Circular Tecnica 174

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ISSN 1415-3033

CIRCULAR TÉCNICA
Cultivo da pimenta jalapeño
174 BRS Sarakura na Região
Centro-Oeste
Cláudia Silva da Costa Ribeiro
Francisco José Becker Reifschneider
Carlos Francisco Ragassi
Sabrina Isabel Costa de Carvalho

Brasília, DF
Fevereiro, 2021
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 3

Cultivo da pimenta jalapeño BRS


Sarakura na Região Centro-Oeste
Introdução
A pimenta do grupo jalapeño (Capsicum annuum L. var. annuum) é originária
do México e recebeu esse nome porque é tradicionalmente cultivada nas
regiões próximas da cidade de Jalapa (Xalapa), capital do estado de Vera
Cruz (DeWitt; Bosland, 2009). A jalapeño é muito popular no México e nos
Estados Unidos e o interesse por este tipo de pimenta por parte das indústrias
brasileiras de processamento de molhos tem sido crescente por apresentar
frutos grandes, sabor forte, com parede mais espessa e pungência média
(Ribeiro et al., 2008; Reifschneider et al., 2016).

Os frutos de jalapeño podem ser consumidos verdes ou maduros, frescos,


enlatados, em conservas, secos e defumados (chipotle) e em molhos. Nos
EUA e México, os frutos de jalapeño são consumidos principalmente verdes
(imaturos), frescos ou na forma de conservas (DeWitt; Bosland, 2009). No
Brasil, os frutos vermelhos (maduros) são comumente usados pelas indústrias
de processamento de molho (Ribeiro et al., 2013; Gomes et al., 2019; Ribeiro
et al., 2020).

Um fruto típico de jalapeño tem cerca de 7 cm de comprimento, 3 cm de


largura e 4 mm de espessura de parede, com pungência variando de
8.000 a 30.000 Unidade de Calor Scoville ou SHU (medida do ardor das
pimentas), e sabor semelhante ao do pimentão (Cásseres, 1981; Hernández,
1994; DeWitt; Bosland, 2009). Apresenta superfície lisa com rachaduras

Cláudia Silva da Costa Ribeiro


Engenheira Agrônoma, Doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, Bolsista do
CNPq, Pesquisadora da Embrapa Hortaliças, Brasília, DF
Francisco José Becker Reifschneider
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitopatologia, Pesquisador da Secretaria de Inteligência e
Relações Estratégicas, Embrapa Sede, Brasília, DF.
Carlos Francisco Ragassi
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Hortaliças, Brasília, DF.
Sabrina Isabel Costa de Carvalho
Engenheira Agrônoma, Doutora em Agronomia, Bolsista do CNPq, Analista da Embrapa
Hortaliças, Brasília, DF.
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suberizadas e formato cônico alongado com ombro-largo e porção distal não


afilada (Andrews, 1985). A cor do fruto imaturo varia de verde a verde-escuro
e quando maduro, a coloração é normalmente vermelha.

No Brasil, o cultivo da pimenta jalapeño aumentou nos últimos anos, principal-


mente em regiões próximas às indústrias de processamento de molhos
(Gomes et al., 2019). No entanto, a maioria das cultivares de jalapeño dispo-
níveis no mercado ainda são importadas dos EUA e pouco adaptadas às
condições agroecológicas do Brasil central, com produtividade abaixo de 30 t
ha-1, e com teor de capsaicinoides totais abaixo do desejado pela agroindús-
tria (>30.000 SHU). Devido à dificuldade em adquirir sementes comerciais,
alguns agricultores produzem sua própria semente, o que resulta em cultivos
com elevada heterogeneidade de plantas e frutos, com baixo rendimento,
frutos pequenos e com baixa pungência (Ribeiro et al., 2008).

Desde o início da década de 1990, o programa de Capsicum da Empresa


Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem sido parcialmente financiado
pelo setor privado (Reifschneider et al., 2016; Ribeiro et al., 2020). Em 2002, foi
assinado o primeiro contrato de parceria em pesquisa e desenvolvimento entre
a Embrapa e a indústria processadora de molhos Sakura-Nakaya Alimentos
Ltda., visando o desenvolvimento de cultivares de pimenta do grupo jalapeño
adaptadas às condições de cultivo da Região Centro-Oeste, uniformes,
precoces e mais produtivas, com pungência acima de 30.000 SHU, maturação
concentrada dos frutos e maior tolerância em campo a viroses.

A cultivar de pimenta jalapeño BRS Sarakura (C. annuum), lançada pela


Embrapa Hortaliças em 2009, é um exemplo do sucesso do esforço conjunto
dessas duas instituições, sendo responsável por mais de 50% da produção
de molhos de pimentas no Brasil (Ribeiro et al., 2020). De acordo com a
indústria processadora, a cultivar BRS Sarakura proporciona um produto de
qualidade superior e, por conta disso, uma produtividade industrial maior, e
as características sensoriais dos seus frutos também fazem a diferença no
molho de pimenta.

Esta publicação tem como principal objetivo disponibilizar informações


detalhadas sobre a cultivar BRS Sarakura, assim como recomendações para
o seu cultivo na Região Centro-Oeste do Brasil.
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 5

Descrição e desempenho de BRS Sarakura


‘BRS Sarakura’ (Figura 1) é a primeira cultivar de pimenta Capsicum spp.
protegida (certificado No 20100118) no Serviço Nacional de Proteção de
Cultivares (SNPC) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA). Foi registrada no Registro Nacional de Cultivares (RNC/MAPA) com
o número de registro 22897. É derivada de uma mistura varietal cultivada
por produtores parceiros do setor privado e de origem desconhecida, com
predominância de plantas do tipo jalapeño, após sete ciclos de seleção e de
autofecundação. O método de melhoramento utilizado foi seleção individual
de plantas com teste de progênies. A seleção baseou-se em características
de planta e de fruto, principalmente arquitetura de planta, maturação
concentrada de frutos e colheita fácil, formato, tamanho e peso de fruto, cor
de fruto imaturo e maduro, pungência, produtividade em campo e industrial e
incidência de viroses em cultivo em campo.

Foto: Cláudia Ribeiro

Figura 1. Planta e frutos da cultivar BRS Sarakura (Capsicum annuum).


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A cultivar BRS Sarakura de polinização aberta possui plantas de porte e ciclo


médios, elevadas uniformidade e produtividade. Seus frutos são grandes
(Figura 2) e possuem excelente espessura de parede, cor vermelha intensa
quando completamente maduros, pungência elevada e teor de sólidos
solúveis dentro do padrão exigido pela indústria processadora de molhos.

Características de planta
Hábito de crescimento: intermediário
Altura média: 40 cm
Largura média: 65 cm
Altura média da haste principal: 10 cm
Ciclo médio: 110 dias
Potencial produtivo: 60 t ha-1 (55,5 mil plantas ha-1)
Peso total médio de frutos/planta: 1,2 kg
Número médio de frutos/planta: 30
Foto: Francisco Reifschneider

Figura 2. Frutos graúdos da cultivar BRS Sarakura (Capsicum annuum).


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Características do fruto maduro

Comprimento médio: 11 cm
Diâmetro médio: 3,5 cm
Espessura média do pericarpo: 5,0 mm
Peso médio: 40 g
Capsaicinoides totais: 58.000 SHU
Sólidos solúveis: 6,8 oBrix
pH: 5,2
Cor fruto maduro (relação a/b no padrão CIE-L*a*b*): 1,76

Nas condições edafoclimáticas de Catalão (GO), ‘BRS Sarakura’ chega


a produzir 60 t ha-1, em espaçamento de 60 cm entre linhas e 30 cm entre
plantas, e densidade populacional de 55.555 plantas ha-1 (Gomes et al., 2019).
A produtividade de ‘BRS Sarakura’ tem sido superior às produtividades de
cultivares de jalapeño disponíveis no mercado brasileiro (média de 30 t ha-1).

O peso médio do fruto de ‘BRS Sarakura’ pode chegar a 44 g (Gomes et al.,


2019), enquanto que o da cultivar Jalapeño M é de 18 g (Longatti, 2019). A
cultivar de frutos graúdos Numex Jalmundo, lançada pela New Mexico State
University, apresenta frutos de peso médio de 34 g (Bosland, 2010). A leitura de
cor de frutos maduros de ‘BRS Sarakura’, determinada seguindo-se o padrão
CIE-L*a*b*, demonstrou valor da cor vermelha (1,76) muito próximo ao de frutos
de tomate totalmente maduros, que varia de 1,8 a 2,1 (Anthon et al., 2011).

O nível de pungência de ‘BRS Sarakura’ é considerado alto pelos padrões


da indústria e é superior ao da cultivar Early Jalapeño, que possui cerca de
48.000 SHU (Bosland; Votava, 2000). Em ensaio conduzido em Brasília-DF
no ano de 2016, o híbrido Jalapeño Plus apresentou pungência de 25.000
SHU (Gomes et al., 2019), enquanto que os frutos de ‘BRS Sarakura’
apresentaram pungência de 58.000 SHU (Ribeiro et al., 2013).

Adicionalmente, ‘BRS Sarakura’ apresenta resistência às espécies de


nematoides das galhas Meloidogyne javanica e M. incognita raça 1 e à
doença mancha bacteriana (Xanthomonas euvesicatoria pv. euvesicatoria);
resistência em campo a viroses (potyvírus e tospovírus), e resistência
intermediária à murcha-bacteriana (causada por bactérias do complexo
Ralstonia) (Ribeiro et al., 2020).
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Manejo cultural de ‘BRS Sarakura’


Exigências climáticas
As pimentas Capsicum, de um modo geral, são exigentes em calor, sensíveis
a baixas temperaturas e intolerantes a geadas. As temperaturas médias
mensais ideais para o cultivo de pimentas situam-se entre 21 oC e 30 oC.
Temperaturas acima 35 oC prejudicam a formação dos frutos, e quando
associadas a baixa umidade do ar causam queda de flores. A germinação e
desenvolvimento das plantas são favorecidos por temperaturas do solo entre
25 oC e 30 oC, e temperaturas do solo iguais ou inferiores a 10 oC inibem
a germinação das sementes (Ribeiro et al., 2008). Baixas temperaturas
também podem ocasionar encarquilhamento de folhas maduras, murcha de
partes jovens e crescimento lento da planta.

Temperaturas baixas durante o florescimento e frutificação das plantas


provocam queda de flores e frutos, além de influenciarem negativamente
a pungência, o formato e a coloração dos frutos, reduzindo o seu valor
comercial, principalmente se os frutos forem destinados à industrialização.

Época de plantio
Na Região Centro-Oeste, o cultivo de pimentas pode ser realizado pratica-
mente durante o ano todo, com irrigação suplementar no período seco.
Normalmente, o período de semeadura de jalapeño para produção de mudas
em ambiente protegido ocorre em janeiro e pode estender-se até o final de
fevereiro. O plantio de mudas no campo não deve ser feito durante a estação
chuvosa, que se estende até o final do mês de março, por dificultar o preparo
de solo, as operações envolvidas no plantio e os subsequentes tratos cultu-
rais e controles fitossanitários. Por outro lado, as temperaturas ficam muito
baixas a partir de junho e desfavorecem o desenvolvimento da planta, princi-
palmente se tiverem sido recém-transplantadas, atrasando o desenvolvimen-
to, a frutificação e, consequentemente, reduzindo a produtividade. Por isso, o
período adequado para o transplantio das mudas de pimenta jalapeño na
Região Centro-Oeste é muito pequeno e, como consequência, muitos plan-
tios acabam sendo feitos ainda durante o final da época chuvosa. Nesses
casos, é importante que se procure evitar a operação de plantio nos dias
chuvosos e com o solo encharcado. Plantios após o final
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de abril também aumentam o risco do período de colheita coincidir com o


início das chuvas no final de outubro, causando perdas na produção devido
ao apodrecimento dos frutos.

Preparo da área

Os solos utilizados para o cultivo de pimenta jalapeño devem ser profundos,


leves (textura média) e bem drenados, preferencialmente férteis, com pH
entre 5,5 e 6,5. Devem ser evitados solos salinos ou com elevada salinidade,
uma vez que as pimentas são moderadamente sensíveis. A salinidade
do solo deve estar abaixo de 3,5 dS m-1 de condutividade elétrica, pois a
partir deste valor a produtividade começa a diminuir.

Do ponto de vista fitossanitário, recomenda-se que sejam evitadas áreas que


tenham sido cultivadas nos últimos 3-4 anos com outras plantas da família
das Solanáceas (como pimentão, tomate, berinjela, batata, jiló, fumo, além
da pimenta) ou Cucurbitáceas (como abóbora, moranga, pepino, melão e
melancia). Áreas cultivadas anteriormente com gramíneas (milho, sorgo,
arroz, trigo, milheto), leguminosas (feijão, soja) ou Aliáceas (cebola, alho),
são as mais indicadas (Ribeiro et al., 2008).

O sistema de plantio direto (SPD), com o plantio de mudas em sulcos abertos


diretamente na palha, no caso da pimenta, é recomendado por ser uma
prática conservacionista consagrada pelos benefícios que proporciona ao
controle de processos erosivos, amenização dos extremos de temperatura
e incremento da matéria orgânica ao solo, além de economia de água de
irrigação e redução da infestação por plantas daninhas. Além disso, possibilita
plantios precoces, com preparo da área ainda no período chuvoso, devido à
facilidade operacional. O SPD é fundamentado em três requisitos básicos:
revolvimento localizado do solo, restrito às linhas ou covas de plantio;
cobertura do solo com resíduos culturais (palhada); e uma efetiva rotação de
culturas, principalmente com gramíneas, como milho, sorgo e milheto para
formação de palhada.

Para instalação do plantio direto, deve-se ter a área corrigida com relação à
acidez (pH) e eliminar ou reduzir problemas pré-existentes como compactação
do solo e infestação por plantas daninhas problemáticas como carurus, buvas,
trapoerabas, capim-pé-de-galinha e tiririca.
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Para o sucesso do SPD, o ponto-chave é o estabelecimento da(s) planta(s)


de cobertura. A diferença entre o plantio direto e a adubação verde é que
no SPD se deixam os resíduos culturais (palhada) na superfície ao invés de
se fazer sua incorporação ao solo. Algumas espécies podem ser utilizadas,
dando-se prioridade às gramíneas por terem decomposição lenta e por serem
mais fibrosas (elevada relação carbono:nitrogênio na sua composição). Uma
das culturas mais utilizadas para formação de palhada e melhoria do solo é
o milheto (Figura 3) pela facilidade de manejo, vigor e ciclo curto. Também
se pode utilizar milho, sorgo ou até mesmo gramíneas forrageiras como a
braquiária (roçando-se antes da produção de sementes). Importante é ter
uma boa distribuição das sementes, com alta densidade de semeio. Para o
milheto, utilizam-se entre 80 e 100 kg ha-1 de sementes jogadas a lanço no
solo. Após o semeio, passa-se uma grade niveladora semiaberta, o suficiente
para esconder as sementes e reduzir a perda por ataque de pássaros. No
caso do milho, realiza-se a semeadura com máquina em linhas espaçadas
0,4 a 0,5 m entre si e 4 a 6 sementes por metro. O milheto deve ser triturado
entre 75 e 90 dias de desenvolvimento, deixando-se os resíduos culturais
Foto: Carlos Ragassi

Figura 3. Milheto com 75 dias após a semeadura, utilizado para formação de palhada.
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como cobertura do solo (Figura 4). O milho pode ser triturado a partir de 75
dias, nesse caso podem ser utilizadas sementes de paiol; ou ser efetivamente
cultivado até o final do ciclo, com aproveitamento da sua produção de grãos
para comercialização, sendo sua massa triturada após a colheita das espigas
e mantida sobre o solo.

A adubação fosfatada para a pimenta deve ser reforçada aplicando-se, na


implantação da planta de cobertura, uma dose de fósforo equivalente à dose
recomendada para o cultivo da pimenta. Essa adubação fosfatada deve ser
realizada com uso de um termofosfato enriquecido com micronutrientes,
especialmente boro. Essa adubação não substituirá a adubação de plantio da
pimenta, mas se constituirá uma “reserva” de fósforo no solo e o enriquecerá
com os micronutrientes presentes na formulação. O termofosfato apresenta
uma liberação lenta de fósforo, que tem início cerca de 60 dias após sua
aplicação ao solo. Por isso, a sua aplicação é recomendada na instalação da
planta de cobertura.

Foto: Carlos Ragassi

Figura 4. Trituração de milheto aos 75 dias após a semeadura, visando formação de


palhada no sistema plantio direto.
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Aos 15 dias após a semeadura para produção das mudas, realiza-se a roçagem
da cultura de cobertura. As mudas da jalapeño devem ser transplantadas por
volta de 35 dias após a semeadura, quando apresentarem de 3 a 4 folhas.
Entre 10 e 15 dias antes do transplantio, efetua-se a sulcação simultaneamente
à adubação para a cultura da pimenta, utilizando-se semeadora de milho ou
soja, no espaçamento de 0,6 m entre linhas. Toda a adubação de plantio,
especialmente fósforo, deve ser aplicada nesta operação, evitando-se que
o adubo seja aplicado a lanço, condição em que haveria maior perda dos
nutrientes. Três a quatro dias antes do transplantio, pode-se utilizar herbicida
dessecante em área total, a fim de se provocar a dessecação das plantas
daninhas que conseguiram se desenvolver apesar da palhada. Em casos
de infestação muito alta por plantas daninhas, apenas uma aplicação
de herbicida pode não ser suficiente. Nesses casos, recomenda-se uma
aplicação adicional tão logo as plantas daninhas apresentem de 3 a 4 folhas,
repetindo-se a aplicação do herbicida de 3 a 4 dias antes do transplantio,
para se reduzir o mato na fase inicial da cultura.

O preparo convencional da área consiste de aração (arado ou grade aradora)


a uma profundidade mínima de 20 cm (ideal 30 cm), seguida de duas
gradeações (não aradoras): a primeira com os discos abertos, para quebrar
os torrões de solo, e a segunda com os discos parcialmente abertos, com a
finalidade de nivelamento. Logo após a aração, faz-se a calagem, de acordo
com a análise de solo. As gradeações subsequentes incorporam o calcário e
preparam o solo para a operação de sulcação (Ribeiro et al., 2008). O plantio
de jalapeño na região Centro-Oeste é feito em sulcos (Figura 5), espaçados
entre si de 60 cm a 80 cm com 20 cm a 25 cm de profundidade. Após a
incorporação da adubação orgânica (uma semana antes do plantio) e do
adubo (um dia antes do plantio; de acordo com a análise química do solo), o
sulco deverá ficar com a forma de ‘U’ (Ribeiro et al., 2008).

A adubação orgânica deve ser utilizada na razão de 30 t ha-1 de esterco de


curral ou 10 t ha-1 de esterco de galinha, ambos bem curtidos e totalmente
livres de sementes de plantas daninhas e inóculos de doenças, especialmente
nematoides.

Para se realizar a adubação mineral, primeiramente, o solo deve ser classificado


quanto à classe de fertilidade (baixa, média ou alta) para os nutrientes P, K, B,
Cu, Mn e Zn (Tabela 1), de acordo com o resultado da análise de solo.
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Foto: Carlos Ragassi


Figura 5. Plantio de pimenta jalapeño (Capsicum annuum L.) feito em sulcos.

Tabela 1. Níveis de fertilidade em solo de cerrado para o cultivo de hortaliças.

Características Classe de fertilidade


químicas (mg dm-³) Baixa Média Alta

Fósforo (P) 10 10-30 > 30

Potássio (K) < 40 40-120 > 120

Boro (B) < 0,20 0,20-0,60 > 0,60

Cobre (Cu) < 0,40 0,40-0,80 > 0,80

Manganês (Mn) < 1,9 1,9-5,0 5,0

Zinco (Zn) < 1,0 1,0-1,6 > 1,6

Fonte: adaptado de Comissão de Fertilidade de Solos de Goiás (1988), Ribeiro et al. (2008) e
SEBRAE (2012).
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Em seguida, com base na identificação do nível de fertilidade para cada


nutriente, verifica-se a adubação recomendada com P, que é realizada
totalmente no plantio (Tabela 2).

Tabela 2. Recomendação de adubação de plantio com fósforo para solos de cerrado.

Recomendação
Classe de fertilidade para P
P205 (kg ha-1)

Baixa 400-600

Média 200-400

Alta 100-200

Fonte: adaptado de Comissão de Fertilidade de Solos de Goiás (1988).

A adubação nitrogenada deve ser feita considerando-se uma aplicação total


de 200 kg ha-1 de N distribuídos durante o ciclo da pimenta, independente
do teor de matéria orgânica do solo. Na ocasião do plantio, pode-se deixar
de aplicar o N, que pode ser aplicado em sua totalidade nas adubações
de cobertura. Na adubação de plantio, deve-se aplicar 100% da adubação
fosfatada na forma de superfosfato simples. Quando os teores de B, Zn e Cu
forem inferiores a 0,4, 1,4 e 0,7 mg dm-³, respectivamente, esses nutrientes
devem ser aplicados na ocasião do plantio, preferivelmente juntos com a
adubação fosfatada, nas seguintes quantidades: B (3 kg ha-1), Zn (4 kg ha-1)
e Cu (2 kg ha-1).

Caso o teor de enxofre (S) seja inferior a 5 mg dm-³, aplicar 60 kg ha-1 de S,


que pode ser aplicado na forma de gesso agrícola, sulfurgran (90% de S),
sulfato de amônio ou sulfato de magnésio.

Em cobertura, devem-se aplicar N e K e realizar aplicações de nutrientes


foliares conforme a seguinte recomendação:

Para o N, deve-se aplicar uma dose de 200 kg ha-1 dividida em 5 a 6


aplicações realizadas ao longo do ciclo da pimenta, iniciando-se aos 15 dias
após o transplantio. Recomenda-se cuidado para que essa dosagem não seja
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ultrapassada, pois doses superiores a 200 kg ha-1 favorecem a vegetação em


detrimento da produção de frutos.

A quantidade a ser aplicada de K depende da quantidade do nutriente presente


no solo (Tabela 1). Para o nível baixo, são aplicados 200 kg ha-1 de K2O, para
o médio 100 kg ha-1 de K2O e para o alto, 80 kg ha-1 de K2O. O K deve ser
aplicado em 3 aplicações em conjunto ou não com as aplicações de N, até o
término da fase de enchimento de frutos. A partir da fase de maturação dos
frutos, o K deixa de ser aplicado.

Quanto às aplicações de fertilizantes foliares, cálcio e boro devem ser aplicados


durante as floradas (duas aplicações por florada) e Mn, Mg e Zn distribuídos
durante o ciclo inteiro da cultura, seguindo-se a dosagem fornecida pelo
fabricante do produto foliar. Geralmente, são feitas 2-3 aplicações de Mn, Mg
e Zn distribuídas ao longo do ciclo da cultura.

Produção de mudas e transplantio

A produção de mudas deve ser feita em ambientes protegidos (telados), com


telas anti-afídeos nas laterais e cobertura com plástico transparente com 150
micras de espessura e com tratamento anti-UV (Figura 6A). Recomenda-se
o uso de bandejas de 128 células preenchidas com substrato comercial, e a
semeadura de 1 a 2 sementes por célula. Se necessário, é feito o desbaste
das mudas deixando-se uma plântula por célula (Figura 6B).

As bandejas devem ser colocadas sobre uma bancada, a 60-70 cm do solo,


de preferência formada por tela de arame ou somente por fios de arame
(Figura 6C), que permita a passagem de luz na parte inferior das bandejas.
Esta prática impede o desenvolvimento das raízes por baixo da bandeja, o
que facilita a retirada das mudas e evita injúrias às raízes novas por ocasião
do transplantio para o campo (Ribeiro et al., 2008).

As bandejas devem ser irrigadas nos horários mais frescos do dia, com água
em quantidade suficiente para que ocorra o início da drenagem (gotejamento)
na parte inferior da bandeja. Caso haja necessidade, deve ser feita uma
adubação foliar após o desbaste, pulverizando-se as mudas com uma solução
de adubo foliar com formulação de macro + micronutrientes.
16 Circular Técnica 174

O transplantio é realizado quando as mudas apresentam de 4-6 folhas


definitivas ou cerca de 10 a 15 cm de altura (Figura 6D), por volta de 40 dias
após a semeadura. A idade das mudas não pode ultrapassar o recomendado
para que a raiz não sofra enrolamento (enovelamento), condição que limita
o posterior desenvolvimento da planta no campo. Durante a produção das
mudas, algumas plantas devem ser cuidadosamente retiradas da bandeja
para se verificar a condição da raiz, procedendo-se ao transplantio imediata-
mente ao se constatar que a raiz principal (pivotante) atingiu o limite físico
imposto pela célula da bandeja. No cultivo de 'BRS Sarakura' na Região
Centro-Oeste, a distância entre plantas na linha é de 30 cm, podendo ser redu-
zida para 20 cm com ganhos de produtividade por área (Ragassi et al., 2019).
Foto: Sabrina Carvalho

Foto: Cláudia Ribeiro


A B
Foto: Marçal Jorge

Foto: Cláudia Ribeiro


C D

Figura 6. Produção de mudas: 6A. Estufa com laterais com tela anti-afídeos (Foto:
Sabrina Carvalho); 6B. Bandeja com uma plântula por célula (Foto: Cláudia Ribeiro);
6C. Bandejas sobre bancada de fios arame a 60-70 cm do solo (Foto: Marçal Jorge);
6D. Muda de pimenta jalapeño pronta para transplantio, com ~15 cm de altura.
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Irrigação
O solo deve ser irrigado previamente ao transplantio de mudas e, também,
logo após o plantio, para reduzir o estresse da planta. As irrigações devem
ser realizadas a cada um a dois dias até o estabelecimento das mudas. A
irrigação realizada antes do plantio deve ser suficiente para elevar a umidade
nos primeiros 30 cm de solo até a capacidade de campo. A lâmina de água
a ser aplicada varia de 15 mm a 25 mm para solos de textura grossa e de 30
mm a 50 mm para os de texturas média ou fina.

A ocorrência de déficits hídricos moderados pode afetar o desenvolvimento


vegetativo da planta, no entanto, tem pequeno efeito na produção se o
suprimento de água no estádio reprodutivo (floração e frutificação) for
adequado. Irrigações excessivas favorecem a maior ocorrência de doenças
fúngicas e bacterianas, além de provocar a lixiviação de nutrientes,
especialmente de nitratos. A deficiência de água no período de florescimento
e frutificação provoca a queda de flores e o abortamento de frutos, além
de reduzir o tamanho de fruto e favorecer a ocorrência de podridão apical,
causada pela deficiência de cálcio na planta.

O estádio de maturação dos frutos é o menos sensível à deficiência de água


no solo. Os produtores costumam irrigar em excesso nessa fase porque
ainda são pagos com base no peso dos frutos. Irrigações em demasia podem
prejudicar a qualidade de frutos e favorecer maior incidência de doenças,
principalmente quando realizada por aspersão. Frutos com maior pungência
e com maior teor de sólidos solúveis em pimentas para molho líquido podem
ser obtidos submetendo-se as plantas a turnos de rega controlados e mais
espaçados.

A escolha do sistema de irrigação deve considerar o tipo de solo, a topografia,


o clima, o custo do sistema de irrigação, o uso de mão de obra e energia, a
incidência de pragas e doenças, o rendimento da cultura, a quantidade e a
qualidade de água disponível. No Brasil Central, o sistema de irrigação por
pivô central tem sido utilizado para a produção de pimenta jalapeño em larga
escala. No entanto, cultivos de pimentas Capsicum são comumente irrigados
por aspersão, e, em menor escala, por gotejamento. Dentre os sistemas
por aspersão, o convencional semiportátil é o mais utilizado. As principais
vantagens desse tipo de irrigação são a utilização nos mais diversos tipos
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de solo e topografia e o menor custo que o gotejamento. Por outro lado,


favorece maior incidência de doenças foliares, principalmente, por remover
agroquímicos e propiciar condições de alta umidade junto ao dossel das
plantas (Marouelli; Silva, 2007).

A irrigação por gotejamento possibilita o uso de fertirrigação (técnica de


adubação associada à água de irrigação) e a economia no uso de água, em
geral entre 20% e 30%. Fertilizantes, como nitrogênio e potássio, podem ser
aplicados de forma parcelada via irrigação, aumentando a eficiência de uso,
assim como a produtividade. As principais desvantagens desse sistema são
o maior custo e o risco de entupimento dos gotejadores. Por não molharem a
folhagem das plantas, o sistema de irrigação por gotejamento pode favorecer
a incidência de oídio, ácaros e pulgões (vetores de viroses).

Informações sobre o manejo da irrigação de pimentas Capsicum podem


ser encontradas na Circular Técnica 51 publicada pela Embrapa Hortaliças
(Marouelli; Silva, 2007).

Controle de plantas invasoras

Diversos estudos mostram que a cultura da pimenta não é uma boa


competidora em relação às plantas daninhas, principalmente na fase inicial
do desenvolvimento da cultura. A interferência de plantas daninhas durante o
primeiro mês após o transplantio pode reduzir a produtividade da pimenta em
até 70% (Cavero et al., 2001).

O controle de plantas daninhas é necessário até que a cultura cubra


suficientemente a superfície do solo, e não sofra mais interferência de plantas
invasoras (Ribeiro et al., 2008). A necessidade de controle depende do grau
de infestação da área e da agressividade das plantas invasoras presentes.
De uma forma geral, os trabalhos de pesquisa recomendam que o controle
de plantas daninhas na cultura da pimenta seja feito dos 11 aos 89 dias após
o transplantio (Uljol et al., 2018).

Além dos prejuízos advindos da competição, as plantas daninhas podem


ainda servir de hospedeiras de insetos-pragas, patógenos (fungos, bactérias,
vírus e nematoides), favorecer a formação de bancos de sementes no solo,
além de dificultar e onerar a colheita.
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 19

Preferencialmente, devem ser usados métodos de controle culturais e


mecânicos, tais como: rotação de culturas, o uso de espaçamento e
densidade adequados, coberturas orgânica e/ou inorgânica do solo (Figura
7), solarização do solo e capinas. Recomenda-se também que o preparo do
solo seja realizado duas a três semanas antes do transplantio para permitir a
germinação, crescimento e o controle pós-emergente das plantas daninhas
(4 a 6 folhas definitivas), realizado com uso dos herbicidas registrados para
as culturas da pimenta ou do pimentão.

O sistema Agrofit do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


(MAPA) apresenta de forma atualizada os herbicidas com registro vigente
para as culturas da pimenta e do pimentão (Agrofit, MAPA). Os produtos que
recebem registro específico para uso em uma determinada cultura cumprem
os pré-requisitos de eficácia contra plantas daninhas de importância e também
de seletividade (segurança) para a cultura em que é recomendada, quando
as recomendações presentes na bula são rigorosamente obedecidas.

Foto: Cláudia Ribeiro

Figura 7. Uso de cobertura orgânica no controle de plantas invasoras em plantios de


pimenta jalapeño (Capsicum annuum) na região de Catalão-GO.
20 Circular Técnica 174

É muito comum que herbicidas eficazes contra plantas daninhas de folha


estreita (capins, gramíneas ou poáceas) sejam registrados para uso em culturas
de folhas largas (dicotiledôneas), tais como as pimentas e os pimentões, pois
normalmente não apresentam efeito negativo sobre o desenvolvimento da
cultura. No entanto, alguns herbicidas eficazes para plantas daninhas de
folhas largas ou também herbicidas que atuam tanto sobre plantas de folhas
largas quanto de folhas estreitas podem ser registrados para as culturas da
pimenta e do pimentão, desde que apresentem seletividade à cultura em
razão da dose utilizada do ingrediente ativo e/ou em razão da tecnologia de
aplicação utilizada, por exemplo, aplicação em pré-transplantio da cultura (e,
portanto, ausência de contato do herbicida com a muda) e/ou aplicação após
o transplantio utilizando-se jato dirigido às entrelinhas da cultura.

Ainda, como alternativa para o manejo das plantas daninhas, é possível


realizar a dessecação, anterior ao transplantio da cultura, com produtos
que permanecem no solo agindo sobre as plantas daninhas por um período
relativamente longo (também chamados de produtos com efeito residual),
desde que tais produtos estejam registrados no sistema Agrofit (Agrofit,
MAPA). Produtos deste tipo registrados para as culturas da pimenta e do
pimentão normalmente são pouco móveis no solo e, portanto, não entram
em contato com a cultura no momento ou após o transplantio. A utilização
desses herbicidas com efeito residual no solo é especialmente interessante
para reduzir o número de capinas necessárias durante o cultivo da pimenta
jalapeño, especialmente nas fases iniciais do desenvolvimento da cultura,
quando ela é mais suscetível à competição com as plantas daninhas.

Medidas de controle de doenças e pragas


Doenças

As principais doenças que afetam o cultivo em campo aberto de jalapeño na


Região Centro-Oeste, durante o período de cultivo que se estende de abril a
outubro, são tombamento de mudas, murcha-de-fitóftora, antracnose, oídio,
murcha e mancha bacterianas, viroses (potyvírus e tospovírus) e nematoides
das galhas.

Tombamento (Pythium spp., Phytophthora spp. e Rhizoctonia solani) –


Essa doença afeta mudas em bandejas ou mudas recém-transplantadas
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 21

e é provocada por fungos e oomicetos de solo, que podem também estar


presentes na água de irrigação. Mudas afetadas apresentam escurecimento
ou apodrecimento na base do caule, provocando o tombamento da planta.
As medidas recomendadas para o controle de tombamento são o uso de
substrato comercial, de bandejas novas ou desinfestadas com água sanitária
(para a produção de mudas) e de água de irrigação de boa qualidade.
Além disso, as bandejas com as mudas em formação devem ser irrigadas
com moderação e mantidas em bancada ripada ou telada, para permitir o
escorrimento do excesso de água (Lopes; Henz, 2008).

Murcha de fitóftora (Phytophthora capsici) – É problema principalmente no


verão, pois é favorecida por elevadas temperatura e umidade do solo. Os
sintomas típicos da doença são a murcha repentina da planta e necrose de
cor marrom-escura no colo, seguida de morte. Os sintomas também podem
aparecer nas folhas, caule, ramos e frutos, onde são observadas lesões
encharcadas, necrose e apodrecimento. Como medidas de controle da
doença, recomenda-se o plantio em áreas com solos bem drenados e com
um manejo adequado da irrigação, evitando-se o fornecimento excessivo de
água à planta. Em época de chuvas, o plantio deve ser feito em canteiros,
que evitam o acúmulo de água no pé da planta. É recomendado o uso de
rotação de cultura com gramíneas, evitando-se as cucurbitáceas por serem
atacadas pelo patógeno (Lopes; Henz, 2008).

Antracnose (Colletotrichum spp.) – É uma doença muito importante


das pimentas porque causa danos diretos nos frutos, inviabilizando sua
comercialização. É mais problemática em cultivos de verão, quando ocorrem
temperatura e umidade altas. Os sintomas nos frutos iniciam-se com
pequenas áreas arredondadas e deprimidas. Com o passar do tempo a lesão
cresce e seu tamanho final depende do tamanho do fruto. Em condição de alta
umidade a lesão apresenta-se coberta por uma massa cor de rosa, formada
por esporos e mucilagem produzidos pelo fungo (Lopes; Henz, 2008). O
manejo preventivo inclui o uso de sementes e mudas livres de patógeno,
plantios menos adensados para permitir melhor ventilação entre as plantas,
o uso de irrigação por gotejamento e a pulverização preventiva da cultura
no início da frutificação com fungicidas registrados para pimenta e pimentão
(Agrofit, MAPA).
22 Circular Técnica 174

Oídio (Oidiopsis haplophylli) – É uma das principais doenças que afetam as


pimentas e o pimentão, tanto em ambiente protegido quanto em campo
aberto, principalmente na época seca do ano. O sintoma inicial consiste de
manchas cloróticas na face superior das folhas. Enquanto que na face
inferior correspondente, observa-se o crescimento de um micélio pulverulen-
to branco, pouco denso. Em condições ambientais favoráveis à doença,
ocorre desfolha acentuada das plantas, a partir das folhas mais velhas, com
consequente redução da produtividade. Recomenda-se como controle
preventivo o uso de adubação de acordo com a análise do solo, irrigação por
aspersão, pulverização preventiva com fungicidas registrados para a cultura
(Agrofit, MAPA) e a destruição de restos culturais logo após a última colheita,
que pode ser feito por enterrio profundo (Lopes; Henz, 2008).

Murcha bacteriana (Ralstonia solanacearum e R. pseudosolanacearum) –


Causa perdas quando a temperatura e a umidade são muito altas. Apesar
de não ser transmitida por sementes, pode ser introduzida em um campo
por meio de mudas infectadas, água contaminada e solo infestado aderido a
máquinas agrícolas. As plantas afetadas podem não murchar, e apresentar
apenas uma redução em crescimento. Os sintomas de murcha nas plantas
aparecem inicialmente nas horas mais quentes do dia. As folhas novas
murcham primeiro, às vezes de um só lado da planta. A escolha de uma
área de plantio sem histórico de murcha-bacteriana e com solo com boa
drenagem são as principais medidas de controle dessa doença. Deve-se
evitar a irrigação excessiva e ferimentos nas raízes e na base das plantas.
Plantas com sintomas iniciais de murcha devem ser retiradas do campo e cal
virgem deve ser colocado na superfície da cova vazia (Lopes; Henz, 2008).

Mancha bacteriana (Xanthomonas spp.) – Doença que ocorre na parte aérea


da planta e é favorecida por condições de umidade e temperatura elevadas.
(Lopes; Henz, 2008). Plantas afetadas pela doença apresentam manchas
foliares de aspecto encharcado, formato e tamanho indefinidos e de coloração
marrom. Na medida em que a doença progride ocorre desfolha intensa, que
pode expor os frutos à queima pelo sol. Nos frutos as manchas são menores
e têm início como pequenos pontos de tonalidade verde-claro, que se tornam
marrom-claro, podendo ser ligeiramente deprimidos. Recomenda-se como
medida de controle o uso de sementes e mudas livres de patógeno, bom
manejo de irrigação, além da pulverização preventiva com fungicidas cúpricos
com ação bactericida registrados para a cultura (Agrofit, MAPA).
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 23

Mosaico das nervuras (Potato virus Y - PVY) – Plantas infectadas


apresentam mosaico, mosqueado, clareamento de nervuras e faixas de
coloração verde-escuro associadas às nervuras principais. Distorção foliar,
necrose de nervuras, além de redução no desenvolvimento da planta são
outros sintomas observados. Os frutos podem se apresentar deformados, com
manchas necróticas e de tamanho reduzido. O PVY é transmitido por afídeos
(pulgões), e a aquisição do vírus pelo pulgão assim como sua transmissão
ocorrem durante a experimentação do inseto na planta, na chamada “picada
de prova”. Como medidas de controle, deve-se eliminar do campo plantas
hospedeiras alternativas, que podem servir como fonte do vírus e/ou do
vetor; evitar o estabelecimento de novas áreas de plantio próximas a lavouras
velhas e infectadas; plantar em períodos em que o vetor esteja presente em
baixas populações (Lima et al., 2019).

Mosaico amarelo do pimentão (Pepper yellow mosaic virus - PepYMV) –


Os sintomas em plantas doentes são mosaico amarelo, mosqueado e
distorção foliar, resultando em redução da produtividade. É transmitido
por afídeos (pulgões) da mesma maneira que o PVY. Como medidas
preventivas, reco-menda-se produzir as mudas em ambientes protegidos
com telas antiafídeos (evitar o contato com insetos e a transmissão do
vírus por afídeos vetores); destruir plantas daninhas hospedeiras do vírus e
dos vetores de vírus, dentro e nas proximidades da área cultivada; eliminar
os restos de cultura logo após a última colheita (Lima et al., 2019).

Vira-cabeça (Tomato spotted wilt orthotospovirus - TSWV; Groundnut


ringspot orthotospovirus - GRSV; Tomato chlorotic spot orthotospovirus -
TCSV) – Causada por pelo menos três espécies de tospovírus;
acarretam maiores prejuízos em condições de alta temperatura e baixa
umidade relativa do ar, favorecendo o aumento das populações do vetor
(tripes). Os sintomas são clorose e presença de anéis cloróticos e/ou
necróticos em folhas e frutos (inviabilizando a comercialização); necrose de
brotações, e nanismo acentuado da planta. As medidas de controle de vírus
são preventivas, como eliminar campos abandonados, erradicar plantas
com sintomas no plantio quando a incidência for baixa, manter o campo e
arredores livres de plantas daninhas. Produzir as mudas em local protegido
de insetos vetores, afastado dos campos de produção, e fazer o plantio em
épocas do ano desfavoráveis à manutenção de elevadas populações do vetor.
O plantio de mudas bem desenvolvidas pode retardar infecções precoces em
campo (Lima et al., 2019).
24 Circular Técnica 174

Nematoide das galhas (Meloidogyne spp.) – Ocorre com maior intensidade


durante o período mais quente do ano. A doença é mais severa em solos
arenosos. Pode se tornar limitante quando o plantio de pimenta é repetido
em uma mesma área ou quando se faz rotação com outra cultura suscetível
como quiabo, abóboras, alface, feijão de vagem e tomate. As plantas
afetadas apresentam sintomas que sugerem deficiência de água e de
nutrientes, ou seja, desenvolvimento abaixo do normal, amarelecimento das
folhas e murchamento. Estes sintomas ocorrem pela formação de galhas
(engrossamentos) e apodrecimento de raízes, que perdem a capacidade
normal de absorver água e nutrientes do solo. Para o controle de nematoides
das galhas deve-se evitar plantio em terrenos sabidamente infestados e
fazer rotação de culturas com gramíneas. Recomenda-se o uso de mudas de
qualidade e de matéria orgânica no plantio livre de inóculos de nematoides,
pois favorecem microrganismos antagônicos aos nematoides (Pinheiro et al.,
2012).

Informações sobre outros patógenos que afetam as pimentas Capsicum,


assim como as medidas de controle, ilustrações das doenças descritas
nesta publicação podem ser encontradas no capítulo “Doenças e métodos
de controle” do livro “Pimentas Capsicum” (Lopes; Henz, 2008), e sobre as
principais viroses que afetam a pimenteira na Circular Técnica 169 publicada
pela Embrapa Hortaliças (Lima et al., 2019).

Pragas

Dentre as pragas que afetam o cultivo em campo de pimenta jalapeño no


Brasil Central encontram-se os pulgões e tripes (vetores de viroses), ácaro
branco e brocas do ponteiro e frutos.

Pulgões [Myzus persicae (Sulzer), Macrosiphum euphorbiae (Thomas)


e Aphis gossypii Glover (Hemiptera: Aphididae)] – São insetos sugadores
de seiva e de corpo mole, e vetores de viroses (PVY e PepYMV) em
pimenteiras. As três espécies de pulgões atacam brotações, folhas e
ramos novos da planta. As folhas infestadas tornam-se enroladas,
encarquilhadas e os brotos ficam curvos e achatados. A excreção de
honeydew pelos pulgões favorece a formação de fumagina (película fina e
escura resultado do crescimento de fungos) sobre as folhas,
ramos e frutos, que pode causar
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 25

redução da fotossíntese e prejudicar a aparência dos frutos. Recomenda-se


o monitoramento do inseto, inspecionando os brotos, botões florais e a face
inferior de folhas, em busca de ninfas e adultos da praga. Pulgões adultos
alados podem ser monitorados com o uso de armadilhas adesivas amarelas
(Moura et al., 2013). Medidas de controle devem ser adotadas quando forem
encontrados os primeiros insetos nas plantas ou nas armadilhas. O uso de
inseticidas não é eficiente para prevenir a disseminação de viroses, uma vez
que os pulgões transmitem o vírus com uma simples picada de prova.

Tripes (Frankliniella schulzei, F. occidentalis, Thrips tabaci e T. palmi) – São


encontrados na face inferior das folhas, brotações, primórdios florais, flores
e hastes e ficam abrigados entre dobras e reentrâncias das plantas. Folhas
retorcidas, de tamanho reduzido e com estrias esbranquiçadas e prateadas,
superbrotamento da planta, flores com manchas marrons, aborto de flores,
frutos de tamanho reduzido, com manchas escurecidas, cicatrizes de vários
tipos e deformações, culminando na redução de produtividade. Todavia,
sua maior importância se deve à transmissão de vários vírus causadores
da doença “vira-cabeça” (Moura et al., 2013). Pode-se instalar armadilhas
adesivas de coloração azul para a captura de adultos e medidas de controle
devem ser adotadas quando forem encontrados os primeiros insetos nas
armadilhas ou nas plantas. Plantios novos em área próxima a plantios antigos
devem ser evitados, e plantas hospedeiras nativas e solanáceas silvestres
devem ser erradicadas da área. Os restos de culturas devem ser incorporados
ou queimados (Villas Bôas; França, 2008). Para o controle de pulgões, pode-
se pulverizar óleo mineral, óleo vegetal emulsionável ou inseticida botânico
a base de óleo de nim (Azadirachta indica) na concentração de 0,5%;
inseticidas biológicos a base dos fungos entomopatogênicos Lecanicillium
spp. e Beauveria bassiana (umidade relativa do ar superior a 70%); ou
suspensão de sabões ou detergente neutro com água.

Ácaro branco (Polygotarsonemus latus) – Plantas infestadas apresentam


folhas curvadas para baixo, endurecidas, ressecadas, bronzeadas e com
rasgaduras, podendo cair prematuramente; a face inferior da folha apresenta
aspecto vítreo e a extremidade dos ramos fica bronzeada. A desfolha
característica do ataque dessa espécie ocorre do ápice para a base da
planta. Também causa queda de flores e frutos pequenos e deformados,
comprometendo a produção. Em ataque intenso pode ocasionar a morte de
26 Circular Técnica 174

plantas novas. Devido ao seu tamanho diminuto, a presença do ácaro-branco


passa muitas vezes despercebida, sendo detectado somente quando já
causou injúrias severas às plantas. Recomenda-se inspecionar a face inferior
de folhas da parte superior das plantas, utilizando-se uma lupa de bolso
(aumento de 20 vezes). Iniciar o controle químico quando for detectado 10%
de folhas novas infestadas, com acaricidas específicos para o ácaro-branco,
que sejam registrados para a cultura (Agrofit, MAPA).

Brocas do ponteiro e dos frutos (Symmetrischema dulce, S. borsaniella


e T. absoluta) – Uma só lagarta pode danificar vários frutos e seus orifícios
de saída servem de entrada para algumas espécies de moscas, cujas
larvas favorecem o apodrecimento dos mesmos. Os frutos danificados que
permanecem na planta, ou aqueles que são colhidos enquanto colonizados
pelas lagartas ou larvas de moscas, contribuem para a deterioração de frutos
colhidos e embalados, causando grandes prejuízos (Villas Bôas; França, 2008;
Moura et al., 2013). Inspecionar ponteiros, botões florais e frutos em busca
de lagartas e sintomas de ataque das brocas. Para o monitoramento de T.
absoluta pode-se utilizar armadilha com feromônio sexual sintético, visando à
captura de mariposas machos. Frutos infestados encontrados sob as plantas
de pimenta devem ser destruídos para que novas infestações sejam evitadas.
Para infestação de T. absoluta, utilizar inseticidas registrados para a pimenta
(Agrofit, MAPA); ou controle biológico mediante liberação do parasitoide
de ovos Trichogramma preciosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae), em
combinação com inseticida biológico a base da bactéria Bacillus thuringiensis
ou inseticidas químicos seletivos a esse parasitoide.

Informações detalhadas sobre o manejo e ilustrações de pragas, inclusive


àquelas que não foram abordadas nesta publicação e que afetam as pimentas
do gênero Capsicum, podem ser encontradas no capítulo “Pragas e métodos
de controle” do livro “Pimentas Capsicum” (Villas Bôas; França, 2008) e na
Circular Técnica 115 publicada pela Embrapa Hortaliças (Moura et al., 2013).

Colheita e pós-colheita de ‘BRS Sarakura’


‘BRS Sarakura’ foi desenvolvida para colheita única, para isso foram
selecionadas plantas com maturação concentrada dos frutos. A colheita de
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 27

‘BRS Sarakura’ é feita a partir dos 100 até 110 dias após o plantio (Figura
8). O ponto de colheita dos frutos de ‘BRS Sarakura’ tem sido determinado
visualmente pelos produtores, quando os frutos atingem o tamanho máximo
de crescimento e a cor vermelha, demandada pela indústria processadora
de molhos. No entanto, a qualidade da matéria-prima que chega à indústria
normalmente é desuniforme, muitas vezes porque o agricultor só se preocupa
com o peso do fruto.

Uma matéria-prima de boa qualidade para a indústria processadora de molhos


deve apresentar elevado teor de sólidos solúveis totais (oBrix), baixos valores
de pH e acidez total titulável (ATT) (Gomes et al., 2019). Estudos desses
caracteres em frutos vermelhos totalmente desenvolvidos e túrgidos (ponto
ideal de colheita) de ‘BRS Sarakura’ (Figura 9), permitiram a definição de
valores de sólidos solúveis totais (6,8 oBrix), pH (5,2) e ATT (0,29 g/100mL de
ácido cítrico); se alcançados, esses valores permitirão ajustes na remuneração
dos frutos, além do peso. Pensando em praticidade, simplicidade e rapidez
na obtenção dos resultados, a análise do oBrix no recebimento dos frutos pela

Foto: Cláudia Ribeiro

Figura 8. Colheita da cultivar BRS Sarakura (Capsicum annuum) na Região Centro-


Oeste do Brasil.
28 Circular Técnica 174
Foto: Cláudia Ribeiro

Figura 9. Frutos de ‘BRS Sarakura’ (Capsicum annuum) completamente maduros e


ainda túrgidos, ponto ideal de colheita.

indústria parece ser o parâmetro mais adequado para complementar o dado


de peso. Além disso, o teor de sólido solúveis totais (oBrix) em frutos de ‘BRS
Sarakura’ apresenta uma forte correlação negativa com pH e ATT, que são
caracteres de grande importância para a qualidade final do molho de pimenta.

Os frutos graúdos de ‘BRS Sarakura’ são relativamente fáceis de serem


colhidos manualmente, sendo possível colher até 60 kg dia-1 operário-1. As
horas menos quentes do dia são as ideais para a colheita, porém, quando
isso não é possível, os frutos devem ser armazenados à sombra, em local
arejado e fresco. Posteriormente, os frutos devem ser acondicionados em
caixas plásticas (15 kg; Figura 10), ou outro tipo de embalagem demandado
pelo mercado.

Os maiores problemas das pimentas destinadas ao consumo in natura são


a rápida perda de água dos frutos (murchamento) e a descoloração do
pedúnculo. O armazenamento dos frutos em temperaturas inferiores a 7
o
C pode causar injúria por frio (‘chilling’), formando lesões deprimidas. Para
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 29

Foto: Cláudia Ribeiro


Figura 10. Frutos de pimenta jalapeño cultivar BRS Sarakura acondicionados em
caixas plásticas (15 kg).

evitar a perda acentuada de água, é recomendável deixar os frutos com o


pedúnculo e associar a refrigeração ao uso de embalagens plásticas, que
mantêm a umidade elevada (Henz; Moretti, 2008).

Um bom manejo agronômico durante a condução de ‘BRS Sarakura’ em


campo, assim como cuidados no manuseio dos frutos durante a colheita e
pós-colheita, permitem que a qualidade da matéria-prima se expresse em
sua plenitude.

Comercialização de pimenta jalapeño


Na forma in natura (frutos frescos), as pimentas jalapeños são
comercializadas principalmente para indústrias processadoras de molhos
e de outros produtos à base de pimentas, mediante contratos de produção
com os produtores. Outras formas de comercialização incluem as centrais
de abastecimento (Ceasas), que agrupam e redistribuem o produto para
30 Circular Técnica 174

o varejo (Figura 11A); venda para intermediários, que compram o produto


no campo e se responsabilizam pelo transporte e pela venda; e venda para
distribuidores e empacotadores, que embalam vários tipos de pimentas com
marca própria e as revendem para a rede de varejo (Figura 11B).

Formas de processamento de pimenta jalapeño


No Brasil, as pimentas do tipo jalapeño são utilizadas principalmente na
fabricação de molhos porque têm frutos graúdos, com polpas mais espessas,
e coloração vermelha quando maduros (Ribeiro et al., 2013). O consumo de
frutos frescos (verdes ou vermelhos) pelos brasileiros ainda é muito pequeno,
e são demandados principalmente por restaurantes de culinária mexicana.

Os frutos de pimenta jalapeño também podem ser processados verdes (Figura


12) na forma de molhos ou em conservas de frutos fatiados, desidratados e
defumados (chipotle), e ainda como ingrediente de alimentos processados,
como geleias. Chipotle (Figura 13) é o fruto de pimenta jalapeño verde ou
maduro, seco e defumado, muito usado pelos mexicanos e americanos como
condimento ou ainda no preparo de molhos especiais (DeWitt; Bosland, 2009).

Para a fabricação de molhos de pimenta, é importante utilizar matéria-prima


(frutos) de boa qualidade e sem danos físicos (frutos firmes). ‘BRS Sarakura’
Foto: Milza Lana

A B

Figura 11. Comercialização de frutos frescos de pimenta jalapeño: 11A. Frutos de


jalapeño comercializados no Mercado Central de Belo Horizonte-MG (Foto: Francisco
Reifschneider); 11B. Frutos de jalapeño verde comercializados em hipermercado em
Brasília-DF.
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 31

Foto: Cláudia Ribeiro


Figura 12. Planta de ‘BRS Sarakura’ com frutos verdes (imaturos).

Fonte: www.chilipeppermadness.com

Figura 13. Pimenta Chipotle, frutos de jalapeño (Capsicum annuum) desidratado e


defumado.
32 Circular Técnica 174

apresenta características de fruto que são padrão de qualidade para a


indústria de molhos de pimenta, como coloração de frutos maduros vermelha
intensa, pungência acima de 50.000 SHU, 6,8 oBrix, pH 5,2, firmeza de frutos
de 11 N, frutos grandes (11 cm x 3,5 cm) e espessura de parede em torno de
5,0 mm (Gomes et al., 2019).

Considerações finais
Após uma década do lançamento da cultivar BRS Sarakura, ainda não há no
mercado uma cultivar ou híbrido comercial que a supere em rendimento em
campo e industrial, assim como em qualidade de frutos, com características
que atendem tanto à indústria processadora de molhos quanto ao mercado
de frutos frescos. Após o término do uso exclusivo de ‘BRS Sarakura’ pela
empresa financiadora do projeto que permitiu o seu desenvolvimento, esta
cultivar tem grande potencial de ser cultivada em diferentes regiões do país,
e ser uma opção de cultura a pequenos produtores, principalmente em
localidades próximas a indústrias processadoras de molhos. Além disso, a
resistência múltipla a doenças permite a redução do uso de agroquímicos
durante o cultivo e de seus eventuais danos ao meio ambiente.

Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico Tecnológico e à Sakura-Nakaya Alimentos pelo apoio.
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 33

Referências
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Normalização Bibliográfica
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Projeto gráfico da coleção
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Editoração eletrônica
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Foto da capa
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