PROJECTO VF. Lucas (Salvo Automaticamente)
PROJECTO VF. Lucas (Salvo Automaticamente)
PROJECTO VF. Lucas (Salvo Automaticamente)
TEMA
Tema
i
Autor: Lucas Mutandane Tororo
Supervisor:
_____________________________________
ii
Folha de Aprovação
_____________________________________
Autorizo
______________________________________________
______________________________________________
Os membros do Júri:
________________________________________________________
_________________________________________________________
___________________________________________________________
iii
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Lucas Mutandane Tororo, declaro que este projecto é produto da minha investigação e das
orientações do meu supervisor e o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente citadas no texto, nas notas e na bibliografia final.
Declaro ainda que, este projecto ainda não foi apresentado na sua essência em nenhuma outra
Instituição académica para obtenção de qualquer grau académico. Por esse facto, ele é obra
original da minha autoria.
_________________________________
iv
DEDICATÓRIA
Tororo Mugudo e Rosa Chara João (meus progenitores) por serem a razão da minha existência e
meu suporte em todos os momentos.
v
AGRADECIMENTOS
De igual modo, agradeço a Unidade de Intervenção Rápida, pela permissão para a realização do
trabalho de campo, em especial ao Chefe da RIP 1: Ermelindo Pene pelo tempo dispensado e
pelas contribuições enriquecedoras neste projecto, não esquecendo os meus entrevistados que
disponibilizaram informações necessárias para a concretização deste projecto.
Aos meus filhos, António, Afonso, Rosaria, Inês, Plibio, Evaristo pelos momentos de atenção
que lhes roubei, compreendendo que a minha ausência era importante para chegar até ao fim
desta etapa.
À minha família pela amizade e disposição em contribuir em tudo que esteve ao seu alcance,
pela força, incentivo e motivação.
1
Repartição de Informação e Plano
vi
Tabela 1: Lista de abreviaturas
LISTA SIGNIFICADO
ACIPOL Academia de Ciências Policias
CRM Constituição da República de Moçambique
FADM Forças Armadas de Defesa de Moçambique
FDS Forças de Defesa e Segurança
FIR Força de Intervenção Rápida
OMS Organização Mundial da Saúde
PIR Polícia de Intervenção Rápida
PP Polícia de Protecção
PPM Polícia Popular de Moçambique
PRM Polícia da República de Moçambique
RDPRM Regulamento Disciplinar da Polícia da República de Moçambique
REGFAE Regulamento do Estatuto dos Funcionários e Agentes de Estado
RIP Repartição de Informação e Plano
SISE Serviço de Informação e Segurança do Estado
UIR Unidade de Intervenção Rápida
Resumo
vii
O presente projcto de intervencao trata do entendimento acerca da análise do impacto das
abordagens da Unidade de Intervenção Rápida sobre a população, bens materiais e económicos
no âmbito das manifestações. O tema se mostra importante pois, vai trazer uma harmonização
nas abordagens policiais as manifestações populares, isto é, a indiscutível necessidade de se
estabelecerem parâmetros mais claros e harmonizados para a actuação da Unidade de
Intervenção Rápida, a fim de se resguardarem de maneira maximizada as actuações policiais,
bem como a contenção dos recursos nas abordagens as manifestações populares. E nestes termos
objectiva-se analisar o impacto do trabalho policial face à recepção, análise e implementação das
medidas proactivas com vista a abordagem às manifestações populares na cidade de Maputo.
Nesta perspectiva, percebe-se que a recolha de informação operativa pelos agentes de
reconhecimento da Unidade de Intervenção Rápida possibilita a obtenção da informação policial
que no seu rápido processamento pode ajudar a controlar as convulsões sociais. Sabe-se que as
manifestações são organizadas nas comunidades assim como o processo da divulgação dos
motivos para posterior mobilização das massas para o efeito.Contudo, neste projecto de
intervenção a discussão centra-se no sentido de conciliar a informação de uma presumível
manifestação e o trabalho policial com vista a abordagem deste evento popular. E será nesta
perspectiva que se pressupõe que as informações tidas pelos agentes operativos possam ser
operacionalizadas com os meios disponíveis antecipando a acção dos populares com a presença
de meios humanos e circulantes nos pontos considerados estratégicos
viii
Abstract
The present work deals with the understanding of the analysis of the impact of the Rapid Inter-
vention Unit approaches on the population, material and economic goods within the scope of the
demonstrations. The theme is important because it will bring harmonization in police approaches
to popular demonstrations, that is, the indisputable need to establish clearer and more harmo-
nized parameters for the performance of the Rapid Intervention Unit, in order to maximize the
protection of police assessments. , as well as resource containment in approaches to popular
demonstrations. And in these terms, the objective is to analyze the impact of police work on the
reception, analysis and implementation of proactive measures with a view to approaching popu-
lar demonstrations in the city of Maputo. In this perspective, it can be seen that the collection of
operational information by the reconnaissance agents of the Rapid Intervention Unit makes it
possible to obtain police information that, in its rapid processing, can help to control social up-
heavals. It is known that the demonstrations are organized in the communities as well as the
process of disclosing the reasons for the subsequent mobilization of the masses for the purpose.
However, in this intervention research, the discussion focuses on reconciling information from a
presumed demonstration and police work with a view to approaching this popular event. And it
will be in this perspective that it is assumed that the information held by the operative agents can
be operationalized with the available means, anticipating the action of the people with the pres-
ence of human and circulating resources at points considered strategic.
Índice
ix
Declaração de honra ....................................................................................................................................................II
Folha de Aprovação ....................................................................................................................................................III
Dedicatória .................................................................................................................................................................IV
Agradecimento ........................................................................................................................................................... V
Lista de Abreviaturas .................................................................................................................................................VI
Resumo ................................................................................................................................................................... VII
Abstract................................................................................................................................................................... VIII
1. Introdução.............................................................................................................................................................1
1.1. Contextualização..................................................................................................................................................2
1.2. Justificativa...........................................................................................................................................................5
1.3. Problema de pesquisa...........................................................................................................................................6
1.4. Objetivos de pesquisa..........................................................................................................................................9
1.5. Breve Resumo dos conteudos e estrutura do Projecto........................................................................................10
CAPÍTULO I - REVISÃO DA LITERATURA
1.1. Conceitos Chaves..................................................................................................................................11
1.2. Enquadramento Teórico .......................................................................................................................14
1.2.1.Teoria da desorganizaçao social na vertente da Ecola de Chicago............................................................ 14
1.2.2.Critica a teoria da desorganizaçao social................................................................................................15
1.2.3.Teoria do contrato social........................................................................................................................15
CAPITULO II - METODOLOGIA
2.1.Abordagem metodologica da Pesquisa.......................................................................................................18
2.2.População e amostra.................................................................................................................................19
2.3. Tecnica de Reoclha de dados ,.................................................................................................................20
2.3.1. Análise Bibliografica ........................................................................................................................................20
2.3.2. Análise de documento.......................................................................................................................................20
2.3.3. Entrevista ..........................................................................................................................................................21
2.3.4. Observação directa e participante......................................................................................................................22
2.4. Questões éticas ....................................................................................................................................................23
3.6.Limitações de Estudo e resultados esperados........................................................................................................24
CAPITULO III - DIAGNOSTICO DO PROBLEMA
3. Identificaçao do Problema..........................................................................................................................25
3.1. Formas de manifestaçao de problema.......................................................................................................25
3.1.1. Actuaçao da UIR durante as manifestaçoes Populares............................................................................25
3.2.Identificacao dos pontos fortes e fracos para a resoluçao ............................................................................31
3.2.1. Analise FOFA ...................................................................................................................................31
CAPÍTULO IV – PROPOSTA PARA A SOLUÇAO DO PROBLEMA
4.1. Possivel soliçao do problema.............................................................................................................................35
4.2. Proposta da estrategia ........................................................................................................................................35
4.3. Formas de Resoluçao do problema .....................................................................................................................37
Metodologia ou Plano de Acçao para a resoluçao do problema.................................................................................38
CAPÍTULO V
5.1. Conclusão...........................................................................................................................................................43
Referências Bibliográficas .........................................................................................................................................45
x
Introdução
De uma forma sucinta aborda-se o impacto das intervenções policiais as manifestações populares
Com este projecto de intervenção objectiva-se analisar o impacto do trabalho policial face à
método indutivo.
que no seu rápido processamento pode ajudar a evitar as convulsões sociais. Sabe-se que as
manifestações são organizadas nas comunidades assim como o processo da divulgação dos
1
Contudo, nesta pesquisa de intervenção a discussão centra-se no sentido de conciliar a
informação de uma presumível manifestação e o trabalho policial com vista a abordagem deste
evento popular. E será nesta perspectiva que se pressupõe que as informações tidas pelos agentes
operativos possam ser operacionalizadas com os meios disponíveis antecipando a acção dos
populares com a presença de meios humanos e circulantes nos pontos considerados estratégicos
para abortar a manifestação prevista. Porém, nota-se que a presença policial com meios
considerar ilegal.
I. Contextualização do Problema
Sobre a génese da polícia moçambicana, Tsucana (2014) fala que tudo tem seu início com a
1975) que autorizou a criação do Corpo de Polícia de Moçambique (CPM) que, inicialmente,
na base da Lei nº 5/88 de 27 de Agosto que passou a designar-se Polícia de Intervenção Rápida
Dezembro passou a designar-se Força de Intervenção Rápida (FIR). E actualmente por força da
2
Lei nº16/2013 de 12 de Agosto ficou designado Unidade de Intervenção Rápida (UIR) que tem
vindo a desencadear as acções de manutenção da ordem pública, servindo de último recurso nas
acções de manutenção da ordem pública que visa garantir a segurança interna. Para o alcance
destes objectivos prepara os seus efectivos para situações anómalas, que necessitem da
intervenção de meios de acção de combate contra grupos que na sua actuação instalam um clima
O art. 254 da Constituição identifica a polícia como um dos organismos principais que deve
garantir a lei e a ordem, a tranquilidade pública e o respeito pelo Estado de Direito. A polícia
tem obrigação de obedecer às leis, usando isenção e imparcialidade na sua actuação. Consoante
“pacífica e livremente (…) sem dependência de qualquer autorização nos termos da lei”. Ao
longo dos últimos anos, os dois momentos marcantes das confrontações entre polícia e
manifestantes nas ruas foram os factos do dia 5 de Fevereiro de 2008 e dos dias 1 e 2 de
Setembro de 2010.
constituída por quatro Ramos e seis Unidades de Operações Especiais e de Reserva. (1) Ramos:
Costeira Fluvial e Lacustre. (2) Unidade de actuação: Unidade de Intervenção Rápida; Unidade
2
Na actual organização do Ministério do Interior esta passou a designar-se Serviço de Investigação Criminal e está
sob Tutela do Ministério do Interior e não do Comando Geral da PRM.
3
Engenhos Explosivos (art. 13 da Lei nº16/2013). Como se deve constatar, na ocorrência de uma
Segurança Pública que, em casos extremos, pode ser apoiada pelas Unidades de Intervenção Rápida ou
Canina.
quando consideradas ilegais ou quando atentam a segurança pública. Que nestes termos a
abordagem deste estudo está baseada na Lei nº 16/2013 de 1 de Agosto que aprova as atribuições
da UIR.
b) Controlo de massas;
Tendo em conta as atribuições acima, para este projecto o foco foi para as atribuições das alíneas
a e b da lei em referência. A UIR conta com 11 subunidades distribuídas por todas províncias e
4
Segundo a tradição moçambicana, a polícia vela pela ordem e segurança públicas. A Unidade de
pública, pela gestão de incidentes táctico-policiais, pela segurança pessoal dos membros dos
(UIR), com tarefas de manutenção e reposição da ordem pública, controlo de massas, gestão de
O uso da Força para intervir em manifestações acarreta vários riscos tanto para os protagonistas
das manifestações assim como para os agentes policias encarregados pelo controlo anti-motim.
críticas relativas às intervenções feitas pela Polícia. Em face de este todo cenário urge a
É neste âmbito que se pensou no presente tema com vista a trazer uma visão sobre as estratégias
II. Justificativa
A escolha do presente tema de pesquisa surge em resposta das análises feitas em torno das
policiais acarretavam muitos danos materiais e humanos, quer para a corporação assim como nos
privadas, saqueamento de produtos nos estabelecimentos comerciais entre outros carecendo uma
5
pronta intervenção da policial. Para o lado policial igualmente verifica-se danos humanos e
matérias.
Do ponto de vista teórico este projecto trará uma compreensão como a UIR trata as questões
pública como também dará maior eficácia e eficiência à operacionalização das informações
abordagem.
Do ponto de visa prático o projecto, poderá contribuir para a definição de acções concretas que
irão facultar à percepção real do impacto das abordagens as manifestações no seio da corporação.
Com este projecto também se acredita que possa revestir de certa utilidade para o
desenvolvimento da Polícia em particular desta Unidade, como também, poderá dar linhas
informações operativas que se relacionam com as manifestações populares, assim como poderá
pública.
Na esfera académica – o projecto contribuirá para alimentar futuras pesquisas com ênfase nas
abordagens das manifestações. Este projecto de intervenção também tem em vista a incentivar o
O porquê da escolha do local da pesquisa: esta irá decorrer na Unidade de Intervenção Rápida,
localizada na Cidade de Maputo. Na visão do autor, este local é de extrema importância, pois
6
representa o Comando desta Força, é centro de planeamento estratégico, onde são delineados os
planos de formação, de actuação, bem como local de disseminação das acções operativas para as
suas Subunidades.
III. Problema
2008, meados de 2010 e finais de 2012, faz-se necessário um olhar mais apurado para a realidade
anterior nos meses que as antecederam. Os noticiários nas rádios, televisões e redes sociais nos
ofereceram um painel dos prováveis motivos de ordem mais geral para a indignação que levou
provenientes dos bairros periféricos da cidade, às ruas para manifestar o alto custo de vida,
depois de o governo ter pronunciado o aumento dos preços dos transportes públicos informais
Segundo Langa (2010), Brito (2017) e Mabote (2017), um dos principais motivos que levou a
população a ir para as ruas foi ver os jovens pela televisão, rádio e redes sociais reivindicando
por causas que também eram suas, como por exemplo: o aumento dos preços dos transportes
públicos informais conhecidos como “Chapa 100” e de preço do pão. Conforme nos ilustra:
No dia 5 de Fevereiro de 2008 a cidade e província de Maputo, acordaram com as ruas principais
quase que completamente bloqueadas por causa de barricadas erguidas por manifestantes. O
motivo alegado para as manifestações foi a subida do preço do Chapa(Brito, 2017).Langa (2010)
acrescenta ainda que, os protagonistas optavam por acções que impediam a circulação de
7
automóveis: ateavam fogo a dezenas de veículos, barricavam as ruas, arremessavam pedras e,
confronto entre as duas partes apontava em duzentos e cinquenta três feridos e três mortos
Nos dias 1 e 2 de Setembro de 2010, depois de circularem mensagens por SMS apelando à
“greve”, tal como tinha sido o caso em 2008, aconteceu o segundo grande episódio de protestos
de rua, desta vez contra o aumento anunciado do custo do pão e outros produtos básicos.
Entretanto, em 2010 a violência foi ainda mais difusa, assim como a reacção do Estado – e da
polícia também – foi mais sistemática e, de certa forma, “definitiva” (Brito, 2017). O balanço do
confronto entre as duas partes culminou com a morte de 13 pessoas, incluindo um menor de 11
anos e mais de 150 feridos graves e ligeiros. Um caso que a sociedade civil e a comunidade
internacional apontou como responsável a PRM devido ao uso excessivo da força (Mabote,
2017, p. 2).
Segundo o Jornal Bantu (2010), a Força de Intervenção Rápida (FIR), actualmente Unidade de
ordem pública, limitava-se a disparar apontando armas de fogo do tipo AK-47 aos manifestantes,
usando força excessiva, mas não efectuando movimentos de persuasão e dissuasão como
mandam as regras. Balas de borracha foram disparadas directamente para as multidões sem se
3
Cfr. Art.º 27º da Lei nº 16/2013, Lei da PRM, que revoga a Lei nº 5/88, de 27 de Agosto, e Lei nº 19/92, de 31 de
Dezembro. Publicada no Boletim da República de Moçambique, Segunda – feira, 12 de Agosto de 2013, I – Série nº
64.
8
Em 15 e 16 de Novembro de 2012, a cidade de Maputo voltou a ficar paralisada durante um dia e
Contudo, Felgueiras (2009) diz que os Estados assumem hoje em dia, duas posições relativas a
cenários de desordem pública; ou adoptam uma postura de reacção apoiada na forma musculada
de intervenção, ou aderem a uma estratégia de gestão baseada nas informações e nos níveis de
violência. Pese embora a segunda posição seja definitivamente a mais utilizada no nosso país,
julgámos existir ainda uma mistura da postura reactiva com o trabalho proactivo (referimo-nos
partida:
forma pacifica?
IV. Objectivos
Objectivo Geral
Objectivos Específicos
9
Demonstrar o impacto das intervenções policiais face às outras abordagens policiais;
eficientes e eficazes;
às manifestações populares.
O trabalho está estruturado em cinco partes, sendo a primeira a introdução que faz a
capítulo em que são apresentados e discutidos os conceitos – chave e são abordadas as teorias de
dificuldades para a sua intervenção e identificação, análise FOFA. No quarto capítulo são
10
CAPÍTULO I: QUADRO TEÓRICO – CONCEPTUAL
Este capítulo expõe o referencial teórico utilizado como arcabouço para a descrição e
Richardson (1999,91) defende que a revisão da literatura implica leitura e apresentação de pontos
já tratados por outros autores sobre o assunto a investigar, sendo que qualquer investigação
científica, seja de qual for a sua dimensão implica a leitura do que os outros escreveram sobre
Neste sentido, para a persecução dos objectivos em vista no presente estudo, passa em primeiro
lugar pela apresentação de alguns conceitos teóricos que foram abordados ao longo da pesquisa.
A definição de conceitos representa um dos primeiros desafios que são colocados em todo
trabalho de investigação tendo em conta as adversidades e a falta de consenso que este reúne
entre várias doutrinas na conceptualização dos mesmos. Para esta pesquisa é importante trazer a
11
protesto são muitas vezes tratadas pelos governos como actos de perturbação da ordem
1.1.2. Santo (2020) refere que abordagem Policialé a técnica de aproximação em que o policial
entra em contacto com determinada pessoa a fim de averiguar, por meio da busca,
Para Nascimento (2016), a abordagem policial é acima de tudo um método profilático de evitar
que ilícitos ocorram, preservando, desta forma, a ordem pública, trazendo para o citadino uma
Diante dos conceitos acima apresentado, pode-se afirmar que a abordagem policial é uma
actividade preventiva e tem como objectivo, localizar, por meio de buscas, objectos ilícitos e/ou
Segurança Pública a palavra “segurança” tem origem, latim que significa sem preocupações.
No sentido etimológico securus está intrinsecamente ligado à garantia de se estar salvo perante
garantir que alguma coisa esteja segura. Igualmente o termo segurança tem sentido equivalente a
estabilidade, pois o que é estável é também seguro. A garantia, a firmeza, as fianças, sem dúvida,
dão sempre ideia do que está no seguro não está exposto ao risco de sofrer danos, daí que a
4
Silva, De Plácido (2004, p. 1266). Vocabulário Jurídico. Atualizadores: Nagib Slaibi Filho e Gláucia Carvalho.
Rio de Janeiro: Forense.
12
Esta ideia é também defendida pelo Costa et al (2014) mas acrescenta que estar seguro é um
medo não se pode considerar de segurança. Portanto, o pressuposto é tornar a coisa livre de
como mecanismo de garantia de direitos e deveres protegido pelo Estado. Como um direito, o
Estado tem uma obrigação de proteger e garantir à liberdade, à segurança aos cidadãos (Artigo
59 nº1), como um dever está intrinsecamente ligado ao dever da cidadania visando à defesa do
Num Estado democrático, a segurança pública garante a protecção dos direitos individuais e
assegura o pleno exercício da cidadania. Neste sentido, a segurança não é contrário ao exercício
do direito à liberdade, mas sim é corolário para o seu exercício, ela é um dos canais que oferece
estímulos activos para que os cidadãos possam expressar-se livremente, conviver, trabalhar,
Segundo Dougherty (2003,90), marco teórico consiste numa explicação geral de um conjunto de
fenómenos seleccionados, estruturados de maneira satisfatória para que esteja familiarizada com
as características da realidade em estudo. Neste caso para orientar a leitura desta pesquisa, o
enfoque vai para as teorias da desorganização social, teoria de controlo social teoria de anomia e
teoria de rotulagem. Portanto a escolha destas teorias deriva no facto de que a primeira estar
13
relacionada com o estudo das teorias do desenvolvimento, a segunda e terceira por estar
relacionadas com as teorias da segurança, não obstante as cinco teorias podem ser consideradas
de relações sociais.
Da teoria e sua abordagem social, também chamada Teoria da Ecologia Criminal que surge em
alcançar valores comuns a todos seus residentes e de manter o controlo social efectivo (Shawe e
criminológico, tendo passado por diversos debates e diversas críticas que apresentam variáveis
ressaltar novamente que tendo baixa condição socioeconómica, as pessoas que moram nas
periferias das grandes Cidades vivenciam ao ambiente do crime, violência, algumas possuem
Estado nas áreas de saúde, educação, segurança pública e, dentre outras áreas. Tal situação atinge
toda população ao estigmatizar determinadas áreas da Cidade (os guetos) 5 e as comunidades que
5
Wacquant (2004) & Costa (2013) guetos referem-se a área natural, produto de migração de forma espacial,
caracterizada por violência colectiva, habitadas por grupos despossuídos, desonrados constituídos por homens,
mulheres e crianças; […] espaço de segregação e exclusão social de indivíduos considerados indesejáveis pela
maioria da população, na sua maioria de raça negra que possuem um importante indicador de problemas sociais,
níveis visíveis de pobreza absoluta, miséria, geralmente localizados em áreas consideradas perigosas por agentes da
lei e apontados como focos de concentração de crescente marginalidade e crimes.
14
moram nesses locais, gerando assim uma espécie de discriminação, que pode ser exemplificada
Portanto, essa teoria é aplicável em nosso estudo, pois, arrola uma série de factores que levam a
condição económica que acentua a situação de miséria, nalgumas camadas sociais concretamente
os moradores dos bairros suburbanos e a população de baixa renda. É neste contexto que a
desorganização social se evidencia, por meio de ajuntamento e fácil manipulação para aderir a
manifestações públicas.
nesta teoria não se faz nenhuma alusão às classes sociais mais abastadas, de forma a induzir
implicitamente que nas áreas nobres das cidades não há criminalidade e que os residentes dessas
especificidades de crimes praticados pelas elites. Esta afirmação surge como uma das críticas à
teoria da desorganização social que nega o envolvimento de indivíduos que detêm posse e vivem
15
Porém, existem ideias que sustentam a aproximação entre a pobreza e a criminalidade, sobretudo
nos crimes contra o património que na sua maioria destes são praticados por indivíduos sem
alfabetização, pobres que vivem em condições de extrema miséria, com formação moral
inadequada Filho (2012). A motivação que este autor encontra para a prática destes actos a que
se associam a manifestação de sentimento de ódio por aqueles que detêm posse justificada pela
luta de sobrevivência.
Esta teoria considera que o crime ocorre como resultado entre os impulsos que conduzem a
actividade criminal e os dispositivos físicos e sociais que a detêm. Esta teoria, não está muito
interessada em perceber na realidade as reais motivações que conduzem a prática de crimes, pelo
contrário, assume-se que as pessoas agem racionalmente, e que dada a oportunidade, todos
podem enveredar por actos desviantes. Afirma que muitos tipos de delitos são resultados de
decisão situacionais "visto que uma pessoa tem uma dada oportunidade e é motivada a agir"
(Guiddens, 2004,p.234).
Um dos autores mais conhecidos da teoria do controlo social foi o Travis Hirsch que defendia
que os seres humanos são fundamentalmente seres egoístas e calculistas na tomada de decisões
Hirsch defendia ainda a existência de três tipos de lanços que ligam as pessoas a sociedade aos
16
fortes, estes elementos contribuem para manter o controlo social e a conformidade pois não
Todavia, se esses lanços sociais forem fracos nas pessoas, podem culminar num comportamento
gerais, os indivíduos desviados são aqueles cujos níveis de controlo de acordo com a vida social
são baixos motivados por falhas que ocorreram durante o processo de socialização na família,
igreja, escola que são consideradas instituições do controlo informal e formal, sendo que é a
Esta teoria enquadra-se melhor para o presente projecto de intervenção na medida em que
permite suster o enquadramento das medidas a serem adoptadas para desencorajar as práticas dos
manifestantes ilegais.
17
CAPÍTULO II: METODOLOGIA
pesquisa, de tal modo que estes tornam-se peças fundamentais para o alcance dos objectivos,
ainda Gil (2008) vê-o o como sendo o caminho para se chegar a um determinado fim, abarcando
Zouain (2005) atribui importância fundamental aos depoimentos dos autores sociais envolvidos,
discursos e significados transmitidos por eles, neste sentido, este tipo de pesquisa preza pela
descrição detalhada dos fenómenos e dos elementos que o envolvem, ainda Denzin e Lincoln
(2006) afirmam que este tipo de pesquisa envolve uma abordagem interpretativa do mundo, o
que significa que seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando
Para tal, a escolha da pesquisa qualitativa, os conceitos acima descritos alicerçam de forma clara
18
fenómeno num ambiente natural (UIR), como vista a permitir uma analise detalhada e identificar
os factores influenciadores no incumprimento pleno das missões, junto aos elementos envolvidos
(Força).
Gil (2008, p. 90) afirma que o universo ou população "é um conjunto definido de elementos que
possuem determinadas características". Por sua vez Ribeiro Jr. (2014) afirma que a população é
um colectar de unidades obrigacionais que podem ser pessoas, animais, objectos ou resultados
Para Gil (2008,p.90) amostra é subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
(2014) define a amostra como sendo um subconjunto de pessoas itens ou inventos de uma
população maior numa determinada pesquisa com características relevantes para o estudo.
Tendo em conta as definições acima descritas considera-se população ou universo, para esta
pesquisa todo o efectivo da UIR que desempenham funções operativas, que por questões de
Amostra da presente pesquisa e composta por 11 membros da PRM, pertencentes a UIR, dos
quais: 4 Chefes de Repartição que representam os Gestores da Força, 7 agentes operativos, dos
19
2.3.Técnicas de Recolha de Dados
cartografias, etc. Sendo que a intenção deste instrumento segundo (Lakatos e Marconi, 2001) é
colocar o pesquisador em contacto directo com tudo o que foi escrito, dito, filmado sobre
determinado assunto.
tiveram um tratamento analítico: como obras, jornais, cites da internet, o que permitiu-nos a
A pesquisa documental, segundo (Lakatos e Marconi, 2001) é uma fonte de colecta de dados que
esta estritamente ligada a documentos escritos, constituído o que se denomina fontes primárias,
20
pode-se encontrar: leis, decretos, relatórios, publicações, projecto leis, ordens, sendo que estes
documentos podem ser publicados ou não publicados, mais que servem para fundamentar as
pesquisas.
O projecto em alusão fundamenta-se na revisão teórica destas fontes, como: leis, ordens de
serviço, publicações nos jornais, revistas, leis, tendo sido fundamental na observação e
membros, bem como no levantamento de certas actividades de abordagem das manifestações mal
2.3.3. Entrevista
Duarte (2004, p.219) explica que esta técnica de colecta de dados é mais utilizada em pesquisas
científicas, representando uma interacção entre duas pessoas, há na entrevista uma maior garantia
da confiabilidade dos assuntos em pesquisa, pós esta passa necessariamente pela explicação das
Para esta pesquisa, privilegiou-se a entrevista de natureza semi-estruturadae foi ministrado aos
oficiais e agentes operativos da UIR, a escolha deste tipo de entrevista permitiu o pesquisador
permitindo aos entrevistados que debruçassem sobre assuntos que foram surgindo ao longo da
conversa, e usando uma grelha para anotação das respostas colhidas, nestas entrevistas foram
21
aplicadas três tipos de modalidade: Entrevista focalizada, Entrevista clínica Entrevista na
dirigida:
Doutrina e Ética Policial, Chefe Secção de Pessoal e Formação, Chefe da Secção de Planificação
Operativa) pós estes participam na elaboração dos planos de formação dos efectivos e
2º Entrevista focalizada – foi aplicada aos agentes operativa que tem cumprido as missões de
forma rotativa, salientar que neste grupo enquadram-se desde o Comandante do Batalhão, da
3º Entrevista clínica foi aplicada aos agentes que de forma circunstancial que cumpriram
determinada, onde o observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um membro do
grupo.
Baseando se na percepção Gil (2008) no projecto em alusão, o observador e participante, pôs faz
parte da população em estudo, (efectivo da Intervenção Rápida) factor este que a possibilitou a
22
observar os comportamentos sociais e culturais dos sujeitos da pesquisa, sem nenhuma
mediação, ter vivenciado ao longo do tempo o dilema do incumprimento das missões por parte
de alguns membros, factores estes que a possibilitaram no desenho do plano de acção, com vista
2.4.Questões Éticas
A ética desde a sua origem busca estudar e fornecer princípios orientadores para o agir humano,
Cortelha (2009) mostra a ética numa perspectiva de olharmos os nossos princípios e os nossos
referenciados correctamente,
numerador.
c) Ao Estado Pela complexidade do assunto em estudo, fez-se uma análise exaustiva, sem
23
2.5.Limitações de Estudo e resultados esperados
Constituíram limitações do estudo, a complexidade de aceder alguns dados por se tratar de questões
de segurança, a indisponibilidade dos entrevistados (respondentes) uma vez que uma parte destes já
se encontram a exercer outras actividades. Estes foram factores que concorreram negativamente para
24
CAPÍTULO III: DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA
3. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA
impacto das abordagens da Unidade de Intervenção Rápida sobre a população, bens materiais e
factores, dificuldades para sua solução, pontos fortes e fracos tendentes a sua solução (a análise SWOT).
que) suas soluções tenham a possibilidade de exigir (ou fazer) uso da força no momento em que
estejam ocorrendo (Bittner, 2003). Bayley (2001) menciona que, os mecanismos de controle da
Polícia são importantes e a relação pode ser variada, pois o relacionamento da polícia com a
sociedade é recíproco – a sociedade molda o que a polícia é e a polícia influencia aquilo em que
As regras norteadoras do uso da força pelas polícias foram estabelecidas pela Organização das
(CCEAL), em 1979:
25
Artigo 8: Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem respeitar a lei e o presente Código.
Devem, também, na medida das suas possibilidades, evitar e opor-se vigorosamente a quaisquer violações
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar que houve ou que
está para haver uma violação deste Código, devem comunicar o fato aos seus superiores e, se necessário,
a outras autoridades competentes ou órgãos com poderes de revisão e reparação. (ONU, 1979).
sobre o Uso da Força e Armas de fogo (PBUFAF), por ocasião do Oitavo Congresso das Nações
Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes, que preveem que os
verifica:
13. Ao dispersar reuniões ILEGAIS, porém NÃO VIOLENTAS, os encarregados da aplicação da lei
deverão evitar o uso da força ou, quando isso não for possível, restringir o uso da força ao mínimo
necessário;
14. Ao dispersar reuniões VIOLENTAS, os encarregados da aplicação da lei somente poderão usar armas
de fogo quando outros meios menos perigosos não forem praticáveis; e somente no mínimo necessário; e
26
Durante a manifestação, caso a PP coadjuvada por outras forças combinadas seja ineficaz na
adequadas para evitar os perigos contra pessoas. Tratando-se de uma manifestação em que os
organizadores estejam identificados, as medidas policiais poderão ser adoptadas junto dos
Como prevê a lei, nas operações em multidão carece a utilização de forças combinadas, e força
mediante autorização do Comandante Provincial (nível táctico) (cf. nº 1 do art.º 39º do Decreto
ser de acordo com as medidas de polícia, as que estão previstas na lei, desde que se mostrem
16/2013). Nos poderes gerais de polícia, a PRM goza de autonomia táctica, na medida em que a
polícia pode e deve adoptar as medidas necessárias à prevenção dos perigos concretos de ordem
27
e segurança pública, desde que não sejam contrárias à lei (Sousa, 2004). Também o art. 7 da Lei
nº7/2001 prevê que quando a manifestação pública ou aberta ao público se afaste das suas
interrompê-la e recorrer à persuasão, por meios lícitos previstos na lei. É evidente que existe uma
discricionariedade na utilização de meios coercivos por parte da polícia, mas nunca devem ferir a
lei.
A Constituição moçambicana, assim com a Lei da PRM no (art.º 33º do L/nº 16/2013), pressupõe
de próprios ou de terceiros;
b) Para vencer a resistência à execução de um serviço no exercício das suas funções, depois
conseguir;
c) Para efectuar detenções de acordo com a legislação penal, de acordo com os princípios de
Como vimos, todas missões operativas na actuação policial dependem do comportamento dos
violentas pela compreensão da dinâmica das multidões, sabendo que a violência é uma função da
competências, mas deve exercê-las com antecedência, para que as pessoas abandonem o local, ou
28
proibir a manifestação (cortejo ou desfile) de entrar num determinado local, depois de esgotarem
todos os meios de negociação e nos casos em que a vida ou integridade física dos cidadãos
estiver em perigo.
Para o bom cumprimento destas tarefas num Estado Democrático, a vertente de formação é
crucial, como reafirma Valente (2009, p.158). É “importante à formação profissional dos agentes
policiais que têm missões de aplicação prática das medidas a adoptar, o conhecimento da
identidade social, antecedentes e interacções com outros grupos são determinantes”. Por outro
lado, Miranda & Lima (2008) defendem que não basta o uso de conhecimentos no combate ao
crime antes da sua existência, para evitar a sua multiplicação, é necessário recorrer a inovações
profissionais, mas também meios tecnológicos; a Polícia deve seguir a evolução tecnológica
porque o modus operandi dos criminosos evolui com as novas ofertas do mundo digital.
pela pessoa humana. Assim sendo, o Estado como servidor da segurança e de tranquilidade
segurança das pessoas de acordo com os princípios de direito democrático. O art.º 51º da CRM,
confere a todo cidadão moçambicano o direito de reunião e manifestação desde que respeite a lei,
protestos violentos contra a subida do custo de vida, protagonizados por grupos de populares.
Tais protestos foram logo depois replicados em algumas outras cidades do país, mas numa
dimensão bem mais restrita e rapidamente controlados pelas forças policiais. Em Novembro de
6
2 Cfr. Lei nº 7/2011, de 7 de julho que altera em partes a Lei nº 9/91 de 18 de julho.
29
2012, um novo protesto se desenhou, mas a acção repressiva imediata nos locais críticos de
concentração dos populares pelas forças da polícia, que nos últimos anos tinha sido reforçada
fortemente em homens e material, impediu que a violência se generalizasse, ainda que não tenha
evitado a paralisia quase total da actividade no Grande Maputo durante um dia e meio (Brito etal.
(2015, p.1)7
Para Brito et al. (2017) e Chunguane (2017), as revoltas populares urbanas registadas entre anos
de 2008-2012 que no meio dos analistas sociais locais foram designadas de revoltas de fome ou
de pão devido ao móbil reivindicativo dos seus proponentes se enquadram em dois contextos:
1. Num movimento mais amplo de dimensão global que vem afectando vários países desde
mercado internacional e;
2. Dinâmicas económicas e políticas internas que resultam da exclusão social e política das
7
Luís de Brito, Egídio Chaimite, Crescêncio Pereira, Lúcio Posse, Michael Sambo e Alex Shankland (2015).
Revoltas da Fome: Protestos Populares em Moçambique (2008-2012). Maputo. Cadernos IESE Nº14P
https://www.iese.ac.mz/wp-content/uploads/2018/12/cap-I.pdf
30
3.2. Identificação dos Pontos fortes e fracos para a resolução do problema
(MATRIZ SWOT)
Para uma melhor formulação da metodologia de solução do problema levantado foi fundamental
fazer uma análise estratégica, no ambiente organizacional, recorrendo a análise SWOT, com o
fortes e fracos (interno) para a melhoria das estratégias motivacionais, conforme ilustra o quadro
abaixo:
Ambiente Externo
Ameaças Oportunidades
- O uso de materiais letais por parte dos desenvolvidas do país será uma opção
desempenho em manifestações;
31
Protecção (PP), Direcção de Informação
(UIR).
Ambiente Interno
Forças Fraquezas
desordem pública.
32
Analisando as forças e oportunidades da tabela acima exposta, bem como para corrigir a má
imagem da opinião pública acerca da actuação da Polícia moçambicana nas duas últimas greves
(2008 e 2010), muitas vezes, atentatória do direito de reunião e manifestação, através do alegado
uso excessivo de força alegando a sua legítima defesa e de terceiros, a Polícia deve rever o
quadro de formação dos agentes com funções policiais. Esta revisão deve culminar com a
preparação de uma força intermediária equipada com meios menos letais. Nota-se o uso da força
por parte da UIR em manifestações, pelo que a sua presença limita automaticamente aos
A formação e o treinamento da PRM devem ser voltados totalmente para o quotidiano e o seu
aprendizado deve torna-se parte da rotina, desenvolvendo-se nos policiais as habilidades para a
prática policial, não se atendo somente à teoria. Neste sentido, o foco da acção do aprendizado
desloca-se para o local de trabalho, sendo um aprendizado pró-activo, onde se aprende treinando
referente ao uso da força que, conforme o estudo realizado por Resende (2002), o esperado é um
pois a actuação policial deve pautar pelo respeito à vida, à integridade física e à dignidade
humana, que são os princípios básicos dos Direitos Humanos, conforme diz Elias e Pinho (2013),
33
Neste contexto, percebe-se que porque a Polícia é auditada e controlada por diversas instâncias,
judiciais, inspecções da tutela, por auditorias internas, pela comunicação social, pelas
organizações não governamentais e pelos cidadãos. Uma das principais fraquezas e ameaças da
Unidade de Intervenção Rápida sobre a população, bens materiais e económicos no âmbito das
escalamento da força na PRM em caso da desordem pública, disparo de arma de fogo e golpe de
Em jeito de síntese, pode-se afirmar que a ordem pública é um bem valioso característico do
Estado de Direito Democrático, sendo assim, a actuação da Polícia nunca pode ser limitadora de
direitos dos cidadãos. Para minimizar o problema da tardia resposta policial às ocorrências de
desordem pública devido às longas distâncias para o interior dos bairros suburbanos, também a
falta da força intermediária poderá potenciar situações de abuso de poder e de uso excessivo e
desproporcional da força.
Sendo assim, propomos um plano de intervenção social ao nível estratégico da PRM, para
pública nos Comandos Provinciais da PRM mais desenvolvidos e com historial de distúrbios,
para coadjuvar a Polícia de Protecção (esquadras de rotina) que actualmente desempenha tais
funções em condições frágeis, sem meios de trabalho e muito menos treino especializado que
acabam usando armas de fogo (AK-47) alegando a legítima defesa, conforme veremos a seguir.
34
CAPÍTULO IV – Proposta para a solução do Problema
Segundo Tsucana (2018, 67), avança que a actividade da Policia é tão específica, complexa e
dinâmica que só pode ser desempenhada com sucesso se os profissionais intervenientes tiverem a
transferência vai ajudar a UIR a superar os constrangimentos com que se depara na abordagem
4.2.Proposta da Estratégia
Face aos factos relatados em volta deste trabalho torna-se evidente avançar estratégias com vista
moçambicano tendo uma orientação neoliberal e não se colocando claramente como tal, em
determinados momentos em que as tensões sociais se agudizam, urge uma necessidade de fazer o
uso dos meios que dispõe para fazer face as manifestações populares e garantir a OSP.
Na prossecução dos objectivos da manutenção da OSP, os Estados, assumem hoje em dia, duas
posições relativas aos cenários de desordem pública; ou adoptam uma postura de reacção
apoiada na forma musculada de intervenção, ou aderem a uma estratégia de gestão baseada nas
35
Analisando a primeira vertente, a reactiva, incide no facto das acções da polícia depender da
acção dos manifestantes. Carece de uma observação constante no terreno a todos os níveis,
porque, como não é dada importância às informações, todos os campos manifestantes têm de ser
cuidadosamente observados, sob pena de não se conseguirem prevenir as desordens. Para além
do maior desgaste dos meios no terreno, neste tipo de intervenção policial corre-se o risco de agir
fora do contexto da situação e sobre um grupo que não conhecemos antecipadamente, logo, sem
obtidas. Passa-se a assumir então, uma postura de gestão de Ordem Pública onde se vão gerindo
planeamento e as opções tácticas a tomar, tornando a polícia pouco visível, mas mais atenta e
Sobre o dito anteriormente, também Clemente (2009) é da opinião que, o controlo está
entranhado em todo o lado, mas ao mesmo tempo na sombra, para que só a actividade
que a forte visibilidade policial é por vezes argumento para o aumento dos ânimos e das
36
4.3. Formas de Resolução do Problema
Para findar, com vista a obtermos um conhecimento mais profundo acerca da actuação das
Forças de Segurança, abordar-se-á àquilo que são os mecanismos de controlo e as tácticas das
forças responsáveis pela Ordem Pública em França e Espanha, dois países que partilham tácticas
Sobre os mecanismos de controlo nos países referidos, estes, fazem uso de três mecanismos
comuns: the territorial incapacitation – definida pela demarcação e defesa de territórios por
parte das Forças Operativas; the protester incapacitation – definido pela restrição dos
movimentos do protestante; and the dispersal – definido pelo encorajamento à dispersão dos
manifestantes. Como podemos deduzir já pela breve análise feita, no nosso país aplicam-se os
mesmos mecanismos, não estivessem incluídas para a definição destes, as tácticas usadas que
Dentro da territorial incapacitation, temos duas tácticas comummente utilizadas: a ring of steel e
a no protest zone. A primeira tem como instrumento táctico a criação de perímetros com vista a
proteger o alvo dos manifestantes, a segunda tem como base a definição de uma zona de não
protesto. No segundo mecanismo de controlo enunciado (the protester incapacitation) temos três
assenta na passividade da Força Operativa, e prevê a contenção do avanço dos manifestantes por
caracterizada por prevenir desordens de forma localizada (tal como já tínhamos referido
anteriormente sobre a actuação das Forças Operativa em Portugal), assim, são muito comuns
nestas as pré-detenções – pré-controlo de manifestantes que se suspeita que irão ter uma atitude
37
desordeira ou destabilizadora; a última táctica diz respeito ao controlo de fronteiras, com vista
também a fazer uma prevenção da desordem por parte de elementos que poderão prejudicar o
trabalho das Forças Operativas. Por último, como mecanismo de controlo utilizado por ambas os
países em análise, temos o dispersal, em que a sua táctica assenta na movimentação dos
manifestantes por parte das Forças Operativas com vista a quebrar o grupo de manifestantes.
Não obstante todos estes mecanismos e tácticas, achamos pertinente referir por último aquele que
vemos como o menos lesivo para os direitos fundamentais dos manifestantes, e que melhor pode
servir os objectivos das Forças Operativas. Na óptica do autor, este não é utilizado comummente
por França e Espanha, porém, pelo que assistimos e analisámos do fenómeno manifestante, quer
nestes países, quer em Portugal, as tácticas deste mecanismo estão a ser utilizadas com
motivação dos que protestam. Aqui é usada a táctica do negotiated management, uma gestão de
Em Novembro de 2012, um novo protesto se desenhou, mas a acção repressiva imediata nos
locais críticos de concentração dos populares pelas forças da polícia, que nos últimos anos tinha
sido reforçada fortemente em homens e material, impediu que a violência se generalizasse, ainda
que não tenha evitado a paralisaçãoquase total de actividade no Grande Maputo durante um dia e
38
meio. Contudo, com esta medida a magnitude dos actos de violência comparando com as
Face ao exposto acima para o processo de controlo das manifestações de uma forma eficaz e
eficiente contendo os recursos quer humanos e materiais o projecto propõe o seguinte plano:
Capacitar aos envolvidos (Comandantes e chefes das secções e dos grupos e operativos)
responsáveis pela identificação dos locais a plantar os meios e os homens. Pela dinâmica
social alguns lugares podem deixar de ser possíveis focos e nascer novos. Para o sucesso
Aos chefes dos grupos e das secções terão a responsabilidade de manter segurança do
pessoal os meios e a área sob sua responsabilidade. E para o controlo efectivo da sua área
A presença da Força no terreno terá uma supervisão constante, primeiro pelo comandante
A abordagem anterior constitui uma base firme para tornar céleres os processos de abordagens
proactivas às manifestações populares. Pois, fornece uma visão mais estruturada dos mecanismos
39
assim como uma proposta para a sua implementação efectiva. Esta abordagem pode ser
amplamente difundido no seio da força, embora reconhecendo a mobilidade dos quadros que
tiveram a formação inicial, contudo assume-se como uma estratégia credível de previsão e
Contudo, tecnicamente este processo de transição pode ser sustentado pelos excelentes quadros
que a UIR dispõe. Não obstante, cursos de superação técnica de modo a incorporar aos membros
as novas directrizes de trabalho serão extremamente fundamentais. E por ser uma área específica
1 Preparo mental e do Ensaiar possibilidades para antecipar e Garantido o preparo mental Três
estado de prontidão observar sua capacidade de reacção para e prontidão da força em meses
40
“teatro das operações” e buscar interferir no
planeamento da intervenção.
Comunicação não verbais do processo de comunicação, dos elementos verbais e não meses
seu emprego.
41
A tabela acima mostra-nos que as tarefas de prevenção e manutenção da ordem pública,
sobretudo com a participação da comunidade, são e continuarão sendo muito importantes para
programática orientada pelos objectivos da paz, protecção aos direitos e da prevenção ao crime.
O mesmo plano de formação ainda prevê não somente a repressão qualificada, mas define que as
unidades devem estar devidamente treinadas, uma tropa seleccionada e previamente instruída, e,
sobretudo que as actuações devem também ser preventivas, ou seja, manter estudo continuado de
situação, visando à detecção de eventual surgimento de ameaças que violem a ordem pública,
42
Conclusão
A presente pesquisa propôs-se em definir um plano de acção para a melhoria das abordagens as
declarada. Assim sendo, foi utilizada como metodologia a pesquisa de natureza qualitativa
Em complemento foi realizado uma pesquisa de campo na qual foram abordados aspectos
relativos aos factores que se consideram fundamentais para uma intervenção eficaz e com menor
danos nos meios materiais e humanos quer para a corporação assim como para os protagonistas.
Considera-se que o objectivo principal foi atingido, tendo em conta que através das respostas
consideradas mais eficientes e eficazes para a abordagem de uma manifestação popular sem
De acordo com os dados colectados, merecem atenção o aspecto diagnosticado nos planos de
populares, bem como auxilia em ferramentas para a consciencialização dos efectivos de forma a
seio da Forca. Outro aspecto levantado que pode servir de mecanismo de superação para uma
que visa reconhecimento dos membros que se destacam nas diversas missões de reposição da
43
ordem pública, no que concerne a condecorações, incentivos, promoções, configura numa
poderá incorrer-se no acréscimo da responsabilidade destes o que traduz num ganho tanto
44
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( 2014)Segurança Pública. In: LIMA, Renato Sérgio de; RATTON, José Luiz; AZEVEDO,
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Policial Militar. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Escola de Direito e Relações Internacionais.
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Organização das Nações Unidas (ONU, 1979). Código de conduta para encarregados da aplicação da
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doutorado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo pela Pontifícia
LEGISLAÇÃO
--- Lei 19/92 de 31 de Dezembro, (Lei que cria a PRM) recuperado em pt.m.wikipedia.org
47