Circular Tecnica 174
Circular Tecnica 174
Circular Tecnica 174
CIRCULAR TÉCNICA
Cultivo da pimenta jalapeño
174 BRS Sarakura na Região
Centro-Oeste
Cláudia Silva da Costa Ribeiro
Francisco José Becker Reifschneider
Carlos Francisco Ragassi
Sabrina Isabel Costa de Carvalho
Brasília, DF
Fevereiro, 2021
Cultivo da pimenta jalapeño BRS Sarakura na Região Centro-Oeste 3
Características de planta
Hábito de crescimento: intermediário
Altura média: 40 cm
Largura média: 65 cm
Altura média da haste principal: 10 cm
Ciclo médio: 110 dias
Potencial produtivo: 60 t ha-1 (55,5 mil plantas ha-1)
Peso total médio de frutos/planta: 1,2 kg
Número médio de frutos/planta: 30
Foto: Francisco Reifschneider
Comprimento médio: 11 cm
Diâmetro médio: 3,5 cm
Espessura média do pericarpo: 5,0 mm
Peso médio: 40 g
Capsaicinoides totais: 58.000 SHU
Sólidos solúveis: 6,8 oBrix
pH: 5,2
Cor fruto maduro (relação a/b no padrão CIE-L*a*b*): 1,76
Época de plantio
Na Região Centro-Oeste, o cultivo de pimentas pode ser realizado pratica-
mente durante o ano todo, com irrigação suplementar no período seco.
Normalmente, o período de semeadura de jalapeño para produção de mudas
em ambiente protegido ocorre em janeiro e pode estender-se até o final de
fevereiro. O plantio de mudas no campo não deve ser feito durante a estação
chuvosa, que se estende até o final do mês de março, por dificultar o preparo
de solo, as operações envolvidas no plantio e os subsequentes tratos cultu-
rais e controles fitossanitários. Por outro lado, as temperaturas ficam muito
baixas a partir de junho e desfavorecem o desenvolvimento da planta, princi-
palmente se tiverem sido recém-transplantadas, atrasando o desenvolvimen-
to, a frutificação e, consequentemente, reduzindo a produtividade. Por isso, o
período adequado para o transplantio das mudas de pimenta jalapeño na
Região Centro-Oeste é muito pequeno e, como consequência, muitos plan-
tios acabam sendo feitos ainda durante o final da época chuvosa. Nesses
casos, é importante que se procure evitar a operação de plantio nos dias
chuvosos e com o solo encharcado. Plantios após o final
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Preparo da área
Para instalação do plantio direto, deve-se ter a área corrigida com relação à
acidez (pH) e eliminar ou reduzir problemas pré-existentes como compactação
do solo e infestação por plantas daninhas problemáticas como carurus, buvas,
trapoerabas, capim-pé-de-galinha e tiririca.
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Figura 3. Milheto com 75 dias após a semeadura, utilizado para formação de palhada.
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como cobertura do solo (Figura 4). O milho pode ser triturado a partir de 75
dias, nesse caso podem ser utilizadas sementes de paiol; ou ser efetivamente
cultivado até o final do ciclo, com aproveitamento da sua produção de grãos
para comercialização, sendo sua massa triturada após a colheita das espigas
e mantida sobre o solo.
Aos 15 dias após a semeadura para produção das mudas, realiza-se a roçagem
da cultura de cobertura. As mudas da jalapeño devem ser transplantadas por
volta de 35 dias após a semeadura, quando apresentarem de 3 a 4 folhas.
Entre 10 e 15 dias antes do transplantio, efetua-se a sulcação simultaneamente
à adubação para a cultura da pimenta, utilizando-se semeadora de milho ou
soja, no espaçamento de 0,6 m entre linhas. Toda a adubação de plantio,
especialmente fósforo, deve ser aplicada nesta operação, evitando-se que
o adubo seja aplicado a lanço, condição em que haveria maior perda dos
nutrientes. Três a quatro dias antes do transplantio, pode-se utilizar herbicida
dessecante em área total, a fim de se provocar a dessecação das plantas
daninhas que conseguiram se desenvolver apesar da palhada. Em casos
de infestação muito alta por plantas daninhas, apenas uma aplicação
de herbicida pode não ser suficiente. Nesses casos, recomenda-se uma
aplicação adicional tão logo as plantas daninhas apresentem de 3 a 4 folhas,
repetindo-se a aplicação do herbicida de 3 a 4 dias antes do transplantio,
para se reduzir o mato na fase inicial da cultura.
Fonte: adaptado de Comissão de Fertilidade de Solos de Goiás (1988), Ribeiro et al. (2008) e
SEBRAE (2012).
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Recomendação
Classe de fertilidade para P
P205 (kg ha-1)
Baixa 400-600
Média 200-400
Alta 100-200
As bandejas devem ser irrigadas nos horários mais frescos do dia, com água
em quantidade suficiente para que ocorra o início da drenagem (gotejamento)
na parte inferior da bandeja. Caso haja necessidade, deve ser feita uma
adubação foliar após o desbaste, pulverizando-se as mudas com uma solução
de adubo foliar com formulação de macro + micronutrientes.
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Figura 6. Produção de mudas: 6A. Estufa com laterais com tela anti-afídeos (Foto:
Sabrina Carvalho); 6B. Bandeja com uma plântula por célula (Foto: Cláudia Ribeiro);
6C. Bandejas sobre bancada de fios arame a 60-70 cm do solo (Foto: Marçal Jorge);
6D. Muda de pimenta jalapeño pronta para transplantio, com ~15 cm de altura.
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Irrigação
O solo deve ser irrigado previamente ao transplantio de mudas e, também,
logo após o plantio, para reduzir o estresse da planta. As irrigações devem
ser realizadas a cada um a dois dias até o estabelecimento das mudas. A
irrigação realizada antes do plantio deve ser suficiente para elevar a umidade
nos primeiros 30 cm de solo até a capacidade de campo. A lâmina de água
a ser aplicada varia de 15 mm a 25 mm para solos de textura grossa e de 30
mm a 50 mm para os de texturas média ou fina.
Pragas
‘BRS Sarakura’ é feita a partir dos 100 até 110 dias após o plantio (Figura
8). O ponto de colheita dos frutos de ‘BRS Sarakura’ tem sido determinado
visualmente pelos produtores, quando os frutos atingem o tamanho máximo
de crescimento e a cor vermelha, demandada pela indústria processadora
de molhos. No entanto, a qualidade da matéria-prima que chega à indústria
normalmente é desuniforme, muitas vezes porque o agricultor só se preocupa
com o peso do fruto.
A B
Fonte: www.chilipeppermadness.com
Considerações finais
Após uma década do lançamento da cultivar BRS Sarakura, ainda não há no
mercado uma cultivar ou híbrido comercial que a supere em rendimento em
campo e industrial, assim como em qualidade de frutos, com características
que atendem tanto à indústria processadora de molhos quanto ao mercado
de frutos frescos. Após o término do uso exclusivo de ‘BRS Sarakura’ pela
empresa financiadora do projeto que permitiu o seu desenvolvimento, esta
cultivar tem grande potencial de ser cultivada em diferentes regiões do país,
e ser uma opção de cultura a pequenos produtores, principalmente em
localidades próximas a indústrias processadoras de molhos. Além disso, a
resistência múltipla a doenças permite a redução do uso de agroquímicos
durante o cultivo e de seus eventuais danos ao meio ambiente.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico Tecnológico e à Sakura-Nakaya Alimentos pelo apoio.
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Referências
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Normalização Bibliográfica
Antonia Veras de Souza
Tratamento de ilustrações
André L. Garcia
Projeto gráfico da coleção
Carlos Eduardo Felice Barbeiro
Editoração eletrônica
André L. Garcia
Foto da capa
Cláudia Ribeiro