Projeto de Articulação Primeiros Passos: Análise de Uma Experiência de Articulação Entre Educação Infantil E Ensino Fundamental
Projeto de Articulação Primeiros Passos: Análise de Uma Experiência de Articulação Entre Educação Infantil E Ensino Fundamental
Projeto de Articulação Primeiros Passos: Análise de Uma Experiência de Articulação Entre Educação Infantil E Ensino Fundamental
Resumo
O presente artigo tem como tema de estudo a transição da Educação Infantil para o Ensino
Fundamental, a partir de um projeto de articulação realizado na Prefeitura Municipal de Itajaí,
Santa Catarina. Resulta de um projeto de pesquisa apresentado na forma de trabalho de
conclusão de curso de graduação em pedagogia de uma universidade pública estadual no ano
de 2016. Considerando a entrada das crianças cada vez mais cedo no ensino fundamental, é
um tema muito pertinente à discussão. Nesse sentido, neste trabalho serão apresentados a
trajetória do Ensino Fundamental de Nove anos, bem como suas problemáticas de
implementação. O objetivo geral consiste em investigar como um projeto de articulação pode
auxiliar a criança no processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental.
A pesquisa é de abordagem qualitativa, do tipo documental. Foram analisados os dados
contidos nos documentos selecionados para estudo. O tratamento metodológico dos materiais
da pesquisa segue os pressupostos da análise de conteúdo. A partir da análise dos dados
selecionados, foram encontradas três categorias para compreender e orientar as ações
presentes no projeto de articulação em análise, a saber: reconhecimento da infância,
participação das famílias, encontro entre os professores. Por sua relevância foram adotadas
como tripé de sustentação dos planos de ações do referido projeto de articulação. Neste
estudo, argumenta-se que esses três agentes em parceria podem contribuir para a construção
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Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Pós-graduanda em
Educação a Distância: Planejamento, Implantação e Gestão pelo Claretiano Centro Universitário. E-mail:
mariana-anastacio@hotmail.com.
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Doutora em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). Mestre em Educação e Cultura pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
Professora adjunta da Universidade do Estado de Santa Catarina (FAED/UDESC). Graduada em Pedagogia pela
Faculdade de Ciências e Educação de Criciúma (Fundação Educacional de Criciúma - FUCRI), atual
Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina (UNESC), possui especialização em Fundamentos da Educação.
Integrante do grupo de pesquisa em Educação Infantil - GEDIN - (UDESC); vice coordenadora do Laboratório
de Vivências e Alternativas Lúdicas - LALU e membro da Rede de Pesquisa - Educação Intercultural e
Movimentos Sociais (UFSC/CNPq). Coordenadora do Programa de Extensão Brinquedos e brincadeiras: Um
caleidoscópio de ideias e vivências. E-mail: coppetemaria@gmail.com.
ISSN 2176-1396
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de uma educação melhor, de uma transição mais tranquila e da constituição da criança como
ser humano reflexivo, ativo e protagonista de sua própria história.
Introdução
criação das aulas régias, criação de escolas de primeiras letras, liceus provinciais, a educação
não era tão valorizada. A partir do início da Era Vargas (1930-1945), começou a se dar mais
atenção para a educação. Com isso, o Governo Provisório criou, em 1930, o Ministério da
Educação e da Saúde Pública. (Idem).
O último decreto-lei das reformas, foi a reforma do Ensino Primário Fundamental.
Logo, em 1946 a Reforma Capanema trouxe uma mudança na qual o Ensino Primário
Fundamental seria destinado a crianças de 07 a 12 anos, subdividido em primário elementar
(04 anos) e primário complementar (01 ano). O Ensino Primário Supletivo seria de 02 anos
para adolescentes e adultos que não tivessem recebido o nível de educação da idade certa.
(Idem).
Outra lei importante é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). A
LDB é a lei orgânica e geral da educação brasileira. Sua primeira versão foi no ano de 1961,
Lei 4024/61, com uma nova versão aprovada no ano de 1971, Lei 5692/71. O texto aprovado
em dezembro de 1961, que havia chegado à câmara em maio de 1948, tratava da educação
linear e da parte de gestão do ensino (desde os fins da educação aos recursos para educação)
(CARNEIRO, 2015).
Com o fim do regime militar (1985), em 1988 o Congresso Nacional elaborou a Nova
Constituição Federal. No que tange a educação, mais especificamente sobre o ensino
primário, além da mudança de nomenclatura de Ensino Primário para Ensino Fundamental, o
Art. 208, inciso I destaca que o dever do Estado para com a educação será de garantir “ensino
fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade
própria” (BRASIL, 1988).
A partir da LDB, acontece outra grande e importante mudança na educação; a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), é sancionada pela Presidência da República
no dia 20 de dezembro de 1996, sob nº 9.394/96. De acordo com Carneiro (2015), se trata de
uma mudança legislativa complicada, devido a discussão e tramitação dessa lei passar por três
governos (Sarney, Collor e Fernando Henrique Cardoso – FHC).
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Nove anos depois, houve uma nova e expressiva mudança na educação, mais
especificamente no ensino fundamental. A lei nº 11.114 de 16 de maio de 2005 torna
obrigatória a matrícula de crianças de 06 anos no Ensino Fundamental e a lei nº 11.274 de 06
de fevereiro de 2006, amplia o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a
matrícula de crianças de seis anos de idade e estabelece prazo de implantação, pelos sistemas,
até 2010 (que hoje já está implantado em todos os sistemas).
Essas mudanças revelam, de certo modo, um avanço na educação. Significa que cada
vez mais a educação está ganhando espaço de atenção. Porém, é necessário que se tome os
devidos cuidados para que as mudanças não sejam apenas mudanças, mas sim que em
conjunto com ações pedagógicas, possam influenciar positivamente a vida das crianças,
adolescentes, jovens e adultos.
Nos últimos anos o Ensino Fundamental passou por mudanças. A duração era de oito
anos, entre 07 a 14 anos de idade e era dividido pela nomenclatura de série. Após o projeto de
Lei nº 3.675/043 (e com a Lei nº 11.274 sancionada em 06 de fevereiro de 2006), a duração
obrigatória do Ensino Fundamental foi ampliada para nove anos e o ingresso da criança
passou a ser com 06 anos.
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Projeto de Lei nº 3.675/04, de 24 de novembro de 2004. Dispõe sobre a expansão do Ensino Fundamental para
09 anos.
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Cada vez que ocorrem mudanças, principalmente no âmbito das leis que regem a
educação, para todos os que nela trabalham, surge uma certa intranquilidade (CARNEIRO,
2015). Conforme apresentado anteriormente, a educação no Brasil veio num crescente
processo de modificações e, com isso, uma série de “intranquilidades”.
Essas intranquilidades ocorrem por vários fatores, entre elas a adaptação às mudanças.
Por mais que, em âmbito federal, as leis vigorem de imediato a sua aprovação, são necessárias
as devidas adaptações nos diversos ambientes nos quais passará a vigorar. Explicamos: na
referida Lei de mudança do ensino fundamental de oito para nove anos, não houve uma
mudança repentina nas escolas. Manteve-se a mesma configuração para os alunos que já
estavam no sistema antigo; contudo, para os ingressantes se fez necessário adaptar-se ao novo
sistema de ensino.
De acordo com o Plano Nacional de Educação – PNE (2014)4, o ensino fundamental
de nove anos, juntamente com o ingresso das crianças de seis anos tem duas intenções:
“oferecer maiores oportunidades de aprendizagem no período da escolarização e assegurar
que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos,
alcançando maior nível de escolaridade” (BRASIL, 2014).
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O Plano Nacional da Educação – PNE é um documento que determina algumas diretrizes, metas e estratégias
para a política educacional dentre os anos de 2014 à 2024. O documento foi elaborado com 20 metas
estratégicas, que podem ser divididas em três grupos: 1º) metas estruturantes de garantia do direito a educação
básica com qualidade; 2º) metas de redução das desigualdades e valorização da diversidade; e 3º) metas de
valorização dos profissionais da educação (MEC/SASE, 2014).
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controle da sala (MOTTA, 2010), fazendo com que o professor e a criança estabeleçam entre
si um contato mais distanciado, diferente daquele construído anteriormente na Educação
Infantil com a professora referência.
O Art. 3º da Resolução nº 5 de 2009, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais
para Educação Infantil assevera que:
[...] o texto da LDBEN 9394/96, ao utilizar o termo educação infantil, teve por
objetivo diferenciá-la do ensino fundamental e do ensino médio, para que não
houvesse um reforço da formação instrucional presente nos demais níveis de
ensino, mas uma valorização do processo educativo. Dessa forma, a educação
infantil, primeira etapa da educação básica que tem por objetivo o desenvolvimento
integral da criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
constitui-se em um espaço privilegiado para interação e aprendizagens
significativas, onde o lúdico é o foco principal (AMARAL, 2008 p. 16, grifos
nosso).
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O Projeto de Articulação Primeiros Passos foi criado em 2011, um ano depois da data
limite para o cumprimento da Lei de ampliação do ensino de nove anos. No ano de 2016 o
projeto completou 5 anos. Nesse período o projeto foi se aperfeiçoando cada vez mais.
Em sua apresentação, mais especificamente na justificativa, é possível constatar a
preocupação com a transição da criança da educação infantil para o ensino fundamental.
A entrada na escola não pode representar uma ruptura com o processo anterior
vivido pelas crianças em casa ou na instituição de educação infantil, mas sim uma
forma de dar continuidade às suas experiências anteriores. É preciso garantir que
não haja um descompasso entre aquilo que as crianças viveram na educação infantil
e aquilo em que viverão no ensino fundamental (ITAJAÍ, 2011, s/p).
pelas crianças que ingressam para o ensino fundamental” e “estabelecer uma ponte de
comunicação entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental” (Idem). Tais objetivos
reiteram a afirmação apresentada no parágrafo anterior; a forte preocupação com o impacto
causado pela transição da educação infantil para o ensino fundamental.
Para, de fato, cumprir com os objetivos apresentados pelo projeto, algumas ações
também foram traçadas. Dentre essas ações estão “encontros frequentes entre professores da
Educação Infantil e Ensino Fundamental para a discussão da proposta” (Idem). No texto que
sustenta o projeto fica evidente que a equipe proponente acredita que a aproximação entre os
Centros de Educação Infantil e as Escolas de fato aconteça. Um dos primeiros passos para as
ações pretendidas pelo projeto foi a escolha do nome.
Por trabalhar com a infância, o projeto propõe entre o Ensino Fundamental e a
Educação infantil um compartilhar de saberes. “A Educação Infantil e o Ensino Fundamental
poderiam compartilhar saberes e criar novos modos de pensar e agir, já que trabalham com
um mesmo ciclo de vida: a infância” (ITAJAÍ, 2011, s/p). O projeto também utiliza-se de
documentos oficiais que mencionam a proposta de articulação. Dentre os documentos são
apresentados as Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade (MEC, 2007); as
Diretrizes Nacionais da Educação Básica (Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010, art. 18); as
Diretrizes Nacionais da Educação Infantil (Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, art.
11); a Resolução nº 001/COMED/2009 que dispõe sobre a matriz curricular para o ensino de
nove anos de Itajaí.
O ano de 2013 foi um período que ficou, especificamente, sob a organização das
escolas. O projeto teve um andamento mais autônomo nas unidades de ensino e a Secretaria
acabou por não ter registros das ações realizadas5.
Com o decorrer do projeto, seus aprimoramentos e análises, no ano de 2014, foram
traçados novos objetivos assim denominados:
5Por ausência de documentos referentes a esse período, não foi possível explorar o desenvolvimento do projeto
no ano de 2013.
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dentro das unidades. A Secretaria Municipal de Educação de Itajaí buscou, então, trazer os
dados dos PPPs das instituições para analisar a evolução do projeto. A partir dessa análise dos
PPPs das escolas, fica evidente o distanciamento entre as instituições de Educação Infantil e
do Ensino Fundamental. Isso não significa que não haja ações nas escolas, pois ao analisar,
através de um questionário, com a seguinte pergunta: “como a escola recebe as crianças da
educação infantil?”, a Secretaria percebeu a presença de ações isoladas. 56% das escolas (22
unidades) realizaram ações no início do ano letivo na própria escola. Os 44% restantes (16
unidades) realizaram ações de articulação entre as unidades.6
Considerando a pouca presença do projeto descrito nos PPPs, cabe questionar qual o
entendimento que essas instituições têm sobre o PPP? Não alimentar o PPP com o projeto
acaba por torná-lo um “projeto de gaveta”, pela importância do PPP e sua função dentro de
uma instituição (seja ela de educação infantil ou de ensino fundamental).
Com isso, é possível perceber que a articulação entre esses dois períodos da educação,
não se faz através de ações isoladas, é preciso diálogo entre as demais unidades. Segundo o
texto do Projeto “é necessário pensarmos em ações que incentivem o diálogo e o
planejamento coletivo e colaborativo” (ITAJAÍ, 2014).
Tendo em vista a melhor realização do trabalho, as unidades da prefeitura de Itajaí
(sejam elas de Educação Infantil ou Ensino Fundamental), foram divididas em Polos
Educativos, subdividido em agrupamentos, conforme proximidade das unidades.
Com essa divisão, se tornou mais fácil a dinamização da apresentação do Projeto. Isso
inclui formações sobre o projeto, planejamento de ações e desses encontros, fazer o
planejamento das ações de articulação por unidades7.
Este projeto prevê, através das alternativas apresentadas, o que é contemplado na
resolução nº 001/COMED/2009 art. 5º que define a nova matriz curricular para o ensino de
nove anos de Itajaí:
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Dados retirados dos documentos oficiais do Projeto.
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Esses itens serão apresentados e discutidos no próximo subitem.
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É evidente que não se pode alcançar a transição perfeita, visto que um dos maiores
erros que ocorre nessa transição é a concepção de criança quando esta sai da educação infantil
para o ensino fundamental. A concepção passa de “criança” (da educação infantil) para
“aluno” (no ensino fundamental). Ou seja, acaba por passar de um indivíduo em uma fase
inicial da vida – criança – para um indivíduo que se dedica a aprendizagem – aluno. É como
se a criança não fosse mais criança, mas sim “crescesse” de uma forma em que a brincadeira,
agora, ficaria relegada a um segundo plano. As especificidades da Educação Infantil e do
Ensino Fundamental são diferentes, mas não se pode esquecer que o sujeito que faz parte
desse sistema é o mesmo: a criança. E, com isso, lembrar de que se trata de um mesmo
direito: o direito à infância (em todas as suas peculiaridades).
Sendo assim, e tendo como referência o texto do Projeto, é possível verificar o intento
em buscar um meio para amenizar essas rupturas vividas pelas crianças. Para isso, foi
proposto o desenvolvimento de planos de ações pelas unidades pertencentes ao projeto, a fim
de que as instituições já pudessem colocar em prática o proposto pelo projeto.
que ele se configura numa categoria. Então, pelo número de incidências que as expressões
“reconhecimento da infância”, “participação das famílias”, “encontro entre os professores”,
foram recorrentes dentro da análise dos planos de ações, as elegemos por serem o tripé, a
estrutura que sustenta todos os planos de ações.
Na categoria “participação das famílias”, foram analisadas algumas situações que
apareceram nos planos de ações. Foram elas: encontro de pais das turmas, reunião com os
pais para apresentação da nova instituição, promover encontros de pais nas instituições para
esclarecimento e apresentar aos pais, em reuniões, a proposta da unidade vigente.
E por que é importante a participação da família? Porque os professores auxiliam a
criança na transição dentro do espaço escolar. A família, deve trabalhar em conjunto com a
escola, e de forma cooperativa, como apregoa o artigo 205 da Constituição de 98 (BRASIL,
1998, grifo nosso): “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A
proposta de trazer a família para o projeto e apresentar a maneira que ele funciona, tranquiliza
nessa nova etapa a enfrentar.
Na categoria de “reconhecimento da infância”, alguns dados de análise levantados
foram: brincadeiras diversas, exploração de novas mídias, contação de histórias, visitas com
as crianças às escolas, espaço cultural, espaço de artes, fantasias e biblioteca. As ações
propostas, conforme foram analisadas nos planos, fazem com que a criança já estabeleça uma
relação com a criança da outra instituição. Além disso, promove um convívio, através de
atividades atrativas que oportunizam o convívio entre as crianças, facilitando o processo de
transição, fazendo com que a criança se sinta segura no espaço diferente que ela passará a
frequentar. Além disso, o processo de brincar ajuda na construção do conhecimento, como
destaca a autora Flávia Barros:
Por fim, e não menos importante, na terceira categoria “participação dos professores”
foram levantados os dados de análise: encaminhamento de avaliações, reunião entre os
professores das unidades envolvidas, realização de momentos de estudo, apresentação do
projeto aos professores, discussão de proposta entre os professores. Essa categoria dos
professores é muito importante. Isso promove a integração entre os docentes da educação
infantil e do ensino fundamental, fazendo com que os mesmos tenham conhecimento mútuo,
dando continuidade, aparentemente, mais tranquila entre as duas fases: Educação Infantil e
Ensino Fundamental.
Então, a participação dos professores, as formações continuadas e demais encontros,
acabam por formar um professor reflexivo-crítico. Para elucidar melhor:
Tendo em vista todos os aspectos observados, percebe-se que muito se avançou desde
o início do Projeto Primeiros Passos, concretizado em planos e ações pelas unidades.
Chegando ao final da ponte, podemos perceber que nesse projeto foi possível verificar
o respeito à infância. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI)
(BRASIL, 1998, p. 21), nos mostra que “as crianças possuem uma natureza singular, que as
caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio”. Por isso,
devemos zelar por essas crianças e essas infâncias que passam por um momento muito
delicado nessa fase.
Por todos esses aspectos, faz-se necessário que a ideia concreta apresentada aqui, tome
proporções cada vez maiores, levando o referido projeto a progredir cada vez mais e
incentivando outras unidades e outras prefeituras a tomarem a mesma iniciativa.
Considerações Finais
Essa é uma questão que merece ser investigada em estudos futuros. E no seu bojo refletir
sobre aprender brincando e como nosso entorno pode ser explorado ludicamente. Essas são
algumas das inquietações decorrentes desse estudo e que merecem mais estudos, haja vista as
possibilidades que sinalizam.
Por fim, destacamos o planejamento de ações conjuntas com docentes, família e
crianças. A criança como sujeito (sofrendo e executando as ações), ainda faz parte de um
meio que a influencia: professores e ambiente familiar. Acreditamos que esses três agentes em
parceria possam contribuir para a construção de uma educação melhor, de uma transição mais
tranquila e da constituição da criança como ser humano reflexivo, ativo e protagonista de sua
própria história.
REFERÊNCIAS
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