Taxa
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TOMO 5
DIREITO TRIBUTÁRIO
COORDENAÇÃO DO TOMO 5
Paulo de Barros Carvalho
Maria Leonor Leite Vieira
Robson Maia Lins
Editora PUCSP
São Paulo
2019
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUCSP
DIREITO TRIBUTÁRIO
DIRETOR
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
Pedro Paulo Teixeira Manus
DE SÃO PAULO
DIRETOR ADJUNTO
FACULDADE DE DIREITO Vidal Serrano Nunes Júnior
CONSELHO EDITORIAL
1.Direito - Enciclopédia. I. Campilongo, Celso Fernandes. II. Gonzaga, Alvaro. III. Freire,
André Luiz. IV. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
1
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUCSP
DIREITO TRIBUTÁRIO
TAXA
Simone Rodrigues Costa Barreto
INTRODUÇÃO
A taxa é uma espécie tributária cuja cobrança é vinculada a uma atuação estatal.
Prevista no art. 145, II, da Constituição Federal de 1988, o tributo em estudo caracteriza-
se por sua natureza vinculada e pela referibilidade que a atuação estatal deve guardar com
o contribuinte.
A Constituição estabelece que a taxa pode ser exigida em decorrência da
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ou
colocado à disposição do usuário ou, ainda, em razão do exercício do poder de polícia.
Nesse cenário, cumpre especificar as materialidades das taxas, a partir de seu
contorno constitucional. O estudo se dará por meio da análise de cada critério da regra-
matriz de incidência tributária deste tributo, denotando o seu conteúdo e trazendo à baila
as principais discussões sobre o tema nas Cortes Superiores.
SUMÁRIO
Introdução ......................................................................................................................... 2
2
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUCSP
DIREITO TRIBUTÁRIO
Referências ..................................................................................................................... 17
A Constituição Federal, em seu art. 145, II, outorga aos entes federados a
competência tributária para a instituição das taxas, exigidas mediante a atuação estatal
diretamente relacionada ao contribuinte. Pode o Poder Público exigir a taxa do
contribuinte que utilizou, efetiva ou potencialmente, um serviço público específico e
divisível, ou em razão do exercício do poder de polícia. Eis a dicção do aludido artigo:
“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão
instituir os seguintes tributos:
(...)
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva
ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposição;
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. As taxas
são espécie tributária prevista no art. XXX da CF/88, sendo tributos
vinculados, isto é, seu critério material da regra matriz de incidência tributária
consiste em uma atuação estatal.”
A vinculação da exigência do tributo a uma atuação estatal é característica
destacada por Geraldo Ataliba, que confere especial enfoque à referibilidade que a
atuação estatal deve guardar com o contribuinte. Eis suas lições:
“a hipótese de incidência da taxa é uma atuação estatal diretamente
(imediatamente) referida ao obrigado (pessoa que vai ser posta como sujeito
passivo da relação obrigacional que tem a taxa por objeto).
(...)
Do que se vê que, para que se configure a taxa, basta a lei prever a atuação
estatal que tenha referibilidade a alguém (que poderá ser posto como sujeito
3
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DIREITO TRIBUTÁRIO
passivo do tributo). Este tributo irá nascer com a referibilidade (no momento
em que a atuação estatal se referir concretamente a alguém)”.1
Geraldo Ataliba nos diz, ainda, que, justamente por ser necessária a
referibilidade da atuação estatal com o contribuinte, nas taxas é prescindível que a
Constituição discrimine as competências para a sua instituição, como fez com os
impostos. Isso porque somente o ente federado competente para realizar a atuação estatal
é quem detêm a competência para legislar sobre sua atividade e sobre ela instituir a
exação.2
Não é outro o entendimento de Roque Antônio Carrazza que, ao dizer que a
competência para a instituição das taxas seria comum, adverte o leitor de que os entes
federados não possuem a competência para a criação das mesmas taxas.3
Cada pessoa política somente poderá instituir uma taxa sobre a prestação de um
serviço público ou pelo exercício de um poder de polícia se tiver competência
administrativa para fazê-lo. Como a Constituição4 discriminou as competências
administrativa de incumbência de cada ente federado, ele somente poderá instituir a taxa
sobre o serviço de sua atribuição.
Neste ponto, o art. 80 do CTN assim preceitua:
“Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se
compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, as
Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos
Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas
pessoas de direito público”.
Nesse contexto, somente se a atribuição para realizar o serviço público ou
exercer o poder de polícia competir a pessoa política, é que, ao executar a sua atuação
estatal, ela poderá instituir a taxa.
Assim, vislumbra-se que, nos tributos vinculados, existem duas relações
jurídicas distintas, mas que devem ser combinadas. A primeira consiste em uma relação
1
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária, p. 147.
2
Idem, p. 155.
3
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário, p. 738.
4
O art. 21 do texto constitucional discrimina as competências administrativas da União; no art. 25 da
CF/1988 encontram-se as competências dos Estados; os arts. 29 e 30 da CF/1988 preceituam as dos
Municípios e, por fim, o art. 32 da CF/1988 dispõe sobre as competências do Distrito Federal.
4
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Além das balizas contidas na norma que outorgou a competência tributária (art.
145, II, da Constituição Federal de 1988), a instituição e a cobrança das taxas estão
subordinadas aos princípios constitucionais tributários. Isto é, a sua instituição é matéria
reservada à lei, conforme preceitua o art. 150, I, da Constituição Federal 1988; deve
obediência ao princípio da isonomia disposto no art. 150, II da CF, seja para fins de
assegurar a “generalidade com que devem ser gravados os contribuintes que se encontrem
nas condições explicitadas na lei, seja quanto a serem esses mesmo contribuintes
gravados igualmente, em condições iguais e desigualmente, quando essas mesmas
condições forem discrepantes”.7
O regime jurídico das taxas sujeita-se, ainda, aos princípios da irretroatividade
(art. 150, III, “a”, da Constituição Federal de 1988); da anterioridade (art. 150, III, “b” e
“c”, da Constituição Federal de 1988); do não-confisco (art. 150, IV, da Constituição
Federal de 1988), além de outros previstos constitucionalmente.
Assim, deve o Poder Público observar que, ao instituir uma taxa, a mesma só
pode ser exigida no exercício financeiro subsequente e após o interstício de noventa dias
da data de publicação da lei, submetendo-se às garantias constitucionais asseguradas aos
contribuintes.
5
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário, p. 739.
6
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário – linguagem e método, p. 787.
7
BARRETO, Aires Fernandino. Curso de direito municipal, p. 457.
5
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8
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças, p. 240.
9
BECHO, Renato Lopes. Lições de direito tributário, p. 286.
10
BARRETO, Aires Fernandino. Curso de direito municipal, p. 459.
11
COÊLHO, Sacha Calmon. Comentários à Constituição de 1988 – sistema tributário, p. 69.
6
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Cumpre reiterar que a taxa é espécie de tributo vinculado a uma atuação estatal.
Desta forma, o primeiro pressuposto para a sua exigência é a atuação do Estado
diretamente ligada ao contribuinte.
A direta ligação entre a atuação estatal e o sujeito passivo do tributo é intitulada
de referibilidade. Por força dela, é vedado à lei exigir uma taxa de pessoa que não esteja
ligada à atuação estatal. Assim, como exemplifica Geraldo Ataliba, “um Município não
poderia exigir uma taxa de conservação de rua de um proprietário não lindeiro à via
pública que percebeu o serviço. Ou taxa por serviço de correio que ele não utilizou, nem
por taxa de fiscalização que não houve”. 14
São dele as lições que destacam a necessidade da referibilidade da atuação estatal
ao contribuinte para a exigência da taxa. Em suas palavras: “[é] essencial à definição da
12
Celso Ribeiro Bastos adverte para o fato de que os Municípios são o “centro da vida ativa (ou de
atividades) das pessoas. A rua é a maior expressão que se tem de um bem público e não se pode privar ou
restringir o acesso a ela, sob pena de prejudicar drasticamente a liberdade e a vida civil dos munícipes”.
BASTOS, Celso Seixas Ribeiro. Curso de direito constitucional, p. 625.
13
Para maiores esclarecimentos sobre o tema, consultar o verbete tarifa.
14
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária, p. 156.
7
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15
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária, p. 156.
16
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário, p. 600.
17
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo, p. 642.
8
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18
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário – linguagem e método, p. 789.
19
Idem, p. 789.
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essenciais à sociedade, de modo que, basta que o Estado o ofereça, para que do particular
possa ser exigida a taxa.
Por outro turno, essa espécie tributária também deve ser analisada sob o ângulo
da retributividade, decorrência natural da referibilidade direta da atuação estatal, segundo
a qual o pagamento da taxa deve refletir a contraprestação pecuniária pelo
reconhecimento do serviço público prestado efetivamente ou em potencial. 20
Nessa esteira, nota-se que a taxa pela utilização de serviços públicos pressupõe
a especificidade e a divisibilidade do serviço público efetivamente utilizado pelo
contribuinte ou posto à sua disposição.
Com fulcro nessas premissas, o STF declarou a inconstitucionalidade da
exigência de taxa para fins de remunerar o serviço de iluminação pública, o que ocasionou
a elaboração do enunciado sumular 41: “o serviço de iluminação pública não pode ser
remunerado mediante taxa”. Os julgados que embasaram a elaboração do enunciado
sumular bem destacaram que o serviço de iluminação pública não seria específico nem
divisível, o que impossibilitaria a sua remuneração mediante taxa. O Ministro Ricardo
Lewandowski, ao julgar o RE 573.675, consignou em seu voto:
“constitucional. Tributário. RE interposto contra decisão proferida em ação
direta de inconstitucionalidade estadual. Contribuição para o custeio do
serviço de iluminação pública – COSIP. Art. 149-A da Constituição Federal.
Lei complementar 7/2002, do Município de São José, Santa Catarina.
Cobrança realizada na fatura de energia elétrica. Universo de contribuintes
que não coincide com o de beneficiários do serviço. Base de cálculo que
leva em consideração o custo da iluminação pública e o consumo de energia.
Progressividade da alíquota que expressa o rateio das despesas incorridas pelo
município. Ofensa aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva.
Inocorrência. Exação que respeita os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade. Recurso extraordinário improvido. I – Lei que restringe os
contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município
não ofende o princípio da isonomia, ante a impossibilidade de se identificar e
tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública. II – A
progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da iluminação
20
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário – linguagem e método, p. 789.
10
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21
STF, RE 573675, Tribunal Pleno, rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 25.03.2009.
22
STF, AI AgR 479587, Segunda Turma, rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 03.03.2009.
23
STF, AI AgR 463910, Primeira Turma, rel. Min. Ayres Britto, j. 20.06.2006.
24
“(...) observo, inicialmente, que o Supremo Tribunal Federal fixou balizas quanto à interpretação dada
ao art. 145, II, da Constituição, no que concerne à cobrança de taxas pelos serviços públicos de limpeza
prestados à sociedade. Com efeito, a Corte entende como específicos e divisíveis os serviços públicos de
coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas
atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza realizados em benefício
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Nota-se, pois, que à luz do direito posto, bem como da jurisprudência do STF,
para fins de exigência da taxa pela utilização de serviços públicos, necessário se faz que
a atuação estatal seja específica e divisível, e que a sua utilização seja efetiva ou potencial.
da população em geral (uti universi) e de forma indivisível, tais como os de conservação e limpeza de
logradouros e bens públicos (praças, calçadas, vias, ruas, bueiros). Decorre daí que as taxas cobradas em
razão exclusivamente dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou
resíduos provenientes de imóveis são constitucionais, ao passo que é inconstitucional a cobrança de valores
tidos como taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos. (...) Além
disso, no que diz respeito ao argumento da utilização de base de cálculo própria de impostos, o Tribunal
reconhece a constitucionalidade de taxas quem na apuração do montante devido, adote um ou mais dos
elementos que compõem a base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não se verifique
identidade integral entre uma base e a outra”. (STF, RE RG-QO 576321, Tribunal Pleno, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, j. 04.12.2008, com repercussão geral - tema 146)
12
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25
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo, p. 221.
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Como a taxa é espécie tributária cuja instituição pode ser realizada por quaisquer
dos entes federados, a depender de sua competência administrativa, a análise do seu
critério espacial dependerá da lei específica que a institua.
26
STF, RE 588.322, Tribunal Pleno, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 16.06.2010, com repercussão geral.
14
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27
BARRETO, Aires Fernandino. Base de cálculo, alíquota e princípios constitucionais, p. 56.
28
Idem, p. 89.
29
Idem, p. 90.
15
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de fazer sentido sem a existência do outro. Assim, a base de cálculo mensura o valor da
atuação estatal em uma “unidade de atuação” e a alíquota multiplica esta unidade por
metros quadrados, testadas, conforme dispor o legislador.
O STF já se manifestou pela inconstitucionalidade da cobrança de taxa em razão
de sua base de cálculo não aferir o valor da atuação estatal. Eis um julgado que demonstra
o exposto:
“Taxa de Licença para Localização, Funcionamento e Instalação. Base de
cálculo. Número de empregados. Dado insuficiente para aferir o efetivo poder
de polícia. Art. 6º da Lei 9.670/1983. Inconstitucionalidade. Jurisprudência
pacífica da Corte. A taxa é um tributo contraprestacional (vinculado) usado na
remuneração de uma atividade específica, seja serviço ou exercício do poder
de polícia e, por isso, não se atém a signos presuntivos de riqueza. As taxas
comprometem-se tão somente com o custo do serviço específico e divisível
que as motiva, ou com a atividade de polícia desenvolvida. A base de cálculo
proposta no art. 6º da Lei 9.670/1983 atinente à taxa de polícia se desvincula
do maior ou menor trabalho ou atividade que o poder público se vê obrigado
a desempenhar em decorrência da força econômica do contribuinte. O que se
leva em conta, pois, não é a efetiva atividade do poder público, mas,
simplesmente, um dado objetivo, meramente estimativo ou presuntivo de um
ônus à administração pública. No tocante à base de cálculo questionada nos
autos, é de se notar que, no RE 88.327/SP, rel. min. Décio Miranda (DJ de 28-
9-1979), o Tribunal Pleno já havia assentado a ilegitimidade de taxas cobradas
em razão do número de empregados. Essa jurisprudência vem sendo mantida
de forma mansa e pacífica”.30
Nota-se, pois, que o STF tem analisado o tema de modo a verificar se a base
de cálculo da exação traduz o custo da atuação estatal, ou seja, se a base de cálculo
representa grandeza que dimensiona a hipótese de incidência da taxa exigida.
Ainda acerca da base de cálculo desta espécie tributária, vale registrar que o
Texto Constitucional traz uma limitação expressa em seu § 2º do art. 145,31 ao vedar a
instituição de taxas cuja base de cálculo seja própria de impostos. Trata-se de mera
declaração do constituinte, na medida em que uma taxa com base de cálculo própria de
30
STF, RE 554.951, Primeira Turma, rel. Min. Dias Toffoli, j. em 15.10.2013.
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Art. 145, § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
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imposto seria inconstitucional mesmo se esse comando não fosse positivado. Isso ocorre
porque a base de cálculo do tributo decorre da eleição de sua hipótese de incidência. E
como os impostos e as taxas são tributos diametralmente opostos, já que o primeiro é não
vinculado e o segundo é vinculado a uma atuação estatal, a outra conclusão não se pode
chegar senão a da impossibilidade de coincidência de suas bases de cálculo. Nas taxas, a
base de cálculo refletirá o dimensionamento da atuação estatal e nos impostos, a
mensuração do fato praticado pelo particular.
O STF analisou o tema ao julgar a taxa cobrada pela utilização dos serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes
de imóveis.32 A exação tem por base de cálculo o tamanho do imóvel, também utilizado
na base de cálculo do IPTU, o que seria próprio de imposto.
À vista do exposto, denota-se que a base de cálculo da taxa exprimirá o
dimensionamento do custo da atividade estatal por unidade e a alíquota, por sua vez,
multiplicará a base de cálculo por metros quadrados, testadas, conforme dispor o
legislador.
REFERÊNCIAS
32
STF, RE RG-QO 576321, Tribunal Pleno, rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. em 04.12.2008, com
repercussão geral - tema 146.
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