Direito Processual Civil

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 13

Direito Processual Civil

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL


O processo surgi porque ao Estado, em determinada época da evolução histórica, foi atribuído o poder-
dever de solucionar os conflitos de interesses.

Uma das definições de Direito: “Conjunto de normas dotadas de coercibilidade, que disciplinam a vida
social” Bandeira Melo.

Processo Civil: Conflito de interesses + pretensão levada ao Estado-juiz

1.1 O CONFLITO DE INTERESSES


O conflito de interesses acontece quando sujeitos entram em discordância. Necessitando de um Estado-
juiz para a resolução de conflito de forma técnica. Surgindo assim o Direito Processual civil. Seus motivos
tendem a ser: Lacunas na lei, obscuridades da lei (as vezes ambígua e não óbvia, gerando interpretação
mais favorável), lei constitucional e descumprimento da lei.

O conflito é um fenômeno sociológico, podendo ser processual, mas nasce sociológico. Sua resolução pode
acontecer através de um acordo entre as partes em litígio, caso não haja consenso o estado exerce de
maneira coercitiva (obrigatória). Pelo Princípio da Inafastabilidade o juiz não pode deixar de julgar - Non
liquet: Estado não pode deixar de resolver.

1.2 INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO


O processo não é um fim em si, mas um meio, um instrumento pra fazer valer o direito desrespeitado e
conseguir determinado resultado (prestação jurisdicional). Ou seja, instrumento da jurisdição (aplicação da
lei ao caso concreto). O processo não é apenas técnico, mas um mecanismo ético-político-social na solução
de conflitos.

Da instrumentalidade do processo, deriva a instrumentalidade das formas, ou seja, a desobediência a


determinada forma prescrita não invalida o ato que tenha atingido o resultado previsto.

Art. 188 “Os atos e os termos processuais


independem de forma determinada salvo quando a lei
expressamente a exigir, considerando-se válidos os
que, realizados de outro modo, lhe preencham a
finalidade essencial”.

1.3 DIREITO MATERIAL X DIREITO PROCESSUAL


O Direito Material, também chamado de subjetivo, é o direito que dita quais são os direitos de cada um. O
direito processual é um meio para fazer valer o direito material. Normas de Direito material: Direito a
Alimentos – Interesse primário.

Direito Processual é onde contém as normas (regras e princípios) que direcionam a resolução de conflitos.
Funcionando como principal instrumento do Estado para o exercício do poder jurisdicional. A atribuição ao
estado na resolução de conflito, tornou ilícita a autotutela. Normas de Direito Processual: Ação de
alimentos – interesse secundário. O processo goza de autonomia relativa em relação ao direito material
discutido.

1.4 DIREITO PÚBLICO X DIREITO PRIVADO


Uma das funções soberanas do Estado é exercer a jurisdição. Humberto Theodoro Jr diz “Não se pode
deixar de consignar que, mesmo quando o conflito de interesses é eminentemente privado, há no processo
sempre um interesse público, que é o da pacificação social e o da manutenção do império da ordem
jurídica, mediante realização da vontade concreta da lei.” Ou seja, o Direito público rege a relação Estado
– Particular, enquanto o Direito Privado rege as relações horizontais.

O conflito pode ser privado, mas quando posta em juízo, passa a ser o Estado-juiz o regulador, pertencendo
ao Direito Público. Não há uma separação sólida, em que todas as relações sejam regidas por um único
ramo. O que define é a preponderância.

1.5 RELAÇÃO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO


Direito Constitucional x Direito Processual Civil: As normas constitucionais possuem relevância para o
processo civil, sendo a base: a garantia geral do acesso à justiça (art. 5º, XXXV), a isonomia (art. 5º, caput
e inc. I) e o contraditório (art. 5º, LV). A Constituição traça regras como a do tratamento igualitário das
partes do processo (art. 5º, I); a que assegura a todos o direito de submeter toda e qualquer lesão de
direitos à apreciação do Poder Judiciário (art. 5º, XXXV); a que proclama a intangibilidade da coisa julgada
(art. 5º, XXXVI); as que proíbem a prisão por dívidas (art. 5º, LXVII), os juízos de exceção (art. 5º, XXXVII) e
as provas ilícitas (art. 5º, LVI); as que garantem o devido processo legal (art. 5º, LIV), o contraditório e
ampla defesa (art. 5º, LV), o juiz natural (art. 5º, LIII), a razoável duração do processo e os meios para
assegurar a celeridade de sua tramitação (art. 5º, LXXVIII).

Direito Processual Civil e x Direito Penal: têm em comum os institutos fundamentais (jurisdição, ação,
defesa e processo) e os princípios estruturais (devido processo legal, isonomia, contraditório). Muitas são
as relações com outros ramos; assim como algumas ilicitudes praticadas no curso do processo são punidas
no âmbito penal – falso testemunho, falsa perícia e apropriação indébita.

Direito Processual Civil x Direito Civil e Comercial: São mais estreitas ainda as relações entre Processual
Civil e Direito Civil e Comercial, pois são nesses que contém o direito material a ser debatido e
solucionado. É o direito privado que regula. O processo direciona ao juiz o dever de aplicar as regras
materiais estabelecidas pelo direito privado na composição da maioria dos litígios que lhe são submetidos
a julgamento.
Normas Jurídicas
2. NORMAS JURÍDICAS
Características:
GENERALIDADE, já que ela se aplica a todas as pessoas indistintamente, de maneira genérica, ou
ao menos a uma categoria delas. Caráter abstrato.

IMPERATIVIDADE, pois impõe uma obrigação. Por isso, a norma tem, em regra, caráter bilateral:
a cada dever imposto corresponde um direito. Exemplo: se impõe o dever de não causar dano a
alguém, assegura à vítima do dano o direito de ser indenizada.

AUTORIZAMENTO, que consiste na possibilidade de o lesado pela violação à norma exigir-lhe o


cumprimento. Exigência do cumprimento da lei.

PERMANÊNCIA, pois a norma vigora e prevalece até sua revogação. Princípio da Continuidade da
lei.

EMANAÇÃO DA AUTORIDADE COMPETENTE, nos termos impostos pela Constituição Federal.

Categorias:
COGENTE: de ordem pública, não pode ser derrogada pela vontade do particular. Editada com
finalidade de resguardar os interesses da sociedade, possuindo uma imperatividade absoluta.

NÃO COGENTE: De interesse particular. Sua imperatividade é relativa. Subdivide-se em:

– PERMISSIVA: quando autoriza o interessado a derrogá-la, dispondo da


matéria da forma como lhe convier.

– SUPLETIVA: aplicável na falta de disposição em contrário das partes, possui


um caráter subsidiário – caso não se resolva entre as partes.

Ex: Art. 190. Versando o processo sobre direitos que

admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente


capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-
lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

Art. 357 § 3º Se a causa apresentar complexidade em


matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar
audiência para que o saneamento seja feito em cooperação
com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso,
convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.

2.1 NORMA PROCESSUAL


Norma que trata das relações processuais e procedimentos a serem seguidos. As relações processuais são
relativas aos que participam do processo, fixando direitos e deveres e estabelecendo diretrizes ao juiz. As
normas de direito processual são predominantemente cogentes.

2.2 FONTES FORMAIS DO DIREITO aquilo que produz o direito.


Material – Fatores que levam a elaboração da norma (seja social, sanitária..)
Formais – Primárias: Leis e princípios (devido ao sistema de freios e contrapesos, os princípios
direcionam o legislativo e judiciário a trabalharem num parâmetro único).
Secundárias: Doutrina; jurisprudência; analogia, costume e princípios gerais do direito; súmula
vinculante e Decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF em controle direto de
constitucionalidade.

Art. 22, I, da Constituição Federal, compete à União legislar sobre o direito processual civil. Todavia, o art.
24, XI, da CF atribui competência concorrente à União e aos Estados para legislar sobre “procedimento em
matéria processual”. Em regra, as normas procedimentais são as que versam exclusivamente sobre a forma
pela qual os atos processuais se realizam e se sucedem no tempo.

Lei
 Fonte primária (princípio da legalidade)
 Derivado de regra ou princípio
 Tem caráter geral e abstrato.

Legislação: Sentido restrito Disposições do Legislativo (art. 59 da CF)

Sentido amplo Todo ato normativo (geral e abstrato) imposto coativamente pelo Estado,
regrando as relações jurídicas.

Hierarquia:
Art. 5º LV - aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes;

Jurisprudência
Definição: Decisões reiteradas sobre determinado assunto.

Influência na construção do Direito

Fonte Secundário Controle abstrato de constitucionalidade


Quando o STF não julga um caso concreto, mas
Súmula Vinculante uma lei.

Ex: Aborto de feto anencéfalo; decidiu de uma


forma abstrata.

Doutrina
 Trabalho dos juristas. A doutrina tenta pacificar alguma divergência. Coordena uma ciência
jurídica, aquilo que entende e influencia na elaboração das leis. É uma fonte secundária que
interfere na primária, já que auxilia na elaboração das leis.
 Construtivo da ciência jurídica
 Influencia na elaboração das leis
 Influencia nas decisões

Costumes
Art. 4 LINDB Para interpretação da lei pelo costume é necessária que a lei aplicada ao caso concreto seja
omissa.

Não possuem um lapso temporal; não deve contrariar a moralidade, embora costume, se for negativo
não será considerado fonte do direito. Ex: filas.

 Costume: Uso reiterado de uma conduta, que em determinado


 Tido como obrigatório
 Continuidade e uniformidade
 De acordo com a lei e moral

3. INTERPRETAÇÃO DA LEI
HERMENÊUTICA JURÍDICA

LEI PROCESSUAL CIVIL NO ESPAÇO

4. EFICÁCIA
As normas de processo civil têm validade e eficácia, em caráter exclusivo, sobre todo o território
nacional, como estabelece o art. 16 do CPC. Ou seja, normas de processo estrangeiro não têm
eficácia no Brasil, salvo homologação pelo STF.

Art. 13. A jurisdição civil será regida


pelas normas processuais brasileiras,
ressalvadas as disposições específicas
previstas em tratados, convenções ou
acordos internacionais de que o Brasil
seja parte.

Art. 16. A jurisdição civil é exercida


pelos juízes e pelos tribunais em todo o
território nacional, conforme as
disposições deste Código.

 Não se pode confundir as normas de processo com as de direito material, aplicadas à relação
jurídica discutida no processo.
O direito processual regulamenta a forma que o processo deve caminhar, norma de direito
adjetivo e o direito material visualiza o bem jurídico que foi violado, norma de direito
substantivo.

LEI PROCESSUAL CIVIL NO TEMPO


Art. 1º da LINDB: “Salvo
disposição contrária, a lei começa a
vigorar em todo o país 45
(quarenta e cinco dias) depois de
oficialmente publicada”. 3 MESES
DE VACATIO LEGIS PARA O
INTERNACIONAL.

A vigência estende-se até que seja revogada por lei posterior, que expressamente o declare ou
quando com ela seja incompatível ou regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.

Direito Intertemporal: Conjunto de normas que regulam a aplicabilidade da lei nova nos
processos já iniciados.

- Processos concluídos não são afetados e processo em andamento. Tempus regit actum.

Art. 14. A norma processual não


retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em
curso, respeitados os atos
processuais praticados e as
situações jurídicas consolidadas
sob a vigência da norma revogada.

5. ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS


 A nova lei deve respeitar os atos processuais já realizados e consumados dentro do processo

 Os atos que ainda serão realizados devem respeitar a nova lei processual

 Atos ainda não consumados devem observar a lei vigente no momento da intimação

 A nova lei não pode retroagir para prejudicar direitos processuais adquiridos, mas sim para
beneficiar. Ex. prazo recursal ampliado.

6. MUDANÇA DE COMPETÊNCIA
Se a nova lei alterar a competência, será remetido para outro lugar? Não.
Art. 43. Determina-se a
competência no momento do
registro ou da distribuição da
petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações
do estado de fato ou de
direito ocorridas
posteriormente, salvo
quando suprimirem órgão
judiciário ou alterarem a
competência absoluta.

Princípios do Direito Civil


Premissas sobre as quais se apoiam as ciências.

CONSTITUCIONAIS

1. Devido Processo Legal


Tutela processual. Assegura que ninguém perca os seus bens ou a sua liberdade sem que sejam respeitadas
a lei e as garantias processuais inerentes ao processo. Pode ser substancial ou processual.

2. Acesso à Justiça
A lei não pode excluir da apreciação do Judiciário nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direito. E o Judiciário
deve responder a todos os requerimentos a ele dirigidos (ação em sentido amplo). Também chamado de
Inafastabilidade de Jurisdição.

Art. 5º, XXXV, da CF: “A


lei não excluirá da
apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça
a direito”.

A Lei de Arbitragem permitiu aos conflitantes atribuir a solução a um árbitro,


que proferirá sua decisão com força de sentença, sem necessidade de
posterior homologação do Poder Judiciário. Não há inconstitucionalidade,
nem ofensa ao princípio da inafastabilidade da jurisdição.

3. Contraditório
Deve-se dar ciência aos participantes do processo de tudo o que nele ocorre, dando-lhes
oportunidade de se manifestar e de se opor aos requerimentos do adversário.

“Do contraditório resultam duas exigências: a de se dar ciência aos réus, executados e
interessados, da existência do processo, e aos litigantes de tudo o que nele se passa; e a de
permitir-lhes que se manifestem, que apresentem suas razões, que se oponham à pretensão do
adversário. O juiz tem de ouvir aquilo que os participantes do processo têm a dizer, e, para tanto,
é preciso dar-lhes oportunidade de se manifestar e ciência do que se passa, pois, sem tal
conhecimento, não terão condições adequadas para se manifestar.” GONÇALVES

4. Duração Razoável do Processo


Princípio dirigido ao legislador e ao juiz. Ao legislador, a fim de que, na edição de leis processuais,
cuide para que o processo chegue ao fim almejado no menor tempo possível e com a maior
economia de esforços e gastos. Ao juiz, a fim de que conduza o processo com toda a presteza
possível.

Art. 5º, LXXVIII: “a todos, no âmbito judicial


e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que
garantem a celeridade de sua tramitação”

5. Isonomia
Também dirigida ao legislador e ao juiz, exige que a lei e o Judiciário tratem igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais na medida da sua desigualdade (isonomia real).

6. Imparcialidade do Juiz
Para toda causa há um juiz natural, apurado de acordo com regras previamente existentes no ordenamento
jurídico. Em razão disso, é vedada a criação de juízos ou tribunais de exceção.

7. Duplo grau de Jurisdição


Conquanto não previsto, decorre implicitamente da adoção, pela CF, de um sistema de juízos e tribunais
que julgam recursos contra decisões inferiores. No entanto, nada impede que, em algumas circunstâncias,
não exista o duplo grau.

Requisitos para a caracterização do juiz natural São três:

■ O julgamento deve ser proferido por alguém investido de jurisdição;


■ O órgão julgador deve ser preexistente, vedada a criação de juízos ou tribunais de exceção, instituídos
após o fato, com o intuito específico de julgá-lo;

■ A causa deve ser submetida a julgamento pelo juiz competente, de acordo com regras postas pela
Constituição Federal e por lei.

8. Publicidade dos Atos processuais


Os atos processuais são públicos, o que é necessário para assegurar a transparência da atividade
jurisdicional. A Constituição atribui à lei a regulamentação dos casos de sigilo, quando a defesa da
intimidade ou o interesse público ou social o exigirem. Tal regulamentação foi feita no art. 189 do CPC.

Art. 189. Os atos processuais são públicos,


todavia tramitam em segredo de justiça os
processos:
I - em que o exija o interesse público ou
social;
II - que versem sobre casamento, separação
de corpos, divórcio, separação, união
estável, filiação, alimentos e guarda de
crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo
direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive
sobre cumprimento de carta arbitral, desde
que a confidencialidade estipulada na
arbitragem seja comprovada perante o
juízo.
§ 1º O direito de consultar os autos de
processo que tramite em segredo de justiça
e de pedir certidões de seus atos é restrito
às partes e aos seus procuradores.
§ 2º O terceiro que demonstrar interesse
jurídico pode requerer ao juiz certidão do
dispositivo da sentença, bem como de
inventário e de partilha resultantes de
divórcio ou separação.

9. Motivações das Decisões


Também para que haja transparência da atividade judiciária, há necessidade de que todas as decisões dos
juízos e tribunais sejam motivadas, para que os litigantes, os órgãos superiores e a sociedade possam
conhecer a justificação para cada uma das decisões.

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do


Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os
seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas
as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente
a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não
prejudique o interesse público à informação;

INFRACONSTITUCIONAIS

1. Dispositivo
Cumpre ao interessado ajuizar a demanda e definir os limites objetivos e subjetivos da lide. Nos
processos que versam sobre interesses disponíveis, as partes podem transigir, o autor pode
renunciar ao direito e o réu pode reconhecer o pedido. Mas, no que concerne à condução do
processo e à produção de provas, vigora o princípio inquisitivo, por força do art. 370 do CPC,
sendo supletivas as regras do ônus da prova (art. 373).

2. Oralidade
Originalmente transmitia a ideia de que os atos deveriam ser realizados, em regra, oralmente,
especialmente a colheita de provas em audiência. Porém, nos dias atuais, ainda que realizados
oralmente, os atos devem ser reduzidos à escrita. Atualmente possui maior aplicação no Juizado
Especial Cível.

3. Imediação
Derivado da oralidade, determina que o juiz colha diretamente a prova, sem intermediários.

4. Identidade Física do Juiz


O juiz que colheu prova oral em audiência fica vinculado ao julgamento do processo,
desvinculando-se apenas nas hipóteses do art. 132 do CPC de 1973.

5. Concentração
A audiência de instrução e julgamento é una e contínua. Caso não seja possível concluí-la no
mesmo dia, o juiz designará outra data em continuação.

6. Irrecorribilidade, em separado das decisões interlocutórias


São decisões tomadas no curso do processo. Serão decisões que não é possível recorrer. Em
regra, contra as decisões interlocutórias, o recurso cabível – o agravo – não suspenderá o
processo. Há um número restrito de possibilidades de recurso (art. 1.015), recorríveis por agravo
de instrumento.
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento
contra as decisões interlocutórias que
versarem sobre:
I - tutelas provisórias;
II - mérito do processo;
III - rejeição da alegação de convenção de
arbitragem;
IV - incidente de desconsideração da
personalidade jurídica;
V - rejeição do pedido de gratuidade da
justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação;
VI - exibição ou posse de documento ou
coisa;
VII - exclusão de litisconsorte;
VIII - rejeição do pedido de limitação do
litisconsórcio;
IX - admissão ou inadmissão de
intervenção de terceiros;
X - concessão, modificação ou revogação
do efeito suspensivo aos embargos à
execução;
XI - redistribuição do ônus da prova nos
termos do art. 373, § 1º ;
XII - (VETADO);
XIII - outros casos expressamente referidos
em lei.
Parágrafo único. Também caberá agravo
de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de
liquidação de sentença ou de cumprimento
de sentença, no processo de execução e no
processo de inventário.

As demais decisões interlocutórias, que não integram o rol do art. 1.015, não são recorríveis em separado,
mas em conjunto com a sentença. Pois contra elas não cabe agravo de instrumento. Como não existe mais
o agravo retido, tais decisões são irrecorríveis, ou, mais precisamente, irrecorríveis em separado.

7. Persuasão Racional
Também denominado “livre convencimento motivado” Cabe ao juiz apreciar livremente as
provas, devendo indicar, na sentença, os motivos de sua decisão, que devem estar amparados
nos elementos constantes dos autos. Ligado ao “princípio da fundamentação das decisões
judiciais” (art.93, IX, CF)

8. Boa-fé
Todos aqueles que participam do processo devem comportar-se de acordo com a boa-fé. Essa
boa-fé é objetiva, verifica pelo comportamento no processo. v. art. 77 e 80 do CPC.
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são
deveres das partes, de seus procuradores e de todos
aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa
quando cientes de que são destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou
desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de
natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua
efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar
nos autos, o endereço residencial ou profissional onde
receberão intimações, atualizando essa informação
sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou
definitiva;
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de
lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do
processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente
ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente
protelatório.

9. Cooperação
Exige que as partes cooperem para que o processo alcance bom resultado, em tempo razoável.
Exemplos:
Art. 357 § 3º Se a causa apresentar complexidade
em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz
designar audiência para que o saneamento seja feito
em cooperação com as partes, oportunidade em que
o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou
esclarecer suas alegações.

Você também pode gostar