outro lado, trabalhámos pequenas iniciativas nas vertentes lúdica e
criativa, explorando a materialidade fónica de alguns textos poéticos, a fruição das palavras
associada à música e à rima. Tudo isto no sentido do descondicionamento da expressão oral,
do desbloqueio da palavra face fatores de ordem psicológica inerentes ao uso da língua. Estas
iniciativas serviram, ainda, para explorar outras formas de conhecimento. Por último,
também, propusemos uma atividade mais tendente à formalização do discurso, mas fora do
âmbito da avaliação formal. Este facto deu-nos, entretanto, maior liberdade para que em
pequenos momentos enriquecêssemos as nossas unidades didáticas com atividades de pré e
pós leitura, através do recurso a metodologias ativas e processos de reconceptualização do
conhecimento.
No caso da disciplina de espanhol as unidades didáticas ministradas estavam
orientadas para uma tarefa final, que poderia ser utilizada como momento de avaliação da
expressão oral formal ou ampliada nessa vertente para o efeito. No entanto, como tínhamos
de desenvolver uma série de atividades pré-comunicativas e trabalhar de forma integradas as
várias destrezas ao logo da unidade didática, as três aulas que nos estavam destinadas
mostraram-se insuficientes para conseguirmos concretizar ou concluir as tarefas finais de
comunicação oral. Esta situação não se revelou, entretanto, um constrangimento, na medida
em que permitiu um trabalho, muito frutífero, de continuidade e de cooperação com a
Professora Cooperante na promoção ou conclusão destas iniciativas de exposição e interação
oral. No decorrer das unidades didáticas, como já foi exposto, promovemos pequenas
iniciativas de interação oral como forma de motivação para os temas das unidades, associadas
à visualização de vídeos, audição de músicas, etc. Abordámos também as técnicas de
simulação de situações comunicativas próximas à realidade, procurando, com estas, satisfazer
necessidades concretas dos alunos, tais como: pedir e dar direções/indicações, dar conselhos,
fazer um plano de viagem e elaborar um folheto sobre o ambiente. Por fim, preocupamo-nos
em transmitir conteúdos e ajudar a estruturar os pensamentos de modo a que os estudantes
pudessem realizar as suas exposições e intercâmbios orais. Não esquecendo, entretanto, a
vertente lúdica e a boa disposição.
Como ponto comum às duas disciplinas, salientamos a implementação do estilo
interativo, que, no nosso entender, nos caracteriza, em virtude de nos empenharmos
constantemente em envolver os alunos no processo de conhecimento, dando-lhes a palavra,
solicitando o seu apoio para esclarecer outros colegas, valorizando as suas intervenções, em
suma, criando um clima favorável ao desenvolvimento da competência comunicativa oral.
89
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
A Escola Secundária Quinta das Palmeiras (ESQP) foi criada em 1987 numa altura em
que havia necessidade de criar novas estruturas educativas na região devido, essencialmente,
ao alargamento da escolaridade obrigatória. Após 28 anos de existência, e apesar da
tendência geral no interior do país ser de quebra no número de alunos, a ESQP passou de
cerca de três centenas de alunos para cerca de nove, no ano letivo em curso, tendo chegado
a acolher mais de 900 alunos.
Dos 892 alunos que frequentaram a escola no ano letivo de 2015/2016, 414 (46%)
eram alunos do 3.º ciclo do ensino básico e 478 (54%) do ensino secundário.
O nível básico representava menos de metade do total de alunos (46%), no entanto,
notou-se uma revitalização da procura nos sétimos anos (representam 34% do nível básico), o
que indicia o crescente interesse pelo projeto educativo da escola por parte de alunos e
encarregados de educação.
Mais de metade dos alunos frequentou o ensino secundário (54%), que para além das
ofertas do ensino regular, essencialmente centradas no Curso de Ciência e Tecnologias,
contemplava dois cursos de ensino Profissional (Técnico de Multimédia e Técnico de Turismo)
que absorveu 25% do total de alunos do nível secundário.
91
Tabela 7 - Oferta educativa de nível secundário
Ensino Profissional
Cursos de Técnico de Multimédia Técnico de Turismo.
Para além das excelentes condições físicas, o sucesso da escola radica na qualidade
do seu projeto educativo (2013-2017), cujo mérito foi reconfirmado, também, pela aprovação
do contrato de autonomia para 2015-2018. O seu reconhecimento é fruto de um trabalho
intenso dos órgãos diretivos, pessoal docente e não docente e de um adequado diagnóstico de
problemas, necessidades e mais-valias. Segundo os documentos mencionados (ESQP 2013-
2017: 17; ESQP 2015-2018), a escola tornou-se um exemplo na cidade e na região porque se
orienta pelo “paradigma humano”. Ao longo dos anos, tem-se construído um espaço educativo
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
e cultural que permite a realização dos seus recursos humanos e, simultaneamente assenta na
formação integral dos alunos. Não se dá apenas destaque à componente escolar, mas,
também, à formação pessoal e de cidadania dos discentes. Há estruturas de apoio que
estimulam a autoestima, a solidariedade, a tolerância e a inclusão, de modo a assegurar uma
sã convivência, a mitigar as dificuldades de aprendizagem e as desigualdades sociais,
culturais e económicas. Tudo isto, temperado com uma cultura de rigor e trabalho, dotando
os jovens com uma preparação mais versátil, num mundo, cada vez, mais competitivo e
imprevisível.
Neste sentido, dentro destes objetivos da escola, salientamos o projeto para a
promoção do sucesso educativo: Ser +++. Esta iniciativa tem como público-alvo os alunos do
3º Ciclo e Secundário e, de uma maneira geral, a Comunidade Educativa.
Ser +++
Português
Línguas
Expressões
estrangeiras
Ciências sociais e
Ciências exatas
humanas
93
Interessa retermo-nos, um pouco, nas múltiplas atividades desenvolvidas na ESQP que
encontramos enquadradas dentro do referido projeto e que conferem uma riqueza e um
dinamismo muito peculiar a esta escola, tornando-a, assim, ainda, mais atrativa para os
alunos, seus encarregados de educação e para a comunidade educativa, em geral. De
salientar, também, que as iniciativas dinamizadas pelo Núcleo de Estágio de
português/espanhol foram integradas neste projeto, no âmbito da parceria com a Biblioteca
Escolar e RBE – o Clube de Leitura “Banda das Letras”, a Oficina de Escrita Criativa e a
Oficina de Poesia.
No quadro seguinte destacaremos algumas das inúmeras iniciativas que fazem parte
do projeto, de modo a perceber a perspetiva sistémica que as enquadra.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Procurámos integrar as diversas atividades de acordo com as três áreas do projeto Ser
+: ser pessoa, ser comunicante e ser empreendedor. Destas três qualidades fundamentais
para enriquecimento da formação dos jovens, devemos salientar o desenvolvimento da
competência comunicativa que nos interessa particularmente para a nossa investigação.
Não obstante esta classificação, as referidas atividades, ainda, podem ser agregadas
de cordo com os seguintes apoios: melhoria da aprendizagem; desenvolvimento de
competências específicas NEE; desenvolvimento da componente artística; prevenção do
abandono, insucesso e indisciplina em contexto escolar, relação da escola com a família e a
comunidade; solidariedade e voluntariado (ESQ 2015-2018).
Para além destas ações que se desenvolvem com uma periodicidade diária ou
semanal, foram sendo promovidos diversos eventos de natureza pedagógica ou cultural, ao
longo do ano, nomeadamente da responsabilidade da BE e dos Departamentos e Grupos
disciplinares da Escola, mas também propostos por entidades parceiras da comunidade
envolvente.
A Escola Secundária Quinta das Palmeiras funciona segundo três pilares de
intervenção: a articulação curricular intra e interdepartamental, a ligação à comunidade e a
promoção da educação para a cidadania (ESQP 2013-2017). No nosso entender, é esta
organização estrutural que a torna tão diferente e tão bem-sucedida no seu projeto
educativo.
95
Diretor
João Paulo Ramos
Duarte
Subdiretor
Jorge Fernando
Fortuna Pombo
Desde o início, as nossas ideias foram muito bem acolhidas pela Direção da Escola,
pelas Professoras Cooperantes e pelo restante corpo docente, bem como pelos funcionários
da mesma. Sempre nos foi demonstrada total abertura e apoio, para que rapidamente nos
sentíssemos integrados na cultura da ESQP.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
maneira geral, graças à enorme recetividade e abertura da turma para este tipo de
atividades.
A turma 10.º C era constituída por 22 alunos, sendo 12 raparigas e 10 rapazes.
Apresentava um aproveitamento razoável e o comportamento global era bom, embora com
algumas situações de conversas paralelas. O rendimento da turma oscilava entre as
classificações bastante positivas, de algumas alunas, e as dificuldades de aprendizagem, de
outros alunos. Para esta última situação, muito contribuiu o facto de haver 3 alunos com
Necessidades Educativas Especiais (dois com dislexia e um com doença de Asperger) e um
aluno com problemas familiares/sociais. Estes quatro alunos apresentavam, entretanto, perfis
comunicativos diferentes: um revelava muitas dificuldades na expressão oral, os outros dois
mostravam-se bastante participativos e, o último, demonstrava uma grande apatia e
alheamento das atividades em sala de aula. Para além destes casos, a turma, em geral,
apresentava um perfil pouco participativo, surgindo duas situações de recusa de avaliação da
expressão oral no primeiro período. No entanto, depois de devidamente estimulado, o grupo
foi-se mostrando mais comunicativo.
A turma A do 11.º ano apresentava 29 alunos, sendo 13 raparigas e 16 rapazes. O
aproveitamento global da turma era muito bom e o comportamento também era bom. No
entanto, muito embora a turma apresentasse muito bons resultados, os alunos revelavam
alguma apatia em termos de participação oral. De uma maneira geral, adotavam uma postura
algo passiva, ou seja, de meros recetores de conhecimento. Apesar do perfil pouco
comunicativo, o grupo demonstrou interesse nas atividades propostas, colaborou nos
momentos de interação e o grau de envolvimento demonstrado, nos trabalhos de grupo, foi
bastante positivo.
As práticas pedagógicas na disciplina de espanhol envolveram três turmas do 3.º ciclo
do ensino básico: 8.º B, 8.º C e 9.º E. A turma do 8.º A era constituída por 23 alunos, sendo 11
raparigas e 12 rapazes. A turma apresentava um bom aproveitamento, no entanto, o
comportamento era pouco razoável, uma vez que, de uma maneira geral, os alunos se
mostravam muito conversadores e algo agitados. O 8.º B apresentava um perfil bastante
comunicativo, sendo fácil estabelecer interação com o grupo. Eram muito participativos e
demonstravam bastante criatividade nos trabalhos realizados. Quando colocados perante
desafios e jogos que envolvessem autogestão reagiam muito bem, demonstrando uma boa
capacidade de autonomia. A turma apresentava dois alunos com Necessidades Educativas
Especiais (doença degenerativa e autismo), que estavam bem integrados na turma e aderiram
sem grandes dificuldades às diversas atividades didáticas propostas.
A turma C do 8.º ano era composta por 23 alunos, sendo 10 raparigas e 13 rapazes. O
aproveitamento global da turma era razoável, o comportamento foi considerado pouco
razoável, por haver vários focos de conversa, de conflitualidade e perturbação. Tratava-se de
um grupo algo heterogéneo, no que respeita ao aproveitamento, assinalando-se alguns casos
de boas classificações e vários alunos com mais dificuldades. A turma apresentava dois alunos
com NEE (um caso de dislexia e outro de défice cognitivo) e uma situação de slow learning
97
(potencial cognitivo ligeiramente abaixo da média). Estes alunos mostraram empenho nas
atividades propostas e foram realizando um percurso evolutivo bastante positivo, ao longo do
ano letivo. De uma maneira geral, a turma era pouco comunicativa e criativa. O grupo
demonstrou maior apetência para conteúdos gramaticais e matérias mais objetivas, por isso,
aderia com bastante facilidade a esse tipo de atividades. Apesar destas características, os
alunos tiveram uma participação bastante razoável em jogos e iniciativas mais dinâmicas.
O 9.º E contava com 30 alunos, dos quais 15 se encontravam inscritos na disciplina de
espanhol, sendo 4 raparigas e 11 rapazes. O aproveitamento geral desta parte da turma era
bom, integrando 3 alunos com excelentes classificações, uma delas com prémio de mérito. O
comportamento era razoável, havia, por vezes, alguns focos de perturbação. O grupo era
interessado, com alguns alunos bastante participativos e muito comunicativos outros um
pouco mais apáticos. De uma maneira geral, aderiam bem a atividades mais comunicativas e
interativas e que envolvesse algum grau de criatividade.
Em primeiro lugar, lecionámos quatro aulas da unidade 3 – Gil Vicente A Farsa de Inês
Pereira, ao 10.º B, 3 aulas no primeiro período e, a última, no início do segundo período,
coincidindo com a conclusão desta.
A nossa primeira aula supervisionada de português ocorreu a 27/11/2015 e coincidiu
com o início da unidade de Gil Vicente. Depois de se estabelecer a ligação com a aula
anterior, dedicámo-nos à contextualização histórico-literária da obra, abordando alguns
tópicos que não constavam no manual, mas que pensámos serem de interesse para a análise
da peça. Depois da contextualização e, tendo em conta, a prévia visualização do vídeo da
peça, realizámos um debate sobre a atualidade desta mesma obra, que permitiu ampliar as
capacidades interpretativas, fundamentar os pontos de vista e fazer uso das suas próprias
experiências de vida para realizar inferências acerca da obra. Por outro lado, depois de
debater ideias, torna-se necessário sistematiza-las e “arrumá-las” num mapa mental.
Trabalhou-se, também, o sentido global do texto, através de um exercício de pré-leitura, no
98
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
99
perceber a mensagem do poema e a intenção estética do autor. Como privilegiámos o estilo
interativo, a interpretação do texto foi mais demorada do que previsto e não conseguimos
avançar para um segundo poema de Camões. Consideramos que o nosso plano foi demasiado
ambicioso, tendo em linha de conta, mais, o tipo de aulas observado, do que o nosso perfil de
professor.
A segunda aula da unidade das Rimas foi a 26/02/2016. As práticas pedagógicas foram
orientadas de forma diferente, procurando-se agilizar um pouco alguns aspetos, não
abdicando, entretanto, do estilo interativo que nos caracteriza. Analisámos dois sonetos de
Camões: Um mover d’olhos brando e piadoso” e “Amor é fogo que arde sem se ver”. No
primeiro poema, os procedimentos utilizados foram idênticos aos da aula anterior,
acrescentando-se, apenas, as características do soneto. No segundo caso, desenvolvemos uma
análise mais ligeira, assente na opinião e nas experiências dos alunos, fazendo-se, entretanto,
no final uma sistematização dos pontos essências da análise temática e estilística. No final da
aula, houve lugar para uma pequena reflexão oral sobre o amor na juventude. A aula
decorreu conforme o plano e os alunos mostraram-se interessados nas atividades propostas.
Na terceira aula da lírica camoniana, lecionada a 04/03/16, abordámos a temática da
mudança. Introduzimos novamente um momento musical para antecipar ideias e opiniões
acerca do poema. Orientámos a análise do soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as
vontades”, seguindo o mesmo esquema de análise, para que os alunos mecanizassem os
procedimentos de interpretação. No entanto, dado este poema versar um tema filosófico, tal
envolveu um grau de complexidade maior e um dispêndio maior de tempo por parte da
professora e dos alunos para que a mensagem ficasse clara. A análise estilística foi mais
apurada, surgindo, por exemplo o recurso expressivo sintático para contrastar emoções.
Devido a este facto, deu-se início a um exercício de escrita criativa, de pós-leitura da lírica
de Camões, mas, este, só seria concluído e apresentado oralmente na aula seguinte.
Por último, lecionámos 2 aulas da sequência didática “Poesia de Cesário Verde”, ao
11.º A. Na primeira aula, ministrada a 09/05/2016, efetuámos a contextualização histórico-
literária da obra poética de Cesário Verde: dados biográficos, coordenadas ideológicas e
estéticas, exemplos do impressionismo na literatura, na arte e na música, visão poética entre
o realismo e o impressionismo e contexto socioeconómico da Lisboa da época. Para efetuar
esta abordagem à obra e à época do poeta, socorremo-nos de recursos audiovisuais e de
reproduções de pinturas e fotografias. Estes textos multimodais serviram para
transmitir/analisar os conteúdos essenciais para compreender os poemas do autor e,
simultaneamente, com ponto de partida para reflexões orais acerca do tema. No final da
aula, foi apresentado o trabalho de grupo a realizar no âmbito desta unidade: a análise e
ilustração do poema “Num Bairro Moderno”. Para tal, definiram-se as equipas de trabalho,
repartiram-se as partes do poema a cada uma, dando-se, também, as instruções e a estrutura
a seguir para a concretização da atividade.
No início da segunda aula, a 09/05/16, efetuámos a revisão do conceito de
impressionismo e foi apresentada uma leitura expressiva do poema “Num Bairro Moderno”,
100
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
que serviu como modelo. Uma parte da aula foi dedicada à preparação das apresentações
orais, uma vez que devido a alguns imprevistos, protagonizados por alguns grupos, as
condições logísticas e humanas ainda não estavam reunidas para uma apresentação conjunta.
Depois dos problemas sanados, os grupos leram as suas partes do poema e expuseram
oralmente as suas análises, acompanhadas com imagens ilustrativas dos traços impressionistas
e realistas da obra. Dado que o tempo estava a escassear, no final de cada apresentação, a
docente foi questionando os grupos acerca dos tópicos de análise (sensações impressionistas,
traços surrealistas, recursos expressivos, crítica social, elementos do real) e foi
sistematizando, cada uma das partes, em conjunto com as equipas de trabalho. No começo da
aula seguinte (da Professora Cooperante), facultámos aos alunos um quadro-síntese, em
suporte de papel, com a análise do poema que foi, devidamente, explicado, de forma breve.
Procurámos, assim, criar um instrumento de análise que os alunos pudessem aplicar em
futuras interpretações de composições poéticas e, de modo particular, na prova de avaliação
sobre a poesia de Cesário Verde.
101
trabalhado numa fila diferente, em pares. Cada grande grupo deveria extrair informações
úteis para a elaboração de um plano de viagens: localização, meios de transporte,
caraterísticas do lugar e atividades de lazer. Para facilitar a análise, os alunos deveriam
preencher um quadro com esses dados e, no final, conferiam-se os resultados através de uma
tabela conjunta, com a informação recolhida nas 3 filas. Como a realização da tarefa final
implicava trabalho autónomo de investigação por parte dos grupos, em casa, no final da aula,
demos algumas indicações nesse sentido. Assim, pedimos aos estudantes que organizassem as
equipas e facultámos-lhes um envelope com o destino de férias (campo, cidade, montanha,
praia), adicionando sugestões de sítios de internet para pesquisar.
A segunda aula supervisionada decorreu a 13/11/2015 e contou com a presença do
nosso orientador da UBI, Professor Doutor Paulo Osório. Em tom de desafio de forma a criar
expetativas nos alunos, foi negociado com estes um modelo de plano de viagens dos
professores de espanhol, Este, por sua vez, possibilitou a introdução de conteúdos culturais
referentes aos destinos turísticos, ampliar vocabulário, trabalhar a estrutura do plano e
apreender e exercitar estruturas funcionais e gramaticais essenciais para a realização da
tarefa final. A aula decorreu de acordo com o previsto e o plano foi cumprido.
Na terceira aula supervisionada, a 16/11/2015, retomámos os conteúdos gramaticais
da perífrase “ir + infinito”, trabalhámos os nexos causais “porque”, “por”, “a causa de”,
mediante exercícios devidamente contextualizados. Em seguida, desenvolvemos um jogo de
interação em grupo para aquisição de vocabulário sobre a bagagem de viagem para cada
destino de férias: “Qué llevamos en la maleta?”. Os alunos tinham de realizar um exercício
colaborativo de correspondência entre imagens de objetos e a respetiva “maleta” de campo,
de cidade, de montanha ou de praia. No final, fez-se um exercício escrito de aplicação dos
nexos causais e do vocabulário apreendido e os grupos trabalharam na elaboração dos planos
de viagem. Estes, entretanto, só seriam apresentados e discutidos nas aulas da Professora
Cooperante, como já estava previsto na nossa planificação. Só não se consegui preencher o
mapa mental do plano de viagem para aferir os conhecimentos adquiridos pela turma que,
entretanto, se realizaria na aula seguinte.
No segundo período lecionámos a unidade “Servicios de la ciudad” ao 8.º C. As
atividades realizadas foram organizadas e devidamente articuladas em função da tarefa
comunicativa final: o preenchimento de uma planta enigmática da cidade. Para a
concretização deste objetivo era fundamental apreender a dar e receber indicações na rua
(conteúdo funcional), os locais e estabelecimentos da cidade, bem como todos os restantes
conteúdos inerentes às atividades pré-comunicativas.
Na primeira aula, a 04/02/2016, começámos por introduzir a unidade e trabalhar
vocabulário referente aos estabelecimentos de comércio e serviços da cidade, recorrendo a
uma realidade conhecida dos alunos, isto é, a da cidade da Covilhã. Depois, estabeleceu-se a
comparação com uma cidade espanhola, para trabalhar os conteúdos culturais e linguísticos
inseridos em situações comunicacionais próximas à língua meta. Propusemos, em seguida,
uma atividade dinâmica que mobilizou a turma toda: a elaboração de uma planta da cidade.
102
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
103
A primeira aula sobre a temática do ambiente, que ocorreu a 05/04/2016, foi muito
diversificada em termos de conteúdos e técnicas utilizadas. Começámos a aula com a ligação
à temática anterior através de um pequeno debate sobre o consumo excessivo de tecnologias
e os seus impactos ambientais. Seguidamente, trabalhámos a compreensão escrita para
introduzir o vocabulário e desenvolver alguns conteúdos culturais. Continuando a questionar
as atitudes ambientais do homem, apresentámos um vídeo sobre os comportamentos e tipos
de problemas ambientais na esfera doméstica. Este recurso audiovisual foi muito bem
explorado, permitindo ampliar o vocabulário e enunciar hábitos diários relacionados com o
ambiente. A partir desta atividade desencadeiam-se outros exercícios para desenvolver os
conteúdos, salientando-se a realização de um questionário (“encuesta”) sobre os hábitos
ecológicos dos alunos da turma. De uma maneira geral, conseguiu-se cumprir o plano de aula.
Na segunda aula, a 12/04/2016, demos continuidade às atividades, discutindo-se os
resultados do questionário realizado na aula anterior. Depois, considerámos oportuno fazer a
abordagem dos hábitos das pessoas num âmbito macroambiental para justificar a necessidade
de atuar, segundo a política dos 3RR, trabalhando assim conteúdos culturais, essenciais, à
elaboração da tarefa final. Face a este enquadramento, apresentámos a estrutura funcional:
“es necessário que + subjuntivo”. De seguida, trabalhámos o conteúdo gramatical (“Presente
de Subjuntivo”), de forma implícita e, sempre, com o envolvimento dos alunos no processo de
aprendizagem. Para quebrar a monotonia que se estava a gerar, introduzimos o jogo dos
conselhos “amigos” do ambiente, no qual os alunos com comportamentos menos adequados
eram aconselhados a melhorar as suas condutas, pelos colegas de turma. Por fim,
apresentámos a tarefa final: a elaboração de um folheto sobre o ambiente, com conselhos e
sugestões à toda a comunidade escolar. Foi apresentado um modelo a seguir, foram dadas
instruções para a realização dos trabalhos e definiram-se as equipas de trabalho.
A última aula desta unidade, que ocorreu a 19/04/2016, previa a realização de um
slogan a integrar no folheto sobre o ambiente. Para tal, procurámos inspiração através da
música. Os alunos ouviram uma canção do grupo Macaco, denominada “Mama Tierra”.
Discutiu-se a sua mensagem e as emoções que transmitia, analisámos uma parte do poema e
registámos algumas “frases hechas”, com linguagem apelativa. Depois de ver alguns
exemplos, os alunos deveriam, então criar os seus slogans, em grupo, tendo, para isso, um
conjunto de palavras que podiam utilizar. Como os estudantes estavam empenhados nesta
tarefa e, alguns grupos, apresentaram dificuldades que tivemos que solucionar, optámos por
não avançar para o trabalho prático, na sala de informática, que estava previsto. Assim
sendo, o restante tempo de aula foi utilizado para relembrar as instruções e a estrutura do
folheto sobre o ambiente, as equipas formadas e os timings definidos para o envio dos
trabalhos por correio eletrónico. Apresentaram-se, também, algumas sugestões de
jogos/passatempos sobre o ambiente para pesquisar na internet.
Para além das aulas supervisionadas, no âmbito do Projeto de Intervenção Pedagógica
(PIP) de permutas e substituições, apoiámos algumas substituições das Professoras
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
De uma maneira geral o balanço das aulas supervisionadas durante os três períodos
letivos foi positivo. As unidades foram bem organizadas e sequenciadas. Os objetivos, de cada
unidade, foram bem definidos e devidamente articulados entre si. Desenvolveram-se
estratégias favoráveis à participação e envolvimento dos estudantes no processo de
aprendizagem. O material foi cuidadosamente elaborado, de acordo com os objetivos
propostos e as necessidades e interesses dos alunos. Desenvolvemos de forma adequada os
conteúdos programados e apresentámos propostas de trabalho criativas. Fizemos uma
razoável gestão diária das atividades planificadas, embora com algumas oscilações de ritmo,
e uma boa gestão do comportamento dos alunos.
Demos início à primeira aula da unidade didática de Gil Vicente – Farsa de Inês
Pereira - com a contextualização histórico-literária, salientando alguns aspetos que não
estavam contemplados no manual adotado, nomeadamente a questão do casamento na Idade
Média, o papel da mulher medieval e a mobilidade social, que nos pareceram bastante
pertinentes para compreender a obra.
O debate sobre a atualidade da Farsa de Inês Pereira foi o ponto alto da primeira
aula, na medida em os alunos foram sendo, naturalmente, conduzidos para as conclusões
pretendidas, sendo eles próprios a conseguir perceber a versatilidade e a dimensão atual da
obra. O exercício de pré-leitura, também, correu muito bem e os estudantes mantiveram-se
motivados, perante os materiais utilizados, demonstrando, já, ter uma noção genérica da
obra.
Na segunda aula, a turma apresentou um comportamento mais conturbado, sendo
necessário uma conduta enérgica e firme, por parte da docente, para dominar o grupo. Esta
situação levou a que se despendesse algum tempo na gestão de comportamentos, em
detrimento do cumprimento do plano previsto. Foram detetados alguns lapsos na correção à
leitura, em voz alta, dos alunos. Verificámos, ainda, que futuramente haveria necessidade de
acompanhar a leitura, salientando e sublinhando algumas partes do excerto para facilitar a
resposta às perguntas de interpretação. De qualquer forma, os alunos mantiveram-se
interessados e participativos, procurando, sempre, a docente aproveitar e integrar os seus
contributos nas respostas, bem como, esclarecer as dúvidas em grupo. Nesta aula, a seleção
105
de provérbios adequados à mensagem da obra foi, sem dúvida, a parte mais cativante. O que
parece demonstrar que a sabedoria popular ainda está bem viva, nos dias de hoje, e faz parte
da nossa identidade cultural. Vale bastante a pena apostar neste tipo de materiais, da
componente oral da nossa cultura, que podem constituir-se como complemento da educação
literária.
A terceira aula decorreu com normalidade. Procurou-se corrigir alguns erros no
acompanhamento da leitura, de modo a preparar a interpretação e, sobretudo, a elaboração
dos resumos de cada cena do excerto. Fez-se uma breve revisão dos aspetos fundamentais a
considerar para a redação de um resumo, de modo a dotar os alunos com alguns requisitos
prévios. Além disso, o resumo da primeira cena foi apresentado como modelo, de forma a
facilitar a realização dos restantes. Para tal, procurou-se estimular os estudantes a que
encontrassem as palavras-chave para cada cena. Privilegiou-se sempre uma metodologia
comunicativa-interativa, suscitando a interação oral, incentivando os alunos, mesmo os
menos interventivos, a participar nas atividades. O exercício de simulação de um episódio da
farsa (“o incidente das peras”) foi um ponto de grande interesse, que devidamente explorado
mostra como as metodologias ativas podem e devem ser utilizadas nas aulas de língua
materna.
Na globalidade, conseguiu-se uma boa relação com a turma; alcançando-se razoáveis
níveis de motivação dos alunos a par da responsabilização, dos mesmos, pelas suas atitudes.
Considerámos que o estímulo, constante, à interação oral e ao envolvimento da turma nas
atividades foi fundamental para gerar um bom clima na sala de aula.
Procuraremos efetuar uma gestão mais adequada do tempo e evitar que os alunos
passem na íntegra as respostas às perguntas de interpretação, dos PowerPoints. Em futuras
apresentações, considerou-se como mais frutífero optar por projetar tópicos, agilizando,
assim, a escrita dos apontamentos e suscitando maior autonomia, por parte dos alunos, na
redação das suas próprias respostas.
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
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intenção transportar os alunos para uma nova dimensão histórica e cultural e,
simultaneamente fazê-los compreender a abrangência deste movimento estético.
A gestão de comportamentos foi apropriada. De uma maneira geral, o grupo manteve-
se atento e os alunos foram participando quando solicitados. Procurou-se, igualmente,
proporcionar momentos de interação oral para evitar que as aulas fossem demasiado
expositivas.
Na análise do poema “Num bairro moderno” privilegiou-se uma metodologia pró-
ativa, incentivando os discentes na descoberta de sensações, de marcas do realismo, dos
traços de crítica social, entre outros. Dada a importância do impressionismo visual, propôs-se
aos alunos, repartidos por grupos, que ilustrassem, com imagens, a leitura e a análise das
diversas partes da referida criação literária.
Foram disponibilizados tópicos orientadores, bem como dadas instruções precisas para
a realização do trabalho de grupo. Após as apresentações orais, os membros dos grupos foram
sendo interpelados pela docente, sempre que necessário, de modo a reconduzir as suas
interpretações de acordo com as linhas pré-definidas. No final, foi apresentada uma
sistematização da análise do poema elaborada pela professora e facultada aos alunos.
A gestão do tempo e algumas decisões relacionadas com esta, no decurso das aulas,
continuam a ser aspetos a melhorar futuramente.
No primeiro período, lecionámos três aulas ao 8.º B, da unidade didática “los viajes”.
Na medida em que se apresentava uma nova professora para lecionar a unidade, considerou-
se adequado do ponto de vista pedagógico, efetuar algumas recomendações aos alunos em
termos de aprendizagem e comportamento, sendo, igualmente, manifestada a disponibilidade
da docente para os ajudar. Esta proposta foi bem acolhida pelos alunos porque foi transmitida
com firmeza e sem rigidez.
Demos início à aula através da articulação com a aula anterior, referindo-se que seria
complementar à unidade iniciada. O vídeo de motivação para o tema das viagens resultou
bem. Para além do sentido de humor que é sempre um fator importante para captar a
atenção dos alunos, articulou-se perfeitamente com os conteúdos a lecionar. A personagem (o
cliente) retratada demonstra poucos conhecimentos de geografia e muita confusão,
necessitando, claramente, de um bom plano de viagem. Assim, é introduzida a tarefa final: a
realização de um plano de viagem. A apresentação desta tarefa, logo no início da unidade,
levou a que o grupo se focasse e começasse a interiorizar o objetivo pretendido. Esta foi uma
preocupação contínua, uma vez que os objetivos do plano de viagem foram sendo reiterados
nas restantes aulas. A apresentação da tarefa através de um mapa mental visava, no final da
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
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apresentado um modelo da tarefa final a realizar de forma criativa: o plano de viagem dos
professores de espanhol. Os alunos aprenderam os passos essenciais para realizar uma tarefa
concreta. Houve a preocupação de interligar bem todos os conteúdos ao exemplo de plano
com os conteúdos trabalhados nos textos da primeira aula. Recorreu-se a fotografias e
informação real, salientando-se a introdução de conteúdos culturais (informação sobre
diversos destinos turísticos em Espanha). A gramática foi apresentada de forma implícita,
tendo resultado bem, em termos de motivação, o facto de serem os próprios alunos a extrair
as ilações para chegar à regra.
Como aspeto a melhorar salienta-se a gestão da aplicação da ficha de gramática.
Preferencialmente, esta deveria ter sido entregue aos alunos antes da realização do exercício
para que estes pudessem procurar resolvê-lo, individualmente, em primeiro lugar. Na altura,
a intenção seria que todos estivessem atentos e se efetuasse o exercício em conjunto para, só
depois, na fase posterior, se consolidarem conhecimentos com novos exercícios realizados
singularmente.
Na terceira aula, procurámos dar continuidade às aulas anteriores, por forma a
completar a unidade e os alunos poderem realizar a tarefa final. A revisão da aula anterior
iniciou-se com a correção, no quadro, do trabalho de casa, contando com a participação de
diversos alunos. Os alunos recapitularam a aula anterior demonstrando que os conteúdos
estavam consolidados. Destaca-se o facto de se procurar rentabilizar o livro e o caderno de
atividades do aluno para realizar o exercício de trabalho de casa e para a recolha de
vocabulário/imagens dos objetos para levar para a viagem. Foi introduzido um novo conteúdo
gramatical: os articuladores do discurso (“porque”, “por”, “a causa de”). Procurou-se
exemplificar a relação entre orações e segmentos da frase através de imagens. A tentativa de
trabalhar este conteúdo de forma implícita, não resultou tão bem, como no caso da aula
anterior, talvez por se mostrar alguma insegurança na exploração dos exemplos. Em seguida,
através de um jogo de correspondência, foi apresentado o vocabulário de viajem para os 4
destinos selecionados: campo, montanha, praia e cidade. A movimentação dos alunos para
colocar os cartões desordenadas (com a respetiva imagem e o vocábulo) nas respetivas
maletas de viagem, que estavam afixadas no placard da sala, foi bastante motivadora e serviu
para ajudar na memorização do vocabulário. Para consolidar e ajudar na realização da tarefa,
optou-se por uma ficha de sistematização com imagens do vocabulário utilizado. Porém, para
agilizar a aula, não foi realizada a sua leitura, o que levou a que os alunos se centralizassem
no vocabulário do destino pretendido. A atividade para exercitar os articuladores e o
vocabulário da maleta estava bem construída, mas não se conseguiu aplicar, devidamente,
depois de os alunos se encontrarem posicionados para trabalhar em grupo. Quanto à tarefa
final, optou-se pela realização em sala de aula, de modo a responsabilizar os alunos, uma vez
que alegavam já ter efetuado os trabalhos em suporte digital e não queriam fazer mais nada.
Por esse motivo, não se fez a autoavaliação dos conteúdos apreendidos através do mapa
mental da tarefa. No entanto, esta atividade foi implementada com sucesso no início da aula
seguinte (da Professora Cooperante), permitindo recapitular o que apreenderam e envolver
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A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
todos os alunos da turma. O trabalho realizado na unidade, também, foi um bom contributo
para o êxito das apresentações orais e do debate que se realizaram posteriormente.
Seria importante alterar algumas estratégias para uma gestão mais adequada dos
trabalhos de grupo, nomeadamente explicando bem as normas, antecipadamente, de modo a
que os alunos não se dispersassem, fazendo com que voltassem ao lugar habitual, se
necessário, ou, mesmo, interrompendo a atividade, caso, esta, não estivesse a resultar.
111
Na segunda aula, conseguiu-se imprimir um maior ritmo às atividades didáticas. Em
primeiro lugar, foi feita uma boa articulação com a aula anterior, porque não só se corrigiu o
exercício de gramática que tinha ficado para trabalho de casa, como também se realizou um
jogo de “chuva de palavras” para fazer a revisão do léxico apreendido. Estas atividades
resultaram bem e permitiram que toda a turma participasse. Em seguida, a atividade
multimodal (texto escrito em suporte papel, imagens projetadas por computador) de
descoberta de novo vocabulário também foi motivadora, pois conseguiu criar alguma
expetativa nos alunos. Para além dos conteúdos gramaticais e lexicais, procurou-se ativar a
compreensão audiovisual. Os vídeos utilizados foram bastante adequados e serviram como
ponto de partida para, de seguida, se praticar o conteúdo funcional: dar e seguir direções.
Um primeiro vídeo permitiu, com um certo humor, perceber os mal-entendidos e a
necessidade de se darem instruções de forma precisa e, um segundo vídeo, introduzir a
estrutura de um diálogo para dar e receber indicações na rua. Para tal, foi essencial a
apresentação, prévia, de um guião que auxiliou os alunos na análise deste último vídeo. De
forma bem encadeada, foram-se aproveitando os diálogos visionados no sentido de explorar
os conteúdos gramaticais e funcionais: dar direções na rua e numa planta da cidade
(utilizando os advérbios de lugar e algumas formas do imperativo). Apresentaram-se
atividades e exercícios bem organizados e contextualizados, solicitando-se constantemente a
colaboração dos alunos na descoberta dos conteúdos gramaticais. Esta adequação e
criatividade dos materiais permitiram que os alunos acompanhassem facilmente a explicação
e a prática dos conteúdos lecionados. Procurou-se, igualmente, suscitar a participação de
todos e dar atenção, de modo particular, a alguns alunos com mais dificuldades. A gestão de
comportamentos foi adequada, corrigindo-se a postura de alguns alunos.
A aula teve um bom ritmo e, de uma maneira geral, decorreu como previsto, contudo
podem-se salientar alguns aspetos a melhorar. O primeiro vídeo utilizado poderia ter sido
melhor explorado, particularmente para introduzir o advérbio de lugar. Na exploração das
formas do imperativo, seria conveniente acrescentar oralmente outros exemplos e, por outro
lado, ordenar melhor a participação dos alunos para possibilitar uma intervenção mais
diversificada dos mesmos. Deve-se continuar a trabalhar na melhoria do desempenho
linguístico da docente. Por fim, elaborar um plano de aula menos ambicioso, de maneira a
poder cumpri-lo.
Na terceira aula estava previsto dar continuidade à atividade comunicativa, a realizar
em pares, anunciada no final da aula anterior. Não obstante, optou-se por convertê-la num
jogo de duas equipas, de forma a torna-la mais motivadora e abrangente. E, de facto,
conseguiu-se esse objetivo, uma vez que os alunos aderiram com bastante interesse à
atividade. Esta teve a dupla vantagem de permitir a aplicação dos conteúdos adquiridos e a
utilização dos materiais elaborados anteriormente, ou seja a planta da cidade exposta num
placard da sala.
De seguida, aproveitando-se os dois grandes grupos já constituídos, na atividade
anterior, desenvolveu-se a tarefa final que consistia numa planta enigmática a ser
112
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
desvendadas pelas duas equipas. Mais uma vez, se procurou estimular a curiosidade dos
alunos, uma rivalidade saudável a par de uma indispensável interação oral entre os diversos
membros dos dois grupos para, no final, se conseguir a concretização da tarefa. A atividade
procura reproduzir uma situação comunicativa real na qual quem está a dar indicações poderá
ter conhecimento da localização de um estabelecimento, mas quem pede indicações
desconhece-a, tendo, por isso, que se guiar por pontos de referência que lhe são dados. A
tarefa final foi bem explicada e permitiu uma aplicação bastante completa dos conteúdos
ministrados: algumas formas do imperativo, formas de tratamento, advérbios de lugar,
estabelecimentos de serviços e comércio e elementos da via pública.
Desta forma, convém salientar que se tratou de uma unidade essencialmente
comunicativa, privilegiando-se a compreensão oral e audiovisual e, sobretudo, a interação
oral, relativamente à compreensão e expressão escritas, uma vez que em situações do
quotidiano são as primeiras que prevalecem.
A tarefa final foi bem explicada, mas, a sua execução, deveria ter sido um pouco mais
dinâmica. O ritmo foi um pouco lento, em parte devido à própria complexidade e logística
que envolveram a atividade. Face a um imprevisto inicial que retardou o início da aula e à
própria amplitude da tarefa final, só se conseguiram descobrir alguns dos lugares da planta
enigmática. De qualquer forma, o jogo era perfeitamente exequível, mas para uma aula de 90
minutos, como se comprovou, posteriormente, ao ser implementado na aula seguinte, pela
professora cooperante da escola. A gestão de comportamentos foi sendo conseguida, embora
com alguns períodos de agitação. A intervenção foi dificultada pelo facto de os alunos não
estarem sentados nos lugares habituais, em virtude de termos mobilizado alguns deles para
dividir a turma em duas equipas.
113
ampliação de vocabulário e da introdução de estruturas funcionais (enunciar hábitos e dar
conselhos), conseguimos uma contextualização real: verificar os hábitos e atitudes dos nossos
discentes. As fichas ministradas formam adequadas e distribuídas previamente aos alunos
para que, estes pudessem acompanhar as atividades.
Mesmo assim, verificou-se a necessidade de corrigir alguns pormenores nas estratégias
utilizadas, nomeadamente solicitar que mais alunos participassem na leitura, esclarecer
alguns vocábulos que apresentavam géneros diferentes no português e no espanhol e melhorar
a correção de alguns exercícios/atividades. A gestão do comportamento, em sala de aula, foi
apropriada, mas, na parte final da aula, a docente deveria ter sido um pouco mais assertiva
com alguns alunos.
Na segunda aula, deu-se continuidade à aula anterior, estabelecendo-se a ponte com
a mesma e concluindo-se o questionário sobre os hábitos ecológicos dos alunos. Fez-se a
revisão de algum léxico apreendido para esclarecer eventuais dúvidas. A interação
professor/aluno foi boa, particularmente no que concerne à capacidade de dialogar, saber
ouvir os alunos, solicitar a colaboração dos mesmos para diversas atividades: exploração da
temática do ambiente, explicação gramatical, organização do jogo dos conselhos “amigos do
ambiente.” Este clima salutar possibilitou uma adequada gestão de comportamentos, muito
embora alguma resistência à exploração gramatical. Os conteúdos gramaticais formam bem
introduzidos e contextualizados e a sua explicação contou com o envolvimento da turma. A
professora procurou que todos os alunos participassem quer na explanação, quer na
exercitação dos mesmos.
Quebrando a monotonia que se estava a gerar, o jogo sobre “los consejos amigos del
medio ambiente” surgiu, na altura certa, dando uma maior dinâmica à aula e renovando a
motivação dos alunos. Sempre com o objetivo da unidade em mente, esta atividade não teve
apenas uma componente lúdica, mas permitiu exercitar vocabulário e as estruturas
gramaticais apreendidas, estando perfeitamente articulada com o tema. Serviu, ainda, para a
professora dissolver alguma incongruência entre a temática do ambiente e as boas práticas
ambientais em sala de aula: o uso excessivo de papel. Ficou, assim, provado que na prática
pedagógica é importante estarmos atentos ao contexto real das temáticas que abordamos.
Muito embora a importância da componente lúdico-pedagógica, não devemos, entretanto,
abdicar da utilidade dos ensinamentos ministrados. Por esse motivo, se propôs, como tarefa
final, a elaboração de um folheto com conselhos para implementar a regra dos três Rs:
reduzir, reutilizar e reciclar. A docente facultou as instruções para a elaboração do folheto,
bem como, um modelo que permitisse conduzir os trabalhos dos alunos. A opção pela
construção do próprio modelo, permitiu à professora orientar, de forma mais precisa, a
elaboração da tarefa final, nomeadamente as diversas fases e pesquisas a realizar.
Ainda assim, a exploração gramatical deveria ter sido mais ágil e precisa,
diversificando-se um pouco mais as estratégias de abordagem aos alunos.
A terceira aula foi bastante interessante para os alunos e estes mantiveram-se
motivados. A canção utilizada “Mama Tierra”, do grupo musical “Macaco”, foi bem escolhida
114
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
115
4.6.1. Clube de Leitura “Banda das Letras”
No início do ano letivo apresentámos o projeto do Clube de Leitura que foi, desde
logo, aprovado e incentivado pela Direção da Escola, pela Professora Cooperante de
português e pela Coordenadora da Biblioteca Escolar tendo, esta última, se prontificado, de
imediato, a colaborar no mesmo.
No arranque do projeto (em finais de setembro 2015), foi feita a divulgação em
diversas turmas de 7.º e 8.ºano, assim como junto dos docentes de português mediante a
entrega de convites e fichas de inscrição para os seus alunos. Foi, igualmente, afixado um
cartaz/convite aos alunos, nalguns locais estratégicos da escola (vide cartaz/convite do clube
de leitura em Anexo 16). Depois destas diligências, conseguimos organizar um grupo de
alunos, que reuniu pela primeira vez a 26/10/2016, no auditório do CTE.
O Clube de Leitura, “Banda das Letras”, constitui-se como um espaço de partilha de
interpretações, ideias e emoções suscitadas pela leitura do mesmo livro, por um grupo de
alunos. Para além desta vertente mais intimista e descontraída do clube, também se
propunha desenvolver ações de sensibilização para a leitura, divulgar as suas atividades,
organizar e participar em eventos literários, realizar leituras criativas das obras lidas,
recorrendo à música e a outras formas de arte (vide projeto do Clube de Leitura em Anexo
16). Contou com a participação de 12 adolescentes de 7.º e 8.ºano (do 8.º B e das turmas A,
D, e E do 7.º ano). As reuniões começaram por ser mensais, mas depois passaram a ter uma
periodicidade quinzenal. As sessões eram orientadas pela professora estagiária, Manuela
Aguilar, contado com a colaboração da Professora Bibliotecária, Dr.ª Albertina Leitão, que
assegurava a disponibilização dos volumes das obras necessários para todos os membros do
clube. A preparação dos encontros no clube envolveu, primeiro, a auscultação dos interesses
literários dos participantes e, depois, muitas pesquisas de livros que se adequassem ao seu
perfil. Realizámos a leitura das obras selecionadas de modo a poder lançar ideias para
discussão e ir estimulando os interlocutores para diferentes pontos de vista possíveis.
Durante o ano letivo, foram lidas e discutidas duas obras de narrativa juvenil (Flor de
Mel de Alice Vieira, A Lua de Joana de Maria Tereza Gonzalez), diversas composições poéticas
(Florbela Espanca, Fernando Pessoa, Camões) e o Auto da Índia de Gil Vicente. As conversas
acerca destas obras foram ricas em intercâmbios de ideias e experiências, uma vez que as
temáticas eram aliciantes e relacionadas com os problemas reais dos jovens. Também houve
lugar para explorar sentimentos exacerbados, o hilariante e a crítica social, nos diversos
géneros textuais abrangidos. Os alunos demostraram criatividade e maturidade nas suas
análises e muita capacidade de autonomia e iniciativa, a nível geral. Coube-nos, a nós,
incentivar e potenciar estas qualidades, de modo a que progressivamente participassem, eles
próprios, na mediação das sessões.
Orientadas por uma abordagem comunicativa-interativa, as reuniões serviram para
estabelecer as regras de funcionamento, para eleger o nome do clube e o logotipo, para
116
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
117
Outra atividade organizada pelo Clube de Leitura foi o workshop “A musicalidade na
Poesia” protagonizado pelo Professor Gabriel Magalhães, no dia 9 de maio de 2016.
A sessão foi dirigida aos membros do Clube de Leitura “ Banda das Letras”, mas
contou, também, com a presença de alguns docentes do grupo de português.
De forma descontraída e interativa, o palestrante, foi explorando várias criações
literárias com os alunos, foi mostrando a musicalidade que existe nas palavras, através da
conjugação de sons e ritmo dos poemas. Os jovens responderam positivamente ao desfio,
demonstrando bastante perspicácia nas intervenções. No final do encontro, houve lugar para
lanche organizado pelo clube e entrega de certificados aos participantes.
Dado o interesse manifestado pelos seus membros, O Clube de Leitura “Banda das
Letras” promete dar continuidade às atividades no próximo ano letivo. É, pois, um projeto
que pode e deve continuar. Ficaram pendentes alguns projetos que podem ser
implementados, futuramente: um workshop sobre técnicas de respiração e relaxamento para
melhorar as capacidades expressivas e o projeto de teatro e poesia “Diogo Piçarra em Pessoa”
(sugerido pelos membros da “Banda das Letras”).
118
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
119
Figura 38 – Intercambio com escola secundária espanhola
Estes intercâmbios são momentos ímpares de contacto com a língua meta e de diálogo
intercultural que dificilmente se consegue reproduzir em sala de aula.
120
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Os vários participantes foram tentando a sua sorte, a “piñata hispana” foi difícil de
quebrar, mas no final os alunos deliciaram-se com os típicos “caramelos” espanhóis ou seriam
portugueses…
No dia internacional da pessoa com deficiência, a 03/12/2015, não quisemos deixar
de estar presentes nas atividades que decorreram na sala dos alunos com o grupo da
APPACDM da Covilhã.
Foi um momento agradável de música e dança, no qual convivemos com estes jovens
com enormes qualidades humanas e afetivas. Foi muito importante, também, para
conhecermos os jovens da APPACDM que integram algumas respostas educativas de apoio à
deficiência na ESQP.
Para comemorar o dia da rádio, que decorreu a 12 de fevereiro de 2016, decidiu-se
elaborar um anúncio de rádio no clube de espanhol, para fazer a divulgação do clube à
comunidade escolar e cativar e novos participantes. Em grupo, partilhámos algumas opiniões
e resolvemos promover uma versão musicada, com a recriação da música “Me gustas tú” de
“Manu Chao”. O anúncio contou com as ideias e as vozes dos frequentadores do Clube de
Espanhol.
O dia mundial da saúde, a 7 de abril, foi recheado de atividades nas quais
participámos: rastreios, lanche saudável e marcha solidária. Colaborámos com o Grupo
Disciplinar de espanhol na elaboração de separadores de livros, bastante originais, com frases
em língua castelhana sobre hábitos e alimentos saudáveis da alimentação mediterrânea.
Fizemos pesquisas acerca de provérbios e frases idiomáticas e elaborámos os materiais com o
envolvimento dos alunos do clube de espanhol. A mesa do lanche estava bem provida de
alimentos de origem vegetal e decorada com os nossos separadores, que os alunos levaram
para casa para seguir os bons conselhos alimentares.
A Semana da Leitura, sob o tema “Elos de leitura”, decorreu na ESQP entre 14 e 18 de
março e foi um dos eventos mais importantes realizados ao longo do ano letivo. Para além das
atividades desenvolvidas no âmbito do Clube de Leitura e do Clube de Espanhol, participámos
noutras atividades. Assim, assistimos ao Sarau Literário dinamizado pela Oficina da Escrita,
121
orientada pelo colega de estágio, Jorge Ferreira, ajudámos a organizar os materiais para a
decoração da escola com os elos “construídos” com palavras alusivas à leitura, em português,
francês, espanhol e inglês.
122
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
A feira de livros gerou bastante interesse por parte das crianças e jovens
participantes, uma vez que, no final do evento, não sobrou nenhum livro.
123
clara a importância das suas capacidades expressivas, pois a sua postura e facilidade
comunicativa muito contribuíram para cativar a audiência.
A 4 de março de 2016 assistimos a uma conversa do escritor Sandro William Junqueira
com alunos de 12.º ano. O autor, que se tem desatacado sobretudo na área do teatro
(enquanto encenador, ator e professor) e na literatura, motivou os jovens pela sua postura
alternativa e mensagem muito próxima das suas próprias inquietudes, quanto às indefinições
face ao futuro.
Figura (s) 45 – Palestras com escritor Sandro Junqueira e o pintor João Salcedas
124
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Foi com bastante interesse que assistimos à prova oral do CNL (apuramento para a
fase distrital), que decorreu no dia 20 janeiro de 2006, uma vez que não tinha sido possível,
por motivos pessoais, presenciar as provas escritas. Foi, sobretudo, importante verificar que,
para além dos pormenores que os jovens tinham de saber acerca dos livros, as questões
emocionais e paralinguísticas da comunicação oral, também, se revelaram decisivas nas
escolhas dos finalistas. De registar, igualmente, que este concurso acentua a relevância da
interligação entre os domínios da leitura, da escrita e da oralidade.
As Olimpíadas da Língua Portuguesa 2006 tinham como objetivo incentivar o bom uso
da língua e o conhecimento da norma padrão. Neste sentido, procurámos dar a conhecer esta
iniciativa aos alunos a quem lecionámos e no Clube de Leitura. Por outro lado, colaborámos
com os seus organizadores, isto é, o Grupo Disciplinar de Português e a Biblioteca Escolar, na
introdução de dados da correção das provas das Olimpíadas de Língua Portuguesa, 1.ª fase,
que se realizaram a 19 de fevereiro 2016.
Foram diversas a visitas de estudo organizadas no âmbito das nossas áreas
disciplinares de estágio, no entanto, tivemos de gerir o nosso tempo e as nossas
oportunidades, da melhor forma, para beneficiar de pelo menos uma destas possibilidades de
enriquecimento curricular.
125
Desta forma, no dia 22 de abril, integrámos o grupo de professores de português que
acompanhou os alunos do 11.º ano numa visita de estudo a Lisboa e a Sintra. No período da
manhã, estava programada a realização do percurso queirosiano na zona da Baixa de Lisboa
(entre os Restauradores e o Cais Sodré), com as guias da empresa “Passeios Literários”, que
nos elucidaram acerca dos locais emblemáticos associados ao escritor Eça de Queirós e à sua
obra-prima, Os Maias. Depois do almoço, assistimos à peça “Os Maias” no Centro Cultural
Olga Cadaval. Estes dois momentos foram importantes contributos para os estudantes e para
os professores, que os acompanharam, para ajudar a compreender a obra do autor, visto que
permitiram uma contextualização real e uma visualização de algumas das principais cenas do
livro em estudo no 11.º ano. Por outro lado, a nossa participação nesta visita de estudo foi
uma forma de aproximação aos alunos e de interagir com estes em contextos educativos mais
descontraídos.
126
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
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128
A expressão oral no ensino-aprendizagem do Português e do Espanhol (LE): uma análise comparativa
Conclusão
129
Deste modo, dever-se-á questionar a argumentação de que as situações de
participação oral contínua beneficiam, apenas, os alunos mais comunicativos. Não nos caberá
a nós, professores, criar estratégias para envolver os estudantes menos participativos e
tímidos em jogos e dinâmicas contínuas e poder avaliá-los nessas dimensões? Até que ponto os
momentos de avaliação formal serão mais justos para esses alunos, quando se sentem postos
à prova e estão sujeitos à sua impreparação para efetuar exposições/intervenções orais
perante um certo público?
Na esteira de Cassany et alii (2008), consideramos que não nos devemos limitar aos
momentos formais de avaliação. Será mais profícuo para os estudantes que qualquer
atividade oral possa ser avaliada, uma vez que se sentirão menos condicionados. Além disso,
podemos observá-los em contextos diferentes e ter uma perspetiva mais ampla das suas
habilidades. Os exercícios a aplicar serão, igualmente, diferenciados. Numas ocasiões, dar-se-
á mais atenção aos erros linguísticos e, noutras, à fluência e às capacidades expressivas.
Entretanto, será inegável que em fases mais avançadas dos estudos se verifique uma maior
complexificação e formalização do discurso. Serão, pois, importantes as orientações do
ensino-aprendizagem para a formalização da expressão oral, tendo em conta o futuro
académico e profissional dos alunos. Não obstante, as exigências do mundo do trabalho não se
limitarão a saber fazer apresentações orais com o apoio do PowerPoint. Não nos parece que
estas orientações os tornem proficientes para realizar reuniões espontâneas de trabalho ou
comunicações pertinentes no seu futuro quotidiano, apropriadas aos diferentes contextos de
vida.
O Programa e Metas Curriculares do Português. Ensino secundário (Buescu, Helena C.
et alii 2014) parece ter relegado para segundo plano a função social da oralidade, constante
no anterior programa (Coelho et alii 2001-2002). Contudo, pensamos que a questão da
integração social e profissional é estruturante na formação dos jovens, tanto mais em
contextos de trabalho e de vida cada vez mais relacionais, onde é importante saber falar com
os outros, ouvi-los e respeitá-los. A escola deveria promover as destrezas socias e o
descondicionamento da expressão oral desde a infância até à fase adulta. A competência oral
dos estudantes não evolui em linha reta, há uma série de fatores que podem contribuir para
facilitar ou dificultar a sua aprendizagem e aperfeiçoamento ao longo do percurso escolar.
Independentemente de se apostar mais em determinadas técnicas didáticas, consoante as
fases de ensino, não se deveria esquecer a transversalidade curricular da expressão oral: na
vida escolar, social e profissional (Coelho et alii 2001-2002).
Não esquecendo a análise contrastiva do ensino-aprendizagem do oral da disciplina de
português e de espanhol (LE), confirmámos a nossa tese inicial de que na língua estrangeira
se privilegia a interação oral e a simulação de situações comunicativas próximas da realidade.
Por sua vez, na língua materna, como já referimos, predominam as técnicas de formalização
do discurso oral. Procurámos, entretanto, dar o nosso contributo no sentido de trabalhar,
também, a interação oral espontânea e implementar técnicas de descondicionamento da
expressão oral, nomeadamente associadas à vertente lúdica, à música e à poesia.
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anos. Ministério da Educação.
136
Anexos
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138
Anexo 1 – Tabelas de avaliação da língua oral: sistema analítico e sistema sintético
VALORACIÓN DE LA
LENGUA ORAL
Corrección lingüística
Pronunciación
Fricativas .............................................................. .
Laterales ............................................................... .
Vocalismo .............................................................. .
Enlaces fonéticos ..................................................... .
Otros .................................................................... .
Léxico
Imprecisiones .......................................................... .
Otros .................................................................... .
Morfosintaxis
Concordancias ......................................................... .
Conectores ............................................................. .
Pronominalización .................................................... .
Otros .................................................................... .
Claridad en la expresión
Articulación ........ : ................................................. .
Ritmo ............... ................................................... .
Repeticiones ....... ................................................... .
Rectificaciones .... ................................................... .
Otros ................ ................................................... .
Observaciones
139
Tabela 2 - Sistema sintético
INTERVENCIÓN ORAL
La intención y el contenido del texto son claros. Buena, a pesar de algún pequeño error
5 La intervención tiene un orden lógico, está bien 5 irrelevante.
cohesionada y los recursos de la lengua que
utiliza son variados y adecuados. EI discurso es
fluido, con pocas vacilaciones.
La intención y el contenido del texto son claros. Buena, pero con algunos errares de léxico y
4 La intervención tiene un orden lógico. pero no es 4 algún error poco importante de
demasiado larga o tiene algún problema de morfosintaxis o pronunciación.
estructura o coherencia (de vínculo entre las
partes del texto). Los recursos que utiliza son
suficientes.
La intención y el contenido son claro, pero las Aceptable, con algunos errores de
3 intervenciones son cortas por pero las 3 morfosintaxis o pronunciación y algunos
intervenciones son cortas por las ideas iniciadas. de léxico.
Los recursos lingüísticos son suficientes.
o
La intención y el contenido son bastante claros.
La intervención es lo te larga, pero desordenada
o imprecisa.
Las intervenciones son cortas y la intención y el Defectuosa, con muchos errores graves
1 contenido no son claros. Tiene pocos recursos 1 de morfosintaxis y de léxico.
lingüísticos.
140
Anexo 2 – Tabela de classificação de uma prova de avaliação oral
Fluidez 30%
ORALlDADE
Apreciação crítica
No tempo de Gil Vicente, era comum os casamentos serem «arranjados» pelos pais, por «alcoviteiras»
ou «judeus casamenteiros». Hoje em dia, a internet e as redes sociais podem desempenhar esse papel,
mas não sem riscos...
141
Anexo 4 - Ficha de preparação para o debate sobre “La Mejor Propuesta de Viaje”
142
Anexo 5 – Ficha de Autoavaliação da expressão oral de português
PÁGINA Nº
143
Categorias Desenvolvimento temático Código paralinguístico Código cinésico Código Línguístico Tempo Respeita Total
- Desenvolvimento do tema com - Dicção e entoação claras. - Postura descontraída. - Vocabulário variado, apropriado e o tempo
pertinência; -Tom de voz audível e percetível. - Contactos visuais com o público. expressivo estipulado
- Organização da informação - Discurso fluente, sem - Linguagem gestual expressiva. - Registo de língua adequado ao
numa sequência lógica; interrupções. tema e à situação comunicativa.
- Utilização com eficácia de - Adequação das pausas e do ritmo - Estruturas linguísticas corretas.
mecanismos de coesão na ao discurso. - Uso de articuladores adequados ao
Pontos articulação das ideias. discurso.
_________ 60 50 30 20 10 0 40 30 20 10 5 0 40 30 20 10 5 0 50 40 30 20 10 0 10 5 2 200
pontos
Período
N5 N4 N3 N2 N1 N5 N4 N3 N2 N1 N5 N4 N3 N2 N1 N5 N4 N3 N2 N1 N3 N2 N1
Data:
Data:
Data:
143
Anexo 6 - Grelha de avaliação da expressão oral - espanhol
Asignatura: Español Curso Académico: 2015/16 Fecha:_____/____/______ Grupo:________ Tema del trabajo: ______________________ Tipo de Trabajo:__________________
2) Creatividad: 10% 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2
2.1) Trata el tema de manera original/ creativa.
2.2) Presenta material interesante/apelativo y adecuado al tema.
3) Coherencia: 10% 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2
3.1) Su discurso tiene lógica.
3.2) Las ideas están organizadas.
3.3) Termina las ideas.
4) Léxico: 20% 20 16 12 8 4 20 16 12 8 4 20 16 12 8 4 20 16 12 8 4
4.1) Usa el vocabulario relacionado con el tema presentado.
4.2) Utiliza las expresiones adecuadas para tomar la palabra,
expresar acuerdo,...
4.2) El vocabulario utilizado no manifiesta interferencias de la
interlengua (el portuñol).
5) Gramática: 20% 20 16 12 8 4 20 16 12 8 4 20 16 12 8 4 20 16 12 8 4
5.1) Utiliza las estructuras gramaticales de forma correcta:
5.1.1) Uso correcto de los determinantes.
5.1.1) Uso correcto de los pronombres estudiados.
5.1.2) Uso correcto de las formas verbales.
5.1.3) Hace las conocordancias.
(...)
5.2) Las estructuras utilizadas no manifiestan interferencias de la
interlengua (el portuñol).
6) Fluidez: 10% 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2
6.1) Tiene un discurso fluido (no hace demasiadas pausas).
6.2) No interrumpe, hablando en portugués.
7) Pronunciación: 10% 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2 10 8 6 4 2
7.1) Articula correctamente los sonidos de la lengua española.
8) Postura: 5% 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
8.1) Se hace oír de forma clara.
8.2) Consigue proyectar la voz.
8.3) Establece un contacto visual con el público.
8.4) Habla en su turno, sin interrumpir a los demás.
TOTAL: 100% 0 0 0 0
144
Anexo 7- Quadro-síntese – Análise do poema “Num bairro moderno” de Cesário Verde
Excerto 1 (est. 1-4) Excerto 2 (est. 5-8) Excerto 3 (est. 9-12) Excerto 4 (est. 13-16) Excerto 5 (est. 17-20)
Descrição do ambiente Descrição da rapariga: Momento de transfiguração do real: Retoma a cena real: Momentos captados:
- Um bairro da burguesia, com casas - Ela é “esguedelhada, feia.” (v. 22) - O narrador dedica-se à - A regateira já sem forças, mas - O narrador segue o seu caminho e vai
apalaçadas e seus jardins. - Alguns pormenores: “os tamancos”, “o transformação do cesto de frutas e prazenteira pede ajuda ao narrador tendo visões/ sensações impressionistas:
- Com algumas novidades algodão azul da meia” e “os bracinhos legumes num “corpo orgânico” de (marcas de discurso direto – vv. 65 e os efeitos provocados pelos contrastes das
técnicas/modernas: a via macadamizada, brancos” (contrastes visuais e sonoros - mulher. 61). gotículas de água com a luz.
as paredes estucadas. v. 22- 25). - Um corpo vigoroso que representa o - O narrador anula as hierarquias Ilusões/impressões óticas: parecem estrelas
- Um ambiente luminoso, sossegado, com Ação narrativa: próprio campo. sociais, ajudando a vendedeira “sem e nuvens (vv. 81-85).
requinte e conforto. (objetividade no - Um criado atira uma moeda para pagar - Sensação de que tudo é suculento e desprezo” (v. 66). - Sinestesia: os sons que vêm das casas, “as
olhar) os produtos. Fala com aspereza à apetitoso… - Levantam ambos o cesto tão pesado emanações do gigo” e os raios de sol “de
Ação narrativa: regateira. (marcas de discurso direto - - Valorização/homenagem aos que “resistia” preso ao chão laranja destilada”(metáfora). (vv. 86-90)
- O narrador segue, sem pressa, para o vv. 27-28). produtos agrícolas portugueses. (hipérboles sobre o peso da giga – vv. - O contacto com a representante do campo
emprego e comenta com ironia a vida - O criado representa o desprezo das Recursos expressivos: 68-69). conduz a um olhar mais emotivo por parte
fácil dos burgueses. classes superiores pelos mais - Metáfora de cariz surrealizante que - O narrador sente-se revigorado, do “eu” poético.
- Sente-se frustrado e doente (apoplexia) desfavorecidos. simboliza a invasão da cidade pelo alegre e pleno, com o agradecimento - As “emanações sadias” do gigo conduzem,
na cidade. Apontamento de cariz surreal: campo. Faz-se a correspondência da rapariga. de novo, o narrador à regateira. Continua a
- A aparição de uma rapariga pobre e - Num momento de inspiração, (“visão entre o conteúdo da giga e as (benefícios do contacto com os caracterização da rapariga (ao nível físico
azafamada contrasta com o bairro. de artista”) pensa em transformar o diferentes partes do corpo humano elementos do campo). e psicológico), tal é o impacto que ela teve
- A vendedeira introduz o campo na cesto de frutas num ser humano. (v. (vv. 44-60). - Pequeno quadro impressionista sobre ele (“pitoresca”, “audaz,
cidade, através da sua giga: “um retalho 31). - Enumeração assindética: salientar as (captação do instante): seguem ambos “magra”,”enfezadita” vv. 91-94).
de horta aglomerado” (metáfora) (v. 19). - Ao mesmo tempo, à sua volta, a vida representações instantâneas do em direções opostas; ao fundo umas - Contraste entre a fragilidade física e a
Recursos expressivos: adjetivação decorre com normalidade, constatando sujeito poético. (ex:”Há colos, carruagens, que simbolizam a força anímica da moça (vigor do campo).
assindética: “rota, pequenina, a dureza da vida dos padeiros… ombros, bocas, um semblante”- v. comodidade, contrastam com a dureza Nova visão surrealista (última estrofe): as
azafamada” (v. 16), a anástrofe (ex: “E Recursos expressivos: 51). da vida da rapariga que segue a pé… pernas de gigante são comparadas a duas
fere a vista…” para salientar o impacto - Sinestesia: sensações visuais, olfativas, Impressionismo visual: jogo de cores (pesada no calor de agosto, pálida, abóboras carneiras, que pesam sobre a
visual da rua) (v. 4). sonoras, táteis (vv. 36-40). e formas sugerido pela recomposição “sem quadris”). (vv. 76-80) “pobre” rapariga (v. 98).
Impressionismo visual: “os - Hipálage e metonímia -“cobre lívido”. do “novo corpo orgânico.” Recursos expressivos: Recursos expressivos:
transparentes”…“matizam”, “brancuras Personificação dos alperces. (vv. 29-30) O uso expressivo do adjetivo “a pobre” Oximoro: “desgraça alegre” (v. 93).
quentes”(sinestesia) (vv. 1-4),“rama dos - Adverbio subitamente (V. 31) – (v. 78) para salientar mais as condições
papéis pintados”(v. 9) o “xadrez salienta as representações instantâneas de trabalho do que as dificuldades
marmóreo”(v. 18). do sujeito poético. económicas da regateira.
Impressionismo visual - O sol como
“intenso colorista” (v. 33).
145
Anexo 8 – Planificações da Disciplina de Português
Lições n.º 41 e 42 Sumário: Contextualização histórico-literária da Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente. Debate sobre a atualidade da obra.
Estrutura Interna e Externa. Elementos constitutivos do texto dramático – revisão (páginas 315/316).
Tempos 2 – 90 minutos
1. Contextualização histórico-literária:
Educação Literária EL EL 10- 16. Situar obras literárias em 1.1. Vida e Obra de Gil Vicente Computador/
10 função de grandes marcos históricos 1.2. Entre a Idade Média e o Renascimento projetor
e culturais. 1.3. O Casamento no fim da Idade Média
1. Reconhecer a contextualização 1.4. A Mulher Medieval
histórico-literária nos casos previstos 1.5. A Mobilidade Social
no Programa. 1.6. A Sátira e o “Desconcerto do Mundo”
1.6.1. As Vítimas da Sátira
1.7. A Farsa de Inês Pereira
1.8. O Humanismo e a Tolerância
146
2. Debate sobre a Atualidade da Obra:
L 10 - 9. Ler para apreciar 2.1. Leitura de excertos dos textos “mensagens
Leitura L10 criticamente textos variados. cruzadas” de Maria do Rosário Pedreira e Manual Mensagens
1. Exprimir pontos de vista Fernando Alvin. 10.º ano Texto
suscitados por leituras diversas, Editores, pp.108-109
fundamentando.
2.2. Sugerir e debater vários aspetos da
Oralidade O10 4. Participar oportuna e atualidade da obra
Opinião construtivamente em situações de 2.2.1. Sistematização de ideias (mapa mental)
interação oral.
Observação direta
3. Exercício de Pré-Leitura da Obra das atitudes e da
Leitura L10 L10 – 7. Ler e interpretar textos de Ordenar a sequência/estrutura interna participação dos
diferentes géneros e graus de Fazer correspondência com as imagens do DVD. Imagens do DVD da alunos na aula
complexidade. Farsa de Inês Pereira
4. Explicitar o sentido global do – Leya Educação
texto, fundamentando.
5. Relacionar aspetos paratextuais
com o conteúdo do texto.
4. TPC – Aconselhar a leitura integral da obra – Ler
o excerto: «Sem casamento que enfadamento…».
Fazer as atividades do manual, das páginas 112-
114, sobre a contextualização da obra.
147
Descritivo da aula Tempo
148
149
150
Plano de Aula n.º 4 – Português 10.º ano, turma B
Lições n.º 41 e 42 Sumário: Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente – sistematização da obra. Síntese das críticas sociais. Breve elucidação sobre
como realizar um sketch satírico. Visionamento de 2 vídeos sobre sátira social. Apresentação de um modelo de sketch
Tempos 2 – 90 minutos humorístico sobre a peça. Elaboração de pequenas peças humorísticas em de grupo. Apresentação dos trabalhos e escolha
do melhor.
151
Oralidade O10 diferentes géneros. 2. Visionamento de 2 vídeos sobre sátira social.
152
Descritivo da aula Tempo
1. Sistematização da obra:
1.1. Apresentação de um esquema de sistematização da obra 40 minutos
1.2. Níveis da crítica social
1.2.1. O casamento
1.2.2. Carácter das personagens
1.2.3. Estatuto da mulher na Idade Média
1.2.4. Classes sociais
1.2.5. Sociedade medieval
2. Visionamento de 2 vídeos sobre sátira social. 15 minutos
Vídeos humorísticos:
https://www.youtube.com/watch?v=2nR4vHfV9BQ
https://www.youtube.com/watch?v=mrZf_9kQN6U
153
154
155
Plano de Aula n.º 2 – Português 10.º ano, turma C
Lições n.º 76 e 77 Sumário: Leitura e análise dos sonetos “Um mover d’olhos brando e piadoso” (pág. 178) e “Amor é fogo que arde sem se
ver” (pág. 183). Reflexões sobre o amor: debate.
Tempos 2 – 90 minutos
156
4. Fazer inferências, questionário do manual (com adaptações).
fundamentando. 3.1. Apresentação oral das respostas pelos grupos.
5. Analisar o ponto de vista do sujeito 3.2. Projeção dos cenários de resposta.
poético. 6. Explicitar a estrutura do 3.2.1. Delimitação das partes do poema,
texto: organização interna. 7. desenvolvimento do assunto e conclusão do soneto Ficha de trabalho -
Establecer relações de sentido a) (chave de ouro). fotocopiada
entre as diversas partes constitutivas 3.2.2. Caracterização do tipo de mulher
de um texto; b) entre características representado no poema: levantamento de palavras
e pontos de vista do sujeito poético do mesmo campo lexical (nomes e adjetivos). Observação direta
das atitudes e da
G 10 - 19. Explicitar aspetos Computador/projetor participação dos
Gramática G10 essenciais da lexicologia do 3.2.3. Reconhecimento de pontos de alunos na aula
indeterminação e frases nominais que reforçam a
português.
ideia de ambiguidade.
4. Explicitar constituintes de campos
lexicais.
3.2.4. Identifica recursos expressivos usados,
5. Relacionar a construção de campos
explicitando o seu valor: antítese e metáfora.
lexicais com o tema dominante do
texto e com a respetiva
intencionalidade comunicativa.
4. Audição da música: “Amor é…” – do grupo Polo Computador
EL10 – 9. Identificar e explicitar o
Educação Literária EL Norte. Colunas de som
valor dos recursos expressivos
10 4.1. Antecipar o conteúdo do poema. Recursos digitais:
mencionados no Programa
5. Leitura orientada do poema música retirada de
Antítese e metáfora.
5.1. Primeira análise em grupo Youtube.
L 10- 7. Ler e interpretar textos de
Leitura L10 5.2. Verificar o desenvolvimento do assunto em
diferentes géneros e graus de
cada estrofe. Manual Mensagens
complexidade
5.3. Salientar alguns aspetos formais e sua 10.º ano, Texto
EL10 – 9. Identificar e explicitar o
contribuição para a coerência do poema. Editores, p.183
valor dos recursos expressivos
Educação Literária EL
mencionados no Programa
10
Paradoxo e anástrofe.
157
Descritivo da aula Tempo
1. Primeira leitura - Leitura expressiva do soneto “Um mover d’olhos brando e 5 minutos
piedoso” de Camões.
158
159
160
Plano de Aula n.º 1 – Sequência didática: A Poesia de Cesário Verde
161
Descritivo da aula Tempo Avaliação
Introdução ao tema da aula e escrita do sumário no
quadro. 5m
Exploração do PowerPoint
Apresentação dos tópicos a abordar na 5m
Contextualização histórico-cultural.
Temas musicais:
“Prélude à l'Après-midi d'un faune” de
Claude Deboussy
“Bolero” de Ravel
15 m
162
163
164
Plano de Aula n.º 2 – Sequência didática: A Poesia de Cesário Verde
Sumário: Apresentação dos trabalhos de grupo sobre o poema “Num bairro moderno”, de Cesário Verde
(págs. 293-294). Sistematização da análise das representações impressionistas e estilísticas presentes no
texto.
Objetivos Gerais da Objetivos Específicos da Conteúdos Materiais/Textos
Unidade Aula
Antecipar Recapitular o conceito de Tipos de Texto Manual Expressões 11,
conhecimentos impressionismo e suas Textos líricos Porto Editora
prévios. representações em Cesário Texto expositivo-
Verde. argumentativo “A representação
Antecipar conteúdos a impressionista em
partir de indícios Elaborar um trabalho de Cesário Verde “ –
vários. grupo seguindo as Carlos Reis (manual p.
seguintes coordenadas: Compreensão Oral 301)
Determinar a Documento audiovisual
intencionalidade Representação (Leitura expressiva do Documento audiovisual
comunicativa. impressionista poema “Num bairro – leitura expressiva do
(sensação global e moderno” poema.
Contactar com autores pequenos quadros)
do Património Cultural Apontamento de PowerPoint (em
Português. cariz surrealista Expressão Oral anexo)
Recursos Apresentação de ideias e
Descrever e expressivos e opiniões Quadro síntese –
interpretar imagens. estéticos análise do poema
Leitura de imagem
Vertente da crítica “Num bairro moderno”
Programar a produção social Exposição oral (em anexo)
da oralidade. Marcas do
realismo. Imagens:
Exprimir sentimentos e Gravuras para
emoções. Apresentar os trabalhos de representar a
grupo: leitura expressiva e regateira e o peso da
Adequar o discurso à análise dos 5 excertos do giga.
situação comunicativa. poema. Reproduções de
quadros de
Organizar a Sistematizar a análise dos Giuseppe Arcimboldo –
informação recolhida. excertos num quadro- figuras humanas
síntese que contemple as compostas por
coordenadas referidas. elementos da natureza
(frutas, verduras,
Efetuar uma análise flores)
global/sensação global do
poema.
Registar e tratar
informação.
Participar oportuna e
construtivamente em
situações de interação oral.
165
Descritivo da aula Tempo Avaliação
166
167
Anexo 9 – Ficha da estrutura do plano de viagens
13/11/2015
4. Plan de Viaje:
¿Dónde está?
¿Cómo es?
¿Qué hacer?
¿Cómo llegar?
¿Qué llevar?
168
Destinos Turístico: Campo
http://www.tripadvisor.es/Tourism-g644311-Campo_Province_of_Huesca_Aragon-Vacations.html
Tarea Final:
¡Buen trabajo!
169
Anexo 10 – Reprodução da Planta da cidade (placard)
Est
ás
aq
uí.
170
Anexo 11 – Plantas A e B da Tarefa final
El hospital El hotel
La
estación
de
tren
La
estación
de
autobús La comisaría
El instituto
La
peluquería
Calle 2 de mayo 1
7
El d
restaurante e
1
2 El m correos
centro a
d El cine comercial y
e A o
v
o e
c n Calle Reconquista
t i
c d
b a
r
e El
G
café La
o
Lugares por los que preguntáis (¿Dónde está?): iglesia
y
a
1- El estadio de fútbol 8- La librería
2- El estanco 9- La farmacia
171
Unidad: “Servicios de la ciudad” – Tarea final – 8º curso15/02/2016
Plano B
El
mercado
La El banco
biblioteca
Calle 2 de mayo 1
7
La
El d farmacia
ayuntamiento e
1
2 m
La
librería a
d y
e A o
v
o e
c n Calle Reconquista
t i
c d
b a
El Los
r
kiosco aseos
e G
La o
plaza de toros y
a El
parque
La
gasolinera
172
Anexo 12 – Ficha do questionário sobre os hábitos ecológicos
Mira la tarjeta que te ha tocado y escribe qué puedes hacer para cuidar Ahora, pregúntale a tu
el medio ambiente. compañero con qué frecuencia
cuida el medio ambiente.
A veces.
Luego, cambiad de rol.
173
Anexo 13 – Modelo de folheto sobre o ambiente
174
Anexos 14 – Planificações das aulas de espanhol
PLAN DE CLASE
Descripción de la clase
En segundoDescripción
lugar, se visiona
de lay clase
analiza el vídeo para dar
respuesta a la última pauta: Características del cliente. Al
final, se pide a un alumno que escriba las ideas en la pizarra
5m
y todos lo escriben en sus cuadernos.
Tiempo
los contenidos en la pizarra. Los alumnos los copian en su
cuaderno.
Los alumnos leen los textos en voz baja y se les pide que
completen la tabla con vocabulario y expresiones sobre el
tema de la unidad.
176
177
PLAN DE CLASE
Descripción de la clase
178
179
180
181
182
PLAN DE CLASE
Contracción de preposiciones “a” y “de” con los artículos “el”, “la”, “los” “las”.
Visita Descripción
virtual de la clase
a una ciudad española.
Descripción de los momentos de la clase: Tiempo Destrezas que se atienden en
clase:
La clase empezará con la profesora proyectando y leyendo 10m
los contenidos en la pizarra. Los alumnos los copian en su
cuaderno.
Se hace un repaso de la clase anterior. Se pregunta a los
alumnos de qué hablaron en la clase anterior y se introduce
la unidad “servicios de la ciudad.”
Se empieza la unidad con una actividad de motivación: “¿Qué
conoces de tu ciudad? ”Se proyectan imágenes conocidas de
Algunos adverbios de lugar. 10 m Interacción oral
lugares de la ciudad de “Covilhã”, para que los alumnos
Explotación de vocabulario
descubran sus nombres en español.
Práctica comunicativa: indicar direcciones en un plano de la ciudad.
Se intenta que todos participen de manera ordenada. Los
alumnos van haciendo la leyenda de las imágenes en la ficha
10 m Interacción oral
previamente distribuida.
A continuación, se les pide a los alumnos que comparen su
ciudad con una ciudad española: “Cuenca”.
Se introducen algunos contenidos culturales y se intenta dar
una perspectiva intercultural a la comparación, valorizando
diferencias y semejanzas de las dos ciudades.
30 m Comprensión oral
Después, se presenta la actividad 3: “elaboración de un
Interacción oral
plano de la cuidad”. Se explica que cada alumno tiene una Explotación de vocabulario
imagen y una definición de un servicio o establecimiento
comercial que no cuadran. La pareja que tenga la imagen y
la frase correspondiente las va a pegar en el plano donde
DESCRIPCIÓN DEL DESARROLLO DE LAS CLASES
convenga. De esta forma, toda la clase participa en el juego
y, individualmente, cada alumno completa la ficha de
trabajo con las palabras que ha aprendido.
SEGUNDA
A CLASE
continuación, DE LA UNIDAD:
se introducen los contenidos gramaticales
utilizando algunas frases de la actividad anterior. Se intenta
que los alumnos
Síntesisvan
de adivinando como de
los contenidos se contraen
la clase: las 15 m Explotación gramatical
preposiciones “a” y “de” con los artículos “el”, “la”, “los”
183
“las”. Se hace la sistematización de los contenidos pidiendo
siempre la colaboración de los alumnos. 5m
184
185
186
PLAN DE CLASE
Descripción de la clase
187
El juego permite que toda la clase participe y coopere para
ayudar a solucionar el enigma.
Para aplicar los contenidos gramaticales aprendidos (el
imperativo para dar indicaciones), el juego empieza con la
profesora ejemplificando con el tratamiento de usted y
vosotros con la ayuda de los alumnos de los dos equipos.
Los alumnos de cada equipo van a la pizarra y van rellenando
los lugares del plano, siguiendo las instrucciones dadas por el
equipo oponente.
El plano solo queda completo cuando todos los lugares sean
revelados. Los alumnos también van rellenando el plano
enigmático en sus fichas.
Se esclarecen algunas dudas y se va añadiendo alguna
información útil en la pizarra.
188
189
PLAN DE CLASE
•Descripción de la clase
190
siguiendo un modelo lo ayudará a escribir una frase para
cuidar del medio ambiente desde casa. Esta actividad 25m
permite ejercitar y ampliar el vocabulario de los verbos y Comprensión visual
sustantivos relacionados con las actitudes ecológicamente Expresión escrita
responsables e irresponsables. Los alumnos van escribiendo Explotación de vocabulario
en la pizarra sus frases, la profesora las va corrigiendo y los
compañeros las van anotando en sus respectivas fichas.
En un segundo momento, se les pide a los alumnos que en
casa completen la encuesta, contestando, para cada frase,
con qué frecuencia cuidan el medio ambiente.
191
192
193
PLAN DE CLASE
• Instrucciones sobre la tarea final: folleto sobre el medio ambiente (presentación de un modelo).
Descripción de la clase
194
195
196
197
Anexo 15 – Projeto do Clube de Leitura
Um clube de leitura é um lugar privilegiado de partilha da magia e das emoções que desvendamos em
cada página que lemos. Um mundo incomensurável que se torna ainda mais rico quando debatemos
várias interpretações de uma mesma obra. É um espaço intimista no qual se tecem afinidades à volta de
um livro e onde a leitura deixa de ser um ato solitário.
Objetivos:
- Funcionar como espaço de partilha de experiências e opiniões acerca das leituras realizadas num
ambiente informal e descontraído.
- Criar uma comunidade virtual de leitores para publicação e debate mais alargado de opiniões sobre as
obras (outras escolas nacionais e internacionais).
- Cativar outros jovens para a leitura através da recriação das obras literárias lidas, recorrendo a
diversas manifestações artísticas e apresentadas à restante comunidade escolar.
Funcionamento:
Reuniões quinzenais/ mensais (consoante a extensão da obra) às segundas-feiras à tarde, contando com
a orientação de um professor/tutor.
Acordar ler o mesmo livro durante um determinado período de tempo e reunir depois para o discutir
com os colegas.
Propõem-se 2 ou 3 livros e o grupo seleciona o que mais gosta, depois de ser apresentada uma síntese
dos mesmos.
Após análise dos gostos e interesses dos participantes, o professor deve também assegurar que as
propostas sejam obras de qualidade, com mensagens úteis e formativas para os jovens.
Os participantes não devem ser mais de 10 para assegurar que todos sejam ouvidos, nem menos de 5
para não ficarem sem assunto.
Deve-se assegurar a disponibilidade de volumes para todos os membros do grupo antes de se efetuar a
escolha do livro.
198
Espaço físico:
Criação de um espaço aconchegante e informal, onde as conversas ocorram à volta de um chá com
biscoitos.
Atividades:
Leituras em conjunto, de partes selecionadas do texto, com orientação do professor, para incentivar a
reflexão apreciação critica acerca das mesmas.
Convidar amigos a participar, escritores e poetas para enriquecer o debate, procurando manter,
entretanto, sempre um grupo restrito nas sessões.
Exposições dos trabalhos de recriação das obras e divulgação das suas críticas literárias no espaço
escolar, na página da internet da Escola, no blog da Biblioteca e nos meios de comunicação disponíveis
(QTV Palmeiras, Palmeiras Impress e Rádio Palmeiras).
Divulgação:
A divulgação será efetuada através de cartazes, dos meios de comunicação da escola e contato/triagem
por parte dos professores de Português.
199
Anexo 16 – Cartaz/convite do Clube de Leitura
200
Anexo 17 – Divulgação do Clube de Leitura no Jornal da ESQP
201