2021 Rafael MarquesDeLima TCC

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Universidade de Brasília - UnB

Faculdade UnB Gama - FGA


Engenharia de Energia

Sistema de Gestão de Comissionamento de


Instalações Fotovoltaicas: levantamento de
requisitos e caracterização de ensaios

Autor: Rafael Marques de Lima


Orientador: Prof. Dr. Alex Reis

Brasília, DF
2021
Rafael Marques de Lima

Sistema de Gestão de Comissionamento de Instalações


Fotovoltaicas: levantamento de requisitos e
caracterização de ensaios

Monografia submetida ao curso de graduação


em Engenharia de Energia. da Universidade
de Brasília, como requisito parcial para ob-
tenção do Título de Bacharel em Engenharia
de Energia.

Universidade de Brasília - UnB


Faculdade UnB Gama - FGA

Orientador: Prof. Dr. Alex Reis

Brasília, DF
2021
Rafael Marques de Lima
Sistema de Gestão de Comissionamento de Instalações Fotovoltaicas: levan-
tamento de requisitos e caracterização de ensaios/ Rafael Marques de Lima. –
Brasília, DF, 2021-
56 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Alex Reis

Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade de Brasília - UnB


Faculdade UnB Gama - FGA , 2021.
1. Comissionamento, Energia Fotovoltaica. 2. Instalações elétricas. I. Prof. Dr.
Alex Reis. II. Universidade de Brasília. III. Faculdade UnB Gama. IV. Sistema
de Gestão de Comissionamento de Instalações Fotovoltaicas: levantamento de
requisitos e caracterização de ensaios

CDU 02:141:005.6
Rafael Marques de Lima

Sistema de Gestão de Comissionamento de Instalações


Fotovoltaicas: levantamento de requisitos e
caracterização de ensaios

Monografia submetida ao curso de graduação


em Engenharia de Energia. da Universidade
de Brasília, como requisito parcial para ob-
tenção do Título de Bacharel em Engenharia
de Energia.

Trabalho aprovado. Brasília, DF, 18 de Maio de 2021:

Prof. Dr. Alex Reis


Orientador

Prof. PhD Rudi Van Hels


Convidado 1

Eng. José Carlos Pereira Tormim


Convidado 2

Brasília, DF
2021
.
Este trabalho é dedicado ao meu avô Antônio, Pedreiro trabalhador e grande
incentivador, que verá o neto se tornar Engenheiro
Agradecimentos

Primeiramente agradeço à Deus por todas as graças concebidas ao longo desta


caminhada e a Nossa Senhora por interceder em todos os momentos.
Aos meus pais, Waldeny e Wagner, por todo amor, educação e serem exemplos de
força e determinação em minha vida. Aos meus irmãos Guilherme e Marina por toda a
motivação.
A minha noiva e futura esposa Mariana, que me acompanha desde antes do início
da graduação e foi minha força em todos os momentos ao longo desta jornada.
Aos meus amigos Thiago, Kilmer, Pedro, Gabriela e Francisco por compartilharem
do mesmo momento acadêmico, motivando uns aos outros.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Alex Reis por toda a dedicação e atenção no desen-
volvimento do trabalho. A orientação foi primordial para o resultado final.
A Empresa Júnior Matriz Engenharia de Energia, a qual pude trabalhar em di-
versos projetos, ocupar diferentes cargos de liderança e vencer desafios.
A todos os Colaboradores, Diretores e Engenheiros da Empresa MTEC Energia
que confiaram no meu trabalho e criaram um ambiente de puro aprendizado profissional
e pessoal, sendo um grande divisor de águas em minha carreira.
.
Resumo
A busca por fontes renováveis para a geração de energia é comumente praticada em
diversos países, tendo em vista a diversificação das matrizes energéticas e o atendimento
à demanda das cargas. Nos últimos anos, destaca-se o forte crescimento na integração de
sistemas solares fotovoltaicos às redes elétricas, nas modalidades de geração distribuída ou
centralizada. Em ambas as situações, é incontestável que as atividades de comissionamento
sejam realizadas de forma a minimizar erros de montagem de instalações e garantir a
execução do projeto conforme a especificações técnicas. Nesse contexto, vale destacar que
o termo ”comissionamento” se refere a um conjunto de verificações e ensaios experimentais
realizados, de forma ordenada, antes da entrada de operação de um equipamento. Quando
executado conforme as normas técnicas e diretivas de fabricantes, garante-se um início
de operação de um empreendimento com menores riscos. Tomando-se como referência o
cenário aqui apresentado, este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo realizar um
estudo acerca dos procedimentos de comissionamento aplicados a sistemas fotovoltaicos e
definir os requisitos para o desenvolvimento de um sistema de software para automatizar
a elaboração do relatório do comissionamento. Após a análise da norma NBR ABNT
16274:2014, é apresentado um estudo de caso referente à execução de procedimentos em
uma planta fotovoltaica de 6 MWp. Os resultados deste estudo de caso demonstram a
necessidade de se realizar ensaios adicionais em relação àqueles apresentados na norma
vigente, bem como levar em consideração recomendações de boas práticas. Tais dados
subsidiaram o levantamento dos principais requisitos e fluxo de ações que devem ser
levados em consideração para o desenvolvimento de um sistema automatizado.

Palavras-chaves: Comissionamento. Energia Solar. Energia Fotovoltaica. Instalações


Elétricas. ABNT 16274
Abstract
The search for renewable sources for energy generation is a common practice in several
countries, in view of diversify the energy matrices and meeting the demand of load. In
the last years, the strong growth in the integration of solar photovoltaic systems to the
grid, in the distributed or centralized generation modalities, stands out. In both cases, it
is necessary that the commissioning activities are performed to minimize the mistakes of
installation’s montage and ensure the project execution is according to technical specifi-
cations. In this context, it is important to highlight that the term “commissioning”, refers
to a set of verifications and tests, performed in an orderly manner, before the start-up.
When executed in accordance with the technical standards and directives of manufac-
turers, a start-up of a project with lower risks is guaranteed. Taking this scenario as a
reference, this work aims to carry out a study about the commissioning procedures applied
to photovoltaic systems and to define the requirements for the development of a software
system to automate the preparation of the commissioning report. After the analysis of the
NBR ABNT 16274: 2014 standard, a case study regarding the execution of procedures in
power plant of 6 MWp is presented. The results of this case study demonstrate the need
to carry out additional tests in relation to those presented in the current standard, as
well as taking into account recommendations for good practices. Such data supported the
survey of the main requirements and flow of actions that must be taken into account for
the development of the automated system.

Key-words: Commisioning. solar energy. SPP. electrical installations. ABNT 16274


Lista de ilustrações

Figura 1 – Evolução da fonte solar fotovoltaica no Brasil(ABSOLAR, 2021) . . . . 13


Figura 2 – Efeito fotovoltaico(VILLALVA; GAZOLI, 2012) . . . . . . . . . . . . . 16
Figura 3 – Componentes de um módulo fotovoltaico.(VILLALVA; GAZOLI, 2012) 17
Figura 4 – Esquema de funcionamento Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede.(ROMA,
2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Figura 5 – Ensaios Categoria 1, 2 e adicionais segundo NBR 16274.(GUIMARAES
et al., 2018) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 6 – Exemplo de sistema de aterramento e equipotencialização de um sis-
tema fotovoltaico. A equipotencilização suplementar pode ser (a) co-
nectada à principal ou (b) ligada à malha de aterramento principal.
(ALMEIDA, 2012) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 7 – Exemplos de desvios de curvas I-V (GUIMARAES et al., 2018) . . . . 27
Figura 8 – Câmera termográfica - FLIR modelo E6 . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 9 – Imagem da inspeção da parte de trás do módulo: FLIR modelo E6 . . . 29
Figura 10 – Drone DJI Mavic II Pro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 11 – Inspeção Termográfica Aérea: Drone DJI Mavic II Pro . . . . . . . . . 29
Figura 12 – Algumas anomalias que podem ser identificadas na inspeção termográ-
fica (CANAL SOLAR, 2020) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 13 – USF em estudo - 6.030,0 kWp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 14 – Diagrama Unifilar Simplificado da USF . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 15 – Procedimento ensaio Tendência à terra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 16 – Tabela retirada do relatório - dados do cabo e ensaio . . . . . . . . . . 41
Figura 17 – Tela Aplicativo do Inversor 1.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 18 – Termografia da Saída CC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 19 – Termografia da Saída CA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 20 – Termografia do módulo do Inversor 1.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 21 – Termografia do módulo do Inversor 3.6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 22 – Curva IxV Fornecida pela fabricante Canadian . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 23 – Curva IxV - Inversor 1.5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 24 – Fluxo de telas aplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 25 – Fluxo de telas aplicativo - Comissionamento a Frio. . . . . . . . . . . . 52
Figura 26 – Fluxo de telas aplicativo - Comissionamento a Quente. . . . . . . . . . 53
Figura 27 – Resumo de recomendações Comissionamento . . . . . . . . . . . . . . . 54
Lista de tabelas

Tabela 1 – Valores Mínimos de resistência de isolamento - NBR 5410. . . . . . . . 26


Tabela 2 – Ensaios comissionamento a frio no Inversor 1.1. . . . . . . . . . . . . . 38
Tabela 3 – Aspectos de verificação no Inversor 1.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Tabela 4 – Aspectos do Aterramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Tabela 5 – Aspectos de Verificação Cabos CA baixa tensão . . . . . . . . . . . . . 41
Tabela 6 – Ensaio de Resistência de Isolamento Cabos CA . . . . . . . . . . . . . 41
Tabela 7 – Aspectos de Verificação Comissionamento a Quente - Inversor 1.1 . . . 42
Tabela 8 – Ensaio elétrico saída CA - Inversor 1.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Tabela 9 – Ensaios entrada CC - Inversor 1.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Tabela 10 – Requisitos para criação do aplicativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Lista de abreviaturas e siglas

SFCR Sistemas Fotovoltaicos conectados à Rede

NBR Norma brasileira

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

SFV Sistemas Fotovoltaicos

CC Corrente Contínua

CA Corrente Alternada

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

USF Usina Solar Fotovoltaica

QGBT Quadro Geral de Baixa Tensão

IEC Comissão Internacional de Eletrotécnica

kW Quilowatt

m Metro

kWh Quilowatt hora

V Volt

A Ampere
Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1.1 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2 Organização do Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16


2.1 Módulo Fotovoltaico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 Inversor Solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 Normas aplicadas à Sistemas Fotovoltaicos . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.4 Comissionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4.1 Inspeção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4.2 Ensaios de Comissionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4.2.1 Ensaios dos Circuitos CA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4.2.2 Ensaios Categoria 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.4.2.3 Ensaios Categoria 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.4.2.4 Ensaios Adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1 Estudo de Caso : Usina Solar Fotovoltaica de 6.030,00 kWp . . . . . 31
3.1.1 Descrição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2 Plano de Comissionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.2.1 Comissionamento a frio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2.2 Comissionamento a quente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2.3 Curva IxV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2.4 Termografia dos módulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.3 Levantamento de Requisitos da proposta de Aplicativo . . . . . . . . 35

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.1 Comissionamento a Frio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2 Comissionamento a quente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.3 Termografia dos Módulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.4 Curva IxV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.5 Proposta de desenvolvimento de aplicativo . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.5.1 Requisitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.5.2 Fluxograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
13

1 Introdução

Nos últimos anos, constata-se uma forte expansão na potência instalada de sistema
de geração solar fotovoltaica. No Brasil, o principal incentivador do crescimento desses
sistemas foram as ações regulatórias implementadas pela ANEEL (Agência Nacional de
Energia Elétrica), notadamente a resolução 482/2012, a qual definiu o sistema de com-
pensação de energia para micro e minigerações conectadas às redes de distribuição. Nesse
sentido, os sistemas enquadrados na categoria de ”Geração Distribuída” atingiram, em
2018, uma produção de energia de 828 GWh, uma potência instalada de 670 MW, as quais
são provenientes de diversas fontes. O grande destaque foi a energia fotovoltaica, que do
total obteve 526 GWh e 562 MW de geração e potência instalada, respectivamente.(EPE,
2019)
Nesse contexto, e de acordo com a figura 1, vale destacar que no ano da publicação
da resolução normativa 482/2012 o Brasil possuía cerca de 7 MW de potência instalada
em sistemas fotovoltaicos. É nítida a evolução na potência instalada ao longo dos anos,
em 2021 já ultrapassou 4.900 MW na categoria Geração Distribuída. (ABSOLAR, 2021)

Figura 1 – Evolução da fonte solar fotovoltaica no Brasil(ABSOLAR, 2021)

Com o avanço da geração fotovoltaica, é necessário que se assegure qualidade e


segurança das instalações elétricas. Essa deve ser uma preocupação constante no processo
de expansão e implantação de novos projetos. (ALMEIDA, 2012) Com isso, a Associação
Capítulo 1. Introdução 14

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem trabalhado para a criação e revisão de normas
técnicas pertinentes às instalações elétricas de sistemas de geração fotovoltaica. Dentre os
diversos documentos produzidos por esta entidade, destaca-se a ABNT NBR 16274:2014,
na qual estabelece as informações e a documentação mínima que devem ser reunidas após
a instalação de um Sistema Fotovoltaico Conectado à rede (SFCR). Tal norma técnica
descreve, ainda, os ensaios de comissionamento e os critérios de inspeção necessários para
avaliar a segurança da instalação e garantir a entrada em operação de uma planta. Pode
ser também utilizada para verificações e avaliações do desempenho do sistema.(ABNT,
2014)
Nesse contexto, vale destacar que o termo ”comissionamento” se refere a um con-
junto de verificações e ensaios experimentais realizados, de forma ordenada, antes da
entrada de operação de um dado equipamento. Quando os resultados do comissionamento
atendem as condições mínimas estabelecidas em documentos normativos, garante-se um
início de operação de um empreendimento com menores riscos à saúde, segurança de pes-
soas e ao meio ambiente e integridade dos equipamentos. Tomando como referência o
cenário apresentado, este trabalho de conclusão de curso tem como um de seus objetivos
realizar um estudo acerca de metodologias e procedimentos de comissionamento aplicados
a sistemas fotovoltaicos. Utilizando como parâmetro, os requisitos e procedimentos esta-
belecidos na norma NBR ABNT 16274:2014, e apresentando um estudo de caso referente
à execução de procedimentos em uma planta fotovoltaica com potência instalada de 6
MWp.
Baseado nas informações anteriores, este Trabalho de Conclusão de Curso avança
no sentido de definir requisitos para a elaboração de um sistema de software para auto-
matizar a elaboração de relatórios de comissionamento, em conformidade com a ABNT
16274:2014. Tal ferramenta objetiva a redução de tempo na elaboração deste documento.

1.1 Objetivo Geral


Este trabalho tem por objetivo a realização de estudos acerca de metodologias,
procedimentos e testes voltados para o comissionamento de sistemas fotovoltaicos conec-
tados à rede, bem como definir os requisitos para o desenvolvimento de um sistema de
gerenciamento do comissionamento.

1.1.1 Objetivos Específicos

• Estudar e sintetizar as características básicas da NBR ABNT 16274:2014, no que


tange os ensaios de comissionamento;

• Avaliar os procedimento de comissionamento aplicáveis em um sistema fotovoltaico;


Capítulo 1. Introdução 15

• Identificar uma rotina de ensaios adicionais para comissionamento de sistema foto-


voltaicos;

• Apresentar, por meio de um estudo de caso, a aplicação da norma ABNT 16274;

• Propor estruturação básica e uso de uma aplicação de software que otimize o geren-
ciamento do comissionamento de sistemas fotovoltaicos.

1.2 Organização do Trabalho


Este trabalho possui a organização apresentada na sequência:

• O capítulo 2 consiste na fundamentação teórica, com destaque para os principais


conceitos de sistemas fotovoltaicos e a apresentação das características básicas da
norma ABNT NBR 16274:2014.

• O capítulo 3 apresenta a metodologia para a realização de testes de comissionamento.


Este capítulo apresenta as bases para a realização de um conjunto de ensaios em uma
usina de 6 MWp. E mostra os itens levados em consideração para o levantamento
dos requisitos e fluxo de funcionamento do aplicativo.

• O capítulo 4 foram apresentados os resultados dos ensaios da Usina Solar Fotovol-


taica (USF) e feita uma discussão e interpretação com uma abordagem comparativa
com a Norma vigente. Baseado no estudos das técnicas de comissionamento, foram
apresentados os requisitos e fluxogramas de tela para o funcionamento do aplicativo.
16

2 Fundamentação Teórica

A energia do sol pode ser utilizada para gerar eletricidade a partir do efeito foto-
voltaico, o qual é a conversão direta da radiação solar em eletricidade. A corrente elétrica
gerada é processada e controlada por dispositivos conversores e controladores, permitindo
o armazenamento em baterias ou utilização conectada à rede elétrica. (VILLALVA; GA-
ZOLI, 2012)
Este capítulo apresenta uma fundamentação teórica sobre sistemas fotovoltaicos,
considerando-se a composição deste sistema e os ensaios destinados a comissionamento
das instalações.

2.1 Módulo Fotovoltaico


O principio básico de funcionamento dos sistemas de energia solar fotovoltaica
está baseado no efeito fotovoltaico, o qual se caracteriza na transformação da radiação
eletromagnética do sol em energia elétrica por meio da diferença de potencial criada sob
materiais semicondutores sobrepostos. Se a célula com os materiais semicondutores possuir
dois eletrodos e um caminho, será capaz de gerar tensão e corrente elétrica. A figura 2
ilustra como ocorre o efeito.(VILLALVA; GAZOLI, 2012)

Figura 2 – Efeito fotovoltaico(VILLALVA; GAZOLI, 2012)

Os módulos são constituídos por células fotovoltaicas, sendo que, no mercado,


pode-se encontrar 3 tipos de módulos fotovoltaicos: os monocristalinos, policristalinos e
de filme fino. A principal diferença entre eles é a tecnologia e método de fabricação da
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 17

célula. Com isso, apresentam valores de eficiência de conversão diferentes. O monocrista-


lino apresenta maiores valores de eficiência, o policristalino é intermediário e de filme fino
o menor.(VILLALVA; GAZOLI, 2012)
A figura 3 mostra os principais componentes construtivos de um módulo fotovol-
taico.

Figura 3 – Componentes de um módulo fotovoltaico.(VILLALVA; GAZOLI, 2012)

2.2 Inversor Solar


O inversor é o dispositivo responsável pela conversão da corrente contínua gerada
nos módulos fotovoltaicos em corrente alternada, a qual nessa condição pode ser injetada
na rede e utilizada no consumo.(ALMEIDA, 2012)
O equipamento possui alta eficiência e conta com tecnologia de rastreamento do
ponto de máxima potência (MPPT- Maximum Power Point Tracking, em inglês), ou seja,
independente da condição de radiação solar ou temperatura o inversor irá operar com alta
performance.
Quando se trata se inversores conectados à rede o principal mecanismo de proteção
solicitados pela concessionária de energia e pelas normas brasileiras é a tecnologia do Anti
ilhamento. Define se como ilhamento a condição na qual parte da área do sistema elétrico
permanece energizada por meio de fontes de geração distribuída. A não desconexão do
inversor pode causar energização da rede de distribuição em uma eventual manutenção,
colocando em risco a vida dos profissionais. (SILVA, 2016)
A figura 4 mostra o princípio de funcionamento de sistemas fotovoltaicos conecta-
dos à rede.
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 18

Figura 4 – Esquema de funcionamento Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede.(ROMA,


2018)

2.3 Normas aplicadas à Sistemas Fotovoltaicos


Nesta seção serão listadas e contextualizadas as normas aplicadas a sistemas foto-
voltaicos citadas no trabalho:

• ABNT NBR 16274:2014: requisitos mínimos para documentação, ensaios de co-


missionamento, inspeção e avaliação de desempenho de sistemas fotovoltaicos co-
nectados à rede elétrica;

• ABNT NBR 16149:2013: Características da interface de conexão com a rede


elétrica de distribuição;

• ABNT NBR 16690:2019: Instalações elétricas de arranjos fotovoltaicos – Requi-


sitos de projeto;

• ABNT NBR 5410:2008: Instalações elétricas de baixa tensão;

• ABNT NBR 5419:2015: Proteção contra descargas atmosféricas.

• IEC 60364:2005: Instalações elétricas de baixa tensão, serviu como base para o
desenvolvimento da NBR 5410;

• IEC 60364-7-712:2017: Traz requisitos para os sistemas de energia solar fotovol-


taica, serviu como base para o desenvolvimentos das normas pertinentes a sistemas
fotovoltaicos no Brasil;
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 19

2.4 Comissionamento
O comissionamento é um conjunto de verificações e ensaios experimentais realiza-
dos, de forma ordenada, antes da entrada de operação de um dado equipamento. Quando
os resultados do comissionamento atendem as condições mínimas estabelecidas em docu-
mentos normativos, garante-se um início de operação de um empreendimento com menores
riscos à saúde e segurança de pessoas e ao meio ambiente. É um marco importante na
execução de um projeto pois, com a realização do mesmo, o responsável técnico garante o
pleno funcionamento do sistema e transfere a responsabilidade de operação ao proprietário
ou operador do sistema.(PINHO; GALDINO, 2014). É desejável que as rotinas de comis-
sionamento sejam realizadas por profissionais e equipes qualificadas, com a utilização de
instrumentos regularmente calibrados. Ao final o instalador ou profissional contratado
devem fornecer um relatório com os procedimentos e medições realizadas.(ABNT, 2014)
A ABNT NBR 16274 apresenta os requisitos mínimos para documentação, ensaios
de comissionamento, inspeção e avaliação de desempenho de sistemas fotovoltaicos conec-
tados à rede elétrica. Suas prescrições se aplicam a avaliação de instalações em corrente
contínua e corrente alternada, em baixa tensão, de um sistema fotovoltaico.
A ABNT 16274 possui três focos principais:

• requisitos de documentação, em que se detalha as informações mínimas que devem


ser apresentadas após a instalação do Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede(SFCR);

• verificação e comissionamento, em que se indica as inspeções e ensaios de comissio-


namento que devem ser realizados antes da energização do sistema;

• avaliação de desempenho, com o objetivo de analisar o comportamento dos principais


componentes do sistema para estimar parâmetros anuais de desempenho e a geração
de Energia. Esse quesito é aplicado na Operação e Manutenção na Usina.

No que tange as atividades de verificação e comissionamento, descreve-se, na


sequência, os conjuntos de atividades que devem ser realizadas para a energização de
um sistema fotovoltaico.

2.4.1 Inspeção
A inspeção é uma etapa de verificação que deve ocorrer antes da energização e en-
saios de comissionamento. Seu objetivo é garantir que o sistema esteja montado conforme
as normas internacionais IEC 60364, referente à instalações elétricas de baixa tensão, e IEC
60364-7-712, requisitos para instalações de sistemas de energia solar fotovoltaica.(ABNT,
2014)
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 20

Essa etapa é dividida em:

1. Inspeção do Sistema CC;

2. Proteção contra sobretensão/choque elétrico;

3. Inspeção do Sistema CA;

4. Etiquetagem e identificação;

5. Instalação Mecânica

Na inspeção do sistema CC, deve-se, inicialmente, verificar se os componentes são


próprios para aplicação em corrente contínua e a sua respectiva corrente/tensão máxima
de operação. Tais informações são checadas no projeto executivo do sistema. Além do mais,
deve-se garantir a existência de proteção por isolamento classe II e avaliar se os elementos
foram posicionados de forma correta. É necessário inspecionar a passagem dos cabos, a
utilização de conexões/conectores de forma a identificar se as condições de instalação
minimizam o risco de faltas à terra e a curto circuitos. Os cabos utilizados devem ter
resistência à influência externa, como vento, formação de gelo, a temperatura e a radiação.
Por fim, a instalação deve conter chave seccionadora no lado CC.
As atividades destinadas a averiguar as condições de proteção contra sobretensão
e choque elétrico objetivam a análise dos condutores de aterramento e equipotencialização
próximos aos cabos dos arranjos FV. Avalia se tais condutores possuem a seção indicada
no projeto e se os módulos fotovoltaicos e estruturas de sustentação estão devidamente
aterrados, conforme as orientações do fabricante e projetista. A área dos laços na fiação
devem ser tão pequenas quanto possível, com o intuito de minimizar tensões induzidas.
As rotinas para inspeção do sistema CA, os seguintes pontos são avaliados: posici-
onamento e acessibilidade do dispositivo de seccionamento do lado CA; se os dispositivos
de isolamento e seccionamento foram instalados de forma que o sistema FV esteja co-
nectado no lado da carga e a rede elétrica do lado da fonte; identificação dos parâmetros
operacionais do inversor e se os mesmos estão de acordo com a regulamentações locais
e/ou norma ABNT NBR 16149, referente às características de interface de conexão de
sistemas FV com a rede elétrica de distribuição.
Os trabalhos destinados à etiquetagem visam a identificação de todos os circuitos
e componentes, com posicionamento de placas de aviso de em caixas de junção CC, ponto
de conexão CA etc, e indicação de elementos que permanecem energizados após o seccio-
namento do inversor. O diagrama unifilar deve estar disponível no local de instalação do
sistema, com indicação de procedimentos de desligamento de emergência. Deve-se garan-
tir que as etiquetas e placas sejam duráveis às intempéries e possuam fixação resistente à
ação de chuvas, ventos e outras condições naturais.
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 21

Na instalação mecânica, verifica-se a existência de ventilação adequada nos ar-


ranjos fotovoltaicos, de forma a evitar o risco de superaquecimento e incêndio. Deve-se
verificar a fixação de módulos fotovoltaicos e eletrodutos.

2.4.2 Ensaios de Comissionamento


Nesta seção, serão apresentados os testes operacionais a serem realizados no sis-
tema fotovoltaico, com base na norma NBR 16274. Os procedimentos devem ser condu-
zidos por profissional qualificado, logo após a instalação dos materiais e antes de iniciar
a operação do sistema.(ALMEIDA, 2012). Destaca-se os seguintes aspectos:

1. Os equipamentos de medição a serem utilizados devem estar de acordo com os


requisitos da norma e fornecer um grau de desempenho e segurança válidos.(ABNT,
2014) ;

2. Os ensaios devem ser realizados na sequência apresentada na norma. No caso de um


ensaio indicar falha ou não conformidade com os requisitos, os ensaios anteriores
devem ser repetidos. (ABNT, 2014);

3. A norma estabelece duas categorias de ensaio: a Categoria 1 contempla ensaios e


procedimentos que devem ser realizados em todas as instalações, independente da
potência instalada e complexidade; a Categoria 2 é destinada a sistemas de maior
potência e com maior grau de complexidade de instalações. Destaca-se que os ensaios
de categoria 1 devem ter sido realizados e aprovados antes de se iniciar o 2 e, em
alguns casos, ensaios adicionais podem ser realizados a pedido do cliente.(ABNT,
2014);

A figura 5 apresenta os ensaios a serem realizados em cada categoria com base


na norma ABNT NBR 16274. Os procedimentos devem seguir a sequência de realização,
Categoria 1, Categoria 2 e ensaios adicionais.

2.4.2.1 Ensaios dos Circuitos CA

Para verificação das instalações em CA, utiliza-se, como base, o capítulo 7 da


norma ABNT NBR 5410:2008.
De acordo com esta norma, a inspeção visual é realizada no local da instalação
elétrica e objetiva analisar a montagem dos componentes elétricos fixos e das medidas de
proteção adotas no projeto. Durante a inspeção visual, deve-se observar os seguintes itens:

• Conformidade: Verificação da compatibilidade dos equipamentos elétricos com as


indicações na documentação da instalação elétrica, que contém as normas específicas
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 22

Figura 5 – Ensaios Categoria 1, 2 e adicionais segundo NBR 16274.(GUIMARAES et al.,


2018)

para construção. Dessa maneira, os equipamentos devem conter símbolos do órgão


certificador, etiquetas ou declarações de conformidade do fornecedor. Além do mais.

• Integridade física: Análise das condições físicas dos equipamentos elétricos utilizados
na instalação elétrica, de tal maneira que eles não devem estar danificados, faltando
peças ou mal instalados.

• Acessibilidade: Deve-se avaliar se as condições de montagem e localização dos equi-


pamentos elétricos não restringem o acesso dos usuários durante operações ou ma-
nutenções.

• Medidas de proteção: Deve-se verificar se as medidas de proteção contra choques


elétricos e contra efeitos térmicos indicadas no projeto estão instaladas adequada-
mente

• Linhas elétricas: Análise da instalação das linhas elétricas e condutores indicados


na documentação da instalação elétrica. Além do mais, deve-se verificar a separação
dos circuitos;
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 23

Após a realização da inspeção, a instalação elétrica deve ser submetida a um con-


junto de ensaios prescritos pela NBR 5410. Tais ensaios visam complementar a avaliação
de conformidade e, consequentemente, determinar o atendimento aos critérios de saúde e
segurança dos usuários e a proteção do meio ambiente. Existem, basicamente, seis ensaios
que devem ser realizados com as instalações elétricas, conforme descrito a seguir:

• Continuidade dos condutores de proteção e das equipotencializações principal e su-


plementares: Este ensaio visa determinar a continuidade dos condutores utilizados
na proteção dos circuitos da instalação elétrica e deve ser realizado com a instalação
desenergizada;

• Resistência de isolamento da instalação elétrica: Este ensaio objetiva a determinação


da resistência de isolamento existente entre os condutores que compõe a instalação
elétrica;

• Resistência de isolamento das partes da instalação objeto de SELV, PELV ou se-


paração, os quais são sistemas de baixa tensão até 120V em corrente contínua e
50V alternada: Neste ensaio, a resistência de isolamento deve ser medida com os
equipamentos conectados à esse tipo de instalação elétrica.

• Seccionamento automático da alimentação: Este ensaio é destinado a verificar se o


dispositivo de proteção de um circuito da instalação elétrica, no que tange ao tempo
de atuação, proporciona segurança aos usuários quanto à ocorrência de contatos
indiretos;

• Ensaio de tensão aplicada: O ensaio de tensão aplicada é realizado para verificar a


ocorrência de arcos ou disrupções na instalação elétrica. Neste contexto, submete-
se um determinado conjunto de dispositivos da instalação a uma tensão constante
e fixada pela norma pertinente ao conjunto, durante 1 minuto. A não ocorrência
de arcos ou disrupções durante o período do ensaio demonstra a conformidade da
instalação neste ensaio;

• Ensaios de funcionamento: Este ensaio é caracterizado pela verificação do funcio-


namento de cada dispositivo elétrico que é utilizado na instalação elétrica, a fim de
identificar se eles foram corretamente instalados e ajustados.

2.4.2.2 Ensaios Categoria 1

Com base na figura 5, os ensaios enquadrados na Categoria 1 são:

1. O ensaio de equipotencialização garantirá a proteção contra choques nas partes con-


dutoras. Todos os elementos condutores da instalação, com exceção dos condutores
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 24

vivos não aterrados, devem ser igualados ao mesmo potencial elétrico. As massas
metálicas e componentes serão conectados ao sistema de aterramento. Dentre as
massas metálicas estão incluídas no sistema de equipotencialização a estrutura, as
molduras dos módulos FV e a carcaça do inversor. O sistema de equipotencializa-
ção tem como base um barramento principal e condutores de proteção ligados às
partes metálicas ou outros componentes, os quais serão aterrados. O barramento
principal é conectado à malha de aterramento. Nos casos das partes serem distantes
do principal devem ser interconectados ou dividirem a mesma malha conforme a
Figura 6 (ALMEIDA, 2012). Deve ser realizada o ensaio de continuidade em todos
os condutores do sistema de equipotencialização utilizando equipamento de medição
adequado. A continuidade da ligação ao terminal de terra principal também deve
ser verificada. (ABNT, 2014)

Figura 6 – Exemplo de sistema de aterramento e equipotencialização de um sistema foto-


voltaico. A equipotencilização suplementar pode ser (a) conectada à principal
ou (b) ligada à malha de aterramento principal. (ALMEIDA, 2012)

2. O ensaio de Polaridade consiste na verificação da polaridade dos cabos CC com


instrumento de medição adequado. A cor dos cabos e etiquetas de identificação
devem estar conforme a polaridade correta. Para evitar danos no equipamento é
recomendado que este seja o primeiro ensaio a ser realizado antes de fechar chaves e
energizar o sistema. Caso tenha sido encontrada uma inversão de polaridade depois
da realização dos demais testes é importante verificar os diodos de by-pass dos
módulos, pois podem ocorrer danos.(ABNT, 2014)

3. A caixa de junção serve para acomodar as conexões dos circuitos CC por meio dos
dispositivos de proteção, tais como chaves seccionadoras, Proteção Contra Surtos
(DPS) e fusíveis. Também conhecida como String Box. O objetivo do ensaio na caixa
de junção é garantir que as séries fotovoltaicas estão conectadas corretamente e se
seguem a polaridade esperada.

4. O ensaio de curto circuito tem como objetivo verificar se a corrente dos arran-
jos fotovoltaicos estão conforme o projeto. Pode ser medida utilizando um alicate-
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 25

amperímetro em série com o circuito ou instrumento que possua a função de me-


dição. É necessário que no dia do ensaio se tenha boas condições de irradiância.
Os valores medidos devem ser comparados com os valores esperados. Em projetos
com múltiplas séries fotovoltaicas idênticas e com condições estáveis de irradiância
devem possuir diferença de até 5% entre elas.(ABNT, 2014)

5. O ensaio de tensão de circuito aberto consiste na medição da tensão das séries de


módulos fotovoltaicos, a fim de verificar se estes equipamentos estão conectados
corretamente e se a quantidade na série está conforme o projeto. Cada módulo,
individualmente, possui uma tensão de circuito aberto, a qual está indicada no ca-
tálogo do fabricante. Ao conectar vários módulos em série, espera-se o valor medido
seja a tensão de um módulo multiplicado pela quantidade da série. Caso o valor
medido seja menor do que o projetado, constata-se quantidade inferior de módulos
ou alguma outra avaria na interconexão. É importante que a medição seja realizada
em condições estáveis de irradiância. O valor medido não deve ultrapassar a variação
de 5%.

6. No que tange os ensaios funcionais, a norma prevê a realização de dois conjuntos:


o primeiro foca nos dispositivos de seccionamento e outros aparelhos de controle
para garantir que estão em pleno funcionamento e foram montados da forma cor-
reta; a segundo avalia os inversores, conforme procedimentos de ensaio descrito pelo
fabricante.

7. O último ensaio a ser realizado na Categoria 1 é o de resistência de isolamento dos


cabos em CC. É um ensaio importante, pois garantirá o isolamento adequado entre o
ambiente externos e seus subsistemas. Nele, também é possível verificar a integridade
dos condutores, detectando a degradação e falhas de isolamento. A norma indica dois
métodos de ensaio: no primeiro é aplicada uma tensão de teste constante entre os
condutores vivos e o aterramento, com medição do fluxo de corrente. Quanto maior
o valor de resistência medido melhor será o isolamento, sendo que tal medição deve
possuir valores superiores ao indicado na norma, conforme Tabela 1. O segundo
método é a medição entre o terra e o curto circuito entre os condutores positivo e
negativo. A norma em estudo estabelece os valores mínimos aceitos de resistência
de isolamento e a tensão que deve ser aplicada no ensaio conforme Tabela 1 para
que possa ser garantida a segurança do sistema.

Antes de se iniciar o ensaio é recomendado que sejam seguidas as medidas básicas


de segurança como a limitação de pessoas à área de trabalho, não tocar nas superfícies
metálicas, dentre outras. Os circuitos CC estão energizados durante o dia, diferente dos cir-
cuitos CA, o qual é possível ser isolado, ou seja, apresenta risco de choque elétrico.(ABNT,
2014)
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 26

Tensão do Sistema Tensão de Ensaio (V) Resist. mínima de isolamento


<120 V 250 V 0,5MΩ
150 V - 500 V 500 V 1MΩ
>500 V 1000 V 1MΩ
Tabela 1 – Valores Mínimos de resistência de isolamento - NBR 5410.

2.4.2.3 Ensaios Categoria 2

Com base na figura 5, os ensaios de Categoria 2 englobam os ensaios de Curva


I-V das séries FV e a inspeção com câmera infravermelha. Ao longo desta seção serão
apresentados as características e procedimentos destes ensaios.
Um método de identificação de falhas em arranjos fotovoltaicos é através da análise
da curva corrente-tensão(I-V). As informações obtidas a partir desta curva permitem a
caracterização do estado de degradação do módulo, tendo em vista que ela viabiliza a
obtenção dos principais parâmetros elétricos do módulo, a saber: (TRETER; MICHELS,
2018)

• Tensão de circuito aberto(Voc);

• Corrente de curto circuito(Isc);

• Ponto de máxima potência(Pmp);

• Tensão de máxima potência(Vmp);

• Corrente de máxima potência(Imp).

Com o conhecimento desses parâmetros, é possível detectar anomalias de desem-


penho como:

• Células/módulos danificados;

• Diodos de by-pass curto circuitados;

• Sombreamento localizado;

• Descasamento de parâmetros (mismatch) entre módulos;

• Presença de resistência paralela excessiva nas células;

De acordo com a NBR 16274, para serem iniciadas as medições é necessário que
possua uma condição de irradiância de pelo menos 700 W/𝑚2 e realizado em um momento
do dia em que o sol está iluminando diretamente o arranjo fotovoltaico.
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 27

O equipamento deverá ser específico para medição de curva I-V e devidamente


calibrado. Alguns inversores e sistemas de grande porte possuem um sistema de monito-
ramento que é possível gerar as curvas. Quando este ensaio é realizado não é necessário
realizar separadamente ensaios de Voc e Isc da Categoria 1, pois a curva gerada fornece
tais parâmetros. (ABNT, 2014)
Após a conclusão do ensaio os parâmetros devem ser corrigidos para as condições
padrão de ensaio (STC- Standart test conditions) e comparados com os valores nominais
do arranjo fotovoltaico. O valor medido deve estar dentro dos parâmetros indicados.

Figura 7 – Exemplos de desvios de curvas I-V (GUIMARAES et al., 2018)

A figura 7 apresenta os desvios que podem ocorrer enumerados de 1 a 6 e identi-


ficados na sequência:

1. Desvio 1: representa um descasamento de corrente ocasionado pelos diodos by-pass


que passaram a conduzir corrente, devido ao sombreamento no módulo, por exemplo.
Deve ser realizada a limpeza ou aguardar o término do sombreamento para dar
prosseguimento ao ensaio.(GUIMARAES et al., 2018)

2. O desvio 2 pode significar alocação incorreta do sensor de irradiância do equipa-


mento de medição ou sujidade nos módulo, pois a forma da curva está correta,
porém a corrente é reduzida por falta de irradiação. Ao longo do tempo a degrada-
ção dos módulos pode causar essa redução da corrente, deve ser monitorado para
garantir a melhor eficiência do sistema.(GUIMARAES et al., 2018)

3. O desvio 3 pode ter as seguintes causas, diodo by-pass curto circuitado ou invertido;
células curto-circuitadas ou medição incorreta. (GUIMARAES et al., 2018)

4. O desvio 4 representa a degradação natural dos módulos fotovoltaicos. Deve ocorrer


o monitoramento ao longo.(GUIMARAES et al., 2018)
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 28

5. A variação 5 pode representar um aumento da resistência em série com os módulos,


em virtude de cabos subdimensionados; o cabeamento utilizado para a medição ou
conexões com alta resistência de contato. (GUIMARAES et al., 2018)

6. Por fim, o desvio 6 indica variações de irradiância durante a medição. O ensaio


deve ser repetido para anular essa possibilidade. Essa característica de curva pode
causada por uma fina camada de poeira ou do aumento da corrente de fuga nas
junções semicondutoras ou nas bordas das células.(GUIMARAES et al., 2018)

O outro ensaio de Categoria 2 é realizado com câmera infravermelha, popular-


mente conhecido como Termografia. Este ensaio tem como finalidade detectar variações
de temperatura anormais nos módulos em operação. Essas anormalidades podem indicar
células reversamente polarizadas, falhas do diodo de by-pass, falha de conexões com solda
e conexões falhas. Além de um procedimento de comissionamento, este ensaio pode ser
usado periodicamente para o monitoramento da qualidade do SFV.(ABNT, 2014)
No mercado existem vários fabricantes e modelos de câmeras disponíveis, sendo que
a principal diferença entre elas consiste na resolução gráfica e sensibilidade térmica. Para
inspeções pontuais e de quadros elétricos pode ser usado o equipamento convencional,
para uso de forma manual. Contudo, em sistema de larga escala, é indicado a termografia
aérea com a utilização de Drone equipado com a câmera convencional e a termográfica.
As figuras 8 e 9 exemplificam equipamentos e resultados desta categoria de ensaio.

Figura 8 – Câmera termográfica - FLIR modelo E6

A norma recomenda que, para se iniciar o ensaio, o nível de irradiância deve ser
superior a 600 W/𝑚2 e as condições do céu devem estar estáveis para assegurar que
possuirá corrente suficiente para detectar as diferenças de temperaturas. Dependendo do
acesso aos módulos fotovoltaicos, o ensaio pode ser realizado por baixo, tal como mostrado
na figura 9. Quando realizado pela parte de cima o operador deve estar atento para não
lançar sombras sobre o módulo.
As recomendações para análise dos resultados indicam que não se deve levar em
consideração uma temperatura padrão na superfície dos módulos, pois é uma grandeza
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 29

Figura 9 – Imagem da inspeção da parte de trás do módulo: FLIR modelo E6

Figura 10 – Drone DJI Mavic II Pro

Figura 11 – Inspeção Termográfica Aérea: Drone DJI Mavic II Pro

que varia com a velocidade do vento, da irradiância e da temperatura ambiente, com


grande oscilação ao longo do dia. É importante que sejam avaliadas grandes variações
térmicas, cada anomalia deve ser investigada. Para auxiliar na análise, a plotagem da
curva IV do módulo pode ser um aliado na identificação, pois ambos ensaios podem se
complementar. A figura 12 indica possíveis anomalias que podem ser encontradas a partir
da análise termográfica.

2.4.2.4 Ensaios Adicionais

Esta categoria é formada por ensaios a serem realizados a pedido do cliente em


específico ou para investigação de uma falha não identificada nos ensaios da Categoria 1
Capítulo 2. Energia solar Fotovoltaica 30

Figura 12 – Algumas anomalias que podem ser identificadas na inspeção termográfica


(CANAL SOLAR, 2020)

e 2. São eles ensaio de tensão ao solo, ensaio do diodo de bloqueio, ensaio de resistência
de isolamento úmido e avaliação de sombreamento.(ABNT, 2014)
31

3 Metodologia

O estudo de técnicas de comissionamento aplicadas a sistemas fotovoltaicos se


baseia na realização e avaliação de resultados de testes experimentais realizados em um
sistema real. Esta seção descreve aspectos da metodologia empregada para atingir os
objetivos supracitados.

3.1 Estudo de Caso : Usina Solar Fotovoltaica de 6.030,00 kWp


3.1.1 Descrição
A USF possui capacidade instalada de 6.030,0 kWp e está conectada à rede elétrica
de 13,8 kV de uma distribuidora de energia elétrica. O sistema de geração é composto
por 18.000 módulos fotovoltaicos, com potência nominal de 335 Wp, do fabricante Ca-
nadian modelo CS3U-335 e 50 inversores de fabricação HUAWEI de 100 kW modelo
SUN2000-100KTL. A figura 13 apresenta o layout da usina. Por motivos de confidenci-
alidade contratual, não foi autorizada a exposição do nome da USF, localidade, fotos e
outras informações que facilitem a identificação da mesma. Os dados foram fornecidos
pelo instalador da usina.

Figura 13 – USF em estudo - 6.030,0 kWp

Conforme figura 13, identifica-se a existência de 6 subsistemas separados por cer-


cas, dentre elas 4 transformadores de 1.000 kVA e 2 de 500 kVA, totalizando em 5.000
kVA. Cada transformador corresponde a uma medição. O projeto possui uma particu-
laridade na medição da concessionária, pois possui uma cabine com 6 medidores, sendo
Capítulo 3. Metodologia 32

tratada como clientes diferentes no mesmo terreno. Por mais que estejam próximas, para
a concessionária a geração é considerada separadamente.
Os módulos fotovoltaicos estão dispostos em seguidores solares ou trackers fixados
no solo. É uma tecnologia que permite aumentar a geração do sistema devido ao sistema
de seguimento do sol ao longo do dia. Em cada Inversor estão conectados 360 módulos
divididos em 12 arranjos.
Os inversores possuem tensão de saída de 800V e foram conectados em um SKID,
o qual é composto por um QGBT e o transformador elevador de tensão. Após o QGBT
os cabos vão para um transformador a óleo elevador de tensão de 800 V para 13.800
V. Posteriormente, passa pelo relé de proteção individual da medição 1 a 6 e medição
da concessionária. Antes de ser conectado na rede passa pelo relé de proteção Geral da
cabine de medição compartilhada.

Figura 14 – Diagrama Unifilar Simplificado da USF

Para fins de estudo, serão analisados os dados de comissionamento de forma amos-


tral para fins didáticos. Todavia, destaca-se que os mesmos procedimentos de comissiona-
mento foram realizados para todo o complexo. Os resultados contemplam a apresentação
dos ensaios de verificações pertinentes à ABNT NBR 16.274.

3.2 Plano de Comissionamento


Nesta seção, serão apresentados os principais ensaios e procedimentos de comissio-
namento fornecidos conforme ABNT NBR 16274 que foram aplicados na USF em estudo.
A instaladora possui uma série de procedimentos e check lists que são apresentados para
a contratante para garantir o pleno funcionamento e qualidade.
Capítulo 3. Metodologia 33

Os ensaios ocorreram na seguinte ordem cronológica:

1. Comissionamento a Frio

2. Comissionamento a quente

3. Termografia dos Módulos

4. Curva IxV

3.2.1 Comissionamento a frio


Uma vez concluída a instalação do inversor, deve-se efetuar um conjunto de verifi-
cações e ensaios, com o objetivo de certificar e assegurar que o inversor reúne as condições
necessárias para que possa ser colocado em serviço, garantindo a segurança de pessoas e
equipamentos. Para uma boa execução das verificações estas devem ser efetuadas acom-
panhadas por toda a documentação técnica tal como manual de instalação; especificações
técnicas dos equipamentos e esquemas elétricos de projeto,
De forma geral, verifica-se o estado externo do inversor (danos), proteção contra
contatos diretos e estado interno do inversor e equipamento.
Nas ligações CA são verificadas:

• Caraterísticas dos cabos e terminais - assegurar que os cabos e terminais utilizados


na ligação do inversor à rede CA, estão de acordo com as caraterísticas técnicas
definidas em projeto/manual de instalação;

• Passagem e disposição de cabos - assegurar que os cabos estão corretamente dis-


postos no interior do inversor, deve ser verificada a correta amarração, ausência de
esforços mecânicos no cabo ou nos equipamentos adjacentes;

• Apertos mecânicos - confirmar que os apertos mecânicos estão com o torque de


aperto definido no manual de montagem;

• Etiquetagem dos cabos - confirmar que a etiquetagem aplicada está de acordo com
o definido no manual de montagem;

• Sequência de fases - confirmar o correto sentido da sequência de fases à entrada do


inversor.

• Valores de tensão entre fases - medir e confirmar que os valores de tensão à entrada
do inversor se encontram no intervalo permitido pelo inversor, definido no manual
de instalação.
Capítulo 3. Metodologia 34

Nas ligações CC, são realizadas as mesmas verificações de características dos cabos
e terminais; passagem e disposição de cabos; apertos mecânicos e etiquetagem para sistema
CA, com a adição dos itens abaixo:

• Alocação das entradas CC - assegurar que as entradas se encontram corretamente


alocadas, verificando a identificação da entrada e que a localização deste está de
acordo com o layout definido por projeto.

• Polaridade das entradas CC - assegurar que as entradas DC se encontram conetadas


ao inversor com a polaridade adequada.

• Tensão Voc de entrada CC - assegurar que os valores de tensão em circuito aberto


estão de acordo com o esperado, os valores obtidos deverão ser idênticos para todas
as entradas, que perante condições de radiação estáveis deverão tipicamente variar
aproximadamente 5%.

• Tensão Voc de entrada CC com referência à terra - assegurar que não existe defeito
à terra no circuito de entrada CC. Deve ser feita a medição da tensão para ambas
as polaridades e verificada a tendência.

No comissionamento a frio também estão inseridos as seguintes verificações:

• Equipotencialização com malha de aterramento.;

• Aterramento equipotencial entre estruturas metálicas;

• Resistência de Isolamento dos cabos CC e CA.

3.2.2 Comissionamento a quente


Este procedimento é realizado quando a usina entra em operação. Tem como ob-
jetivo identificar possíveis problemas decorrentes da instalação, garantindo que está fun-
cionando nas condições operacionais esperadas, a boa qualidade dos equipamentos, a sua
boa instalação e a segurança de pessoas.
O documento possui diretrizes de verificação e ensaios elétricos a serem realizados.
Dentre os ensaios, são eles:

• Tensão da rede CA: medir a tensão em carga entre da rede CA;

• Corrente de saída CA: medir a corrente de todas as fases CA, em caso de saídas
com cabos em paralelo deve ser feita a medição em cada cabo;

• Tensão entrada CC: medir a tensão em carga do paralelo das entradas CC;
Capítulo 3. Metodologia 35

• Corrente entradas CC: medir a corrente de todas as entradas CC, em caso de en-
tradas com cabos em paralelo deve ser feita a medição em cada cabo.

É recomendado no documento, que para obter bons resultados e fazer uma aná-
lise correta dos mesmos, que os ensaios elétricos acima sejam realizados com a radiação
constante e aconselha-se que esta esteja acima de 800 W/ 𝑚2 no momento das medições.
Outro ensaio solicitado no documento é a termografia da entrada CC e saída
CA dos inversores, a fim de identificar pontos de temperatura anormal proveniente de
crimpagens mal realizadas, defeitos nos conectores ou falta de aperto nos bornes.
A eficácia da detecção térmica de um componente defeituoso é proporcional à
carga ao qual este se encontra sujeito, ou seja, a anomalia é mais fácil de detetar quando
o componente se encontra em plena carga. Assim, de forma a garantir a fácil detecção
das anomalias, aconselha-se que a termografia seja efetuada no mínimo a 70% da carga
máxima.
Ainda, traz um check list de conformidade do sistema de monitoramento como,
sincronização horária do inversor, avisos e erros ativos que devem ser observados.

3.2.3 Curva IxV


Para a realização deste procedimento foram utilizados os parâmetros fornecidos
pelo aplicativo do inversor e os dados meteorológicos foram extraídos da estação da USF,
como irradiação, temperatura e umidade instantânea.
Posteriormente, os dados são compilados, os gráficos são plotados e comparados
com o fornecido pelo fabricante do módulo fotovoltaico. Caso tenha alguma alteração
pode ser aplicado outro ensaio para complementar a verificação.

3.2.4 Termografia dos módulos


Para a termografia aérea foi utilizado o drone Mavic 2 Enterprise Dual e realizado
um voo de identificação. Para a verificação unitária dos módulos foi utilizada a câmera
manual Flir E8.

3.3 Levantamento de Requisitos da proposta de Aplicativo


No levantamento dos requisitos necessários para o sistema de software, foram con-
siderados os seguintes aspectos para direcionamento:

• A norma NBR ABNT 16274;


Capítulo 3. Metodologia 36

• Relatórios de comissionamento fornecidos no estudo de caso apresentado no traba-


lho;

• Entrevistas com profissionais da área para avaliação do que é realizado e o que pode
melhorar.

Foram levantadas perguntas como:

• Qual a importância do comissionamento?

• O que a norma propõe é realmente efetivo?

• Existem procedimentos/ensaios realizados que não estão previstos na norma vi-


gente?

• A norma é clara quanto ao passo a passo na análise dos valores medidos?

• O que demanda mais tempo na elaboração do relatório de comissionamento?

• Como funciona o comissionamento desde o início até a entrega final do relatório?


37

4 Resultados e Discussão

Neste capítulo, serão apresentados os resultados e discussões dos procedimentos


de comissionamento realizados na USF. Para fins didáticos, os resultados dos ensaios e
verificações serão apresentados de forma amostral.
Ainda, serão apresentados os requisitos para o desenvolvimento do aplicativo pro-
posto para otimização do comissionamento.

4.1 Comissionamento a Frio


Cada arranjo possui 30 módulos, resultando em uma tensão de circuito aberto
de aproximadamente 1280 V, considerando 42,7 V por módulo em condições abaixo da
operação nominal, conforme folha de dados. Conforme os valores medidos na tabela 2 é
possível afirmar que os os números estão dentro do esperado no projeto. Caso uma ligação
fosse realizada incorretamente, se perceberia uma diferença de pelo menos 42,7 V no valor
medido para mais ou para menos, significaria que a quantidade de módulos do arranjo
está errada. Deve-se realizar a contagem dos módulos ligados em série.
O ensaio de Tensão com referência à terra não é previsto na norma e pode ser
efetiva na identificação de rompimento de cabos CC ou energização de partes metálicas.
A medição deve ser realizada entre um terminal do cabo e a eletrocalha ou parte metálica,
a qual deve ser aterrada.
A Tabela 2 mostra os resultados. O valor medido em cada terminal é uma tendên-
cia, ou seja, deve mostrar um número que pode ser descendo ou subindo até que chegue
a zero. Significa que a tensão acumulada no cabo está sendo descarregada corretamente
na terra.
O ensaio de tendência não está previsto em norma e segue o procedimento descrito
na figura 15.
Caso o valor medido fosse zero, significaria que está descarregado devido ao rom-
pimento do cabo. Ainda, existe outra falha que pode ser identificada neste teste, na pas-
sagem dos cabos pode acontecer da isolação ser danificada por partes metálicas e entrar
em contato com as mesmas. Se a tensão medida possuir um valor alto, próximo tensão
total do arranjo medido, significa que a eletrocalha está energizada resultado de um cabo
com isolação rompida e em contato com a parte metálica.
A Tabela 3 apresenta os principais aspectos que devem ser verificados no inversor.
Capítulo 4. Resultados e Discussão 38

Figura 15 – Procedimento ensaio Tendência à terra.

Tabela 2 – Ensaios comissionamento a frio no Inversor 1.1.


Arranjo Polaridade Voc (V) V+/GRD (V) Tend.(Sub. /Desc. /=) V-/GRD (V) Tend.( Sub./Desc. / =)
1 Ok 1270 174 Descendo 116 Subindo
2 Ok 1267 124 Descendo 102 Subindo
3 Ok 1269 192 Descendo 129 Subindo
4 Ok 1271 189 Descendo 151 Subindo
5 Ok 1281 183 Descendo 161 Subindo
6 Ok 1281 216 Descendo 146 Subindo
7 Ok 1282 239 Descendo 163 Subindo
8 Ok 1279 177 Descendo 118 Subindo
9 Ok 1277 144 Descendo 112 Subindo
10 Ok 1272 240 Descendo 139 Subindo
11 Ok 1276 270 Descendo 156 Subindo
12 Ok 1271 215 Descendo 142 Subindo
Capítulo 4. Resultados e Discussão 39

Tabela 3 – Aspectos de verificação no Inversor 1.1


Aspectos a verificar Status
Geral
Estado externo do Inversor(danos) Conforme
Proteção contra contatos diretos Conforme
Estado interno do inversor e equipamentos Conforme
Ligação à rede CA
Características do cabos e terminais Conforme
Passagem e disposição dos cabos Conforme
Apertos Mecânicos Conforme
Etiquetagem dos cabos Conforme
Sequência de Fases Conforme
Ligação da Entrada CC
Características do cabos e terminais Conforme
Passagem e disposição dos cabos Conforme
Apertos Mecânicos Conforme
Etiquetagem dos cabos Conforme
Alocação das entradas Conforme
Polaridade das entradas Conforme
Tensão Voc de entrada Conforme
Tensão Voc de entrada com referência à terra Conforme

Na equipotencialização, com a utilização de um multímetro foi realizado o ensaio


continuidade entre o inversor e a malha geral de aterramento e estava conforme. É impor-
tante que todos os elementos da USF estejam no mesmo potencial, ao longo da execução
cordoalhas do aterramento podem ser rompidas por acidente e falhas nas conexões. A
tabela 4 mostra os principais aspectos a serem verificados.
Caso o inversor não detecte uma resistência mínima de isolamento não entrará
em operação. A NBR ABNT 5419:2017 referente à aterramento, não apresenta um valor
mínimo de resistência apenas afirma que deve-se obter a menor ser e a menor possível,
pois a versão anterior solicitava um valor de no mínimo 10 ohms, entretanto esse valor não
determina a efetividade do sistema, outros fatores devem ser levados em consideração. Foi
medido 5,56 Ohms.
A medição de continuidade do aterramento das partes metálicas e estrutura dos
módulos também foram verificados para garantir a equipotencialização de todos os ele-
mentos. Estavam todos conforme o projetado.
Nos cabos do Circuito CC, os valores de resistência de isolamento dos cabos do
inversor 1.1 foram valores acima de 1 TΩ, limite do display do equipamento megômetro
usado para o ensaio, com aplicação de 1000V por um minuto conforme a norma NBR
ABNT 5410. Caso o valor medido fosse abaixo de 1 MΩ, significaria que o cabo está com
Capítulo 4. Resultados e Discussão 40

Tabela 4 – Aspectos do Aterramento


Aspectos a verificar Status
Geral
Localização correta dos pontos de aterramento Conforme
Características do Condutor de aterramento Conforme
Conectores e acessórios próprios para aterramento Conforme
Apertos mecânicos do aterramento adequado Conforme
Continuidade
Continuidade entre malha geral e Inversor 1.1 Conforme
Resistência Mínima
Resistência mínima entre malha geral e Inversor Conforme

a isolação danificada e deve ser inspecionado.


No circuito CA foi realizado o ensaio de resistência de isolamento dos cabos de
Baixa tensão da saída do inversor. Utilizou-se também um megômetro para realização do
ensaio, pela classificação do cabo foi aplicada uma tensão CC de 1000 V por um minuto,
para estar conforme deve apresentar uma resistência de isolamento mínima e 1 MΩ.
A figura 16 apresenta os principais dados do cabo, equipamento e ensaio realizado
no cabo CA de baixa tensão.
A Tabela 5 mostra os principais aspectos a serem conferidos nos cabos CA de baixa
tensão. É comum que cabos possam ter fissuras de fábrica ou decorrente da execução da
obra, por isso a importância do teste de resistência de isolamento.
É importante salientar que a norma não faz uma recomendação quanto a influên-
cia da umidade no ensaio. Segundo a equipe de campo da USF em estudo, deve-se dar
preferência para que o ensaio seja realizado em dias mais úmidos. O ar seco é um bom
isolante, fazendo com que a tensão aplicada não escoe para fora do cabo em casos de
fissuras ou rupturas, disfarçando os resultados.
Outro fator observado em campo é que não se pode levar em consideração apenas
a resistência miníma como referência. Deve-se avaliar o valor medido no ensaio com base
nos outros cabos do mesmo conjunto, caso exista uma discrepância entre os resultados
é necessário verificar todo o cabo, por mais que esteja conforme de acordo com o valor
adotado na norma como base.
A Tabela 6 apresenta os valores medidos, todos foram acima do definido na Norma
estavam conforme.
Capítulo 4. Resultados e Discussão 41

Figura 16 – Tabela retirada do relatório - dados do cabo e ensaio

Tabela 5 – Aspectos de Verificação Cabos CA baixa tensão


Aspectos a verificar Status
Ensaios Elétricos
Tipo do Cabo Conforme
Traçado e posicionamento Conforme
Etiquetagem dos cabos Conforme
Resistência de isolamento Conforme
Conectorização correta Conforme
Continuidade dos Condutores Conforme
Inspeção visual
Integridade física dos cabos (durante transporte e montagem) Conforme
Danos no isolamento Conforme
Instalação e integridade de terminais/conectores Conforme

Tabela 6 – Ensaio de Resistência de Isolamento Cabos CA


Inversor 1.1 Valor Medido
Fase R 45,36 GΩ
Fase S 59,76 GΩ
Fase T 47,76 GΩ

4.2 Comissionamento a quente


A Tabela 7 apresenta os principais aspectos verificados no comissionamento sob
carga.
Para verificar a conformidade da Saída CA é necessário levar em consideração os
valores informados na folha de dados do Inversor, a qual define a tensão de saída de 800
V, com um limite de variação de 10% acima ou abaixo. Possui corrente nominal de 72,2
A. Ao analisar a Tabela 8 percebe-se que os valores estão dentro do intervalo esperado de
operação informado pelo fabricante
Para obtenção dos valores informados na Tabela 9 foi utilizado o aplicativo SUN2000
para smartphone do Inversor, o qual fornece os parâmetros necessários, de acordo com a
figura 17. A radiação foi obtida a partir dos sensores da estação meteorológica da USF
para comprovar que o dia estava propício para o comissionamento. Os valores apresentados
Capítulo 4. Resultados e Discussão 42

Tabela 7 – Aspectos de Verificação Comissionamento a Quente - Inversor 1.1


Aspectos a verificar Status
Sistema de monitoração do Inversor
Sincronização Horária Conforme
Aquisição de dados instantâneos Conforme
Avisos e erros ativos Conforme
Base de dados Conforme
Histórico de Avisos e erros Conforme
Ensaios Elétricos
Tensão da rede CA Conforme
Corrente de saída CA Conforme
Tensão de entrada CC Conforme
Corrente entrada CC Conforme
Termografia
Entrada CC Conforme
Saída AC Conforme

Tabela 8 – Ensaio elétrico saída CA - Inversor 1.1


Saída CA
Corrente CA (A) Tensão CA (V)
L1 L2 L3 L1 / L2 L1 / L3 L2 / L3
67,6 67,8 67,6 826,8 825,6 821,8

foram comparados com o de projeto e estavam conforme.


De acordo com as figuras 19 e 18 a termografia não apresentam uma variação
anormal de temperatura. No lado CA os pontos quentes geralmente podem aparecer por
falta de aperto nos terminais CA ou crimpagem mal sucedida. No lado CC, conectores
MC4 podem apresentar falhas ou crimpagem defeituosa. Pontos quentes podem até causar
um incêndio no inversor, por isso a grande importância da verificação termográfica.

4.3 Termografia dos Módulos


Com o ensaio foi possível detectar falhas em dois módulos, no Inversor 1.5 e 3.6
conforme figuras abaixo.
Fica evidente uma variação anormal da temperatura na ligação em série das células
fotovoltaicas do módulo. A natureza desta falha configura um curto circuito interno,
resultado de um defeito no Diodo de by-pass.
A falha foi decorrente de defeito de fabricação nos diodos. A solução foi realizar a
troca dos módulos e realizar uma nova verificação.
Capítulo 4. Resultados e Discussão 43

Figura 17 – Tela Aplicativo do Inversor 1.1

Figura 18 – Termografia da Saída CC

Recomenda-se que ao elaborar a lista de materiais da USF seja previsto a compra


de alguns módulos sobressalentes, pois não só falhas de fabricação podem ocorrer, mas
também incidentes com os módulos tal como quebra do vidro frontal na execução da obra.
Essa boa prática evitará que seja realizado um gasto a mais com logística e de
equipe sem frente de serviço. Caso já tenha na obra basta fazer a reposição.
Capítulo 4. Resultados e Discussão 44

Tabela 9 – Ensaios entrada CC - Inversor 1.1

Entrada CC Corrente (A) Tensão (V) Radiação (W/m2 )


1 7,95 1045,60 840,9
2 7,82 1045,60 840,9
3 7,91 1050,00 840,9
4 7,76 1050,00 840,9
5 7,78 1044,30 840,9
6 7,85 1044,30 840,9
7 7,96 1048,60 840,9
8 7,67 1048,60 840,9
9 7,61 1044,90 840,9
10 7,73 1044,90 840,9
11 8,00 1027,10 840,9
12 7,40 1027,10 840,9

Figura 19 – Termografia da Saída CA

É importante destacar que na termografia não se deve atentar a somente os pontos


quentes, mas também aos pontos frios, os quais podem indicar o defeito. Por isso, o ideal
é que as imagens sejam comparadas e verificadas as grandes diferenças de temperatura.

4.4 Curva IxV


Para se iniciar a análise é necessário que a curva plotada seja comparada com o
gráfico IxV fornecido na folha de dados do módulo fotovoltaico utilizado. É importante
que os dados da estação meteorológica da USF sejam apresentados na data da verificação,
para que seja comparado na faixa correta de operação do gráfico do fabricante.
Dados da Estação meteorológica:

• Índica pluviométrico atual = 0 mm


Capítulo 4. Resultados e Discussão 45

Figura 20 – Termografia do módulo do Inversor 1.5

Figura 21 – Termografia do módulo do Inversor 3.6

• Irradiação Solar = 902 W/𝑚2

• Temperatura do módulo = 42,5 ºC

• Velocidade do vento = 2,3 m/s

A curva se refere ao inversor do arranjo que apresentou uma falha na seção anterior
de termografia. O ensaio foi realizado após a detecção da falha na termografia e reposição
do módulo.
Caso a curva IxV tivesse sido realizada antes da termografia seria possível identi-
ficar no gráfico um deslocamento anormal da corrente do arranjo 2, representado pela cor
vermelha.
Foi escolhido o mesmo caso para mostrar que após a troca do módulo a curva está
conforme o esperado. É possível afirmar que não possui falha e opera próximo a faixa de
operação informada pelo fabricante do módulo.
É importante destacar que caso seja identificado alguma falha, é recomendado
complementar este ensaio com outros tal como a termografia dos módulos do arranjo que
apresentou divergência.
Capítulo 4. Resultados e Discussão 46

Figura 22 – Curva IxV Fornecida pela fabricante Canadian

Figura 23 – Curva IxV - Inversor 1.5


Capítulo 4. Resultados e Discussão 47

4.5 Proposta de desenvolvimento de aplicativo


Esta seção apresenta os principais aspectos para a definição das bases para o
desenvolvimento de um aplicativo para a automatização do processo de gestão do co-
missionamento. Entretanto, a utilização da ferramenta não substitui a contratação de
um profissional qualificado para a análise de todo o relatório. Nesse contexto, ressalta-se
que o objetivo é a otimização no registro das informações e automatização na elaboração
do relatório de comissionamento. Alguns aspectos observados durante o levantamento de
informações são:

• A importância de sempre seguir as normas de segurança previstas na Norma Regulamentadora-


10 referente ao trabalho com eletricidade e utilização de equipamentos de proteção
individual;

• Recomenda-se uma a equipe de comissionamento e outra de instalação do sistema;

• Quando encontradas não conformidades, é importante que elas sejam corrigidas no


momento da identificação. Não sendo possível a ação da equipe, deve ser gerada
uma ordem de serviço para ajustes posteriores e;

• A equipe deve ser formada por, no mínimo, engenheiro habilitado; eletricista e aju-
dante de montagem.

Na sequência, são apresentadas sugestões de requisitos e fluxos de informação


identificados ao longo deste trabalho.

4.5.1 Requisitos
Estão representados, na tabela 10, os requisitos para o desenvolvimento do aplica-
tivo.
Capítulo 4. Resultados e Discussão 48

Tabela 10 – Requisitos para criação do aplicativo


Requisito Descrição Observações
Informações necessárias
Receber os dados do usuário Profissional:
01 - Nome completo;
no cadastro inicial
- E-mail;
- Senha;
- Título;
- Nº registro CREA;
- Contato.
Dashboard (painel visual) Será apresentado para o usuário o status do an-
02 listando o status de cada damento e a lista de todas as usinas comissio-
usina nadas.
O usuário deve inserir as seguintes informações:
- Nome da USF;
03 Tela de cadastro da Usina - Localização/coordenadas;
- Tipo da usina
(mesa fixa, rastreador solar, telhado,etc)
- Quantidade total de módulos
modelo e fabricante;
- Quantidade total de inversores
modelo e fabricante;
- Quantidade de módulos por string;
A tela inicial deve ter infor-
04
mações climáticas do dia
O usuário deve preencher
as informações de inspeção/
05 verificação e ensaios do co-
missionamento a frio e a
quente
Na tela de inspe-
ção/verificação deve
Comissionamento a frio, a quente, lado CC e
aparecer, em forma de
06 CA devem seguir o mesmo padrão de preenchi-
checklist, a conformidade
mento.
ou não conformidade para
ser preenchido pelo usuário
Ao final de cada tipo de
bloco de ensaios de comis-
sionamento (a quente ou a
07
frio), deve-se ter a opção de
exportação de um relatório
no formato .pdf ou .docx
Capítulo 4. Resultados e Discussão 49

Requisito Descrição Observações


O aplicativo deve notificar
o usuário de que as condi-
08 ções climáticas do dia não
são favoráveis para o proce-
dimento
Nos ensaios, o aplicativo
deve ser capa de identificar
que o valor medido infor- Nos seguintes ensaios:
09 mado não condiz com o pre- - Tensão Voc;
visto, visto que foram ca- - Resistência de isolamento CC e CA;
dastradas no início algumas - Tensão da rede;
informações - Corrente de saída;
O aplicativo deve ser capaz
de alertar o usuário que fal-
tam dados a serem preen-
10
chidos e se o usuário deseja
continuar na exportação do
relatório
O relatório deverá ser en-
11 viado para o e-mail cadas-
trado
O aplicativo deve ter um
banco de dados com as in-
formações técnicas de di-
12
versos modelos de inverso-
res e módulos disponíveis no
mercado
No relatório final, gerado
com as informações dos en- Acompanhado das seguintes informações:
13 saios, deve-se ter campos - Nome completo;
para assinatura do executor - Título;
do ensaio - Nº registro CREA;
- Campos para assinatura;
Nos ensaios deve ter um
campo que contenha valores No caso de gráfico e imagens termográficas,
14
de referência para que seja apresentar exemplos para servir de análise
analisado de conformidade ou não conformidade.
O aplicativo deve ter con-
ter sistema de "Ajuda", o
15 qual contém a explicação
dos procedimentos realiza-
dos e passo a passo
Capítulo 4. Resultados e Discussão 50

Requisito Descrição Observações


O aplicativo deve possibi-
litar o cadastro do equi-
16 pamento de medição utili- - Marca/modelo;
zado no ensaio (multímetro, - Data de calibragem;
megômetro, etc)
Caso o usuário opte por in-
serir dados do ensaio da
curva IV ou imagens temo-
17 gráficas deve ser disponibi-
lizado um campo para inse-
rir anexos no relatório ex-
portado em .docx
O aplicativo deve emitir um
alerta sempre que se iniciar
e ao longo do comissiona-
mento a fim de alertar o pro-
fissional para o uso de equi-
18
pamentos de proteção indi-
vidual e a importância da
Norma regulamentadora-10
para segurança em instala-
ções elétricas
Ao final do comissiona-
mento o aplicativo deve
notificar pendências de não
conformidade informadas
19
pelo usuário para que seja
gerada uma ordem de
serviço para correção do
item
Capítulo 4. Resultados e Discussão 51

4.5.2 Fluxograma
A figura 24 mostra o fluxo de telas inicial proposto para o aplicativo. Após o
cadastro da usina, o usuário inicia o bloco de comissionamento a frio (antes da energização)
ou a quente (após energização). O detalhamento de cada bloco de ensaios é apresentado
nas figuras 25 e 26.

Figura 24 – Fluxo de telas aplicativo


Capítulo 4. Resultados e Discussão 52

Figura 25 – Fluxo de telas aplicativo - Comissionamento a Frio.


Capítulo 4. Resultados e Discussão 53

Figura 26 – Fluxo de telas aplicativo - Comissionamento a Quente.


54

5 Considerações Finais

Neste trabalho, foram apresentados a ABNT NBR 16274:2014 e um estudo de


caso que abrange uma USF de 6 MWp, em que se evidencia uma abordagem prática de
interpretação e aplicação da norma, proporcionando um melhor entendimento da execução
dos ensaios. Os ensaios desta USF foram conforme as categorias 1 e 2 da norma.
Nesse contexto, ressalta-se que o comissionamento é uma etapa essencial na execu-
ção das obras de usinas fotovoltaicas. A não realização de tal tarefa, ou sua aplicação de
forma pouco criteriosa, pode trazer diversos problemas não só relacionados à identifica-
ção de falhas de montagem ou defeito de equipamentos, mas também à saúde e segurança
das pessoas e meio ambiente. Assim, deve ser dada atenção ao se contratar profissionais
qualificados para aumentar a qualidade das usinas fotovoltaicas do Brasil.
Em função das experiências observadas ao longo da execução do trabalho, a figura
27 traz um compilado de todas as boas práticas e recomendações para que seja realizado
um bom comissionamento.

Figura 27 – Resumo de recomendações Comissionamento


Capítulo 5. Considerações Finais 55

Por fim, este trabalho realizou o levantamento de requisitos e definição básica


de fluxo de informação para subsidiar o desenvolvimento de um aplicativo para gestão
do comissionamento de sistemas fotovoltaicos. Tal sistema reuniria, dentre outras infor-
mações, as verificações e ensaios a serem realizados, dispensando assim, a impressão de
diversas folhas e o retrabalho na transcrição dos dados. Esse levantamento se baseia na
norma vigente, relatórios de comissionamentos e experiência de campo de profissionais da
área. Estas informações se caracterizam como dados de entrada para um profissional de
desenvolvimento de software para transformar a solução em um produto comercializável.
56

Referências

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(Mestrado) — Universidade de São Paulo-USP, São Paulo, 2012. Citado 5 vezes nas
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16274 - Sistemas


fotovoltaicos conectados à rede - Requisitos mínimos para documentação, ensaios de
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GUIMARAES, J. S. et al. Diretrizes para inspeção e comissionamento de sistemas


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PINHO, J. T.; GALDINO, M. A. Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos.


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Dissertação (Mestrado) — Universidade de São Paulo-USP, São Paulo, 2016. Citado na
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TRETER, M.; MICHELS, L. Método de aquisição experimental de curvas i-v de arranjos


fotovoltaicos: uma revisão. 11º Seminar On Power Electronics And Control, 2018.
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VILLALVA, M. G.; GAZOLI, J. R. Energia Solar Fotovoltaica. Conceitos e Aplicações.


São Paulo: Érica, 2012. Citado 3 vezes nas páginas 8, 16 e 17.

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