Oficina de Escrita No Livro Didático de Língua Portuguesa
Oficina de Escrita No Livro Didático de Língua Portuguesa
Oficina de Escrita No Livro Didático de Língua Portuguesa
Resumo: Neste artigo procuramos analisar uma atividade de escrita de texto argumentativo
presentes no livro didático da 11ª classe da Educação Básica de Angola. Partimos dos
pressupostos teóricos de Amossy (2011 e 2016), Charaudeau (2010), Bakhtin (2003) e, ainda,
Maingueneau (2015). Metodologicamente, numa perspectiva qualitativa, concentramo-nos na
seção denominada oficina de escrita relativa ao texto argumentativo presente em uma unidade
do livro didático de língua portuguesa de Angola. A análise evidencia que o LDLP em Ango-
la , em especial o que constitui o corpus deste artigo, ainda não traz orientações necessárias
para que o aluno possa desenvolver sua argumentação de forma persuasiva.
Palavras-chave: Oficina de escrita; Livro didático; Angola.
Abstract: In this article we try to analyze an argumentative text writing activity present in the
textbook of the 11th class of Basic Education in Angola. We start from the theoretical
assumptions of Amossy (2011 and 2016), Charaudeau (2010), Bakhtin (2003) and, still,
Maingueneau (2015). Methodologically, in a qualitative perspective, we focus on the section
called writing workshop related to the argumentative text present in a unit of the Portuguese
language textbook of Angola. The analysis shows that the LDLP in Angola, especially what
constitutes the corpus of this article, does not yet provide the necessary guidelines for the
student to develop his argument in a persuasive way.
Keywords: Writing workshop; Textbook; Angola.
Primeiras Palavras
Não pretendemos escapulir da tarefa árdua a que nos propusemos realizar neste
artigo: analisar atividades de escrita de texto argumentativo em livro didático de língua
portuguesa angolano, ou melhor, aquele utilizado no processo de ensino-aprendizagem de
1
Professor Adjunto de Língua Portuguesa no Departamento de Letras e nos Programas de Pós-Graduação em
Letras (mestrado acadêmico) e em Educação (mestrado e doutorado) da Universidade Federal de São Paulo,
Campus Guarulhos. e-mail: [email protected]
2
Doutorando em Língua Portuguesa na PUC/SP. Mestre em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras
(mestrado acadêmico) da Universidade Federal de São Paulo, Campus Guarulhos. e-mail: jeremi-
[email protected]
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SILVA, Sandro Luis da; BOIO, Jeremias Abel Graciano. Oficina de escrita do livro didático de língua portu-
guesa da 11a. classe de Angola: a produção de texto argumentativo. Dossiê Funcionamentos discursivos de
livros didáticos e de materiais didáticos: possibilidades de análise e de trabalho. Cadernos Discursivos, Catalão-
GO, v. 1, n. 1, p. 105-121, 2021. (ISSN: 2317-1006 - online).
língua portuguesa em Angola de há muito tempo até os dias atuais. No quadro da cartografia
da lusofonia, Angola e os demais países africanos falantes da língua portuguesa têm a língua
portuguesa como oficial (de administração e ensino) e as línguas bantu, as chamadas línguas
nacionais. Ao pesquisarmos sobre o livro didático de língua portuguesa (doravante LDLP),
deparamo-nos com as várias dificuldades, dentre as quais destacamos: um único livro
utilizado em todo país e inclusive por alunos que não têm a língua portuguesa como língua
materna. Nesse sentido, acreditamos que este estudo torna-se relevante por trazer um olhar
voltado para o uso real da língua em diversos contextos a partir do uso do LDLP no processo
de ensino-aprendizagem de língua portuguesa em Angola. Para evidenciar esta característica,
traçamos como objetivo analisar atividades de escrita de texto argumentativo em livro didáti-
co de língua portuguesa angolano. Tendo em vista esse objetivo, pretendemos dar resposta à
seguinte questão: Como a argumentação é abordada no LDLP da 11ª classe em Angola em
atividade de produção escrita de texto?
O corpus de pesquisa é o livro Língua Portuguesa, 11ª classe, escrito por Olga
Magalhães, Fernanda Costa e Lília Silva, concebido e publicado em Portugal pela Porto
Editora (2011). O objeto de análise desta pesquisa é a escrita. Dedicamos nossa atenção à
unidade denominada “texto argumentativo” presente no LDLP e analisamos uma oficina de
escrita para compreendermos como é abordada a argumentação em proposta de escrita de um
texto e seus possíveis efeitos de sentido.
A motivação para a escolha da oficina de escrita deveu-se pelos seguintes motivos: é
uma seção do LDLP cujo objetivo principal é incentivar a escrita do aluno; ela nos permite
dialogar a escrita dentro dos pressupostos teóricos do círculo de Bakhtin em consonância com
a argumentação e a análise de discurso e, por fim, os encaminhamentos para a execução da
escrita que se tornam fundamentais para percebemos a abordagem que o LDLP traça sobre a
argumentação.
Este trabalho está dividido em quatro partes: na primeira, trazemos alguns conceitos
pertinentes à argumentação, análise de discurso e produção textual que sustentam a análise
apresentada no artigo. Em seguida, apresentamos de forma panorâmica a organização do livro
didático, bem como os saberes linguísticos e as tarefas que constam no corpus em análise. Na
sequência, voltamos nosso olhar para análise de uma oficina de escrita presente na primeira
unidade do LDLP corpus deste artigo, e, por fim, procedemos algumas considerações sobre a
oficina de escrita proposta.
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Nesta seção, discorremos a respeito dos teóricos que constituem a base para este
texto, sobretudo no que diz respeito à análise da oficina de escrita proposta no LDLP.
Encetamos esta seção com autores cujo olhar está voltado para a intersecção entre
argumentação e análise de discurso, e como os elementos a elas pertencentes desaguam na
produção textual. Os estudos que enfatizam a argumentação e análise de discurso num
continum são vários, no entanto em virtude do espaço que nos cabe, fazemos breves
considerações de modo que atendam aos objetivos por nós propostos.
Antes de entrarmos nas questões relativas à interface entre argumentação e análise de
discurso, faremos algumas considerações que, a nosso ver, são importantes, pois serão ne-
cessárias para a análise do corpus deste artigo. Trata-se da concepção de gênero de discurso e
livro didático. Buscamos a concepção de Maingueneau (2008, 2011, 2015); quanto ao livro
didático, valemo-nos de Bunzen (2005, 2009) e Tardelli (2002).
Para Maingueneau (2011), o gênero de discurso constitui-se em um dispositivo de
comunicação. Nas palavras do autor, “dispositivos de comunicação só podem aparecer
quando certas condições sócio-históricas estão presentes”(MAINGUENEAU, 2011, p. 67).
Ao pensarmos o LDLP, supomos a existência de professor e aluno que o utilizam para
desenvolver determinados conteúdos, como o exercício da escrita ou a leitura de um
determinado texto. Nesse sentido, ao nos referirmos ao livro didático, nós o consideramos,
conforme Bunzen (2005), como um gênero de discurso multifacetado, que possui um estilo,
um tema e uma função social. Na maioria das vezes, é o único material didático que auxilia os
sujeitos no processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa. De acordo com Tardelli
(2002),
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Essa é a realidade em Angola, também. Com alguns agravantes, como a falta de uma
política do LD, regulamentando sua elaboração, avaliação e distribuição nas escolas, para
citar alguns exemplos.
O uso do livro didático em sala de aula deveria, a princípio, desenvolver a
competência discursiva3 do aluno, ou seja, ser capaz de reconhecer enunciados como bem
formados, isto é, pertencentes à sua formação discursiva e produzir um número ilimitado de
enunciados pertencentes a essa formação discursiva. Há de se considerar que o LD constitui
em um gênero de discurso multifacetado (Bunzen, 2009), uma vez que, segundo o autor, é
possível encontrar gêneros de discurso das mais variadas esferas discursivas com a finalidade
pedagógica. Em outras palavras: livro didático é um gênero que possui estrutura, finalidade e
temática; os outros gêneros contidos nele não exercem mais a função primeira; auxiliam no
processo de ensino-aprendizagem; auxiliam na compreensão dos mecanismos de língua(gem)
em situação real de comunicação. De acordo com Maingueneau (2008), se partimos do
primado do interdiscurso, devemos pensar na competência interdiscursiva, o que supõe: I) a
capacidade para reconhecer a incompatibilidade semântica de enunciados da(s) formação
(ões) do espaço discursivo que constitui(em) seu outro; II) a capacidade de interpretar, de
traduzir esses enunciados nas categorias de seu próprio sistema de coerções. Não é nosso
objetivo discutir a (im)pertinência deste conceito ou aprofundar seu conceito, mas
pretendemos evidenciar que as oficinas de escritas precisam levar o aluno ao desenvolvimento
da competência (inter)discursiva, já que o primado do discurso é o interdiscurso
(Maingueneau, 2015).
Os estudos sobre argumentação e análise de discurso (AD) tornam-se cada vez mais
profícuos no campo das ciências da linguagem. É notória a aproximação dessas duas áreas, ao
vislumbramos os componentes argumentativos que visam esclarecer o funcionamento do
discurso. Ancorados pelos estudos do círculo bakhtiniano, percebemos a intersecção existente
3
O termo competência discursiva é tratado por Maingueneau em sua obra Gênese do Discurso (2008).
Maingueneau (2008, p. 52) afirma que “o princípio da competência discursiva permite esclarecer um pouco a
articulação do discurso e a capacidade dos Sujeitos de interpretar e de produzir enunciados que dele decorrem”.
O autor acrescenta que um indivíduo, durante sua vida, “pode, sucessivamente e talvez, simultaneamente,
inscrever-se em competências discursivas distintas” (p. 53). Além dessa competência discursiva, Maingueneau
(2008, p. 55) vai além e destaca a questão da competência interdiscursiva, uma vez que para ele todo discurso é
um interdiscurso.
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mergulha a argumentação no espaço social que tem normas, obrigações institucionais e jogos
de poder que a restringem sem diluir o empreendimento de persuasão; e finalmente, um
terceiro que priva o argumentador de seu domínio absoluto, fazendo destacar as forças sociais
que o condicionam sem privá-lo de sua liberdade e sua responsabilidade. No dizer da autora,
“é nesta perspectiva que a AD pode retomar, a seu modo, a argumentação retórica, afastando
as incompatibilidades que pareciam, à primeira vista, separar irremediavelmente as duas
disciplinas” (AMOSSY, 2016, p. 172).
A partir dos estudos de Charaudeau, (2007), Amossy propõe “estudar os processos
linguageiros tomando o ponto de vista do sujeito do discurso, examinando os problemas que
se apresentam a ele quando busca persuadir alguém: como entra em contato com o outro, que
posição de autoridade ele toma face a face com o outro, como atinge o outro e,
consequentemente, como organiza o seu dizer”.
E tomando por empréstimo a posição de Meyer (2004, p. 11 apud AMOSSY, 2016,
p. 173), a autora adota a perspectiva da visão “da nova retórica como negociação da diferença
que se efetiva pela interação entre indivíduos socialmente situados e responsáveis por suas
escolhas”.
Resta-nos, no momento, recorrermos aos autores que definem a argumentação na
perspectiva que atende às necessidades deste artigo. Para Amossy (2006, p. 38),
“argumentação diz respeito à construção de um ponto de vista em que se pretende buscar a
adesão”. O sujeito, que busca a aderência do outro, organiza o seu dizer com objetivo de
atingir um acordo com o destinatário de seu discurso.
Charaudeau (2010, p. 205) afirma que “a argumentação define-se, portanto, numa
relação triangular entre um sujeito argumentante, uma proposta sobre o mundo e um sujeito
alvo”. Continua o autor, “argumentar é, portanto, uma atividade discursiva que do ponto de
vista do sujeito argumentante, participa de uma dupla busca: busca de racionalidade e a busca
de influência que tende a um ideal de persuasão”. O pensamento do autor autoriza a sugerir
que a argumentação ocorre no terreno sócio-discursivo em que se pretende construir um ponto
de vista para atingir o outro.
Os pressupostos teóricos do círculo de Bakthin acerca da abordagem dialógica da
linguagem, em diálogo com a análise de discurso, bem como trabalhos de estudiosos que
discutem a escrita na perspectiva da sala de aula, constituem bases a serem desenvolvidas ao
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longo dessa discussão. Com isso, abordada a questão da argumentação, tratamos brevemente
das questões relacionadas à escrita do campo da argumentação.
Seguindo o raciocínio da produção de um texto, Geraldi (2013) propõe que: a)se
tenha o que dizer; b)se tenha uma razão para quem dizer o que se tem a dizer; c)o locutor se constitua
como tal, enquanto sujeito que diz o que para quem diz; d)se escolham estratégias para realizar (a; b;
c). (GERALDI, 2003, p.143).
Não é uma fórmula acabada, pois depende de situações diversas, mas é uma proposta
que pode possibilitar uma motivação ao aluno no ato da execução do próprio trabalho, porque
haverá uma interação com leitores reais numa situação em que o dito não é algo alheio nem
ao produtor nem ao leitor do texto. É um momento em que o aluno toma a posição de sujeito-
escritor de maneira a alçar caminhos possíveis para o assunto abordado e as escolhas
linguísticas conduzirão para o gênero do discurso que se pretende construir e os objetivos a
serem alcançados. A produção textual resultante de uma capacidade criativa da expressão
escrita não se limita apenas a técnicas estruturais de exercícios, como afirma Morato (2008):
É nessa relação intrínseca entre contexto, a atuação social e a interação verbal que se
dá o processo da produção escrita. Desta feita, a escrita está longe de ser uma atividade
inteiramente livre, ou seja, desprovida de qualquer propósito enunciativo. Em se tratando da
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produção textual em sala de aula, tal atividade não pode ocorrer sem as orientações do que se
espera com a realização de determinada atividade de produção textual. No entanto, não pode
ter um fim apenas escolar; deve levar o aluno à abertura para (se) dizer sobre e para o mundo,
tornando-o, de fato, um sujeito de discurso.
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(tampouco na coleção: nenhum dos três volumes apresentam esse gênero de discurso
Apresentação). No entanto, pela divisão das unidades, é possível perceber uma valorização do
texto literário, pois em todas há um predomínio dessa esfera discursiva, inclusive na
argumentativa, quando as autoras exemplificam os procedimentos argumentativos com textos
de José Mena Abrantes e Manuel Rui Monteiro, autores angolanos. No LDP não existe um
trabalho com escritoras angolanas e privilegiou-se apenas um leque de autores do gênero
masculino.
Como já apontado no índice, a primeira unidade da coleção é denominada “texto
argumentativo” e está organizada nos seguintes tópicos. O primeiro é “informação”, que traz
subtópicos: “o que é um texto argumentativo”, “condições para uma boa argumentação”,
“marcas predominantes do texto argumentativo”, “a estrutura do texto argumentativo” e “tipos
de argumentação”.
No segundo tópico - Textos Argumentativos -, encontramos diversos gêneros de
discurso, como “carta de reclamação”, “editorial”, “publicidade”, “bibliografia”, “romances” e
“discurso político”. Todos esses gêneros de discurso requerem posicionamento crítico do
enunciador face a um determinado fenômeno, valendo-se de estratégias argumentativas.
A segunda unidade é denominada “texto narrativo”. A topicalização dessa unidade
está organizada em: “o que é um texto narrativo”, “as categorias do texto narrativo (ação,
personagens, espaço, tempo, narrador, modos de apresentação do discurso, modos de
expressão). As unidades apresentam uma organização uniforme: após o conteúdo
programático, seguem os diversos textos. Nessa unidade encontram-se “biobibliografia,”
“romance,” e “poemas”. Os autores que fazem parte dessa unidade são angolanos e
moçambicanos, nomeadamente: António Jacinto, Fragata Morato, David Mestre Costa
Andrade e o moçambicano Castro Soromenho.
A terceira unidade é denominada texto lírico e está composta pelos seguintes tópicos:
“a lírica,” “a versificação,” “como analisar um texto literário” e “leitura de poemas”. Os gêne-
ros que compõem a última unidade são: biografia, crônicas, contos, poemas, romances e
poesias de diversos autores angolanos, nomeadamente: António Jacinto, David Mestre, João
Tala e José Luís Mendonça. A última unidade do livro é denominada “bloco [in]formativo”.
Unidade dedicada à gramática.
Quanto aos saberes linguísticos, o livro está organizado da seguinte forma:
1)Linguagem e comunicação (comunicação verbal e não verbal, enunciação, funções da
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Por questões de direitos autorais, não foi possível colocar as figuras relativas ao LDLP. Por esse motivo,
fazemos, nos limites de artigo, uma descrição a fim de que o leitor possa visualizar, mentalmente, os elementos
descritos ao longo da análise do corpus.
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é preciso ainda considerar aqui a questão da divergência de pontos de vista, que está
na base da argumentação. Essa só surge, de fato, quando é possível haver uma
discordância, ou, no mínimo, uma forma alternativa de ver as coisas. Como já
sublinhava Aristóteles, não se argumenta sobre o que é evidente – nesse caso, sobre
o que, numa determinada comunidade, parece ser evidente e oferecer-se como a
única resposta possível a uma pergunta.
Há de se observar que a atividade proposta no LDLP objeto deste estudo não solicita
ou sugere, em momento algum, a verificação, por exemplo, do efeito de sentido que os opera-
dores argumentativos podem gerar no texto a ser produzido. Ressalte-se que esses operadores
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Interessa-nos destacar, também, o plano de trabalho sugerido para que o aluno efetue
com primazia a atividade produção textual. Trata-se de instruções que subsidiam e
encaminham o aluno à construção de um ponto de vista dentro das orientações almejadas. É
solicitado o recurso a “dois argumentos” e a busca de “pelo menos um exemplo” para a
fundamentação do ponto de vista ser apresentado. Segundo Amossy (2018, p. 152),
5
Nos limites deste artigo, entendemos por doxa crença comum ou opinião popular. Palavra de origem grega
(δόξα). Utilizada pelos retóricos gregos como ferramenta para formação de argumentos através de opiniões
comuns, a doxa (em oposição ao saber verdadeiro, episteme)[3] foi utilizada pelos sofistas para persuadir as
pessoas, levando Platão a condenar a democracia ateniense.
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