Modelagem Numérica de Pontes de Encontros Integrais: Sérgio Marques Filho, Tâmara Dalpane
Modelagem Numérica de Pontes de Encontros Integrais: Sérgio Marques Filho, Tâmara Dalpane
Modelagem Numérica de Pontes de Encontros Integrais: Sérgio Marques Filho, Tâmara Dalpane
Resumo
Palavras-chave
Pontes de Encontros Integrais; Solo; Modelagem Numérica
Introdução
Uma vez que as pontes de encontros integrais são estruturas com grande dependência
das propriedades do solo, a interação solo-estrutura deve sempre ser levada em conta na
análise. Assim, nos primeiros modelos numéricos, o acréscimo de rigidez do encontro
proporcionado pelo solo era levado em consideração através da adoção de um
comprimento reduzido da estaca. Esse método ficou conhecido como Método Racional,
que pode ser facilmente resolvido sem o emprego de ferramentas computacionais, e está
baseado na teoria desenvolvida por DAVISSON e ROBINSON (1965). Na Figura 5 pode-
se observar um modelo simplificado em pórtico plano de uma ponte de encontros
integrais.
𝑝 = 𝑘ℎ ∙ 𝑦 (1)
Estudo desenvolvido por Terzaghi (Terzaghi apud VELOSO, 2010) conclui que nas
argilas sobreadensadas, o coeficiente de reação horizontal praticamente não varia. No
caso das argilas normalmente adensadas e areias, o valor de kh cresce linearmente em
função da profundidade e pode ser expresso conforme a Equação 2, onde nh é a taxa de
crescimento do coeficiente de reação horizontal, z é a profundidade e B a largura da face
da estaca na direção perpendicular ao deslocamento.
𝑧
𝑘 ℎ = 𝑛ℎ ∙ 𝐵 (2)
Grande dificuldade existe quanto a determinação do valor da constante nh. Na Tabela
1, adaptada de VELOSO (2010) têm-se os valores típicos para areias, propostos por
TERZAGHI (apud VELOSO 2010).
Modelagem numérica
Nesse trabalho, foi considerada uma ponte de encontros integrais composta por 3
vãos iguais, com 40 metros de comprimento e 12 metros largura. O tabuleiro da ponte é
composto por vigas longarinas padrão AASHTO tipo VI, conforme mostrado nas figuras
6 e 7, e laje em concreto com espessura de 22,5 centímetros. O encontro é formado por
uma estrutura de contenção com aproximadamente 4,6 metros de altura e 0,35 metros de
espessura, assente sobre estacas metálicas perfil tipo W 250x89, com o eixo de menor
inércia orientado na direção transversal ao eixo da ponte. Entre os vãos foi considerado
um pilar com 8 metros de altura, 1,80 metros de diâmetro e engastado em sua base. No
topo do pilar foi considerado uma viga transversina com seção transversal de 0,6x2,00
metros, interligados às longarinas. Nas figuras subsequentes pode-se observar a
geometria da ponte.
Duas situações distintas foram consideradas no que diz respeito ao tipo de solo
empregado na modelagem. Primeiramente foi considerado um solo predominantemente
arenoso de média compacidade. De acordo com a Tabela 1, um valor de 7.100 kN/m3
para taxa de crescimento do coeficiente de reação horizontal é proposto. Dada a grande
variabilidade das propriedades do solo, a estrutura da ponte foi modelada considerando
os seguintes valores para nh: 6.000, 6.700, 6.900, 7.100, 7.300, 7.500, 8.000 kN/m3.
No segundo caso, foi considerado um solo arenoso de alta compacidade. De forma
análoga, considerando os valores propostos na Tabela 1, 17.800 kN/m3 seria um valor
médio para esse tipo de solo. Dessa forma, foram considerados os seguintes valores na
modelagem numérica: 17.000, 17.500, 18.000, 18.500, 19.000 kN/m3.
No que diz respeito ao carregamento, duas situações distintas foram modeladas. A
primeira considerando uma variação uniforme, positiva, de temperatura igual a 20oC e a
segunda considerando uma variação negativa de mesmo valor.
Ressalta-se que o valor da constante de reação horizontal do solo apresenta valores
diferentes caso esteja sendo analisado o alongamento ou encurtamento do tabuleiro da
ponte. Considere a Figura 8 onde pode-se visualizar o encontro da ponte com um ponto
genérico, P, situado na estaca. Percebe-se claramente que o valor da cota de P difere caso
ela esteja sendo medida do lado esquerdo do encontro, z1, onde existe o aterro, ou do lado
direito do encontro, z2, onde não há presença de solo junto à cortina de concreto.
Assim, durante a fase de expansão do tabuleiro, onde o aterro está sendo comprimido,
deve-se considerar o valor de z na Equação 2 superior aquele considerado no caso de
encurtamento do tabuleiro, onde a tensão no aterro é inferior.
Resultados
-18,00
Reação horizontal
0,00
-60 -40 -20 -2,00 0 20 40 60 80 100
6000
-4,00
6700
-6,00
6900
-8,00
7100
-10,00
7300
-12,00
7500
-14,00
-16,00 8000
-18,00
Considerando agora a situação onde a ponte está sujeita a uma variação negativa de
temperatura, observa-se que a amplitude dos deslocamentos diverge ainda menos que na
situação anterior, sendo igual a 3,66.10-4 m. Na Figura 12 observa-se os deslocamentos
em função da profundidade. O mesmo pode ser dito em relação aos valores das reações
nos elementos de mola, a máxima reação é igual a 15,62 kN enquanto que a menor vale
13,01 kN.
Deslocamento horizontal
0,00
-0,002 -2,00 0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012 0,014
6000
-4,00
6700
-6,00
6900
-8,00
7100
-10,00
7300
-12,00
7500
-14,00
-16,00 8000
-18,00
Tomando agora o modelo cujo solo foi considerado de alta compacidade, pode-se
observar-se nas tabelas 2 e 3 os valores dos máximos e mínimos e a amplitude dos
deslocamentos e reações de apoio considerando uma variação positiva e negativa de
temperatura.
Tabela 2 – Valores máximos e mínimos do deslocamento e reação de apoio
considerando variação positiva de temperatura.
Desl. Desl. Mínimo Amplitude
Máximo
Deslocamento 9,204 mm 9,037 mm 0,167 mm
Reação 84,73 kN 90,27 kN 5,54 kN
Conclusões
Referências