Ensino Inclusivo Ou Ensino Insersivo

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Brazilian Journal of Development 8043

ISSN: 2525-8761

Ensino inclusivo ou ensino insersivo? – um relato de experiência com


o ensino remoto e o paradigma inclusão x inserção

Inclusive teaching or insersive teaching? - an experience report with


remote education and the inclusion x insertion paradigm

DOI:10.34117/bjdv7n1-546

Recebimento dos originais: 10/12/2020


Aceitação para publicação: 20/01/2021

Italo Rômulo Costa da Silva


Especialista - Mestrando - UFPI
Secretaria Municipal de Educação de Teresina – SEMEC / Professor
Rua 15 Nº 680, Parque Aliança. Timon/MA
CEP 65634-310
E-mail: [email protected]

Elayne Cristina Rocha Dias


Mestrado em Educação e Docência UFMG
Instituição: Secretaria Municipal de Educação de Teresina SEMEC Professora
Endereço: Rua 02 número 5935 Loteamento Paulo Carneiro Bairro Gurupi
E-mail: [email protected]

Angelita Gomes Fontenele Rodrigues da Cunha


Mestrado em Letras - UFT
Instituição: Escola Municipal Hermelinda de Castro/ Professora
Endereço: Rua Tomaz de Area Leão, 1807, Inninga, Teresina-PI
CEP 64.049-630
E-mail: [email protected]

Maria Rosilene de Sena


Especialista- Mestrando- UEMA
Instituição: Secretaria de Municipal de Educação de Teresina- SEMEC - Professor
Endereço: Conjunto Dirceu Arcoverde I quadra 113 casa 02 bairro Itararé Teresina-
Piauí
Cep. 64077-342
E-mail: [email protected]

Rosélia Neres de Sena Marques


Especialista-UFPI
Instituição: Secretaria de Estadual de Educação -SUDUC/ Professor
Endereço: Rua- Doutor Martinelli cavalca número 828 Bairro Matadouro
Cep. 64005-230
E-mail: [email protected]

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.1, p.8043-8053 jan. 2021


Brazilian Journal of Development 8044
ISSN: 2525-8761

RESUMO
A inclusão escolar é um tema muito discutido entre os profissionais da educação e pela
sociedade em geral. A constituição de 88 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação –
LDBB asseguram a todos o direito de um ensino inclusivos no qual seja respeitada as
individualidades dos sujeitos, porém essas garantias legais ainda não são suficientes
para que se tenha um ensino de caráter inclusivo. O presente artigo traz o relato de uma
experiência docente, em que o contexto do ensino remoto (imposto pela pandemia do
novo coronavírus) desnuda uma realidade do ensino presencial. Como acontece o
trabalho pedagógico com as crianças com necessidades especiais na sala de aula? Será
que as mesmas estão efetivamente incluídas ou apenas inseridas? Esse relato esta
fundamentado nos pressupostos teóricos de Matias (2000), Mazola (2008), Nector
(2013) dentre outros autores. A metodologia consta de uma revisão literária sobre a
temática abordada seguida da análise das experiências de conflitos entre inserção e
inclusão nas práticas pedagógicas remotas de alguns professores. Ao final desse
trabalho acredita-se ter despertado entre a classe docente uma reflexão de reconstruir
seus conceitos de inclusão escolar e ensino inclusivo.

Palavras-chave: Exclusão, Inserção, Inclusão.

ABSTRACT
School inclusion is a widely discussed topic among education professionals and society
in general. The constitution of 88 and the Law of Directives and Bases of Education -
LDBB guarantee everyone the right to an inclusive education in which the individualities
of the subjects are respected, however these legal guarantees are still not enough to have
an inclusive education . This article presents an account of a teaching experience, in which
the context of remote education (imposed by the new coronavirus pandemic) reveals a
reality of face-to-face education. How does pedagogical work happen with children with
special needs in the classroom? Are they actually included or just inserted? This report is
based on the theoretical assumptions of Matias (2000), Mazola (2008), Nector (2013)
among other authors. The methodology consists of a literary review on the subject
addressed followed by the analysis of the experiences of conflicts between insertion and
inclusion in the remote pedagogical practices of some teachers. At the end of this work,
it is believed to have aroused among the teaching class a reflection on reconstructing their
concepts of school inclusion and inclusive teaching.

Keywords: Exclusion, Insertion, Inclusion.

1 INTRODUÇÃO
Falar em inclusão escolar é perceber a educação como um direito de todos como
bem estabelece a constituição de 88 e a própria Lei das Diretrizes e Bases da Educação.
Porém o que se observa nas salas de aula é na verdade uma inserção travestida de inclusão.
Os muitos anos no trabalho docente evidenciam, em nossa percepção, que o que
muitos chamam de inclusão, na verdade é uma simples inserção, ou seja, o aluno com
necessidades especiais é inserido na sala regular (porque a lei lhe assegura esse
direito) no entanto não lhe é dado a condição de interagir com os demais alunos.
A experiência com aulas remotas na escola em que trabalhamos deixa isso bem

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claro: tarefas iguais para todos os alunos, sendo que na turma existem alunos com
deficiências intelectuais sem a menor condição de realizar tais atividades e, a professora
no entanto não pensou em uma adaptação para esses alunos.
A observação de situações como essa justificam esse artigo, que tem por objetivo
suscitar entre a classe docente uma reflexão acerca dos conceitos de inserção e inclusão
escolares, possibilitando ao mesmos uma renovação em suas práticas pedagógicas no
sentido de contribuir para um ensino efetivamente inclusivo.
A metodologia aqui empregada consta de uma revisão literária sobre a questão em
discussão e uma análise de situações vivenciadas na escola que colocaram em questão os
conceitos de inclusão e inserção escolar a partir das aulas remotas. As experiências são
apresentadas e analisadas à luz dos teóricos tendo como consequência uma ampla reflexão
dos conceitos de inserção e inclusão escolar

2 BASES LEGAIS DA INCLUSÃO ESCOLAR NO BRASIL


Carta magna do nosso país, a Constituição Federal, promulgada em 05 de outubro
de 1988, traz consigo a marca da igualdade entre todos os brasileiros independentemente
de cor, raça, sexo, religião e condição social.
Esse documento prever o respeito ao diferente e à diversidade, tendo como um
dos fundamentos a garantia do direito à cultura e a inclusão, como bem atesta o artigo
215 desse documento.

O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso


às fontes da cultura nacional e apoiará e incentivará a valorização. &1. O
Estado protegerá as manifestações culturais populares, indígenas e afro-
brasileiras e dos outros grupos participantes do processo civilizado.

A Constituição de 88 também garante o acesso à Educação para todos colocando


essa garantia como dever do Estado:

O dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: I.


Ensino Fundamental obrigatório e gratuito inclusive para quem antes não
tiveram acesso na idade própria; II progressiva obrigatoriedade e gratuidade ao
ensino médio; III atendimento educacional especializado aos alunos com
deficiência, especialmente na rede regular de ensino; IV atendimento ao
educando, no ensino fundamental.

Assim, de acordo com a Constituição, tem-se um grande avanço no que se refere


à garantia de um Ensino público e gratuito a todos de forma indistinta mesmo para aqueles
que possuem necessidades Educacionais Especiais.

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Segundo Mazzota(2005), a legislação coloca de maneira clara a obrigatoriedade


das escolas em receber todos os alunos que procuram por matricula sem discriminação de
qualquer ordem. Isso sem dúvida, é uma grande conquista, porém tão importante e
necessário quanto a garantia de acesso, é a garantia da permanência.
É necessário que, ao chegar nas escolas regulares, os alunos com necessidades
especiais encontrem um ambiente acolhedor e com estrutura física adequada às suas
limitações, bem como professores capacitados para o trabalho com esses alunos através
do desenvolvimento de práticas pedagógicas que possibilitem a esses alunos uma
participação efetiva e uma boa interação com os demais alunos.
Vale lembrar também que, o desafio de inclusão dos alunos com necessidades
especiais na escola regular não constitui um desafio individual do professor mas, do
professor, dos funcionário, da coordenação, gestão e de toda comunidade escolar.
A Lei de Diretriz e Base da Educação-LDB, nº 9394, respaldada na Constituição
de 88, defende e regulamenta o Sistema de Educação Brasileiro orientando a Educação
Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio) e o Ensino Superior,
além das modalidades Educação Especial e Educação de Jovens e Adultos-EJA.

3 INCLUSÃO ESCOLAR – BREVES CONSIDERAÇÕES


A educação inclusiva, De acordo com Rodrigues (2007) é uma modalidade de
ensino na qual o processo educativo deve ser considerado como um processo social em
que todas as pessoas, com deficiência ou não, têm o direito à escolarização.
É uma educação voltada para a formação completa e livre de preconceitos que
reconhece as diferenças e dá a elas seu devido valor. Para que ela aconteça, é fundament
7 que o direito de todos a educação seja respeitado.
EDLER (2000) defende que a transformação de todas as escolas em escola
inclusiva é um grande desafio que teremos que enfrentar. A redefinição do papel das
escolas especiais como responsáveis pelo oferecimento de atendimento educacional
especializado e das escolas comuns como o local onde os alunos através dos
conhecimentos possam questionar a realidade e, coletivamente viver experiências que
reforcem o sentimento de pertencimento é condição para que a inclusão aconteça.
Nesse contexto, o redimensionamento no enfoque da formação dos professores é
imprescindível, e o objetivo não deve ser o de adquirir conhecimentos, mas, sim, de
desenvolver a capacidade de adquirir conhecimentos. Tanto quanto os seus alunos, os
professores também têm que sentir-se incluídos. Nos projetos de formação duas
realidades precisam ser consideradas: a pessoa do professor e a equipe (professor/escola).
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É preciso que os problemas de aprendizagem dêem lugar ao estudo e reflexão dos


problemas do ensino, assim como em vez de preocuparmos sobre como devemos ensinar,
precisamos estudar como os nossos alunos aprendem.
Atividades tão comuns como ditar e escrever, falar e ouvir devem ser totalmente
eliminadas pelos professores que nos seus espaços de formação precisam refletir suas
práticas e criar alternativas que reconheçam que educar é muito mais do que preparar os
alunos para fazer exames, decorar a tabuada ou reproduzir formulas e conceitos que não
entendem.
Com base em Victor (2013) a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas
comuns na rede regular de ensino coloca novos e grandes desafios para o sistema
educacional. Talvez nos últimos tempos esse seja um dos temas que mais provoca
professores das escolas comuns, pais e comunidade a realizar discussões tão acaloradas a
respeito de modificações que devem ser realizadas na escola que nem mesmo as três leis
de diretrizes e bases conseguiram.
Entender a diferença não como algo fixo e incapacitante na pessoa, mas
reconhecê-la como própria da condição humana ainda é muito distante e complexo para
a maioria dos professores que trabalha com o conceito de que todos os alunos são iguais
e que as turmas são homogêneas.
A diferença que se materializa não somente pela deficiência, mas também pelas
diferenças de raça, sexo, religião, existe em todos nós, em todas as salas de aula, tendo
alunos com deficiências ou não.
O relatório para a Unesco feito pela Comissão Internacional sobre a Educação
para o Século XXI apresenta quatro pilares sobre os quais a educação deve se firmar:
• aprender a conhecer;
• aprender a fazer;
• aprender a conviver;
• e aprender a ser.
Firmar a educação inclusiva em todos esses pilares é garantir que a aprendizagem
de crianças e jovens com deficiência aconteça por meio das várias possibilidades de
desenvolvimento que podemos encontrar na escola.

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4 O PARADIGMA INCLUSÃO X INSERÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE UM


ENSINO EFETIVAMENTE INCLUSIVO
Falar em construção de um Ensino inclusivo sem antes esclarecer a diferença
entre inclusão e inserção constitui algo sem sentido, visto que a efetivação de uma
Educação inclusiva passa antes de tudo, pela desmistificação do paradigma inclusão X
inserção que se estabeleceu entre os profissionais da educação em sua maioria.
A Constituição de 88 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação asseguram o
direito ao acesso à escola regular para todos, inclusive para aqueles que possuem
necessidades educacionais especiais, isso sem dúvida representa um grande avanço no
que se refere a construção de uma escola inclusiva, porém, como bem coloca Mantoan
(2006), abrir as portas da escola regular para as pessoas com deficiência não faz dessa
escola uma escola inclusiva.
Quando se assegura o acesso a escola regular às pessoas com necessidades
especiais é garantida apenas a inserção ou seja, o direito de estar ali. A inserção apenas
acaba por excluir o aluno com deficiência, pois o deixa segregado em um cantinho da
sala.
Para que o aluno com necessidades educacionais especiais seja inserido e incluído
no contexto escolar, é necessário que a escola seja inclusiva, no sentido de assumir uma
postura de inclusão e mesmo promover uma cultura de inclusão pra dentro e para fora
do9s muros da escola.
Não se constrói uma escola inclusiva apenas com adaptações de rampas,
alargamento de portas, adaptações de banheiros... Ainda de acordo com Mantoan (2006),
o aluno com necessidades especiais precisa encontrar na escola, além das adaptações
físicas, um ambiente acolhedor que lhe permita, além de uma simples ampliação da
mobilidade, encontrar possibilidades de desenvolver-se participando de maneira ativa do
processo de aprender e interagindo com seus pares.
Qualquer experiência de inclusão escolar fora dessa compreensão constitui, não
em inclusão, mas em uma simples inserção escolar.

5 RESULTADO E DISCURSSÃO
A constituição brasileira de 88 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB
Nº 9394/96 representaram um grande avanço no que se refere à educação como um direito

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de todos, ou seja, esses documentos legais asseguram a todos o acesso às escolas regulares
independente das diferenças e necessidades especiais que o aluno venha a ter.
Muitas são as defesas em torno da educação para todos e de uma escola inclusiva,
porém um questionamento é pertinente: Até que ponto o que denominamos de escola
inclusiva, ou ensino inclusivo é verdadeiramente um ensino inclusivo?
Será que garantir o acesso à escola para todos, consequentemente é garantir a
inclusão para todos? Montoan (2006) nos responde essa questão ao defender que inserir
não se confunde com incluir. Inserir é permitir o acesso ao passo que, incluir e criar as
condições de permanência.
Pela experiência vivenciada por esse grupo de pesquisadores em uma escola
pública municipal que atende aluno do Ensino Fundamental menor (1º ao 5º ano) e em
cujas turmas existem alunos com diversas necessidades especiais (autismo, deficiência
intelectual e paralisia cerebral) antes da pandemia, foi possível verificar o
desenvolvimento de atividades com alunos do Atendimento Educacional Especializado –
AEE e, nesse período de pandemia do coronavírus, as aulas aplicadas por meio remota,
nos revelou uma realidade da modalidade presencial que no fundo todos sabíamos,
porém ninguém se atrevia a questionar, “quando não se mexe na ferida ela parece que
está sarada”.
A ferida que nos referimos aqui é a inclusão escolar. Na modalidade presencial
os alunos com necessidades especiais estavam na sala regular, porém sem interagir com
os demais, pois não tem um currículo e um planejamento adaptados para as suas
necessidades, e muitas vezes, até existe um planejamento adaptado, mas o mesmo é
apenas uma exigência da coordenação e não se reflete na prática diária.
O professor da sala regular, bem como colocou Mazzota (2008), não se sente
responsável pelo trabalho com o aluno com necessidades especiais para ele, essa
responsabilidade é do professor de AEE.
Por muitas vezes direcionando a fala ao professor do AEE com as seguintes falas:
“Você pode ficar com esse menino aqui pra eu poder dar minha aula? ” ou “Como é que
eu posso dar aula assim?”.
Na realidade, o aluno com necessidades especiais está inserido na sala regular e
não incluído, as aulas remotas mostraram-se um retrato do que acontece na sala de aula,
ou seja, as aulas e as atividades são planejadas pensando apenas nas crianças “ditas

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normais” como se as crianças com necessidades especiais não precisassem assistir a essas
aulas e muito menos realizar as tarefas propostas.
Vejamos algumas das situações observadas na escola.

A professora x em uma aula remota propõe a seguinte atividade para turma:

Figura 01: Atividade de Geografia – 3º ano Fundamental

Fonte: Coletado via plataforma digital de ensino (2020).

A professora x tem um aluno com autismo, no nível pré- silábico. Será que a
mesma ao planejar sua aula e elaborar essa tarefa levou em consideração a necessidade
de incluir esse aluno? Com certeza não, pois essa atividade, sem uma adaptação, não é
possível ao aluno em questão realiza-la.
Diante disso as mães questionam, como meu filho irá fazer as atividades “será que
a tia não sabe das dificuldades do menino? ”.
Aquelas mães inconscientemente estão cobrando das professoras e da escola um
ensino inclusivo onde os seus filhos tivessem assegurado não só o direito de pertencer
aquela turma, mas de interagir, de participar como todos os outros.

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A professora y inicia sua aula remota com essa proposta de atividade.

Figura 02: Atividade de Português– 4º ano Fundamental

Fonte: Coletado via plataforma digital de ensino (2020).

Em sua turma a professora y tem um aluno com autismo e outro com paralisia
cerebral. Da mesma forma que na atividade proposta pela professora x é nítida a
desconsideração das limitações desses alunos e a ausência de um planejamento adaptado,
onde são respeitadas as diferenças e individualidades dos alunos.
Essas duas situações não foram situações pontuais, muito pelo contrário,
aconteceu em quase todas as turmas em que há alunos com alguma deficiência.
Após essas observações, a professora do AEE procurou junto aos professores
trabalhar a adaptação das aulas e das atividades, o fato surpreendente é a concepção dos
docentes de que cabe somente a professora do AEE o trabalho com esses alunos.
Aqui vale um questionamento: os alunos com necessidades especais são alunos
da sala regular ou não? Se é a professora de AEE que deve trabalhar com esses alunos,
consequentemente eles não fariam parte da sala regular.
Essa concepção por parte dos docentes é preocupante e confirma a situação de
simples inserção dessas crianças na sala regular, visto que as professoras não se sentem
responsáveis pelo trabalho com as mesmas.

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Diante dessa realidade, propomos aqui, como sugere Rodrigues (2007), um


repensar das práticas docentes e uma reconstrução de conceitos no que se refere à inclusão
escolar.
É preciso que, mais do que se fale em inclusão, se pense e trabalhe inclusivamente,
de forma que o aluno com deficiência não seja inserido na sala regular, mas efetivamente
incluído com plenas condições para permanecer na escola e se desenvolver interagindo
com os demais.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no estudo teórico acerca do paradigma inclusão x inserção no contexto
escolar, bem como nos fatos observados nas aulas remotas dos professores de uma escola
pública municipal, foi possível inferi que a construção de uma escola inclusiva no Brasil
começa a ser discutida a partir da Constituição Federal de 1988 e se intensifica com a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação de 96.
Nesse percurso houve grandes avanços, porém muito ainda se tem a percorrer. A
questão da inclusão escolar ainda se concentra no campo do discurso, da teoria, muito se
discute e pouco se realiza, o que temos de concreto é uma escola regular com práticas de
inserção transvestida de escola inclusiva, isso ficou patente nas aulas remotas citadas
aqui.
Na perspectiva da mera inserção a preocupação é apenas em garantir aos alunos
com necessidades especiais o acesso à escola regular, entretanto o acesso à escola regular
por si só não assegura a inclusão dessas pessoas ao contexto escolar.
Uma escola inclusiva exige bem mais que um prédio adaptado, exige acima de
tudo um corpo docente que pense de forma inclusiva, que em seus planejamentos
considere a existência do aluno com necessidades especiais e adapte metodologia e
atividades para possibilitar a esse aluno interação com seus pares e consequentemente,
lhe seja garantida a condição de crescimento e de desenvolvimento, só assim estaremos
caminhando rumo à construção de uma escola e de um ensino efetivamente inclusivos.

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REFERÊNCIAS

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fixa diretrizes e bases da educação nacional”. Diário do congresso Nacional, Suplemento
80, 14/05/1993.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Inclusão: Revista da


Educação Especial. V.4, nº 01. Janeiro/junho 2008. Edição Especial. Brasília:
MEC/SEESP.

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Mediação 2000.

GONZÁLEZ, J. A..t. Educação e diversidade: bases didáticas e organizativas. Porto


Alegre: Artmed, 2002.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: pontos e contrapontos, Rosangela


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