8 Organizacao Do Trabalho Pedagogico
8 Organizacao Do Trabalho Pedagogico
8 Organizacao Do Trabalho Pedagogico
Caderno Pedagógico
de Unidades Curriculares
de Transição
2020 – 2021
Organização do
Trabalho Pedagógico
PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
Rafael Greca de Macedo
SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO
Maria Sílvia Bacila
SUPERINTENDÊNCIA EXECUTIVA
Oséias Santos de Oliveira
DEPARTAMENTO DE LOGÍSTICA
Maria Cristina Brandalize
DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO, ESTRUTURA E INFORMAÇÕES
Adriano Mario Guzzoni
COORDENADORIA DE REGULARIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES
EDUCACIONAIS
Eliana Cristina Mansano
COORDENADORIA DE OBRAS E PROJETOS
Flávia Correa de Almeida Faria Gomes
SUPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Andressa Woellner Duarte Pereira
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Kelen Patrícia Collarino
DEPARTAMENTO DE ENSINO FUNDAMENTAL
Simone Zampier da Silva
DEPARTAMENTO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
Estela Endlich
DEPARTAMENTO DE INCLUSÃO E ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
Gislaine Coimbra Budel
COORDENADORIA DE EQUIDADE, FAMÍLIA E REDE DE PROTEÇÃO
Sandra Mara Piotto
COORDENADORIA DE PROJETOS
Andréa Barletta Brahim
Carta aos (às) profissionais:
Prestar atenção no processo de aprendizagem das crianças e dos estudantes é a rotina do tra-
balho do professor e de toda a equipe da Secretaria da Educação. No entanto, em um ano tão
atípico como foi o de 2020, esse olhar vigilante trouxe para todos nós, profissionais da educação,
curiosidades distintas das que normalmente tínhamos no percurso habitual da escolarização.
Quando nos deparamos com a produção escolar advinda do ambiente familiar, passamos a nos
perguntar se realmente nossos estudantes teriam aprendido o que lhes era ensinado de manei-
ra remota. As estratégias para que a aprendizagem ocorresse foram incontáveis nas unidades
educacionais e, à medida que o tempo da pandemia foi passando e o período de isolamento
foi se acentuando, as distintas maneiras de se chegar aos estudantes também foram se modi-
ficando.
Ao escrevermos essa página da história da educação curitibana no ano de 2020, fomos cons-
truindo práticas pedagógicas jamais pensadas para crianças, no entanto viáveis para o momen-
to. Coletamos materiais dos estudantes que nos deram possibilidade de compreender como
eles estavam aprendendo em meio a tanta adversidade. Logo, foi necessário identificar quais
componentes curriculares ainda estavam frágeis nesse processo, constituindo um material ba-
silar para o ano de 2021, os Cadernos Pedagógicos de Unidades Curriculares de Transição.
Todo currículo em sua gênese constitui-se em lógica espiralada, de maneira que os compo-
nentes de um ciclo são revisitados em outro ciclo, e assim por diante, sem que jamais se perca
o todo. No entanto, esse todo vai se ampliando com os contextos, as possibilidades de quem
ensina e de quem aprende a complexidade de cada etapa. O movimento de ir, mas obrigato-
riamente voltar, é respeitoso com quem aprende, pois sempre há a necessidade de abrir novos
territórios para aprender.
O professor, a cada contexto apresentado ao estudante, mapeia novas geografias para que a
mente possa organizar outras condições de sinapses, e isso faz toda a diferença na ampliação
de repertórios de aprendizagem, pois não é mais do mesmo, mas sim o mesmo em diferentes
formas, condições, conjunturas, totalidades.
1 Marli André foi professora universitária na área da Educação, atuou na USP e na PUC/SP. Sua carreira foi
marcada pela dedicação à formação de professores.
Sumário
Apresentação 9
Ampliando o Conhecimento 29
Referências 30
Apresentação
Em virtude da Situação de Emergência em Saúde Pública no Município de Curitiba decorrente
da pandemia causada pela COVID-19, declarada pelo Decreto Municipal n.º 421, de 16 de março
de 2020, exigiu-se medidas imediatas para a prevenção da transmissão da doença, entre elas a
suspensão das aulas presenciais, determinações complementadas por outros decretos1. A partir
desse cenário, a Secretaria Municipal da Educação (SME), especificamente, o Departamento de
Ensino Fundamental (DEF), elaborou os Cadernos Pedagógicos de Unidades Curriculares de
Transição.
Este documento tem como objetivo orientar a equipe gestora e professores das escolas muni-
cipais de Curitiba sobre a organização do trabalho pedagógico a ser realizado no retorno pre-
sencial e no processo que acontecerá em decorrência desse período, a partir da tríade currículo,
planejamento e avaliação, numa perspectiva de cidade educadora e inclusiva.
O atual contexto educacional apresenta desafios que precisam ser refletidos e discutidos a fim
de possibilitar a garantia do direito a aprendizagem dos estudantes. Para isso, é necessário pro-
por ações educacionais específicas que perpassam a organização do trabalho pedagógico e de
toda a comunidade escolar.
Diante da reclusão social vivenciada pela pandemia da COVID-19 que ocorreu de forma repen-
tina, é essencial acolher e entender a singularidade vivida nesse período por profissionais da
escola, estudantes, familiares e/ou responsáveis.
Em efeito a esse contexto, compreende-se que a aprendizagem dos estudantes em 2020 foi
mediada pelas tecnologias em rede e atividades complementares, em que os espaços e os
tempos de aprendizagens foram concebidos pelos estudantes a partir das experiências que
ocorreram em um período de pandemia.
Dada essa situação de ineditismo, é preciso refletir como os tempos escolares não presenciais
e presenciais impactaram na trajetória de aprendizagens dos estudantes. Para Arroyo (2019, p.
176): “a produção do tempo escolar e a produção dos tempos da vida são inseparáveis. Sempre
que os significados sociais e culturais da infância, adolescência são recolocados, os tempos da
escola são chamados a repensar-se”. Dessa forma, no contexto vivenciado em 2020, as equipes
escolares foram desafiadas a (re)organizar os espaços e os tempos de aprendizagem fundamen-
tando suas ações na função social da escola no que tange a garantia do direito a aprendizagem.
1 Decretos n.º 525, de 09 de abril de 2020, n.º 580, de 29 de abril de 2020, n.º 779, de 15 de junho de 2020, n.º
958 de 24 de julho de 2020, n.º 1128 de 28 de agosto de 2020, n.º 1259 de 24 de setembro de 2020, n.º 1457 de 29 de
outubro de 2020, n.º 1601 de 30 de novembro de 2020.
9
da educação lotados na SME e nos Núcleos Regionais da Educação (NREs). Por meio dessas
aulas remotas, a equipe gestora e professores das escolas planejaram atividades complemen-
tares articuladas às necessidades de aprendizagem dos estudantes. Essa organização reforçou
o compromisso e a responsabilidade pedagógica dos profissionais da Rede Municipal de Ensino
(RME) de Curitiba na formação dos estudantes.
Logo, para assegurar a continuidade do processo de aprendizagem dos estudantes nesse pro-
cesso, enfatiza-se o Parecer CEE/PR n.º 487/1999 que instituiu os Ciclos de Aprendizagem na
RME de Curitiba. A organização do ensino em Ciclos de Aprendizagem compreende que o pro-
cesso de aprendizagem é contínuo, portanto, refletir, discutir e propor ações educacionais que
oportunizem a todos os estudantes o direito à aprendizagem é uma necessidade dos profissio-
nais da escola.
10
Com o possível retorno das aulas presenciais é fundamental ter um olhar sensível a essa reali-
dade e atento às mudanças e experiências vivenciadas pelo coletivo da escola, propondo ações
pedagógicas de acolhimento escolar.
O contexto de acolhimento escolar tem como objetivo promover a interação e a integração en-
tre professores, estudantes, profissionais da escola e familiares e/ou responsáveis, de forma a
destacar a função social da escola que é explicitada no Currículo do Ensino Fundamental: Diá-
logos com a BNCC (2020, p. 20):
Por esse motivo, e considerando que todos os sujeitos que fazem parte do processo educativo,
seja direta ou indiretamente, reinventaram suas trajetórias de vida em função da pandemia, as
ações pedagógicas precisam permitir que os profissionais da escola, estudantes, famílias e/ou
responsáveis possam falar e serem ouvidos em relação as suas vivências no período em que o
ensino e o aprendizado ocorreram remotamente.
Na perspectiva de cidade educadora, a RME de Curitiba compreende que a escola tem a fun-
ção de apreender e inter-relacionar essas diversas vivências dos sujeitos de forma a oportunizar
condições para a consolidação dos saberes escolares a partir de uma educação humanizadora.
Sendo assim, a equipe gestora da escola precisa respeitar a individualidade de todos e planejar
ações pedagógicas que permitam conceber o currículo escolar, ressignificando os espaços e os
tempos de aprendizagem, perpassando a heterogeneidade das vivências. Nesse sentido, os en-
caminhamentos pedagógicos propostos nos Cadernos de Unidades Curriculares de Transição
organizam o planejamento, considerando a realidade escolar.
Sabe-se que no ano letivo de 2020, os estudantes foram protagonistas do seu processo de
aprendizagem, por meio de videoaulas e atividades complementares em espaços não esco-
2 A escrita desse documento destaca inicialmente os atores do processo educativo em suas formas masculi-
na e feminina. Desse ponto em diante, apresentamos apenas a marca do masculino, conforme predomina na língua
portuguesa, para facilitar a leitura do material, sem, contudo, desconsiderar a importante caracterização de gênero
nos tempos atuais.
11
lares. Assim, é importante propor práticas educativas que contemplem esse protagonismo, de
forma a acolher e (re)adaptar os estudantes no espaço escolar no retorno das aulas presenciais.
12
O Parecer também expressa o compromisso com a formação integral dos estudantes, afirmando
a necessidade de se planejar propostas didático-pedagógicas que oportunizem o seu desen-
volvimento nos aspectos social, intelectual, emocional e físico-motor. Diante disso, ressaltou-se
neste documento a necessidade de identificar os conhecimentos prévios dos estudantes, de
problematizar a realidade sócio-histórica como estratégia de trabalho da escola para organizar
encaminhamentos metodológicos que vislumbrem a consolidação do processo de aprendiza-
gem (PARANÁ, 1999).
O propósito de ensinar em uma escola que busca de forma permanente a qualidade educa-
cional e que está organizada em Ciclos de Aprendizagem, está fundamentado no Currículo do
Ensino Fundamental: Diálogos com a BNCC (2020). O documento reafirma a responsabilidade
de oportunizar aos estudantes estratégias didático-pedagógicas que contemplem as diferentes
formas de aprender e os diversos ritmos de aprendizagem. Para que isso se efetive, é necessá-
rio organizar e consolidar um trabalho pedagógico em que a avaliação e o planejamento sejam
indissociáveis (CURITIBA, 2020).
Assumindo princípios que fortalecem uma escola pública comprometida com o direito à apren-
dizagem, o currículo colocado em ação na RME de Curitiba não foi interrompido em 2020, pois,
por meio das atividades remotas, foi viabilizada aos estudantes e suas famílias a possibilidade
de acessar os conhecimentos nele dispostos. Essa ação pedagógica, que contou com profissio-
nais da SME, NREs e escolas, demonstrou o compromisso de todos com a consolidação de uma
escola acolhedora, viva e que preza pela sua função social no que tange a garantia do direito à
aprendizagem.
O direito à aprendizagem não se restringe ao ano letivo e, desse modo, os Cadernos Pedagó-
gicos de Unidades Curriculares de Transição apresentam a concepção de um continuum curri-
cular, presente nos Ciclos de Aprendizagem. Nesse sentido, é necessário que os profissionais
considerem no planejamento e na avaliação da aprendizagem os seguintes aspectos:
13
• Os saberes que os estudantes adquirem em suas vivências, interações, promovidas ou não
pela escola.
Nesse momento de transição, assim como pressupõe o trabalho pedagógico na RME de Curi-
tiba, todos os níveis do planejamento escolar: o planejamento institucional, o planejamento de
ensino e o plano de aula estarão voltados para a construção de estratégias didático-pedagógi-
cas que possibilitem ao sujeito da aprendizagem continuar avançando e relacionando os seus
conhecimentos à vida em sociedade.
14
e a avaliação da aprendizagem, pois à medida que há diagnósticos sobre o processo de ensino
e de aprendizagem, surge a necessidade de redimensionar a prática educativa, objetivando que
todos os estudantes sejam contemplados em seus percursos educativos.
De acordo com Lopes (2011), o sentido do planejamento escolar traduzir-se-á por ações pe-
dagógicas que se integrem de maneira dialética ao currículo em ação, ou seja, para além da
dimensão técnica do planejar, é necessário que ele seja consolidado e avaliado no cotidiano
educativo. O planejamento é vinculado à realidade escolar e ao contexto histórico-cultural. Nes-
sa perspectiva,
[...] a tarefa de planejar o ensino passa a existir como uma ação peda-
gógica essencial ao processo ensino-aprendizagem, pois somente com
um trabalho intencional e comprometido conseguiremos, com base em
conteúdos curriculares preestabelecidos, ampliar os conhecimentos dos
nossos estudantes e propiciar-lhes oportunidades de avançar em busca
de novos conhecimentos (LOPES, 2011, p. 58 - grifo nosso).
Os planejamentos de ensino a serem realizados a partir dessa nova realidade serão elaborados
com base nos objetivos de ensino-aprendizagem, nos conteúdos trabalhados no ano de 2020,
nos diagnósticos realizados com base nos registros feitos nesse período pelos profissionais da
educação e nos Cadernos Pedagógicos de Unidades Curriculares de Transição.
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Os Cadernos Pedagógicos de Unidades Curriculares de Transição foram delineados com base
em um diagnóstico da RME de Curitiba realizado nos acompanhamentos dos Conselhos de
Classe Online - 2020 e os conhecimentos dispostos no Currículo do Ensino Fundamental: Diá-
logos com a BNCC (2020) e consequentemente trazem contribuições ao processo de planeja-
mento escolar, para contemplar as necessidades de aprendizagem dos estudantes.
O planejamento escolar quando construído pelo coletivo de profissionais tem uma dimensão
crítico-reflexiva, pois o processo educativo é refletido, avaliado, (re)organizado e compartilhado
pelos professores. Desse modo, é oportunizado “[...] desenvolver efetivamente um papel trans-
formador, pois na medida em que discutem, as pessoas refletem, questionam e conscientizam-
-se de problemas coletivos” (LOPES, 2011, p. 59).
Para isso, o pedagogo escolar discutirá com os professores sobre a relação entre o planejamen-
to de ensino e o plano de aula, pois enquanto o primeiro traz aos professores o caminho a ser
percorrido no trimestre com vistas a atingir os objetivos de ensino-aprendizagem dispostos no
currículo, o segundo possibilita detalhar o que será realizado com os estudantes para um perío-
do de até quinze dias. Desse modo, é no plano de aula que o professor especifica as atividades
diferenciadas e diversificadas que realizará com seus estudantes.
16
Considera-se que o pedagogo escolar tem um papel fundamental nesse processo de plane-
jamento e avaliação, uma vez que exerce sua função de articulador pedagógico, contribuindo
e mediando na organização do trabalho pedagógico na escola em que atua. Essa organização
prevê a inter-relação entre os seus três elementos: currículo, planejamento e avaliação, confor-
me mostra a figura 1:
Ao possibilitar essas discussões com os professores, o pedagogo escolar exerce sua função de
formador, buscando refletir com esses profissionais sobre a necessidade de (re)organizar tem-
pos e espaços que possibilitem aos estudantes serem atendidos em suas singularidades, por
meio da mediação dos professores. Assim, o currículo em ação da RME de Curitiba se constitui
17
e se desenvolve de maneira que todo o trabalho pedagógico seja realizado em função dos es-
tudantes.
18
avalia-se o próprio currículo que é colocado em ação no cotidiano da escola, visto que a avalia-
ção formativa possibilita diagnósticos permanentes sobre o processo de ensino, o que leva ao
redimensionamento das estratégias didático-pedagógicas utilizadas pelo professor.
Essa avaliação permanente sobre o processo de ensino e de aprendizagem rompe com o mo-
delo de escola tradicional e, segundo Mainardes (2009), traz a perspectiva de um sistema edu-
cativo que consolida uma escola que seja democrática, e, sendo assim, inclusiva e equânime.
A avaliação de sistema, objetiva realizar diagnósticos sobre o currículo posto em ação nas es-
colas da RME de Curitiba, fornecendo dados quantitativos e qualitativos que produzem informa-
ções e possibilitam (re)planejamento do trabalho educativo. Desde 2018, a Prova Curitiba tem
possibilitado amplos diagnósticos sobre os processos de ensino e de aprendizagem na RME de
Curitiba, pois oportuniza a (re)organização do planejamento da SME, dos NREs e das escolas
que “[...] redimensionam e reorganizam estratégias com a finalidade de aperfeiçoar continua-
mente o trabalho pedagógico e, dessa forma, a qualidade educacional”. (CURITIBA, 2020, p. 25).
Desse modo, a avaliação de sistema promove um cenário de trabalho coletivo que vai além da
análise de resultados, uma vez que reverbera em subsídios que são utilizados nos planos de
ação em toda a RME de Curitiba. Esses planos são delineados e monitorados por todos que fa-
zem parte do processo educativo, pois há o compromisso com um currículo em ação inclusivo
e equânime.
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o professor ensina e realiza a mediação do processo de ensino-aprendizagem, reflete sobre o
seu próprio trabalho e redimensiona suas estratégias didático-pedagógicas. Dessa forma, per-
mite que o estudante continue avançando na consolidação de seus conhecimentos. Para isso,
o professor acompanha o percurso de aprendizagem dos estudantes, analisando os saberes já
consolidados, utilizando-se de avaliações diagnósticas. Ao obter essas informações, o professor
realiza posteriormente as necessárias adequações metodológicas.
Nessa perspectiva, avalia-se para promover aprendizagens, para melhor compreender os cami-
nhos que os estudantes utilizaram, para resolver os desafios propostos e assim redimensionar o
ensino. Logo, a avaliação da aprendizagem na RME de Curitiba posiciona o professor a serviço
do ensino, utilizando os resultados desse processo para o (re)planejamento.
O pedagogo escolar da RME de Curitiba tem uma função essencial no diálogo e na refle-
xão com os professores sobre o processo avaliativo numa perspectiva inclusiva, se posi-
cionando sempre a favor do ensino que promova as aprendizagens em consonância com
o currículo da RME de Curitiba e do PPP da escola, ou seja, a inclusão e a equidade em
função de uma escola de qualidade é o cerne do trabalho desse profissional.
Dessa maneira, o Conselho de Classe é o momento de análise dos processos educativos e tem-
po/espaço de avaliação diagnóstica, permitindo aos profissionais da escola analisarem se o cur-
rículo em ação vem contemplando a heterogeneidade presente em cada turma para realizarem
as necessárias adequações metodológicas. Nesse sentido, Dalben (2004, p. 72) corrobora que
20
pode ser reorganizado. Assim o processo avaliativo impulsiona a autoavaliação do professor so-
bre o processo de ensino, possibilitando ao colegiado, com a mediação do pedagogo escolar,
questionar o currículo em ação e redimensioná-lo.
Os registros do Conselho de Classe serão revisitados, observando como cada estudante se de-
senvolveu no período de aulas remotas, retomando os portfólios, cadernos de atividades dos
estudantes, o Relatório AVALIA Adaptado e os demais registros realizados pela escola, como os
planejamentos das atividades complementares com propostas de atividades diferenciadas e di-
versificadas para os estudantes. Nesse sentido, o processo de avaliação da aprendizagem está
relacionado ao planejamento educacional, pois ao realizar uma análise dos processos educati-
vos do período anterior, tem-se possibilidades de realizar o planejamento de ensino e o plano
de aula de acordo com as necessidades de aprendizagem dos estudantes.
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Dado o movimento cíclico dos Conselhos de Classe, há uma inter-relação permanente com
toda a organização do trabalho pedagógico, o que traz para a equipe pedagógica a responsa-
bilidade de, ao longo do ano letivo, acompanhar os processos de ensino e de aprendizagem
dos estudantes, orientando os professores na organização dos planejamentos de ensino e dos
planos de aula que contemple a heterogeneidade presente nas turmas.
Desse modo, o Conselho de Classe 2020 será base para a continuidade do trabalho, devendo
ser retomado pelos profissionais das escolas para que os planejamentos sejam adequados de
acordo com os diagnósticos realizados.
A ata do Conselho de Classe é o documento oficial para ser consultado em qualquer momento
pelo colegiado, com vistas à consolidação das tomadas de decisão realizadas no momento da
reunião. Nesse registro constará informações a respeito do desenvolvimento de cada estudante.
Dessa forma, os planos de trabalho pedagógico serão aprimorados, os planejamentos podem
ser redimensionados e as atividades diferenciadas e diversificadas (re)elaboradas em função
das análises realizadas.
Por conseguinte, o currículo em ação na RME de Curitiba a partir de 2020 tem o propósito de
não deixar nenhum estudante para trás uma vez que, balizados pelos princípios da equidade e
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da inclusão, permite que os conhecimentos dos diferentes componentes curriculares sejam re-
tomados, revistos, aprofundados e reordenados, por meio de um tratamento didático adequado
para atender de forma única cada sujeito da aprendizagem.
É preciso que haja, por parte dos profissionais da escola, sistematização do acompanhamento
do processo de aprendizagem dos estudantes, que possibilite a qualificação das discussões e
reflexões a respeito do monitoramento e redimensionamento do planejamento escolar, pois “[...]
a avaliação, desde que bem feita, é o principal mecanismo de que os professores dispõem para
levar a bom termo o seu trabalho”. (ZABALZA, 2006, p. 6).
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Esses instrumentos, que podem ser os portfólios, as Fichas de Acompanhamento do Trabalho
Remoto, Relatório AVALIA Adaptado e Plano de Apoio Pedagógico Individual (PAPI), devem ser
usados no retorno das aulas presenciais para realização do diagnóstico da aprendizagem dos
estudantes.
Para Perrenoud (2004), a observação formativa com fins de regulação dos processos de apren-
dizagem parte de um olhar sensível e atento ao percurso de aprendizagem individual, o que é
possível com a elaboração de portfólios registrados de forma organizada, com o caminho per-
corrido pelo sujeito, objetivando intervir no processo que está em curso.
Sendo assim, cabe ao pedagogo escolar orientar os professores na organização dos mate-
riais que compõe os portfólios dos estudantes de forma que seja constituído da seguinte
forma:
1) Folha de rosto contendo nome da escola, nome completo do estudante, data de nasci-
mento, ano de escolaridade, turma, nome do professor e ano letivo.
2) Atividades datadas.
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4) Atividades de todos os componentes curriculares: Arte, Ciências, Ensino Religioso, Edu-
cação Física, Geografia, História, Língua Portuguesa e Matemática.
Outro instrumento de registro a ser considerado no processo de avaliação diagnóstica nas esco-
las da RME de Curitiba são as Fichas de Acompanhamento do Trabalho Remoto. Essas fichas
com registros dos professores trazem informações sobre os conteúdos trabalhados nas video-
aulas e indicativos para organização de adequação metodológica que venham contemplar as
necessidades de aprendizagem de cada turma e de cada estudante. Dessa forma, esses regis-
tros constituem a documentação pedagógica a ser analisada pelo pedagogo escolar, para que
possa contribuir com a elaboração de atividades diversificadas e diferenciadas.
25
Cabe ao pedagogo escolar orientar e acompanhar os professores na organização e no uso
dos instrumentos de registro de avaliação, a fim de que os diagnósticos levantados em
relação ao processo de ensino e aprendizagem subsidiem proposições de encaminha-
mentos metodológicos, que proporcionem avanços na aprendizagem dos estudantes.
O período da pandemia da COVID-19 levou à necessidade de pensar, ainda com mais cuidado,
os instrumentos de registros de avaliação e consolidá-los como ferramentas de trabalho dos
professores que vislumbram o potencial de avanço de cada sujeito da aprendizagem, superan-
do a concepção de instrumentos burocráticos.
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27
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Ampliando o Conhecimento
Livro: ARROYO, Miguel. Imagens Quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. 9
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019. Esse livro apresenta reflexões sobre momentos vividos no
contexto escolar que nos permitem rever como a educação vem acontecendo nas esco-
las, e como aponta Arroyo (2019), abordar as trajetórias humanas e os tempos dos educan-
dos é uma condição de reconstruir as trajetórias dos mestres.
Livro: HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre:
Mediação, 2002. Essa obra permite ao leitor estabelecer relações de como a avaliação no
contexto educacional permeia os processos educativos a fim de respeitar a diversidade e
o compromisso com a educação integral de todos os estudantes.
Filme: A Corrente do Bem. Diretor: Mimi Leder. Produção: Peter Abrahams, Robert L. Levy e
Steven Reuther. EUA: Warner Home Vídeo, 2000. 115 min. Esse filme permite refletir sobre
a importância das relações humanas no nosso dia a dia. A história inicia quando um pro-
fessor, em uma de suas aulas, propõe um desafio a seus alunos: criarem algo que possa
mudar o mundo.
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Referências
ARROYO, M. Imagens Quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. 9 ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2019.
BRASIL. Presidência da República. Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Dire-
trizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponí-
vel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 07 out. 2020.
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DiariosConsultaExterna_PesquisaAvancada.aspx. Acesso em: 17 dez. 2020.
CURITIBA. Prefeitura Municipal de. Decreto Municipal n.º 1128, de 28 de agosto de 2020. Altera
o Decreto Municipal n.º 421, de 16 de março de 2020 e dá outras disposições. Diário Oficial de
Curitiba, Curitiba, PR, 28 ago 2020. Disponível em: https://legisladocexterno.curitiba.pr.gov.br/
DiariosConsultaExterna_PesquisaAvancada.aspx. Acesso em: 17 dez. 2020.
CURITIBA. Prefeitura Municipal de. Decreto Municipal n.º 1259, de 24 de setembro de 2020. Alte-
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Curitiba, Curitiba, PR, 24 set. 2020. Disponível em: https://legisladocexterno.curitiba.pr.gov.br/
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CURITIBA. Prefeitura Municipal de. Decreto Municipal n.º 1457, de 29 de outubro de 2020. Altera
o Decreto Municipal n.º 421, de 16 de março de 2020 e dá outras disposições. Diário Oficial de
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CURITIBA. Prefeitura Municipal de. Decreto Municipal n.º 1601, de 30 de novembro de 2020. Al-
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LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão da escola. Teoria e Prática. Goiânia: Ed. Alternativa, 2004.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Trad. Ernani F. da Fonseca
Rosa. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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SCHÖN, D. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem.
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
ZABALZA, M. A. Os diferentes âmbitos da avaliação. Revista Pátio, Porto Alegre, v.4, n.10, p.6-8,
mar./jun.2006.
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Ficha Técnica
DEPARTAMENTO DE ENSINO FUNDAMENTAL
Simone Zampier da Silva
Gerência de Gestão Escolar
Simone Weinhardt Withers
Equipe
Adriana de Barrios Secco
Alessandra Aparecida Pereira Chaves
Andréa Garcia Furtado
Anne Cristine Marschall
Auda Aparecida de Ramos
Danielle Vergínia Lisboa Ramires
Elisandra Cecília Schwanka de Oliveira
Fernanda Zimmermann
Jaqueline Salanek de Oliveira Nagel
Kayane Celise Antoniacomi
Regiane Laura Loureiro
Shana Gonçalves de Oliveira
Viviane Vilar da Silva
Zuliane Keli Bastos
Elaboração
Andréa Garcia Furtado
Jaqueline Salanek de Oliveira Nagel
Regiane Laura Loureiro
Simone Weinhardt Withers