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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE DIREITO DO RIO DE JANEIRO


GRADUAÇÃO EM DIREITO

ANDRÉA ROMUALDO LAVOURINHA

Procedimento de Manifestação de Interesse: interesse de quem?

Rio de Janeiro, 2013.

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS


ESCOLA DE DIREITO DO RIO DE JANEIRO
GRADUAÇÃO EM DIREITO

ANDRÉA ROMUALDO LAVOURINHA

Procedimento de Manifestação de Interesse: interesse de quem?

Trabalho de Conclusão do Curso de


Direito, sob a orientação dos professores
Antônio José Maristrello Porto e
Marcelo Rangel Lenne rtz.

Rio de Janeiro, novembro de 2013.


FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA DE DIREITO FGV DIREITO RIO
GRADUAÇÃO EM DIREITO

Procedime nto de Manifestação de Interesse: interesse de quem?

Elaborado por ANDRÉA ROMUALDO LAVOURINHA

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à FGV DIREITO RIO como
requisito parcial para obtenção do grau
de bacharel em Direito.

Comissão Examinadora:
Nome dos orientadores: Antônio José Maristrello Porto e Marcelo Rangel Lennertz.
Nome do Examinador 1: ______________________________
Nome do Examinador 2: ______________________________

Assinaturas:

__________________________________________________
Antônio José Maristrello Porto

__________________________________________________
Marcelo Rangel Lennertz

__________________________________________________
Examinador 1

__________________________________________________
Examinador 2

Nota Final: ____________________________

Rio de Janeiro, ______de ____________de 2013.


RESUMO: O Procedimento de Manifestação de Interesse (“PMI”) vem sendo
utilizado por diferentes entes federativos brasileiros, principalmente nos últimos dois
anos, quando o instituto foi regulamentado em muitos Estados. Seu objetivo é
viabilizar a mode lagem de projetos de infraestrutura sem onerar os cofres públicos e
sem requerer expertise técnica pública. Insere-se no contexto de incentivo às possíveis
sinergias oriundas das parcerias entre os setores público e privado. Entretanto, é
importante considerar como principal obstáculo para a utilização do PMI a
possibilidade de discrepância entre o interesse público e o privado. A análise
econômica do direito oferece ferramentas capazes de contribuir com a averiguação
dessa possível discrepância, tal como a teoria da agência. As premissas teóricas da
agência podem ser aplicada à autorização conferida pelo poder público ao particular.
No que tange ao conteúdo, o interesse visado pelo mercado com a elaboração de
estudos de viabilidade pode destoar da persecução pelo interesse público, norte da
Administração Pública. Em nível procedimental, é possível que ocorra a captura do
interesse público na realização de um procedimento licitatório – capaz de selecionar o
parceiro privado mais apto a cumprir com o objeto contratual – pelo particular
autorizado a elaborar os estudos de viabilidade. Para tanto, foi realizado levantamento
empírico acerca dos projetos de infraestrutura modelados via PMI, em que já ocorreu
a licitação para contratos de PPPs, a fim de confirmar a hipótese de captura.

PALAVRAS-CHAVE: Procedimento de Manifestação de Interesse. Projetos de


Infraestrutura. Análise Econômica do Direito. Teoria da Agência. Interesse público e
privado. Captura.
ABSTRACT: The Expression of Interest (“EoI”) has been used b y different Brazilian
federative units, mainly during the last two years, when the institute was regulated by
many states. Its goal is to allow mode ling infrastructure projects without
compromising p ublic resources and requiring technical expertise. Thus, it is related to
the context of fostering possible synergies from public private partnerships. However,
it is important to consider the discrepancy between public and private interests as a
main challenge while using the Expression of Interest. The economic analysis of law
offers tools capable of contributing with the analysis of this scenario, as the agency
theory. The assumptions of this theory can be applied to the authorization given by
the state to the private party. The interest of the market in producing technical studies
may diverge from the public sector perspective focused on the public interest. Based
on the app lication of the agency theor y, under the procedural perspective, the public
interest in organizing an efficient public procurement may be captured by the private
party authorized to produce technical studies. Therefore, an empirical research
regarding infrastructure projects modeled by EoI, already procured by the public
sector, was conducted in order to confirm or reject the capture hypothesis.

KEYWORDS: Expression of Interest. Infrastructure projects. Economic Analysis of


Law. Agency. Public and private interest. Capture theor y.
AGRADECIMENTOS

A conclusão do curso de Direito, materializada nesse Trabalho de Conclusão de


Curso, deve-se a muitas pessoas. Cada uma, à sua maneira, contribuiu com
surgimento do mundo de possibilidades criadas e com a imersão em um universo
antes desconhecido, decorrentes dos últimos cinco anos.

Agradeço à minha família. À minha mãe, por todo amor e devoção de uma vida.
Ao meu pai, pela sabedoria multidisciplinar e amor enrustido. À minha vó, pelas
muitas viagens inigualáveis e momentos proporcionados, guardadas na memória para
todo o sempre. Ao meu irmão, pelos muitos gráficos ao longo de toda a graduação.
Aos amigos-irmãos: Lina Petraglia, Ralph Stier, Sandro Burgi, Cha Sievers, Laura
Campos, Tatiana Rudieger, sempre presentes, mesmo à distância.

Aos meus orientadores, Antônio Porto e Marcelo Lennertz, que desde o início
colocaram fé e acreditaram neste trabalho, mesmo às escuras, e contribuíram para seu
desenvolvimento, com sugestões e discussões extremamente pertinentes.

À FGV, especialmente ao coordenador Thiago Bottino, pelo ensino


multidisciplinar proporcionado e pelas muitas experiências vivenciadas.

A Gabriela Engler e Maurício Portugal, por terem me introduzido a um mundo


inteiramente novo, tema deste trabalho, e conferido importância à sua elaboração. A
Francesco Figueira, pela orientação e ajuda. A Paulo Vitor (PV) pela escolha desse
tema.

Agradeço, ainda, a Thiago Araújo por todo material compartilhado e ideias


sugeridas.

Por fim, às amizades encontradas e reencontradas durante a faculdade,


especialmente a Rafaela Montenegro, Clarissa Macéa, Luli Lessa, Julia França, Dani
Black e Letícia Machado.
Sumário

INTRODUÇÃO ........................................................ Erro! Indicador não definido.

1. O CONTEXTO DO PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE


INTERESSE .................................................................... Erro! Indicador não definido.

1.1 O desafio de desenvolvimento do setor de infraestrutura e a complexidade na


elaboração de estudos de viabilidade.................................. Erro! Indicador não definido.
1.2 A fase de pré-estruturação de projetos de infraestruturaErro! Indicador não
definido.
1.3 Breve panorama da regulamentação do PMI no Brasil Erro! Indicador não definido.
2. O PMI À LUZ DA TEORIA DA AGÊNCIA: HÁ CAPTURA? .........Erro!
Indicador não definido.

2.1. A teoria de agência aplicada à autorização conferida ao particular para


elaboração de estudos de viabilidade.................................. Erro! Indicador não definido.
2.2 O cenário brasileiro de PMIs publicados e em fase de licitaçãoErro! Indicador
não definido.
CONCLUSÃO .......................................................... Erro! Indicador não definido.

BIBLIOGRAFIA...................................................... Erro! Indicador não definido.

ANEXO - OS PMIs PUBLICADOS E O RESULTADO DAS LICITAÇÕES


........................................................................................... Erro! Indicador não definido.
INTRODUÇÃO

Enquanto gestor público, qual seria seu plano de governo? Como realizar
investimentos de grande vulto em setores debilitados sem comprometer sobremaneira
os recursos públicos? Como gerir projetos de infraestrutura de alto nível de
complexidade sem a expertise técnica para tanto?

As questões não são simples e fazem parte da realidade política dos entes
federativos brasileiros. Com efeito, a necessidade de investimento nos diversos
setores de infraestrutura no Brasil tem repercutido, inclusive, na imprensa
internacional: apesar das dimensões continentais, o Brasil dispende o equivalente a
apenas 1,5% do PIB em infraestrutura, valor muito reduzido quando comparado à
média global de 3,8%. 1

É preciso considerar, porém, que a estruturação de projetos de infraestrutura


pressupões a elaboração de estudos de viabilidade. O conteúdo desses estudos
influencia diretamente a elaboração de editais de licitação capazes de fomentar a
concorrência entre participantes 2 e o desenho de contratos de concessão e PPP com
alocação de riscos mais eficiente 3 para a sociedade.

Mesmo que a Administração Pública não detenha conhecimento para elaborar

1
Nesse sentido, “despite the country’s continental dimensions and lousy transport links, its spending
on infrastructure is as skimpy as a string bikini. It spends just 1.5% o f GDP on infrastructure,
compared with a global average of 3.8%, even though its stock of infrastructure is valued at just 16%
of GDP, compared with 71% in other big economies. Rotten infrastructure loads unnecessary costs on
businesses. In Mato Grosso a soyabean farmer spends 25% of the value of his product getting it to a
port; the proportion in Iowa is 9%.” THE ECONOM IST. Has Brazil bl own it? A stagnant economy, a
bloated state and mass protests mean Dilma Roussef must change course. Setembro de 2013.
Disponível em: http://www.economist.co m/news/leaders/21586833-stagnant-economy-bloated-state-
and-mass-protests-mean-dilma-rousseff-must-change-course-has. Acesso em: 17 de outubro de 2013.
2
Sobre a impo rtância de maximizar a concorrência entre os participantes capazes de prestar o serviço
adequadamente, evitando estruturas que deixem espaço para a ocorrência de situações inibidoras da
competição como conluio, captura e barreiras à entrada desnecessárias. Ver RIBEIRO, Maurício
Portugal. Concessões e PPPs: melhores práticas em licitações e contratos. São Paulo : Atlas, 2011.
pp. 10 e ss.
3
Entende-se aqui por alocação de riscos mais eficiente aquela que maximiza o bem-estar social. Para
tanto, deve-se procurar alocar os riscos contratuais com base nos seguintes critérios: (1) quem pode, a
um custo mais baixo, reduzir as chances de que o risco venha a se materializar ou, não sendo isso
possível, mitigar os prejuízos resultantes de sua materialização? Normalmente, essa parte é aquela que
tem maior controle sobre o risco em questão ou sobre suas consequências. (2) Deve-se ev itar sempre a
alocação de riscos para agentes econômicos que podem externalizar suas perdas (o Estado pode sempre
transferir seus custos para todos os contribuintes e as perdas por ele sofridas não induzem a u ma
administração mais eficiente dos custos). Nesse sentido, a regra deve ser buscar a transferência dos
riscos para o parceiro privado, sempre que a resposta a (1) for co mpatível co m isso. Nesse sentido ver
RIBEIRO, Maurício Portugal. Op. cit. pp. 80 a 82.
esses estudos, isso não implica a falência do projeto. O poder público pode chamar a
iniciativa privada para apresentar projetos ou, ainda, pode ser espontaneamente
acionado pelo ente privado interessado em apresentar estudos destinados à
estruturação de uma concessão ou PPP.

Nesse sentido, o instituto do Procedimento de Manifestação de Interesse


(“PMI”) vem sendo utilizado a fim de permitir a maior participação da iniciativa
privada na modelagem de projetos de PPPs e concessões. 4 Mas o que significa esse
procedimento? Como os entes federativos o regulamentam? Como ele vem sendo
implementado e, sob uma análise econômica, sua implementação é positiva?

As indagações são muitas. O presente trabalho tem por objetivo contextualizar


o instituto do PMI e, sob o enfoque da análise econômica do direito, especificamente
da teoria da agência, visa averiguar a ocorrência da captura do procedimento
licitatório pelo particular autorizado a elaborar estudos de viabilidade.

Com base nisso, optou-se por dividir o presente trabalho da seguinte forma. A
seção 1 contempla uma contextualização do instituto. Objetiva-se apresentar ao leitor,
de forma breve, o cenário de investimento em infraestrutura no Brasil e as fases de
estruturação de projetos de infraestrutura, com foco na complexidade atinente à
elaboração de estudos técnicos responsáveis por atestar a viabilidade de projetos.
Nesta seção, apresenta-se, ainda, de forma geral, o marco normativo do instituto no
pa ís.

Posteriormente, a seção 2 visa a analisar o PMI à luz da teoria da agência. Para


tanto, destina-se uma subseção à análise teórica da aplicação das premissas centrais da

4
É importante notar que a destinação dos estudos a serem produzidos, i.e. se o objet ivo do poder
público é a contratação de PPP, de concessão comu m ou a permissão, é aspecto que varia de acordo
com o normativo analisado. Alguns se dirigem às três hipóteses e outros, como a União, focam
exclusivamente na modelagem de PPPs. Dos 14 atos normativos estaduais encontrados, apenas 7 se
dirigem às três hipóteses. A outra metade se destina apenas à modelagem de PPPs. Percebe-se que a
própria forma jurídica adotada pelo normat ivo regulamentador do PMI já traz consigo a destinação
primária enfocada pelo ente federativo em questão. Nesse sentido, quando a unidade federativa adota
um decreto regulamentador, há possibilidade de que o instituto se dirija não apenas às PPPs. Por outro
lado, a adoção de Resolução do CGP, observada no âmbito do Estado de Pernambuco, Sergipe e Rio
Grande do Sul, v incula o instituto do PMI à modelagem de PPPs. O questionamento decorrente dessa
diferenciação se relaciona à h ipótese de modelagem de PPP iniciada por PMI, na qual, no bojo da
modelagem, conclui-se ser a concessão a melhor alternativa contratual. Co mo proceder nesse cenário?
Um PMI para concessão nesses Estados e na União não seria juridicamente viável?
relação de agência à autorização conferida pelo poder público ao particular. Em
seguida, é realizado um levantamento empírico comparativo entre PMIs publicados e
licitados, a fim de se apreender se o vencedor do certame licitatório corresponde ao
mesmo particular autorizado a elaborar estudos. O escopo do levantamento e, pois,
averiguar, quantitativamente, os casos de discrepância ou correspondência entre o
vencedor e o autorizado.

Por fim, são apresentadas as conclusões decorrentes da análise realizada.

1. O CONTEXTO DO PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE


INTERESSE

O poder público vem buscando, cada vez mais, traçar parcerias com o setor
privado a fim de preencher lacunas entre a demanda e a oferta de infraestrutura
pública. 5 6 No cerne dessas parcerias, o PMI é um instituto que vem se desenvolvendo
para estruturação de projetos de infraestrutura modelados sob a forma de contratos de
concessão e PPP. É fundamental, por isso, que se compreenda, ainda que de forma
breve, o cenário macro em que se situa o instituto. A necessidade de realização de
estudos sofisticados, caros e interdisciplinares para o desenvolvimento de projetos de
infraestrutura advém da complexidade dos contratos de concessão e PPP, conforme
será tratado na subseção a seguir.

5
Essa tendência não se restringe à realidade brasileira. Co m efeito, “[g]overn ments world wide are
increasingly looking to the private sector to fill up growing gaps between demand and supply of public
infrastructure, and the use of public-private partnerships (PPPs) offers an increasingly attractive
alternative as compared to tradit ional method of procurement and financing of mega pro jects”.
VERMA, Sandeep. Co mpetit ive Award of Unsolicited Infrastructure Proposals: A recent Supreme
Court verdict unveils fresh opportunities for procurement reform in India. In: The Practical Lawyer,
Londres: The Practical Lawyer, jun, 2010. Disponível em http://ssrn.com/abstract=1464685 ou
http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1464685. Acesso em: 18 set. 2013. pp. 1 e 2.
6
O setor de infraestrutura, sob uma perspectiva mais estrita, engloba os setores de transporte (portos,
aeroportos, rodovias, ferrovias, h idrovias, metropolitano e de massa), de co municações (tais co mo os
telefonia fixa, a cabo, infraestrutura satelital e backbone de internet), energia (distribuição, geração e
transmissão), distribuição de gás, processamento e disposição de lixo e, por fim, águas e saneamento,
processamento e tratamento de esgoto, infraestrutura de irrigação e infraestrutura de controle de
inundações e alagamentos. Esse conceito estrito pode se estender englobando também a in fraestrutura
social, i.e., relativa à rede escolar e de saúde. RIBEIRO, Maurício Portugal. O setor de infraestrutura
e a Lei Federal de PPP – contextualização e princi pais características. Disponível em:
http://www.slideshare.net/portugalribeiro/aula-sobre-infraestrutura-participacao-privada-e-lei-de-ppp-
ministrada-no-gvlaw-fgvsp-no-curso-de-contratos-administrativos-coordenaado-pelo-professor-carlos-
ari-sundfeld. Acesso em: 2 out. 2013.
1.1 O desafio de desenvolvimento do setor de infraestrutura e a complexidade na
elaboração de estudos de viabilidade

O Brasil enfrenta desafios no desenvolvimento dos setores de infraestrutura,


propiciados pela falta de disponibilidade orçamentária de muitos entes federativos,
pela dificuldade de diálogo e cooperação entre os mesmos 7 e pela necessidade de
planejamento e expertise técnica por parte do poder público. A necessidade de
melhorias em função da dimensão continental do país e da proximidade da Copa do
Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 é latente. Nesse cenário, o
investimento privado, sob a forma de contratação de concessão e PPP, assume grande
importância. 8

Usualmente, o investimento privado em infraestrutura é analisado em termos


de números de projetos e de volume de investimento em moeda corrente. 9 Em 2012,
dentre as regiões do globo, a América Latina liderou o volume de investimento, em
termos reais. 10 Com efeito, nesse ano houve crescimento de 50% dos investimentos,
os quais atingiram o valor de US$ 87 bilhões. Esse valor representa 48% do total de
investimento em infraestrutura realizado em nível mundial, ou seja, a maior parcela
do globo, tomando-se por base a divisão geográfica em regiões, adotada pelo Banco

7
Exemp lo disso é a ausência de regra de repasse para transferência de recursos do PAC 2 Mobilidade
Grandes Cidades, oriundos do Orçamento Geral da União (OGU), para projetos de entes federativos
contemplados na Portaria 185, de 4 de abril de 2012, do Ministério das Cidades, modelados sob a
forma de concessão comu m. Co m efeito, há apenas norma de repasse para projetos executados como
contratos de obra pública – a Portaria M C nº 164/ 2013, e para projetos implementados sob a forma de
PPP – a Portaria M C nº 262/2013. Mes mo no âmb ito dessa Portaria destinada à contratação de PPPs, é
importante observar que as regras de repasse estabelecidas não se fundamentam na cooperação entre os
entes federativos. É exigida a reanálise dos projetos pelo Ministério das Cidades e, concomitantemente,
não há possibilidade de responsabilizar a União pelo não pagamento do valor devido. Ver RIBEIRO,
Maurício Portugal. A Portari a 262/2013, do Mi nistério das Ci dades, repasse de recursos para
PPPs de mobili dade urbana e risco dos projetos atrasarem. Disponível em:
http://www.slideshare.net/portugalribeiro/portaria-262-e-os-repasses-para-pp-ps-de-mobilidade-
urbana-v4-env. Acesso em: 4 nov. 2013. pp. 6 a 9.
8
Em 2011, o maior número de PPPs estaduais envolvia estádios de futebol que serão utilizados na
Copa do Mundo de 2014. PEREIRA, Bruno Ramos, PROL, Fláv io Marques. 1ª Edição do Banco de
Dados das PPPs. PPP Brasil – O Observatóri o das Parcerias Público-Pri vadas. Ju lho de 2011.
Disponível em: http://pppbrasil.co m.b r/portal/sites/default/files/Relatório%201%20-
%20Banco%20de%20dados%20das%20PPPs%20-%20Final%20v2.pdf. Acesso em: 10 out. 2013.
9
Para acessar dados relativos ao número de projetos e ao montante de investimento privado em
infraestrutura, no Brasil e no mundo, ver http://ppi.worldbank.org/.
10
Esse levantamento realizado pelo Banco Mundial considera como regiões do globo: América Latina
e Caribe, sul Asiático, Ásia Central e Europa, Leste Asiático e Pacífico, África Subsaariana, Oriente
Médio e Norte da África. PPIAF - Pub lic-Private In frastructure Advisory Facility. Private Part icipation
in Infrastructure Research Group. Infrastructure Policy Unit 2012 Global PPI Data Update, note 69.
, 2013. Disponível em: http://ppi.worldbank.org/features/August-
2013/PPI%202012%20Globa%20Update%20Note%20Final.pdf. Acesso em: 17 out. 2013.
Mundial. 11 Ademais, esse número representa, ainda, o maior volume de investimento
na região nas últimas duas décadas. 12

Dentre os países da região, o Brasil apresentou o maior número de projetos e o


maior volume de investimento: 54 projetos e 87% do volume de investimento da
América Latina. Em 2012, o Brasil se destacou também no rol de países em
desenvolvimento, dado que aproximadamente 55% de todas as PPPs em sentido
lato 13 , contabilizadas nesses países se concentraram no Brasil e na Índia. 14

Extrai-se desses dados que, considerando-se o cenário global, o Brasil é


representativo em termos de investimento privado em infraestrutura. A análise
temporal do país aponta para uma tendência de aumento do número de projetos ao
longo das duas últimas décadas e para o crescimento do montante de investimento,
conforme demonstram os gráficos abaixo. 15

11
Ver base de dados por divisão regional, disponível em http://ppi.worldbank.org/features/August-
2013/PPI%202012%20Globa%20Update%20Note%20Final.pdf.
12
Idem., p. 1.
13
O sentido genérico da exp ressão PPP, em contraposição ao sentido de concessão admin istrativa ou
patrocinada, corresponde a “todas as formas de relacionamento contratual de longo prazo entre
Admin istração Público e part iculares, remetendo ao que geralmente se apelida, em Português ‘parcerias
da Admin istração Pública’ ou, em Inglês, public-private partnerships.” RIBEIRO, Maurício Po rtugal,
PRA DO, Lucas Navarro. Comentários à Lei de PPP – Parcerias Público-Pri vadas. São Paulo :
Malheiros, 2007. p. 26.
14
Idem.
15
Os dados utilizados para elaboração dos gráficos estão disponíveis em http://ppi.worldbank.org/.
Acesso em: 17 out. 2013.
Gráfico 1: Investimento pri vado em infraestrutura - Gráfico 2: Investimento pri vado em infraestrutura -
número de projetos val or do i nvesti mento

70 80
60 70
50 60
50
40
40
30 30
20 20
10 10
0 0

1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
1990
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1994
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1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
O crescimento do investimento privado observado, principalmente nos dois
últimos anos, é parte do cenário em que se insere o PMI. 16 O instituto objetiva atrair a
participação da iniciativa privada, desde a fase de elaboração de estudos de
viabilidade de projetos de infraestrutura, sem onerar os cofres públicos.

Sua relevância ganha força como mecanismo alternativo à elaboração de


estudos pela própria Administração Pública ou por consultores externos, contratados
por meio da Lei 8.666, de 1993 (“Lei 8.666/1993” ou “Lei de Licitações”). Com
efeito, muitas vezes, o poder público não contempla capacidade interna para
elaboração dos estudos de alto nível de sofisticação e interdisciplinaridade,
necessários ao desenvolvimento de projetos e/ou não dispõe de recursos
orçamentários para contratação de consultores externos.

Soma-se a isso o alto custo de elaboração desses estudos. O fator tempo,


necessário à realização de licitações, por meio da Lei 8.666/1993, para contratação de
consultores externos também implica custo relevante. Esse fator torna-se um
empecilho ainda maior quando considerado o ciclo eleitoral de quatro anos. Isso
porque, segundo a literatura de ciência política 17 , a tendência é que haja interesse

16
Não é possível fazer, entretanto, qualquer inferência no que diz respeito à existência apenas de
correlação ou de efetiva causalidade entre o PMI e o crescimento do investimento privado,
especialmente nos últimos dois anos.
17
Sobre a relação entre o ciclo eleitoral e políticas públicas, co m foco na gestão das despesas públicas,
ver BLAIS, André, NADEA U, Richard. The electoral budget cycle. Public choice, vol. 74, 1992. pp.
389-403.Disponível em: http://link.springer.co m/art icle/10.1007/ BF00137686. Acesso em: 10 nov.
2013. Sobre o tema co m foco na polít ica orçamentária na A mérica Lat ina, ver AM ES, Barry. Political
Survi val – Politicians and Public Policy i n Lati n America. Berkeley: University of Californ ia Press,
1987.
político na estruturação de projetos apenas se as vantagens reputacionais de sua
inauguração e desenvolvimento puderem ser creditadas ao seu responsável. 18 Por
conta disso, projetos já modelados são, por vezes, “engavetados”, em razão da
ausência de motivação política para sua implementação.

Além disso, o foco da Lei 8.666/1993 em melhor preço aumenta a


probabilidade de seleção de consultores que oferecem propostas menos custosas, mas
que não gozam de confiança do mercado em relação à sua expertise técnica. Por conta
disso, a contratação baseada na Lei de Licitações tende a gerar um custo reputacional
para o projeto, na medida em que, se os investidores não confiam nos consultores
alocados, não confiarão nas informações disponibilizadas aos potenciais licitantes no
respectivo edital de licitação da concessão ou PPP. Resultado disso é o incentivo para
que qualquer potencial licitante adote uma postura mais conservadora em relação à
avaliação do projeto como oportunidade de negócio ou que tenha que dispender
recursos próprios para refazer grande parte do trabalho desenvolvido pelos
consultores contratados pelo Poder Público, a fim de obter informações confiáveis
para a elaboração de sua proposta. Como não poderia deixar de ser, os custos
dispendidos com esse “retrabalho” pelo privado serão incluídos em sua proposta na
licitação. Em ambos os casos, portanto, a tendência é que o Poder Público acabe por
pagar mais ao futuro concessionário do que poderia ter pago, caso os estudos tivessem
sido realizados com um nível de qualidade que desse segurança ao investidor privado.

O PMI tem a vantagem de evitar esse custo sobre a imagem do projeto, na


medida em que o setor privado é autorizado a elaborar os estudos. Logo, consultores
de confiança do mercado podem elaborar os estudos – o preço deixa de ser o principal
filtro de seleção, como ocorre no âmbito da Lei 8.666/1993.

Em linhas gerais, os estudos de viabilidade podem ser caracterizados como


extremamente custosos, sofisticados e interdisciplinares. No que tange à sofisticação e

18
O art. 77, da Lei Federal 9.504/ 1997, a qual estabelece normas para eleições, estipula que “[é]
proibido a qualquer candidato co mparecer, nos 3 (três) meses que precedem o pleito, a inaugurações de
obras públicas”. Além disso, é preciso considerar que “[c]o mo licitações de PPPs e concessões sempre
levantam algu ma controvérsia do ponto de vista político, são raros os agentes políticos que têm a
coragem de colocar uma licitação de PPP ou concessão na rua em ano eleitoral. E 2014 é ano eleitoral
para Estados e Un ião”. RIBEIRO, Maurício Portugal. A Portari a 262/2013, do Mi nistério das
Ci dades, repasse de recursos para PPPs de mobilidade urbana e risco de projetos atrasarem.
Disponível em: http://www.slideshare.net/portugalribeiro/portaria-262-e-os-repasses-para-pp-ps-de-
mobilidade-urbana-v4-env. Acesso em: 12 nov. 2013. p. 5.
interdisciplinaridade, ambas as características advêm da alta complexidade dos
contratos de concessão e PPP. Esses instrumentos jurídicos são espécies contratuais
que requerem relevante investimento do concessionário ou parceiro privado em uma
infraestrutura para prestação de serviço.

A remuneração, depreciação e amortização desse investimento se fazem pela


cobrança de tarifa de usuários ou pelo pagamento total ou parcial ao ator privado pela
Administração Pública. 19 É por conta da necessidade de amortização de investimento
volumoso que os contratos de concessão e PPP se caracterizam pelo longo período de
duração, quando comparados com os contratos de obra pública. 20 Vale dizer, o prazo
desses contratos é, em regra, definido pelo período necessário à amortização e
remuneração do investimento realizado pelo ente privado.

Mais especificamente quanto ao prazo dos contratos de PPP, a Lei Federal


11.079/04 (“Lei 11.079/04” ou “Lei de PPP”) estabelece o prazo contratual máximo,
incluindo prorrogações, de 35 anos. A Lei Geral de Concessões (“Lei 8.987/85” ou
“Lei de Concessões”), por seu turno, não define o prazo máximo de duração dos
contratos submetidos ao seu regime jurídico. Entretanto, leis esparsas de setores
específicos o define. 21 O objetivo desses prazos máximos mais longos é desonerar o
poder público e/ou os usuários do serviço a ser prestado. A longa duração desses
contratos viabiliza a redução da tarifa cobrada e do pagamento público a ser realizado
pelo poder concedente.

19
O p ilar da distinção entre o contrato de concessão comum e as modalidades de PPP consiste na
sustentabilidade do projeto em questão. Enquanto os contratos de concessão comum envolvem projetos
autossustentáveis, a serem remunerados pela cobrança de tarifa dos usuários, os contratos de PPP se
fundam no pagamento total ou parcial do serviço pela Admin istração Pública. No caso, de pagamento
parcial, este será realizado em conjunto com a cobrança de tarifas (cf. art. 2º, §1º, §2º, §3º, da Lei
11.079, de 30 de dezemb ro de 2004).
20
O que justifica a celebração de PPP ou concessão comum é, exatamente, o investimento de monta a
ser realizado pelo parceiro privado. Do contrário, tratando-se de serviço público, por exemplo, bastaria
o poder público celebrar u m contrato de permissão. No caso de atividade econômica em sentido estrito,
aplicar-se-ia o regime da Lei 8.666. Ver RIBEIRO, Maurício Portugal. Concessões e PPPs: melhores
práticas em licitações e contratos. São Paulo : Atlas, 2011. pp. 66 a 69.
21
Nesse sentido, a Lei 9.472/ 1997 estabelece, em seu art. 99, caput, que o prazo máximo de concessão
de serviços de telecomunicações é de 20 anos, prorrogável u ma única vez por igual período, desde que
a concessionária tenha cumprido co m as condições da concessão e manifeste interesse pela
prorrogação. Concomitantemente, a Lei 9.074/1995, em seu art. 4º, § 3º, estabelece o prazo máximo de
30 anos para os contratos de concessão de transmissão e distribuição de energia elétrica, contratados a
partir da Lei 9.074/ 1995, prorrogáveis , no máximo, por igual período. As concessões de geração de
energia elétrica contratadas a partir de 11.12.2013 têm prazo de 35 anos, nos termos do art. 4º, §9º, da
Lei 9.074/ 1995. Se celebrados posteriormente a 11.12.2003, terão o prazo limitado a 35 anos,
prorrogáveis por 20 anos.
Sob a perspectiva econômica, os contratos de concessão e PPP podem ser
caracterizados, em função de seu longo período de duração, como contratos
incompletos. A literatura econômica enfatiza a dificuldade de se provisionar, quando
da elaboração do contrato, todas as contingências e variáveis possíveis de se
concretizarem futuramente, durante sua execução. Atenta ainda para o fato de que,
além de ser inevitável a existência de lacunas no contrato, o custo e o esforço
excessivo de se negociarem cláusulas, cuja aplicação é pouco provável, não
compensam o benefício gerado. Nesses casos, o custo de previsão é superior ao custo
de negociação posterior para alcance de uma solução mais eficiente. 22

Essa lógica de longo prazo dos contratos de concessão e PPP ocasiona a


necessidade de esforço para previsão de riscos com potencial de se materializarem
futuramente. Além disso, pressupõe o mapeamento dos indicadores de serviço que
melhor concretizam a ideia de um serviço de qualidade. Podem, dependendo do setor
em pauta, exigir até mesmo estudos de tecnologia da informação, por exemplo. Por
conta disso, essas espécies contratuais requerem a elaboração de estudos prévios de
viabilidade de alta complexidade, os quais tangenciam uma variedade de áreas.
Notadamente, há interface com o campo das finanças e das ciências econômicas,
dentre outras áreas do conhecimento. Em regra, é necessária a elaboração prévia de
estudos ambientais, de demanda, jurídicos, econômico-financeiros e de engenharia.

A fim de se compreender melhor a etapa de elaboração desses estudos técnicos


de viabilidade e os possíveis agentes responsáveis por sua elaboração, na subseção
seguinte focar-se-á na fase de pré-estruturação dos projetos de infraestrutura.

1.2 A fase de pré-estruturação de projetos de infrae strutura

Há duas fases principais durante o processo de estruturação de concessões e


PPPs. Em um primeiro momento de pré-estruturação, o poder público deve decidir
quem será responsável pela elaboração dos estudos que atestarão a viabilidade do
projeto de infraestrutura. Esses estudos podem ser elaborados por diferentes agentes, a
depender de algumas variáveis. Sua elaboração pode se dar internamente, por

22
SHA VELL, Steven. Foundations of Economic Analysis of Law. Camb ridge: Harvard Un iversity
Press, 2004. pp. 297 e 298.
servidores públicos vinculados ao poder concedente. 23 Nesse caso, o poder público
possui equipe própria capacitada para desenvolver os estudos.

Alternativamente, os estudos podem ser de responsabilidade de consultores


externos , contratados e remunerados pelo pode r concedente. Cumpre fazer uma
distinção entre a contratação de empresas de consultoria, observando-se os requisitos
e procedimentos estipulados pela Lei 8.666/1993, e a atuação de organismos
internacionais multilaterais, tal como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento e o International Finance Corporation (“IFC”), braço do Banco
Mundial. No último caso, incide hipótese de inexigibilidade de contratação por
notória especialização, conforme determina o art. 25, II c/c art. 13, I, da Lei de
Licitações. 24

Há ainda uma terceira hipótese, a qual consiste no objeto de estudo deste


trabalho: os estudos podem ser elaborados pelo setor privado por meio do PMI ou
Manifestação de Interesse Privado (“MIP”). 25

Após a fase interna de pré-estruturação, o poder público detendo os estudos de


viabilidade técnica, econômico- financeira, ambiental e jurídica, submeterá as minutas

23
PEREIRA, Bruno Ramos. Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) e assimetria de
informação entre o setor público e o setor privado: monólogo ou d iálogo público-p rivado? PPP Brasil
– O Observatório de Parcerias Público-Pri vadas. Disponível em:
http://www.pppbrasil.co m.b r/portal/content/artigo-procedimento-de-manifesta%C3%A7%C3%A3o -
de-interesse-pmi-e-assimetria-de-informa%C3%A 7%C3%A 3o-entre-o-seto. Acesso em: 30 de agosto
de 2013. p. 3.
24
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.
Disponível em: http://www.p lanalto.gov.br/ccivil_ 03/ leis/l8666cons.htm. Acesso em: 2 jul. 2013.
“Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de co mpetição, em especial: II - para a
contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, co m
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigib ilidade para serviços de
publicidade e divulgação.”
“Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os
trabalhos relativos a: I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos.”
25
Apesar de ser possível traçar d iferenciações entre ambos os termos, tal co mo o faz o Decreto
Estadual nº 962, de 2012, de Santa Catarina, ambos são tratados como sinônimos neste trabalho. Mais
especificamente, o diplo ma normat ivo de Santa Catarina considera que o Procedimento de
Manifestação de Interesse (PMI) é “o procedimento instituído por órgão ou entidade da admin istração
estadual, por intermédio do qual poderão ser solicitados estudos, levantamentos ou investigações (...)”
(art. 2º, caput). Concomitantemente, entende ser a Manifestação de Interesse da Iniciativa Privada
(MIP) “a apresentação espontânea de p ropostas, estudos, levantamentos (...)” (art. 17) (grifado). A
diferenciação se pauta, portanto, na espontaneidade da apresentação de estudos e projetos, em
contraposição à solicitação por parte do poder público.
de edital e contrato à consulta pública. 26 Os estudos deverão ser aprovados, em
âmbito federal, pelo Conselho Nacional de Desestatização (“CND”) e pelo Tribunal
de Contas da União (“TCU”). Em nível estadual e municipal, a aprovação não se dá
pelo CND, mas pelo respectivo Conselho Gestor de PPP, no caso de modelagem de
PPPs. 27

Após esse período inicial de estruturação, o poder público publica o edital de


licitação e dá início ao certame licitatório. A Figura 1 ilustra a fase de pré-
estruturação e as principais etapas que correspondem à fase de estruturação dos
projetos de infraestrutura.

Figura 1: As fases de estruturação de projetos

Pré-
Consulta e Aprovação
estruturação: Elaboração dos Publicação do
Quem realizará audiência pelos órgãos de
estudos pública controle edital
os estudos?

Dada a complexidade dos estudos de viabilidade de projetos de infraestrutura,


as estratégias a serem adotadas pelo poder público não são excludentes entre si.28
Com efeito, é possível que estudos complementares sejam elaborados por PMI e por
consultores externos contratados por meio da Lei de Licitações, por exemplo. 29
Quanto a esse ponto, defende-se, porém, ser preciso que a escolha do poder público
acerca da melhor estratégia a ser adotada considere as vantagens e desvantagens de
cada alternativa. 30

Dentre as variáveis relevantes a serem consideradas pelo poder público,


destacam-se (i) sua capacidade técnica- institucional, (ii) a existência de recursos

26
Art. 10, VI, da Lei 11.079/ 2004.
27
Nesse sentido, o Decreto nº 43.277, de 2011, do Estado do Rio de Janeiro, estipula em seu art. 15,
que a modelagem final deve ser aprovada pelo CGP e a inclusão do projeto no Programa Estadual de
PPPs (PROPAR) deve ser autorizada pelo Governador do Estado.
28
PEREIRA, Bruno Ramos. Procedi mento de Manifestação de Interesse (PMI) e assimetria de
informação entre o setor público e o setor pri vado: monólogo ou di álogo público-pri vado? PPP
Brasil – O Observatório de Parcerias Público-Privadas. Disponível em:
http://www.pppbrasil.co m.b r/portal/content/artigo-procedimento-de-manifesta%C3%A7%C3%A3o -
de-interesse-pmi-e-assimetria-de-informa%C3%A 7%C3%A 3o-entre-o-seto. Acesso em: 30 de agosto
de 2013. p. 4.
29
Essa hipótese é prevista por alguns decretos que regulamentam o PM I em d iversos entes federativos.
Co m exceção do Rio de Janeiro e de São Paulo, os atos normativos estaduais que regulamentam o PM I
preveem a possibilidade de comb inação pelo poder público dos estudos elaborados por PMI co m
documentos da Administração Pública ou co m estudos de consultores externos.
30
PEREIRA, Bruno Ramos. Id.
orçamentários e (iii) a urgência da demanda a ser satisfeita pelo projeto. Nesse
sentido, a tabela abaixo visa expor os principais desafios e vantagens de cada
estratégia.

Tabela 1: Vantagens e desafi os das estratégias para produção de estudos de viabilidade 31

Mecanismos para a
Situação em que sua
produção de
Principal desafio Ponto positivo utilização é
estudos de
recomendada
viabilidade
Prescinde de um desenho
estrutural para lidar com os
1. Existência de recursos
desafios do PMI,
humanos compatíveis
especificamente para reduzir a
Existência de com a urgência do
Servidores assimetria de informação entre
servidores capacitados projeto.
públicos poder público e setor privado e
2. Alto grau de
equilibrar o incentivo à
planejamento por parte
participação da iniciativa
do setor público.
privada e a qualidade dos
estudos apresentados.
Conceber e realizar o 1. Situação não
Consultores 1. A administração acessa
processo de contratação urgente.
externos opinião externa a respeito da
dos consultores com 2. Disponibilidade de
contratados e viabilidade do projeto.
capacidade para a recursos orçamentários.
remunerados 2. Poder público acompanha a
realização dos estudos 3. Cooperação entre os
pelo setor curva de desenvolvimento dos
(processo competitivo ou servidores públicos e os
público estudos de viabilidade.
contratação direta). consultores externos.
1. Urgência
Impedir que interesse 2. Ausência de recursos
1. Agilidade na produção dos
público não seja orçamentários
estudos de viabilidade.
PMI relativizado diante da 3. Escassez de recursos
2. Não comprometimento de
potencial preponderância humanos necessários
recursos orçamentários
do interesse privado para a produção dos
estudos de viabilidade
Em teoria, a escolha do poder público pelo PMI envolve o desafio de se
analisar que o custo de oportunidade 32 de contratação dos estudos via PMI é inferior
ao custo de oportunidade de elaboração por servidores públicos ou por consultores
externos. Para tanto, a análise de alguns aspectos é fundamental.

31
PEREIRA, Bruno Ramos. Op. cit. p. 7.
32
O conceito de custo de oportunidade corresponde “[à]quilo de que devemos abrir mão para obter
algum item”. É possível afirmar que consiste no valor da melhor opção não realizada. No caso, por
exemplo, da elaboração de estudos de viabilidade v ia PMI, seu custo de oportunidade corresponde à
segunda melhor opção existente, quer seja sua elaboração por consultores externos ou por servidores
públicos. MANKIW, Gregory. Introdução à Economia. São Paulo : Tho mson Learn ing, 2006. 3ª ed.
p. 51.
A incapacidade técnica é um dos motivos a inviabilizar a elaboração de
estudos por servidores públicos. Deve-se considerar que não é eficiente que o poder
público mantenha uma equipe de servidores apta em distintas áreas de conhecimento
33
para elaboração de projetos. Parece ser menos custoso que o poder público
mantenha servidores especialistas na gestão da estruturação de projetos, com fins de
coordenação. 34 A incapacidade orçamentária é outro po nto releva nte. O PMI não
pressupõe previsão orçamentária de dispêndio público, dado que dentre os possíveis
sistemas incentivadores da participação da iniciativa privada, no Brasil, em geral, o
vencedor da licitação é responsável pelo custeio dos estudos. 35

Sob uma perspectiva econômica de análise do custo e benefício, o ponto


essencial é que a contratação de estudos de viabilidade por meio do PMI deve
representar a hipótese menos custosa dentre as demais possibilidades disponibilizadas
ao poder público.

A fim de se entender melhor a regulamentação do PMI, na subseção seguinte


será apresentado, de forma breve, o marco normativo geral atinente ao instituto.

1.3 Breve panorama da regulamentação do PMI no Brasil

Não é de hoje a autorização jurídica para elaboração dos estudos de


viabilidade por particular(es) a participar da licitação para contratação de PPP ou
concessão. O art. 31, da Lei Federal nº 9.074/1995 (“Lei 9.074/1995”), admitiu que os
autores de projetos básicos ou executivos – ou os economicamente responsáveis pelos
36
projetos – participem da licitação ou da execução de obras ou serviços.
Adicionalmente, o art. 21, da Lei 8.987/1995, prevê a possibilidade de autorização
concedida pelo poder público ao ente privado para elaboração de estudos, vinculados

33
PEREIRA, Bruno Ramos. Op. Cit. p. 10.
34
Id.
35
Art. 21, da Lei 8.987/1995.
36
BRASIL. Lei n 9.074, de 7 de julho de 1995. Estabelece normas para outorga e prorrogações das
concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/ leis/l9074cons.htm. Acesso em: 2 jul. 2013.
“Art. 31. Nas licitações para concessão e permissão de serviços públicos ou uso de bem público, os
autores ou responsáveis economicamente pelos pro jetos básico ou executivo podem part icipar, d ireta
ou indiretamente, da licitação ou da execução de obras ou serviços.”
à concessão, de utilidade para a licitação. Estipula ainda que os custos incorridos na
elaboração de estudos sejam ressarcidos pelo vencedor da licitação. 37

Ambos os dispositivos mencionados se aplicam às PPPs, conforme prevê o art.


3º, da Lei 11.079/04. 38 O objetivo desse permissivo, que excepciona a previsão
constante da Lei nº 8.666/1993 39 , é incentivar a elaboração de projetos, um dos
desafios ao provimento de infraestrutura e serviços de qualidade no país. Nesse
sentido,
é permitido à Administração Pública autorizar a particulares a
execução de estudos técnicos, inclusive jurídicos, ambientais,
econômicos ou de engenharia, que possam lastrear a decisão de
executar determinado projeto, sem que esses particulares se tornem
impedidos de participar da licitação posterior. Tais informações,
uma vez disponibilizadas para o Poder Público, deverão ficar à

37
BRASIL. Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e permissão
da prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e dá outras
providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/ leis/l8987cons.htm. Acesso em: 2
jul. 2013.
“Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, projetos, obras e despesas ou investimentos já
efetuados, vinculados à concessão, de utilidade para a licitação, realizados pelo poder concedente ou
com a sua autorização, estarão à d isposição dos interessados, devendo o vencedor da licitação ressarcir
os dispêndios correspondentes, especificados no edital.”
38
BRASIL. Lei nº 11.079, de 30 de dezemb ro de 2004. Institui normas gerais para licitação e
contratação de parceria público-p rivada no âmbito da ad min istração pública. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/_ato2004-2006/2004/lei/ l11079.ht m. Acesso em: 2 jul. 2013.
“Art. 3o As concessões admin istrativas regem-se por esta Lei, ap licando-se-lhes adicionalmente o
disposto nos arts. 21, 23, 25 e 27 a 39 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e no art. 31 da Lei
no 9.074, de 7 de julho de 1995. (Regulamento)
§ 1o As concessões patrocinadas regem-se por esta Lei, aplicando-se-lhes subsidiariamente o disposto
na Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e nas leis que lhe são correlatas.(Regulamento)
§ 2o As concessões comuns continuam reg idas pela Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e pelas
leis que lhe são correlatas, não se lhes aplicando o disposto nesta Lei.
§ 3o Continuam reg idos exclusivamente pela Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e pelas leis que lhe
são correlatas os contratos admin istrativos que não caracterizem concessão comu m, patrocinada ou
administrativa.”
39
Co m efeito, o art. 9º, da Lei 8.666/93, veda a participação na licitação daqueles responsáveis pela
elaboração de estudos. Segundo o dispositivo, o autor do projeto básico ou executivo não poderá
participar do certame licitatório. É permit ida, porém, a participação do autor do projeto na função de
fiscalização, supervisão ou gerenciamento, a serviço da Ad min istração interessada.
“Art. 9o Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou serviço
e do fornecimento de bens a eles necessários:
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou juríd ica;
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou
executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5%
(cinco por cento) do capital co m d ireito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;
III - servidor ou d irigente de órgão ou entidade contratante ou responsável pela licitação.
§ 1o É permitida a participação do autor do projeto ou da empresa a que se refere o inciso II deste
artigo, na licitação de obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, nas funções de
fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da Administração interessada.”
disposição de quem se interessar e terão seus custos cobertos pelo
vencedor da licitação do respectivo projeto. 40

É importante notar, porém, que essa autorização foi questionada em sede de


ação civil pública, proposta pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro
(“MPRJ”), relativa ao complexo de obras do Maracanã. 41 O MPRJ argumentou no
sentido de que a participação no certame licitatório para contratação da PPP do
responsável pela elaboração do estudo de viabilidade afrontaria diretamente o art. 37,
XXI, da CRFB/88. O princípio da impessoalidade estaria sendo desrespeitado em
função da violação à igualdade de condições dos concorrentes da licitação. Além
disso, argumentou que o art. 9º, I e II, c/c § 3º, da Lei de Licitações 42 , o qual veda a
participação do autor do projeto básico ou executivo na licitação, também estaria
sendo desrespeitado.

Em razão da regulamentação genérica dos PMIs no âmbito federal –


consubstanciada nas previsões normativas da Lei 8.987/1995 e da Lei 11.079/04, há
espaço para a regulamentação do PMI, em níve l estadual, por decretos e por
resoluções do CGP 43 , e municipal. Há ainda, em âmbito federal, dois projetos de lei
que visam a disciplinar o instituto. O primeiro corresponde ao Projeto de Lei nº 7.067,
44
de 2010 (“PL 7.067/10”). Atualmente, este projeto se encontra sob análise

40
CINTRA, Marina, JUNIOR, Ariovaldo Barbosa Pires. Algumas considerações sobre o
procedi mento de manifestação de interesse. Disponível em:
http://www.albino.co m.br/art igos/2007/10/04/algu mas-consideracoes-sobre-o-procedimento-de-
man ifestacao-de-interesse/. Acesso em: 7 set. 2013.
41
BRASIL. 9ª Vara de Fazenda Pública. Co marca da Capital. Ação Civil Pública nº 0117172-
04.2013.8.19.0001. Autor: M inistério Público do Estado do Rio de Janeiro. Réu: Procuradoria Geral do
Estado do Rio de Janeiro e IMX Holding S.A. Rio de Janeiro. Disponível em:
http://www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/consultaProc.do?v=2&numProcesso=2013.001.10106
8-8. Acesso em: 2 nov. 2013.
42
“Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou
serviço e do fornecimento de bens a eles necessários:
I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica;
II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico ou
executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de mais de 5%
(cinco por cento) do capital co m d ireito a voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;
§ 3o Considera-se participação indireta, para fins do disposto neste artigo, a existência de qualquer
vínculo de natureza técnica, co mercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor do projeto,
pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, incluindo-
se os fornecimentos de bens e serviços a estes necessários.” (grifado).
43
Dentre os Estados brasileiros, em Sergipe, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul há u ma resolução
do CGP que regulamenta o PM I. Nos demais Estados, que apresentam regulamentação, foi ed itado
decreto pelo poder executivo.
44
BRASIL. Projeto de Lei da Câmara dos Deputados 7.067, de 2010. Institui normas gerais para
apresentação à admin istração pública de projetos, estudos, levantamentos e investigações elaborados
por conta e risco do setor privado e dá outras providências. Disponível em:
da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP), da Câmara
dos Deputados. Há ainda o Projeto de Lei do Senado nº 426, de 2013 (“PLS 426/13”),
que objetiva alterar a Lei 8.666/1993 para autorizar a participação na licitação do ator
responsável pela elaboração de estudos de viabilidade. 45 Com isso, o PL 426/2013
visa a revogação do art. 21, da Lei 8.987/1995, e do art. 31, da Lei 9.074/1995. O PMI
seria introduzido, nesse caso, como hipótese da licitação na modalidade de concurso.

Analisando-se o ordenamento jurídico estadual 46 e federal, nota-se que o


procedimento padrão de manifestação de interesse da iniciativa privada se inicia
quando o particular manifesta seu interesse na elaboração de estudos, materializado
em requerimento de autorização. Essa manifestação pode ser espontânea ou pode ser
decorrente da solicitação do poder público. 47

Após se manifestar, o particular recebe autorização para elaborar os estudos


técnicos. Posteriormente, após findo um prazo estipulado, apresenta documentos e

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=472056. Acesso em: 10


out. 2013.
45
O autor do PL 426/2013 é o Senador Álvaro Dias (PSDB, Paraná). BRASIL. Projeto de Lei do
Senado nº 426, de 14 de outubro de 2013.. A ltera a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que
regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos
da Administração Pública e dá outras providências, para d ispor sobre o Procedimento de Manifestação
de Interesse (PMI). Disponível em:
http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=114764. Acesso em: 10 nov.
2013.
46
Considerando-se as 27 unidades federativas (incluindo o Distrito Federal), apenas foram encontrados
14 atos normativos a regulamentar o PMI. Nos demais entes federativos estaduais, não foi constatada
norma regulamentadora do instituto. Instar notar, porém, que a ausência de norma regulamentadora não
impede que o PM I seja adotado em determinadas unidades federativas. Nesse sentido, “[das] 27
Unidades Federativas, 17 apresentam algu m indício de uso do PMI (incluindo o Distrito Federal).”
Esses entes contam co m leis estaduais sobre PPPs e possuem Conselho Gestor constituído, responsável
por gerenciar o programa de PPPs. Entretanto, nem sempre há Unidade de PPP constituída ou
institucionalmente fo rte. PEREIRA, Bruno Ramos, VILELLA, Mariana, SA LGA DO, Valério.
Procedi mento de Manifestação de Interesse nos Estados – Relatório sobre projetos de PPP em
fase de estruturação vi a PMI. Disponível em:
https://dl.dropboxusercontent.com/u/18438258/ PMI%202013/Atualização%20-
%20PMIs%20nos%20Estados%2020junho2013.pdf. Acesso em: 10 out. 2013. Pp. 14 a 16.
47
A previsão expressa de ambas as espécies de PMI não é prev ista em mu itos atos normativos. Apenas
quatro decretos estaduais preveem ambas as possibilidades: o PMI desencadeado pela iniciativa
privada e pelo poder público. Assim o fazem o Decreto de Go iás, o Decreto do Paraná, o Decreto do
Rio de Janeiro e o Decreto de Santa Catarina. O Decreto de Santa Catarina é notório quanto a esse
aspecto, pois delineia de forma mais clara e inteligível o procedimento a ser seguido em ambos os
casos. O procedimento de manifestação espontânea do particular é denominado “MIP”, enquanto o
procedimento desencadeado pela Admin istração Pública é entendido como “PMI”. No Paraná, onde
também há previsão de procedimento espontâneo ou solicitados, observa-se que, diferentemente do
entendimento comu m, denomina-se “PMI espontâneo” aquele iniciado pelo poder público e “PMI
provocado” corresponde ao iniciado pela iniciativa privada. A maior parte dos decretos, porém, não
trata diretamente do assunto, mas pressupõe a existência de órgão ou entidade solicitante do poder
público.
estudos técnicos, os quais (i) poderão ser descartados, (ii) poderão ser aproveitados
pelo poder público para contratação de terceiro, participante do certame licitatório, ou
(iii) poderão ensejar a contratação do realizador do estudo.

No caso de PMI espo ntâneo, em que não há solicitação do poder público –


nos moldes das unsolicited proposals, é publicado edital de chamamento público para
convocação de outros potenciais interessados em apresentar suas propostas. Por outro
lado, os PMIs solicitados são iniciados pela publicação do edital de manifestação de
interesse, conforme retrata a Figura 3, abaixo. 48

Figura 2: Visão geral do trâmite do PMI

48
A nomenclatura utilizada para exp licação de ambos os procedimento – de manifestação espontânea e
solicitada, bem co mo o procedimento em si, se baseiam no Decreto Estadual 43.277/ 2011, do Rio de
Janeiro, o qual faz uso das expressões “Edital de Chamamento Público” e “Edital para Manifestação da
Iniciat iva Privada”. É importante notar, porém, que essa nomenclatura não é uniforme. Os demais atos
normativos estaduais adotam outros termos, a fim de se referirem a esses instrumentos convocatórios.
Caso o poder público opte por aproveitar os estudos, será realizada licitação, a
ser iniciada pela publicação do edital de contratação da concessão ou PPP. Como
resultado, é pos sível que (i) o proponente original autorizado ganhe o certame e
assuma o papel de concessionário, (ii) um interessado autorizado vença a licitação ou
49
(ii) um terceiro, que não elaborou os estudos de viabilidade.

Insta notar que quando da realização de MIP espontânea, o edital de


chamamento público pode ser publicado na mesma ocasião da autorização para
elaboração dos estudos pelo proponente original, a exemplo do que ocorre no Estado
do Rio de Janeiro. Essa prática tem o condão de gerar dúvidas quanto à submissão do
proponente original às regras estipuladas no edital.

Nota-se, no Brasil, que no âmbito de cada ente federativo há regulamentação


específica para contratação de PPPs e concessões e para utilização do PMI. 50 Não há

49
Essa sistemática apresentada é simp lificada, na medida em que não considera a existência de
mú ltip los termos de autorização e a consequente possibilidade de aproveitamento parcial dos estudos.
Quando essas variáveis são consideradas, é possível que o estudo utilizado na licitação seja fruto da
combinação de estudos elaborados por particulares autorizados distintos. Co m isso, torna-se mais
complexa a análise pelo poder público do conteúdo apresentado e o cálculo da eventual remuneração
devida. Quanto ao aproveitamento dos estudos, Essa possibilidade está prevista, de forma exp lícita, na
maioria dos atos normativos estaduais. A exceção corresponde aos Decretos do Rio de Janeiro e São
Paulo, que apesar de não serem exp lícitos, não vedam o aproveitamento parcial, e a Resolução do CGP
de Pernambuco que parece desconsiderar o aproveitamento de mú ltiplos estudos. A Resolucão define
que somente o estudo – no singular – escolhido pelo CGPE irá à licitação e fará jus ao ressarcimento
(art. 15, p. único ). Quanto ao ressarcimento quando do aproveitamento parcial, o Decreto Federal
estabelece que os valores serão apurados apenas com relação às info rmações efetivamente utilizadas na
licitação. Th iago Araújo defende que, nessa hipótese, o ressarcimento deve ser proporcional ao grau de
utilização dos documentos ofertados pelos particulares com v istas a privilegiar a proporcionalidade e a
racionalidade dos gastos públicos. ARAÚJO, Thiago Cardoso. Aprendendo a pedir: contri buições da
AED no desenho de Procedi mento de Manifestação de Interesse prévi os a PPPs mais eficientes.
No prelo 2014.Op. cit. p. 18.
50
Os atos normat ivos encontrados correspondem a: (i) o Decreto Federal nº 5.977/2006 (“Decreto
Federal”), (ii) o Decreto nº 4.067/2008, do Estado de Alagoas (“Decreto de Alagoas”), (iii) o Decreto
nº 12.653/2011, do Estado da Bahia (“Decreto da Bahia”), (iv) o Decreto nº 30.328/ 2010, do Estado do
Ceará (“Decreto do Ceará”), (v) o Decreto nº 2.889, de 2011, do Estado do Espírito Santo (“Decreto do
Espírito Santo”), (vi) o Decreto nº 7.365, de 2011, do Estado de Go iás (“Decreto de Go iás”), (vii) o
Decreto nº 44.565, de 2007, do Estado de Minas Gerais (“Decreto de Minas Gerais”), (v iii) o Decreto
nº 5.273, de 2012, do Estado do Paraná (“Decreto do Paraná”), em conjunto com a Lei Estadual nº
17.046, de 2012, do Paraná (“Lei de PPP do Paraná”), (ix) a Resolução do CGPE nº 1, de 2007, do
Estado de Pernambuco (“Resolução do CGP de Serg ipe”); (x) o Decreto nº 43.277, de 2011, do Estado
do Rio de Janeiro (“Decreto do Rio de Janeiro”), (xi) a Resolução do CGPPP-RS nº 2, de 2013, do
Estado do Rio Grande do Sul (“Resolução do CGP do Rio Grande do Sul”); (xii) o Decreto nº 16.559,
de 2012, do Estado de Rondônia (“Decreto de Rondônia”); (xiii) o Decreto nº 962, de 2012, do Estado
de Santa Catarina (“Decreto de Santa Catarina”), (xiv) Decreto nº 57.289, de 2011, de São Paulo
(“Decreto de São Paulo”), e (xv ) a Resolução do CGP nº 1, de 2008, do Estado de Sergipe (“Resolução
do CGP de Serg ipe”). Não foram mapeados atos normativos dos demais Estados brasileiros o que é u m
indicativo de que ainda não regulamentaram o instituto do PMI. Em n ível federal, foram analisados
também o Pro jeto de Lei nº 7.076, de 2010, e o Pro jeto de Lei do Senado nº 426, de 2013. É importante
um diploma normativo único a guiar o procedimento, o que dificulta a análise do
instituto utilizado em níve l estadual, municipal e federal. Ademais, a dificuldade de
apreensão das peculiaridades do instituto consiste no fato de muitas previsões
relevantes se materializarem no bojo de editais de chamamento público ou de
manifestação de interesse ou, mesmo, no cerne das autorizações conferidas aos
particulares.

Com efeito, muitas vezes, o acesso aos termos de autorização, bem como aos
editais, depende de sistemas de busca pouco desenvolvidos. Essa dificuldade foi
apreendida quando da análise empírica, cujo resultado é apresentado na seção
seguinte. Buscou-se averiguar se à luz da teoria da agência ocorre captura do
procedimento licitatório, realizado pelo poder público, pelo particular autorizado a
elaborar estudos de viabilidade. Para tanto, a subseção 2.1 ocupa-se da análise teórica
a fim de aplicar os preceitos da relação de agência à figura da autorização conferida
ao particular. Em seguida, a subseção 2.2 apresenta o levantamento empírico
realizado e seu resultado.

2. O PMI À LUZ DA TEORIA DA AGÊNCIA: HÁ CAPTURA?


2.1.A teoria de agência aplicada à autorização conferida ao particular para
elaboração de estudos de viabilidade
O possível conflito de interesses mais aparente, relativo à relação entre o
particular autorizado a elaborar os estudos de viabilidade e o poder público,
materializado no órgão ou entidade competente, corresponde à dicotomia
consubstanciada, de um lado, no interesse público e, de outro, no interesse privado.

Com efeito, o setor privado visa firmar parcerias com o poder público que
permitam auferir lucro. Sob essa perspectiva, o particular autorizado “consultor”
elaborará estudos técnicos, se o ressarcimento viabilizar algum retorno. Enquanto
isso, o autorizado “construtor” terá interesse em vencer a licitação e figurar como
51
concessionário no contrato a ser celebrado.

notar que alguns municíp ios já dispõem de regulamentação do PMI, tal como o município de Santo
André, em São Pau lo, e Belo Horizonte. Entretanto, a busca realizada se limitou aos normativos
estaduais e federal.
51
A dicotomia entre o particular “consultor” e “construtor” é tratada por Thiago Araújo. Segundo o
autor, o desenho regulatório do PMI permite que se incentive particulares com interesses distintos. De
Por outro lado, o poder público orienta-se pelo interesse público e deve agir de
forma pautada nos princípios da Administração Pública, consubstanciados,
essencialmente, no art. 37, da Constituição da República.

É possível, nesse contexto, que o fim perseguido pelo setor público não esteja
em consonância com os objetivos primários do mercado. A fim de explorar os
incentivos de ambos os atores envolvidos no PMI, cumpre desenvolver melhor
conceitos atinentes à teoria da agência.

A relação de agência envolve dois atores: o principal e o agente. Jensen e


Meckling 52 definem a relação como um mandato 53 , i.e., um contrato em que uma das
partes, o agente, é contratada para realizar em nome e em favor de outrem, o
principal, um serviço. O agente é investido de algum grau de autoridade na tomada de
decisões em nome do principal.

Essa lógica da relação de agência a qualquer relação de delegação de


competência pode ser apreendida como uma relação de agência. Um exemplo

um lado, há desenhos regulatórios que favorecem a elaboração de estudos por emp reteiras, interessadas
em part icipar do certame licitatório, e, de outro, é possível incentivar a participação de consultores. O
modelo de ressarcimento eventual, adotado no Brasil, tem o condão de incentivar a participação de
consultores, desinteressados no future certame licitatório. Essa não é, entretanto, a única variável
determinante. ARAÚJO, Thiago Cardoso. Op. cit. pp. 12 a 21.
52
As características específicas da relação de agência podem variar a depender do autor que
desenvolve o tema. Para Ross, por exemp lo, a relação de agência é analisada como u m problema de
incentivos. O autor identifica o problema da agência de forma genérica, não adstrito à teoria da firma.
Tal peculiaridade o distancia, em certa med ida, de autores que desenvolveram o tema conectando-o à
teoria da firma. Segundo o entendimento de Ross, an agency relationship has arisen between two (or
more) parties when one, designated as the agent, acts for, on behalf of, or as representative for the
other, designated the principal, in a particular domain of decision problem (grifado). ROSS, Stephen
A. The economic theory of agency: The princi pal’s problem. Pittsburgh: The American Economic
Review, vol. 63, nº 2, 1973. p. 134.
53
Jensen e Mecklin definem a relação de agência co mo “a contract under which one or more persons
(the principal(s)) engage another person (the agent) to perform so me service on their behalf which
involves delegating some decision making authority to the agent”. Conforme afirmam os autores, se
ambas as partes visam a maximização da utilidade, há razão para acred itar que o agente não atuará
sempre no melhor interesse do principal. Este poderá limitar divergência de interesses ao estabelecer
incentivos apropriados para o agente e ao incorer em custos de monitoramento, delineados para limitar
as ações do agente. Nesse cenário, os custos de agência seriam os custos a soma de “monitoring
expenditures by the principal, the bonding expenditures by the agent, the residual loss”. JENSEN,
Michael C. e M ECKLING, W illiam H. Theory of the Firm: Managerial Behavi or, Agency Costs
and Ownership Structure. Cambridge: Harvard Un iversity Press, 2000.. Disponível em:
http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=94043. Acesso em: 15 abr. 2013. pp. 5 e 6.
analisado pela literatura refere-se à relação entre acionistas e administradores de uma
companhia. 54

Fundamentalmente, a relação de agência é permeada por um problema que se


origina do desejo de ambos os atores pela maximização de seu próprio bem-estar. A
ideia central é que o agente tem incentivos a maximizar sua utilidade e, por esse
motivo, nem sempre agirá de modo a atender perfeitamente o interesse do principal.

O problema de agência surge, portanto, quando os interesses entre principal e


agente não estão alinhados e entram em conflito. A identificação desse conflito de
interesses pode ser extremamente difícil, pois nem sempre é fácil perceber se a
atuação do agente beneficiará o principal ou não. Esse conceitos centrais estão
ilustrados na Figura abaixo.

Figura 3: A rel ação de agênci a

Agente
A lógica da relação de agência pode ser aplicada à autorização conferida pelo
poder público ao ente privado no bojo do PMI. Com efeito, essa autorização
materializa a transferência da competência para elaboração dos estudos ao particular.
Sob essa perspectiva, o principal corresponde ao poder público, o qual delega a
elaboração dos estudos de viabilidade ao ente privado, o agente. Este possui vantagem
informacional quanto à elaboração desses estudos. 55

54
Id. A teoria de agência pode ser aplicada, ainda, a uma vasta gama de casos como, por exemplo, ao
papel de políticos em u ma democracia representativa ou à relação entre u m vendedor e o dono de u ma
loja.
55
É importante notar, porém, que a autorização possui natureza juríd ica de ato administrativo precário
e discricionário. Pode, portanto, ser revogada a qualquer mo mento a critério da Ad ministração Pública.
Não se equipara a uma estrutura contratual, com clara alocação de riscos entre o poder público e o
particular. Ao se comparar a figura da autorização existente com a possível adoção de um modelo
contratual, é preciso considerar que o modelo contratual tem potencial de inviabilizar que o
ressarcimento seja realizado de forma eventual. Além d isso, sob a forma de autorização, é possível
prever no chamamento público ou no edital de man ifestação da iniciat iva privada o direito de
desistência do particular interessado ou proponente dos estudos. Desse modo, a autorização parece ser
um instituto que permite a desistência de forma apriorística, sem que seja necessária a análise das
regras estipuladas casuisticamente pelo contrato. É difícil, porém, determinar qual figura jurídica tem
maior potencial para monitoração dos custos de agência.
É importante notar que, sob as premissas da teoria da agência, a legislação e as
estruturas jurídicas que permeiam o PMI têm o potencial de reduzir a assimetria de
informação entre o poder público e o setor privado. Nesse sentido, a preocupação com
o interesse público, com efeito, está prevista expressamente em algumas normativas
estaduais que regulamentam o PMI. O Decreto Federal, por exemplo, o qual se
destina apenas às PPPs, estabelece que os projetos já devem estar definidos como
prioritários no âmbito da administração pública federal. 56 No mesmo sentido, a
Resolução do CGP do Rio Grande do Sul define que as PPPs já devem ter sido
definidas como prioritárias pelo poder público. 57

Via de regra, porém, os normativos estaduais não elencam essa pertinência


como exigência. Entretanto, muitas vezes, explicitam que o interesse público de ve ser
cumprido quando da apresentação de proposta para elaboração de estudos por
interessados ou de MIP espontânea pelo proponente. Nesse sentido, no Estado de São
Paulo, a MIP dirigida ao CGP ou à Secretaria competente deve apresentar elementos
que atestem interesse público. Do mesmo modo, em Santa Catarina, o PMI solicitado
58
e a MIP espontânea devem demonstrar interesse público ao CGP. Em Goiás,
quando da manifestação do particular por PMI espontânea, a Comissão Especial de
Avaliação deve manifestar interesse público na sua realização. 59 Ainda no mesmo
sentido, no Rio de Janeiro, elementos que permitam avaliar o interesse público do
projeto devem constar da MIP dirigida ao CGP ou à Secretaria de Estado

Nota-se, com isso, a preocupação do marco normativo do PMI com a proteção


do interesse público. Ainda assim, é possível que haja o desalinhamento de interesses
entre ambos, e a consequente captura do interesse público pelo privado. Assim, a
questão é saber se a pauta de projetos prioritários do governo, caso existente, é
afetada por propostas de participantes que não se fundamentam na persecução do
interesse público.

Esse nível de análise da captura se relaciona ao conteúdo dos interesses em


pauta, i.e., ao cerne material dos interesses público e privado. Sua análise se

56
Art. 1º, caput, do Decreto Federal.
57
Art. 1º, II, da Resolução do CGP do Rio Grande do Sul.
58
Art. 2º, § 2º, do Decreto de Santa Catarina.
59
Art. 6º, do Decreto de Goiás.
desenvolve a partir dos conteúdo apreendido desses conceitos.

Qualquer levantamento empírico da materialização dessa espécie de captura é


dificultada pela fluidez do conceito de interesse público. 60 Com efeito, seria preciso
definir atributos objetivos que permitissem inferir se o interesse público estaria sendo
fagocitado pelo interesse do setor privado.

Paralelamente a isso, em nível procedimental, é possível indagar se há captura


do procedimento licitatório perquirido pela Administração Pública pelo particular
autorizado a elaborar estudos técnicos. Esse nível de captura repercute
fundamentalmente no grau de concorrência entre os participantes e,
consequentemente, no resultado da licitação.

Sob essa perspectiva, o interesse do poder público é garantir um procedimento


licitatório competitivo, com o maior número possível de particulares efetivamente
capazes de cumprir com o objeto contratual. O benefício do particular autorizado,
caso constatado, derivaria da vantagem informacional relativa ao objeto e às
características do projeto em pauta – vantagem oriunda da elaboração dos estudos de
viabilidade. O particular que elaborou os estudos teria maiores condições de
apresentar uma proposta de maior qualidade, com análise mais detalhada dos riscos
relativos à viabilidade econômico- financeira e pautada em estudos ambientais e
jurídicos longamente elaborados. O conhecimento dos riscos do projeto permitiria,
com isso, o desenvolvimento de propostas de maior qualidade. 61

Uma forma de analisar empiricamente a ocorrência da captura do


procedimento licitatório se dá a partir da comparação entre o número de atores
privados responsáveis pela elaboração dos estudos que correspondem aos vencedores
da licitação. O questionamento pode ser formulado do seguinte modo: os particulares

60
Nesse sentido, Celso Antônio Bandeira de Mello, ao tratar do conceito de interesse público, afirma
que “[n]ão se trata de uma noção tão simples que se imponha naturalmente, como algo de per si
evidente que dispensaria esforços para gizar-lhe os contornos abstratos.” MELLO, Celso Antônio
Bandeira de. Curso de Direito Administrati vo. São Paulo : Malheiros, 2011. 28ª ed. p. 59.
61
Essa análise da vantagem co mpetit iva do particular autorizado a elaborar os estudos de viabilidade
tem co mo premissa um cenário em que a vantagem informacional relativa à posse de mais dados
atinentes ao projeto implica na elaboração de propostas de maior qualidade. Não só isso. Pressupõe
também que o certame licitatório será capaz de afastar potenciais “aventureiros”, que elaborem
propostas não realizáveis, apesar de menos custosas. Caso contrário, a vantagem informacional não
pode ser considerada um ativo, pois os demais concorrentes, menos cientes dos riscos e seus
consequentes custos, elaborariam propostas menos custosas e, portanto, mais vantajosas.
autorizados a elaborar os estudos se sobressaem no resultado das licitações, em
detrimento do s demais participantes?

Na tentativa de lidar com tal indagação, a subseção abaixo partirá de pesquisa


existente a fim de analisar se quem ganhou o procedimento licitatório nos casos de
PMIs solicitados foi, de fato, o particular autorizado a elaborar estudos técnicos.

2.2 O cenário bras ileiro de PMIs publicados e em fase de licitação

O objetivo visado a partir da análise dos PMIs publicados e licitados, no


âmbito apenas dos Estados brasileiros, relaciona-se à aferição numérica da proporção
de PMIs, em que o vencedor da licitação foi autorizado previamente para a elaboração
de estudos. Em teoria, o levantamento de dados que viabilize essa análise permite
atestar se a captura do procedimento licitatório pelo particular autorizado vem se
materializando no bojo dos PMIs solicitados pelo poder público.

A pesquisa realizada partiu do levantamento de PMIs estaduais condensado no


relatório sobre projetos de PPP em fase de estruturação via PMI 62 e de sua atualização
de 201363 (“Relatório”). Os projetos estruturados via PMI, caracterizados em ambos
os documentos como em fase de licitação ou licitados, foram incluídos na tabela do
Anexo - Os PMIs publicados e o resultado das licitações sob o rótulo de “licitados”.
Buscou-se, então, para cada projeto: (i) o(s) particular(es) autorizado(s) a elaborar
estudos de viabilidade e (ii) o vencedor da licitação decorrente do PMI.

Foram utilizadas as seguintes fontes: (i) sítios eletrônicos das Unidades de


PPPs estaduais, das Secretarias de Planejamento e Gestão, das Secretarias de
Infraestrutura, ou de Secretaria relacionadas à matéria do projeto; (ii) Diário Oficial
dos Estados, quando o sistema de busca viabilizava a procura por conteúdo; (iii) o
banco de dados e de notícias do sítio eletrônico PPP Brasil – O Observatório de

62
PEREIRA, Bruno Ramos, VILELLA, Mariana, SA LGA DO, Valério. Procedimento de Manifestação
de Interesse nos Estados – Relatório sobre projetos de PPP em fase de estruturação via PMI. PPP
Brasil – O Observatório das Parcerias Público-Pri vadas. Disponível em:
https://dl.dropboxusercontent.com/u/18438258/ PMI%202013/Atualização%20-
%20PMIs%20nos%20Estados%2020junho2013.pdf. Acesso em: 10 out. 2013.
63
PEREIRA, Bruno (coord.). Procedimento de Manifestação de Interesse nos Estados – Atualização de
projetos de PPP em fase de estruturação via PMI. PPP Brasil – O Observatóri o das Parcerias
Público-Pri vadas. Disponível em:
https://dl.dropboxusercontent.com/u/18438258/ PMI%202013/Atualização%20-
%20PMIs%20nos%20Estados%2020junho2013.pdf. Acesso em: 10 out. 2013.
Parcerias Público-Privadas; (iv) notícias veiculadas na internet; e, por fim, (v) em
alguns casos, solicitação de informações em conversa telefônica com serventuários
das Secretarias.

Cumpre notar, porém, que, na prática, a análise restou comprometida pela


ausência de informações relativas aos PMIs publicados em nível estadual, às
respectivas autorizações deles decorrentes e aos documentos do certame licitatório.
Com efeito, em muitos sítios eletrônicos das Unidades de PPPs estaduais, das
Secretarias de Planejamento e de Infraestrutura, não há atualização dos projetos
estruturados. Além disso, a busca eletrônica via Diário Oficial é comprometida pelo
fato de muitos sistemas de busca não permitirem a consulta textual. 64

Nota-se que nos casos em que não se obteve informação acerca da empresa
autorizada a elaborar os estudos de viabilidade, há verdadeira carência de notícias e
documentos oficiais. Nesse sentido, em alguns desses casos, foi possível localizar
apenas a sociedade de propósito específico (“SPE”) responsável pela construção e
operação do serviço. Isso é problemático, pois a nomenclatura adotada para a SPE
distingue-se da empresa ou consórcio adjudicado, na conclusão do certame licitatório.
Por ambos os motivos, esses casos não puderam ser contabilizados. 65

Cumpre apresentar, pois, o resultado das informações levantadas. O cenário


global do número de PMIs publicados e em fase de licitação consta do gráfico abaixo.

64
No mes mo sentido, os autores do Relatório afirmam que “a obtenção dos documentos essenciais ao
acompanhamento dos PMIs, tais como os editais de chamamento, termos de referência ou até mes mo
as informações referentes à escolha do estudo vencedor, mostrou-se mais desafiadora do que seria
desejável”. Afirmam, ainda, “a maior parte dos materiais encontrados se restringiu ao edital de PMI,
Portanto, não conseguimos encontrar informações consistentes quanto aos estudos entregues, as
empresas partici pantes e aos estudos selecionados” (grifado). PEREIRA, Bruno Ramos, VILELLA ,
Mariana, SALGADO, Valério. Op. cit. p. 23.
65
Esses casos são: (i) o Conjunto Habitacional Mangueiral, do Distrito Federal, (ii) a Un idade de
Atendimento Integrado (UA I), de Minas Gerais, (iii) A rena Multiuso da Copa 2014 de Recife, de
Pernambuco, e (iv) Arena Fonte Nova, da Bah ia.
Gráfico 2: Relação entre PMIs publicados e em fase de licitação 66

40
38
36
34
32
30
28
26
24
22
20 PMIs publicados
18
16 PMIs em fase de licitação
14
12
10
8
6
4
2
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

De acordo com os dados apresentados no Relatório, entre 2007 e setembro de


2012, houve 73 PMIs publicados com a finalidade de obter estudos de viabilidade de
projetos de PPPs nos Estados. 67 Deste total, 52 PMIs foram publicados em 2011 e
2012. 68

Dos 3 PMIs publicados em 2007, todas foram licitados. Entretanto, não foram
encontrados os termos de autorização conferidos aos particulares para elaboração dos
respectivos estudos de viabilidade. Apenas foi confirmada a ocorrência de licitação.
Apenas no âmbito da PPP para o sistema de esgotamento sanitário da região
metropo litana do Recife e do município de Goiana, foi encontrado o estudo de
viabilidade desenvolvido pela KPMG Structured Finance S.A. (“KPMG”) Entretanto,
dada a possibilidade de elaboração de estudos via PMI e consultores externos, de
forma complementar e concomitante, é pos sível que a KPMG tenha figurado como
consultora externa – e não como autorizada.

66
PEREIRA, Bruno Ramos, VILELLA , Mariana, SALGADO, Valério. Op. cit. pp. 1 a 3.
67
Ibid. p. 8.
68
Ibid. p.11.
Tabela 2: Particul ar(es) autorizado(s) a elaborar estudos e vencedor da licitação dos PMIs
publicados em 2007

Data
Nome do
Publicação Autorizado(s) a
Projeto Setor Vencedor da licitação
do PMI e elaborar estudos
Licitado
Estado

2007 Conjunto Infraestrutura Jardins Mangueiral


Habitacional predial (?) Empreendimentos
Distrito
Mangueiral (habitação) Imobiliários (SPE)
Federal

09/08/2007 Sistema de Saneamento Estudos Consórcio Grande


esgotamento básico disponibilizado no Recife:
Pernambuco
sanitário da (esgotamento) sítio da Secretaria
1. Foz do Brasil (do
Região do Governo de
grupo Odebrecht)
Metropolitana Pernambuco
2. Líder Marc70
do Recife ou do foram elaborados
Município de pela KPMG
Goiana Structured
Finance S.A.69

2007 Centro Segurança Reintegra Brasil S.A.71


Integrado de pública
Pernambuco 1.Advance
Ressocialização
Construções e
de Itaquitinga
Participações
(?)
2.Yumatã
Empreendimentos e
Servições de
Manutenção Ltda
(líder do consórcio) 72

Em 2008, foram publicados sete PMIs. Destes, apenas três foram licitadas: (i)
o estádio Castelão, no Ceará, (ii) a Unidade de Atendimento Integrado (UAI), em
Minas Gerais, e (iii) a Arena Multiuso da Copa 2014 de Recife. Mais uma vez, houve
dificuldade para identificação dos particulares autorizados a elaborar os estudos.
Apenas para o Castelão, identificou-se o consórcio formado pelas empresas Carioca

69
Entretanto, conforme mencionado, não há clareza quanto à fato de esses estudos terem sido objeto de
PMI.
70
Disponível em: http://www.segov.pe.gov.br/?q=node/302.
71
Informação disponível no sítio eletrônico da Secretaria do Governo de Pernambuco. Disponível em:
http://www.segov.pe.gov.br/?q=ppp-centro-integrado-de-ressocializacao-de-itaquitinga. Acesso em: 15
nov. 2013. Termo de homologação e adjudicação disponível em
http://200.238.107.80/c/document_library/get_file?uuid=86c3d3a0-207c-4fca-aa87-
84c58e65fd 34&groupId=26804. Acesso em: 15 nov. 2013.
72
Segundo informações constantes do sítio eletrônico da Secretaria do Governo de Pernambuco, a
DA G Construtora está assumindo o contrato após negociação com o Consórcio Reintegra Brasil,
inicialmente responsável pela obra. Disponível em: http://www.segov.pe.gov.br/?q=node/351. Acesso
em: 15 nov. 2013.
Christiani-Nielsen Engenharia S.A., Somague Engenharia S.A. do Brasil e Fujita
Engenharia Ltda, consórcio distinto do vencedor da licitação, conforme retrata a
tabela abaixo.

Tabela 3: Particul ar(es) autorizado(s) a elaborar estudos e vencedor da licitação dos PMIs
publicados em 2008

Data da Nome do Setor Autorizado(s) a Vencedor da licitação


Publicação Projeto elaborar os
do PMI e licitado estudos
Estado
Consórcio: Consórcio Arena
2008 Estádio Estádio/Arena
1.Carioca Castelão Operadora de
Plácido
(Ceará) Christiani- Estádio S/A:
Aderaldo
Nielsen 1.Galvão Engenharia
Castelo
Engenharia S.A.; S.A.
(Castelão)
2.Somague 2.Serveng Civilsan
Engenharia S.A. S.A.
do Brasil; e 3. BWA Tecnologia
3.Fujita Ltda.74
Engenharia
Ltda.73
12/02/2008 Unidade de Prestação de
Atendimento Serviço ao Minas Cidadão
(Minas
Integrado Cidadão (?) Centrais de
Gerais)
(UAI)75 Atendimento S.A.
(SPE)
Arena Pernambuco
2008 Arena Estádio/Arena (?)76

73
CEA RÁ. Decreto nº 29.635, de 30 de janeiro de 2009. Autoriza a realização de projetos
complementares e estudos técnicos, econômicos e financeiros necessários à análise da viabilidade e
estruturação de projeto de parceria público- privada, para a reforma e adequação do estádio Castelão,
com v istas à Copa do Mundo FIFA 2014. Diário Oficial do Ceará, Fo rtaleza, 6 de fevereiro de 2009.
Disponível em: http://www.seplag.ce.gov.br/images/stories/Planejamento/Parcerias-Publico-
Privadas/Decreto%2029635%2009%20Autoriza%20Estudos%20Castelao.pdf. Acesso em: 15 nov.
2013.
74
Informação disponível em: http://www.copatransparente.gov.br/acoes/estadio-castelao-obra-integral-
ppp.
75
Contrato de concessão administrativa, cujo objeto é imp lantação, gestão, oneração e manutenção de
Unidades de Atendimento Integrado (UAI), localizadas nos municíp ios de Bet im, Governador Valares,
Juiz de Fora, Montes Claros, Uberlândia e Varginha, pelo prazo de 20 anos, disponível em
http://www.ppp.mg.gov.br/projetos-ppp/projetos-celebrados/pmi-uai/arquivos-para-
download/Contrato%20PPP%20UAI.pdf. O Programa UAI foi seguido pelo UAI 2. Recentemente,
houve licitação e o consórcio apresentou melhor proposta e a Co missão de Licitação analisa, no
mo mento, a documentação de habilitação. Ata da sessão da concorrência, de 8 de novembro de 2013,
disponível em
http://www.co mpras.mg.gov.br/images/stories/arquivoslicitacoes/seplag/Concorrencia_PPP_UAI/ata-
sessao-abertura-habilitacao.pdf.
76
Em pesquisa no Diário Oficial do Estado de Pernambuco eletrônico (“DOE-e”) pelo termo “arena
mu ltiuso” não se obteve resultado quanto a termos de autorização conferidos pelo Poder Executivo,
nem em notícias e no sítio do Programa de Parcerias Público Privadas da Secretaria de Governo do
(Pernambuco) Multiuso da Negócios e
Copa 2014 de Investimentos (SPE)77
Recife

No ano seguinte, foram identificadas oito PMIs publicadas. Três delas


chegaram à fase de licitação. Não foi(ram) identificado(s) o(s) particular(es)
responsável(is) pela elaboração dos estudos em Alagoas, para o projeto do Sistema
Adutor do Agreste. Na Bahia, houve a licitação do Arena Fonte Nova.
Aparentemente, a SPE Fonte Nova Participações S.A., não participou da elaboração
dos estudos. Entretanto, mais uma vez, não foi encontrado o responsável por tanto. Os
estudos publicados foram desenvolvidos pela KPMG, porém, tal como no âmbito da
estruturação da PPP para esgotamento sanitário em Pernambuco, há dúvidas se estes
estudos foram desenvolvidos via PMI.

A terceira licitação de 2009 se deu para o Complexo Mineirão. A empresa


responsável pela elaboração dos estudos foi a Ernst & Young Assessoria Empresarial
Ltda. Foi encontrada apenas a razão social da SPE responsável por operar o estádio, a
Minas Arena Gestão de Instalação Esportiva S.A.

Tabela 4: Particul ar(es) autorizado(s) a elaborar estudos e vencedor da licitação dos PMIs
publicados em 2009

Data da
Nome do Autorizado(s) a
Publicação
Projeto Setor elaborar os Vencedor da licitação
do PMI e
licitado estudos
Estado

23/012009 Sistema Adutor Saneamento (?)78 Companhia de Águas

Estado de Pernambuco. Não foi encontrado no DOE-e nem mes mo a publicação do PMI de 2008,
elencada no Relatório da pesquisa utilizada, d isponível no PPP Brasil.
77
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Relatório de Fiscalização das Obras da Copa 2014. Órgão
fiscalizador: Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Disponível em:
http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2129892.PDF. Acesso em: 10 nov. 2013.
78
Informação não disponibilizada pelo sítio eletrônico da Secretaria do Estado do Planejamento e
Desenvolvimento Econô mico. Há menção apenas à “empresa” que elaborou estudos via PMI. Apenas
documentos da licitação estão disponíveis em http://www.seplande.al.gov.br/planejamento-e-
orcamento/planejamento-1/ppp. Cu mpre notar também que o aviso de procedimento de interesse nº
1/2009, publicado no dia 23 de janeiro 2009, não estabeleceu qualquer prazo para apresentação de
propostas. Apenas informou do PMI sem qualquer previsão procedimental. A LA GOAS. Aviso de
Procedimento de Interesse nº 1/09. Diário Oficial do Estado de Alagoas, Maceió, 23 de janeiro de
2009. Disponível em http://www.doeal.co m.b r/. Acesso em: 20 out. 2013.
(Alagoas) do Agreste básico do Brasil – CAB
(abastecimento Ambiental 79
de água)

2009 Arena Fonte Estádio/Arena Estudos Fonte Nova


Nova disponibilizado Participações S.A.
(Bahia)
no sítio da ... (SPE)
foram elaborados
pela KPMG
Structured
Finance S.A. (não
há clareza quanto
à forma de
contratação ou
autorização via
PMI).80

2009 Complexo do Estádio/Arena Ernst & Young Minas Arena Gestão de


Mineirão [foi Assessoria Instalação Esportiva
(Minas
PMI mesmo?81 ] Empresarial Ltda S.A.
Gerais)

Quanto aos PMI publicados em 2010, do universo de três PMIs, nenhum foi
licitado.

Posteriormente, em 2011, constatou-se um total de 26 PMIs publicados. 82


Deste total, apenas oito projetos foram licitados. Na Bahia, a Invepar Investimentos
foi uma das empresas autorizadas a elaborar os estudos de viabilidade para o projeto
Mobilidade Salvador – Lauro Freitas a Salvador, os quais foram selecionados pelo
Grupo de Trabalho Executivo (GTE) responsável. A empresa não ganhou a licitação.

Paralelamente a isso, no Ceará, o projeto Vapt-Vupt teve seus estudos


desenvolvidos pelo consórcio formado pela Construtora Marquise S.A. e pelo

79
Disponível em: http://casal.al.gov.br/licitacao/resultado-do-julgamento-das-propostas-tecnicas-
concorrencia-012011-ppp-casal/. Acesso em: 10 de nov. 2013.
80
Estudos disponibilizados em
http://www.sefaz.ba.gov.br/administracao/ppp/Anexo_16_ Estudo_de_Viabilidade_nova_fonte_nova.p
df. Acesso em: 10 nov. 2013.
81
No sít io eletrônico da Unidade de PPP de M inas Gerais, não há disponibilidade de in formações
acerca do PMI. As informações disponibilizadas dizem respeito apenas às características do projeto e à
licitação e assinatura do contrato. Disponível em:
http://www.esportes.mg.gov.br/comunicacao/noticias/setembro/646-estudos-para-modernizacao-do-
complexo-mineirao-mineirinho-ficam-prontos-em-marco. Acesso em: 13 nov. 2013.
82
“O Relatório sobre projetos de PPP em fase de estruturação via PMI” apresenta 25 PMIs que
chegaram à fase de licitação. O relatório de 2013, resonsável por atualizar os dados, adiciona u m
projeto a essa listagem, totalizando o valor de 26 projetos estruturados via PMI que chegaram à
licitação. Insta notar porém, que, em alguns caso, conforme se extrai da tabela, a licitação não fo i
concluída. Ver PEREIRA, Bruno (coord.). Op. cit. p. 2.
Shopping do Cidadão Serviços e Informática Ltda. Esse mesmo consócio figurou
como vencedor do certame licitatório. Nessa mesma unidade federativa, foi publicado
e licitado o projeto para desenvolvimento da eficiência energética no Centro de
Eventos. Não foi identificado, porém, o particular ganhador do certame.

Enquanto isso, no Distrito Federal, foram desenvolvidos estudos técnicos pela


Companhia Paulista de Desenvolvimento – CPD para o Centro de Gestão Integrada.
A licitação desse projeto foi, porém, suspensa pelo Poder Judiciário em outubro de
2013.

No Espírito Santo, a Socicam Administração, Projetos e Representações Ltda.


foi autorizada a elaborar estudos para a Ampliação da Rede Faça Fácil. Essa mesma
empresa figurou no consórcio vencedor da licitação.

No Estado de São Paulo, foram licitados dois contratos de PPP em 2011: a


Indústria Farmacêutica FURP e a Linha 6 do Metrô. No primeiro caso, não houve
correspondência entre os particulares autorizados a elaborar os estudos e a empresa
vencedora da licitação, a EMS S.A. No segundo, porém, notou-se que Odebrecht
Transport Participações S.A. e a Construtora Queiroz Galvão foram autorizadas e
fazem parte do consórcio que opera, hoje, a rede metroviária.

Finalmente, no Paraná, o projeto de Unidades de Atendimento ao Cidadão –


Tudo Aqui teve sua licitação suspensa.

Tabela 5: Particul ar(es) autorizado(s) a elaborar estudos e vencedor da licitação dos PMIs
publicados em 2011

Data da Nome do Setor Autorizado(s) a Vencedor da


Publicação Projeto elaborar os estudos licitação
do PMI e licitado
Estado
Transporte de 1.Invepar
25/03/2011 Mobilidade Companhia de
passageiros Investimentos
Salvador- Participações em
Bahia (estudo selecionado
Lauro de Concessões (CPC),
pelo GTE) 83

83
Foram entregues estudos das seguintes empresas: “Consórcio Setps e Odebrecht Trans port – 78
km de corredores exclusivos para o BRT, 173 estações e terminais, 58 viadutos, 14 pontilhões e 13
tuneis, além de ciclov ias e calçadas. Interligará o aeroporto de Salvador ao metrô e ao sistema
ferroviário suburbano; Consórcio Camargo Correia e Andrade Gutierres – 23 km de met rô de
superfície ligando o municíp io de Lauro de Freitas à estação acesso norte do metrô, passando pelo
Freitas 2. Consórcio Setps e controlada pelo
Odebrecht Transport Grupo CCR 84
3. Consórcio
Camargo Correia e
Andrade Gutierres
4. Prado Valadares
5. Queiroz Galvão
6. Metropasse
7. ATP Engenharia
Prestação de Consórcio: Consórcio Ceará
Ceará Vapt Vupt85
Serviço ao 1.Construtora Cidadão:
Cidadão Marquise S/A 1.Shopping do
2.Shopping do Cidadão
Cidadão Serviços e 2.Marquise S/A 8687
Informática Ltda
01/01/2011 Centro de Infraestrutura Grupo de Empresas:
Ceará Eventos - predial (centro 1.Normatel
eficiência de Engenharia Ltda.;
energética convenções) 2.Renewpower
Sistema de Energia
(?)
Ltda.;
3.Assist Consultores
Ltda.; e
4.Azevedo Sett
Advogados. 88

Aeroporto de Salvador, canteiro central da Paralela e Iguatemi; Prado Valadares – sistema modal tipo
BRT, podendo evoluir até 2030 para metrô. Conta co m 41 km de vias aéreas, co mposta por pista
exclusiva de ônibus, passarela e ciclovias; Queiroz Gal vão – sistema de monotrilho, em elevado,
interligando os municípios de Salvador e Lauro de Freitas, preservando o canteiro central da Paralela.
Metropasse – sistema BRT, superfície de Lauro de Freitas à estação da Calçada, integrando o metrô e
os trens do subúrbio ferroviário; ATP Engenhari a – metrô de superfície de Lauro de Freitas ao Acesso
Norte, em Salvador; e Invepar Investimentos – proposta composta por um met rô de superfície,
interligando os municípios de Lauro de Freitas e Salvador.” Informação disponível em:
http://www.portal2014.org.br/noticias/7136/ GOVERNO+DA+BAHIA+RECEBE+PROPOSTAS+PA
RA+M OBILIDADE+URBA NA.html. Acesso em: 13 nov. 2013.
84
Informação disponível em http://www.co municacao.ba.gov.br/noticias/2013/09/05/secretarios-se-
reunem-co m-empresa-vencedora-da-licitacao-do-metro/print_view.
85
O edital de concorrência pública está disponível em
http://licita.seplag.ce.gov.br/pub/164804/ EDITA LCPN%2020110001%20VAPT%20VUPT%20Retific
ado.pdf. Acesso em: 13 nov. 2013.
86
Informação disponível em http://www.ceara.gov.br/index.php/sala-de-imp rensa/noticias/8633-
governo-do-estado-conclui-licitacao-para-construcao-de-cinco-unidades-vapt-vupt. Acesso em: 12 nov.
2013.
Ed ital de Concorrência Pública disponível em
http://licita.seplag.ce.gov.br/pub/164804/ EDITA LCPN%2020110001%20VAPT%20VUPT%20Retific
ado.pdf. Acesso em: 13 nov. 2013.
87
Informação confirmada em conversa telefônica realizada com a assessora de imprensa da Secretaria
de Justiça, dia 14 de novemb ro de 2013.
88
Anteriormente, foi publicado o aviso de PMI nº 01/ 2011/SEINFRA, o qual convocava particulares
para elaboração de estudos de viabilidade técnica, econômica e financeira de u m projeto de
desenvolvimento e gestão em regime de parceria público privado – PPP do sistema de cogeração de
energia, tendo o gás natural como energético, para o centro eventos. o estado do Ceará (Diário Oficial
do Estado, disponível em http://imagens.seplag.ce.gov.br/PDF/20110404/do20110404p 02.pdf). Foi,
então, concedida autorização à Benco Energia. 88 Essa autorização fo i, porém, cassada em 28 de
fevereiro de 2011. Anteriormente à cassação já havia sido republicado outro PMI co m o mes mo objeto,
Distrito Centro de Companhia Paulista Licitação suspensa
Federal Gestão de Desenvolvimento pelo Judiciário em
Integrada89 (CPD) 15/10/2013. 90
15/12/2011 Ampliação da Prestação de Socicam Consórcio:
Espírito rede Faça Serviço ao Administração, 1.Socicam
Santo Fácil 91 Cidadão Projetos e Administração,
Representações Projetos e
Ltda 92 Representações
Ltda;
2.TB Serviços,
Transportes,
Limpeza,
Gerenciamento e
Recursos Humanos
S/A;
3. 3P Brasil -
Consultoria e
Projetos de
Estruturação de
Parcerias Público-
Privadas e
Participações Ltda
4.Empresa Tejofran
de Saneamento e
Serviços Ltda.93
São Paulo Indústria Indústria 1.Ideen Farmacêutica EMS S.A95
Farmacêutica farmacêutica Ltda;
(Fundação para pública 2.Germed

no dia 8 de outubro de 2010 (disponível em:


http://www.seplag.ce.gov.br/images/stories/Planejamento/Parcerias-Publico-
Privadas/1%20Aviso_Manifestacao_Interesse_CogeracaoCEC.pdf).
89
O Distrito Federal republicou o edital da Concorrência nº 01/2013, cujo objeto é a "outorga de
Parceria Público-Privada, na modalidade de concessão admin istrativa, para imp lantação,
desenvolvimento, operação, manutenção, gestão e admin istração da infraestrutura do Centro de Gestão
Integrado (CGI)". A primeira versão do edital havia sido publicada em fevereiro de 2013, mas a
licitação havia sido suspensa no mês de abril. Disponível em:
http://www.pppbrasil.co m.b r/portal/content/distrito-federal-republica-edital-de-ppp-para-imp lantação-
de-centro-de-gestão-integrada.
90
“Uma liminar concedida pela 7ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal suspendeu a sessão de
abertura das propostas referentes ao edital da concorrência cujo objeto é a ‘outorga de Parceria
Público-Privada, na modalidade de concessão admin istrativa, para imp lantação, desenvolvimento,
operação, manutenção, gestão e administração da infraestrutura do Centro de Gestão Integrado
(CGI)’.” Disponível em: http://www.pppbrasil.co m.b r/portal/content/judiciário -suspende-licitação-da-
ppp-do-distrito-federal-para-imp lantação-de-centro-de-gestã.
91
ESPÍRITO SANTO. Aviso de Procedimento de Manifestação de Interesse - PMI SEGER nº 01/ 2011.
Diário Oficial do Estado do Espírito Santo, Vitória, 15 dez 2011. Disponível em:
http://dl.dropboxusercontent.com/u/18438258/Aviso%20PMI%20-%20DIO%20%2015-12-11.pdf.
Acesso em: 14 nov. 2013.
92
Informação fo rnecida em conversa telefônica com serventuária da Secretaria do Estado de Gestão e
Recursos Humanos (SEGER), do Estado do Espírito Santo. O Estado publicou o aviso de PMI no dia
19 de dez de 2011. Após essa data, não foi encontrada publicação relativa à autorização concedida ao
particular para elaboração dos estudos no Diário Oficial do Estado do Espírito Santo.
93
Informação d isponível em: http://www.pppbrasil.com.br/portal/content/ppp-para-ampliação-de-rede-
de-serviços-ao-cidadão-do-esp%C3%ADrito-santo-conta-com-apenas-um-lici.
o Remédio Farmacêutica Ltda
Popular Chopin
Tavares de
Lima -FURP)94
São Paulo Linha 6- Transporte de 1.Construtora Consórcio Move São
Laranja do passageiros Queiroz Galvão Paulo:
Metrô S.A. 96 1.Odebrecht
2.Galvão Engenharia Transport
S/A e Somague Participações S.A.,
Engenharia S/A 2.Construtora
3.Odebrecht Queiroz Galvão
Transport 3.UTC
Participações S/A 4.Fundo Eco
Realty 97
Paraná Unidades de Prestação de Shopping do Licitação suspensa.99
Atendimento Serviço ao Cidadão Serviços e
ao cidadão – Cidadão Informática Ltda 98
Tudo Aqui

Em 2012, houve apenas um contrato de PPP licitado, fruto de estudos


elaborados via PMI – a PPP do Maracanã. A empresa autorizada a elaborar os estudos
foi a IMX Venues, que figura no consórcio responsável pela operação do estádio –
com o percentual de apenas 5%, em contraposição à Odebrecht Participações e
Investimentos S.A., que detém 90% do consórcio.

Assumindo-se algumas premissas, nota-se, com base nessas informações, que


não há grande discrepância entre o número de casos em que o vencedor da licitação
figurou como autorizado para elaboração dos estudos e os casos em que não há tal

95
Disponível em http://www.p lanejamento.sp.gov.br/noti_anexo/files/2013-10-
21%20Quadro%20Chamamento%20Público.pdf.
94
Trâmite detalhado disponibilizado pelo Governo de São Paulo em:
http://www.planejamento.sp.gov.br/noti_anexo/files/2013-10-
21%20Quadro%20Chamamento%20Público.pdf.
96
A proporção do ressarcimento fornecido às empresas correspondeu a: (i) Construtora Queiro z Galvão
S.A. apresentou estudos equivalente a 35,65% do total utilizado, sendo devido um ressarcimento de R$
1.837.193,00; (ii) os estudos da Galvão Engenharia S.A. e So mague Engenharia S.A. corresponderam a
20,29% do total utilizado, cabendo um ressarcimento de R$ 1.045.601,00, e (iii) Odebrecht Transport
Participações S.A. apresentou estudos equivalentes a 44,05% do total utilizado, cabendo um
ressarcimento de R$ 2.270.005,00. Informação disponível em:
http://www.planejamento.sp.gov.br/noti_anexo/files/2013-10-
21%20Quadro%20Chamamento%20Público.pdf.
97
Informação disponível em http://www.st m.sp.gov.br/index.php/noticia-sc-2/4237-consorcio-move-
sao-paulo-vence-licitacao-da-ppp-da-linha-6-de-metro.
98
Informação disponível em: http://www.pppbrasil.co m.b r/portal/content/paraná-publica-licitação-de-
ppp-para-prestação-de-serviços-de-atendimento-ao-cidadão.
99
Informação fornecida por Edotério, em conversa telefônica co m a Secretaria de Planeja mento do
Paraná, no dia 13 de novembro de 2013.
correspondência – considerando-se os poucos projetos para quais foram mapeadas as
informações buscadas. Como premissas, entende-se:
 que a mera correspondência do ator autorizado a elaborar os estudos de
viabilidade e o vencedor é suficiente para caracterizar o uso de
vantagem informacional – independentemente de qual percentual o
autorizado possui na participação de consórcio vencedor, quando for
esse o caso; e
 ser irrelevante a organização societária das empresas envolvidas –i.e.,
não foi analisado a fundo se a empresa vencedora faz parte do grupo
empresarial da empresa autorizada.

Com efeito, considerando-se apenas os projetos em que se obteve sucesso com


a busca realizada, a relação entre os casos de discrepância entre as empresas
autorizadas e as vencedoras da licitação e os casos de coincidência entre ambas é de
3/4. Conforme ilustra o gráfico a seguir, considerando o universo de 9 casos, em 3
deles o mesmo particular que elaborou os estudos venceu a licitação. Em 4 casos, isso
não ocorreu.

Gráfico 3: Relação entre particul ar autorizado a elaborar estudos e vencedor da licitação

Casos de
suspensão da
licitação; 2
Coincidência;
3

Discrepância
;4

Como resultado, é possível observar o equilíbrio entre ambas as hipóteses. O


universo extremamente limitado – não apenas em função do número reduzido de
PMIs licitados, quando comparado ao número de publicações, mas também pela
dificuldade de busca das informações necessárias, inviabiliza qualquer análise
conclus iva. Com efeito, em metade dos casos procurados, não foram obtidas
informações suficientes.
Gráfico 4: Disponi bilidade acerca de informações sobre projetos

Informações
50% 50% disponíveis
Informações não
encontradas

Apesar disso, insta salientar que a análise realizada parece fundamental para a
inferência acerca do sucesso do PMI sob a perspectiva do procedimento licitatório
almejado pelo poder público.
CONCLUSÃO

A averiguação acerca da existência da captura do procedimento licitatório pelo


particular autorizado a elaborar estudos de viabilidade mostra-se fundamental a fim de
se desenvolver uma análise crítica da utilização do PMI pela Administração Pública.

Com efeito, por mais que o instituto apresente pontos positivos, é preciso se
utilizar de ferramentas teóricas a fim de se perquirir se na prática o procedimento
licitatório que sucede a elaboração de estudos se mostra capaz de selecionar o
particular mais apto a cumprir com o objeto do contrato de concessão ou PPP.

Observa-se, porém, que muitos entes federativos carecem de transparência e


publicidade de documentos relevantes atinentes às etapas de estruturação de projetos,
inclusive à sua licitação. Por conta disso, as informações acerca dos projetos, das
autorizações conferidas e das licitações realizadas são insuficientes para uma análise
conclusiva da hipótese de captura do interesse público de realizar um procedimento
licitatório eficaz pelo particular autorizado a elaborar estudos.

É fundamental que se aumentem esforços para a construção e implementação


de um procedimento transparente e institucionalizado. Com efeito, o diálogo entre o
setor privado e o poder público sempre existiu. O desafio é institucionalizá- lo,
tor nando-o transparente e acessível, por meio de um procedimento regulamentado.
BIBLIOGRAFIA

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providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03 /_ato2004 -
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procedimento de apresentação, análise e aproveitamento de propostas, estudos e
projetos apresentados pela iniciativa privada para inclusão no programa estadual de
parcerias público-privadas - PROPAR, e dá outras providências.

RIO GRANDE DO SUL. Resolução CGPPP-RS nº 2, de 24 de abril de 2013.


Estabelece os procedimentos para Manifestação de Interesse, por particulares, na
apresentação de anteprojeto e estudo de viabilidade referentes a projetos no âmbito do
Programa de Parcerias Público-Privadas do Estado do Rio Grande do Sul – PPP/RS.
Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 25 de abril de 2013.

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Manifestação de Interesse em projetos de parcerias público-privadas, nas modalidades
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SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 57.289, de 30 de agosto de 2011. Altera o Decreto


nº 48.867, de 10 de agosto de 2004, para detalhar o procedimento de apresentação,
análise e aproveitamento de propostas, estudos e projetos encaminhados pela
iniciativa privada, com vistas à inclusão de projetos no Programa de Parcerias-Público
Privadas - PPP, e dá providências correlatas.

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ANEXO - OS PMIs PUBLICADOS E O RESULTADO DAS LICITAÇÕES

Tabela integral com levantamento de dados acerca dos PMIs publicados , dos
particulares autorizados pelo poder público para e laborar estudos de viabilidade
e dos vencedores das licitaçõe s decorrentes dos estudos elaborados
Tabela completa: O número de projetos publicados iniciados por PMI e o vencedor da licitação

Estado Número de Data da Licitados Setor Contrato Autorizado(s) a Vencedor da licitação Mesmo
PMIs publicação assinado elaborar estudos particular?
publicados do
instrumento
convocatório

2007 3 3

Distrito 2007 Conjunto Infraestrutura março de Jardins Mangueiral


Federal Habitacional predial 2009 100 (?) Empreendimentos (?)
Mangueiral (habitação) Imobiliários (SPE)

Pernambuco 09/08/2007 Sistema de Saneamento Estudos Consórcio Grande


esgotamento básico disponibilizado Recife:
sanitário da (esgotamento) no sítio da ...
3. Foz do Brasil (do
Região foram elaborados
grupo Odebrecht)
Metropolitana pela KPMG
4. Líder Marc101
do Recife ou do Structured
Não (?)
Município de Finance S.A. (não
Goiana há clareza quanto
à forma de
contratação ou
autorização via
PMI).

100
Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/hotsites/ppp/conteudo/projetos/arquivos_down/projetos_quadros.pdf.
101
Disponível em: http://www.segov.pe.gov.br/?q=node/302.
Pernambuco 2007 Centro Segurança Reintegra Brasil S.A.102
Integrado de pública
1.Advance Construções
Ressocialização
e Participações
de Itaquitinga
2.Yumatã
Empreendimentos e
Servições de
Manutenção Ltda (líder
(?) do consórcio) (?)
(DAG Construtora está
assumindo o contrato
após negociação com o
Consórcio Reintegra
Brasil, inicialmente
responsável pela
obra) 103

2008 7 3
Consórcio: Consórcio Arena Não.
Ceará 2008 Estádio Plácido Estádio/Arena
1.Carioca Castelão Operadora de
Aderaldo
Christiani- Estádio S/A:
Castelo
Nielsen 1.Galvão Engenharia
(Castelão)
Engenharia S.A.; S.A.
2.Somague 2.Serveng Civilsan
Engenharia S.A. S.A.

102
Informação d isponível no sítio elet rônico da Secretaria do Governo de Pernambuco. Disponível em: http://www.segov.pe.gov.br/?q=ppp-centro-integrado-de-
ressocializacao-de-itaquitinga. Acesso em: 15 nov. 2013. Termo de ho mo logação e adjudicação disponível em
http://200.238.107.80/c/document_library/get_file?uuid=86c3d3a0-207c-4fca-aa87-84c58e65fd34&g roupId=26804. Acesso em: 15 nov. 2013.
103
Disponível no sítio eletrônico da Secretaria do Governo de Pernambuco, http://www.segov.pe.gov.br/?q=node/351.
do Brasil; e 3. BWA Tecnologia
3.Fujita Ltda.105
Engenharia
Ltda.104
Minas 12/02/2008 Unidade de Prestação de 2010
Gerais Atendimento Serviço ao Minas Cidadão
Integrado Cidadão (?) Centrais de (?)
(UAI)106 Atendimento S.A. 107
(SPE)
Arena Pernambuco
Pernambuco 2008 Arena Multiuso Estádio/Arena 15/06/2010
Negócios e
da Copa 2014 (?) 108 (?)
Investimentos (SPE)109
de Recife

2009 8 3

104
CEA RÁ. Decreto nº 29.635, de 30 de janeiro de 2009. Autoriza a realização de projetos complementares e estudos técnicos, econômicos e financeiros necessários à
análise da viabilidade e estruturação de projeto de parceria público- privada, para a reforma e adequação do estádio castelão, com vistas à Copa do Mundo FIFA 2014. Diário
Oficial do Ceará, Fo rtaleza, 6 de fevereiro de 2009. Disponível em: http://www.seplag.ce.gov.br/images/stories/Planejamento/Parcerias-Publico-
Privadas/Decreto%2029635%2009%20Autoriza%20Estudos%20Castelao.pdf. Acesso em: 15 nov. 2013.
105
Informação d isponível em: http://www.copatransparente.gov.br/acoes/estadio-castelao-obra-integral-ppp.
106
Concessão admin istrative para a implantação, operação, gerenciamento e manutenção das Unidades de Atendimento Integrado (UAI), em municípios de Minas Gerais
107
Contrato de concessão administrativa, cujo objeto é implantaçãoo, gestão, oneração e manutenção de Unidades de Atendimento Integrado (UAI), localizadas nos
municípios de Bet im, Governador Valares, Ju iz de Fora, Montes Claros, Uberlândia e Varg inha, pelo prazo de 20 anos, disponível em http://www.ppp.mg.gov.br/projetos-
ppp/projetos-celebrados/pmi-uai/arquivos-para-download/Contrato%20PPP%20UAI.pdf. O Programa UAI fo i seguido pelo UAI 2. Recentemente, houve licitação e o
consórcio apresentou melhor proposta e a Comissão de Licitação analisa, no mo mento, a documentação de habilitação. Ata da sessão da concorrência, de 8 de novembro de
2013, d isponível em http://www.co mpras.mg.gov.br/images/stories/arquivoslicitacoes/seplag/Concorrencia_PPP_UAI/ata-sessao-abertura-habilitacao.pdf.
108
Em pesquisa no Diário Oficial do Estado de Pernambuco eletrônico (“DOE-e”) pelo termo “arena mult iuso” não se obteve resultado quanto a termos de autorização
conferidos pelo Poder Executivo, nem em notícias e no sítio do Programa de Parcerias Público Privadas da Secretaria de Governo do Estado de Pernambuco. Não foi
encontrado no DOE-e nem mes mo a publicação do PMI de 2008, elencada na pesquisa utilizada disponível no PPP Brasil.
109
TRIBUNA L DE CONTAS DA UNIÃO. Relatório de Fiscalização das Obras da Copa 2014. Órgão fiscalizador: Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco. Disponível
em: http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2129892.PDF. Acesso em: 10 nov. 2013.
Alagoas 23/012009 Sistema Adutor Saneamento Companhia de Águas
do Agreste básico 110 do Brasil – CAB
(?) (?)
(abastecimento Ambiental 111
de água)
Contrato
Bahia 2009 Arena Fonte Estádio/Arena Estudos Fonte Nova
assinado em
Nova disponibilizado Participações S.A.
21 de janeiro
no sítio da ... (SPE)
de 2010.
foram elaborados
Previsão de
pela KPMG
início da
Structured
operação em Não (?)
Finance S.A. (não
2013 112
há clareza quanto
à forma de
contratação ou
autorização via
PMI).113

Minas 2009 Complexo do Estádio/Arena O contrato do Ernst & Young Minas Arena Gestão de
Não (?)
Gerais Mineirão [foi projeto de PPP Assessoria Instalação Esportiva

110
Informação não d isponibilizada pelo sítio eletrônico da Secretaria do Estado do Planejamento e Desenvolvimento Econômico. Há menção apenas à “empresa” que
elaborou estudos via PMI. Apenas documentos da licitação estão disponíveis em http://www.seplande.al.gov.br/planejamento-e-orcamento/planejamento-1/ppp.
Cu mpre notar também que o aviso de procedimento de interesse nº 1/2009, publicado no dia 23 de janeiro 2009 não estabeleceu qualquer prazo para apresentação de
propostas. Apenas informou do PMI sem qualquer previsão procedimental. A LA GOAS. Aviso de Procedimento de Interesse nº 1/09. Diário Oficial do Estado de Alagoas,
Maceió, 23 de janeiro de 2009. Disponível em http://www.doeal.co m.br/. Acesso em: 20 out. 2013.
111
Disponível em: http://casal.al.gov.br/licitacao/resultado-do-julgamento-das-propostas-tecnicas-concorrencia-012011-ppp-casal/.
112
Disponível em: http://www.planejamento.gov.br/hotsites/ppp/conteudo/projetos/arquivos_down/projetos_quadros.pdf.
113
Estudos disponibilizados em http://www.sefaz.ba.gov.br/administracao/ppp/Anexo_16_ Estudo_de_Viabilidade_nova_fonte_nova.pdf.
PMI Mineirão foi Empresarial Ltda S.A. (SPE)
mesmo? 114 ] assinado em
21 de
dezembro de
2010

2010 3 0

2011 26115 8
Transporte de 1.Invepar
Bahia 25/03/2011 Mobilidade Companhia de
passageiros Investimentos
Salvador- Participações em
(estudo Não.
Lauro de Concessões (CPC),
selecionado pelo
Freitas controlada pelo Grupo
GTE) 116

114
No sít io eletrônico da Unidade de PPP de Minas Gerais, não há disponibilidade de informações acerca do PMI. As in formaçõ es disponibilizadas dizem respeito apenas às
características do projeto e à licitação e assinatura do contrato. Disponível em: http://www.esportes.mg.gov.br/comunicacao/noticias/setembro/646-estudos-para-
modernizacao-do-co mplexo-mineirao-mineirinho-ficam-prontos-em-marco.
115
“O Relatório sobre projetos de PPP em fase de estruturação via PMI” apresenta 25 PMIs que chegaram à fase de licitação. O relatório de 2013, resonsável por atualizar os
dados, adiciona um pro jeto a essa listagem, totalizando o valor de 26 projetos estruturados via PMI que chegaram à licitação. Insta notar porém, que, em alguns caso,
conforme se ext rai da tabela, a licitação não foi concluída. Ver PEREIRA, Bruno (coord.). Op. cit. p. 2.
116
Foram entregues estudos das seguintes empresas: “Consórcio Setps e Odebrecht Trans port – 78 km de corredores exclusivos para o BRT, 173 estações e terminais, 58
viadutos, 14 pontilhões e 13 tuneis, além de ciclovias e calçadas. Interligará o aeroporto de Salvador ao metrô e ao sistema ferroviário suburbano; Consórcio Camargo
Correia e Andrade Gutierres – 23 km de metrô de superfície ligando o município de Lauro de Freitas à estação acesso norte do metrô, passando pelo Aeroporto de
Salvador, canteiro central da Paralela e Iguatemi; Prado Valadares – sistema modal tipo BRT, podendo evoluir até 2030 para metrô. Conta com 41 km de vias aéreas,
composta por pista exclusiva de ônibus, passarela e ciclovias; Queiroz Gal vão – sistema de monotrilho, em elevado, interligando os municípios de Salvador e Lauro de
Freitas, preservando o canteiro central da Paralela.
Metropasse – sistema BRT, superfície de Lauro de Freitas à estação da Calçada, integrando o metrô e os trens do subúrbio ferroviário; ATP Engenharia – metrô de
superfície de Lauro de Freitas ao Acesso Norte, em Salvador; e Invepar Investi mentos – proposta composta por um metrô de superfície, interligando os municíp ios de Lauro
de Freitas e Salvador.” Informação disponível em:
http://www.portal2014.org.br/noticias/7136/ GOVERNO+DA+BAHIA+RECEBE+PROPOSTAS+PA RA+MOBILIDADE+URBANA.ht ml. Acesso em: 13 nov. 2013.
2. Consórcio CCR117
Setps e Odebrecht
Transport
3. Consórcio
Camargo Correia
e Andrade
Gutierres
4. Prado
Valadares
5. Queiroz
Galvão
6. Metropasse
7. ATP
Engenharia
Consórcio:
Ceará Vapt Vupt118 Consórcio Ceará
1.Construtora
Cidadão:
Marquise S/A
2.Shopping do 1.Shopping do Cidadão Sim.
Cidadão Serviços 2.Marquise S/A 119
e Informática
Ltda
Ceará 01/01/2011 Centro de Infraestrutura Grupo de
Eventos - predial (centro Empresas: (?) (?)
eficiência de
1.Normatel

117
Informação d isponível em http://www.co municacao.ba.gov.br/noticias/2013/ 09/05/secretarios-se-reunem-co m-emp resa-vencedora-da-licitacao-do-metro/print_view.
118
O ed ital de concorrência pública está disponível em http://licita.seplag.ce.gov.br/pub/164804/ EDITA LCPN%2020110001%20VA PT%20VUPT%20Ret ificado.pdf.
119
Informação disponível em http://www.ceara.gov.br/index.php/sala-de-imprensa/noticias/8633-governo-do-estado-conclui-licitacao-para-construcao-de-cinco-unidades-
vapt-vupt. Acesso em: 12 nov. 2013.
Ed ital de Concorrência Pública disponível em http://licita.seplag.ce.gov.br/pub/164804/EDITALCPN%2020110001%20VAPT%20VUPT%20Retificado.pdf.
Informação confirmada em conversa telefônica realizada co m a assessora de imprensa da Secretaria de Justiça, dia 14 de novembro de 2013.
energética convenções) Engenharia Ltda.;
2.Renewpower
Sistema de
Energia Ltda.;
3.Assist
Consultores
Ltda.; e
4.Azevedo Sett
120
Advogados.

Distrito Centro de Companhia Licitação suspensa pelo


Federal Gestão Paulista de Judiciário em
---
Integrada121 Desenvolvimento 15/10/2013. 122
(CPD)

120
Anteriormente, foi publicado o aviso de PM I nº 01/2011/SEINFRA, o qual convocava particulares para elaboração de estudos de viabilidade técnica, econômica e
financeira de u m pro jeto de desenvolvimento e gestão em reg ime de parceria público privado – PPP do sistema de cogeração de energia, tendo o gás natural como energético,
para o centro eventos. o estado do Ceará (Diário Oficial do Estado, disponível em http://imagens.seplag.ce.gov.br/PDF/20110404/do20110404p02.pdf). Foi, então, concedida
autorização à Benco Energ ia. 120 Essa autorização foi, porém, cassada em 28 de fevereiro de 2011. Anteriormente à cassação já havia sido republicado outro PMI com o
mes mo objeto, no dia 8 de outubro de 2010 (disponível em: http://www.seplag.ce.gov.br/images/stories/Planejamento/Parcerias-Publico-
Privadas/1%20Aviso_Manifestacao_Interesse_CogeracaoCEC.pdf).
121
O Distrito Federal republicou o edital da Concorrência nº 01/2013, cujo ob jeto é a "outorga de Parceria Público-Privada, na modalidade de concessão admin istrativa, para
implantação, desenvolvimento, operação, manutenção, gestão e admin istração da infraestrutura do Centro de Gestão Integrado (CGI)". A primeira versão do edital havia sido
publicada em fevereiro de 2013, mas a licitação havia sido suspensa no mês de abril. Disponível em: http://www.pppbrasil.com.br/portal/content/distrito-federal-republica-
edital-de-ppp-para-implantação-de-centro-de-gestão-integrada.
122
“Uma liminar concedida pela 7ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal suspendeu a sessão de abertura das propostas referentes ao edital da concorrência cujo objeto
é a "outorga de Parceria Público-Privada, na modalidade de concessão administrativa, para imp lantação, desenvolvimento, operação, manutenção, gestão e administração da
infraestrutura do Centro de Gestão Integrado (CGI)".” Disponível em: http://www.pppbrasil.co m.br/portal/content/judiciário -suspende-licitação-da-ppp-do-distrito-federal-
para-imp lantação-de-centro-de-gestã .
Espírito 15/12/2011 Ampliação da Socicam Consórcio:
Santo rede Faça Administração,
1.Socicam
Fácil 123 Projetos e
Administração,
Representações
124 Projetos e
Ltda
Representações Ltda;
2.TB Serviços,
Transportes, Limpeza,
Gerenciamento e
Recursos Humanos
S/A; Sim.
3. 3P Brasil -
Consultoria e Projetos
de Estruturação de
Parcerias Público-
Privadas e
Participações Ltda
4.Empresa Tejofran de
Saneamento e Serviços
Ltda.125
1.Ideen
São Paulo Indústria EMS S.A127 Não.
Farmacêutica

123
ESPÍRITO SANTO. Aviso de Procedimento de Manifestação de Interesse - PMI SEGER nº 01/2011. Diário Oficial do Estado do Espírito Santo, Vitória, 15 dez 2011.
Disponível em: http://dl.dropboxusercontent.com/u/18438258/Aviso%20PMI%20-%20DIO%20%2015-12-11.pdf. Acesso em: 14 nov. 2013.
124
Informação fornecida em conversa telefônica co m serventuária da Secretaria do Estado de Gestão e Recursos Hu manos (SEGER), do Estado do Espírito Santo. O Estado
publicou o aviso de PMI no dia 19 de dez de 2011. Após essa data, não foi encontrada publicação relative à autorização concedida ao part icular para elaboração dos estudos
no Diário Oficial do Estado do Espírito Santo.
125
Informação d isponível em: http://www.pppbrasil.co m.br/portal/content/ppp-para-amp liação-de-rede-de-serviços-ao-cidadão-do-esp%C3%ADrito-santo-conta-com-
apenas-um-lici.
Farmacêutica Ltda;
(Fundação para
2.Germed
o Remédio
Farmacêutica
Popular Chopin
Ltda
Tavares de
Lima -
FURP)126
1.Construtora
São Paulo Linha 6- Consórcio Move São
Queiroz Galvão
Laranja do Paulo:
S.A. (35,65% do
Metrô
total utilizado, 1.Odebrecht Transport
cabendo um Participações S.A.,
ressarcimento de 2.Construtora Queiroz
R$ 1.837.193,00) Galvão
2.Galvão 3.UTC
Engenharia S/A e 4.Fundo Eco Realty 128 Sim.
Somague
Engenharia S/A
(20,29% do total
utilizado, cabendo
um ressarcimento
de R$
1.045.601,00)

3.Odebrecht

127
Disponível em http://www.planejamento.sp.gov.br/noti_anexo/files/2013-10-21%20Quadro%20Chamamento%20Público.pdf.
126
Trâmite detalhado disponibilizado pelo Governo de São Paulo em http://www.planejamento.sp.gov.br/noti_anexo/files/2013-10-
21%20Quadro%20Chamamento%20Público.pdf.
128
Informação d isponível em http://www.stm.sp.gov.br/index.php/noticia-sc-2/4237-consorcio-move-sao-paulo-vence-licitacao-da-ppp-da-linha-6-de-met ro.
Transport
Participações S/A
(44,05% do total
utilizado, cabendo
um ressarcimento
de R$
2.270.005,00)
Paraná Unidades de Shopping do Licitação suspensa.130
Atendimento Cidadão Serviços
---
ao cidadão – e Informática
129
Tudo Aqui Ltda

2012 39 1

Rio de Maracanã IMX Venues Consórcio Maracanã


Janeiro S.A.:
1. Odebrecht
Participações e
Investimentos
S.A. (empresa
Sim.
líder e
representante do
consórcio) –
90%;
2. IMX Venues e
Arena S.A. – 5%.
3. AEG

129
Informação d isponível em: http://www.pppbrasil.com.br/portal/content/paraná-publica-licitação-de-ppp-para-prestação-de-serviços-de-atendimento-ao-cidadão.
130
Informação fornecida por Edotério, em conversa telefônica co m a Secretaria de Planejamento do Paraná, no dia 13 de novembro de 2013.
Administração de
Estádios do
Brasil Ltda. –
5%.

2013 15 0

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