Concepção, Planeamento, Análise e Orientação de Uma Equipa de Andebol Do Escalão Juvenil Ao Longo de Época Desportiva
Concepção, Planeamento, Análise e Orientação de Uma Equipa de Andebol Do Escalão Juvenil Ao Longo de Época Desportiva
Concepção, Planeamento, Análise e Orientação de Uma Equipa de Andebol Do Escalão Juvenil Ao Longo de Época Desportiva
Porto, 2010
Alves, L. (2010). Concepção, Planeamento, Análise e Orientação de
uma Equipa de Andebol do Escalão Juvenil ao longo de Época
Desportiva. Relatório de Estágio. Curso de 2º Ciclo em Treino de Alto
Rendimento. Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Porto.
II
Agradecimentos
À minha família, Pais e Sara por todo o suporte e apoio que ao longo da
minha vida me facultaram. Um enorme obrigado aos três!
Aos autênticos amigos Sara, Marisa, Miriam, Tânia e Mauro que durante a
formação universitária vivemos imensos momentos de alegria e sempre vos
tive como apoios essenciais para todos os momentos menos bons, o meu
sincero obrigado. Ao Mota pela enorme amizade que nos sempre uniu, um
enorme “Thank you”.
III
Índice Geral
Agradecimentos III
Índice Geral V
Índice de Figuras VI
Índice de Quadros VII
Índice de Anexos VIII
Resumo IX
Abstract XI
Abreviaturas XIII
1. Introdução 1
1.1. Pertinência do Estágio Profissionalizante 5
1.2. Objectivos do Estágio Profissionalizante 6
1.3. Estrutura do Estágio Profissionalizante 7
2. Enquadramento da prática profissional 9
2.1. Caracterização do Clube 11
2.1.1. Breve Enquadramento Histórico 11
2.1.Estrutura Física 11
2.2. Secção de andebol 12
2.3. Recursos humanos e financeiros 15
2.4. Objectivos da formação 16
2.5.Equipa Juvenil 17
2.5.1. Objectivos Equipa Juvenil 21
2.5.2. Sessões de Treino e Recursos Materiais 22
3. Planeamento da Actividade 23
3.1. Periodização-Planeamento e Planificação Anual 25
3.2. Modelo de Jogo da Equipa Juvenil 30
3.2.1. Modelo de Jogo do Processo Ofensivo 30
3.2.2. Modelo de Jogo do Processo Defensivo 34
4. Realização do Processo de Treino 39
4.1. Limitações (erros) da Equipa Juvenil 41
4.2. Exercícios de Treino 42
4.2.1. Conteúdos Tácticos Ofensivos 42
4.2.2. Conteúdos Tácticos Defensivos 44
5. Avaliação e Controlo de Treino (Análise de Jogo 47
6. Calendário Competitivo 53
7. Resultados da Competição e Evolução do desempenho 61
8. Conclusões e Sugestões 69
9. Síntese Final 73
10. Bibliografia 87
Anexos XV
V
Índice Figuras
VI
Índice de Quadros
VII
Índice Anexos
VIII
Resumo
IX
Abstract
The conception, planning, execution and analysis of the process of training and
competition consisted has consisted as purposes as developed with the Youth
Team Handball's Académico Futebol Clube during the sports season
2009/2010.
In this process articulate various concepts, tools and methods related to
periodization, training, competition, training of young handball players, game
analysis, coaching duties, among others. The report brings together so many
reflective moments of the choices made. The analysis of performance of the
players and the team was based on analysis of the game. We analyzed 10
national championship games and listed the problems and errors found in the
characteristics of the opposition.
The planning was divided into five macrocycles each featuring different
assumptions and objectives. The team was formed by nineteen athletes, aged
between 14 and 16 years.
The objectives set were not achieved in full, either individually or collectively, for
reasons connected with the heterogeneity of the initial performance and
learning ability of the group. From the standpoint of individual offensive and
defensive technique learning objectives have been achieved at the level of
passing, receiving, dribbling and shooting, basic position and control the
opponent, disarm the dribble and deterrence. Regarding the level defensive
tactics evolution has been gradual and consistent throughout the season,
particularly in the development of the defensive system 5:1 and 3:2:1, counter
attack, quick attack and counter-goal. We conclude that the integration of game
analysis in the routines of coach training is extremely important for the planning
and organization of content and training exercises and regulation of the training
itself and the decisions made by the coach in the competitive situation. This
method allows you to make a reflection on the action of a more comprehensive
and consistent, which proved to be a means of learning and training experience
very significant for us.
XI
Abreviaturas
XIII
Introdução
Introdução
1. Introdução
O Andebol integra a categoria de Jogo Desportivo Colectivo que apresenta
determinadas características particulares, como a cooperação – oposição,
luta constante pela posse de bola e por último depende intimamente do
factor tempo.
O Andebol é considerado uma modalidade “aberta”, onde existe uma
enorme aleatoriedade e imprevisibilidade das situações de jogo e do
resultado final. Contudo, a busca das invariantes, dos padrões
comportamentais, sejam de natureza individual ou colectiva, é fundamental,
porquanto nos permitir identificar as unidades funcionais essenciais à
elaboração do treino.
É no contexto de enorme variabilidade e riqueza das acções técnicas e
soluções tácticas que caracterizam o jogo de andebol actual, que importa
dar ao treino da tomada de decisão, inteligência táctica e leitura de jogo
uma importância central na formação de jovens jogadores. Na literatura são
frequentes as alusões à importância da tomada de decisão nos desportos
colectivos (e.g., Garganta, 1997; Adelino, 2000) e no andebol em particular
(e.g., Garcia Cuesta, 2002; Ribeiro e Volossovicth, 2004; Fonseca, 2005).
Não encontrámos na literatura qualquer modelo de formação de jovens
jogadores de andebol devidamente estruturado e fundamentado, em
concepções metodológicas, pedagógicas ou biológicas consistentes ou até
em experiências práticas. Contudo, é para nós inequívoco que o modelo de
jogo e jogadores evoluídos deve merecer a reflexão dos treinadores,
porquanto são a referência da excelência e da preparação desportiva a
longo prazo.
Importa salientar que as alterações recentes às regras de jogo provocaram
mudanças significativas na interpretação táctica do jogo (Seco 2006: Silva,
2008). As alterações às regras foram implementadas com o objectivo de
tornar o jogo mais apelativo para os espectadores (Seco, 2006), sendo a
ideia central aumentar a velocidade de jogo. Não encontrámos qualquer
estudo rigoroso que nos permite verificar as reais consequências das
alterações às regras, contudo existem vários artigos técnicos que sugerem
que efectivamente o jogo de andebol é hoje mais rápido (Seco, 2006;
Aagaard, 2007; Pokrajac, 2008).
3
Introdução
4
Introdução
5
Introdução
6
Introdução
7
Introdução
8
Caracterização das Condições de Estágio
Caracterização das Condições de Estágio
2.1. Clube
11
Caracterização das Condições de Estágio
12
Caracterização das Condições de Estágio
Andebol Andebol
Feminino Masculino
Escalão
Iniciado
Escalão Infantil
e Mini
13
Caracterização das Condições de Estágio
Mini (9/10) 2 10 12
Infantil (11/12) 8 12 20
Iniciado (13/14) 18 16 34
Júnior (17/18) 11 12 23
71 90 163
100
90
80
70
60
50
40 Nº Atletas
30
20
10
0
A.Feminino A. Masculino
14
Caracterização das Condições de Estágio
Escalão Sénior
Treinadora Grau III
T. Adjunta
Dirigente
Escalão Juniores
Treinadora Grau III
Andebol Feminino T. Adjunta
Dirigente
Figura nº 8: Distribuição dos elementos da equipa técnica no Andebol feminino pelos escalões
etários.
15
Caracterização das Condições de Estágio
Escalão Sénior
Treinador Grau III
2 Dirigentes
Escalão Junior
Treinador Grau III
2 Dirigentes
Escalão Juvenil
Andebol Masculino Treinador Grau III
2 Dirigentes
Escalão Iniciado
Treinador Grau III
2 Dirigentes
16
Caracterização das Condições de Estágio
Caracterização Antropométrica:
17
Caracterização das Condições de Estágio
Peso 59 ± 9.8 85 42
18
Caracterização das Condições de Estágio
5%
15%
Menos de 10 anos
28%
Entre os 10 - 11 anos
Entre os 14 - 15 anos
19
Caracterização das Condições de Estágio
32%
Estádio IV
Estádio V
68%
Figura nº 11A: Estádios de desenvolvimento da pilosidade púbica das atletas, segundo Tanner
(1989).
6% 6%
Estádio II
31% Estádio III
Estádio IV
57% Estádio V
Figura nº 11B: Estádios de desenvolvimento dos seios das atletas, segundo Tanner (1989).
20
Caracterização das Condições de Estágio
21
Caracterização das Condições de Estágio
Treinos
22
Planeamento da Actividade
Planeamento da Actividade
3. Planeamento da Actividade
Neste Capítulo fazemos referência à periodização que foi realizada no
planeamento dos conteúdos a desenvolver durante a época desportiva e
descrevemos o Modelo de Jogo que a estagiária pretendia incrementar na
equipa.
25
Planeamento da Actividade
26
Planeamento da Actividade
27
Planeamento da Actividade
Quadro nº 8: Número de treino e jogos realizados por cada período da época desportiva.
Treinos Jogos
60
41
23 24
21
18
16
10
4
1
Periodo Pré- Período Competitivo Período Transição Período Competitivo Período Transição
Competitivo
28
Planeamento da Actividade
29
Planeamento da Actividade
30
Planeamento da Actividade
31
Planeamento da Actividade
(b) Contra-golo
Este método de jogo foi introduzido no andebol com as alterações às
regras produzidas em 1995 (Seco, 2006). Na essência significa repor
rapidamente a bola a meio campo após sofrer golo, tentando retirar partido da
desorganização defensiva e inferioridade numérica relativa.
Este método ofensivo foi introduzido durante o decorrer da época
desportiva, na continuidade da abordagem dos outros métodos, já introduzidos.
Na prática após golo da equipa adversária, a atleta que defende na
posição mais avançada, desloca-se rapidamente para o local de reposição da
bola em jogo, o GR realiza um passe rápido para esta mesma jogadora que
coloca a bola em jogo e dá início à transição. O primeiro passe é realizado para
uma das laterais a partir do que se desenvolve um ataque rápido (figura 13).
32
Planeamento da Actividade
Ataque em sistema
33
Planeamento da Actividade
Recuperação Defensiva
34
Planeamento da Actividade
Defesa em Sistema
35
Planeamento da Actividade
Quadro nº 10: Acções defensivas de acordo com os postos específicos da 1ª linha defensiva.
Posto
Pontas Laterais Defesa Central
Específico
- Fechar a defesa; - Troca de marcação; - Marcação ao Pivô,
- Especialista em - Marcação ao pivô em frente e trás;
1x2; zona exterior; - Saída ao braço do
- Ajudar os laterais; - Ajudas aos jogadores: rematador;
- Preparação da central, defesa-avançado e - Ressalto;
saída para conta- ponta; - Ajudas no lado da
Acções ataque. - Contra - Bloqueios; bola;
- Saída ao braço do - Capacidade de falar e
rematador; dirigir a defesa;
- Ressalto. - Atleta base na
condução do contra –
ataque.
Quadro nº 11: Acções defensivas de acordo com os postos específicos da 2ª linha defensiva .
b) Reacção às Entradas
36
Planeamento da Actividade
c) Trocas de Marcação
Como princípio geral, só se realizam trocas de adversário, quando os
jogadores se encontrarem ao mesmo nível/linha defensiva.
37
Planeamento da Actividade
a) Reacção às entradas
Qualquer defensor deve realizar uma marcação à distância ao seu
opositor directo (mesmo quando a bola está muito distante) tentando retardar a
sua entrada e realizar troca defensiva quando adequado (defensores
alinhados). Com a mudança de sistema ofensivo do adversário, o defesa-
avançado realiza o 5:1 dirigido para o lateral sem bola. Em situações
excepcionais procedemos passamos para um sistema misto, com marcação
individual ao lateral de maior valor técnico e táctico.
b) Trocas de Marcação
Como princípio geral, só se realizam trocas de adversário, quando os
jogadores se encontrarem ao mesmo nível/linha defensiva.
38
Realização do Processo de Treino
Realização do Processo de Treino
41
Realização do Processo de Treino
42
Realização do Processo de Treino
Exercícios Exercício nº 1:
As atletas agrupam-se em grupos de duas atletas. O objectivo das duplas é
levar em grande velocidade a bola utilizando somente o passe desde os 6
metros até aos 9 metros opostos e finalizar.
Nota: A complexidade deste exercício aumenta à medida que as atletas
conseguem superar as dificuldades, existindo as variantes: uma ou duas duplas
a defender ou número de passes limite.
Exercício nº 2:
Jogo de transições - situação reduzida 5x5.
Jogo reduzido condicionado - A equipa com posse de bola ao apito realiza
ataque organizado realizando uma das opções validas para este processo, caso
a finalização tenha sucesso a equipa defensora efectua contra – golo, caso a
finalização não obtenha sucesso a equipa defensora realiza contra – ataque e
ataque rapido.
Nota: A complexidade deste exercício aumenta à medida que as atletas
conseguem superar as dificuldades, existindo as variantes de 6x6.
Exercício nº 3:
Jogo Holandês – Em jogo existem 4 equipas com quatro elementos cada.
Duas equipas colocam-se nas linhas finais opostas. As restantes duas equipas
ocupam o terreno de jogo. O objectivo é entregar a bola a equipa que se
encontra na linha final oposta ao campo em que se encontram as equipas,
através de passe, consequentemente trocam de funções.
Nota: A complexidade deste exercício aumenta à medida que as atletas
conseguem superar as dificuldades, existindo as variantes de cada equipa
possuir 5 ou 6 elementos e a realização ou não de marcação individual
Exercício nº 4:
Jogo Condicionado 6x6 – Jogo Formal com a condicionante de não pode
43
Realização do Processo de Treino
Exercícios Exercício nº 1:
Jogo reduzido 1x1 com apoio em espaço limitado (Zona de lateral / Zona da
ponta ou Zona central).
Nota: A complexidade deste exercício aumenta à medida que os defensores
conseguem superar as dificuldades, existindo as variantes: defensor
condicionado e defensor realiza um deslocamento criando dificuldades.
Exercício nº 2:
Jogo de circulação de bola, situação reduzida 3x2 em 1/2 área - (Posições de
central, lateral e pivô).
O ataque procura realizar 10 passes entre os elementos da equipa, invadindo
44
Realização do Processo de Treino
45
Realização do Processo de Treino
46
Avaliação e Controlo de Treino
(Análise de Jogo)
Avaliação e Controlo de Treino
49
Avaliação e Controlo de Treino
50
Avaliação e Controlo de Treino
51
Calendário Competitivo
Calendário Competitivo
6. Calendário Competitivo
A equipa juvenil competiu a nível nacional, competição onde a
participação é obrigatória. A par desta competição a equipa também competiu
a nível regional sendo a participação facultativa.
No que concerne à competição nacional a equipa participou no
campeonato nacional – PO12.
No que concerne à competição nacional a equipa participa no
campeonato nacional Feminino - PO12, onde o regulamento da prova (ver
Anexo 2) apresenta a seguinte forma de disputa:
A 1ª Fase é composta por 6 zonas (por distritos) que disputam a
prova no sistema todos contra todos (TxT), a duas voltas.
Apuram-se para a 2ª Fase da competição, os três primeiros
classificados das zonas 3, 5 e 6, os dois primeiros classificados das
zonas 1 e 2 e o primeiro classificado da zona 4. As equipas que não se
apurarem disputarão a Fase complementar da Prova.
A 2ª Fase é composta por 2 zonas - a zona 1 com 8 equipas e a
zona 2 com 6 equipas - que disputam a prova no sistema de TxT a 2
voltas. Apuram-se, para a 3ª Fase, os 4 primeiros classificados da zona
1 e os 3 primeiros classificados da zona 2, aos quais se juntará o
representante da Associação de Andebol da Madeira.
Os dois primeiros classificados de cada zona (3ª Fase) ficam
apurados para a Fase Final do Campeonato nacional de Juvenis
Femininos, que se realizará de 11 a 13 de Junho de 2010.
A Fase complementar é composta por 5 zonas. A zona 1 tem 9
equipas e jogam no sistema TxT a 1 volta. A zona 2 (5 equipas), zona 3
(4 equipas) e zonas 4 e 5 (3 equipas) disputam a prova no sistema TxT
a 2 voltas.
55
Calendário Competitivo
56
Calendário Competitivo
2
Número de Jogos 3 3 3
2 2 2 2
1 1
Figura nº 14: Relação de Jogos realizados pela equipa por mês nas competições oficiais.
57
Calendário Competitivo
9
8
7
6
5
Número de Jogos
4 8
3
2 4
3
1
0
Setembro Maio Junho
Figura nº 15: Relação de Jogos realizados pela equipa por mês nas competições regionais.
Quadro nº 22: Competições não oficiais realizadas pela equipa juvenil ao longo da época
desportiva.
58
Calendário Competitivo
16
13 14
14
12
Número de 10
7 8
Jogos 8 6
6
4 3 3
4 2 2 2
2
0
59
Resultados da Competição e Evolução do
desempenho
Resultados da Competição e Evolução do Desempenho
63
Resultados da Competição e Evolução do Desempenho
64
Resultados da Competição e Evolução do Desempenho
Não
Objectivos Específicos Atingido
atingido
Aperfeiçoar a nível de execução técnica das
X
habilidades motoras elementares (passe, remate,
65
Resultados da Competição e Evolução do Desempenho
66
Resultados da Competição e Evolução do Desempenho
67
Conclusões e Sugestões
Conclusões e Sugestões
8. Conclusões e Sugestões
A realização deste estágio profissionalizante corresponde ao nosso 4º ano
de experiência como treinadora principal, de uma equipa de formação em
andebol, do sexo feminino. Esta experiência constitui-se num exercício de
superior dificuldade e exigência porque orientamos uma equipa de escalão
etário superior, comparativamente às experiências anteriores. O que para nós
era um desafio, uma vez que os objectivos de formação eram de nível mais
avançado.
Esta experiência revelou-se extremamente enriquecedora na medida em
que o nosso desempenho foi supervisionado por treinadores mais experientes,
tendo este processo contribuído para reflectir acerca da construção dos
exercícios e da sua adequação ao pretendido.
Análise do desempenho da equipa em situação de jogo, com recurso as
imagens vídeo, teve um contributo decisivo na melhoria da nossa capacidade
de observação, porque verificámos que a informação que retínhamos em
situação real de jogo era muito deficitária, quando comparada com a realizada
com base nas filmagens. Na verdade, verificamos que em situação real de jogo
a nossa atenção está distribuída por um conjunto elevado de factores e
situações, inerentes à competição, que exigem uma grande capacidade de
liderança, tomada de decisões e de gestão de recursos humanos. Admitimos
que a especificidade dos problemas com os quais lidámos decorre do próprio
contexto do clube, da equipa e da competição em causa. Neste âmbito,
destacamos alguns dos factores com quais tivemos que lidar: gestão da
equipa, do resultado, do tempo; análise em tempo real da adequação da nossa
estratégia à organização e estratégia do adversário; lesões; actuação dos
árbitros, entre outros. Esta foi para nós a tarefa que revelou ser de maior
complexidade.
A análise do comportamento táctico da equipa à posteriori, com recurso a
tecnologias de processamento digital de imagem (câmara lenta, zoom digital,
reconstrução 3D, etc.), permitiu-nos identificar de forma consistente os erros na
tomada de decisão, movimentação e colocação no espaço, em função do
modelo de jogo definido para a equipa e do próprio adversário.
Por outro lado, o visionamento dos jogos pelas jogadoras revelou ser um
excelente meio de aprendizagem, permitindo uma maior consciencialização
70
Conclusões e Sugestões
dos erros e das decisões tácticas mais ajustadas a cada situação. Este método
implica alguns recursos e dispêndio de tempo com filmagens, análise do jogo e
preparação das sessões de vídeo, contudo pensamos que a sua integração
nas rotinas do treinador de formação é extremamente importante. Acresce que
este método revelou ser decisivo para o planeamento e organização dos
exercícios de treino e controlo do próprio treino.
Na nossa perspectiva seria extremamente interessante dar seguimento a
este estudo. Com efeito, é necessário desenvolver uma metodologia mais
consistente e prática, aplicável a treinos e jogos.
Por último, estamos convictos que a elaboração de estudos/estágios
desta natureza e a partilha das informações, opções, experiências e resultados
podem ser úteis a outros treinadores da formação em andebol.
A abordagem a futuros estudos pensamos ser muito importante filmar e
analisar também o processo de treino, nomeadamente a adequação da
estrutura de exercícios ao pretendido.
71
Conclusões e Sugestões
Síntese Final
72
Síntese Final
9. Síntese Final
1
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Porto, Portugal
2
Académico Futebol Clube, Andebol
Resumo
A concepção, planeamento, realização e análise do processo de treino e da
competição constituíram-se como finalidades deste estágio desenvolvido com a
Equipa Juvenil de Andebol do Académico Futebol Clube durante a época
desportiva de 2009/2010.
De modo a realizar todo o processo, articulamos diversos conceitos, meios e
métodos associados à periodização, o treino, competição, formação de jovens
jogadoras de andebol, análise de jogo, funções de treinador, entre outros.
Este relatório de estágio congrega vários momentos reflexivos acerca da
metodologia utilizada e sua justificação, decorrentes das opções tomadas que
visavam a evolução do desempenho das jogadoras e da equipa.
O planeamento foi estruturado em cinco macrociclos apresentando cada um
diferentes pressupostos e objectivos. A equipa era constituída por dezanove
atletas, com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos.
Os objectivos delineados não foram atingidos na totalidade quer
individualmente quer colectivamente, por razões que se prendem com a
heterogeneidade do desempenho inicial e capacidade de aprendizagem do
grupo. Do ponto de vista da técnica individual ofensiva e defensiva os
objectivos de aprendizagem foram atingidos, nomeadamente ao nível do
passe, recepção, finta e remate, posição base e controlo do adversário,
desarme no drible e dissuasão. No que concerne à táctica colectiva defensiva a
evolução foi progressiva e consistente ao longo da época, em particular no
desenvolvimento do sistema defensivo 5:1 e 3:2:1, contra-ataque, ataque
rápido e contra-golo.
74
Síntese Final
Introdução
O Andebol integra a categoria de Jogo Desportivo Colectivo que apresenta
determinadas características particulares, como a cooperação – oposição, luta
constante pela posse de bola e por último depende intimamente do factor
tempo.
O Andebol é considerado uma modalidade aberta, onde existe uma enorme
aleatoriedade e imprevisibilidade das situações de jogo e do resultado final.
Contudo, a busca das invariantes, dos padrões comportamentais, sejam de
natureza individual ou colectiva, é fundamental, porquanto nos permitir
identificar as unidades funcionais essenciais à elaboração do treino.
É no contexto de enorme riqueza e variabilidade das acções técnicas e
soluções tácticas que caracterizam o jogo de andebol actual, que importa dar
ao treino da tomada de decisão, inteligência táctica e leitura de jogo uma
importância central na formação de jovens jogadores. Na literatura são
frequentes a alusões à importância da tomada de decisão nos desportos
colectivos (e.g., Garganta, 1997; Adelino, 2000) e no andebol em particular
(e.g., Garcia Cuesta, 2002; Ribeiro e Volossovicth, 2004).
Não encontrámos na literatura qualquer modelo de formação de jovens
jogadores de andebol devidamente estruturado e fundamentado, em
concepções metodológicas sólidas ou experiências práticas. Contudo, é para
nós inequívoco que o modelo de jogo e jogadores evoluídos deve merecer a
reflexão dos treinadores, porquanto são a referência da excelência e da
preparação desportiva a longo prazo.
75
Síntese Final
76
Síntese Final
77
Síntese Final
Planeamento
Freitas (1999) refere que planeamento é um processo projectivo de apoio à
organização, coordenação e concretização dos objectivos estabelecidos, com
base nos conhecimentos actuais sobre o treino desportivo, a modalidade em
questão e os atletas visados, permitindo controlar e orientar todo o processo de
treino, bem como os resultados desportivos.
78
Síntese Final
79
Síntese Final
80
Síntese Final
processo também foi utilizado para regular o próprio processo de treino, como
sugere Garganta (1997). Este processo foi repetido ao longo de toda a época
desportiva.
Calendário Competitivo
A equipa competiu a nível nacional, competição onde a participação
obrigatória. A par desta competição a equipa também competiu a nível regional
sendo esta participação facultativa.
No que concerne à competição nacional a equipa participou no campeonato
nacional – PO12.
No quadro seguinte apresentamos o número total de jogos efectuados
(incluindo campeonato nacional, campeonato regional e torneios).
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Evolução do desempenho
Em virtude de se tratar de um escalão de formação, cujos objectivos passam
pela valorização técnica e táctica das jogadoras, os resultados (enquanto
sinónimo de vitória) não se constituíram nos objectivos nucleares do processo.
No quadro 4 apresentamos um resumo dos principais comportamentos a
aprender e a avaliação do sucesso do processo.
81
Síntese Final
Conclusão
A realização deste estágio profissionalizante corresponde ao nosso 4º ano de
experiência como treinadora principal, de uma equipa de formação em andebol,
do sexo feminino. Esta experiência constitui-se num exercício de superior
dificuldade e exigência porque orientamos uma equipa de escalão etário
superior, comparativamente às experiências anteriores. O que para nós era um
desafio, uma vez os objectivos de formação eram de nível mais avançado.
Esta experiência revelou-se extremamente enriquecedora na medida em que o
nosso desempenho foi supervisionado por treinadores mais experientes, tendo
este processo contribuído para reflectir acerca da construção dos exercícios e
da sua adequação ao pretendido.
82
Síntese Final
Referencias Bibliográficas
83
Síntese Final
Seco, J.D. (2006) Los inícios del siglo XXI evolucion y tendências del juego.
Electronic Version. e – balonmano.com: Revista Digital, 2,3 – 29.
84
Síntese Final
85
Síntese Final
Bibliografia
86
Bibliografia
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Anexos
Anexo I
Anexos
XIX
Anexos
XX
Anexo II
Anexos
XXIII
Anexos
XXIV
Anexos
XXV