FILOSOFIA - 11. Epistemologia - Racionalismo de Descartes

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RACIONALISMO DE RENÉ DESCARTES FILOSOFIA

A possibilidade de conhecimento

RACIONALISMO

Descartes foi um filósofo racionalista, considerando a Razão a fonte principal do


conhecimento, a fonte do conhecimento universal e necessário. Atribuindo um grande valor
à Razão, Descartes procurou também aí os fundamentos do conhecimento, a favor de
superar os argumentos dos céticos radicais.

Descartes seguiu um método inspirado na matemática para a conquista da


verdade.
- A sabedoria humana permanece una e idêntica.
- A filosofia é comparada a uma árvore, cujas raízes equivalem à metafísica, o tronco
à física e os ramos a todas as outras ciências.

As quatro regras do método - evidência, análise, síntese e enumeração/ revisão


- permitirão guiar a Razão, orientando devidamente as operações fundamentais do espírito:
intuição e dedução.
INTUIÇÃO DEDUÇÃO

Ato de apreensão direta e imediata de noções Encadeamento de intuições, envolvendo um


simples, evidentes e indubitáveis. movimento do pensamento, desde os
princípios evidentes até às consequências
necessárias.

A DÚVIDA
A dúvida traduz um momento importante do método. Por meio dela, recusaremos
todas as crenças em que notamos a mínima suspeita de incerteza.
A dúvida é posta ao serviço da verdade. Descartes adota inicialmente a postura de
cético, sujeitando à dúvida todas as crenças. É necessário colocar tudo em causa, no
processo de busca dos princípios fundamentais e indubitáveis. Se alguma crença resistir à
dúvida, então ela poderá ser a base ou o fundamento para as restantes.

A dúvida justifica-se:
- por causa dos preconceitos e dos juízos precipitados formulados na infância;
- porque os sentidos, muitas vezes, enganam;
- porque não dispomos de um critério que permita discernir o sono da vigília;
- porque alguns seres humanos de enganaram nas demonstrações
matemáticas;
- porque é possível que exista um deus enganador ou um génio maligno, que
nos ilude a respeito da verdade.

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RACIONALISMO DE RENÉ DESCARTES FILOSOFIA
A possibilidade de conhecimento

Características da dúvida cartesiana:


a) metódica e provisória: é um meio para atingir a certeza e a verdade, não um fim
em si mesma;
b) hiperbólica: rejeita como se fosse falso tudo aquilo que se note a mínima suspeita
de incerteza;
c) universal e radical: incide não só sobre o conhecimento em geral, como também
sobre os seus fundamentos e raízes.

A dúvida cartesiana constitui um exercício voluntário e uma suspensão do juízo.


Tem uma função catártica: liberta o espírito dos erros e preconceitos, abrindo caminho à
possibilidade de reconstruir, com fundamentos sólidos, o edifício do saber.
Sendo um ato livre da vontade, a dúvida acabará por conduzir a verdade
incontestável: a afirmação da minha existência, enquanto um ser que pensa e que duvida.
Penso, logo existo trata-se de uma afirmação evidente e indubitável, de uma certeza
inabalável, obtida por intuição, de modo inteiramente racional e a priori, e que servirá de
paradigma para as várias afirmações verdadeiras.

‘COGITO’
O cogito fornece o critério de verdade: clareza e distinção. É verdadeiro e
evidente o que concebemos muito claramente e muito distintamente. O cogito constitui uma
crença fundacional ou básica: serve de alicerce a todo o sistema de saber.
A existência é indissociável do pensamento. A natureza do sujeito consiste no
pensamento, que se refere a toda a atividade consciente e equivale à alma, a qual é
distinta do corpo e conhecida antes dele e de tudo o resto.

A IDEIA DE UM GÉNIO MALIGNO


Como ainda não se afastou a hipótese de um Deus enganador, necessita-se de
demonstrar a existência de um Deus que não nos engane, afastando a ameaça do
ceticismo. Além disso, o cogito é uma certeza subjetiva.

TIPOS DE IDEIAS PRESENTES NO SUJEITO


● ADVENTÍCIAS: têm origem na experiência sensível.
● FACTÍCIAS: são fabricadas pela imaginação.
● INATAS: são ideias constitutivas da própria Razão.

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A possibilidade de conhecimento

Entre as ideias inatas, encontra-se a ideia de ser perfeito, que permite a Descartes
demonstrar a existência de Deus. Ele fá-lo através:
- do argumento ontológico: na sua ideia de ser perfeito, está implícita a existência
desse ser perfeito (Deus), pois a existência é uma das suas perfeições;
- do argumento da marca impressa: a causa da presença em nós da ideia de ser
perfeito é Deus;
- e do argumento segundo o qual a causa da existência do ser pensante e imperfeito
só pode ser Deus.

Deus, sendo perfeito, não é enganador. É a garantia da verdade objetiva das ideias
claras e distintas. Ele garante a adequação entre o pensamento evidente e a realidade,
legitimando o valor da ciência e conferindo objetividade ao conhecimento. Deus é o
princípio do ser e do conhecimento.
Uma vez provada a existência de Deus, Descartes irá também provar a existência
do corpo e das coisas exteriores em geral, apoiado na certeza de que Deus não o
engana. Poderá, assim, superar todos os argumentos dos céticos radicais.

TIPOS DE SUBSTÂNCIAS
Podem ter-se ideias claras e distintas de três tipos de substâncias:
Tipos de substâncias Atributos essenciais

Substância pensante pensamento

Substância extensa extensão

Substância divina vários atributos, todos eles numa perfeição infinita

Para Descartes, o fundamento é o conhecimento é o cogito, crença fundacional e


primeira verdade, e outras ideias claras e distintas da Razão. Todavia, este fundamento
depende do princípio de toda a realidade: Deus.
A perspetiva cartesiana está sujeita a uma objeção: o círculo cartesiano (é o facto de
ser clara e distinta a ideia que temos de Deus que nos garante que Deus existe).
Ao depositar grande confiança na Razão, considerando ser possível alcançar a
certeza e a verdade, a filosofia cartesiana enquadra-se no dogmatismo, opondo-se ao
ceticismo de Hume.

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