Apostila 3 ENEM - ARTE CONTEMPORÂNEA

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APOSTILA 3: ARTE CONTEMPORÂNEA

(fonte: Rivael Vieira, Arte e Sociedade vol. III)


As experimentações, a ousadia e a
liberdade dos movimentos de Vanguarda
serviram de base para as correntes que
despontaram após a Segunda Guerra Mundial e
tornaram-se dignas representantes da Arte
Contemporânea, caracterizada pelo predomínio
do conceito, da multilinguagem, do uso de novos
meios e da ampla exploração do sensorial, da
interação e do corpo como suporte e instrumento
da comunicação artística. Andy Warhol, lata de sopa
Muitas vertentes tiveram inspiração no Campbells, serigrafia, 1956
ready made do dadaísta Marcel Duchamp e Em 1956 foi realizada a primeira exposição
fizeram da apropriação, da reapresentação e da do grupo do britânico Independent Group
ressignificação de objetos a base de seus intitulada This is Tomorrow. É a firmação da Pop
trabalhos e promoveram a firmação da função Art, um movimento voltado para a análise da
FORMALISTA no processo de criação de uma sociedade de consumo do pós-guerra e para o
obra. modo como opera a indústria cultural. O Cartaz
Instalações, intervenções e performances de Richard Hamilton para esse evento já deixa
deram a tônica da contemporaneidade, com claro as propostas e a estética do grupo, focada
destaque para movimentos como a Body Art, a no cotidiano, na sociedade consumista do pós-
Land Art, o Minimalismo e as ações do grupo guerra, na indústria cultural e no modo como
Fluxus. Simultaneamente, vertentes como a Pop opera, daí a utilização de recursos como colagens
Art e o Hiperrealismo preservaram a tradição de revistas, jornais, da serigrafia.
figurativa, ainda que com técnicas diferenciadas. Embora o termo Pop sugira uma arte de
apelo popular, essa corrente não atingiu a grande
massa, fato decorrente de sua linguagem
A POP ART INGLESA metafórica e irônica nem sempre ser de fácil
A Pop Art surgiu na Inglaterra por volta de compreensão.
1949, após os difíceis anos vividos pelo país O fato de analisar a sociedade capitalista e
depois do encerramento da guerra. os efeitos da comunicação de massa fez com que
os Estados Unidos da América se tornassem o
principal alvo dos artistas britânicos e logo
chegasse à grande nação americana, alcançando
grande desenvolvimento por lá, com destaque
para o polêmico e irreverente Andy Warhol,
artistista que manteve interesse pelo mundo da
fama, a busca por ela e suas consequências.
Visionário, Warhol, já analisava a relação
entre o bombardeio de imagens pela mídia e o
inconsciente e a memória coletiva, por isso o seu
trabalho com as repetições de fotografias de
ícones pop como Elvis ou Marilyn, daí sua frase
Richard Hamilton, O que exatamente torna os lares de hoje tão
aconchegantes, agradáveis e bons de se viver? Cartaz para a célebre de que no futuro todos teriam seus quinze
exposição Pop de 1956, colagem minutos de fama.
Em 1962, Andy Warhol realizou a série de
pinturas, na verdade impressões, inspiradas nas
latas de sopa Campbells. O patrocínio da
empresa ao artista não só evidencia a
proximidade entre arte e indústria, como também
transporta para o universo da arte produtos de
consumo, traçando um paralelo entre a obra
como peça única e a obra múltipla e a arte como
objeto de desejo.

Andy Warhol, Diptico de Marilyn, acrílico sobre tela, 1952

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O EXPRESSIONISMO ABSTRATO AS LINGUAGENS DO CORPO
O Expressionismo Abstrato é considerado A partir do Expressionismo Abstrato
o primeiro movimento de arte estadunidense e o linguagens como a Performance, o Happening e a
precursor de todas as experimentações seguintes Body Art invadiram os palcos e as ruas.
nas quais o corpo do artista é o elemento central,
o instrumento transmissor da mensagem, não
mais a fonte de inspiração ou o modelo.

Em 1959, Allan Kaprow apresentou o


evento 18 Happening in Six Parts, um
acontecimento artístico focado na interação com
o público e que firmou o Happening como
linguagem contemporânea. Kaprow realizava
instalações e intervenções empilhando materiais
variados nas galerias, eram peças como pneus,
tecidos e outros de uso e presença no cotidiano
das cidades. Sua ideia era propiciar uma
experiência estética associada ao dia a dia, era
promover uma vivência sensorial e de interação
entre público e obra.
Com essa base se desenvolveu o
Happening, uma linguagem caracterizada pela
coletividade, a interação e a integração.
Em 1960, Yves Klein realizou o Salto no
Vazio, momento em que é fotografado como se
jogando, ou melhor, flutuando a partir de um
muro. Ao se tornar o criador e o próprio centro da
obra, Klein dialoga com as propostas de Pollock e
Jackson Pollock, Number 1 (Lavender Mist), 1950 se coloca como um precursor da performance,
Em 1950, Jackson Pollock e sua Action arte que, assim como o happening, une todas as
Painting deu vida ao Expressionismo Abstrato. A outras linguagens, como a música, o teatro, a
pintura de ação consistita no privilégio dado ao dança, às artes plásticas.
corpo, à interação entre o artista e os materiais
através da técnica do gotejamento, na qual a
tinta, as cores eram lançadas a uma tela no chão
sem qualquer controle ou planejamento, algo
herdado do automatismo psíquico surrealista.
A proposta de Pollock de privilegiar a
interação entre o corpo do artista e os materiais
significou uma ruptura com o que havia de
convencional na arte até então. A partir do
momento em que a obra passou a ser um mero
registro desse momento vivido e o corpo ganhou
ênfase, linguagens como o Happening, a
Performance e a Body Art ganharam impulso,
além de experimentações sensoriais típicas da
contemporaneidade.

Yves Klein realizou o Salto no Vazio, 1960


A performance se diferencia do happening
por ter uma tendência mais individual no tocante
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à relação entre artista e público, uma vez qua há na qual a mídia, a propaganda e a publicidade
pouca interação devido à lineridade das eram cada vez mais influentes, a Body Art buscou
apresentações e a preocupação com a ressalatar o real sentido do corpo, templo do
mensagem a ser transmitida. espírito.
Vito Aconci, Trademarks, 1970
As feridas, os machucados, o sangue que
muitas vezes se faziam decorrentes das
performances dos artistas dessa vertente eram
recursos para despertar questionamentos acerca
da passividade diante do sofrimento alheio e do
valor dado ao ser humano.

ARTE CINÉTICA

Marina Abramovic em Rhythm 5, Belgrado, 1974

A Servia Marina Abramovic é um dos


maiores nomes mundiais da arte performática,
contrariando as características dessa linguagem,
seus trabalhos são marcados pela interação com
o público. Nas apresentações da série Ritmo, por
exemplo, seu corpo é exposto ao toque, ao
Escultura cinética de Tinguely
diálogo e também ao perigo, sua própria vida foi
Em 1955 foi realizada a primeira mostra de
colocada em risco em Ritmo 5, quando precisou
Arte Cinética em Paris. Essa corrente buscava
ser salva pelo público da estrela incendiada na
romper com a estaticidade da pintura de cavalete
qual se encontrava.
e da escultura tradicional. Ao enfatizar a beleza
A banalização da vida, a morte, a
do movimento real, a poética das máquinas. Os
despreocupação com o próximo, o individualismo
artistas tentavam aproximar a arte da vida, da
da sociedade contemporânea são temas comuns
realidade dos novos tempos.
em seus trabalhos.
A performance serviu de recurso para a
OP ART
Body Art dos anos 70. A Body Art teve como
característica marcante a busca pelo
transcendental através de experimentações
corporais que envolviam ações que
desencadeavam dor e até mutilações.

Bridget Louise Riley, Movemento em Quadrados, 1961,


têmpera sobre compensado
Em 1965 a realização da exposição
intitulada “The Responsive Eye” (O Olho que
Responde), firmou a Op Art, tendência que já se
Desenvolvida em um cenário manifestava nos anos 30, dentro dos segmentos
estadunidense convulsivo posterior à guerra do artísticos contemporâneos. Diferentemente da
Vietnã e lutas por direitos civis dos negros, em Arte Cinética, a qual valorizava o movimento real,
meio a uma sociedade capitalista e consumista os artistas da Op estavam mais interessados no
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movimento visual, sugerido pelas linhas, como no
efeito moiré, ou pelo dinamismo entre figura e
fundo e contrastes cromáticos que geram ilusão
de óptica.
De certo modo a Op Art está ligada ao
dinamismo dos novos tempos, à intensidade da
vida moderna, da velocidade da comunicação. A
informática, por exemplo, além de importante
elemento propagador das criações da Op,
também ofereceu um vasto leque de recursos
para as experimentações dos artistas desse
segmento.

MINIMALISMO
Ligia Clark, Bichos, 1960, alumínio
Em 1959 a publicação do Manifesto
Neoconcreto, assinado por nomes de peso no
cenário nacional como Amilcar de Castro, Franz
Weissmann, Lygia Clark, Helio Oiticica e Lygia
Pape, defendia a liberdade de experimentação, o
retorno à expressividade e à subjetividade, além
de uma arte de caráter interativo, associada à
vida.
O Concretismo Abstrato foi um movimento
surgido no Brasil em reação ao Concretismo,
movimento que pregava a autonomia da arte em
relação à natureza. Para o concretismo, a arte
Donald Judd, esculturas em concreto, 1980, Texas deveria afastar-se de qualquer conotação lírica ou
Em 1960 o Minimalismo surgiu como uma simbólica. Uma obra não tem outra significação
oposição a emotividade do Expressionismo senão ela própria, resultante da pura conjugação
Abstrato. Os artistas dessa corrente pregavam a dos elementos básicos: planos, cores e formas.
redução da variedade visual e do esforço para Para os concretistas abstratos a arte
sua execução a elementos básicos da deveria ser muito mais que isso, deveria
composição como cor e forma, recusando promover a interação com do público com o
qualquer ilusão ou metáfora que tirasse o objeto objeto, deveria também interagir com o espaço.
daquilo que simplesmente é: cor ou forma. Foi um Assim, o grupo elaborou peças para serem
movimento de tendência abstrata geométrica e tocadas, vivenciadas, seja em grandes ou
racional, de certo modo associado ao próprio pequenos tamanhos, como a série Bichos, de
cotidiano, o que fez com as propostas de Lygia Clark.
contenção e economia do grupo influenciassem
segmentos como a arquitetura, o design e a HÉLIO OITICICA: COCRETISMO,
moda.
Os objetos apresentados pelos PARANGOLÉS E TROPICÁLIA
minimalistas vinham de encontro à
institucionalização da arte que determinava o que
era ou não arte, assim, exaltam a subjetividade
na contemplação, assimilação e apreciação
estética.
O CONCRETISMO ABSTRATO

Hélio Oiticica, Grande Núcleo, 1960

Amilcar de Castro, sem título, 1977, aço

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o público se deparava com um aparelho
televisor, equipamento que começava a
chegar aos lares do país e, mais tarde, serviu
de porta de entrada de elementos culturais
externos.
Tropicália foi um convite para o
visitante a interagir com a obra e
experimentar uma antropofagia cultural
nacional.

BIOARTE
Conforme o site
www.profissaobiotec.com.br “A bioarte é uma
Hélio Oiticica, Parangolés, 1965 atividade contemporânea que permite
O carioca Hélio Oiticica, pintor, escultor e aproximar “Artes e Ciências”. Caracterizada
performático, foi um dos mais importantes nomes
pela inspiração na biotecnologia. Os
da arte contemporânea nacional. No início dos
anos 50 integrou o grupo Frente, compondo obras
materiais usados pelos bioartistas são
abstratas planas. Posteriormente fez parte do organismos vivos ou partes deles (células,
Concretismo Abstrato, onde abriu mão das moléculas de DNA), trocando o pincel por
formas planas e ingressou no trabalho com pipetas e tradicionais estúdios de arte por
figuras tridimensionais e bólides, base para seus bancadas de laboratório. Artistas que
Penetráveis, início de sua arte ambiental que, aproximam Arte e Ciência em uma forma de
juntamente com seus Parangolés, serviram para expressão, não somente social e estética,
sua principal criação, a instalação Tropicália. mas também funcional.”
Os Parangolés eram constituídos de capas É uma linha nova, que tem por base as
coloridas, inspiradas nas fantasias das escolas de
questões levantadas pelo artista
samba onde passara boa parte do tempo. Com
essas capas o público dançava ao som do samba
contemporâneo acerca das linguagens de
e as cores se misturavam com a dança em uma um modo geral. Decorre de uma visão macro
explosão de vida, aliás, a associação entre arte e acerca da realidade, das questões no âmbito
vida foi o principal objetivo dessa criação. da física, da química, da biologia, da vida.
A vivência proposta por Oiticica era parte
de suas ideias de ruptura com as relações
tradicionais entre arte, espaço e público. Com ela
o sujeito deixa de ser um mero contemplador para
se tornar agente ativo, parte integrante da obra, é
o que ele designava de Antiarte.

Um dos pioneiros dessa vertente é


Eduardo Kac (diretor do School of the Art
Institute of Chicago), que chocou o público
ao apresentar em 2009 a GFP Bunny, uma
coelha capaz de expressar Proteína
Em 1967 Helio Oiticica apresentou ao Fluorescente Verde, quando exposta a luz
público a instalação intitulada Tropicália, um UV.
conjunto de módulos (Penetráveis) que
remetiam às favelas e Parangolés (capas
para vestir inspiradas nas fantasias de
carnaval) apresentados em conjunto com
areia, pedras, plantas, tecidos, odores que
remetiam ao Brasil. Na saída desse labirinto
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variadas aplicações. Os compostos são
analisados e ampliados milhares de vezes
através de potentes microscópios. As formas
apresentadas estimulam a criatividade
artística, logo imagens abstratas ganham
configurações que remetem ao mundo real e
visível.
As imagens são coloridas através de
computação gráfica, ampliadas e
apresentadas ao público através de telas de
computadores, projeções ou impressões.
Para saber mais acesse:
http://revistagalileu.globo.com/Revista/Co
O cientista Alexander Krichevsky, em mmon/0,,ERT307128-18544,00.html
parceria com a Universidade do Estado de
Nova York, uniu o DNA de bactérias
marinhas luminescentes ao genoma de uma
A FORÇA DO GRAFITE
Em meio a tantos nomes expressivos,
planta comum e desenvolveu plantas
chama a atenção o emergir dos artistas
geneticamente modificadas capazes de emitir
anônimos das ruas, os grafiteiros. A
luz própria, semelhante àquela emitida por
transposição da arte urbana para galerias e
vagalumes e águas-vivas.
convites muito bem remunerados para
A Bioarte busca unir a criatividade
execução de chamativos e criativos murais
artística à curiosidade científica na busca por
têm elevado nomes como os Irmãos
inovações que promovam melhorias no meio
Pandolpho (os Gêmeos), Zezão e Eduardo
ambiente e na vida como um todo.
Kobra ao patamar de celebridades artísticas
Para saber mais acesse:
de reconhecimento mundial.
http://profissaobiotec.com.br/bioarte

NANOARTE
Na esteira da ciência a Nanoarte busca
seu espaço. Aqui, físicos, químicos,
engenheiros e técnicos em microscopia
eletrônica oferecem suporte ao pesquisador-
artista.

Eduardo Kobra, Painel na Vila Olímpica, Rio de Janeiro


O paulistano Eduardo Kobra tornou-se
um dos principais nomes do muralismo
mundial. Seus imensos painéis são
marcados pelo colorido vibrante, com formas
exploração geométrica do espaço.
Daniela Caceta, Margarida, nanocristal de óxido de zinco
colorido por computação gráfica
O objetivo da Nanoarte é fomentar a
pesquisa e a descoberta de novos materiais
para usos variados na indústria e no
cotidiano. A base é o trabalho com materiais
inorgânicos produzidos com técnicas
especiais de síntese química, para as mais
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Banksy praticamente já se tornou uma
marca, um símbolo de contestação,
manifesto e crítica à sociedade e aos
poderes instituídos. Desde a década de 80
que esse curioso artista vem deixando seus
estênceis pelas ruas de Londres, chegando a
ser procurado pelas autoridades por sua
ousadia. Hoje sua arte é um patrimônio
cultural da cidade e há registros de suas
atuações por vários outros países.

Irmãos Pandolfo, intervenção em seis gigantescos tonéis na


enseada False Creek, em Vancouver, 2016
Os irmãos Pandolfo, conhecidos
mundialmente como “Os Gêmios” figuram
entre os mais celebrados artistas
contemporâneos. Sua linguagem evoca o
lúdico, a fantasia e o lirismo.
Inspirados pelo universo da costura,
dos retalhos e estampas, suas obras são
alegres e fascinantes. Criam uma verdadeira
poesia urbana, uma arte de rara beleza e
energia.

Enquanto alguns aproveitam o


momento e o merecido reconhecimento,
outros continuam preferindo o anonimato,
como o sempre polêmico e provocativo
Banksy.

O pseudônimo Banksy é respeitado no


universo do grafite. Esse artista anônimo tem
na linguagem irônica e contestadora sua
grande marca.

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