Eduardo Maciel de Oliveira - Leonardo Paiva Ribeiro

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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

EDUARDO MACIEL DE OLIVEIRA


LEONARDO PAIVA RIBEIRO

TRAUMATISMOS OROFACIAIS DECORRENTES DAS


PRÁTICAS ESPORTIVAS: PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO

TAUBATÉ
2021
UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

EDUARDO MACIEL DE OLIVEIRA


LEONARDO PAIVA RIBEIRO

TRAUMATISMOS OROFACIAIS DECORRENTES DAS


PRÁTICAS ESPORTIVAS: PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO

Trabalho de graduação
apresentado para obtenção do Grau
Acadêmico pelo curso de
Odontologia da Universidade de
Taubaté.
Orientador: Prof. Dr. Afonso
Celso Souza de Assis.

TAUBATÉ
2021
Grupo Especial de Tratamento da Informação - GETI
Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBi
Universidade de Taubaté - UNITAU
O482t Oliveira, Eduardo Maciel de
Traumatismos orofaciais decorrentes das práticas esportivas: prevenção
e reabilitação / Eduardo Maciel de Oliveira , Leonardo Paiva Ribeiro. -- 2021.
32 f.

Monografia (graduação) – Universidade de Taubaté, Departamento de


Odontologia, Taubaté, 2021.
Orientação: Prof. Dr. Afonso Celso Souza de Assis, Departamento de
Odontologia.

1. Odontologia do esporte. 2. Protetores bucais. 3. Protetores faciais. 4.


Traumatismos orofaciais. I. Ribeiro, Leonardo Paiva. II. Universidade de
Taubaté. Departamento de Odontologia. III. Titulo.

CDD – 617.6

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Angela de Andrade Viana – CRB-8/8111


EDUARDO MACIEL DE OLIVEIRA
LEONARDO PAIVA RIBEIRO

TRAUMATISMOS OROFACIAIS DECORRENTES DAS


PRÁTICAS ESPORTIVAS: PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO

Data: 08/12/2021
Resultado: ______________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Afonso Celso Souza de Assis - Universidade de Taubaté

Assinatura: __________________________________

Prof. Dr. Marcelo Gonçalves Cardoso - Universidade de Taubaté

Assinatura: __________________________________

Prof. Dr. Edison Tibagy Dias de Carvalho Almeida - Universidade de


Taubaté

Assinatura: __________________________________
DEDICATÓRIA E AGRADECIMENTOS

Dedicamos esse trabalho a Marília Maciel, Geraldo Marino e Maria Aparecida


de Paiva.
Agradecemos primeiramente a Deus, por nos ter guiado e protegido na
elaboração desse trabalho e durante os 4 anos de faculdade.
Aos nossos pais: Geraldo e Marília; e Wilson e Marcília, por toda confiança,
incentivo e apoio depositados, não deixando-nos faltar nada.
As nossas famílias, namoradas e amigos que sempre apoiaram nossos
sonhos, nos incentivando durante toda a graduação.
Ao nosso orientador, Prof. Dr. Afonso Celso de Souza Assis, pelo auxilio e
comprometimento, ajudando a sanar todas as dúvidas sobre nosso trabalho de
conclusão de curso.
A todo o corpo docente do Departamento de Odontologia da Universidade de
Taubaté, por todo conhecimento transmitido e ensinamentos muito além da
odontologia.
Por fim, agradecemos a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para
que este trabalho fosse desenvolvido e concluído.
RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar os traumas orofaciais


decorrentes das práticas esportivas e a importância da odontologia do esporte
na prevenção e tratamento dessas lesões, destacando o uso dos protetores
bucais, como principal meio de prevenção e a utilização dos protetores faciais
para a reabilitação pós traumática desses atletas, afim de reduzir tempo de
recuperação, perda de performance e gastos financeiros para os clubes. Para
tanto, a revisão de leitura enfocou aspectos históricos da odontologia esportiva,
traumatismos orofaciais decorrentes da prática esportiva, protetores bucais
esportivos (tipos e características) e protetores faciais esportivos, a fim de
destacar a importância da prevenção desses traumas. Concluiu-se que a
Odontologia, tem um papel significativo junto ao departamento médico dos
clubes e sedes esportivas, já que a saúde bucal está diretamente relacionada
com o desempenho físico dos atletas.

Palavras-chave: Odontologia do esporte. Traumatismos orofaciais.


Protetores bucais. Protetores faciais.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................06
2 PROPOSIÇÃO........................................................................................08
3 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................09
3.1 ODONTOLOGIA DO ESPORTE ............................................................09
3.2 TRAUMATISMOS OROFACIAIS............................................................11
3.3 PROTETORES BUCAIS.........................................................................16
3.4 PROTETORES FACIAIS.........................................................................22
4 DISCUSSÃO........................................................................................... 24
5 CONCLUSÃO..........................................................................................27
6 REFERÊNCIAS........................................................................................28
6

1 INTRODUÇÃO

Reconhecida pelo CFO (Conselho federal de Odontologia) em 2015 como


especialidade, a odontologia do esporte visa oferecer ao cirurgião dentista uma
visão esportiva, a fim de promover a saúde bucal e prevenir possíveis lesões
decorrentes de atividades físicas, objetiva também o conhecimento técnico do
cirurgião dentista em entender e reconhecer a farmacologia dos medicamentos
prescritos, já que muitos desses usados na odontologia são proibidos pela
WADA (World Anti-Doping Agency), instituição responsável pela área do doping
esportivo. O profissional especializado na odontologia do esporte pode atuar em
empresas, clubes, seleções ou em qualquer ambiente que apresente uma
atividade esportiva profissional ou amadora, integrando com outras áreas da
saúde, formam uma equipe multidisciplinar, que ajuda na elaboração de métodos
de prevenção e na reabilitação e recuperação de atletas que já sofreram lesões.
As injúrias traumáticas decorrentes das atividades esportivas,
especialmente em crianças e adolescentes, têm sido relatadas com
periodicidade, a frequência do contato e a intensidade durante os treinos e
competições podem ser os principais determinantes das lesões, ou seja, os
esportes de contato e de impacto são os que mais apresentam traumatismos
orofaciais. Alguns exemplos de traumas são: fraturas nasais, fraturas coronárias
de esmalte e dentina, avulsão e fraturas coronárias com exposição pulpar. É
necessário o diagnóstico correto e rápido do trauma, pois este é sempre
considerado uma urgência, que deve ser tratado rapidamente, a fim de melhorar
o prognóstico e aliviar a dor do paciente.
Todavia, as sequelas dos traumatismos, podem ser minimizadas,
reduzindo drasticamente os níveis de sua gravidade através do uso de protetores
bucais. Mas se já ocorreu uma lesão na face e o atleta precisa voltar a treinar,
temos a opção de utilizar o protetor facial.
Os protetores bucais tem como objetivo proteção dos dentes anteriores e
lábios, proteção contra golpes diretos, proteção de danos ás cúspides e/ou
restaurações dos dentes posteriores causados pelo impacto da mandíbula,
proteção dos tecidos moles (lábios, bochechas e língua), prevenção de traumas
7

na ATM, prevenção de concussão cerebral e outros danos intracranianos mais


sérios. Na atualidade temos quatro tipos de protetores bucais: Tipo I são os
protetores universais ou de estoque, tipo II são pré-fabricados termoplásticos,
tipo III são os individualizados confeccionados pelo cirurgião dentista sob medida
a partir de um molde individual e o tipo IV são os individualizados multilaminados,
semelhante ao terceiro modelo, porém confeccionado em várias camadas de
lâminas de EVA.
Já o protetor facial é um dispositivo eficaz na proteção da face do atleta
que sofreu recentemente uma injúria orofacial, podendo evitar que o osso sofra
refratura ou deslocamento e permitindo que o atleta não fique afastado
temporariamente da prática esportiva.
8

2 PROPOSIÇÃO

A proposta deste trabalho foi a de, por meio de revisão da literatura


pertinente, destacar os traumatismos orofaciais decorrentes das práticas
esportivas e enfatizar importância da odontologia na prevenção e tratamento
dessas lesões. Salientando a importância do uso de protetores bucais como
principal dispositivo de prevenção em lesões orais e a utilização de protetores
faciais na recuperação e reabilitação de atletas com traumas orofaciais.
9

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Odontologia do esporte


Ferreira (1998) afirma que a Odontologia Desportiva é um ramo da
odontologia que visa o tratamento e a prevenção dos traumas originados de
práticas esportivas.
Oliveira (2000) informou que a Odontologia do esporte tem cinco objetivos
principais: 1) estabelecer a saúde da boca; 2) educação nas escolas e
comunidades; 3) tratamento de fatores predisponentes; 4) legislação específica
para o uso de equipamentos durante a prática esportiva e 5) busca de espaço
para Cirurgiões-Dentistas nas equipes esportivas.
No Brasil, a odontologia do esporte iniciou em 1958, quando o doutor
Mário Trigo, cirurgião dentista, fez parte da equipe médica da Seleção Brasileira
de futebol, além de atuar também nas Copas do Mundo subsequentes (1962,
1966 e 1970). Na copa de 1958 a seleção proporcionou uma estrutura completa
para seus jogadores, com atendimento de um psicólogo e de um dentista,
integrando o departamento médico da seleção. Mário Trigo realizou exame em
33 jogadores que iam participar da competição, por conta da falta de tempo, o
plano de tratamento foi extrair 118 dentes, já comprometidos desses atletas.
Trigo (2002) relata a história de um jogador que não queria passar pelos
exames preventivos, alegando possuir somente próteses totais. Ao fazer os
exames, descobriu quatorze raízes residuais sob as próteses, fibroses sofridas
pelo traumatismo decorrentes da implantação e vários focos de infecção
observados na radiografia.
Até hoje Mário trigo é considerado o pai da odontologia do esporte no
Brasil. Contudo, somente em 1994 outro cirurgião dentista faria parte da seleção,
o Dr. Carlos Sérgio Araújo, que atuou nas copas de 1998 e 2002.
A Academy for Sports Dentistry foi fundada em 1983 no Texas, EUA, com
o objetivo de trocar ideias relacionadas ao tratamento e risco de lesões orais,
entre profissionais da área da saúde e técnicos esportivos. Uma sociedade que
comporta mais de 600 membros de vários lugares do mundo, estando com suas
atividades voltadas a levantar dados sobre acidentes esportivos e investigar
formas de prevenir lesões, promovendo o avanço científico. Com um simpósio
10

anual de caráter científico e de negócios, foca na crescente preocupação de


saúde, com apresentações sobre abalos que podem resultar em lesões
esportivas, confecção de protetores bucais individualizados, trauma dental,
responsabilidades e ferramentas necessárias para um cirurgião dentista, entre
outros assuntos.
Dias et al (2003) propõem que atletas demandam muito dos seus corpos,
e por essa razão, devem tomar grande cuidado com sua saúde geral e bucal. O
dentista é capaz de oferecer aos atletas melhora no seu desempenho físico
através da manutenção da saúde bucal, prevenindo e tratando mudanças no
sistema estomatognático.
Lemos e Oliveira (2007) afirmam que a atuação do cirurgião dentista como
parte de uma equipe multidisciplinar possibilita ao atleta a preservação e
manutenção de sua saúde como um todo, O trabalho do cirurgião dentista junto
ao atleta consiste em evitar e tratar traumatismos dento-alveolares, eliminar
focos de infecções bucais, recomendar protetores bucais e faciais adequados
para os diversos esportes, prescrever fármacos adequados que não interfiram
no exame antidoping, dentre outras situações.
Escada (2011) relata que a assistência odontológica oferecida pelos
principais clubes de esportivos no Brasil e no mundo ainda é tímida. A maioria
deles procura por serviços terceirizados, visando muito mais o tratamento
curativo em detrimento da prevenção e de informações específicas.
Leite et al (2011) afirmam que torna-se essencial a inserção da
Odontologia na equipe multidisciplinar em torno do esporte, que na sua maioria
já contam com profissionais da medicina, fisioterapia, nutricionista, psicologia,
entre outros. Já é comprovado que a saúde bucal apropriada faz com que o
organismo funcione de forma efetiva, pois reflete no funcionamento sistêmico.
Souza et al (2011) demonstram a importância do cirurgião dentista fazer
uma avaliação detalhada da condição bucal para detectar, por exemplo, más
oclusões dentais, uma característica que pode comprometer grandemente o
desempenho dos atletas por interferir na mastigação e digestão da comida,
impactando na absorção de nutrientes. Além disso, pode levar a perda de
equilíbrio muscular, dor de cabeça, problemas na articulação temporomandibular
11

(ATM), desconforto e estresse. Isto pode fazer diferença em muitas competições,


ou mesmo na carreira de um atleta.
Academy For Sports Dentistry (2012) afirma que a Odontologia do Esporte
pode ser considerada uma nova especialidade voltada à prevenção e ao
tratamento de lesões e doenças do sistema estomatognático quando relacionado
à prática esportiva. Ela estuda como o esporte pode interferir no sistema e como
o sistema pode comprometer no desempenho físico. Esta especialidade vem
fortalecer o quadro multidisciplinar que cuida da saúde do atleta, visando um
melhor desempenho para realizar as atividades de profissionais e amadores
Lima e Carlos (2013) relatam que não se sabe exatamente onde e quando
começou a relação entre a odontologia e o esporte, mas citam que em meados
de 1890 foram confeccionados por um cirurgião dentista londrino, chamado
Woolf Krause, protetores bucais para lutadores de boxe. Feitos de guta percha
e descartáveis no início, que foi aperfeiçoado por um material de borracha logo
em seguida.
Souza (2014) alega que até o ano 2000 praticamente não se pesquisava
nada sobre o tema, em sites de busca Google. Hoje, a Odontologia do esporte
está inserida na mídia de maneira visível e apresenta grande expansão de
páginas online em comparação a algumas outras especialidades odontológicas.
A pesquisa sugere que a odontologia esportiva será uma área promissora devido
ao crescente número de páginas relacionadas.
Ashley et al (2015) afirmam que a falta da saúde na cavidade oral pode
afetar as atividades e desempenho esportivo dos atletas. Cárie dentária, erosão
dentária e problemas periodontais são comuns na comunidade esportiva, além
de que, muitos traumatismos poderiam ser evitados com um correto dispositivo
de proteção.

3.2 Traumatismos orofaciais


Newsome et al (1993) afirmam que muitas são as razões para
participar de esportes e atividades físicas, tais como prazer e relaxamento,
competitividade, socialização, manutenção e melhoria da forma física e do
12

estado de saúde. Apesar de seus evidentes benefícios, praticar esportes pode


acarretar em um maior risco de lesões de origem traumática, podendo estas
serem permanentes ou não.
Ranalli e Lancaster (1995) alegam que com o aumento no número de
praticantes de esportes e aumento da competitividade, a tendência é de aumento
substancial nas estatísticas envolvendo acidentes traumáticos. No esporte as
lesões orais e dentárias apresentam- se de forma mais significativa quando se
avalia as lesões orofaciais, sendo a região mais atingida nas modalidades de
contato ou impacto.
Hamilton et al (1997) realizaram uma pesquisa na Inglaterra, através de
questionários enviados a professores de educação Física, enfermeiras
escolares, secretárias, atendentes de natação e 220 pais de crianças. Foi
avaliado o conhecimento dessas pessoas no manuseio de dentes incisivos
permanentes avulsionados. Os autores constataram que tanto os grupos de
profissionais investigados como os pais não tinham de modo geral,
conhecimentos adequados de como agir em situações de emergência
envolvendo avulsões dentárias.
Dingman et al (2001) relatam que as fraturas nasais são as fraturas faciais
mais frequentes, e, por esse motivo, afigura-se como terceiro osso mais
comumente fraturado do esqueleto humano. A posição proeminente do nariz
torna-o frequentemente sujeito a traumas. Anatomicamente, os ossos nasais
ajustam-se entre os dois processos frontais da maxila e formam a parte superior
da ponte do nariz.
Freire (2001) afirma que o trauma pode ser considerado o conjunto das
perturbações causadas subitamente por um agente físico de etiologia, natureza
e extensão muito variadas, podendo estar situado nos diferentes segmentos
corpóreos. Eles estão entre as principais causas de morte e morbidade no
mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. As lesões da cabeça
e da face podem representar 50% de todas as mortes traumáticas.
Barberini et al (2002) relatam que dentre os traumatismos orofaciais, as
lesões que mais se destacam em atletas são as lacerações teciduais e o
traumatismo dentário, o qual responde por uma parcela importante dos danos,
variando de 13 a 49% de acordo com os estudos pesquisados.
13

Barbosa (2003) afirma que segundo a “National Youth Sports Safety


Foundation” (NYSSF) entidade norte americana dedicada às pesquisas
relacionadas à prevenção de traumas esportivos, durante a prática de esporte
de contato, os atletas têm até 10% mais chance de sofrer uma lesão orofacial
em uma temporada e 33% a 56% de probabilidade de sofrê-la no decorrer de
sua carreira. Além disso, há estudos que mostram que mais de cinco milhões de
elementos dentários são perdidos a cada ano durante a prática de algum esporte
De acordo com a NYSSF, atletas possuem um maior risco de sofrer algum
tipo de lesão orofacial (10%) e, de até 56% a mais de probabilidade no decorrer
de sua carreira. As lesões são relatadas em quase todas as modalidades
esportivas, sendo mais frequente nos esportes de equipe e de combate. Em
algumas modalidades de luta esportiva, onde a natureza do esporte necessita
golpear o adversário em diferentes partes do corpo e do rosto, a prevalência de
traumatismos orofaciais chega a 80%, mesmo havendo uma recomendação
sobre o uso de equipamentos de proteção.
Onyeaso et al (2004) afirmam que há registros de vários trabalhos
indicando o índice de traumatismo orofacial em esportistas é alto, ainda que
exista uma variação de acordo com o esporte praticado. Em termos globais,
pode-se definir uma média da prevalência de traumatismos nas modalidades
esportivas presentes nesse estudo. As artes marciais respondem por 72,3%; o
basquete por 55,4% e o futebol / futsal por 27,6%.
Keçeci et al (2005) consideram que 31,0% das lesões orofaciais são
decorrentes de traumas durante a prática de esportes, representando quase um
terço de todas as lesões faciais ocorridas, sendo metade intraorais.
Dias et al (2005) relatam que os traumatismos dentários seguem uma
criteriosa classificação feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS): fratura
de esmalte; fratura de coroa sem envolvimento pulpar; fratura de coroa com
envolvimento pulpar; fratura radicular; fratura corono-radicular; luxação;
concussão; subluxação; luxação lateral; luxação com extrusão, luxação com
intrusão e avulsão. Por fim, é visto que os incisivos centrais são o grupo de
dentes mais susceptíveis ao trauma esportivo.
14

Wulkan et al (2005) retratam que uma agressão localizada na face não


envolve apenas tecidos moles e ossos, podendo estender-se para outras áreas
próximas.
Tulunoglu e Ozbek (2006) retrata que atletas que praticam esportes de
combate como o judô apresentam maior risco de sofrerem lesões orofaciais do
que atletas de esportes de categorias sem contato.
Andreasen (2007) classifica as lesões alvéolo dentárias em quatro
tópicos, sendo: Lesões traumáticas dos tecidos duros do dente e polpa, lesões
traumáticas que envolvem o ligamento periodontal, lesões das estruturas ósseas
de suporte e lesões na gengiva ou na mucosa oral.
Nos Jogos Pan-Americanos que foi realizado no Brasil em 2007, ocorreu
um estudo epidemiológico para determinar a prevalência de traumas dentários.
409 atletas concordaram em participar do estudo, ao qual foi aplicado a eles um
questionário prévio, e dentre as perguntas estava o tipo de esporte que praticava,
e se o atleta já havia sofrido traumatismo dentário. Posteriormente, foi realizado
o exame clínico. Os atletas tinham idade entre 13 a 46 anos, no qual eram 55%
do sexo masculino e 45% do sexo feminino. 203 atletas relataram ocorrência em
relação ao trauma dentário, onde 36,5% não estavam associados ao esporte. As
modalidades que mais apresentaram traumas dentários foram a luta greco-
romana, o basquete, o boxe e o triatlo. Já as que menos proporcionaram foram
o atletismo, o vôlei, a natação e o levantamento de peso. O dente com maior
número de trauma relatado foi o incisivo central superior. O tipo de lesão mais
prevalente em quase 40% dos pesquisados foi apenas em esmalte, onde 22%
foram praticando ou competindo pelo respectivo esporte.
Frontera (2008) reuniu uma gama de fatores de risco que certamente
estão relacionados com o traumatismo de modo geral e com o trauma esportivo;
tais como: faixa etária entre 15 a 24 anos; posicionamento inadequado dos
dentes na arcada; atletas que são respiradores bucais; nível de profissionalismo
da competição; jogadores avançados nos esportes coletivos; uso de aparelho
ortodôntico; e principalmente, o não uso dos equipamentos de proteção.
Correa (2010) afirma que o trauma oriundo da competição ou treinamento
esportivo representa o terceiro atendimento mais procurado em relação aos
15

traumas faciais. Contudo, este tipo de trauma lida com um nível maior de
prevenção, reduzindo ou até mesmo impedindo a lesão ou a severidade desta.
O futebol é um dos esportes mais praticas no Brasil e no mundo. Duarte
et al (2011) retratam que os traumas faciais no futebol e no futsal normalmente
decorrem de jogadas ríspidas como cotoveladas, agressões, pontapés e
cabeçadas, sendo essa última a grande preocupação de jogadores e dirigentes,
pois os choques de cabeça, além de estarem acontecendo com uma frequência
cada vez maior, são muito perigosos para a integridade física dos atletas.
Saini (2011) relata que a face é a área mais vulnerável do corpo e é
geralmente a menos protegida. Aproximadamente 11-40% de todas as lesões
esportivas envolvem a face.
Percinoto et al (2013) afirmam que há um aumento significativo da
frequência de lesões dentárias e faciais, que está diretamente relacionado à
crescente prática esportiva, principalmente de esportes de contato, como jiu-
jitsu, boxe, handebol, futebol, entre outros
Santos et al (2014) afirmam que a lesão, injúria ou traumatismo orofacial
pode ser definido como uma agressão mecânica, térmica ou química sofrida pelo
dente ou pelas outras estruturas da face e do crânio, possuindo tipo, intensidade
e causas variadas; e representa um problema de saúde relevante na sociedade.
Padilha et al (2016) destaca vários traumatismos orofaciais decorrentes
das práticas esportivas, entre eles estão o traumatismo de mucosa oral e gengiva
que são subdivididos em laceração, contusão e abrasão; traumatismo do osso
de sustentação que pode ter uma comunicação da cavidade alveolar, fratura da
parede da cavidade alveolar, fratura do processo alveolar e fratura da mandíbula
ou maxila; fraturas da cabeça da mandíbula; fraturas de sínfise mandibular e
fraturas do terço médio da face.
Vieira (2016) realizou pesquisa de campo afim de avaliar o grau de
conhecimento e as atitudes relacionadas ao traumatismo orofacial e ao uso de
protetores bucais entre praticantes de esportes de combate. O método de estudo
utilizou 58 praticantes de esporte de combate, sendo amadores e profissionais.
Os atletas responderam um questionário composto por 38 questões com a
finalidade de coletar dados pessoas, tipos de injurias sofridas durante as práticas
esportivas, tipo de impacto, história do traumatismo, fatores predisponentes ao
16

trauma, nível de conhecimento sobre traumatismo e sobre o uso de protetores


bucais. Esse estudo avaliou o conhecimento dos atletas referentes a
traumatismos orofaciais e ao uso de protetores bucais durante as práticas
esportivas. Obteve resultados expressivos referentes a prevalência de
traumatismos orofaciais relatados pelos entrevistados, onde 72% deles
relataram já ter sofrido algum tipo de trauma decorrente do esporte. Declararam
também possuir um conhecimento limitado com relação ao traumatismo
orofacial, em questões de possibilidade de reimplante dentário, importância de
procurar fragmentos no local do acidente e o método de armazenar o dente.
Quanto ao traumatismo, 95% dos atletas entrevistados reconhece a importância
do uso dos protetores bucais e 78% relataram utilizar o mesmo. Após a
realização desse estudo, foi possível concluir que existe uma alta prevalência de
traumatismos orofaciais em praticantes de esportes de combate, mesmo que
exista um certo desconhecimento dos atletas em relação as atitudes a serem
tomadas após a ocorrência de um evento traumático, a maioria reconhece a
importância do uso de protetores bucais e sua utilização nas atividades
esportivas. Um fator importante é a necessidade de ações de conscientização
dos praticantes de esportes de combate, além da estimulação do uso de
protetores bucais personalizados confeccionados pelo dentista
Souza (2017) afirma que o traumatismo orofacial é um problema
comumente encontrado na prática esportiva, sendo que o risco de injúrias é
maior nos esportes de contato.

3.3 Protetores bucais


Um dos principais objetivos da odontologia do esporte é a prevenção, com
isso, o melhor meio para evitar traumas intraorais são os protetores bucais.
Josell e Abrams (1982) publicaram que estes dispositivos funcionam
como um amortecimento distribuindo as forças durante o impacto, prevenindo a
laceração e esquimose dos lábios e bochechas, evitando também, que os dentes
do arco oposto sofram contatos traumáticos. Os autores concluíram que quanto
mais espesso o protetor, maior é a proteção oferecida pelo mesmo, já que a força
transmitida através do material protetor é inversamente proporcional a sua
espessura.
17

Gurgel (1984) recomenda que durante a fabricação do protetor bucal


devam-se levar em consideração os seguintes critérios: adaptação, retenção e
estabilidade do material. Depois de confeccionado, o protetor deve interferir o
mínimo na fala e na respiração, ser confortável, resistente, sem odor, sem gosto,
ter excelente retenção e ajuste, de fácil limpeza e suficiente espessura em áreas
críticas.
Powers et al (1984) descreveram as características dos protetores bucais
recomendadas pela “American Society for Testing Materials” (ASTM) que
resumidamente indicavam que os protetores deveriam ser confeccionados de
material resistente, recobrindo todos os dentes, preferencialmente utilizados na
maxila, serem confortáveis e não atrapalhar a fala nem a respiração.
Ranalli et al (1995) certificam que um atleta pode reduzir até 60 vezes o
risco de danificar seus dentes, caso esteja usando protetor bucal.
Mecer; Jonhnston (1996) realizaram um estudo in vitro para avaliar a
eficácia da proteção dos protetores bucais contra lesões nas dentições decídua
e mista. Os autores afirmam que os protetores bucais não impedem totalmente
a ocorrência de injurias, pois 25% das injurias dento alveolares ocorrem mesmo
quando do uso adequado dos protetores bucais
Ferreira (1998), comprovadamente explica, o protetor bucal aumenta o
espaço entre o côndilo e a cavidade glenóide, localizada na base do crânio,
diminuindo os riscos de concussão e hemorragia cerebral.
Canto (1999) relata que o uso de protetores bucais vai além da garantia
de saúde para os atletas. Eles garantem também uma economia significativa
para os clubes em relação aos tratamentos odontológicos.
Futaki e Motta (2000) demonstram que quando os esportes são
praticados, com a utilização dos dispositivos de segurança apropriado às suas
características, as probabilidades de lesões diminuem sensivelmente. O uso de
protetores bucais pode, na grande maioria dos casos, evitar ou minimizar os
efeitos de um possível acidente durante a prática de esportes.
Canto et al (2001) relatam que a proteção dos tecidos orais durante os
esportes de contato foi registrada pela primeira vez em 1913 por um boxeador
inglês Ted “Kid” Lewis que utilizou um protetor bucal feito de guta-percha. Desde
18

aquela época, a utilização de protetores bucais e, em alguns países, se tornou-


se obrigatório no boxe.
Ribeiro et al (2002) demonstrou que, sem os benefícios dos protetores
bucais, os atletas participantes de esportes de contato têm aproximadamente
10% mais chance, por temporada, de sofrer alguma lesão bucal. Afirma também,
que existem três tipos de protetores bucais: o tipo I é o protetor bucal de estoque,
que oferece proteção limitada por não adaptar-se bem, interferindo na fala e na
respiração do atleta. Que podem ser facilmente encontrados em lojas esportivas,
possuem tamanho padrão, confeccionados de borracha, cloro poli vinil ou
acetato-polivinil. Sua retenção somente é conseguida quando os arcos estão em
oclusão. Sendo o protetor de da maioria dos atletas, devido a seu baixo custo. O
tipo II é o protetor termoplástico, sendo menos volumosos e mais confortáveis
que os anteriores, porém não possui uma retenção ideal. Confeccionados de
acetato polivinílico. Apresenta como desvantagem a distorção, dureza e a
insensibilidade aos fluídos bucais. O tipo III é o protetor feito sob encomenda,
são confeccionados pelo Dentista, após a obtenção de um modelo da maxila do
paciente. Pode ser confeccionada através de placas de vinil, borracha,
poliuretano com borracha, borracha de silicone, acetato-poli vinil ou com resina
termo plastificada, na máquina de conformação a vácuo. Esse material
geralmente apresenta espessura de 4 mm, podendo ser maior. Esse dispositivo
é que oferece melhor adaptação e proteção superior na prevenção de
traumatismos. Este protetor requer visitas ao consultório odontológico, portanto
seu custo é maior.
Barberini (2003) avaliou a influência do uso de diferentes tipos de
protetores bucais no rendimento físico de atletas, quantificando de maneira
precisa a ventilação pulmonar, consumo de oxigênio e produção de dióxido de
carbono dos atletas, através de teste de potência aeróbica. Os protetores
utilizados formam: Tipo II e III. Os exames foram realizados em três fases: atleta
sem protetor bucal, com protetor tipo II e com tipo III. Os resultados obtidos
demonstram que os atletas que utilizaram os protetores do tipo III tiveram um
desempenho melhor quanto ao consumo e equivalente ventilatório de oxigênio,
chegando a um rendimento equivalente aos atletas sem protetor
19

Gurgel (2005) publicou sobre a proteção bucal nos esportes de contato,


afirmando que os principais objetivos dos protetores bucais são: proteção dos
dentes anteriores e lábios, proteção contra golpes diretos, proteção de danos ás
cúspides e/ou restaurações dos dentes posteriores causados pelo impacto da
mandíbula, proteção dos tecidos moles (lábios, bochechas e língua), prevenção
de traumas na ATM, prevenção de concussão cerebral e outros danos
intracranianos mais sérios.
Oliveira et al (2008) registrou que 15,29% dos traumatismos faciais
ocorreram simultâneos aos traumas dentários. Dessa forma, o cirurgião-dentista
deve orientar ao atleta que é imprescindível à utilização dos protetores bucais. A
Academia Americana de Medicina Dentária Desportiva concorda com esse
conceito, afirmando que existe uma redução de até 80% das possibilidades de
lesões faciais/alvéolo-dentárias durante a realização de esporte de contato,
quando se utilizam protetores bucais/faciais.
Gould et al (2009) relatam que os protetores bucais são comumente
adaptados sobre os dentes superiores utilizando modelagens que darão
proteção aos dentes da maxila e da mandíbula de esportistas. Eles são
confeccionados a partir de materiais termoplásticos em que são realizados
moldagens de folhas termoplásticas de etilvinilacetato (EVA) por meio de ar
comprimido ou vácuo.
Andrade et al (2010) afirmam que existem inúmeras publicações
nacionais e estrangeiras confirmam a grande incidência de lesões orofaciais em
esportes de contato, ao mesmo tempo em que sugerem que uma proteção
adequada com protetores bucais pode diminuir o número e a severidade destas
injúrias.
Farrington et al (2012) declaram que o uso de protetor deveria ser
recomendado para todo e qualquer esporte que tenha um grande número de
praticantes e que mostre algum tipo de risco de injúria oral, como é o caso dos
esportes coletivos e das artes marciais
Leone et al (2014) realizaram uma pesquisa de campo entre praticantes
de artes marciais sobre a utilização do protetor bucal, com o objetivo de verificar
qual a percepção que tais esportistas têm sobre a importância e função desse
artefato. Foram entrevistados 231 participantes de três modalidades diferentes:
20

Jiu-jítsu, Tae kwon do e Muay Thai, nas cidades de Nova Friburgo-RJ e Macaé-
RJ. Verificaram que 60,6% dos entrevistados nunca receberam informações
sobre o traumatismo orofacial durante a prática esportiva e 46,3% dos
esportistas já sofreram algum tipo de traumatismo orofacial; 93,9% consideram
importante o uso do protetor bucal, porém isso não condiz com o percentual de
usuários do dispositivo: 78,7% no Muay Thai, 60,9% no Jiu-jítsu e 47,5% no Tae
kwon do. Em todas as modalidades de lutas avaliadas, dentre os atletas que
utilizam o protetor bucal 52,5% revelaram que usam o termoplástico ou tipo II;
os usuários reconhecem que o protetor bucal personalizado causa menor
percentual de interferência no rendimento durante a prática esportiva quando
comparado com os outros tipos de protetores. Os autores concluíram que a
maioria dos esportistas reconhece a importância do uso do protetor bucal, apesar
de relatar não ter recebido informações sobre traumatismo orofacial durante a
prática esportiva; isso evidencia que há necessidade de se difundir informações
sobre as vantagens do uso do protetor bucal personalizado, assim como
estimular o uso por parte de todos os praticantes de artes marciais.
Padilha et al (2014) concluíram que o protetor bucal desempenha ação
preventiva e tem o propósito de diminuir os índices de traumas orofaciais
dentários principalmente, também pode diminuir o efeito neurológico nocivo dos
golpes diretos na cabeça ou o efeito direto do impacto do golpe na cabeça, uma
vez que esportes de alto impacto, como hóquei, futebol americano e futebol,
possuem alta probabilidade de provocar concussão cerebral, além de apenas
traumas dentários. A concussão cerebral por golpes diretos na cabeça pode
gerar perda de memória, náuseas, sonolência, tontura, esquecimento e perda da
sensibilidade. A utilização do protetor bucal relacionada à prevenção ou
diminuição dos efeitos sob a concussão cerebral ainda é uma questão
controversa e sua discussão vem sendo solicitada no mundo esportivo, por isso
ainda são teorias a serem analisadas e necessitam de mais anos de estudo para
seu embasamento. Os benefícios potenciais do protetor bucal são: dissipação
ou absorção da força de um golpe de baixo para cima (queixo); aumento da
separação da cabeça do côndilo com a fossa glenoide; maior estabilização da
cabeça, ativando e fortalecendo os músculos do pescoço. Os pesquisadores
ressaltam que, em um golpe dirigido ao queixo, a força aplicada é transmitida
21

através da mandíbula de uma boca sem protetor, e contra o osso temporal, que
contém vários pontos anatômicos importantes. Com o uso de protetores bucais,
a maxila estaria mais separada da mandíbula e, assim, prevene que os côndilos
se desloquem para cima e para trás, aumentando a possibilidade de se evitar
concussões. Sendo assim, autores que concordam com essa teoria dizem que
quanto maior a espessura do protetor, melhor será para a dissipação da força do
impacto; em contrapartida, sabe-se que o protetor bucal precisa tem uma
espessura de até 4mm, pois quanto maior a espessura mais comprometidos
ficam o conforto e o rendimento do atleta, bem como suas trocas gasosas no
momento do exercício. Padilha, Namba e Coto, 2014, concluíram que há muitas
teorias e estudos em andamento a respeito do tema, o que demanda novos
estudos experimentais e controlados que evidenciem e comprovem que o
protetor bucal possa de fato reduzir os riscos de uma concussão cerebral.
Martins (2015) realizou uma pesquisa de campo com 248 participantes de
várias modalidades afim de avaliar a presença de lesões orofaciais no meio
esportivo e a sua relação com o uso dos protetores bucais. Os entrevistados
passaram por um processo de esclarecimento sobre o tema e posteriormente
responderam um questionário. Para promover uma maior confiabilidade os
testes foram tratados mediante a aplicação de testes estáticos, todos com um
índice de confiabilidade acima de 95%. Sobre as injúrias orofaciais derivada das
práticas esportivas, 81% dos atletas afirmaram já ter sofrido alguma lesão, dentre
estes atletas 72% não utilizavam protetor no momento do acidente. As injúrias
com maior prevalência foram as lacerações de tecido mole e fraturas dentais
ambas com 24,6% 20,25% respectivamente. O protetor bucal termoplástico foi o
mais utilizado pelos esportistas, com um total de 71% das respostas. Mesmo que
os esportistas reconheçam a importância dos protetores bucais, as injúrias
orofaciais permanecem com alta taxa de incidência. Sendo o MMA (artes maciais
mistas) o esporte mais propenso a traumas e injúrias orofaciais. As lesões
esportivas exigem uma abordagem multidisciplinar, tanto na prevenção quanto
no tratamento, a fim de reduzir a frequência das injurias durante a prática
esportiva. Vemos que as injurias orofaciais decorrente das práticas esportivas
são altas, e a utilização dos protetores bucais é mediana, sendo necessário uma
22

grande regularização do uso e divulgação da sua importância no âmbito


esportivo, tanto amador quanto profissional.
Gonçalves et al (2017) realizaram um estudo descritivo, com o objetivo de
avaliar a prevalência de traumas dentários e mostrar a importância da prevenção
por meio do uso do protetor bucal. A pesquisa contou com a aplicação de um
questionário aos 20 jogadores de futebol profissional que dela participaram. Os
resultados demonstraram que mais de 50% dos jogadores já havia sofrido algum
tipo de trauma dentário em decorrência do esporte de contato que praticam, e
apenas 8% deles tinham consciência da importância do protetor bucal e de quais
condutas deveriam ser tomadas em caso de traumas. Assim, apesar do
conhecimento sobre a existência do protetor bucal pelos atletas e técnicos, ficou
evidente que eles não receberam informações, tampouco orientações,
adequadas a respeito.

3.4 Protetores Faciais


Westerman et al (2002) apresentam que a geometria do protetor e os
pontos de ancoragem na face devem garantir conforto para o atleta, a fim de não
comprometer o seu desempenho físico durante jogos e treinos. Além disso, é
importante que o material a ser utilizado apresente boa capacidade
amortecedora.
Coto et al (2010) afirmam que quando ocorre uma injúria orofacial em
pacientes que são atletas, a primeira coisa que se observa é a necessidade de
permitir que eles tenham um breve retorno às atividades. Uma fratura nasal deve
afastar o atleta de suas atividades por até dez dias, tempo necessário para que
não ocorra um risco de uma nova injúria. Recomenda-se o uso de Protetor facial
durante, pelo menos, o período de consolidação da fratura, que gira em torno de
30 dias. Dessa forma, permite que o atleta não fique afastado temporariamente
da prática dos esportes.
Lima (2012) registrou durante o campeonato brasileiro de futebol série A
em 2012, 20 fraturas faciais, sendo 5 fraturas nasais. No mesmo levantamento
epidemiológico observou que mesmo após o trauma, nenhum dos atletas utilizou
o recurso do protetor facial,
23

Poblete et al (2012) retratam que pra a fabricação dos protetores faciais,


é necessário realizar uma moldagem da face do atleta para criação de um
modelo, na qual será produzido o protetor com um material estritamente seguro,
chamado de copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA). EVA é o material
mais empregado para confecção de protetores faciais/ bucais por apresentar boa
capacidade de absorção do impacto e distribuição de tensões que são atenuadas
de uma área menor para outra maior.
Coto e Dias (2016) relatam que a face é a área que recebe o maior número
de traumas durante a prática esportiva. Está sempre na altura do cotovelo,
joelho, cabeça ou até mesmo do pé do outro atleta, além de sofrer choques
contra o solo ou algum outro equipamento. Um retorno antecipado após uma
fratura de ossos da face, pode provocar uma refratura, acarretando um tempo
mais longo de recuperação. Para isso não ocorrer por um longo período de
tempo e comprometer o treinamento e a performance do atleta, é feita a
utilização de um protetor facial. O protetor evita que durante um impacto o osso
que está em processo de recuperação sofra refratura ou seja deslocado. Com
uma lesão facial o atleta se afasta de competições e treinos por um longo
período, comprometendo sua carreira esportiva. Estudos mostram que o atleta
perde condicionamento físico, podendo apresentar tendência à depressão,
prejudicando ainda mais sua recuperação física.
Padilha e Namba (2016) afirmam que os protetores faciais, como os
protetores bucais, também são comercializados de forma pré-fabricada. Porém,
da mesma forma apresenta desvantagens, como o desconforto, falta de
adaptação, deslocamento durante impacto e comprometimento da visão
periférica.
24

4 DISCUSSÃO

A saúde bucal é necessária para a manutenção da saúde geral do corpo.


Em atletas, essa preocupação se torna mais visível, pois necessitam da
manutenção de um corpo saudável, por serem mais exigidos fisicamente. A
odontologia do esporte, dispõe de vários métodos para o controle da saúde oral,
consequentemente, auxiliando no desempenho esportivo dos atletas (DIAS et al,
2003; LEMOS e OLIVEIRA, 2007). É essencial a integração de um cirurgião
dentista na equipe multidisciplinar dos clubes, pois além de atuar na prevenção,
ele auxilia no rendimento esportivo do atleta, de modo a reduzir o custo do clube
com tratamentos odontológicos de urgência (LEITE et al, 2011).
As lesões traumáticas orofaciais sempre estiveram presentes no contexto
esportivo, com destaque para os esportes de contato (RANALLI E LANCASTER,
1995; SOUZA, 2017), sendo os esportes de combate (artes maciais) a principal
modalidade com mais incidências de injurias orofaciais (ONYEASO et al, 2004;
TULUNOGLU e OZBEK, 2006; SOUZA, 2017). As principais lesões orofaciais
derivadas das práticas esportivas são traumatismo de mucosa oral e gengiva
que são subdivididos em laceração, contusão e abrasão; traumatismo do osso
de sustentação que pode ter uma comunicação da cavidade alveolar, fratura da
parede da cavidade alveolar, fratura do processo alveolar e fratura da mandíbula
ou maxila; fraturas da cabeça da mandíbula; fraturas de sínfise mandibular e
fraturas do terço médio da face, com ênfase na fratura nasal (DINGMAN et al,
2001; PADILHA et al, 2016).
Embora pouco divulgado, o trauma orofacial é muito frequente em
diversas modalidades esportivas, mesmo em esportes que aparentemente não
acusam risco. Estudos apontam o grande número de casos, principalmente em
esportes de combate individual, coletivos e artes marciais, atividades que
possuem contato direto com o adversário (CORREA et al., 2010; FRONTERA et
al., 2011; CAVALCANTI et al., 2012). Conhecer as ocorrências e seus
respectivos esportes se torna essencial na elaboração de métodos preventivos
Esportes são uma causa comum de injúrias dentais e orofaciais, as quais,
com frequência, causam consequências irreversíveis. Essas complicações
podem ser minimizadas com medidas preventivas e educacionais junto aos
25

atletas, como o conhecimento da importância e uso obrigatório de protetores


bucais em atividades com alto risco de choques e quedas, como os esportes de
contato (CANTO, 1999; FUTAKI E MOTTA, 2000; ANDRADE et al, 2010).
Os principais objetivos dos protetores bucais além de desempenhar uma
ação preventiva, é proteger os dentes anteriores e lábios, proteção de danos ás
cúspides e/ou restaurações dos dentes posteriores causados pelo impacto da
mandíbula, proteção dos tecidos moles, prevenção de traumas na ATM, diminui
os riscos de concussão, hemorragia cerebral e outros danos intracranianos mais
sérios (FERREIRA, 1998; GURGEL, 2005; PADILHA et al, 2014).
Existem três tipos de protetores bucais, o tipo III é o melhor, feito sob
encomenda, são confeccionados pelo dentista, após a obtenção de um modelo
da maxila do paciente. Esse dispositivo é que oferece melhor adaptação e
proteção superior na prevenção de traumatismos (RIBEIRO et al, 2002;
BARBERINI, 2003).
São confeccionados a partir de materiais termoplásticos em que são
realizados moldagens de folhas de E.V.A (etilvinilacetato), por meio de ar
comprimido ou a vácuo, esse material geralmente apresenta espessura de 4 mm,
podendo ser maior (POWERS et al, 1984; GOULD et al, 2009).
Foi realizado uma pesquisa de campo com 760 atletas de diferentes
modalidades e concluíram que, dentre os atletas que utilizavam protetores
bucais, a maioria preferia o tipo II, por apresentar um baixo custo em comparação
com o tipo III. A conclusão que os autores obtiveram foi que falta uma
conscientização por parte dos cirurgiões-dentistas em orientar os clubes e
atletas, sobre a importância do uso de protetores bucais. (BARBERINI et al,
2002).
Um atleta com trauma orofacial fica afastado por pelo menos 10 dias dos
treinamentos, resultando em perda do seu rendimento esportivo, assim, gerando
um gasto desnecessário para os clubes. O protetor facial (PF) evita que durante
um impacto o osso que está em processo de recuperação seja deslocado ou
sofra refratura. (COTO et al, 2016).
O protetor deve apresentar uma boa geometria, garantindo conforto nos
pontos de ancoragem do atleta, a fim de não comprometer o desempenho
durante a prática esportiva, além de uma boa capacidade de absorção do
26

impacto e distribuição das tensões que são criadas na área. O PF é produzido


com um material estritamente seguro, chamado de EVA (copolímero de etileno
e acetato de vinila), a qual, apresenta uma boa capacidade amortecedora.
(WESTERMAN et al, 2002; POBLETE et al, 2012).
Assim, como os protetores bucais, os protetores faciais também são
comercializados de forma pré fabricada. Porém, apresenta várias desvantagens,
pois não se encaixa perfeitamente a face, gerando desconforto ao atleta e
podendo-se deslocar durante o impacto, de forma a comprometer a visão
periférica do esportista. (PADILHA e NAMBA, 2016).
Os autores retratados no presente estudo, foram unânimes em ressaltar
a importância da odontologia no âmbito esportivo, afim de, destacar a prevenção
de traumas orofaciais decorrentes das práticas esportivas e métodos para
recuperação pós-traumática. Salientando o uso de protetores bucais e faciais,
afim de reduzir o tempo de recuperação e o gasto para os clubes com o
tratamento odontológico de urgência. Ressaltaram também a importância da
orientação para os atletas e clubes, por parte do cirurgião-dentista,
sobressaltando o risco dos traumas orofaciais durante a prática esportiva sem o
uso dos equipamentos de proteção necessários.
27

5 CONCLUSÃO

Vemos quão grande é a importância do cirurgião-dentista em clubes,


academias e em qualquer outro ambiente, onde é realizado a prática esportiva,
com a função de prevenir e tratar a saúde bucal de atletas, sejam eles dos mais
diferentes níveis, do amador ao profissional.
Alguns dos principais traumas são: Traumatismos de mucosa oral e
gengiva que são subdivididos em laceração, contusão e abrasão; traumatismos
do osso de sustentação que pode ter uma comunicação da cavidade alveolar,
fratura da parede da cavidade alveolar, fratura do processo alveolar e fratura da
mandíbula ou maxila; fraturas da cabeça da mandíbula; fraturas de sínfise
mandibular e fraturas do terço médio da face, com destaque para a fratura de
nariz, que consequentemente, na maioria das vezes, estão relacionados com
esportes onde os atletas sofrem impactos diretos ou indiretos na região.
O uso do protetor bucal torna-se indispensável durante a prática esportiva,
pois além de minimizar o risco do atleta sofrer algum trauma oral, possibilita
também uma melhora da performance, já que o mesmo, fica mais seguro pra
desenvolver tal atividade.
Os protetores faciais também são de grande importância, pois são
capazes de devolver o atleta que acabou de sofrer um trauma facial, o mais
breve possível para os treinos e competições.
28

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial


desta obra por qualquer meio convencional ou
eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que
citadas as fontes.

Eduardo Maciel de Oliveira


Leonardo Paiva Ribeiro

Taubaté, dezembro de 2021.

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