Tese Adaptaçao Força Explosiva Voleibol Feminino

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UNICAMP

FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

RESERVA ATUAL DE ADAPTAÇÃO DE FORÇA EXPLOSIVA EM


ATLETAS DAS CATEGORIAS DE BASE DA SELEÇÃO
BRASILEIRA DE VOLEIBOL FEMININO EM DOIS
MACROCICLOS CONSECUTIVOS DE
PREPARAÇÃO

Marcelo Nogueira Jabur

Este exemplar corresponde


à redação final da
Dissertação de Mestrado
defendida por Marcelo
Nogueira Jabur e aprovada
pela Comissão Julgadora
em 14/09/2001.

Campinas
2001
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA-FEF-UNICAMP

Jabur, Marcelo Nogueira


115r Reserva atual de adaptação da força explosiva em atletas das categorias
de base da Seleção Brasileira de Voleibol Feminíno em dois rnacrociclos
consecutivos de preparação. -- Campinas, SP : [s. n. ], ~00 1.

Orientador: Paulo Roberto de Oliveira


Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas,
Faculdade de Educação Física

I. Voleibol-Treinamento. 2. Periodização*. 3. Adaptação física-Testes.


4. Força (esporte). 5. Treinamento desportivo. I. Oliveira, Paulo Roberto
de. li. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física.
IH. Título.
PENSAMENTO

"Estamos vivendo no século


da luz: não se deixe arrastar
por ilusões, embora bem
intencionadas!
Raciocine imparcialmente, e
nada aceite sem entender.
Se não compreende alguma
coisa, não a rejeite. Procure
aprofundá-la pelo estudo.
Não se conforme com a pior
das escravidões, que é a
escravidão mental.
Nascemos para ser livres e
somente o seremos quando
raciocinarmos livremente"
Minutos de Sabedoria

iii
DEDICATÓRIA

À Deus, força infinita que


diariamente guia meus
passos;
Aos meus amados pais
Miguel e Abadia, pelo amor
infinito que nutrem por mim a
mais de 29 anos;
Aos meus irmãos e grandes
amigos Juninho e Murilo por
todo o bem que me fazem a
tantos anos;
À Daniela, razão dos meus
esforços!
AGRADECIMENTOS

• Ao meu guia, professor, orientador e ídolo Dr. Paulo Roberto de

Oliveira, por toda confiança depositada em meu trabalho.

• Ao grande amigo Prof. Antonio Rizola Neto, que propiciou todas as

condições para que este trabalho se realizasse.

• Ao amigo e coordenador Prof. Dr. Peterson Antunes de Campos que

me deu a grande oportunidade de ingressar na carreira universitária.

• Ao querido amigo Prof. Leonardo de Moraes (Buru), pela

oportunidade, pelo companheirismo e pelos exemplos.

• Ao grande amigo Prof. Emerson José Zechin por toda a ajuda

concedida a mim, durante este período.

• A todos os alunos de graduação, pós-graduação e cursos de extensão

que me fizeram crescer com suas dúvidas e opiniões.

• A todos os professores, de graduação e pós-graduação que, com seus

exemplos me deram a oportunidade de escolher meu melhor caminho.

vi i
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1- Relação entre a preparação geral e a preparação ........ 23


especial

Quadro 2 - Etapas de Preparação Desportiva a Longo Prazo ....... 24

Quadro 3 - Possibilidades de tipos de treinamento ..................... 25


(categorias infantil e juvenil)

ix
ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo 1 57

Anexo 2 58

Anexo 3 60
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Dinâmica da alteração do alcance de ataque ............. 39


durante o 1° macrociclo (preparação para o Campeonato
Mundial/1999)

Gráfico 2 - Dinâmica da alteração do alcance de bloqueio .......... .40


durante o 1° macrociclo (preparação para o Campeonato
Mundial/1999)

Gráfico 3 - Dinâmica da alteração da capacidade de força .......... .40


explosiva de membros superiores (arremesso) durante o 1°
macrociclo (preparação para o Campeonato Mundial/1999)

Gráfico 4- Dinâmica da alteração do alcance de ataque ............. .41


durante o 2° macrociclo (preparação para o Campeonato
Sul Americano I 2000)

Gráfico 5- Dinâmica da alteração do alcance de bloqueio ........... 42


durante o 2° macrociclo (preparação para o Campeonato
Sul Americano /2000)

Gráfico 6- Dinâmica da alteração da capacidade de força .......... .43


explosiva de membros superiores (arremesso) durante o 2°
macrociclo (preparação para o Campeonato Sul Americano/
2000)

Gráfico 7- Dinâmica da alteração do alcance de ataque .............. 44


durante o 1° e o 2° macrociclos (preparação para o
Campeonato Mundial/1999; preparaçãp para
o Campeonato Sul Americano/2000)

Gráfico 8- Dinâmica da alteração do alcance de bloqueio ........... 46


durante o 1° e o 2° macrociclos (preparação para o
Campeonato Mundial/1999; preparação para
o Campeonato Sul Americano/2000)

Gráfico 9- Dinâmica da alteração da capacidade de força ........... 47


explosiva de membros superiores (arremesso) durante
o 1o e 2° macrociclos (preparação para o Campeonato
Mundial/1999; preparaçãp para o Campeonato
Sul Americano/2000)

xiii
ÍNDICE DE ASSUNTOS

Resumo X

Abstract xii
1) Introdução 01
1.1) Definição de Termos .......................................... . 05
1.2) Objetivo ..................................................... . 06
1.3) Questões 06
1.4) Delimitações do Estudo ........ ..... ... ....... .... ... .. .... 06
2) Revisão Bibliográfica 07
2.1) Processo de Adaptação (Treinabilidade) 07
2.2) Estrutura do Processo de Treinamento 11
2.3) Treinamento Juvenil .......................................... . 21
2.4) Treinamento de Força Especial 26
3) Procedimentos Metodológicos ..................... . 36
3.1) Amostra ..................................................... . 36
3.2) Bateria de Testes de Controle ........................ . 36
3.3) Local ..................................................... . 36
3.4) Horários 37
3.5) Materiais 37
3.6) Tratamento Estatístico 37
3.7) Desenvolvimento do Trabalho 37
4) Resultados e Discussão 39
5) Conclusão 50
6) Referências Bibliográficas 52

XV
RESUMO
O desporto de alto rendimento é objeto de estudo em todo o
mundo, visando esclarecer questões pertinentes à evolução das
condições de "performance" dos mais diversos atletas. O voleibol,
desporto complexo em suas formas de solicitação motora, é tema
principal deste estudo. Procurou-se verificar o grau de treinabilidade
(capacidade de adaptação) em atletas das categorias de base (infanto-
juvenil - média de 16,3 anos, e juvenil - média de 17,4 anos) da seleção
brasileira de voleibol feminino em dois anos consecutivos de preparação,
para a capacidade de força explosiva, utilizando-se do método de cargas
concentradas de força. Foram coletados dados com 09 atletas em dois
macrociclos consecutivos (Campeonato Mundial Infanto-Juvenil, 1999 e
Campeonato Sul Americano Juvenil, 2000), respeitando-se uma dinâmica
longitudinal, ou seja, com as mesmas atletas sendo avaliadas nas duas
categorias. Foram realizados testes pré e pós período de preparação para
observação da capacidade de força explosiva de membros superiores e
inferiores. Para as análises estatísticas das avaliações realizadas durante
o primeiro e segundo macrociclos, utilizou-se o "Wilcoxon Signed Rank
Test", p < 0,05. Observou-se diferenças significativas estatísticamente
para o aumento da força explosiva de membros inferiores após o primeiro
macrociclo (Mundial-1999- Infanto-Juvenil); para o mesmo período não
observou-se diferenças estatísticamente significativas para a força
explosiva de membros superiores; durante os processos de avaliação
realizados no segundo macrociclo (Sul-Americano - 2000 - Juvenil),
observou-se diferenças significativas estatísticamente em todas as
variáveis avaliadas (pré e pós-período de preparação); a evolução
ocorrida na capacidade de força explosiva no primeiro macrociclo, foi
inferior proporcionalmente, quando comparada com a segunda (Sul-
Americano - 2000 - Juvenil). É importante destacar que se faz necessário

xvii
o desenvolvimento de outros estudos neste sentido com o intuito de
auxiliar no esclarecimento das capacidades de adaptação de força
explosiva em atletas de voleibol.

xix
ABSTRACT

High performance in sport has been studied ali over the world with
the purpose to elucidate pertinent questions regarding the evolution of the
performance conditions in many athletes. Volleyball, a complex sport in
terms of motor requirements, is the main theme of this study. This work
aimed at verifying the training degree (adaptability) of athletes belonging
to Brazilian National Girl's Volleyball Team Under 17 (mean - 16,3 years
old) and Brazilian National Girl's Volleyball Team Under 19 (mean - 17,4
years old) on their capacity of explosive strength using the method of
concentrated loads of strength. Nine athletes were observed in two
macrocycles ("1999 - Girl's World Championship Under 17" and "2000 -
Girl's South American Championship Under 19"), being respected a
longitudinal dynamics, in other words, the same athletes being researched
in the two categories. Tests were accomplished before and after the
preparation period in order to examine the capacity of explosive strength
of superior and inferior members. For the statistical analyses of the
evaluations accomplished during the first and second macrocycles,
'Wilcoxon Signed Rank Test " was used, p <0,05. A significant
improvement of the explosive strength was observed after the first
macrocycle ("1999 - Girl's World Championship Under 17") for inferior
members; was not observed a significant improvement for superior
members after the first macrocycle. During the evaluation processes
accomplished during the second macrocycle ("2000 - Girl's South
American Championship Under 19"), a statistically significant increase was
observed in ali considered variables (before and after the preparation
period); the evolution of the capacity of explosive strength in the first
macrocycle was proportionally inferior when compared to the second one.
lt is important to highlight that the development of other studies in this

XX
sense with the intention of helping to explain the capacities of adaptation
of explosive strength in volleyball players is necessary.

xi
1) INTRODUÇÃO

Em um sentido amplo, se entende por adaptação o processo pelo qual o ser

humano se adequa às condições naturais, de vida, de trabalho e, que leva a

adaptação morfológico-funcional do organismo e a um aumento da sua

potencialidade vital, além de sua capacidade específica de resistir aos estímulos

extremos do ambiente (Verkhoshansky e Viru, 1992). Martin (1993), cita a carga

de treinamento (quantidade de trabalho de treinamento que se desenvolve) como

responsável por causar as transformações funcionais, bioquímicas, morfológicas e

psíquicas que, em forma de adaptações, induzem ao desenvolvimento da

capacidade de rendimento desportivo. Weineck (1999), define treinabilidade como

a capacidade que o atleta tem em se adaptar a continuados estímulos de

exercícios físicos. Muitos fatores podem interferir sobre o processo de novas

adaptações (treinabilidade), entre eles destaca-se a idade, o sexo, o processo de

maturação, histórico de treinamento, entre outros. Neste estudo, a preocupação

está diretamente relacionada à capacidade de adaptação das atletas de voleibol

da Seleção Brasileira, de acordo com sua idade. Viru (1999) destaca que o maior

aumento da força em decorrência do aumento da sessão transversal do músculo

ocorre no período situado entre 17 e 19 anos de idade; permitindo assim uma

evolução dos métodos de treinamento, bem como a observação dos maiores


resultados desportivos relacionados à capacidade de força muscular. A

possiblidade de maiores aumentos dos níveis de força, em virtude de uma fase

ótima de treinamento, da aplicação de métodos mais intensos, ou mesmo de um

histórico de treinamento mais evoluído, podem proporcionar uma maior evolução

da capacidade de força explosiva, variável avaliada neste trabalho.

No contexto do desporto de rendimento, o processo de preparação

eficientemente organizado é fator fundamental para o desenvolvimento otimizado

das capacidades motoras solicitadas por um desporto complexo. O voleibol,

desporto cuja regra tem sofrido constantes mudanças, requer uma revisão

permanente na estrutura do processo de treinamento, visando o aumento das

capacidades biomotoras envolvidas no rendimento.

Diferentes formas de solicitação motora são observadas no desempenho

das funções específicas de um atleta de voleibol; capacidades como resistência,

flexibilidade, coordenação e velocidade de movimentos são necessárias durante

as competições de voleibol. Dentre as capacidades biomotoras utilizadas nesta

modalidade, a força explosiva destaca-se como uma das principais; observa-se

que os movimentos básicos da modalidade (ataque, bloqueio, defesa, entre

outros) exigem alta solicitação neuromuscular, decorrente dos movimentos

rápidos, aliados a curta duração do esforço. Juntamente com a força explosiva, se

observa a necessidade de um maior desenvolvimento dos níveis de força máxima

(geral); pois, o incremento desta capacidade, no voleibol, possibilita maiores

condições de adaptações da força explosiva, sendo utilizado portanto como pré-

requisito para o desenvolvimento maior desta capacidade predominante (Bompa,

2000b). Destacando ainda os benefícios que o treinamento de força geral poderia

2
proporcionar aos atletas de voleibol, podemos citar o fator preventivo como

mais uma justificativa importantíssima para a presença de um treinamento de

força concentrado na fase de preparação de uma equipe de voleibol. O aumento

da estabilidade articular proporcionado pelo aumento dos níveis de força

desempenham um papel crucial para o processo de desenvolvimento da força

explosiva (Weineck, 1999). Anteriormente ao desenvolvimento de um processo de

preparação de força muscular, uma consideração deve ser feita: é muito

importante que o atleta tenha desenvolvido uma base adequada de força muscular

para atender as demandas de um treinamento intensificado (Zatsiorski, 1999).

No desenvolvimento deste trabalho, houve a preocupação em determinar

um método semelhante de estruturação do treinamento (periodização), para os

macrociclos desenvolvidos, que é fator fundamental no processo de preparação

organizado a "longo prazo". A preparação (periodização) do desportista representa

o sistema de utilização orientada de todo o complexo de fatores que condicionam

a obtenção de objetivos (processo de adaptação) da atividade desportiva. Dentro

deste contexto, o sistema de preparação para a prática desportiva torna-se fator

fundamental para o desenvolvimento das condições adequadas de adaptação do

rendimento do atleta dentro de sua especialidade. Hollmann e Hettinger (1989),

afirmam que a estruturação do treinamento do desportista deve diferenciar um

treino de base fundamental de um treinamento específico. À partir deste

posicionamento, observa-se a necessidade de se dividir todo o processo de

treinamento em fases que tenham objetivos específicos de acordo com

determinado período de adaptação dos atletas. Matveev ( 1995), divide

3
inicialmente o sistema de periodização (macrociclo) em três períodos: fase de

preparação, fase competitiva e fase de transição.

Os treinamentos executados são modificados em cada período para que os

atletas estejam preparados para atingir o pico (máximo) da "performance" no

período competitivo objetivado. Em um nível ainda mais complexo do processo de

preparação, podemos destacar a utilização de um sistema de periodização para

muitos anos, ou seja, um processo de preparação de "longo prazo".

Durante o processo de treinamento, as diferentes fases podem ocorrer de

acordo com as necessidades e objetivos de cada modalidade desportiva, bem

como com a individualidade dos atletas envolvidos, respeitando as diretrizes

gerais definidas pelas diferentes etapas de preparação, objetivando, em última

instância, um otimizado desenvolvimento da reserva atual de adaptação.

Uma das principais preocupações do trabalho, além de todas as variáveis

citadas anteriormente (processo de adaptação, treinamento de força e

estruturação do treinamento), é o fato do estudo ter sido desenvolvido com atletas

jovens, de categorias de base (Infanto-Juvenil e Juvenil) da Seleção Brasileira de

Voleibol. O processo de treinamento de jovens, tradicionalmente fundamentou-se

nos princípios gerais e especiais estabelecidos à partir de experiências com

atletas de alto nível. Embora estas premissas sejam importantes para a evolução

do desporto de alto rendimento, por outro lado faz-se necessário uma avaliação

minuciosa não somente dos aspectos considerados positivos nesta transferência

mas, os cuidados e ajustes metodológicos que devem ser implementados.

4
1.1) DEFINICÃO DE TERMOS

• Reserva Atual de Adaptação - A capacidade do organismo de

responder com mudanças adaptativas aos estímulos externos e passar

a um novo nível funcional de suas possibilidades motoras, em um

determinado momento do processo de preparação à longo prazo.

(Verkhoshanski, 1990)

• Força Explosiva - A capacidade do sistema neuromuscular produzir o

maior impulso possível em um curto período de tempo (Oliveira, 1998).

• Força Máxima -A maior força disponível que o Sistema Neuromuscular

pode mobilizar através de uma contração voluntária máxima (Weineck,

1999).

• Força Geral A força de todos os grupos musculares

independentemente do desporto (Weineck, 1999).

• Força Especial - A força desenvolvida por um determinado grupo de

músculos para desenvolver um determinado movimento em uma

modalidade desportiva (Weineck, 1999).

• Macrociclo - É o processo de treinamento composto pelos períodos

preparatório, competitivo e transitório (Zakharov, 1992) _

• Processo de Preparação a "longo prazo" - é o planejamento do

treinamento que considera a necessidade de estabelecer um processo

de preparação geral e específica, organizado durante muitos anos

(Bompa, 2000b).

5
1.2) OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi verificar o grau de treinabilidade (potencial de

adaptação) de um mesmo grupo de atletas da seleção brasileira infanto-juvenil (1°

Macrociclo) e juvenil (2° Macrociclo) feminina de voleibol, para a capacidade de

força explosiva, em dois macrociclos consecutivos de preparação, utilizando-se do

método de cargas concentradas de força.

1.3) QUESTÕES

A) Existem diferenças de níveis de adaptação da capacidade de força

explosiva entre as faixas etárias pesquisadas?

B) Qual o período ideal (entre as faixas etárias pesquisadas) para

incremento da capacidade de força explosiva no voleibol?

C) Quais os possíveis fatores que determinam uma maior treinabilidade

para a capacidade de força explosiva, para o grupo pesquisado?

1.4) DELIMITAÇÕES DO ESTUDO

Este estudo procurou verificar o grau de treinabilidade da capacidade de

força explosiva de um grupo de atletas das categorias de base da seleção

brasileira feminina de voleibol. Os resultados deste estudo podem não estabelecer

relações com equipes de voleibol de um nível técnico inferior.

Durante o desenvolvimento do estudo, bem como das avaliações

realizadas, não houve o controle dos fatores emocionais e climáticos.

6
2) REVISÃO DE LITERATURA

A busca por melhores meios e métodos de treinamento, através da

observação dos processos de adaptação é de fundamental importância para

evolução da metodologia do treinamento desportivo no que se refere às formas de

preparação. Assim, o estudo da dinâmica da alteração de diferentes capacidades

biomotoras durante a prática competitiva dos atletas, torna-se fundamental. Com o

intuito de esclarecer os temas diretamente relacionados ao objetivo principal deste

trabalho, destacando os fatores intervenientes, dividimos este capítulo nos

seguintes tópicos: 1) processo de adaptação (treinabilidade); 2) estrutura do

processo de treinamento (periodização); 3) treinamento juvenil; 4) treinamento de

força especial.

2.1- PROCESSO DE ADAPTAÇÃO (TREINABILIDADE)

O progresso dos desempenhos desportivos é possível porque o organismo

humano reage adaptando-se aos exercícios físicos que constituem as cargas de

treinamento. Este processo é mais eficaz à medida que se respeitam os princípios

(individualidade biológica, especificidade, carga e reversibilidade) fundamentais no

treinamento. Castelo et ai. (1996), definem o processo de adaptação como uma

reação natural do organismo quando as cargas de treino são aplicadas regular,

metódica e sistematicamente, criando um novo estado de equilíbrio

qualitativamente superior através das progressivas modificações neurológicas,

fisiológicas e psicológicas. A dinâmica da adaptação é consubstanciada pela

7
dinâmica da carga. Neste sentido, o ser humano para além da capacidade de

reagir a estímulos, quando estes possuem uma certa intensidade e quando são

aplicados regularmente, tem também a capacidade de se adaptar, criando as

condições mais favoráveis ao aumento do rendimento desportivo.

Bompa (200Gb), afirma que um alto nível de rendimento é resultado de

muitos anos de treinamentos intensos, metódicos e bem planejados. Durante este

período, o atleta procura adaptar seu organismo às funções específicas requeridas

para a modalidade desportiva escolhida. O nível de adaptação é refletido pelo

rendimento das capacidades físicas, técnicas e psicológicas. Quanto maior o grau

de adaptação, melhor é a "performance". O autor ainda define o processo de

adaptação como a soma de transformações induzidas por exercícios

sistematicamente repetidos. As mudanças estruturais e funcionais resultam de

uma demanda específica de estímulos que os atletas são submetidos,

dependendo do volume, intensidade e frequência do treinamento. O treinamento

físico é eficaz quando proporciona ao organismo intensidade suficiente para

provocar adaptação aos esforços. Se o estímulo não é suficiente, nenhuma

adaptação ocorre. Por outro lado, se o estímulo for intolerável, o resultado pode

ser a ocorrência de lesões ou danos aos diferentes sistemas funcionais.

Baur (1990), ressalta a existência de fases sensíveis durante o

desenvolvimento do processo adaptativo; o autor explica que durante o

desenvolvimento morfológico dos organismos animais e vegetais existem

períodos, cronologicamente limitados, nos quais os sistemas celulares reagem

com particular sensibilidade aos estímulos ambientais. Os efeitos de adaptação

podem acumular-se de modo que promovam um incremento da eficiência das

8
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funções específicas, as quais permitem a melho~a concreta dos resultadOl:N:i~~~
desporto e nas disciplinas desportivas praticadas. E importante destacar que o~
efeitos de adaptação estão em estreita relação com os estímulos que os

provocam, caracterizando a especificidade. (Manno, 1988).

Viru (1999), divide em quatro as evidências da ocorrência dos períodos

sensíveis de desenvolvimento:

1) o aparecimento de eventos críticos de ontogênese que influenciam o

processo de crescimento, maturação e desenvolvimento;

2) período de crescimento acelerado, desenvolvimento do corpo de uma

forma global ou de suas partes, bem como órgãos, tecidos e células;

3) aumento da sensibilidade aos fatores que estimulam o desenvolvimento;

4) aumento da vulnerabilidade aos efeitos prejudiciais.

A treinabilidade exprime o grau de adaptabilidade e de modificação positiva

do estado morfológico, funcional e afetivo dos praticantes como resultado dos

efeitos dos exercícios de treinamento. Trata-se de uma medida dinâmica que

depende de uma série de fatores. Na infância ou na adolescência, as fases

chamadas "sensitivas" são muito importantes para a treinabilidade. Isto demonstra

a existência de períodos de desenvolvimento particularmente favoráveis ao

treinamento de determinados fatores da "performance" motora desportiva, isto é, a

treinabilidade é particularmente elevada neste período. Todavia, a discussão em

torno da exata ocorrência dessas fases ainda não está esgotada. O não

aproveitamento dessas fases sensitivas pode limitar a condição de se atingir

melhoras de determinadas capacidades, ou exigir um esforço desproporcional no

treinamento (Castelo et ai, 1996).

9
Solodkov (1993), ressalta que os problemas da adaptação dos

desportistas às cargas intensas e volumosas de treinamento, típicas dos

desportos de alto nível, são hoje o centro das reflexões de estudiosos em todo o

mundo. O autor destaca ainda alguns aspectos teóricos e práticos das questões

relacionadas ao processo de adaptação:

1) Do ponto de vista fisiológico, a adaptação à atividade muscular pode

considerar-se uma resposta geral do organismo, que tende a obter o

mais alto estado de treinamento com os menores gastos energéticos

possíveis;

2) A partir deste ponto de vista, a adaptação aos esforços físicos é

considerada como um processo dinâmico, em cuja base está a

formação de um novo programa de reações;

3) Sua dinâmica (adaptação) e os mecanismos fisiológicos são

determinados pelas relações entre condições internas e externas

relacionadas às atividades físicas.

O mesmo autor, anteriormente citado, afirma que os fatores fisiológicos de uma

adaptação à longo prazo são acompanhados necessariamente de três processos

fundamentais:

a) Ajuste dos mecanismos de regulação;

b) Mobilização e utilização das reservas fisiológicas do organismo;

c) Formação de um sistema funcional específico de adaptação ajustado a

uma determinada atividade desportiva.

Afirma ainda que para a produção de uma adaptação estável e completa, depende

de um aspecto importante que está representado pelo ajuste dos mecanismos de

10
adaptação e regulação, pela mobilização das reservas fisiológicas, e também

por sua utilização em distintos planos funcionais. É evidente que antes intervêm as

reações fisiológicas normais e, somente depois, a intensificação dos mecanismos

de adaptação que requerem elevado emprego de energia, com a utilização das

reservas gerais possíveis do organismo. Tudo isto forma o sistema funcional

especial de adaptação, capaz de garantir uma atividade específica, consistente

pelo estabelecimento de uma série de novas relações entre centros nervosos,

sistemas hormonais, vegetativos e executores da atividade, necessária para que

o organismo se adapte às cargas físicas.

Bompa (2000b), afirma que o período necessário para um elevado grau de

adaptação também depende da complexidade coordenativa, fisiológica e

psicológica da modalidade desportiva selecionada. Quanto mais complexo e difícil

é a modalidade desportiva, maior é o tempo de treinamento necessário para as

adaptações funcionais e neuromusculares.

2.2 ESTRUTURA DO PROCESSO DE TREINAMENTO

A planificação do processo de treinamento dos atletas brasileiros, que por

muito tempo baseou-se nas experiências e intuições de treinadores, alicerçadas

pelo método das "tentativas e erros", começa a ser substituída por pressupostos

mais objetivos, fortalecidos pelas pesquisas dos países de primeiro mundo

(Oliveira in Zakharov, 1992). O embasamento teórico e prático conseguido através

dos estudos e experiências realizadas por especialistas do mundo todo,

proporcionam condições de desenvolvimento de conhecimentos específicos

li
dentro da realidade e necessidade do desporto brasileiro. A avaliação do

rendimento dos atletas durante os Jogos Olímpicos, demonstra que apenas alguns

atletas alcançam seu melhor rendimento no momento da sua mais importante

competição (Lehnert, 1994). Talvez esse fator seja fundamental para se

compreender a importância e o nível de complexidade que envolve toda a

montagem de uma estrutura de treinamento. De acordo com Platonov (1995}, a

estrutura de um processo de treinamento está constituída pelas associações

sistemáticas entre os componentes deste processo e sua ordem de sucessão;

esta estrutura se caracteriza por:

a) a articulação entre os diferentes aspectos do treinamento (como

exemplo, entre os treinamentos gerais e especiais);

b) as relações entre as limitações impostas pelas competições e as

características do treinamento;

c) o tipo de associação e a ordem de sucessão dos diferentes elementos

do processo de treinamento.

Considerando os fatores envolvidos no processo de treinamento, é

importante destacar a maneira de se dividir o sistema de periodização. Koutedakis

(1995), divide a princípio, o ano de preparação em fases como "off season" (pré

temporada) e "in season" (fase de competição). Tschiene (1992), observa também

a possibilidade de divisão da estrutura de treinamento em "condicionamento e

preparação técnico-tática". Fry, Morton e Keast (1992), sugerem que os períodos

de treinamento intensificados combinados com os períodos moderados podem

permitir uma correta adaptação e supercompensação da forma física. Formas

mais difundidas por alguns autores tiveram uma repercussão aumentada.

12
Matveev (1995), afirma que o caráter cíclico, como qualidade universal

em todos os processos da atividade vital, se manifesta constante e naturalmente

também no desporto, de forma definida e com precisão especial. Suas

manifestações integrais e complexas são representadas pela reprodução cíclica

dos sistemas de competições e pelos ciclos de preparação desportiva. No entanto,

disto não se deduz que os primeiros (preparatórios) são derivados dos últimos

(ciclos de competições); a relação nesse sentido é recíproca e condicionada por

muitas especificidades. A teoria dos ciclos de treinamento de Matveev tem sido

instrumento de muita controvérsia, com debates centrados em torno de questões

como a combinação de cargas e intensidades, as relações entre treinamentos

gerais e especiais e a divisão do ciclo de treinamento em diferentes etapas.

Zakharov (1992), afirma que o processo de preparação desportiva

(macrociclo) decorre de uma sequência de 3 períodos: aquisição, manutenção

(estabilização relativa) e perda temporária. Estes períodos operam como resultado

de influências de treino rigorosamente determinadas, cuja característica se altera

naturalmente, dependendo do período de desenvolvimento da forma desportiva.

Matveev (1995) divide ainda o macrociclo em três períodos:

1) O período preparatório (que assegura o desenvolvimento das

possibilidades funcionais do organismo do desportista e pressupõe a solução das

tarefas de vários aspectos específicos do estado de preparação);

2) O período competitivo (que pressupõe a estrutura direta da forma

desportiva);

13
3) O período transitório (que contribui para a recuperação completa do

potencial de adaptação do organismo do desportista e serve de elo de

ligação entre os macrociclos de preparação).

Castelo et ai (1996), dividem o período preparatório em: "geral e especial";

caracterizam os conteúdos do treinamento do período de preparação geral da

seguinte maneira:

• aumento da capacidade de carga de treino, especialmente, através do

aumento do volume;

• melhoria do nível técnico através da execução multifacetada destes

procedimentos em situações variadas;

• desenvolvimento das possibilidades funcionais do organismo por meio

do desenvolvimento múltiplo das suas capacidades motoras: a

resistência, a força, a velocidade, a flexibilidade, a agilidade e a

coordenação;

• assimilação e aperfeiçoamento dos conhecimentos que constituem a

base teórica da atividade física em análise;

• desenvolvimento de capacidades de "base", que se revestem de

especial importância devido à realização de um trabalho de grande

volume;

• criação de pressupostos necessários para o melhoramento dos

resultados das competições.

Os autores (Castelo et ai, 1996) ainda destacam o conteúdo do período

preparatório especial:

14
• manutenção do nível das capacidades físicas alcançado na primeira

etapa e, simultaneamente, o seu desenvolvimento através das

exigências específicas da modalidade desportiva;

• assimilação mais completa em situações mais próximas das condições

de competição, nas quais se congregam todas as condições do meio

interno (fatores emocionais) e externo (público, adversário, etc.), por

proporcionar uma maior estabilização do comportamento motor do

praticante, isto é, aumento da sua eficiência, e uma maior variabilidade

para que este comportamento seja ajustável às questões impostas pela

situação competitiva;

• combinação harmoniosa de todos os fatores de treino enunciados,

desenvolvendo uma ótima interação dos mesmos para se atingir uma

condição atlética adequada;

• assegurar que desde o início do período competitivo os praticantes

busquem atingir as suas melhores condições, ou se aproximem delas.

Weineck (1986), reafirma as colocações anteriores, destacando que as

fases de evolução da forma atingem no decorrer dos anos de treinamento, um

nível constantemente crescente, elevando finalmente à "performance" máxima

individual visada. Morton (1992), dividiu os fatores que interferem no

desenvolvimento da periodização da seguinte forma:

- rendimento máximo previsto;

- a data na qual o rendimento máximo deve ocorrer;

-índice de Stress por "Overtraining" (Sobretreinamento);

15
-o nível da máxima "performance" durante o pico de preparação.

Sugere ainda que os atributos fisiológicos de um atleta e o nível de fadiga como

resposta ao treinamento são extremamente relevantes em uma "performance"

otimizada, bem como no gerenciamento de um programa de treinamento.

Verkhoshanski (1998), divide o grande ciclo de preparação em três blocos:

• Bloco A: é dedicado à ativação do processo de preparação e orientação

para a especialização morfofuncional do organismo na direção

necessária para o trabalho posterior no regime de movimento específico.

O objetivo principal deste bloco é o aumento do potencial motor do

atleta, tendo em conta sua utilização no exercício específico.

• Bloco B: tem como princípio o desenvolvimento do trabalho de potência

do organismo no regime de movimento específico em condições

correspondentes às de competição. Consiste na assimilação da

capacidade de utilizar habilmente, o crescente potencial de movimento

em intensidades igualmente crescentes durante a execução de

exercícios específicos da modalidade.

• Bloco C: Esta etapa prevê a conclusão do ciclo de treinamento e a

passagem do organismo ao máximo nível de potência de trabalho no

regime específico de movimento. O objetivo principal deste bloco

consiste na assimilação da capacidade de realizar com a máxima

eficácia o potencial motriz nas condições competitivas.

No quadro complexo do processo de preparação específica, a rapidez da

ação motora é um fator importante no rendimento de jogo; à medida que vai se

16
aprofundando a preparação, a atenção deve ser voltada prioritariamente ao

desenvolvimento da alta complexidade das ações do desporto. (Martin et ai,

1997).

Verkhoshanski (1996-b) destaca que o mecanismo principal que determina

o progresso do desenvolvimento desportivo em um programa de treinamento está

constituído do contínuo aumento do potencial motriz do organismo e da melhora

da capacidade do atleta em utilizar eficientemente as condições próprias da

modalidade desportiva. O autor ressalta ainda que a preparação física especial no

processo de treinamento consiste dos seguintes tópicos:

- o aumento do nível da capacidade funcional do organismo;

- a ativação da transformação morfológica que constitui a base material da

adaptação do organismo a um determinado regime motriz;

- a criação da base energética para o progresso da maestria desportiva.

Matveev (1995), destaca que, a dinâmica das cargas de um atleta de alto

nível que objetiva a realização posterior de suas possibilidades de êxito em ritmo

acelerado, caracteriza-se em maior grau pela forma ondulatória do

desenvolvimento das influências do treinamento. A análise da carga de

treinamento é um elemento essencial que permite aos técnicos o controle da

preparação para um plano de trabalho (Grzadziel, 1991).

A "preparação à longo prazo", no processo de desenvolvimento desportivo,

requer uma atenção especial no contexto da periodização. Bompa (2000-a), afirma

que uma planificação de treinamento à longo prazo é uma característica e uma

exigência do treinamento moderno; uma programação de treinamento à longo

prazo bem organizada aumenta de maneira notória a eficiência do processo de

17
preparação para futuras competições. Platonov (1994), destaca que a

estrutura geral de preparação à longo prazo depende dos seguintes fatores:

• a estrutura da atividade competitiva do desporto e o grau de preparação

do atleta que potencialmente poderá garantir resultados elevados;

• formação sistematizada e regular dos diversos componentes da

maestria desportiva e uma constante evolução do processo de

adaptação do sistema funcional;

• característica individual do atleta e o ritmo da maturação biológica,

relacionados por vários aspectos ao ritmo do desenvolvimento da

maestria desportiva;

• idade de início da atividade desportiva e a idade em que o atleta é

submetido a um nível de especialização aumentado;

• o conteúdo do processo de treinamento, a organização dos meios e

métodos, a dinâmica das cargas, a construção das diversas estruturas

organizacionais do processo de treinamento.

Zakharov (1992) subdivide o processo de preparação à longo prazo em

quatro etapas:

1) etapa de preparação preliminar de base;

2) etapa de preparação especializada de base;

3) etapa de realização dos máximos resultados individuais;

4) etapa de manutenção dos níveis adquiridos.

18
A respeito do constante aumento de rendimento visado pela

preparação à longo prazo, Platonov (1994) ainda destaca as seguintes

importantes características:

aumento sistemático e planificado do volume global de trabalho de

treinamento a cada ano ou de um macrociclo a outro;

especialização muito exclusiva e restrita que deve ocorrer no início da

etapa de realização dos máximos resultados individuais;

aumento gradual do número total de sessões de treinamento durante o

microciclo;

aumento sistemático e planificado das sessões de treinamento com

cargas elevadas;

prioridade aos treinamentos do tipo seletivo, determinando uma

profunda mobilização das possibilidades funcionais do organismo;

amplo uso de trabalho visando o aumento da resistência específica,

além de um aumento da experiência de jogo (competitiva) durante a

etapa conclusiva do processo de preparação;

estímulo psicológico através de jogos com elevado grau de importância;

condições aumentadas de recuperação entre os estímulos de

treinamento, com o objetivo de propiciar o contínuo processo de

adaptação com o aumento de cargas;

um aumento programado do volume de treinamento técnico/tático

estimulando uma alta especialização do atleta.

De acordo com Hakkinen (1993), o treinamento visando a evolução da

condição física em desportos como o voleibol, são desenvolvidos primariamente

19
no período de preparação da temporada, quando uma ênfase menor é

proporcionada às capacidades técnicas. Durante a fase competitiva os atletas

concentram seus esforços principalmente nas variáveis técnicas e táticas,

enquanto que o volume total de preparação física é significativamente reduzido;

este fato torna importante examinar o volume e o tipo de treinamento físico que

deve ser mantido durante a fase competitiva visando a manutenção dos níveis de

rendimento físico obtidos anteriormente.

No voleibol, algumas considerações especiais devem ser descritas sobre a

preparação do atleta. Brislin (1997), subdivide o treinamento físico para o Voleibol

de acordo com as seguintes fases: 1) hipertrofia; 2) força; 3) potência; 4) máximo

rendimento e 5} fase de recuperação ativa. A fase de hipertrofia está geralmente

associada à fase de pré-temporada. É a fase do treinamento que o objetivo está

voltado para adaptações anatômicas nos músculos, no sistema nervoso e nos

tecidos associados. Neste período desenvolve a base para os altos níveis de

treinamentos em períodos posteriores. A maioria dos exercícios nesta fase

correspondem a um treinamento de força geral utilizando-se um trabalho com

pesos. A segunda fase (força}, compreende o período onde o número de

repetições é reduzido e a intensidade de cargas é significativamente aumentada.

Exercícios complexos são adicionados, utilizando-se um trabalho com uma

velocidade aumentada com um peso (carga) também elevado; o ganho de massa

muscular obtido na fase anterior é utilizado para um incremento na produção de

força nesta fase. Na fase de potência, o intuito é converter a força adquirida na

fase anterior para os movimentos específicos do voleibol; durante este período é

utilizado em larga escala o método de treinamento com exercícios de força

20
especial. Durante a fase de máximos rendimentos, o treinamento enfoca

principalmente a maximização da força explosiva, força rápida e dos ganhos

metabólicos obtidos nas fases anteriores; exercícios específicos representam os

fatores primários e fundamentais do treinamento. A fase de manutenção encerra a

temporada de preparação; este período visa preservar a força explosiva e a força

rápida desenvolvidas durante todo o processo de preparação. A fase de

recuperação ativa deve evitar atividades específicas do voleibol e enfatizar cargas

de treinamento geral, com intensidades reduzidas.

O planejamento. de uma forma geral, não tem um fim em si mesmo, mas

constitui-se em uma ferramenta para alcançar objetivos pré-determinados; não se

deve iniciar um processo de preparação sem um esclarecimento do planejamento

e dos objetivos a serem atingidos (Cardinal. 1991).

2.3 TREINAMENTO JUVENIL

No que se refere à teoria de treinamento juvenil, Tschiene (1990), afinma

que as estruturas do processo de preparação deveriam envolver os seguintes

aspectos:

- as teorias da ação humana e as leis da atividade dos mecanismos

reguladores;

- a adaptação biológica às cargas desportivas de diversos tipos, nas

distintas etapas de desenvolvimento dos sistemas;

21
- a formação de um sistema de preparação desportiva; a construção de seus

modelos cronológicos e de conteúdos, de modelos de direção e controle

das medidas de treinamento de parâmetros permanentes;

- uma metodologia de treinamento no âmbito juvenil que se baseie nas leis

da ação concebida como uma totalidade.

Tschiene (1990), ainda destaca que a estruturação de um processo eficaz

nesta faixa etária deve garantir, a longo prazo, a contínua evolução do rendimento,

considerando os niveis de resultados que se pretende alcançar no futuro.

Platonov (1994), destaca que o processo de desenvolvimento a longo

prazo, no que concerne à preparação de jovens, se compõe das seguintes etapas:

- fase de desenvolvimento geral de base;

- fase da primeira especialização;

- fase de especialização aprofundada.

A primeira fase visa principalmente o desenvolvimento geral da

psicomotricidade, objetivando um maior repertório de movimento para o

desenvolvimento do gesto específico futuro. A fase da primeira especialização

objetiva o desenvolvimento perfeito do gesto desportivo específico, além de uma

correta dosagem de volume e intensidade de treinamento. A terceira fase se

desenvolve entre 13 e 18 anos; as características individuais e a especificidade

aumentadas são fatores determinantes nesta fase.

Nabatnikova (1982) apud Tschiene (1990), ressalta que a exploração

controlada da reserva atual de adaptação pressupõe o emprego racional do

potencial de treinamento para a faixa etária correspondente aos exercícios,

através do efeito acumulativo de cargas. O autor demonstra através de um

22
esquema (quadro 1) um processo de especialização funcional do organismo a

um treinamento de força à longo prazo. Destaca ainda fatores que fazem parte de

um processo de operação da metodologia de treinamento juvenil:

a) a relação entre preparação geral e preparação específica;

b) a relação entre os níveis de intensidade da carga;

c) perspectivas da preparação técnica e tática;

d) o volume global da carga, em geral, e as taxas de seu aumento nas

diferentes idades

Grupo de Esportes Etapas Meios de Preparação(%)

Faixa Etãria Prep. Geral Prep. Especial

(anos)

Esportes de Força Rápida 12-14 75-70 25-30

15-17 60-45 40-55

Jogos Desportivos 12-14 75-65 25-35

15-17 40-30 60-70


- entre a preparaçao
Quadro 1. Relaçao - . .
- geral e a preparaçao espec1al, (Nabatmkova, 1982 m
Tschiene, 1990) adaptado para o presente estudo

Jarver (1986), afirma que existem diferentes opiniões quanto a idade mais

conveniente e segura para se iniciar um programa de treinamentos com pesos. O

autor ressalta que a maioria dos fisiologistas sugerem as idades de 15 e 16 anos

como a faixa etária ideal para começar o desenvolvimento de programas com

pesos, sempre que o atleta tenha sido preparado durante vários anos através de

um condicionamento multi-facetado e, que inclua exercícios com carga utilizando-

23
se o próprio peso corporal. Destaca que, em geral, pode-se dizer que a

decisão exata de quando se iniciar o treinamento com pesos depende em grande

medida dos valores do crescimento e do desenvolvimento da força muscular

durante a infância. Destacando a preparação desportiva a longo prazo para jovens

atletas, Tschiene (1986), descreve fases de treinamento (quadro 2) de acordo com

diferentes níveis de rendimento. Ainda sobre fases ótimas de treinamento, Grosser

apud Cerani, (1990) destaca períodos de treinamento de força muscular para as

categorias infantil e juvenil (quadro 3).

As Etapas de Preparação Desportiva a Longo Prazo Idade Vol. (o/o)

01) Iniciação da especialização desportiva (formação de 10-14 45-50

base)

02) Especialização aprofundada 15-18 70-80

03) Primeira fase de rendimento elevado > 19 100


- Desport1va a Longo Prazo- (Tsch1ene, 1986)
Quadro 2- Etapas de Preparaçao

De acordo com Bompa (2000a), os atletas situados na faixa etária entre 15

e 18 anos possuem uma alta capacidade de tolerância aos treinamentos e

competições; os atletas nesta faixa etária que participaram de um processo de

preparação a longo prazo desde uma fase anterior a esta, devem iniciar um

trabalho de alta especialização e intensificação dos treinamentos. Viru (1999), cita

alguns autores (Guzalovski, 1977; Loko et ai., 1994) que observaram a faixa etária

entre 16 e 17 anos como a de melhor treinabilidade de força muscular para o sexo

feminino; no mesmo trabalho, Viru (1999), destaca outras pesquisas

24
(Espenschade, 1960; Shepard, 1962; Simons et ai., 1990; Saavedra et ai.,

1991) que demonstraram uma fase de treinabilidade maior para força muscular

para meninas no período situado entre os 13 e 14 anos de idade. Martin (1993),

destaca que no voleibol a fase da primeira especialização deve ocorrer por volta

dos 1O - 11 anos de idade; ressalta ainda que para um desempenho desta

modalidade em alto nível de rendimento, é necessária uma idade situada entre 17

e 19 anos.

Possibilidades, tipos de treinamento de força, tipos Idade

de força Masculino Feminino

Início da possibilidade de treinamento de força A partir de A partir de

7/8 anos 718 anos

Início do desenvolvimento muscular A partir de A partir de

9/11 anos 9/11 anos

Maior treinamento de força explosiva e desenvolvimento da força A partir de A partir de

muscular 12/14 anos 11/13 anos

Início do treinamento combinado A partir de A partir de

13-15 anos 12-14 anos

Início do treinamento da coordenação intramuscular e força- A partir de A partir de

resistência 13-15 anos 14-16 anos

Intensificação do treinamento da coordenação intramuscular e A partir de A partir de

força-resistência 16-17 anos 14-16 anos

Treinamento visando o máximo rendimento A partir de A partir de


I
17 anos 16 anos
. .. . . . I . .
Quadro 3 - Poss1b1hdades e tipos de tremamento, tipos de força em categonas mfantil e
juvenil (Grosser, 1986 in Cerani, 1990)

25
2.4 TREINAMENTO DE FORÇA ESPECIAL

No contexto da atividade física desportiva, a força representa a capacidade

de um indivíduo para vencer ou suportar uma resistência; esta capacidade do ser

humano aparece como resultado da contração muscular (Manso, Valdivielso e

Caballero, 1996). Destacam ainda que quando o músculo se contrai, gera uma

tensão que se opõe a uma resistência interna ou externa. Wilson et ai (1993),

afirmam que por séculos atletas têm utilizado treinamento com carga (treinamento

de força) para melhorar o rendimento competitivo. No passado, o treinamento com

pesos foi utilizado por modalidades que eram caracterizadas pelas exigências de

força como levantamento de peso. Entretanto, recentemente, métodos para

treinamento de força tem sido adotados por um grande número de atletas de

várias modalidades desportivas.

O grau da força, ou nível de tensão, que o músculo produz durante sua

contração depende de muitos fatores que variam durante o período de preparação

desportiva. Dentre os principais podem ser citados:

- fatores biológicos (estrutura das fibras musculares, características do

sistema neuromuscular, metabolismo energético e resposta hormonal);

- fatores mecânicos (tamanho longitudinal do músculo, a velocidade de

trabalho muscular e a elasticidade do músculo);

- fatores funcionais (contrações isométricas, isotônicas e isocinéticas);

- fatores sexuais.

Zatsiorski, (1999) destaca que o treinamento de força máxima é vital para

atletas que necessitam de bons níveis de salto porque o peso corporal (durante a

26
fase de elevação na impulsão) e a massa corporal (tanto durante o

desenvolvimento na horizontal quanto na vertical) proporcionam uma alta

resistência; por outro lado, o autor destaca que após um período de treinamento

visando o aumento de força muscular, o ideal seria otimizar os níveis de

desenvolvimento de força, isto é, a força muscular dentro de sua necessidade

específica da modalidade. Seguindo ainda o raciocínio visando a detenminação de

uma correta aplicação de cargas de força, Zatsiorski (1999) propõe:

- utilizar uma carga máxima (exercitar-se contra uma resistência máxima)

que é o método de esforço máximo;

- utilizar cargas sub-máximas até a exaustão - este é o método de esforço

repetido;

- utilizar uma carga sub-máxima com a maior velocidade alcançável - este

é o método de esforço dinâmico;

- junto a estes três métodos, a utilização de cargas sub-máximas com um

número intermediário de repetições (que não leve à completa exaustão) é

utilizado como método suplementar (método de esforço submáximo).

Jarver (1986) destaca que a capacidade de força e a potência muscular

são, além de capacidades decisivas, importantes fatores de rendimento em todas

as especialidades atléticas, com exceção dos desportos que envolvem

predominantemente exercícios de resistência.

De acordo com Kusnetsov (1995), o caráter dos esforços dinâmicos durante

o vencimento das resistências é variado, podendo ser explosivo, rápido ou lento.

Afirma ainda que o caráter explosivo dos esforços, isto é, a força explosiva, se

revela durante o vencimento de resistências que não alcançam as magnitudes

27
- a frequencia dos estímulos nervosos do cérebro ao músculo;

-a quantidade de fibras musculares envolvidas pelo estímulo;

- a influência da retroalimentação dos proprioceptores (fusos musculares,

órgãos tendinosos de Golgi, receptores articulares, etc.) a nível espinhal e

supra-espinhal;

-os tipos de fibras musculares (lentas ou rápidas);

- o diâmetro e a força de cada uma das fibras musculares;

-a utilização da energia elástica durante as fases de

alongamento/encurtamento da ativação muscular.

Fleck e Kraemer (1999), indicam para os atletas, em algumas fases de sua

preparação, o treinamento com velocidade específica para maximizar ganhos em

força muscular e potência.

Wilson et ai (1993), afirmam que a estratégia ótima para melhorar o

rendimento atlético dinâmico parece ser uma junção entre o treinamento com

pesos tradicional e o método pliométrico de treinamento. De acordo com

Verkoshanski e Oliveira (1995), o "método concentrado" se caracteriza pela

concentração de altos volumes dos meios de preparação de força especial em

uma etapa específica do ciclo anual. Isto assegura uma potente influência do

treinamento no organismo e serve de premissa para elevar significativamente sua

capacidade de trabalho especial. Tal método é racional, geralmente, para os

atletas qualificados, já que na realidade é a única alternativa para a progressiva

elevação do alto nível de preparação de força especial que eles dispõe.

Castelo et ai (1996) propõe um conjunto de relações de dependência entre

a força máxima e a força rápida:

29
• a força máxima (Fmax} e a Força Rápida não são entidades

distintas e comportam uma relação hierárquica entre elas. A Fmax é a

componente básica e fundamental, influenciando a produção de força

rápida, particularmente em ações isométricas e concêntricas;

• a TPF (taxa de produção de força} é determinada pela capacidade do

sistema nervoso aumentar o recrutamento e a frequência de ativação

das unidades motoras, bem como pelas características contráteis das

respectivas fibras musculares;

• para resistências muito baixas a TIPF (taxa inicial de produção de força}

constitui o fator mais importante; com o aumento progressivo da carga, a

TMPF (taxa máxima de produção de força} constitui o elemento

predominante, até a Fmax assumir a predominância do processo, nas

situações em que as resistências a vencer são muito elevadas;

• a participação relativa da TIPF, TMPF e Fmax pode também ser

caracterizada face à duração do movimento. Assim, para movimentos

inferiores a 250 rnls a TIPF e a TMPF são os fatores predominantes,

enquanto que a Fmax desempenha um papel mais importante em

movimentos com duração superior a 250 rnls.

• A produção de força em CMAE (ciclos musculares de alongamento-

encurtamento} é relativamente independente da Fmax, sendo a sua

correlação muito baixa. A qualidade do padrão de inervação parece ser

o critério fundamental para detemninar a "perfomnance" muscular do

CMAE.

30
A especificidade da carga é definida pela analogia dos exercícios que a

constituem e a atividade competitiva da modalidade desportiva. Se a analogia é

elevada, o efeito de transferência também é, aumentando-se assim, o rendimento

desportivo dos praticantes ou das equipes. Neste sentido, embora as cargas

específicas não possam substituir completamente os exercícios de competição,

devem reproduzi-los total ou parcialmente de fonma mais fiel possível (Castelo et

ai, 1996).

Bompa (2000b), afirma que após o desenvolvimento dos fundamentos do

treinamento de força, deve-se iniciar a fase específica, isto é, a periodização de

treinamento de força muscular começa sempre com a construção de uma base

geral e, em seguida o processo passa para uma especialização das cargas de

trabalho. Fleck (1999), ressalta que a variação durante a periodização do

treinamento de força é um importante conceito no desenvolvimento de trabalho

com sobrecarga.

Milder e Mayhew (1991), ressaltam que é requerido do atleta de voleibol a

capacidade de rapidez, agilidade, potência e velocidade; somando-se a essas

capacidades destacam ainda a flexibilidade e a resistência como aspectos

importantes para a modalidade. Hakkinen (1993), afirma que no voleibol,

habilidades técnicas e táticas, características antropométricas e capacidade de

rendimento físico individual são os fatores mais importantes que contribuem para o

sucesso competitivo de toda uma equipe. De acordo com a duração da partida de

voleibol observa-se uma relação direta com uma modalidade de desporto aeróbio

mas, nota-se uma altíssima produção de esforço anaeróbio alático, além de

seguidos períodos de recuperação.

31
Hakkinen (1993) ainda destaca que o voleibol demanda também

consideráveis solicitações neuromusculares, especialmente durante os vários

deslocamentos e saltos que ocorrem repetidamente durante a competição.

Matveev (1995), destaca que, a dinâmica das cargas de um atleta de alto

nível que aspire a realização posterior de suas possibilidades de êxito em ritmo

acelerado, caracteriza-se em maior grau pela forma ondulatória do

desenvolvimento das influências do treinamento. A análise da carga de

treinamento é um elemento essencial que permite aos técnicos o controle da

preparação para um plano de trabalho (Grzadziel, 1991).

Hakkinen (1993), afirma que o treinamento visando a evolução da condição

física em desportos como o voleibol, são desenvolvidos primariamente no período

de preparação da temporada, quando uma ênfase menor é proporcionada às

capacidades técnicas. Durante a fase competitiva os atletas concentram seus

esforços principalmente nas variáveis técnicas e táticas, enquanto que o volume

total de treinamento para preparação física é significativamente reduzido; esta

afirmativa torna importante examinar o volume e o tipo de treinamento físico que

deve ser mantido durante a fase competitiva visando a manutenção dos níveis de

rendimento físico obtidos anteriormente.

Bosco (1990), afirma que é necessário determinar que o desenvolvimento

da força rápida é o principal objetivo do treinamento do atleta de voleibol.

Newton, Kraemer e Hakkinen (1999), demonstraram que um programa de

8 semanas de treinamento balístico (reativo) com sobrecarga é eficiente para a

evolução dos níveis de salto vertical e altura de alcance em atletas de elite de

voleibol. Destaca ainda que esses ganhos no rendimento estão associados com

32
aumentos nos níveis de força máxima, velocidade e nível de força durante os

saltos.

Hewett et ai (1996), em um estudo desenvolvido com atletas de voleibol

(feminino e masculino) através de um programa de treinamento pliométrico, com a

utilização de um programa de exercícios com pesos, demonstraram aumentos

significativos nos níveis de salto, bem como uma eficiência aumentada na fase de

amortecimento dos saltos. Os autores ainda destacam resultados semelhantes

com equipes olímpicas dos Estados Unidos, assim como equipes de voleibol de

uma faixa etária mais reduzida (média de 15 anos).

Hakkinen (1993), em um estudo com atletas de voleibol feminino,

desenvolveu um programa de treinamento visando duas fases competitivas; para

a primeira fase, o treinamento pré-competitivo constou de exercícios com pesos,

que foram mantidos na fase competitiva, em volume reduzido; para a segunda

fase competitiva, o volume de preparação com pesos foi reduzido totalmente. Os

resultados demonstraram que os treinamentos de força e de força explosiva

utilizados para a primeira fase competitiva contribuíram para um significativo

aumento na produção de força explosiva, enquanto que na segunda fase

competitiva foi observado um decréscimo significativo da força máxima, e da força

explosiva.

Dufek e Zhang (1996), destacam que é comum que na fase de pré-

temporada, na preparação do atleta de voleibol, os desportistas de elite executem

um número muito maior de saltos, quando relacionados com a fase de

competição, expondo a musculatura esquelética a altas cargas durante o período

preparatório.

33
Verkhoshanski (1996-a), destaca que a capacidade de produzir um

desempenho muscular explosivo é determinada pela qualidade funcional

específica do sistema neuromuscular. O autor divide em três os componentes que

determinam a capacidade de rendimento desta capacidade:

1) força máxima;

2) força inicial

3) força de aceleração.

Ercolessi (1992), destaca que o voleibol é um desporto de potência (força

explosiva) sendo formado pelos componentes força e velocidade associados;

destaca ainda que o salto que constitui-se em componente fundamental nesta

modalidade, é uma perfeita exemplificação do trabalho de potência muscular.

Vitasalo (1991), ressalta que a altura de salto vertical é uma das

características básicas do rendimento físico treinada pelo atleta de voleibol. O

autor ainda coloca que o "Sargent Jump Test" e suas modificações tem sido

amplamente desenvolvido com o objetivo de se avaliar níveis de potência em

atletas de voleibol por determinar a produção de força explosiva dos músculos

extensores dos membros inferiores e tronco, coordenação do balanço de

movimentos dos membros superiores e a habilidade para alcança L Uma produção

de força explosiva da musculatura da parte superior do corpo é necessária

especialmente para o ataque no voleibol; para detectar estes níveis de força

explosiva, Vitasalo (1985, 1988) in Vitasalo (1991) desenvolveu uma série de

avaliações com equipes de voleibol, utilizando-se de arremessos com bolas de

diferentes massas para observação dos níveis de força explosiva dos membros

superiores.

34
Como pode-se observar, através da revisão de literatura realizada,

muitos são os fatores (treinabilidade, treinamento de força, preparação de jovens e

periodização) que interferem no processo de adaptação da capacidade de força

explosiva. O esclarecimento dessas variáveis pode auxiliar no conhecimento

visando um maior entendimento do objeto de estudo desse trabalho.

35
3) PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1) Amostra

• 09 Atletas da Seleção Brasileira de Voleibol Feminino; Categorias

Infanto-Juvenil (média de 16,3 anos) e Juvenil (média de 17,4 anos);

3.2) Bateria de testes de controle

• Teste de força explosiva de membros inferiores

- Teste de Alcance de Ataque

- Teste de Alcance de Bloqueio

• Teste de força explosiva de membros superiores

- Teste de Arremesso de Medicinebaii/2Kg (sentado)

3.3) Local

• Os teste realizados durante a preparação para o Campeonato Mundial

de 1999 (1° macrociclo), foram executados nas dependências do Centro

de Treinamento do COC (Colégio Oswaldo Cruz) em Ribeirão Preto

(SP);

• Os testes realizados durante a preparação para o Campeonato Sul

Americano de 2000 (2° macrociclo), foram executados nas

dependências do Clube Olímpico em Belo Horizonte (MG).

36
3.4) Horários

• Os horários utilizados para execução dos testes de controle foram os

mesmos para os dois macrociclos; tanto os testes para avaliar a força

explosiva de membro inferior quanto os testes para membro superior

foram realizados entre as 16:00 e 17:00hs.

3.5) Materiais

• Para a coleta dos dados foram utilizados os seguintes materiais:

- Medicineball de 2Kg; Trena (Lufkin) de 30 metros; Giz; Tabela de 4 metros

de altura; fita métrica (1 metro).

3.6) Tratamento Estatístico

• Para as análises estatísticas das avaliações realizadas durante os dois

macrociclos (pré e pós período de preparação), utilizou-se o 'Wilcoxon

Signed Rank Test", (p<0,05).

3.7) Desenvolvimento do Trabalho

As avaliações foram realizadas em dois macrociclos (macrociclo de

preparação para o Campeonato Mundial lnfanto-Juvenil/1999 e macrociclo

de preparação para o Campeonato Sul Americano Juvenil/2000);

respeitando-se uma dinâmica descritiva longitudinal, ou seja, com as

mesmas atletas sendo avaliadas nos dois períodos.

37
Em ambos os processos de preparação foi utilizado o método das cargas

concentradas de força -adaptado para este estudo.

Os períodos de preparação, bem como o detalhamento das cargas de

treinamento nas diferentes fases de preparação estão em anexo (1, 2 e 3).

38
4) RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com as avaliações realizadas (pré e pós-preparação), observou-

se uma diferença significativa (p<0,05) da explosiva membros inferiores

- 1999- Infanto-Juvenil). Os gráficos (1 e

demonstram níveis de evolução dos testes após o 1° macrociclo de preparação.

Os resultados dos testes de força explosiva de membros superiores, realizados

durante o processo de preparação para o mesmo período (1° macrociclo), não

apresentaram diferenças estatísticamente significativas (gráfico 3).

39
do alcance de bloqueio
durante o 1° macrociclo (preparação para o Campeonato Mundial I
*(p=0,027)

membros superiores (arremesso - em) durante o 1° macrociclo


(preparação para o Campeonato Mundial/1999); (p=0,477)

40
Durante os processos de avaliação realizados no segundo macrociclo

(Sul-Americano - 2000 - Juvenil), observou-se uma diferença significativa

estatísticamente na evolução de todas as variáveis avaliadas (pré e pós-período

de preparação). Tanto as avaliações para determinação da capacidade de força

explosiva de membros inferiores (gráficos 4 e 5), como as avaliações para

membros superiores (gráfico 6) demonstraram diferenças significativas

estatísticamente para o incremento da capacidade avaliada,

durante o 2° macrociclo {preparação Sul


Amerícano/2000); *(p=0,012l

Estes resultados corroboram com resultados encontrados por Oliveira

(1998) em estudo desenvolvido com atletas de voleibol feminino (infanto-juvenil e

juvenil), onde destaca a da combinação de cargas através da

sucessão conveniente na ordem utilização, onde as cargas da etapa "A' criam

condições favoráveis a solução com êxito das cargas posteriores (8 e C),

41
propiciando a caracterização do efeito posterior duradouro de treinamento

{EPDT); é importante que se ressalte que a planificação do processo

treinamento pretendeu conduzir eficientemente o aumento da "performance"

competitiva em determinados momentos do ciclo anual, respeitando uma

sequência de três etapas diretamente relacionadas:

o aumento do potencial de movimento do desportista através das tarefas

de preparação de força geral e especial (Etapa A);

aperfeiçoamento da habilidade de utilizar o potencial de movimento com

eficiência durante a competição através das tarefas de preparação

técnica, tática e de velocidade do exercício competitivo (Etapa B);

aumento do nível competitivo das atletas durante os momentos

competitivos dos macrociclos, através de métodos de preparação

predominantemente específicos (Etapa C).

2" macrociclo (preparação para o Campeonato Sul


*(p=0,016)

42
~~e~n~;:so'c~- ) c~~m~~l ~d~:urante
1 1 11
explosiva de membros superiores o 2'
macrociclo (preparação para o Campeonato Sul Americano/2000);
*(p=O,OOS)

A evolução ocorrida na capacidade de força explosiva de membros

inferiores no primeiro macrociclo (Mundial - 1999 - lnfanto-Juven apesar de

significativa estatísticamente, foi inferior quando relacionada à segunda (Sul-

Americano - 2000 - Juvenil). Nos testes de Alcance de Ataque, as atletas

demonstraram no processo de preparação para o Campeonato Mundial (Infanto-

Juvenil - 1999) uma evolução da mediana de 4cm e, para o Cannpeonato Sul-

Americano (Juvenil- 2000) uma evolução de 7cm na mediana do grupo (gráfico

Nas avaliações de Alcance de Bloqueio, o aumento na mediana para o

rirr''"''"' campeonato, na fase Infanto-Juvenil foi de 5 em e, durante a segunda

Tschiene (1 salto vertical aos 17 anos,

43
quando comparada aos 16 é maior; ressaltam ainda que a capacidade de

suportar um maior volume de carga é observada aos 17 anos.

I I

I I
~---~i
I I•
ó I
I
y I
'

L-_,--~
I I II

durante o 1'
{pré e pós) e o 2° (pré e pós) macrociclos (preparação para o Campeonato
Mundial/1999 e preparaçãp para o Campeonato Sul Americano/2000)

Verkhoshanski (í 990), ressalta que o potencial de treinamento muscular e,

em consequêncía, também seu efeito de adaptação se deve em alto grau, à

condição atual (reserva atual de adaptação). Através do trabalho

realizado acredita-se que as adaptações mais pronunciadas ocorridas durante o 2°

macrociclo se devem a uma maior condição de suportar um trabalho muscular

intensificado e em consequência uma adaptação otimizada quando comparada

com a do 1° macrocíclo.

Verkhoshanski e

depende diretamente com que são utilizadas as cargas de treino e

44
preparação; destacam ainda que se forem utilizadas cargas moderadas de

treinamento, os índices de capacidade física se caracterizam por um crescimento

lento; mas no caso da aplicação de cargas elevadas de treinamento a adaptação

pode ocorrer de forma mais rápida e evidente. Baseado nesta afirmação, deve-se

destacar que a intensidade relativa de treinamento durante os dois macrociclos

desenvolvidos neste trabalho respeitaram o mesmo processo; deve-se também

ressaltar que durante o 2° macrociclo, as atletas suportaram um valor absoluto de

cargas maior, em virtude do treinamento realizado no ano anterior.

Filin et ai. apud Verkhoshanski (1990), em estudo desenvolvido com atletas

de voleibol, observaram que o aumento da maestria técnica observado à medida

que os atletas passam a um nível mais elevado de rendimento, são favorecidos

pelo aumento do nível do grau de preparação de força especiaL Destacam que a

capacidade de salto vertical melhora a medida que evolui a capacidade de força

dos grupamentos musculares; afirmam ainda que a correlação entre este índice e

a maestria técnica é ainda maior entre os atletas de alta qualificação.

Desconsiderando o fator "carga de treinamento", Gallahue e Ozmun (2001),

afirmam que a capacidade de força explosiva para saltos em meninas, tende a se

desenvolver até os 14 anos de idade; após esta fase os níveis de força explosiva

se estabilizam; é importante que se destaque que estes estudos trataram de

jovens não submetidos ao treinamento visando competição, portanto sem a devida

intensificação e progressão da carga exigidas pelo desporto competitivo.

No entanto, esta afirmação nos leva a acreditar na existência de uma fase

ótima de desenvolvimento da força explosiva (potência) ao longo do processo de

crescimento e desenvolvimento através da adaptação neuro-muscular; por outro

45
lado, acredita-se, através dos resultados encontrados no presente estudo, que

a evolução dos níveis de força muscular através dos treinamentos realizados em

dois macrociclos consecutivos, podem ter levado as atletas a um processo de

adaptação acentuado da capacidade de força expklsh;a, visto que a resen;a de

adaptação coordenativa especifica toma-se cada vez mais restrita à medida que a

condição de rendimento desportivo evolui,

durante o 1° (pré e pós) e o 2° (pré e pós) macrociclos {preparação para o


Campeonato Mundial/1999 e preparação para o Campeonato Sul
Americano/:2000)

Gallahue e Ozmun )' que a capacidade de arremesso à

distância, no caso do sexo feminino, tende a aumentar gradativamente aié os 15

anos idade, seguido regredir ligeiramente. Os resultados

dos testes de força explosiva de membros superiores realizados, ao contrário do

46
início e final da primeira preparação (Infanto-Juvenil) foi de apenas 16om, a

mudança na mediana medida da segunda preparação (Juvenil) foi de 81cm

(gráfico 9). As mudanças podem estar diretamente relacionadas com o tempo de

treinamento acumulado entre as duas preparações consecutivas. Matveev e

Molcinikolov apud Tschiene (1986), destacam que a condição de arremessar bolas

de massas diferentes aos 17 anos, é superior quando comparada com os

resultados obtidos aos 16 anos; relacionam esta ocorrência com uma melhor

condição para desenvolver um programa de treinamento físico com um maior

volume de cargas. Talvez esta afirmação possa justificar os dados encontrados

neste trabalho, no que se relaciona à capacidade de arremesso do medicineball.

explosiva de membros superiores (arremesso- em) durante o 1° (pré e


pós) e 2° (pré e pós) macrociclos (preparação para o Campeonato
Mundial/1999 e preparaçãp para o Campeonato Sul Americano/2000)

Embora alguns trabalhos demonstrem uma estabilização nos níveis de

força muscular nas volta da adolescência (Guedes e

Guedes, 1997; e ), - deve-se observar que estes autores

47
não pesquisaram desportistas de elite, mas adolescentes submetidos a

atividades propostas em aulas de Educação Física que, provavelmente,

representam pouco estímulo para ganhos suplementares de resultados nestas

variáveis - as ocorrências encontradas neste trabalho podem sugerir uma maior

reserva de adaptação para a capacidade de força muscular e, como

consequencia, para a força explosiva, na segunda faixa etária pesquisada. Jarver

(1986), afirma que há opiniões diferentes quanto a idade adequada para se iniciar

um trabalho com pesos. O autor ressalta que um trabalho com pesos até os 16

anos de idade deve ser implementado desde que se execute as devidas

adaptações afim de minimizar os riscos de um treinamento mais intenso; o autor

ainda destaca que o momento adequado para aplicação de exercícios de força

muscular mais intensos deva ocorrer a partir dos 17 anos, devido uma maior

preparação da musculatura esquelética.

Uma outra possibilidade que poderia permitir uma maior evolução dos

níveis da capacidade de força explosiva no segundo macrociclo, seria uma

provável maior adaptação aos testes executados e, portanto, um aperfeiçoamento

da coordenação do gesto motor no momento de realizar o esforço físico durante a

avaliação. Uma melhor coordenação dos movimentos ocorrida durante o 2°

macrociclo, em virtude de um maior domínio dos gestos motores dos testes

utilizados, poderia provocar um rendimento otimizado das avaliações realizadas.

Grzadziel (1991) afirma que a observação das cargas de treinamentos é um

elemento essencial para o desenvolvimento do trabalho de um treinador de

voleibol; considera que a comparação entre as cargas alcançadas, bem como a

aptidão física adquirida permitem avaliar a eficiência do treinamento e

48
proporcionar métodos mais eficientes para o decorrer do planejamento.

Baseado nesta colocação, pode-se destacar o fato de ter havido o

desenvolvimento de todo o treinamento com cargas concentradas de força,

realizado durante o segundo processo de preparação (Sul Americano/2000), após

todo um trabalho de preparação anterior desenvolvido durante o primeiro

macrociclo (Mundial/1999) de preparação; assim sendo, acredita-se que os

treinamentos realizados no processo de preparação da equipe Infanto-juvenil,

tenha servido como sustentação (base) para um trabalho intensificado durante o

segundo macrociclo de preparação da equipe Juvenil.

A arte de controlar a dinâmica da condição de rendimento do atleta consiste

em primeiro lugar, conseguir o nível necessário dos níveis desejados ou

esperados de evolução e, em segundo lugar, desenvolvê-lo no momento oportuno

(Verkhoshanski, 1990); a experiência prática demonstra que tanto a primeira

exigência quanto a segunda, somente poderão ser desenvolvidas com segurança

e na pontualidade esperada, a partir dos controles e do estabelecimento de um

sistema de relação entre a dinâmica do volume das cargas de treinamento e a

dinâmica da alteração dos indicadores funcionais. Tal preocupação torna-se

fundamental, especialmente por se tratar de jovens desportistas submetidos ao

processo de treinamento, onde jamais se deverá perder a perspectiva da

preparação de muitos anos, visando potencializar o rendimento e garantindo a

longevidade do desportista.

49
5) CONCLUSÃO

De acordo com as avaliações realizadas pré e pós-preparação para o

primeiro e segundo macrociclo, as conclusões foram as seguintes:

Observou-se uma diferença significativa (p<0,05) na evolução da força

explosiva de membros inferiores após o primeiro macrociclo (Mundial- 1999 -

Infanto-Juvenil); Os resultados dos testes de força explosiva de membros

superiores, realizados durante o processo de preparação para o mesmo período

(1° macrociclo), não apresentaram diferenças estatísticamente significativas.

Durante os processos de avaliação realizados no segundo macrociclo (Sul

Americano - 2000 - Juvenil), observou-se diferenças significativas para a

evolução observada em todas as variáveis avaliadas (pré e pós-período de

preparação); tanto os testes para determinação da capacidade de força explosiva

de membros inferiores, quanto para avaliação da força explosiva de membros

superiores demonstraram diferenças significativas.

Apesar de significativa estatísticamente, a evolução ocorrida na força

explosiva de membros inferiores no primeiro macrociclo (Mundial - 1999- Infanto-

Juvenil), foi inferior á segunda (Sui-Americano-2000 - Juvenil); nos testes de

Alcance de Ataque, as atletas demonstraram no processo de preparação para o

primeiro campeonato (lnfanto-Juvenil-1999) uma evolução na mediana de 4cm e,

para o Campeonato Sul-Americano (Juvenil-2000) uma evolução de ?em na

mediana do grupo; nas avaliações de Alcance de Bloqueio, o aumento na mediana

para o primeiro campeonato, na fase Infanto-Juvenil foi de 2,5cm e, durante a

50
segunda preparação (Juvenil) a melhora observada foi equivalente a 6,5cm;

os resultados dos testes de força explosiva de membros superiores realizados,

demonstraram uma diferença significativa entre as medianas dos dois

macrociclos; enquanto o aumento entre o início e final da primeira preparaçao

(Infanto-Juvenil) foi de 16cm, a alteração da mediana obtida na segunda

preparação (Juvenil) foi de 81cm.

A reserva atual de adaptação de força explosiva em atletas da Seleção

Brasileira de Voleibol Feminino foi maior na categoria Juvenil, ou seja, no 2°

macrociclo.
.
Em virtude da complexidade do estudo, acredita-se que um número maior

de pesquisas deva ser realizado com o intuito de esclarecer possíveis fases

ótimas (sensíveis) de desempenho físico no voleibol, visto que a quantidade de

trabalhos disponíveis na literatura realizadas nos desportos complexos,

especialmente em seleções nacionais, com caráter longitudinal, não estabelecem

ainda uma relação suficiente para uma sequência adequada de adaptações para o

desenvolvimento desportivo. Determinar tais momentos (reserva atual de

adaptação) é fator fundamental para que este potencial possa ser suficientemente

explorado durante o processo de preparação à longo prazo. Tal conhecimento

provavelmente possibilite que a obtenção do alto rendimento seja conseguida no

processo de preparação à longo prazo, minimizando riscos e otimizando o

rendimento desportivo.

51
6) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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56
ANEXOS

ANEXO 1

Distribuição do volume de treinamento durante os dois macrociclos

Dias de 71 47
Treinamento
Sessões de 136 83
' Treinamento
1 Duração das IA1- 4 semanas A1 - 2 semanas
Etapas A2 - 3 semanas ·A2- 2 semanas
A3 - 4 semanas A3 ..... 2 semanas
B -2 semanas B-1 semana

57
ANEXO 2
Sistema de Cargas Concentradas de Força (Adaptada)

BLOCO "A"

RML (Geral) RML (Geral/Especial) Força. Explosiva


Força Máxima (Geral) Força Máxima (Geral) (Método Complexo;
Força Rápida (Geral) ~- Força Rápida (Geral) Plíometria)
40% I Treinamento ' Força Explosiva RML
Técnico/Tático
Especial (Método (Especial/Circuito)
Fundamentos
Complexo) Força. Máxima
Técnicos
40% I Treinamento 70%/Tre,inamento
- Variações Táticas
Técnico/Tático T écnicoJTático
, - Fundamentos Fundamentos
Obj~: Criar uma base
1

' neuromuscular através I


I Técnicos Técnicos
1 de adaptações 1- Variações Táticas variações Táticas
anatômicas e funcionais
, Obj.: Introduzir através Obj.:Potencíalizar a
' gerais e específicas
' do método complexo e qualidade do estímulo
do RML especial, os neuromuscular através
sistemas neuromuscular dos exercicios reativos,
e metabólico específicos. além de aperfeiçoar as
capacidades técnicas e
táticas da

58
Força Explosiva (Piiometria/Saltos Força Máxima
em Profundidade) 1- Força Explosiva (Piiometria/Saltos
RML (Especial) em Profundidade)
80%./ Treinamento Técnico!Tático RML (Especial)
Fundamentos .Técnicos 80% I Treinamento Técnico/Tático
- Variações Táticas Fundamentos Técnicos
Obj,: Desenvolver o treinamento das Variações Táticas
variáveis técnicas e táticas de forma
Jogos
sustentada pelas cargas de
1 treinamentos anteriores, através da Obj.: Aperfeiçoar no mais alto nível o
manifestação do EPDT(Efeito rendimento especial do atleta, além da
I Posterior Duradouro de Treinamento). manutenção das capacidades 1

biomotoras desenvolvidas, durante o I


das

59
ANEXO 3

Os Microciclos que caracterizam as Micro-etapas são descritos a seguir:

T: Técnica T: Técnica T: Técnica T: Folga T: Técnica T: Folga

M: Complexo M: Resistência
Complexo (M.I.) Complexo Especial
(M.S.) Técnica (M.S.)
T: Técnica T: Técnica T: Folga
T: F. Resist. T: Folga T: F. Resist.

M: C0111plexo
(M.S.)
T: Técnica Complexo T: Resistência
T: Técnica (M.S.) T: Técnica T: Técnica Especial
T: Técnica
M: Pliometria
Profundidade Profundidade
Técnica T: Técnica Técnica T: Resistência
T: Técnica T:. Técnica Especial
T:

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