MAQO19112018
MAQO19112018
MAQO19112018
CENTRO DE EDUCAÇÃO – CE
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
João Pessoa – PB
2018
NONÍLIA ALICE QUIRINO DE OLIVEIRA
João Pessoa – PB
2018
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção.”
Paulo Freire
Agradecimentos
"Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se
sonha juntos é o começo da realidade" (Dom Quixote).
São muitas as pessoas que junto comigo sonharam e tornaram esse
momento realidade, com palavras de apoio e incentivo.
A meu tio Remyson, pela preocupação diária, de como estava sendo meu
percurso enquanto Universitária.
Ao meu namorado João Pedro, por cada gesto de motivação, por estar
presente nos momentos mais difíceis e felizes da minha vida. Por todas as vezes
que me aconselhou a não desistir dos meus sonhos, acreditando em meu potencial,
enquanto pessoa e profissional.
Obrigada!
LISTAS DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................11
2 A FAMÍLIA NA ESCOLA, UM PROCESSO EM
CONSTRUÇÃO..........................................................................................................14
2.1 A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO FAMILIA E ESCOLA NO PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM.....................................................................................14
2.2 PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: ESCOLA E FAMILIA UNIDA......17
3 RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA: PARCERIA QUE DÁ CERTO.............19
3.1. A COMUNIDADE E A FAMÍLIA............................................................................21
3.2 A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO
INFANTIL....................................................................................................................22
4 INTERAGIR É PRECISO........................................................................................24
4.1 COLABORAÇÃO DE TODOS...............................................................................25
4.2 A IMPORTÂNCIA DA REUNIÃO .......................................................................... 26
5 PARADIGMAS ENCONTRADOS ENTRE PAIS E ESCOLA NO PROCESSO DE
INCLUSÃO.................................................................................................................27
5 .1 A RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA .......................................................................................... 29
6 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................. 33
7 ANÁLISE DOS ARTIGOS DA REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
SOBRE A INTERAÇÃO FAMILIA E ESCOLA NO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM......................................................................................................35
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 41
REFERÊNCIA ........................................................................................................... 45
RESUMO
Este trabalho analisou como o tema “A Interação entre Escola e Família no Processo
de Ensino e Aprendizagem da criança”, foi abordado na Revista Brasileira de
Educação Especial durante os anos de 2007 a 2017. O estudo verificou na revista
por um período de dez anos, data de publicação, autoria, filiação institucional, objeto
de estudo e conclusões. No entanto, outras fontes de análise na coleta de dados
foram utilizadas para complementar a abordagem deste assunto. A metodologia
utilizada foi de caráter bibliográfico específico e de cunho qualitativo a qual
constatou que durante dez anos de publicações dos artigos da Revista Brasileira de
Educação Especial, apenas quatro artigos estiveram relacionados a família e a
escola. Além disso, os resultados revelam que a relação escola e família é de suma
importância, pois a família como espaço de orientação, da identidade de um
indivíduo deve promover juntamente com a escola uma parceria, a fim de contribuir
no desenvolvimento integral da criança e do adolescente. Sendo assim, o foco
principal dessa relação é favorecer uma participação que gere o compromisso da
família com a aprendizagem e o sucesso escolar das crianças da rede regular de
ensino, a participação da escola com a inserção curricular da família e da
comunidade. Essa parceria assegurará, em última instância, o pleno cumprimento da
função social da escola. Desse modo, nota-se que uma depende da outra na
tentativa de alcançar o maior objetivo, qual seja, o melhor futuro para o filho e
educando e, automaticamente, para toda sociedade.
This study analyzed how the theme "The Interaction between School and Family in
the Process of Teaching and Learning of the Child" was approached in the Brazilian
Journal of Special Education during the years 2007 to 2017. The study verified in the
magazine for a period of ten years , date of publication, authorship, institutional
affiliation, object of study and conclusions. However, other sources of analysis in the
data collection were used to complement the approach of this subject. The
methodology used was of a specific bibliographic character and of qualitative
character, which verified that during ten years of publications of the Brazilian Journal
of Special Education, only four articles were related to family and school. In addition,
the results show that the relationship between school and family is of paramount
importance, since the family as a guiding space, of the identity of an individual, must
promote a partnership with the school in order to contribute to the integral
development of the child and adolescent Therefore, the main focus of this
relationship is to favor a participation that generates the commitment of the family to
the learning and school success of the children in the regular school system, the
participation of the school with the curricular insertion of the family and the
community. This partnership will ultimately ensure full compliance with the school's
social function. In this way, it is noticed that one depends on the other in the attempt
to achieve the greater goal, that is, the better future for the child and educating and,
automatically, for every society.
Este trabalho teve por objetivo investigar de que forma o tema, a Interação
Família e Escola no Processo de Ensino e Aprendizagem da Criança, vem sendo
abordado e analisado nos artigos e pesquisas da Revista Brasileira de Educação
Especial, durante o período compreendido entre 2007 a 2017. Além disso, outras
pesquisas referentes a este contexto foram elaboradas, não só na perspectiva da
educação especial, mas articuladas no processo de ensino-aprendizagem de um
modo geral.
Muito se tem discutido, recentemente, acerca do processo de ensino e
aprendizagem, em decorrência deste assunto, foi de suma importância abordar o
tema “A Interação entre Escola e Família no Processo de Ensino e Aprendizagem da
Criança”, cuja análise trata-se de uma pesquisa bibliográfica e pesquisa qualitativa,
que envolve uma série de artigos publicados pela Revista Brasileira de Educação
Especial no período de dez anos sobre a parceria entre escola e família para o
processo de ensino e aprendizagem da criança com deficiência.
A Revista Brasileira de Educação Especial é uma publicação trimestral mantida
pela Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial – ABPEE, criada
em 1993. É de grande referência nacional na divulgação das pesquisas na área de
Educação Especial. Além disso, publicam artigos originais principalmente de
pesquisa, abrindo espaço para ensaios, artigos de revisão e resenhas.
Dentro desse panorama de discussão, pretende-se visar à família e a
importância de sua participação, focalizando o interesse pelo desenvolvimento
escolar da criança e adolescente com deficiência. Sendo assim, o objetivo principal
da educação hoje é favorecer uma participação que gere compromisso da família
com a aprendizagem e o desenvolvimento escolar de seus filhos.
A escolha por este contexto deve-se ao fato de que, existe uma problemática
envolvendo a ausência dos pais na escola.
11
da escola, isto é, alunos, pais/ responsáveis, professores, gestores, o
próprio coordenador pedagógico e demais profissionais envolvidos com a
comunidade escolar. (RÉGIA, 2004 p.45).
12
realidade é preciso agir. “Ninguém avança sozinho em sua aprendizagem, a
cooperação é fundamental.” (FREINET apud ACKER, 2000).
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
13
2 A FAMÍLIA NA ESCOLA, UM PROCESSO EM CONSTRUÇÃO
14
comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o
desenvolvimento de seu filho como ser humano.
QUADRO 1
15
à escola e mantenha um bom Peça apoio e incentivo da família;
relacionamento com todos os Realizar encontros com pais e
professores; professores, bimestralmente;
Reforce a autoestima e a Esteja aberto a críticas e sugestões.
autoconfiança de seu filho;
Compartilhe com a escola sem
omitir fatos nem julgar atitudes de
seu filho quando estiver com
problemas.
Fonte: Autoria própria
16
2.2 PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: ESCOLA E FAMÍLIA UNIDAS
Sendo assim, a relação família e escola deve partir da própria escola, porque
a maioria dos pais tem pouco conhecimento e até mesmo nenhum conhecimento
17
das características do desenvolvimento cognitivo, psíquico e motor da criança e
muito menos como acontece a aprendizagem, por isso fica tão difícil participar da
vida escolar dos filhos.
Portanto, o papel que a escola desempenha na construção dessa parceria é
de suma importância, pois cabe a ela levar em consideração as necessidades da
família interagindo com vivencias e situações que favoreçam a participação ativa da
família na escola. Vale salientar que, a escola e a família devem se unir e dessa
forma entender o que é família, o que é escola, e como ambas eram vistas
antigamente e como se apresentam nos dias de hoje.
Atualmente a escola busca o apoio da comunidade, permitindo sua presença
para que reflita positivamente trazendo benefícios. Por outro lado, a família precisa
mudar a visão de que a escola é um ambiente formal, que só serve para deixar os
filhos e pegá-los depois.
Conforme as mudanças vivenciadas pela a escola, é necessária também a
mudança dos pais, procurando conhecer melhor os profissionais que atuam na
instituição e também conhecer outros pais, pois desta forma, contribui positivamente,
trazendo benefícios qualitativos para o ensino.
As reuniões de pais para a entrega de boletim escolar e para tratar da
conduta dos seus filhos, pode ser uma forma com que a escola deve solicitar a
colaboração dos pais na tarefa de ensinar.
18
A maioria das escolas coloca em práticas projetos receptivos e cansativos,
apenas cumprindo seu papel por obrigatoriedade deixando de lado verdadeiros
objetivos, que são educacionais.
Portanto, essa falta de compromisso da escola com o seu trabalho
pedagógico acaba desestimulando os pais que por sua vez, não motiva os filhos a
participarem. As escolas devem promover projetos e eventos que possam ser
atrativos para a família e organizados com dedicação por parte das instituições
escolares, os mesmos proporcionam o incentivo a educação e a cultura, e aos
alunos momentos prazerosos de aprendizagem. Através desses métodos o trabalho
da escola, corpo docente e dos pais tornar-se mais valorizado. (Jardim, 2006)
A escola como patrocinadora da educação deve propiciar e incentivar os pais
a participarem dos projetos e eventos realizados pela instituição. Escola e a família
são as responsáveis pela missão de educar, socializar, ensinar valores, sentimentos
de amor e solidariedade ao próximo.
A realidade é que a maioria dos educadores atribui aos pais a origem dos
problemas, e acusam como fator as mudanças na família. Assim entre
escola e família ocorre uma confusão de papéis, cobranças para ambas as
instituições. O que parece ocorrer uma incapacidade de compreensão por
parte dos pais a respeito daquilo que é transmitido pela escola e pôr o outro,
uma falta de habilidade dos professores em promover comunicação.
(JARDIM, 2006, p. 38)
21
3.1 A COMUNIDADE E A FAMÍLIA
22
3.2 A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
23
As leis brasileiras contemplam o compromisso da família em relação ao
cuidado e acompanhamento dos filhos, enfocando a responsabilidade e a
obrigatoriedade da frequência escolar. Conforme o Art. 205 da Constituição Federal,
lei soberana, promulgada em 1988, a educação é um direito de todos os cidadãos e
um dever do Estado e da família, devendo acontecer com o incentivo e colaboração
da sociedade. Também o Art. 227 declara que é dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar às crianças, jovens e adolescentes o direito à educação e à
cultura (BRASIL,1996). Ademais encontramos na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional:
Art.2º: A educação, dever da família e do estado, inspirada nos princípios
de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL,1996).
4 INTERAGIR É PRECISO
Muitos pensam que o professor é o único que pode educar, isto deve ser
quebrado. Os professores precisam da participação dos pais na educação das
24
crianças, o professor não é dono do saber e sim orientador da aprendizagem, que
precisa da colaboração de todos, fazendo assim os pais parceiros da educação, ou
seja, expressando a sua opinião diante dos assuntos que, envolve a educação dos
seus filhos.
Segundo Régia (2004, p. 48) “Defrontamos com o despotismo profissional do
professor em relação às famílias ao considerar-se como o único depositório do saber
pedagógico”. Vale ressaltar que esta citação de subordinação comumente está ao
inverso, isto é, as famílias submissas aos professores. Na maioria das vezes não é
dada as famílias a oportunidade de participar.
As práticas curriculares ainda não assumiram o compromisso de considerar o
interpretar da família e sua participação como enriquecedoras do trabalho
pedagógico. De modo a acreditar, que são ignorantes, pouco aptos a opinar e tomar
decisões juntamente com a equipe docente da escola.
Com a relação à tomada de decisão, cabe acrescentar a necessidade de
evitar situações que convidam os familiares a uma pseudoparticipação quando na
verdade as questões a serem decididas já foram resolvidas pela equipe docente.
Esse tipo de atitude marcará o sentido verdadeiro da participação, o qual deve ser
construído com base na discussão na negociação do poder e não do autoritarismo,
como justifica Bordenave (1983), quando se refere à educação e à qualidade da
participação. É essa participação que se faz necessária, uma participação coerente e
consistente.
Isso não significa que essas famílias não possam participar, significa que há
necessidades dos professores e a escola como um todo, “criarem estratégias que
considerem as diversidades das famílias para que todas de alguma forma tenham
garantida sua participação na escola.” (RÉGIA, 2004, p.49). Com base nessas
diversidades, deve-se ampliar a participação a outros membros da família, não só os
pais, considerando também os avôs das crianças, irmãos mais velhos, tios e primos
ou outro responsável.
Almejar uma prática participativa sem que o professor perca sua função, seu
espaço como educador e referencial para os alunos. Contudo, os professores e
sobretudo os especialistas na construção dos modelos curriculares precisam,
conscientizar-se de que não são os únicos possuidores do saber, sendo possível
26
contar com a participação dos alunos da família e da comunidade em sua
elaboração. Todos têm algo a ensinar e aprender.
27
É importante salientar, que o fracasso ou sucesso escolar de cada um é
influenciado por diversos fatores, sendo o envolvimento da família com a escola
apenas um deles, pois, também contam a cultura familiar, as oportunidades vividas
pelos alunos.
28
tipo de necessidade física, além da falta de capacitação para realizar esse tipo de
função (MITTLER, 2003).
O professor deve, “orientar e mediar o ensino para a aprendizagem dos
alunos; responsabilizar-se pelo sucesso da aprendizagem dos alunos; assumir e
saber lidar com a diversidade existente entre os alunos; incentivar atividades de
enriquecimento curricular; elaborar e executar projetos para desenvolver conteúdos
curriculares; utilizar novas metodologias, estratégias e material de apoio;
desenvolver hábitos de colaboração e equipe.” (BRASIL, 2000, p.5).
De acordo com Caetano e Dias (2016), a inclusão implica, uma reforma
radical nas escolas em termos de currículo, avaliação, pedagogia e formas de
agrupamento dos alunos nas atividades de sala de aula.
Não é uma tarefa muito fácil diante desta diversidade de necessidades dos
alunos, e cabe ao professor construir e ampliar suas habilidades sobre
experiências que já possuem para alcançar a todas as crianças e jovens
com uma educação inclusiva. Frente às novas concepções de educação do
mundo contemporâneo (educação esta, que inclui a inclusão). (CAETANO,
DIAS, 2016, p. 73)
29
5.1 A RELAÇÃO FAMILIA E ESCOLA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
30
Diante disso, percebe-se a importância da interação pais e escola para
efetivação do processo de inclusão. Para compreender melhor esta relação Ferraz,
Araújo, Carreiro (2010), discute em seu artigo o processo de inclusão do aluno com
Síndrome Down e Paralisia Cerebral, a partir da comparação dos discursos de pais e
professores e, com isso, avaliar como a comunicação entre eles pode afetar o
processo de inclusão. Desse modo, a comparação dos resultados com base nesses
diagnósticos permitiu compreender quais problemas ou experiências satisfatórias,
vividas por mães e professores, são mais presentes em cada uma dessas
deficiências e se eles são independentes das deficiências e mais arraigados às
políticas do processo inclusivo. A escola deve possibilitar condições para que os
pais e professores se comuniquem de forma adequada e assim compartilhem
conhecimentos indispensáveis para a inclusão e aprendizado.
O processo de ensino e aprendizagem da criança com necessidades
30
educacionais especiais tem sido apresentado de forma desafiadora. A inclusão
escolar dessas crianças vem ocorrendo com maior frequência em idade pré-escolar
e produzir dados sobre estes alunos possibilita uma atuação preventiva junto às
famílias e às escolas. Para Christovam e Cia (2013), existem evidências científicas
de que uma relação parental próxima à escola é efetiva para a construção de
práticas de ensino adequadas a promoção do desenvolvimento da criança de modo
geral.
Embora a ideia da inclusão já esteja presente na legislação brasileira, na 1º
Lei de Diretrizes e Bases (LDB, lei Nº 4.024/61), para transpor as barreiras
existentes neste contexto e buscando práticas mais inclusivas, os movimentos de
integração contribuíram pouco a pouco com a criação de serviços e classes
especiais em escolas públicas (MARCHESI, 2004). A legislação brasileira,
determinando que as escolas oferecessem serviços de apoio especializados nas
escolas comuns, para atender as particularidades da clientela com deficiência
(BRASIL, 1996). “Tais movimentos contribuíram para que práticas preconceituosas e
segregacionistas fossem deixadas de lado em direção a uma postura mais inclusiva
e igualitária.” (CHRISTOVAM, CIA, 2013, p.564).
A importância da inclusão do aluno com deficiência ainda na educação
infantil apresenta evidências científicas de que uma relação parental mais próxima
da escola é efetiva para a construção de práticas de ensino mais adequadas para a
promoção das condições necessárias ao desenvolvimento da criança, sobretudo
31
quando se trata de alunos com deficiência. No entanto, salienta-se a importância da
continuidade de pesquisas nesta direção, para identificação da percepção de pais e
professores sobre as práticas existentes em relação à inclusão do pré-escolar,
identificando também, como se dá o envolvimento desses pais na escolaridade dos
filhos (CHRISTOVAM, CIA, 2013).
É possível afirmar, que a escola deve possibilitar condições para que os pais
e professores se comuniquem de forma adequada, ou seja, troquem informações
constantemente, participem de reuniões específicas para falar sobre o aluno com
deficiência ou organizem horários para que isso aconteça.
É importante destacar que essas iniciativas não garantem a construção de
educação inclusiva, visto que os professores precisam de suporte de várias ordens
para trabalhar adequadamente em sala de aula, porém é um caminho que contribui
para minimizar tantas dificuldades.
Segundo Brandão e Ferreira (2013 p.487), “Todas as crianças têm direito à
educação em classes do ensino regular, em escolas abertas à comunidade, onde se
ofereça um ambiente educativo de qualidade e se vá ao encontro das necessidades
pedagógicas e terapêuticas de cada criança.” Em seu artigo, buscaram compreender
a importância da inclusão nas instituições de educação pré-escolar. Acredita-se que
“numa filosofia de educação pré-escolar inclusiva, todos os intervenientes no
processo educativo, crianças, educadores, terapeutas e órgãos de gestão trabalham
de forma cooperativa na tarefa de ensinar e aprender, proporcionando experiências
significativas para todas as crianças.” (Brandão, Ferreira, 2013 p. 487).
O princípio fundamental dessa iniciativa está baseado em um direito de todo
ser humano, o acesso à educação. Além disso, a inclusão escolar nos espaços de
estudo regulares é importante para o desenvolvimento socioemocional e psicológico
das crianças com deficiência.
A legislação brasileira (LDBEN 9394/96) busca garantir que a inclusão escolar
permita que as crianças que apresentam algum tipo de necessidade especial,
possam se socializar, desenvolver suas capacidades pessoais e aprimorar sua
inteligência emocional. O acesso à escola não só promove o desenvolvimento
pessoal, mas também é uma ferramenta social importante para os relacionamentos
interpessoais (BRASIL, 1996).
32
Brandão e Ferreira (2013) afirma que uma das preocupações centrais sobre a
questão da inclusão é saber se ela será bem sucedida. Diante desse ponto de
articulação buscaram compreender: O que significa uma inclusão de sucesso?
Para isso, “num estudo realizado por Cross e colaboradores (2004) sobre as
práticas dos técnicos que contribuíram positivamente para o processo de inclusão,
foram identificados quatro aspectos fundamentais para garantir uma inclusão de
sucesso: Atitudes dos profissionais e das famílias; Relação dos pais com os
prestadores de cuidados; Intervenção pedagógico-terapêutica e Adaptações dos
contextos físicos”. (BRANDÃO, FERREIRA, 2013 p.490).
No entanto, “se a criança é rejeitada pelos pares, não recebe os apoios
adequados por parte dos técnicos ou, ainda, se os técnicos não dão resposta às
preocupações dos pais, então a inclusão não pode ser considerada como bem-
sucedida” (BRANDÃO, FERREIRA, 2013 p. 490). Vários autores têm referido a
importância do apoio à família e o seu envolvimento ativo neste processo como um
fator crítico no sucesso da inclusão (SALEND, 2004; DUHANEY; SALEND, 2000).
De acordo com (Diamond; Huang, 2005, p. 210):
33
6 PERCURSO METODOLÓGICO.
34
Como fonte principal de coleta de dados, foi utilizado o site da Revista
Brasileira de Educação Especial. Para identificar as publicações relacionadas ao
tema da pesquisa, foi feita a leitura de todos os resumos dos artigos produzidos
durante o período de 2007 a 2017. Após a leitura, foram identificados apenas quatro
artigos: Família de crianças com deficiência e profissionais: componentes da
parceria colaborativa na escola; Inclusão de crianças com Síndrome de Down e
paralisia cerebral no ensino fundamental I: comparação dos relatos de mães e
professores; Inclusão de crianças com necessidades educativas especiais na
educação infantil; O Envolvimento parental na visão de pais e professores de alunos
com necessidades educacionais especiais.
QUADRO 2
35
DADOS DA PESQUISA
36
FERRAZ, Clara Inclusão 2010 Mestre em Distúrbios
Regina de crianças com do Desenvolvimento
Abdalla; Síndrome de da Universidade
ARAÚJO, Down e paralisia Presbiteriana
Marcos Vinícius cerebral no Mackenzie.
de; ensino Psicólogo pelo
CARREIRO fundamental I: Mackenzie, Mestre e
, Luiz Renato comparação dos Doutorando em
Rodrigues. relatos de mães Distúrbios do
e professores. Desenvolvimento da
Universidade
Presbiteriana
Mackenzie. Professor
do Curso de Psicologia
da Universidade
Presbiteriana
Mackenzie.
Psicólogo pela UFF,
Mestre e Doutor em
Fisiologia Humana
pelo ICB-USP,
Professor Adjunto I do
Programa de Pós-
Graduação em
Distúrbios do
Desenvolvimento do
Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde
da Universidade
Presbiteriana
Mackenzie.
37
BRANDÃO, Inclusão 2013 Universidade de
Maria Teresa; de crianças com Lisboa, Faculdade de
necessidades Motricidade Humana,
FERREIRA, educativas Departamento de
Marco. especiais na Educação, Ciências
educação Sociais e Humanidades,
infantil. Lisboa, Portugal.
Universidade de
Lisboa; Faculdade de
Motricidade Humana;
Departamento de
Educação, Ciências
Sociais e Humanidades,
Lisboa, Portugal.
38
Os dados mostram que são poucos os artigos que relatam pesquisas
envolvendo família e escola. No período de dez anos foram identificados apenas
quatro e os artigos são recentes, estão entre os anos de 2008 a 2013. A maior parte
das pesquisas foram desenvolvidas na região Sudeste com destaque para a
Universidade Federal de São Carlos.
Silva e Mendes (2008), em seu artigo “Família de crianças com deficiência e
profissionais: componentes da parceria colaborativa na escola”, utilizaram a análise
qualitativa de dados obtidos, para identificar e descrever o comportamento dos
profissionais da escola e dos familiares de crianças com deficiência que, na
perspectiva dos dois lados, são propiciadores e mantenedores de uma parceria
colaborativa. O estudo é baseado na abordagem qualitativa de pesquisa e envolveu
entrevista com base na técnica dos grupos focais, na qual dados de natureza verbal
são coletados por meio de interações grupais ao se discutir um tópico sugerido pelo
pesquisador (MORGAN, 1997). O método consistiu numa replicação parcial do
estudo de Blue-Banning e colaboradores (2004).
O procedimento de análise dos dados consistiu em dezesseis reuniões
conduzidas com os quatro grupos focais, compostos por familiares (FAM1 e FAM2) e
por profissionais (PROF1 e PROF2). Foram conduzidas duas etapas de coleta de
dados, a etapa 1 consistiu em reuniões com objetivo de identificar essa parceria
colaborativa, a etapa 2, confrontar os dados obtidos entre ambas as partes. As
reuniões foram gravadas em fitas VHS e, posteriormente, transcritas. Para analisar
as transcrições foi utilizada a análise de conteúdo que, de acordo com Bardin
(1977), envolve operações de desmembramento do texto em unidades e em
categorias segundo reagrupamentos analógicos.
De acordo com os dados levantados, todos enfatizam a importância da
igualdade para a parceria colaborativa. Os familiares acreditam que, para atingi-la, é
necessário haver o encorajamento dos familiares por parte dos profissionais ao
expressarem suas opiniões e ajudá-los a adquirir habilidades para participar
plenamente na tomada de decisões. Os participantes consideraram não apenas o
papel dos familiares em manter expectativas adequadas, mas também o papel dos
profissionais em ajudar no estabelecimento de tais expectativas. Dessa forma, todos
concordaram que cabe aos profissionais esclarecer a família sobre as possibilidades
de desenvolvimento da criança. Além disso, os profissionais relataram a
39
necessidade de informar os familiares sobre a deficiência apresentada pelo aluno,
sobre as diferenças existentes entre crianças que apresentam uma mesma
deficiência e também sobre as etapas e as dificuldades das intervenções a serem
realizadas.
Ferraz, Araujo e Correiro (2010), no artigo “Inclusão de crianças com
Síndrome de Down e Paralisia Cerebral no ensino fundamental I: comparação dos
relatos de mães e professores”, buscaram conhecer o processo de inclusão do aluno
com Síndrome de Down (SD) e Paralisia Cerebral (PC), a partir da comparação dos
relatos de pais e professores e analisar como sua interação afeta o processo de
inclusão. Participaram deste estudo 4 mães que têm filhos com Paralisia Cerebral, 4
mães que têm filhos com Síndrome de Down e os 8 respectivos professores dessas
crianças, da rede regular de ensino de um município da grande São Paulo. Tais
deficiências foram selecionadas em função da sua presença constante em classes
do ensino regular, mais do que outras que possuem uma baixa incidência na
população.
O instrumento utilizado para obtenção de dados consistiu em uma entrevista
estruturada, para a qual foram elaboradas questões abertas e relevantes ao tema
pesquisado. As perguntas foram construídas pelos pesquisadores, com base nos
objetivos específicos, e adaptadas especificamente para mães e professores. Desse
modo, a análise dos relatos dos pontos de vista de pais e professores sobre a
inclusão de crianças com essas deficiências puderam evidenciar particularidades e
diferenças no processo inclusivo. Como critérios de inclusão na pesquisa, as
crianças deveriam ser diagnosticadas com tais deficiências, frequentar escolas
regulares do Ensino Fundamental I e ter pais e professores que concordassem em
participar do estudo. (FERRAZ, ARAUJO, CORREIRO, p.404, 2010).
Os resultados apresentam informações importantes referentes à inclusão dos
alunos com SD e PC no ensino fundamental. O que mais foi abordado pelas mães e
professores foi a oportunidade de se diminuir o preconceito, pois, mesmo com todos
os movimentos existentes a favor da inclusão, muitos ainda vivenciam situações de
discriminação. Os resultados encontrados revelam também a expectativa das mães
em matricular o filho na escola comum, com a possibilidade de ele aprender a ler e a
escrever. Esperam que o filho conquiste no mínimo a escrita do nome. Por outro
lado, os professores declaram não se sentirem preparados para trabalhar com
40
alunos com deficiências; no entanto, mesmo sem orientações, recursos e estrutura
física adequada, trabalham para melhorar as condições dos alunos em sala de aula.
Brandão e Ferreira (2013), no artigo “Inclusão de crianças com necessidades
educativas especiais na educação infantil”, utilizaram a pesquisa bibliográfica
qualitativa, ao discutirem a importância da inclusão nas instituições de educação pré-
escolar. Trataram de viabilizar o direito à educação em classes do ensino regular,
em escolas abertas à comunidade, onde se ofereça um ambiente educativo de
qualidade e se vá ao encontro das necessidades pedagógicas e terapêuticas de
cada criança. Além disso, discutem as vantagens e benefícios da inclusão acerca
das crianças com necessidades especiais e suas famílias, e também de crianças
ditas normais e seus respectivos familiares.
41
que os fatores importantes ao sucesso do aluno segundo professores seriam o apoio
do profissional especializado, e o auxílio aos pais em tudo que envolvesse o
desenvolvimento da criança; enquanto pais indicaram a importância de auxiliar
alunos e professores na tarefa de casa.
Os participantes afirmaram que uma boa relação família-escola seria aquela
em que comunicação fosse eficiente. No que diz respeito à promoção da relação,
professores afirmam a necessidade da escola ser mais atrativa e pais entendem a
necessidade desta oferecer orientações sobre como participar. Embora os
participantes compreendam a importância de uma relação parental próxima, existem
lacunas sobre a melhor forma de realizar esse envolvimento, indicando a
necessidade de ações que promovam o envolvimento parental.
Em decorrência da análise dos artigos, foi possível desenvolver uma
concepção de inclusão entre família e escola a partir das pesquisas vivenciadas
pelos autores, de modo, a contribuir na construção e definição do contexto deste
trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
42
fato de que sua última publicação a respeito deste assunto ocorreu em 2013. No
qual, acredito necessitar de mais atenção, por se tratar de um ponto de extrema
importância para o desenvolvimento integral da criança.
Além disso, acredito que a revista deve promover, artigos de forma mais
específica sobre este assunto, de modo a relatar as vivencias das escolas sobre
esta questão de integração, participação, colaboração e inclusão. E como, as
escolas buscam promover esta visão de inclusão entre família e escola, no cotidiano
educacional dessas crianças.
Sabemos que todo indivíduo é cidadão de direitos e como tal faz jus a uma
educação de qualidade. A educação é o alicerce para o desenvolvimento de
qualquer cidadão e dessa forma a inclusão vem para estabelecer um novo modelo
onde a escola tem que se adaptar às necessidades educacionais de toda uma
diversidade de alunos a fim de alcançar uma educação de qualidade para todos.
Nesta perspectiva, é importante ressaltar que colocar o aluno na sala de aula
e não garantir o atendimento que ele necessita, não será inclusão, pois não basta
somente atender a legislação vigente, é preciso ter recursos apropriados para
assegurar seu efetivo cumprimento.
Durante a realização da pesquisa, foi possível perceber que a relação escola
e família é indispensável para que ocorra uma educação de qualidade. É necessário
que as famílias criem o hábito de participar da vida escolar de seus filhos, que
perceba a importância de se relacionar com a escola na busca de um objetivo em
comum, “Educação para todos”. Por outro lado, a escola deve ser a responsável por
criar meios de aproximação com as famílias e a comunidade, orientando e
mostrando que educar não é papel exclusivo das escolas, é papel de todos. Todos
juntos lutando por uma melhor educação.
Nessa análise não podemos desconsiderar o fato de que os professores
tendem a culpar a família, pela falta de seu envolvimento, quando os alunos vão
mal, ou apresentam problemas em sua aprendizagem. Não obstante, os
professores tenham razão quando afirmam que a participação da família na vida
escolar do filho é muito importante para uma melhor aprendizagem, é papel da
escola buscar uma prática pedagógica, na qual o aluno possa atribuir significado à
sua vida e aos conteúdos ensinados, “pois são os professores os especialistas em
educação” (JARDIM, 2006, p.80). Portanto, culpar a família pelas dificuldades de
aprendizagem do aluno, acaba afastando-as ainda mais da escola.
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É fundamental e importante uma mudança nas atitudes dos pais e
professores, o importante não é encontrar um culpado pelas situações ocorridas nas
escolas, mas sim buscar juntos soluções para tais situações problemáticas. A escola
como detentora dos conhecimentos, métodos e técnicas de ensino, deve ter a
iniciativa de aproximar família e escola, envolvendo-as em atividades realizadas na
escola como comemorações, palestras, confraternizações com toda comunidade e
orientando-as sobre a importância de um trabalho de parceria.
Em virtude disso, foram analisadas as questões da educação na prática
social, na qual, constatou que a educação sozinha não transforma a sociedade.
Neste sentido, destaca-se que a escola depende da família e a família depende da
escola, para melhor entrosamento e desenvolvimento da educação.
Diante desta perspectiva, certamente, houve uma contribuição para que se
tenha melhor clareza do que se pode fazer a respeito das ações pedagógicas que a
escola pode favorecer para atrair os pais a serem participantes do processo
educativo de seus filhos.
Sendo assim, a orientação do educando precisa está voltada para estratégias
que irão possibilitar a assumir efetivamente os valores humanos com consciência e
responsabilidade, para que seja agente de transformação na realidade em que se
vive.
Este trabalho foi desenvolvido no intuito de conscientizar os leitores em
relação ao desenvolvimento educativo da criança, sendo o principal ponto a
participação da família nos parâmetros curriculares da escola.
Nota-se que a participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser
constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e
complementares. Promover a família nas ações dos projetos pedagógicos significa
enfatizar ações a seu favor, dessa forma, contribuindo para a integração da família
no ambiente escolar. Este trabalho, descreve de forma clara e coerente a
importância dessa participação, relatando as contribuições que esta relação trará
para o desenvolvimento da educação com o apoio dos pais e a participação da
escola.
Logo, conclui-se que é direito dos pais ter ciência, do processo pedagógico e
assim participar das ações que a escola oferece, para melhorar a educação de seus
filhos.
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REFERÊNCIAS
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p. 46. Acesso em: 13/03/2017, às 12:00. Disponível em
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deficiência e profissionais: componentes da parceria colaborativa na escola.
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