Este documento é uma sentença judicial sobre uma ação de desapropriação indireta movida por um proprietário de terra contra o Município de Niterói. A sentença rejeita as preliminares do réu, mas julga improcedente os pedidos do autor. A propriedade do autor está localizada em uma área de proteção ambiental e mata atlântica, portanto as limitações à propriedade existem desde a Constituição de 1988 e não cabe indenização.
Este documento é uma sentença judicial sobre uma ação de desapropriação indireta movida por um proprietário de terra contra o Município de Niterói. A sentença rejeita as preliminares do réu, mas julga improcedente os pedidos do autor. A propriedade do autor está localizada em uma área de proteção ambiental e mata atlântica, portanto as limitações à propriedade existem desde a Constituição de 1988 e não cabe indenização.
Este documento é uma sentença judicial sobre uma ação de desapropriação indireta movida por um proprietário de terra contra o Município de Niterói. A sentença rejeita as preliminares do réu, mas julga improcedente os pedidos do autor. A propriedade do autor está localizada em uma área de proteção ambiental e mata atlântica, portanto as limitações à propriedade existem desde a Constituição de 1988 e não cabe indenização.
Este documento é uma sentença judicial sobre uma ação de desapropriação indireta movida por um proprietário de terra contra o Município de Niterói. A sentença rejeita as preliminares do réu, mas julga improcedente os pedidos do autor. A propriedade do autor está localizada em uma área de proteção ambiental e mata atlântica, portanto as limitações à propriedade existem desde a Constituição de 1988 e não cabe indenização.
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,. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
COMARCA DENITE R_ÓI - N ON A VARA_C_iV_F. I . Processo n°. 0049177-05.2012.8.19.0002
SENTENÇA
Cuida-se de Ação de Desapropriação Indireta c/c
Indenização movida pelo FRANCISCO XAVIER DA CRUZ NUNES em face do • MUNICÍPIO DE NITERÓI. Narra que possui desde 1988 um lote de terreno de n° 001, da quadra 299, com frente para a Rua 145, inscrito sob o n° 071.770-2, no lote denominado "Bairro Piratininga".Informa que a propriedade está situada na área da Praia do Sossego, considerada área de vegetação original de restinga da cidade, e no ano de 2002, a Lei Municipal 1.968/02, instituiu essa área como Monumento Natural, limitando os seus direitos inerentes à propriedade. Salienta que com a ação dá municipalidade, não pôde construir edificações, ou ao menos vender a outra pessoa. Requer a procedência dos pedidos, para condenar o réu ao pagamento de indenização a titulo de desapropriação indireta, no mínimo valor de R$ 77.747,41, além dos honorários advocatícios.
Instruem a inicial os documentos de fls. 10/103.
Contestação do réu às fls. 110/128. Preliminarmente, pugna
por sua ilegitimidade passiva, alegando ser a União responsável pelo local, na forma • do Código Florestal. Afirma que o local está inserido em encosta, e as suas proteções vêm desde o momento da aquisição da propriedade. No mérito, alega a prejudicial de prescrição, bem como informa que apenas criou uma limitação administrativa, sem interferir na posse do autor, sem pretender tomar-lhe a propriedade Requer o acolhimento da preliminar, e subsidiariamente a improcedência dos pedidos, com a condenação do autor nos ônus de sucumbência. O réu juntou a peça de bloqueio os documentos de fls. 129/136.
Réplica às fls. 138/150.
Manifestação do MP às fls. 1521153 afirmando não existir
interesse no presente feito. PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO COMARCA DE NITERÓI -NONA VARA CÍ_VSi. Processo W. 0049177-05.20 12.8.19.0002 Decisão de fls. 154 determinando a produção de prova pericial.
Laudo as fls. 194/204.
É O RELATÓRIO.
DECIDO.
Impõe-se o julgamento antecipado do processo, fazendo-o na
forma do artigo 355, inciso 1, do CPC.
No tocante a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelo
Município, conheço-a para rejeitá-la. O objeto da lide diz respeito à Lei Municipal de n° 1.968/02, a qual limitou o Autor a exercer os seus direitos inerentes à propriedade, não havendo de se falar em sua ilegitimidade passiva por ser terra pertencente à União, posto que a referida legislação foi a causadora da pretensão autoral.
Em relação a preliminar de prescrição, igualmente conheço-a
para rejeitá-la. A prescrição aplicada no caso não é a mesma da usucapião extraordinária de 05 (cinco) anos, posto que a presente demanda trata-se de indenização decorrente de desapropriação indireta, ressaltando-se que a Lei Municipal de n° 1.968/02, foi publicada em 2002. Nesse sentido, a Súmula n° 119 do STJ: "A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos".
• No mérito, não assiste razão à parte autora.
Cuida-se a área em questão de uma Reserva Florestal, logo,
de domínio público e protegido por lei.
A Constituição Federal, de 1988, em seu artigo 225, § 4 0 ,
declarou a Mata Atlântica e a Zona Costeira como Património Nacional.
O Código Florestal Brasileiro foi instituído pela Lei Federal
n° 4.775, de 15/09/1965, estabelecendo-se no artigo 2° que ficam declaradas pelo só efeito da lei as Áreas de Preservação Permanente, as áreas de restinga.
Tendo em vista a aquisição da propriedade pelo autor ter se
consumado em 30/09/1988, ou seja, na vigência da Constituição Federal de 1967, já à época deveria ter respeitado a legislação ambiental. 2 ' PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO _ _ ARCADE NITER ÓI - NONA VARA_CIVRI, CO_M Processo n°. 0049177-05.2012.8.19.0002 Ademais, a Lei Federal de n° 7.666/79, recepcionada pela Constituição Federal de 1988, em seu art. 3% parágrafo único, inciso IV, não admite o parcelamento do solo para fins urbanos em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação.
A propriedade do Autor, na Praia do Sossego, no bairro de
Piratininga, está inserida na Mata Atlântica e também na Zona Costeira.
A Lei Orgânica de Niterói instituiu Praia do Sossego como
Área de Proteção Ambiental — APA, em seu art. 323, inciso III.
• Pelo Decreto Federal n° 99.574/90, ficou proibido o corte e
respectiva exploração da vegetação nativa da Mata Atlântica.
Outrossim, a Lei Federal de n° 6.902/1981, em seu artigo 9%
permite o Poder Executivo local estabelecer normas para limitar ou proibir ações que possam causar dano às APAs, in verbis:
"Art. 9° Em cada Área de Proteção Ambiental, dentro dos
princípios constitucionais que regem o exercicio do direito de propriedade, o Poder Executivo estabelecerá normas, limitando ou proibindo: a) a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de água; b) a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das condições ecológicas locais; c) o exercicio de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão das terras e%u um acentuado assoreamento das coleções hídricas; d) o exercicio de atividades que ameacem extinguir na área protegida as espécies raras da biota regional".
Dessa forma, a Lei Municipal de n° 458/83, em seus artigos
2° e o parágrafo único do art. 3°, por força da referida legislação federal, assegurou as limitações e/ou proibições na APA do bairro de Piratininga, sendo revogada pelo Plano Diretor de Niterói, em 1992, aumentando os limites das áreas de proteção ambiental, transformando-se em "APA das Lagunas e Florestas de Niterói", não deixando de incluir a Praia do Sossego como tal. 3 i 5C> L 1.
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
nMARCA nF NITF~ - NONA VAU A rsvr r Processo W. 0049177-05.2012.8.19.0002 Destarte, todos os imóveis que estão localizados na Praia do Sossego, incluído pelo Governo Federal como Reserva da Biosfera (Ia Mata Atlântica e erigida à categoria de Patrimônio Nacional, desde a publicação da Constituição Federal (1988) sofrem a limitação de uso, gozo, desmatamento e exploração, proibidas edificações ou parcelamento do solo, posto que toda a floresta é considerada de preservação permanente.
Bem verdade que o Poder Público ao tomar essa iniciativa
que visa manter o microclima e a biodiversidade da Mata Atlântica, deve sempre indenizar o titular do direito, cuja propriedade foi abrangida pela limitação de se pretende fazer loteamento, plantações, edificações ou empreendimentos em geral. Cuida-se este de tema pacífico em nossos tribunais.
Contudo, de acordo com a análise do histórico das regras
legais e acima expostas, e compreendendo os aspectos ambientais que envolvem a Praia do Sossego como área de Preservação Ambiental integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, um Patrimônio Nacional, restou que o impedimento de agressão da fauna e da floresta, do ponto de vista legal, advém desde a Constituição Federal de 1988, e não apenas depois da Lei Municipal de n° 1.968/02, inexistindo, portanto, o dever estatal de indenizar.
Isto posto, julgo improcedente o pedido inicial, e condeno o
autor no pagamento de custas, despesas do processo e honorários de 5% sobre o valor da causa. Se entender o autor que fora a União a primeira responsável pela limitação administrativa, poderá contra este ente público tentar a reparação do dano causado.