Direito Processual Civil
Direito Processual Civil
Direito Processual Civil
Uma das definições de Direito: “Conjunto de normas dotadas de coercibilidade, que disciplinam a vida
social” Bandeira Melo.
O conflito é um fenômeno sociológico, podendo ser processual, mas nasce sociológico. Sua resolução pode
acontecer através de um acordo entre as partes em litígio, caso não haja consenso o estado exerce de
maneira coercitiva (obrigatória). Pelo Princípio da Inafastabilidade o juiz não pode deixar de julgar - Non
liquet: Estado não pode deixar de resolver.
Direito Processual é onde contém as normas (regras e princípios) que direcionam a resolução de conflitos.
Funcionando como principal instrumento do Estado para o exercício do poder jurisdicional. A atribuição ao
estado na resolução de conflito, tornou ilícita a autotutela. Normas de Direito Processual: Ação de
alimentos – interesse secundário. O processo goza de autonomia relativa em relação ao direito material
discutido.
O conflito pode ser privado, mas quando posta em juízo, passa a ser o Estado-juiz o regulador, pertencendo
ao Direito Público. Não há uma separação sólida, em que todas as relações sejam regidas por um único
ramo. O que define é a preponderância.
Direito Processual Civil e x Direito Penal: têm em comum os institutos fundamentais (jurisdição, ação,
defesa e processo) e os princípios estruturais (devido processo legal, isonomia, contraditório). Muitas são
as relações com outros ramos; assim como algumas ilicitudes praticadas no curso do processo são punidas
no âmbito penal – falso testemunho, falsa perícia e apropriação indébita.
Direito Processual Civil x Direito Civil e Comercial: São mais estreitas ainda as relações entre Processual
Civil e Direito Civil e Comercial, pois são nesses que contém o direito material a ser debatido e
solucionado. É o direito privado que regula. O processo direciona ao juiz o dever de aplicar as regras
materiais estabelecidas pelo direito privado na composição da maioria dos litígios que lhe são submetidos
a julgamento.
Normas Jurídicas
2. NORMAS JURÍDICAS
Características:
GENERALIDADE, já que ela se aplica a todas as pessoas indistintamente, de maneira genérica, ou
ao menos a uma categoria delas. Caráter abstrato.
IMPERATIVIDADE, pois impõe uma obrigação. Por isso, a norma tem, em regra, caráter bilateral:
a cada dever imposto corresponde um direito. Exemplo: se impõe o dever de não causar dano a
alguém, assegura à vítima do dano o direito de ser indenizada.
PERMANÊNCIA, pois a norma vigora e prevalece até sua revogação. Princípio da Continuidade da
lei.
Categorias:
COGENTE: de ordem pública, não pode ser derrogada pela vontade do particular. Editada com
finalidade de resguardar os interesses da sociedade, possuindo uma imperatividade absoluta.
Art. 22, I, da Constituição Federal, compete à União legislar sobre o direito processual civil. Todavia, o art.
24, XI, da CF atribui competência concorrente à União e aos Estados para legislar sobre “procedimento em
matéria processual”. Em regra, as normas procedimentais são as que versam exclusivamente sobre a forma
pela qual os atos processuais se realizam e se sucedem no tempo.
Lei
Fonte primária (princípio da legalidade)
Derivado de regra ou princípio
Tem caráter geral e abstrato.
Sentido amplo Todo ato normativo (geral e abstrato) imposto coativamente pelo Estado,
regrando as relações jurídicas.
Hierarquia:
Art. 5º LV - aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes;
Jurisprudência
Definição: Decisões reiteradas sobre determinado assunto.
Doutrina
Trabalho dos juristas. A doutrina tenta pacificar alguma divergência. Coordena uma ciência
jurídica, aquilo que entende e influencia na elaboração das leis. É uma fonte secundária que
interfere na primária, já que auxilia na elaboração das leis.
Construtivo da ciência jurídica
Influencia na elaboração das leis
Influencia nas decisões
Costumes
Art. 4 LINDB Para interpretação da lei pelo costume é necessária que a lei aplicada ao caso concreto seja
omissa.
Não possuem um lapso temporal; não deve contrariar a moralidade, embora costume, se for negativo
não será considerado fonte do direito. Ex: filas.
3. INTERPRETAÇÃO DA LEI
HERMENÊUTICA JURÍDICA
4. EFICÁCIA
As normas de processo civil têm validade e eficácia, em caráter exclusivo, sobre todo o território
nacional, como estabelece o art. 16 do CPC. Ou seja, normas de processo estrangeiro não têm
eficácia no Brasil, salvo homologação pelo STF.
Não se pode confundir as normas de processo com as de direito material, aplicadas à relação
jurídica discutida no processo.
O direito processual regulamenta a forma que o processo deve caminhar, norma de direito
adjetivo e o direito material visualiza o bem jurídico que foi violado, norma de direito
substantivo.
A vigência estende-se até que seja revogada por lei posterior, que expressamente o declare ou
quando com ela seja incompatível ou regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
Direito Intertemporal: Conjunto de normas que regulam a aplicabilidade da lei nova nos
processos já iniciados.
- Processos concluídos não são afetados e processo em andamento. Tempus regit actum.
Os atos que ainda serão realizados devem respeitar a nova lei processual
Atos ainda não consumados devem observar a lei vigente no momento da intimação
A nova lei não pode retroagir para prejudicar direitos processuais adquiridos, mas sim para
beneficiar. Ex. prazo recursal ampliado.
6. MUDANÇA DE COMPETÊNCIA
Se a nova lei alterar a competência, será remetido para outro lugar? Não.
Art. 43. Determina-se a
competência no momento do
registro ou da distribuição da
petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações
do estado de fato ou de
direito ocorridas
posteriormente, salvo
quando suprimirem órgão
judiciário ou alterarem a
competência absoluta.
CONSTITUCIONAIS
2. Acesso à Justiça
A lei não pode excluir da apreciação do Judiciário nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direito. E o Judiciário
deve responder a todos os requerimentos a ele dirigidos (ação em sentido amplo). Também chamado de
Inafastabilidade de Jurisdição.
3. Contraditório
Deve-se dar ciência aos participantes do processo de tudo o que nele ocorre, dando-lhes
oportunidade de se manifestar e de se opor aos requerimentos do adversário.
“Do contraditório resultam duas exigências: a de se dar ciência aos réus, executados e
interessados, da existência do processo, e aos litigantes de tudo o que nele se passa; e a de
permitir-lhes que se manifestem, que apresentem suas razões, que se oponham à pretensão do
adversário. O juiz tem de ouvir aquilo que os participantes do processo têm a dizer, e, para tanto,
é preciso dar-lhes oportunidade de se manifestar e ciência do que se passa, pois, sem tal
conhecimento, não terão condições adequadas para se manifestar.” GONÇALVES
5. Isonomia
Também dirigida ao legislador e ao juiz, exige que a lei e o Judiciário tratem igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais na medida da sua desigualdade (isonomia real).
6. Imparcialidade do Juiz
Para toda causa há um juiz natural, apurado de acordo com regras previamente existentes no ordenamento
jurídico. Em razão disso, é vedada a criação de juízos ou tribunais de exceção.
■ A causa deve ser submetida a julgamento pelo juiz competente, de acordo com regras postas pela
Constituição Federal e por lei.
INFRACONSTITUCIONAIS
1. Dispositivo
Cumpre ao interessado ajuizar a demanda e definir os limites objetivos e subjetivos da lide. Nos
processos que versam sobre interesses disponíveis, as partes podem transigir, o autor pode
renunciar ao direito e o réu pode reconhecer o pedido. Mas, no que concerne à condução do
processo e à produção de provas, vigora o princípio inquisitivo, por força do art. 370 do CPC,
sendo supletivas as regras do ônus da prova (art. 373).
2. Oralidade
Originalmente transmitia a ideia de que os atos deveriam ser realizados, em regra, oralmente,
especialmente a colheita de provas em audiência. Porém, nos dias atuais, ainda que realizados
oralmente, os atos devem ser reduzidos à escrita. Atualmente possui maior aplicação no Juizado
Especial Cível.
3. Imediação
Derivado da oralidade, determina que o juiz colha diretamente a prova, sem intermediários.
5. Concentração
A audiência de instrução e julgamento é una e contínua. Caso não seja possível concluí-la no
mesmo dia, o juiz designará outra data em continuação.
As demais decisões interlocutórias, que não integram o rol do art. 1.015, não são recorríveis em separado,
mas em conjunto com a sentença. Pois contra elas não cabe agravo de instrumento. Como não existe mais
o agravo retido, tais decisões são irrecorríveis, ou, mais precisamente, irrecorríveis em separado.
7. Persuasão Racional
Também denominado “livre convencimento motivado” Cabe ao juiz apreciar livremente as
provas, devendo indicar, na sentença, os motivos de sua decisão, que devem estar amparados
nos elementos constantes dos autos. Ligado ao “princípio da fundamentação das decisões
judiciais” (art.93, IX, CF)
8. Boa-fé
Todos aqueles que participam do processo devem comportar-se de acordo com a boa-fé. Essa
boa-fé é objetiva, verifica pelo comportamento no processo. v. art. 77 e 80 do CPC.
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são
deveres das partes, de seus procuradores e de todos
aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa
quando cientes de que são destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou
desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de
natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua
efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar
nos autos, o endereço residencial ou profissional onde
receberão intimações, atualizando essa informação
sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou
definitiva;
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de
lei ou fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do
processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente
ou ato do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente
protelatório.
9. Cooperação
Exige que as partes cooperem para que o processo alcance bom resultado, em tempo razoável.
Exemplos:
Art. 357 § 3º Se a causa apresentar complexidade
em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz
designar audiência para que o saneamento seja feito
em cooperação com as partes, oportunidade em que
o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou
esclarecer suas alegações.