Instrumentalidade e Linguagem
Instrumentalidade e Linguagem
Instrumentalidade e Linguagem
Florianópolis
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Inclui referências.
1 INTRODUÇÃO........................................................................ 21
6 CONCLUSÃO.......................................................................... 143
REFERÊNCIAIS........................................................................... 149
1 INTRODUÇÃO
1
Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos. O
Paefi necessariamente deve compor o equipamento do Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (Creas). Trata-se de Serviço da Proteção
Social Especial -PSE de média complexidade do Sistema Único de Assistência
Social - SUAS (BRASIL, 2009).
22
2
Assistente social com ingresso no serviço público da Prefeitura Municipal de
Florianópolis no ano de 1995. Desde 2003 atua na área da violência e na
intervenção com crianças, adolescentes e famílias.
23
3
Conselhos Tutelares, Varas de Direito (sobretudo Vara da Infância e
Juventude), Ministério Público, Defensoria Pública.
4
Essa produção individual se deu com maior volume entre os anos de 2003 a
2005.
5
Trabalho exercido no ano de 2014, por período aproximado de seis meses.
6
Colocou-se elaborações conjuntas entre aspas, pois embora os relatórios de
desligamento representem o produto do acompanhamento psicossocial, eles não
são construídos em um mesmo momento e com a presença do assistente social e
do psicólogo, juntos. Na imensa maioria das vezes é um (a) dos (as)
profissionais (assistente social ou psicólogo (a)) que assume a responsabilidade
pela elaboração do documento, repassando ao outro, quando da sua finalização
para as contribuições e observações que se fizerem pertinentes e necessárias. A
decisão de quem realizará o relatório será da dupla de referência, escolha
técnica impactada por alguns fatores, como: contingente de trabalho, horários de
expediente nem sempre compatíveis, características pessoais, agilização do
trabalho, dentre outras questões.
24
7
Segundo Souza, “[...] após a experiência russa e as recomendações da
Encíclica Rerum Novarum, [a Igreja] assume preocupação com relação às
camadas populares. A questão social, ou seja, as relações entre dominantes e
subordinados, é o que se coloca em jogo. Para a Igreja, entretanto, a questão
social se resumia a uma questão de consciência moral e justa entre patrões e
operários” (1989, p. 52, grifos meus).
31
9
Pressões do capital, do Estado e da sociedade civil, aumento significativo dos
usuários, criação de políticas e instituições sociais, inserção (a mais significativa
até aquele momento) de grande número de assistentes sociais na divisão
sociotécnica do trabalho (PONTES, 2009).
33
11
Segundo Netto (idem), os representantes desta vertente, em um primeiro
momento, sofreram influências das ideias marxistas, porém sem recorrer às
obras de seus principais pensadores. Foi na década de 1980 que essa
aproximação aconteceu. Marilda Vilela Iamamoto foi importante nesse
processo.
12
Segundo Pontes (2009), a discussão da relação teoria-prática se apresentou de
três formas. A primeira objetivava a ruptura com o método tripartide (caso,
grupo e comunidade) e a construção de um método único ao Serviço Social, o
que conduziu ao que o autor denominou de epistemologismo. A segunda forma
se deu com a aproximação ao pensamento de Gramsci e as fontes marxianas
originais. A terceira forma foi iniciada a partir das discussões da Abepss
(principalmente após 1986) em resposta à crise na formação profissional.
Destacam-se diferentes interpretações da teoria crítico-dialética, como: Netto,
inspiração lukacsiana; Faleiros, Gramsci e Foucault; Iamamoto, Marx e
Gramsci; Alba Carvalho, Gramsci.·.
36
13
Pontes (2009) corrobora com Netto (2008), sinalizando que a assimilação
pelo conjunto dos profissionais para o desmonte desse equívoco se processou
em tempos distintos daquele da vanguarda dos formadores de opinião do
Serviço Social, para estes o desmonte teórico equivocado ocorreu antes.
14
Marilda Vilela Iamamoto e Raul Carvalho foram quem introduziram o
autêntico pensamento marxista no Serviço Social, destacando-se como
protagonistas no projeto de intenção de ruptura com o Serviço Social
tradicional. A Obra Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma
interpretação histórico-metodológica foi de importância axial (NETTO, 2008;
PONTES, 2009).
37
15
Positivismo, Fenomenologia, Estrutural-funcionalismo, Marxismo, etc..
16
Segundo Carvalho (1996, p. 17), a vida cotidiana tem sido o centro de atenção
do Estado e da produção capitalista de consumo. O Estado gere a vida cotidiana
através de “[...] regulamentos e leis, pelas proibições ou intervenções múltiplas,
pela fiscalização, pelos aparelhos de Justiça, pela orientação da mídia, pelo
controle das informações etc.”.
39
17
Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades
sociais da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção
social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se, mas amplamente social,
enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por
uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 2005, p. 27, grifos da autora).
40
18
Lei 8.662/1993 com dispositivo acrescentado pela Lei 12.317/2010.
19
Resolução nº 273/1993 Cfess.
41
20
Conforme Lefebvre (1991, p. 234), “O entendimento (inteligência) analisa,
separa, divide; e deve fazê-lo. A razão une, agrupa, esforça-se por encontrar o
conjunto e a relação. Mas a contradição entre o entendimento e a razão renasce
sempre e deve sempre renascer, e isso porque, incessantemente, o entendimento
deve separar e a razão unir”.
42
21
Em Lefebvre (1991 p. 219, grifos do autor) “[...] a aparência está na coisa. A
essência não existe fora de sua conexão com o universo, de suas interações com
os outros seres. Cada uma dessas interações é um fenômeno, uma aparência. Em
si, a essência é apenas a totalidade das aparências; e a coisa é apenas a
totalidade dos fenômenos [...]”.
.
43
22
Para Pontes (2009, p. 51, grifos do autor), a totalidade, em Hegel, assume um
significado novo e dinâmico “Na relação parte-todo, as partes além de se
condicionarem reciprocamente, também são totalidades parciais mutualmente
determinadas e articuladas. A realidade não é um amálgama rígido de partes
num todo”.
23
A totalidade, a negatividade e a mediação são os principais eixos categoriais
do núcleo racional crítico-dialético (idem)
45
24
O autor em sua Obra Lógica formal, Lógica Dialética trabalha no Capítulo II
aquilo que denomina como os movimentos do pensamento. Para Lefebvre
(1991), são oposições às quais se movem nosso pensamento: Movimento e
pensamento: o pensamento é um movimento de pensamento, de um devir.
Verdade e erro: não estão absolutamente separados, há verdade e há erros, mas
ambas se modificam, acompanhando o movimento do real. Absoluto e relativo
“O relativismo dialético admite a relatividade de nossos conhecimentos, não no
sentido de uma negação da verdade objetiva, mas no sentido de uma perpétua
superação dos limites de nosso conhecimento [...] complementa, completa, não
suprime” (p. 98). Desconhecido e conhecido: O pensamento, em si mesmo pode
ser considerado como conjunto de forma, as quais devem ser compreendidas em
seu conteúdo. Inteligência (entendimento) e razão: o primeiro determina o
elemento, negando o todo, é o primeiro momento do conhecimento; a segunda
busca a unidade. São atividades opostas que devem ser reunidas. Imediato e
mediato: o conhecimento imediato, a impressão sensível, não se dá por
processo, pode ser chamado na linguagem filosófica como intuição “Indica a
coisa a conhecer e não aquilo que a coisa é” (p. 106). O conhecimento mediato
supera as sensações do entendimento, tornando-se percepção, são operações que
se complementam. Abstrato e concreto: não podem ser separados, convertem-se
um no outro, são características do conhecimento “[...]o concreto determinado
torna-se abstrato; e o abstrato aparece como concreto já conhecido” (p.112).
Análise e síntese: São atividades inseparáveis, visto que o sentido da análise
está no concreto que se apresenta de forma sintética. A análise é a atividade de
48
palavras seja refletido em sua integra como uma cópia fiel, mas que ao
tornar-se fala, palavra, o pensamento passa por transformações e ganha
existência.
[...] enquanto não se expressa em palavra, o
mundo está no limbo, revela-se uma nebulosa
misteriosa; mas quando palavreado, articulado e
significativo, esse mesmo mundo corre o risco de
descobrir-se delimitado, prisioneiro ou significado
(IANNI, 2000, p. 253).
Sobre a importância da palavra, Bakhtin (1981) a identifica como
signo por excelência no estudo das ideologias. Nessa perspectiva afirma
que é a ideologia que modela a consciência, o pensamento e toda a
atividade mental. Identifica que os fenômenos ideológicos estão ligados
à comunicação social e que os signos são a materialização dessa
comunicação e encontra na linguagem, na palavra, um papel contínuo de
comunicação social.
A palavra é o fenômeno ideológico por
excelência. A realidade toda da palavra é
absorvida por sua função de signo. A palavra não
comporta nada que não esteja ligado a essa
função, nada que não tenha sido gerado por ela. A
palavra é o modo mais puro e sensível de relação
social (BAKHTIN, 1981, p. 24).
A palavra representa um signo, e como signo está tomado de
significado ideológico e apresenta natureza sócio-histórica. Neutra em
sua essência, a palavra não possui uma função ideológica específica, o
seu significado vai apresentar variações de acordo com a entonação
empregada, bem como do seu locutor/emissor e do interlocutor/receptor,
da relação entre ambos, do contexto e das condições em que está sendo
emitida, etc.(MAGALHÃES, 2011; BAKHTIN, 1981).
Pereira (1982, p. 84) salienta a influência direta da ideologia nos
atos humanos:
Direta ou indiretamente as ideologias estão
presentes no que pensamos e fazemos. Ou seja, na
relação teoria/prática e, consequentemente, na
penetrar de fora no objeto, não é passiva nem exaustiva, mas infinita e concreta.
“Analisar uma realidade complexa e atingir seus elementos reais é o mesmo que
descobrir seus momentos” (p. 117). A síntese refaz, em sentido inverso, o
caminho realizado pela análise. “A síntese mantém em todo o momento o
contato com o todo, guia a análise, evita que se perca” (p. 120). Indução e
dedução: A indução vai dos fatos à lei (de um conjunto de fatos particulares a
conclusão geral).
49
25
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a
promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei
(BRASIL, 1988)
52
30
Segurança da acolhida, segurança de sobrevivência (rendimento e
autonomia); segurança de convívio ou vivência familiar.
54
31
Com a posse de Michel Temer na presidência da República, esse ministério
passou a chamar-se Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.
32
São regras impostas pelo Consenso de Washington: disciplina fiscal, redução
dos gastos públicos, reforma tributária, juros de mercado, abertura comercial,
investimento estrangeiro direto com eliminação de restrições, privatização das
estatais, desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas,
etc.) (BATISTA, 1995).
55
33
Mudanças introduzidas na organização produtiva. Segundo Behring (2009, p.
72), a reestruturação produtiva subsidia-se nas “[...] liberações,
desregulamentações e flexibilidade no âmbito das relações de trabalho”,
culminando, entre outros, na diminuição dos salários, nos processos de
privatização, na abertura comercial e financeira.
34
Segundo Chenais (1994, apud ALVES, 1999), a mundialização do capital é o
novo regime mundial de acumulação do capital “[...] regime de acumulação
predominantemente financeira [...]” caracterizado pela: taxa de crescimento do
Produto Interno Bruto - PIB muito baixas; deflação rastejante; conjuntura
mundial extremamente frágil; alto nível de desemprego estrutural;
marginalização de regiões inteiras em relação ao sistema de trocas; concorrência
internacional cada vez mais intensa.
35
Na literatura do Serviço Social é possível identificar diferentes concepções
sobre o Estado de bem estar social no Brasil. Para Pereira (2009), o modelo de
proteção social brasileiro identifica-se como misto ou plural, pois apresenta
características dos regimes liberais, conservadores e social democrata. Carvalho
(2000) sinaliza que no Brasil, assim como na América Latina, há um Estado-
Providência frágil e uma Sociedade-Providência forte, o que caracteriza o
Welfare Mix, que se operacionaliza na partilha da responsabilidade da proteção
social entre o Estado, a sociedade civil e a iniciativa privada.
56
Especial - PSE. A diferença entre esses dois níveis dá-se pela avaliação
da situação na qual se encontra o sujeito da assistência social, se em
situação de vulnerabilidade social38 e com vínculos familiares, trata-se
de público da PSB; se em situação de risco39 e violação de direitos,
trata-se de usuário da PSE.
O recorte para a definição do usuário que apresenta perfil para a
PSB ou para a PSE está longe de ser de fácil compreensão ou de
consenso, sobretudo para os profissionais que atuam nos Cras e nos
Creas, ao contrário, gera discordâncias, já que as categorias de
vulnerabilidade e de risco muitas vezes caminham juntas, convergem.
Sobretudo considerando o usuário da assistência social no Brasil, que é,
com raras exceções, a população desprovida das necessidades básicas de
sobrevivência e, pela condição de pobreza ou de miserabilidade,
estabelecem moradia em territórios onde há o predomínio da violência
urbana. Diante dessa realidade, como definir se o usuário está sujeito a
vulnerabilidades ou a riscos sociais?
Conforme sinalizado, a proteção social no âmbito da assistência
social divide-se em dois níveis, sendo que a PSE se subdivide em média
e alta complexidade. A TNSS estabelece os serviços que se adequam a
estas complexidades, seus objetivos, recursos físicos, materiais e
humanos, além de explanar sobre o impacto social esperado.
Sobre os serviços socioassistenciais, estes são entendidos na
Nova Lei do SUAS, art. 23, como: “[...]atividades continuadas que
visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as
necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes
estabelecidos nesta Lei”(grifos meus).
De forma abrangente a PSE de média complexidade visa o
atendimento a famílias40 e indivíduos que se encontram em situação de
42
O uso das categorias mulher e gênero está imbuído aqui da concepção de que
se referem a construções sociais, aos papéis sociais que são determinados
socialmente (SCOTT, 1990)
63
43
Como instrumental foi utilizado o recurso “localizar” do aplicativo Dropbox.
44
Cabe esclarecer que a não diferenciação entre mulher e mulheres se deu ao
fato de que a palavra mulheres, nos documentos analisados, significava tão
somente o plural de mulher, não dando ênfase a questões de interseccionalidade,
que entende que há diferença entre as mulheres, as quais dependendo da raça,
idade, religião, gênero, classe social, orientação sexual vivenciam diferentes
formas de opressão, subordinação e exploração/dominação.
64
45
Essa questão foi discutida nas disciplinas de Gênero, Políticas Públicas e
Serviço Social, e de Tópicos Especiais em Direitos Sociais I (1º semestre/2016),
ambas ministradas no curso de Pós-Graduação em Serviço Social da UFSC pela
docente Luciana Patrícia Zucco, especialmente no seminário apresentado pela
Professora Dra. Tereza Kleba Lisboa.
66
46
Tratava-se de projeto de prevenção que tinha por objetivo trabalhar junto à
rede de atendimento (sobretudo da educação) questões relacionadas à violência
intrafamiliar.
47
No ano de 2004, quando esta pesquisadora passou a atuar nesse programa, a
demanda que aguardava atendimento era superior a 2.000 denúncias.
76
48
Ademais de outros requisitos descritos na NOB/SUAS 2005, como o
município possuir Conselho Municipal, Fundo e Plano anual de Assistência
Social, dentre outros.
49
São áreas de segregação socioespacial da região continental de Florianópolis:
Arranha-céu, Nova Jerusalém, Vila Aparecida I, Vila Aparecida , Mac Laren;
Baixada do Sapé, Chico Mendes, Monte Cristo, Santa Terezinha I, Santa
Terezinha II, Nossa Senhora da Glória, Nova Esperança, Novo Horizonte;
Morro da Caixa I, Morro da Caixa II, Morro do Flamengo, Jardim Ilha
Continente; Nossa Senhora do Rosário, PC-3, Ponta do Leal.
78
50
No ano de 2012 o atendimento por dupla de referência abrangia todas as
famílias em acompanhamento, condição que permanece.
51
Como os serviços contavam com número menor de psicólogas do que de
assistentes sociais, o processo de atendimento era iniciado pela assistente social,
e esta, após algumas intervenções com a família e com a rede de atendimento,
avaliava da necessidade da intervenção da Psicologia.
79
52
Esse é o entendimento que a gestão da assistência social de Florianópolis
apresenta historicamente.
80
53
Conforme Pontes (2009), para se manter em um estatuto de profissionalidade
o Serviço Social precisa de um corpo de conhecimento (condições necessárias e
mínimas para a ação profissional), que se expressa: pela teoria social (e o
método) que orienta a intervenção; pelo projeto societário (demarcado pela
utopia); pelo projeto profissional; e pelo instrumental teórico-técnico de
intervenção.
54
Martinelli & Koumrouyan (1994, p. 137) atribuem ao instrumento “a natureza
de estratégia ou tática” e à técnica “a habilidade no uso do instrumental”,
concluem: “o instrumental não é nem o instrumento nem a técnica tomados
isoladamente, mas ambos, organicamente articulados em uma unidade
dialética”.
82
55
Entre o ano de 2014 e 2015 foi realizada a pesquisa intitulada “Os fatores que
atuam em situações de violação de direitos em contextos familiares: um estudo
das famílias atendidas no Paefi Continente de Florianópolis/SC”. Para a
efetivação da pesquisa foram coletados dados dos acompanhamentos familiares
83
57
Nota Técnica 001/2016 da Comissão Nacional de Psicologia na Assistência
Social - Conpas/CFP.
58
Resoluções CFP nº 007/2003 e 001/2009.
86
5.1 METODOLOGIA
61
A reunião no Creas Ilha foi realizada no dia 18 de setembro de 2017, e no
Creas Continente no dia 26 do mesmo mês. Neste, foi possível reunir-se com a
equipe para a exposição da pesquisa e esclarecimentos necessários. A reunião
foi facilitada devido a esta pesquisadora compor a referida equipe, além de já
haver pelas profissionais um entendimento prévio da pesquisa a ser realizada.
Foram convidadas a participar todas as profissionais do Creas (assistentes
sociais e psicólogas).
62
Com a obtenção desses dados, constatou-se que todas as assistentes sociais
que compunham os Paefis na data da pesquisa eram mulheres, motivo o qual, a
menção a categoria se fará utilizando-se o gênero gramatical feminino. A
mesma regra se aplicará às psicólogas.
63
Contribuíram para a obtenção dos dados mencionados as profissionais do
setor de administração de cada Paefi e as coordenações. As coordenadoras
também colaboraram socializando aos grupos de profissionais, em reunião de
equipe, a intenção da pesquisa e as contribuições que poderia trazer para a
reflexão do trabalho desenvolvido.
94
64
Os convites foram efetivados primeiramente via e-mail e em seguida por
ligação telefônica. Para duas profissionais não foi possível efetuar contato
telefônico, visto se encontrarem afastadas do trabalho.
95
49).
Para Chizzotti (2000, p. 98), “O objetivo da análise de conteúdo é
compreender criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo
manifesto ou latente, as significações explícitas ou ocultas”.
A referida técnica de análise apresenta variação de acordo com o
objeto e o objetivo da pesquisa. A técnica de suporte para a investigação
em referência foi a Análise Temática. Segundo Minayo (2004, p. 209,
grifos da autora):
Fazer uma analise temática consiste em descobrir
os núcleos de sentido que compõem uma
comunicação cuja presença ou frequência
signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico
visado. Ou seja, tradicionalmente, a análise
temática se encaminha para a contagem de
frequência das unidades de significação como
definitórias do caráter do discurso. Ou, ao
contrario, qualitativamente a presença de
determinados temas denota os valores de
referência e os modelos de comportamento
presentes no discurso.
A análise de conteúdo temática se divide em três etapas: 1) a pré-
análise; 2) a exploração do material; 3) o tratamento do resultado, a
inferência, a interpretação. Essas etapas não são estanques, mas se
implicam mutuamente (BARDIN, 2011; MINAYO, 2004).
Considerando-se a preocupação com a cientificidade e validade
da pesquisa, procurou-se seguir, com o rigor possível, a metodologia da
Análise de Conteúdo Temática proposta acima.
65
São regras de validade em Bardin (2011): a) exaustividade: definido o corpus
é necessário apreendê-lo em todos os seus elementos, sem exceções; b)
representatividade: refere-se à representação do universo pretendido; c)
homogeneidade: os relatórios selecionados devem apresentar formato
97
66
O tempo de acompanhamento familiar foi de 14, 19, 20, 20, 22, 27 e 37
meses. No atendimento que levou 37 meses, houve mudança da assistente social
de referência.
67
Salienta-se que o campo de Antecedentes do acompanhamento aparece com
outra interpretação em 3 (três) documentos, nesses as informações constantes
são dos atendimentos anteriores realizados à família pelo sistema de proteção
social.
102
68
A troca de técnicos ocorre por questões variadas, que podem ser decorrentes
de afastamento para tratamento de saúde, incompatibilidades de horário,
esgotamento do técnico, dentre outros.
103
Fonte Própria
105
69
A metodologia do serviço propõe que o tempo máximo de atendimento seja 2
(anos), no entanto esse tempo pode variar para menos ou mais, de acordo com a
especificidade do atendimento. A falta ou precariedade de serviços na rede de
atendimento pode contribuir para a permanência da família por mais tempo no
Paefi.
70
Conforme indicado, a denominação desse campo foi distinta em todos os
documentos analisados. A opção escolhida é a utilizada por essa pesquisadora,
diante da compreensão de que o acompanhamento familiar se constrói a partir
de processos.
107
71
Embora nos relatórios constem as atividades remuneradas exercidas pelos responsáveis, não há informações sobre os
valores.
111
72
Os processos na vara crime foram abertos antes da família ser inserida no
serviço.
114
Visita domiciliar 6
Atendimento familiar 5
Contatos telefônicos 2
Fonte própria
73
Entende-se por atendimento familiar aquele que é realizado com a
participação de dois ou mais membros da família.
116
(R1).
74
O termo cidadania está mais relacionado aos princípios marshallianos
(implementação de direitos formais abstratos), do que a uma estratégia política
para ampliação da democracia (DURIGUETTO, 2007; DIAS, 1997).
129
mulheres, sendo que 2 (duas) das chefes de família eram idosas. Este
último dado sinaliza a realidade de muitas famílias acompanhadas pelo
Paefi, onde tem sido crescente o número de famílias chefiadas por avós
(idosas ou não), principalmente avós maternas. Nessas famílias, não
raras às vezes, a mãe e o pai possuem endereço conhecido, sobretudo a
mãe, mas não se implicam nos cuidados dos filhos. Em algumas
situações o uso/abuso de drogas pelos pais se constitui como um dos
fatores para o afastamento dos mesmos da família e do exercício das
funções parentais.
A predominância de famílias chefiadas por mulheres, conforme
sinalizado, demarca as profundas mudanças que ocorreram no interior
dessa instituição. No Brasil, sobretudo a partir da década de 1970, o
paradigma da família nuclear, modelo sustentado pela teoria social
positivista, vem sendo questionado. A concepção de família que se
sustentava na união de um homem e de uma mulher e nos filhos
provenientes dessa relação, vivendo em um domicílio comum,
consolidada nos valores da Igreja Católica, do patriarcado, da
consanguinidade, começa a ceder espaço para outros tipos de formações
familiares (SCOTT, 1990; DONZELOT, 1986; SARACENO;
NALDINI, 2003).
As transformações que ocorreram na família acompanharam o
movimento societário em suas múltiplas particularidade e
determinações75. Contudo, tais remodelagens não retiram dessa unidade
a sua importância enquanto instituição fundamental no processo de
socialização primária e formação da identidade social de seus membros.
A partir dos registros dos quadros 2 e 3 , observou-se que a
atuação das equipes de referência direcionou-se a cumprir com os
objetivos propostos pela Política de Assistência Social, ou seja, os
75
Contribuíram para as transformações do conceito de família: o distanciamento
havido entre o Estado e a Igreja, pela subtração significativa dos valores morais
impressos pela segunda e o reconhecimento, pelo primeiro, através de normas
jurídicas, das novas relações de parentesco; a emancipação feminina através dos
movimentos feministas, da inclusão da mulher no mercado de trabalho, assim
como do aumento de sua escolaridade, do advento da pílula anticoncepcional,
que possibilitou à mulher o direito ao prazer sexual sem procriação e com maior
autonomia; a proclamação dos direitos humanos, que colocou o indivíduo como
sujeito de direito e a dignidade humana como valor maior, numa perspectiva de
igualdade entre os gêneros; o desenvolvimento urbano-industrial e o
acirramento das expressões da questão social, que exigiram do trabalhador a
criação de estratégias de sobrevivência (SCOTT, 1990; DONZELOT, 1986;
SARACENO; NALDINI, 2003).
135
6 CONCLUSÃO
R1/G1
Identificação da Adolescente: DN
família Criança: DN
Responsável (sem guarda):
Endereço:
Telefones:
Demandas [...] conflitos, ameaças e uso de violência no
identificadas relacionamento entre [...]; evasão escolar, e em virtude
disso, impossibilidade de inclusão no Programa Jovem
Aprendiz e Bolsa Família; inserção de [...] no mercado
de trabalho informal para complementar a renda
familiar, pois a responsável encontrava-se em
recuperação devido à intervenção cirúrgica; conflitos
frequentes entre as famílias de [...] e [...], especialmente
no que se refere aos pertences e ao provimento das
necessidades de [...], ainda que ambos os núcleos
familiares estivessem contribuindo para o cuidado e a
proteção da criança.
Dinâmica da
violência
Alterações na Conforme as abordagens realizadas durante o
situação inicial acompanhamento, houve melhora no relacionamento e
convívio familiar entre JM e M, sendo que ambas
estavam organizadas com as rotinas e com os cuidados
com G.
Gênero e [...] a genitora não achou que deveria ser “porque algo
cuidado estava acontecendo” (sic), sentindo-se “culpada” (sic),
já que, “sempre brigava” (sic) com o ex-companheiro
para ele ver a filha T
R5/G2
Identificação da Adolescente, DN
família Criança, DN
Filiação: mãe, pais
Endereço:
Telefones:
Dados
socioeconômicos
Instrumentais foram utilizados instrumentos metodológicos tais
técnicos como: estudos de caso, atendimentos individuais e
familiares, contatos telefônicos, visitas domiciliares,
reuniões institucionais, dentre outros.
Característica Em reunião com a equipe pedagógica, esta informou
da família que a família tinha dificuldades em aceitar o
diagnóstico de deficiência intelectual de T, bem como
de buscar os atendimentos necessários ao mesmo,
sendo necessária a intervenção da escola para tanto.
Com relação à filha L, ela e E mantiveram a maior
parte do tempo de acompanhamento uma relação
conflitiva, ocorrendo momentos de afastamento de L
da residência materna por conta dos conflitivos.
Configuração Reside na casa além de Sra. E e T, L e o filho desta, M
familiar [...].
Objetivo
Institucional
Resolve:
Art. 1°. A elaboração, emissão e/ ou subscrição de opinião técnica sobre
matéria de SERVIÇO SOCIAL por meio de pareceres, laudos, perícias e
manifestações é atribuição privativa do assistente social, devidamente
inscrito no Conselho Regional de Serviço Social de sua área de atuação,
nos termos do parágrafo único do artigo 1º da Lei 8662/93 e pressupõem
a devida e necessária competência técnica, teórico-metodológica,
autonomia e compromisso ético.