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SÃO PAULO
2021
ANTÔNIO PEDRO SOUSA SILVA
SÃO PAULO
2021
Dedico este trabalho à minha família, pelo
apoio aos momentos de superação aos
obstáculos que surgiram no processo de
desenvolvimento deste trabalho.
Eu denomino meu campo de Gestão do
Conhecimento, mas você não pode gerenciar
conhecimento. Ninguém pode. O que você
pode fazer, o que a empresa pode fazer é
gerenciar o ambiente que otimize o
conhecimento (PRUSAK, 1997).
RESUMO
ABSTRACT
Teething interferes positively in the person's quality of life, and several treatments
have been adopted in order to restore the smile in case of tooth loss. Implants are widely used
in replacing missing teeth or edentulism. The implant replaces the dental root and supports
the accommodation of the crown in order to maintain the physiology of mastication. The
success of the implants is well documented and implantology seems to be a safe procedure,
however, it can suffer interference from different elements at any stage of treatment.
Osseointegration is the direct union between the living bone structure and the implant
surface, referring to the anchoring of the implant in the tissue, so that it supports the
functional loads. This process includes several biological mechanisms, the understanding of
which may assist the clinician both in choosing the most appropriate implants for each
situation, and in identifying problems in the implant. Considering this context, this study
highlights the present question: what are the elements related to the success of
osseointegration? In this sense, as the main objective, the main aspects of the biological
phenomenon of osseointegration, its risk factors and prognoses were investigated. In relation
to specific objectives, the following stand out: investigate the risk factors associated with
osseointegration and implant loss; assess whether osseointegration is related to the control of
the patient's clinical situation; analyze the biological basis of osseointegration in the implant.
A narrative bibliographic review was developed. It is possible to state that implant
osseointegration depends on adequate initial planning, as well as knowledge and control of
the variables that can directly affect the results.
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................10
2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................13
2.1 A Implantodontia..........................................................................................................14
2.1.1 O Planejamento do Implante...................................................................................15
2.2 A Osseointegração........................................................................................................16
2.2.1 Os Fatores de Risco para a Osseointegração...........................................................17
A) Fatores de Risco Relacionados ao Paciente ou Pré-Cirúrgicos............................18
B) Fatores de Risco Trans-Cirúrgicos........................................................................20
C) Fatores de Risco Pós-Cirúrgicos...........................................................................21
2.3 As Bases Biológicas da Osseointegração......................................................................23
2.3.1 A Remodelação Óssea.............................................................................................25
2.3.2 A Restauração da Homeostasia...............................................................................27
3 DISCUSSÃO.......................................................................................................................29
4 CONCLUSÃO....................................................................................................................31
5 METODOLOGIA..............................................................................................................32
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................34
10
1 INTRODUÇÃO
dentárias, o que transformou a implantodontia e pode ser estimada como uma das descobertas
mais importantes do segmento. Misch (2009) ressalta uma taxa de êxito superior a 90%, em
cinco anos após o implante, e de 85% em dez anos. Quando afastados os desafios da inserção,
incluindo alguns fatores de risco, o coeficiente de êxito passa a ser de 100%. Esses índices
permitem que os implantes sejam uma alternativa rotineira de tratamento para edentulismo
parcial ou total, e como ancoragem ortodôntica.
Os dispositivos osseointegrados surgiram em 1981, após a publicação de uma análise
longitudinal com duração de quinze anos, onde foram implantados em mandíbulas edentadas,
com reabilitação de prótese total metaloplástica parafusada sobre tais implantes. A conexão
foi do tipo hexágono externo, sobre intermediários standard (MISCH, 2009). Os resultados
observados foram excelentes em reabilitações implanto-suportadas, o que permitiu a busca
por outras opções protéticas em caso de pacientes edêntulos parciais, inclusive para elementos
unitários. Com efeito, foi preciso criar sistemas de conexões mais eficazes e com maior
performance mecânica e estética que o hexágono externo.
Por serem a primeira alternativa em casos de edentulismo, os implantes
osseointegrados têm sido alvo de estudos e pesquisas, no intuito de permitir a osseointegração
eficaz, assente, adiantada e permanente. Para que um procedimento tenha êxito, se faz
necessário adotar uma técnica acertada, selecionar os pacientes adequadamente, executar
cuidadosamente a cirurgia, restaurar satisfatoriamente e prover os cuidados pós-operatórios
mais adequados ao caso. Serão considerados bem sucedidos os implantes que não causam dor,
não são foco de infecção persistente e sem mobilidade clínica. As falhas de implantação
podem ser precoces ou tardias, ou seja, anteriores ao implante cumprir sua função primeira,
ainda na fase de cicatrização; ou após os esforços mastigatórios serem necessários, o que
denota a ruptura da osseointegração preexistente (LUCIANO et al., 2013). Falhas precoces se
dão, geralmente, nas semanas iniciais ou meses, ou ainda, anteriormente ao carregamento
oclusal. Por sua vez, as tardias se dão depois do carregamento oclusal, sendo definidas como
erros de preservação da osseointegração, determinada pela redução da continuidade entre osso
e implante (BUHARA; PEHLIVAN, 2018).
Entre os fatores que são capazes de ocasionar falhas no mecanismo osseointegrativo
de implantes encontram-se os intrínsecos ao paciente e ao profissional, os quais deverão ser
observados antecipadamente, para que seja possível prever possíveis falhas. Podem ser
citados os fatores como o tabagismo, os atributos do implante, a chance de infecção e as
propriedades ósseas do paciente (OLMEDO-GAYA et al., 2016). A investigação de possíveis
falhas aumenta as probabilidades de reduzir reincidências.
12
Considerando-se tal contexto, esse estudo destaca a presente questão: quais são os
elementos relacionados ao êxito da osseointegração? Nesse sentido, como objetivo principal,
foram averiguados os principais aspectos do fenômeno biológico da osseointegração, seus
fatores de risco e prognósticos. Em relação aos objetivos específicos, ressaltam-se: investigar
os fatores de risco associados à osseointegração e à perda do implante; avaliar se a
osseointegração relaciona-se ao controle da situação clínica do paciente; analisar as bases
biológicas da osseointegração no implante.
13
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A Implantodontia
diagnóstico e os exames de imagem podem ser avaliados os fatores locais, como a conexão
espacial dos arcos, o espaço protético, as dimensões das futuras coroas, a necessidade de uma
agregação de gengiva sintética, a disposição e a quantidade de implantes. Na avaliação extra-
oral, deve-se, ainda, analisar a linha de sorriso, a dimensão vertical e o suporte labial, os quais
podem determinar a escolha da categoria de prótese mais apropriada. Por fim, na avaliação
intra-oral, os tecidos moles, a quantidade e a qualidade do rebordo remanente também são
levadas em consideração no planejamento cirúrgico (SHIBLI, 2013).
2.2 A Osseointegração
preparo do leito receptor é reduzida, uma vez que a primeira fase cicatricial vem com a
retirada da superfície do osso injuriado, em função do aquecimento criado, essa necrose tem
em média 1mm, a qual será removida por osteoclastos, permitindo que seja aposto um osso
novo, primeiramente imaturo e frágil. Durante a remodelação óssea, as células chamadas
osteoblastos, osteoclastos, osteócitos e células mesenquimais multipotentes sanguíneas irão
migrar para o local e se diferenciarão conforme a necessidade e o estímulo recebidos.
Nesse contexto, é importante não haver um hiperaquecimento ósseo, uma vez que
pode formar uma larga área de necrose, o que eleva a atividade dos osteoclastos, abalando a
reabsorção e a formação do tecido ósseo, além de ser preciso a ausência completa de tecido
conjuntivo na interface entre o osso e o implante. Caso tais condições ocorram, ocorre a
formação de fibrose, não havendo, por conseguinte, a osseointegração (MAVROGENIS et al.,
2009). Tais cicatrizações ósseas são dependentes de uma série de situações, algumas
relacionadas ao paciente, outras ao implante, à categoria de dispositivo de reabilitação, às
condições do procedimento, entre outros. Determinar os fatores responsáveis pelo insucesso
pode ser uma tarefa árdua, de onde parte a necessidade de um planejamento detalhado para a
reabilitação oral com implantes, cuja taxa de sucesso permanece ao redor de 90%.
A osseointegração foi descoberta por Per-Ingvar Brånemark, nos anos 1960, e a partir
desse estudo, outros foram conduzidos no sentido de compreender a dinâmica do fenômeno.
Albrektsson e Johansson (2001) observaram que nas primeiras semanas depois de instalado
um implante de titânio usinado, não é visível a osseointegração, em contrapartida, após
noventa dias da intervenção, percebe-se uma elevação relativa no contato direto entre o osso e
o implante, elevando-se a resistência à força de remoção por torque.
Essas falhas são percebidas logo depois de colocados os implantes no osso, entre poucas
semanas a alguns meses.
As falhas tardias parecem ser decorrentes da perda de osseointegração, estando
associada a pacientes homens, com maior faixa etária, com presença de doenças sistêmicas,
incluindo perda óssea intermediária ou severa (MANOR et al., 2009), incluindo peri-
implantite, sobrecarga oclusal e quebras de implante.
Segundo Tolstunov (2006) a perda tardia de implantes relaciona-se à insuficiência de
controle e conservação destes, sendo a higiene oral um dos maiores contribuintes da
preservação de reabilitação com implantes. A perda de osseointegração pode ser evidenciada
clinicamente por meio da flexibilidade do dispositivo implantado, podendo ser asseverada por
exames de imagem mediante a radiolucência peri-implantar. Misch et al. (2008) destacam que
um implante exitoso é evidenciado pela imobilidade quando da reabertura e início da etapa
protética, pela não observação de radiografia radiolúcida adjacente ao local do dispositivo e
pela ausência de doença inflamatória ou sintomas clínicos associados ao implante.
Observam-se falhas em implantes quando se utilizam implantes com extensão
reduzida, periodontite crônica que não responde ao tratamento, tratamento com radiação em
cabeça e pescoço prévio, instabilidade inicial do dispositivo, torque reduzido de inserção dos
implantes carregados no período imediato ou precoce, adoção de dispositivos de forma
cilíndrica, cirurgiões sem experiência e demais fatores (CHRCANOVIC et al., 2016).
No que tange aos fatores de risco para falhas precoces, estes afetam a dinâmica da
osseointegração, e podem causar a perda do implante. O tabagismo é um fator relevante
quando se trata de falhas de implantes dentários, a nicotina afeta a vasoconstrição periférica,
restringe a tensão de oxigênio, reduz a atividade dos fibroblastos e osteoblastos, delonga a
reparação dos alvéolos de extração, diminui a angiogênese, reduz a funcionalidade de
enxertos ósseos, restringe a cicatrização óssea e a osseointegração (ALMEIDA et al., 2015).
El Askary et al. (1999) evidenciaram um risco duas vezes maior na falha de implantes para
pacientes fumantes, quando comparados aos não fumantes. Os tabagistas são afetados
diretamente pela exposição dos tecidos moles ao cigarro, mediante o desenvolvimento de uma
19
pressão intraoral negativa, o que afeta a capacidade de cicatrização, bem como efeitos
sistêmicos reduzindo a irrigação e a oxigenação tecidual.
O diabetes compromete a microcirculação, a defesa imune e a capacidade inflamatória,
o que afeta a cicatrização e a formação óssea. Altos índices de glicose interferem no
metabolismo do tecido ósseo, diminuindo a densidade mineral, restringindo a criação e a
qualidade microarquitetônica, o que afeta a osseointegração e o êxito do implante, portanto é
vital o controle dessa condição, bem como maio cuidado higiênico e monitoramento mais
frequente (DINIZ, 2016).
A osteoporose é um fator de risco por reduzir a massa óssea e impactar na
remodelação óssea. Os fármacos usados no tratamento da osteoporose afetam a capacidade de
osseointegração, especialmente os à base de bisfosfonatos (SCARDUELLI, 2014). Esse fator
pode ser visto como um contraindicativo relativo ao implante osseointegrável, em função de
ser afetada pela redução da densidade óssea, porém uma melhora considerável pode ser
alcançada pelo planejamento adequado e pela adoção de dispositivos com design que permita
maior área de ancoragem, além da possibilidade de ser aplicado um tratamento superficial que
eleve a densidade e o contato do osso, afora o respeito ao prazo de cicatrização (MISCH et al.,
2008).
Manzano et al. (2016) em uma metanálise ressaltam o tabagismo, o uso de implantes
curtos e a implantação no osso maxilar como associados às falhas precoces. Dewan et al.
(2015) destacam que os sinais clínicos mais frequentes incluem infecção inicial, dor,
sensibilidade, mobilidade visível, exames de imagem indicativos e sons abafados em
percussão. Uma carência de osseointegração é evidenciada por dor, infecção de alta duração,
descamação de tecidos moles, mobilidade, liberação ou fratura de parafuso, sangramento ou
outros. Compreender as complicações possíveis é vital ao longo do planejamento.
Sob uma perspectiva etiológica, implantes muito curtos ocasionam falha em função da
relação adversa entre a raiz e a coroa. Afora isso, não suportam as tensões, causando fraturas
nos componentes do dispositivo. Por sua vez, Telleman et al. (2011) observaram não haver
diferença de falha quando comparados implantes curtos e implantes com extensão igual ou
superior a 10mm, tanto em pacientes com perda total como parcial de dentes. No que tange ao
formato, de Rouck, Collys e Cosyn (2008) alegam que implantes cônicos proporcionam mais
estabilidade primária e quadros clínicos favoráveis quando comparados aos implantes
cilíndricos. Embora tal distinção não tenha sido observada na pesquisa conduzida por
O'Sullivan, Sennerby e Meredith (2004).
20
Por sua vez, Ramalho-Ferreira et al. (2010) destacam que é importante evitar o
hiperaquecimento ósseo na etapa de fresagem e introdução do implante, pois eleva a
superfície necrótica no osso, dificultando o metabolismo de reabsorção e neoformação óssea,
os quais são inerentes à osseointegração. Pode-se evitar o superaquecimento pela maior
irrigação e maior capacitação técnica durante a execução da perfuração e inserção do
implante.
Além disso, Martins et al. (2011) asseveram que um dos indicativos de êxito de
osseointegração poderia ser a estabilidade primária, alcançada pela inclusão do implante com
a minoração da micro-movimentação estabelecida na estrutura óssea receptora e no
dispositivo dentário, embora não seja um requisito da osseointegração, mas um fator
coadjuvante de relevância.
O procedimento cirúrgico pode ser afetado, ainda, pela habilidade do cirurgião.
Aparentemente, operadores pouco habilidosos têm maior chance de perder implantes,
especialmente no que concerne às falhas precoces. Destarte, Manor et al. (2009) salientam
que tal fator não afetaria os resultados do tratamento, não havendo uma associação
significativa entre a experiência do cirurgião e os índices de êxito dos implantes.
A deficiência de estabilidade primária pode ser uma intercorrência cirúrgica, devendo
ser tratada no decorrer da intervenção cirúrgica. Manter um implante sem estabilidade
primária no local em que foi instalado ocasiona a criação de um envoltório macio ao redor do
dispositivo, levando a falhas (PAPASPYRIDAKOS et al., 2012).
imagem, qualquer desses sinais, seja no período imediato ou tardio, denota falha de
osseointegração. Ainda, a deiscência ou abertura do corte cirúrgico e a infecção bacteriana no
local são preocupantes, de onde cabe a orientação do paciente acerca de acatar a medicação e
a higiene para alcançar a osseointegração almejada (RAMALHO-FERREIRA et al., 2010).
Nesse sentido, Fardin et al. (2010) ressaltam que enxertos, seja alógeno ou autógeno,
podem desencadear respostas imunológicas, formando fibroses e não a formação de osso;
afora isso, o material deverá ser biocompatível ou biotolerável, além de indutor, condutor e
estimulador de tecido ósseo. A passagem para um novo tecido ósseo gira ao redor de oito a
seis meses, consoante os fabricantes, portanto esse corpo estranho permanecerá no organismo,
devendo ser esterilizado, hidrofílico, financeiramente viável e não agir como substrato para
patógenos, além de não ser carcinogênico ou teratogênico. Tais características em conjunto
são muito difíceis de serem obtidas. Fadanelli, Stemmer e Beltrão (2005) salientam que
enxertos ósseos intra-orais são uma opção para pessoas sem zona óssea disponível para o
implante ser colocado, embora exista um maior coeficiente de falhas em tal região.
A peri-implantite é um evento inflamatório que ataca os tecidos vizinhos de um
implante, causando a perda do osso que o sustenta; a mucosite seria uma inflamação
reversível que ataca tecidos moles peri-implantares, ambas evidenciam biofilme (MOY et al.,
2005). Na peri-implantite, o biofilme bacteriano e as cargas oclusais em excesso são os
fatores causais, sendo uma condição inconversível. Nesse ínterim, implantes em pessoas com
história de doença periodontal não possui contraindicação, embora o risco de peri-implantite
deva ser considerado. Nesses casos, a profilaxia antibiótica pode ser uma ação exitosa, cabe
salientar o risco de contaminação do implante pelo fabricante, pelo operador durante a
instrumentação, pelo contato com a microbiota bucal ou pelas luvas usadas (SERRÃO et al.,
2010).
O torque não é um fator isolado na osseointegração, embora possa ocasionar perda de
implantes, implantes com mobilidade e instabilidade primária podem atingir altos coeficientes
de sucesso se alcançam a osseointegração (MARTINS et al., 2011). Ainda, a lâmina própria
gengival se insere no osso alveolar via periósteo, e toda a região da superfície do implante
deve apresentar apoio periodontal, podendo ser colonizada por biofilme da microbiota. Uma
região adequada de mucosa com queratina em torno das próteses pode ser crítica a longo
prazo, pois sela a região peri-implantar, além de criar um amparo mecânico contra a
mobilidade dos tecidos moles.
Também, reabsorções e malformações ósseas podem levar ao insucesso dos implantes,
podendo ocorrer em ossos maxilares e mandibulares com grave reabsorção, ou em áreas com
23
quantidade diminuída de osso. Um volume ósseo diminuto pode levar a fenestras no implante,
reduzindo a estabilidade de início e elevando as chances de infecção. Assim, deve-se analisar
detalhadamente os cenários do sítio cirúrgico, podendo ser necessário um enxerto ósseo
prévio (VEHEMENTE et al., 2002).
Costa, Aras e Chitre (2014) destacam que a elevação da força sobre o implante pode
levar à sua quebra. Basicamente, uma carga em excesso no implante único pode ocasionar sua
fratura, assim como o desajuste do dispositivo pode ocasionar uma tensão contínua, levando
ao afrouxamento ou quebra do parafuso. O bruxismo é uma condição que causa carga
excessiva em reabilitações protéticas, causando fraturas ou perda óssea nas margens do
dispositivo implantado, ambos característicos da falha dos implantes. As falhas podem ser
resultantes de uma falha inicial que leva a outras e novas falhas no mesmo paciente.
procedimento cirúrgico. O osso é constituído por uma matriz extracelular com minerais,
colágeno e osteócitos, os osteoblastos, anteriormente a serem completamente diferenciados,
secretam a matriz extracelular mineralizada sem colágeno ou a ‘linha cementante’ que se
encontra na interface entre o osso velho ou reabsorvido e o osso novo, na contínua e natural
remodelação óssea. Células osteogênicas da linha cementante passam a secretar proteínas na
matriz extracelular que se espalham pelas descontinuidades superficiais e são mineralizadas.
O colágeno das fibras adere-se à linha cementante formando uma interface entre o tecido
velho e o novo. Condição similar se dá na superfície do implante que mostra áreas de
retenção, as quais são mineralizadas, pela linha cementante altamente aderida à superfície,
delimitando a adesão óssea (DAVIES, 2007). Cabe salientar que tal interface inerente à
remodelação óssea ou do implante assume uma extensão nanométrica, não suficiente para
suportar as cargas funcionais. Com efeito, as linhas cementantes são interfaces frágeis e a
força biomecânica deriva da estrutura em três dimensões das fibras de colágeno
mineralizadas.
A osseointegração poderia ser entendida como um processo de ancoragem fisiológica
de um implante ao tecido ósseo. É fato que a ancoragem determina a resistência do implante
endósseo contra sua retirada, imaginar-se-ia que descontinuidades de tamanho e forma
variadas localizadas na superfície do implante, permitindo depositar-se o tecido ósseo
internamente, oferecendo certa resistência à remoção por tração ou tensão. Caso um implante
apresente poros de tamanho maior na superfície, o crescimento ósseo interno traria resistência
de ancoragem maior que a resistência quanto á sua a remoção na ausência de tais poros. Para
a remoção desse primeiro implante, o tecido ósseo tende a sofrer fratura na proximidade mais
externa dos poros, opostamente à separação da interface direta entre osso e implante, essa
condição não depende da adesão do tecido ósseo à superfície do implante. Não obstante,
esforços de remoção de implantes causam fraturas no osso maxilar, per se, e não em sua
interface (BRÅNEMARK, 1983).
A ancoragem difere da adesão, haja vista a adesão fazer referência à interface contínua
entre o osso e o implante, conquanto a ancoragem óssea, sob cargas funcionais, determina-se
por atributos topográficos da área do implante em uma escala maior. Nos últimos anos, resta
evidente que ao contorno superficial do implante provoca um efeito relevante no reparo peri-
implantar e ancoragem óssea. Esses contornos, em escala nano e micrométrica, exercem efeito
nas primeiras fases do reparo peri-implantar. Buser et al. (1991) contribuíram com a literatura
ao afirmarem que superfícies rugosas tendem a aumentar a deposição óssea, quando
comparadas a superfícies polidas ou pouco trabalhadas.
27
Inúmeros trabalhos foram conduzidos para caracterizar a superfície dos implantes por
meio de metodologias que ofertam parâmetros estatísticos de comparação de rugosidade.
Embora a rugosidade superficial do implante afete a força de ruptura do tecido ósseo, não
explicam as estruturas biológicas associadas à ancoragem óssea. Contudo, a topografia
superficial do implante é claramente importante, haja vista os fabricantes modificarem os
desenhos superficiais para tornar mais célere o reparo peri-implantar e aumentar a ancoragem
óssea (GOTFREDSEN; BERGLUNDH; LINDHE, 2000).
3 DISCUSSÃO
dão anteriormente à formação do osso, ou na dimensão métrica que não pode ser acessada por
procedimentos de última geração. Portanto, entender a biologia óssea da osseointegração não
apenas permite uma avaliação mais racional acerca dos desenhos superficiais dos implantes
mais acertados para cada paciente, como ainda possibilita compreender as dificuldades
surgidas depois de implantados no tecido ósseo (MENDES; DAVIES, 2016).
31
4 CONCLUSÃO
5 METODOLOGIA
experiências nacionais, além de leis e portarias; preferencialmente nos últimos dez anos, com
exceção dada para os textos considerados indispensáveis.
Em suma, o método da revisão narrativa pretende reunir e concentrar o saber científico
produzido acerca do assunto, permitindo-se identificar as evidências publicadas que,
consoante Cordeiro et al. (2007), mantém uma temática mais ampla, em função da questão de
pesquisa, sem a necessidade de protocolos rígidos, havendo a intervenção subjetiva do
pesquisador.
34
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