Produtividade Setorial Final

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O Brasil em Comparações Internacionais de Produtividade:

Uma Análise Setorial


Fernando Veloso, Silvia Matos, Pedro Cavalcanti Ferreira e Bernardo Coelho1

1. Introdução
Como mostra a análise comparativa feita neste volume, a produtividade do trabalho 2
brasileira é baixa em comparação com os países desenvolvidos e mesmo em relação a
alguns países da América Latina, como o Chile.3 Além disso, após um período de
convergência para a produtividade dos Estados Unidos no pós-guerra, a produtividade
brasileira cresceu pouco desde 1980, o que reverteu a trajetória de convergência para a
fronteira tecnológica.4
Como discutiremos em mais detalhe na próxima seção, a literatura recente tem
enfatizado a importância de analisar o comportamento da produtividade em diferentes
setores da economia para entender a evolução da produtividade agregada. 5 Em particular,
argumenta-se que o setor de serviços, ou algumas das atividades que compõem o setor
(serviços tradicionais), são menos dinâmicas que segmentos da indústria de
transformação e do próprio setor de serviços (serviços modernos). Na medida em que o
setor de serviços tende a absorver a maior parcela do emprego ao longo do processo de
desenvolvimento, a evolução da sua produtividade torna-se determinante para a dinâmica
da produtividade agregada. 6
Por outro lado, diversos autores argumentam que existem diferenças significativas
de produtividade setorial entre países. Em particular, a produtividade do setor de serviços
em países desenvolvidos é muito superior à de países em desenvolvimento.7 O mesmo se
verifica na indústria e na agricultura, embora existam evidências de convergência na
produtividade da indústria manufatureira. 8
O objetivo deste capítulo é fazer comparações internacionais de produtividade
setorial e analisar em que medida a baixa produtividade brasileira está associada a
diferenças no nível de produtividade setorial ou na participação do emprego em cada
setor. Para isso, utilizamos dados de produtividade e emprego de 35 atividades
econômicas e dos três grandes setores: agropecuária, indústria e serviços. Além disso,

1
Fernando Veloso, Silvia Matos e Bernardo Coelho são pesquisadores da FGV/IBRE. Pedro Cavalcanti
Ferreira é professor da FGV/EPGE.
2
Neste capítulo utilizaremos o termo “produtividade” para designar a produtividade do trabalho.
3
Ver capítulo de Regis Bonelli, Fernando Veloso e Armando Castelar Pinheiro neste volume. Gomes et al.
(2003), Ferreira e Veloso (2013) e Bonelli e Fontes (2013) também fazem comparações internacionais da
produtividade do trabalho brasileira.
4
Vários estudos documentam o baixo crescimento da produtividade brasileira desde 1980. Dentre os mais
recentes, podem ser mencionados Bonelli e Bacha (2013) e Barbosa Filho e Pessôa (2014), além dos citados
na nota de rodapé anterior.
5
Herrendorf et al. (2014) fazem um survey da literatura.
6
Por exemplo, vale mencionar os trabalhos pioneiros de William Baumol (Baumol, 1967, Baumol et al.,
1985) e, mais recentemente, vários artigos de Dani Rodrik, em particular Rodrik (2016).
7
Ver Baily e Solow (2001) e Duarte e Restuccia (2010, 2016), por exemplo.
8
Restuccia et al. (2008) documentam as diferenças de produtividade na agricultura e Rodrik (2013)
apresenta evidências de convergência da produtividade da manufatura.

1
diante da heterogeneidade do setor de serviços, adotaremos uma desagregação desse setor
em serviços tradicionais e modernos.
Para avaliar a importância relativa da alocação do emprego e do nível da
produtividade setorial para o comportamento da produtividade agregada, faremos dois
exercícios contrafactuais. O primeiro modifica a distribuição de mão de obra brasileira
entre setores, preservando a produtividade de cada setor. O segundo altera a produtividade
de cada setor e mantém a distribuição intersetorial da mão de obra.
As comparações serão feitas com o uso de dados de valor adicionado e emprego
da Socio Economic Accounts. Para construirmos uma medida de produtividade que possa
ser utilizada em comparações internacionais, empregamos inicialmente o indicador de
paridade de poder de compra (PPP) de cada economia disponível na Penn World Table
8.1. Em seguida, utilizamos uma medida de PPP de serviços do Growth and Development
Centre Productivity Level Database para efetuar comparações internacionais da
produtividade desse setor.
O capítulo está dividido em seis seções, incluindo esta introdução. A segunda
seção analisa brevemente a literatura sobre produtividade do trabalho setorial no Brasil e
em outros países. A terceira seção discute questões referentes à base de dados e à
metodologia de cálculo da produtividade setorial do trabalho. A quarta seção apresenta
os principais resultados das comparações internacionais de produtividade setorial e dos
exercícios contrafactuais, utilizando uma medida de PPP agregada. A quinta seção
apresenta resultados para o setor de serviços usando uma medida de PPP específica para
o setor e considerando uma classificação de serviços tradicionais e modernos. A última
seção resume as principais conclusões.

2. Literatura sobre produtividade do trabalho setorial


Uma característica marcante do desenvolvimento econômico é o processo de
transformação estrutural, definido como o deslocamento da atividade econômica entre
diferentes setores ao longo do tempo. Em geral, toda economia passa por uma redução da
participação do setor agrícola e um aumento da importância do setor de serviços no
emprego e no PIB ao longo do tempo. A participação relativa da indústria tende a se
elevar inicialmente, mas posteriormente cede lugar ao setor de serviços.
Como a produtividade média do trabalho na agricultura em geral é menor que nos
outros setores, a transformação estrutural provoca um aumento da produtividade agregada
da economia nos seus estágios iniciais. Na medida em que a indústria perde importância
relativa para os serviços, no entanto, é possível que a produtividade agregada desacelere,
já que a indústria (em particular, a indústria de transformação) em geral se caracteriza por
uma produtividade do trabalho mais elevada.
Essas observações motivaram uma linha de pesquisa que enfatiza a ideia de que a
baixa produtividade (tanto em nível com em taxa de crescimento) de alguns países está
associada a uma predominância do emprego em atividades de baixa produtividade e/ou
pouco dinamismo. De fato, Baumol (1967) apresentou evidências de que a produtividade
do setor de serviços tende a crescer menos que a da indústria. Como a demanda por
serviços aumenta com a renda per capita, torna-se necessário alocar uma parcela crescente
da população ocupada no setor. Em consequência, a dinâmica da produtividade agregada
passa a ser progressivamente determinada pelo baixo crescimento da produtividade dos
serviços.

2
Essa interpretação foi posteriormente qualificada em Baumol et al. (1985), que
distinguem alguns setores de serviços com crescimento elevado da produtividade
(serviços modernos) de outros com baixo crescimento (serviços tradicionais). Neste caso,
a dificuldade de elevar a produtividade está associada ao aumento da proporção da
população ocupada nos serviços tradicionais ao longo do tempo.
Rodrik (2016) apresenta evidências de que nas últimas décadas o deslocamento
da produção e emprego da indústria de transformação para o setor de serviços tem
ocorrido em níveis de renda per capita menores que no passado. Segundo o autor, caso
essa tendência se consolide, as economias em desenvolvimento terão menor espaço para
elevar sua produtividade por meio da realocação de trabalho entre setores e dependerão
mais do aumento da produtividade setorial, especialmente no setor de serviços.
Ferreira e Silva (2015) estudam o impacto da transformação estrutural na trajetória
de produtividade dos países da América Latina. Além da agricultura e indústria, analisam
o comportamento da produtividade em serviços modernos e tradicionais. Os autores
mostram que a transformação estrutural explica uma parte considerável da convergência
da produtividade da região para a dos Estados Unidos entre 1950 e 1980 (mais de 40%
no caso brasileiro). Mostram também que, na maioria dos casos, o fraco desempenho do
setor de serviços tradicionais é a principal causa da desaceleração do crescimento da
produtividade na região a partir de meados da década de 1970 e é um fator chave para
explicar a divergência em relação à fronteira tecnológica durante este período. Em estudo
comparativo da América Latina e Ásia, McMillan e Rodrik (2011) argumentam que desde
1990 a transformação estrutural na América Latina tem contribuído para uma redução do
crescimento da produtividade agregada. Segundo os autores, ao contrário do observado
na América Latina, a transformação estrutural contribuiu para a aceleração do
crescimento na Ásia no mesmo período, o que explica grande parte da diferença na
trajetória da produtividade agregada entre as duas regiões.
Outra linha de investigação enfatiza as diferenças de produtividade setorial entre
países. Nesse caso, a ideia é que a baixa produtividade agregada de alguns países está
associada a uma menor produtividade em setores específicos (ou em todos os setores) da
economia, em comparação com outros países. Nesse sentido, vários estudos recentes
procuram entender em que medida diferenças nas produtividades setoriais contribuem
para explicar a diferença de produtividade agregada entre países, assim como sua
dinâmica ao longo do tempo.
Dentre os estudos comparativos sobre a produtividade da agricultura, Restuccia et
al. (2008) mostram que a produtividade agrícola em países pobres é bastante inferior à de
países ricos. Adamopoulos e Restuccia (2014), por sua vez, apresentam evidências de que
a baixa produtividade da agricultura em países pobres está associada à existência de um
grande número de firmas pequenas e pouco produtivas. No que diz respeito à indústria de
transformação, Rodrik (2013) apresenta evidências de convergência da produtividade da
manufatura entre países. O autor argumenta que a produção de bens comercializáveis
internacionalmente facilita a transferência de tecnologia na indústria de transformação,
via canais de comércio e investimento direto, o que permite aos países com menor
produtividade reduzir a distância para a fronteira tecnológica ao longo do tempo. Duarte
e Restuccia (2010), por sua vez, mostram que diferenças na produtividade de serviços
explicam grande parte da disparidade de produtividade agregada entre países. 9 Além

9
Em estudo sobre a produtividade dos serviços baseado em dados microeconômicos, Baily e Solow (2001)
mostram que países desenvolvidos são muito mais produtivos, e que isso decorre de formas mais eficientes

3
disso, os autores mostram que episódios de desaceleração, estagnação e queda da
produtividade agregada são explicados pelo baixo crescimento da produtividade de
serviços. Duarte e Restuccia (2016) investigam o setor de serviços em mais detalhe e
documentam grandes diferenças de produtividade entre países tanto em serviços
tradicionais como modernos.
Na mesma linha, um estudo do BID (Pagés, 2010) mostra que a divergência de
crescimento da produtividade da América Latina em relação aos Tigres Asiáticos a partir
da década de 1960 está fortemente associada ao menor crescimento da produtividade de
serviços nos países latino-americanos. Além disso, a pesquisa compara a produtividade
da agricultura, indústria e serviços da América Latina com a dos Estados Unidos. A
conclusão é que a maior distância em relação à produtividade americana é verificada no
setor de serviços.
No Brasil, a literatura recente tem documentado a importância da realocação
setorial do emprego e da evolução da produtividade setorial para a dinâmica da
produtividade agregada.10 No que diz respeito às mudanças na composição setorial,
Bonelli e Fontes (2013) mostram que, no período 2000-2009, cerca de metade do
crescimento da produtividade do trabalho agregada do Brasil decorreu de mudanças na
composição do emprego em favor dos setores mais produtivos, especialmente da
agropecuária para os serviços. No entanto, no período 2009-2012, o componente
estrutural teve contribuição de somente 3%.11
Em relação à evolução da produtividade setorial, Veloso et al. (2014) mostram
que, por trás do baixo crescimento da produtividade agregada desde 1995, existe grande
heterogeneidade na trajetória das produtividades nos três grandes setores da economia.
Enquanto a produtividade da agropecuária cresceu a taxas elevadas entre 1995 e 2012
(5,7% a.a.), a indústria teve queda da produtividade (-0,3% a.a.) e o setor de serviços teve
um pequeno avanço (0,4% a.a.).
Alguns trabalhos analisam o desempenho da produtividade em setores
específicos. Bustos et al. (2016) mostram que a adoção de tecnologias poupadoras de mão
de obra na agricultura brasileira teve grande impacto positivo na produtividade do setor
e contribuiu para a expansão da indústria. Bonelli (2015) mostra que, em comparação
com o início da década de 1950, houve modesta convergência da produtividade da
indústria brasileira em direção à produtividade dos Estados Unidos. Utilizando dados da
Pesquisa Anual de Serviços, Arbache (2015) documenta a baixa produtividade e pouco
dinamismo do setor de serviços no Brasil. Lisboa e Pessôa (2013), por outro lado,
argumentam que a aceleração do crescimento da produtividade a partir de 2004 está
fortemente associada ao aumento da produtividade dos serviços, principalmente no
comércio e na intermediação financeira. 12

de organização da produção e de uma proporção maior de empresas médias e grandes, enquanto em países
em desenvolvimento predominam empresas de pequeno porte.
10
Ferreira e Veloso (2013) apresentam uma análise da importância da realocação setorial do emprego e da
evolução das produtividades setoriais para o crescimento brasileiro no pós-guerra.
11
Squeff e De Negri (2014) fazem um exercício similar e encontram que, embora as mudanças estruturais
ocorridas na economia brasileira nos anos 2000 tenham contribuído para o crescimento da produtividade
agregada, o fator que mais explica a evolução da produtividade agregada no período é a evolução da
produtividade intrassetorial.
12
Veloso et al. (2014) mostram que, entre 2003 e 2012, a produtividade do setor de serviços cresceu em
média 1,7% ao ano, o que explica a aceleração do crescimento da produtividade agregada no período.
Porém, isso em parte reflete um processo de recuperação da produtividade do setor, pois somente em 2006
a produtividade dos serviços atingiu o nível de 2000. Dentro do setor de serviços, a aceleração do

4
Em estudo recente, Miguez e Moraes (2014) fazem uma análise comparativa da
produtividade setorial do Brasil com os Estados Unidos, Alemanha, México e China. Os
autores também realizam exercícios contrafactuais para quantificar a importância relativa
do nível das produtividades setoriais e da alocação da população ocupada nos diferentes
setores para explicar a distância em relação à fronteira tecnológica. No entanto, o trabalho
não utiliza nenhum índice de paridade de poder de compra para corrigir diferenças de
preço entre os países. Isso pode ter impacto significativo em análises comparativas de
produtividade, na medida em que o nível de preço de alguns setores, em particular
serviços, tende a ser menor em países em desenvolvimento em comparação com países
desenvolvidos, o que pode resultar em uma estimativa subestimada da produtividade
desses setores. Também pode ser verificado um valor superestimado da produtividade em
atividades cujos preços sejam comparativamente mais elevados.
Essa breve revisão da literatura evidencia a importância do estudo comparativo da
produtividade setorial e, em particular, do setor de serviços. A seguir, examinaremos em
que medida a baixa produtividade brasileira está associada a uma proporção elevada da
mão de obra em setores pouco produtivos e/ou a uma baixa produtividade setorial.

3. Base de dados e metodologia


A medida de produtividade do trabalho setorial utilizada neste capítulo é a razão entre o
valor adicionado e a população ocupada em cada setor, construída a partir de dados da
Socio Economic Accounts (SEA). A SEA é uma base de dados que faz parte do World
Input-Output Database (WIOD) e contém informações de produto, emprego, estoque de
capital e nível educacional da mão de obra para 40 países e 35 setores da economia,
abrangendo o período 1995-2009. Como grande parte das informações foi extraída do EU
KLEMS, uma base de dados da União Europeia, 28 países (70%) da SEA são países
europeus. Os setores da economia estão distribuídos entre agropecuária, 17 setores que
compõem a indústria e 17 que integram o setor de serviços.
A SEA possui dados de valor adicionado em moeda nacional corrente e índices
de preços que possibilitam gerar uma série de valor adicionado setorial a preços
constantes para o período 1995-2009.13 Para cada país, a razão entre o valor adicionado a
preços constantes e o emprego gera a produtividade do trabalho em moeda local, a preços
do ano escolhido. Para possibilitar a comparação internacional é necessário expressar a
produtividade em preços internacionais, utilizando uma medida de paridade de poder de
compra (PPP, na sigla em inglês).
A grande maioria dos artigos que fazem análises comparativas de produtividade
setorial utiliza uma medida de PPP agregada, ou seja, um preço comum a todos os setores
da economia. No entanto, esta hipótese não é necessariamente válida. Em particular,
países mais pobres em geral são abundantes em mão de obra, o que resulta em preços
menores em setores intensivos em mão de obra, como serviços, através do mecanismo
conhecido como o efeito Harrod-Balassa-Samuelson (HBS).
Dessa forma, ao trabalhar com a PPP agregada podemos ignorar importantes
diferenças de preços setoriais, que são particularmente importantes ao comparar a

crescimento da produtividade foi particularmente forte no comércio e intermediação financeira, como


constatado em Lisboa e Pessôa (2013).
13
Os dados de emprego e valor adicionado a preços correntes estão disponíveis até 2011. No entanto, o
índice de preços do valor adicionado, necessário para calcular o valor adicionado a preços constantes, só
está disponível até 2009. Por esse motivo, os dados somente nos possibilitam trabalhar com o período 1995-
2009.

5
produtividade setorial de países desenvolvidos com países em desenvolvimento. No
entanto, a dificuldade de se obter dados de preços relativos setoriais faz com que a PPP
agregada acabe sendo empregada na grande maioria dos estudos.
Neste capítulo utilizaremos inicialmente o índice de PPP agregada da Penn World
Table (PWT) em sua versão 8.1 para expressar as produtividades setoriais em preços
internacionais. 14 Em seguida, refinaremos a comparação internacional ao levar em
consideração as diferenças dos preços dos serviços entre países. Especificamente,
utilizaremos dados de PPP para o setor de serviços do Groningen Growth and
Development Centre Productivity Level Database, elaborados por Inklaar e Timmer
(2014).15
Essa base de dados disponibiliza informações de preços relativos e produtividade
do trabalho para 42 países16 e 35 setores, seguindo a classificação da SEA, e utiliza os
resultados de 2005 do International Comparisons Program (ICP). A base do ICP possui
preços ao consumidor de cerca de mil produtos e serviços (no nível mais desagregado)
para 146 países. É importante destacar que o ICP mede os preços sob a ótica do
consumidor e não do produtor. Isso coloca algumas dificuldades no que diz respeito ao
cálculo de PPPs setoriais, como discutiremos adiante.
Para construir preços relativos setoriais, Inklaar e Timmer (2014) utilizam o
sistema Geary-Khamis (Geary, 1958; Khamis, 1970), como proposto por Feenstra et al.
(2009), para gerar preços de consumo interno, consumo intermediário, exportação e
importação. Para utilizar dados originados no consumo para a construção de medidas de
produtividade – que utilizam a ótica da oferta – é necessário definir uma correspondência
entre categorias de despesa e setores, o que requer uma série de hipóteses relativas, por
exemplo, aos custos ao produtor, à alocação dos investimentos, etc.
Os autores encontram uma grande dispersão de preços relativos, com destaque
para o setor de serviços. Em particular, o aumento do nível geral de preços nos países
desenvolvidos é explicado pela elevação de preços dos serviços classificados como non-
market, que incluem educação, saúde e serviços públicos. Esse resultado decorre
principalmente da alta intensidade do fator trabalho nessa categoria de serviços.
O Groningen Growth and Development Centre Productivity Level Database
disponibiliza preços relativos para todos os 35 setores, abrangendo agropecuária,
indústria e serviços. Porém, avaliamos que a metodologia de Inklaar e Timmer (2014) é
mais robusta para o setor de serviços, por dois motivos principais. Primeiro, serviços são,
em geral, não comercializáveis, de forma que os preços ao consumidor e ao produtor
tendem a ser mais próximos, pois os custos de transporte são pouco relevantes. Para
construir os preços relativos para produtos industriais a partir de preços ao consumidor
do ICP, foram necessárias diversas hipóteses,17 tornando o resultado menos robusto.

14
O Apêndice descreve o procedimento adotado para calcular as produtividades setoriais usando a PPP
agregada da PWT 8.1. Para maiores informações sobre a PWT 8.1, ver Feenstra et al. (2015). Recentemente
a PWT foi atualizada com a divulgação da versão 9.0. Neste capítulo usamos a PWT 8.1 porque essa versão
tem como referência a coleta de preços realizada pelo International Comparisons Program em 2005, que
foi empregada para o cálculo das produtividades setoriais em Inklaar e Timmer (2014). De qualquer forma,
os principais resultados apresentados neste capítulo são confirmados se usarmos a PWT 9.0.
15
A base de dados e o artigo estão disponíveis no site: http://www.rug.nl/research/ggdc/data/ggdc-
productivity-level-database.
16
Os países disponíveis são os mesmos 40 países da base de dados da SEA, com exceção de Taiwan. Além
disso, os autores acrescentam dados da Argentina, Chile e África do Sul, totalizando 42 países.
17
Os preços do produto final são extraídos dos preços ao consumidor. A metodologia consiste em descontar
dos preços da demanda final os custos estimados de transporte e de impostos. Como esses preços são

6
Segundo, a classificação do consumo e dos produtos é mais direta no caso dos serviços.18
Consequentemente, vamos utilizar os preços setoriais apenas para a análise do setor de
serviços.19
Nas comparações internacionais apresentadas a seguir, utilizamos uma amostra de
39 países20 e agregamos os 35 setores originais nas categorias tradicionais de
agropecuária, indústria e serviços.21

4. Resultados usando PPP agregada

4.1. Produtividade setorial e alocação setorial do emprego


Nesta seção fazemos comparações internacionais de produtividade setorial usando a PPP
agregada. O Gráfico 1 mostra que, como seria de se esperar, há forte correlação positiva
entre produtividade agregada e renda per capita.22 O Brasil é um dos países com menor
produtividade da amostra da SEA, juntamente com China, Índia e Indonésia. Podemos
observar que a produtividade brasileira é um pouco menor que a prevista para países com
nível de renda per capita similar, dada pela linha pontilhada. Dentre os países de maior
produtividade, encontram-se os Estados Unidos, seguidos de perto pela Irlanda e, em
patamar mais abaixo, França, Canadá e Austrália. 23

computados para um conjunto de países, leva-se em consideração também a diferença dos custos de
transporte e dos impostos entre eles. Além disso, o preço ao consumidor embute diversos custos de serviços
de distribuição e de marketing. Segundo Burstein et al. (2003), a margem de distribuição para os Estados
Unidos é bem elevada, em torno de 50% do preço ao consumidor. Consequentemente, o preço ao
consumidor é apenas uma estimativa do preço ao produtor.
18
A classificação dos serviços sob a ótica do produto é equivalente à ótica do consumo em diversos casos,
como saúde e educação. No caso de setores que utilizam bens intermediários é mais difícil estabelecer uma
correspondência entre o bem consumido e o setor produtivo, como o caso de alimentos industrializados
que, para o consumidor, representam um bem único, mas que sob a ótica do produto possuem uma parcela
de bens agrícolas e industriais.
19
De qualquer forma, para verificar a robustez dos resultados, também fizemos cálculos de produtividade
utilizando PPPs setoriais para a agropecuária e indústria. As principais conclusões do capítulo permanecem
válidas nesse caso. Alguns resultados são apresentados adiante.
20
A SEA disponibiliza dados de produtividade para 40 países, mas excluímos a Grécia da análise. Em 2009,
a produtividade do trabalho do setor imobiliário na Grécia foi mais de 5 vezes superior à dos Estados
Unidos, indicando que pode haver algum erro de medida para esse setor, o que faz com que a produtividade
do setor de serviços da Grécia seja superestimada. Além disso, para a análise com PPP dos serviços,
utilizamos, além dos dados da SEA, os dados do Groningen Growth and Development Centre Productivity
Level Database, que não possui preços relativos para Taiwan. Dessa forma, utilizamos uma amostra com
39 países quando trabalhamos com a PPP agregada e 38 países quando analisamos a produtividade com
base na PPP de serviços.
21
A lista de países e a classificação setorial adotada neste capítulo são apresentadas no Apêndice.
22
Os acrônimos de cada país apresentados nos gráficos deste capítulo seguem a classificação adotada pelo
Banco Mundial. Apresentamos no Apêndice a lista dos países que correspondem a cada acrônimo.
23
Luxemburgo foi excluído dos gráficos – mas não da análise – por possuir uma renda per capita muito
superior à dos demais países, sendo 77% maior que a do segundo país mais rico (Estados Unidos).

7
Gráfico 1: Renda per Capita e Produtividade Total – PPP Agregada

100.000

90.000 USA
IRL
80.000
Produtividade (US$ PPP)

70.000 TWN CAN


BEL AUS
JPN FRA NLD
60.000 DEU AUT
ITAGBRFIN SWE
ESP DNK
50.000 KOR
MLT
SVN
40.000 SVK CZE
CYP
PRT
TUR POLHUN
30.000 LTUEST
MEX LVA
20.000 ROU RUS R² = 0,8994
CHN BGR
BRA
10.000 IND IDN
0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
Renda per capita (US$ PPP)

Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP obtida da Penn World Table 8.1. A renda per capita foi obtida do Conference
Board. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.
Analisando-se separadamente os principais setores da economia, a correlação
positiva entre produtividade e renda per capita permanece, embora sua magnitude varie
dependendo da atividade considerada. Em todos os setores o Brasil encontra-se entre os
países de menor produtividade. Embora isso não seja surpreendente, diante do fato de que
a amostra da SEA é composta em sua maioria por países desenvolvidos, a diferença em
relação a esses países é muito grande, como mostraremos em mais detalhe nas análises
contrafactuais adiante.
No caso da agropecuária, enquanto a produtividade brasileira é um pouco menor
que a de países com nível de renda per capita similar, Estados Unidos e Austrália superam
largamente o padrão observado em países com mesmo nível de renda per capita (Gráfico
2).

Gráfico 2: Renda per Capita e Produtividade da Agropecuária – PPP Agregada

8
70.000
AUS USA
60.000
Produtividade (US$ PPP)

50.000 FRA CAN NLD


SVK
ESP FIN
40.000
MLT BELDNK
SWE
ITA
30.000
EST IRL
GBR
CZEKOR TWN DEU
20.000 HUN
CYP JPN
AUT
TUR LVALTU
10.000 POL SVN R² = 0,6003
BGR PRT
CHN BRAMEX
ROU RUS
IND IDN
0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
Renda per capita (US$ PPP)

Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP obtida da Penn World Table 8.1. A renda per capita foi obtida do Conference
Board. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.

Embora também seja baixa em termos comparativos, a produtividade da indústria


no Brasil está no padrão esperado para países com nível de renda similar (Gráfico 3).24
Por outro lado, Irlanda, Estados Unidos e Canadá encontram-se no topo em valores
absolutos e superam o patamar esperado para seu nível de renda.

Gráfico 3: Renda per Capita e Produtividade da Indústria – PPP Agregada

24
Essa classificação da indústria corresponde à definição das Contas Nacionais e, portanto, inclui não
somente a indústria de transformação, mas também o setor de indústria extrativa mineral, construção e
serviços industriais de utilidade pública. De modo geral, os resultados para a indústria de transformação
são semelhantes aos da indústria como um todo.

9
140.000

120.000
IRL
USA
CAN
Produtividade (US$ PPP)

100.000
NLD
AUS
80.000 BEL
KOR FIN AUT
JPN GBR
ESP FRA DEUSWE
DNK
60.000
ITATWN
40.000 SVK CZE
SVN
MLT
TUR LTUPOL
MEX RUS CYP
ROU HUN PRT
CHN EST
20.000 IDN BRABGRLVA
IND R² = 0,7842

0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
Renda per capita (US$ PPP)

Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP obtida da Penn World Table 8.1. A renda per capita foi obtida do Conference
Board. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.

Repetindo o padrão já observado, a produtividade dos serviços brasileiros é uma


das mais baixas da amostra da SEA, estando próxima dos valores observados na China e
Índia, e somente acima da Indonésia (Gráfico 4). Além de baixa em termos absolutos, a
produtividade brasileira em serviços é inferior à que se espera de países com nível de
renda per capita similar.

Gráfico 4: Renda per Capita e Produtividade dos Serviços – PPP Agregada


90.000
TWN USA
80.000 IRL

70.000 FRA
JPN BEL
Produtividade (US$ PPP)

60.000 ITA CANAUT


AUSNLD
DEU
SWE
ESP GBRFIN DNK
50.000 SVN
MLT
PRT KOR
40.000 TUR CYP
POL SVK CZE
HUN
30.000 LTUEST
ROULVA
MEX
RUS R² = 0,8202
20.000 CHN BGR
IND BRA
10.000 IDN

0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
Renda per capita (US$ PPP)

10
Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP obtida da Penn World Table 8.1. A renda per capita foi obtida do Conference
Board. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.
A Tabela 1 apresenta a produtividade setorial para o Brasil e 10 países
selecionados em diferentes níveis de desenvolvimento.25 A produtividade agregada dos
Estados Unidos é cerca de 6 vezes maior que a do Brasil, o que evidencia a grande
distância do Brasil em relação à fronteira tecnológica. 26 Embora a agropecuária seja o
setor com maior crescimento da produtividade no Brasil nas últimas duas décadas, a
produtividade do setor nos Estados Unidos ainda é cerca de 14 vezes maior que a
brasileira.27 A produtividade da indústria americana, por sua vez, é 5,7 vezes maior que a
do Brasil. 28 A distância é similar no caso dos serviços, tendo os Estados Unidos uma
produtividade 5,4 vezes maior que a do Brasil. 29
Tabela 1: Produtividade Setorial – Brasil e Países Selecionados
Total Agropecuária Indústria Serviços
Brasil 14.689 4.779 19.389 15.814
Estados Unidos 89.318 66.271 109.937 85.647
Irlanda 84.949 27.976 114.873 80.397
Austrália 67.555 65.469 88.358 61.589
França 66.488 50.027 64.056 69.225
Japão 64.967 18.102 70.607 65.400
Grã-Bretanha 56.729 25.184 70.852 54.643
Coreia do Sul 52.503 24.290 74.759 44.429
México 25.260 6.109 31.423 27.836
China 14.792 3.599 25.661 18.549
Índia 8.423 2.224 11.984 17.307
Média SEA 46.994 25.250 52.802 48.218
EUA/Brasil 6,1 13,9 5,7 5,4
Média SEA/Brasil 3,2 5,3 2,7 3,0
Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP obtida da Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.
OBS: Os dados de produtividade são expressos em US$ PPP, usando a PPP agregada. Com exceção do
Brasil, os países estão ordenados de forma decrescente pela produtividade total. São assinaladas em negrito
as produtividades mais elevadas de cada setor.

25
No Apêndice são disponibilizados os dados de produtividade setorial para todos os países. Além dos três
grandes setores, apresentamos os dados de produtividade da indústria de transformação.
26
Esta razão de 6 entre as produtividades dos Estados Unidos e Brasil é obtida com base em dados de valor
adicionado da Socio Economic Accounts. Se utilizarmos dados de PIB da Penn World Table em vez de
valor adicionado, a razão é próxima de 5, refletindo o maior peso dos impostos sobre a produção no Brasil,
que é captada no PIB mas não no valor adicionado.
27
Se, em vez da PPP agregada, usarmos a PPP da agropecuária calculada em Inklaar e Timmer (2014), a
produtividade americana é 15,6 vezes maior que a do Brasil.
28
A distância do Brasil em relação aos Estados Unidos é ainda maior na indústria de transformação (6,3).
Usando a PPP setorial de Inklaar e Timmer (2014), a produtividade americana é 8 vezes maior na indústria
e 9,5 vezes superior na indústria de transformação. Como mencionamos no texto, no entanto, é preciso ter
certa cautela no uso de PPPs setoriais no caso da indústria, devido às diversas hipóteses envolvidas na sua
construção.
29
Na quinta seção faremos uma análise da produtividade dos serviços usando a PPP setorial de Inklaar e
Timmer (2014) e considerando uma classificação de serviços tradicionais e modernos.

11
Considerando a média dos países da SEA como base de comparação, a distância
do Brasil é menor, mas ainda significativa. 30 Especificamente, a produtividade agregada
média da SEA é 3,2 vezes maior que a brasileira. Assim como na comparação com os
Estados Unidos, a maior razão é na agropecuária (5,3), enquanto na indústria e serviços
esta é de 2,7 e 3,0, respectivamente.
A Tabela 1 também mostra que a agropecuária é o setor menos produtivo do
Brasil, com cerca de 33% da produtividade agregada. A indústria é o setor de
produtividade mais elevada, seguido dos serviços. Isso sugere que uma realocação do
emprego entre setores tem o potencial de aumentar a produtividade agregada no Brasil.
Embora o auge da transformação estrutural da economia brasileira tenha se dado
entre 1950 e 1980, a Tabela 2 indica que a proporção da população ocupada na
agropecuária ainda é bem maior no Brasil (17,4%) que nos Estados Unidos (0,9%) e
outros países desenvolvidos, como Grã-Bretanha (1,7%). Por outro lado, a parcela
alocada na indústria brasileira (20,5%) é próxima da observada nos Estados Unidos
(19,0%) e França (20,9%), e maior que na Grã-Bretanha (16,4%). Já a participação do
setor de serviços no emprego é bem menor no Brasil (62,1%) que nos Estados Unidos
(80,1%), mas não está distante da Irlanda (66,0%) e Coreia do Sul (66,7%).
Tabela 2: Alocação Setorial da População Ocupada – Brasil e Países Selecionados
Agropecuária Indústria Serviços
Brasil 17,4% 20,5% 62,1%
Estados Unidos 0,9% 19,0% 80,1%
Irlanda 5,7% 28,2% 66,0%
Austrália 3,2% 21,3% 75,5%
França 3,4% 20,9% 75,7%
Japão 5,1% 24,4% 70,6%
Grã-Bretanha 1,7% 16,4% 81,9%
Coreia do Sul 7,4% 25,9% 66,7%
México 14,4% 26,1% 59,5%
China 38,1% 27,8% 34,1%
Índia 53,7% 19,9% 26,3%
Fonte: Socio Economic Accounts. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.

Por outro lado, a alocação setorial da mão de obra no México é semelhante à do


Brasil, enquanto os países com menor nível de renda per capita, como Índia e China,
caracterizam-se por uma parcela bem maior da população ocupada na agropecuária
(53,7% e 38,1%, respectivamente).

4.2. Exercícios contrafactuais


A análise anterior evidenciou que a produtividade brasileira é baixa em todos os grandes
setores, em termos absolutos e controlando para o nível de renda. Além disso, o Brasil
tem uma participação elevada do emprego em setores de baixa produtividade, como a
agropecuária. A questão que se coloca é a seguinte: Qual a importância relativa da baixa
produtividade setorial e da alocação do emprego em setores pouco produtivos para
explicar nossa baixa produtividade agregada? No primeiro caso estamos examinando um

30
As médias da SEA apresentadas no capítulo excluem o Brasil.

12
efeito nível (a produtividade é mais baixa em todos os setores) e no segundo um efeito
composição (a mão de obra está mais concentrada em setores menos produtivos).
Para avaliar essa questão, apresentamos a seguir dois exercícios contrafactuais: o
primeiro modifica a distribuição intersetorial da mão de obra brasileira, preservando a
produtividade de cada setor; o segundo altera a produtividade de cada setor e mantém a
distribuição de mão de obra.

4.2.1. Metodologia
A produtividade agregada é uma média ponderada das produtividades setoriais,
onde os pesos são dados pela proporção de mão de obra em cada setor. O primeiro
exercício, que será chamado de Contrafactual 1, mantém a produtividade brasileira em
cada um dos 35 setores e utiliza a distribuição de mão de obra setorial de cada um dos
demais países. Esse exercício permite identificar os potenciais ganhos de produtividade
decorrentes de mudanças na alocação setorial da mão de obra.
No Contrafactual 2 mantemos a alocação de mão de obra brasileira e usamos a
produtividade de cada um dos 35 setores em outros países. Esse exercício permite
identificar os potenciais ganhos de produtividade decorrentes de uma elevação da
produtividade setorial para o nível de outros países.31

4.2.2. Resultados

4.2.2.1. Contrafactual 1 – Mudança da alocação setorial do emprego


Como mostra o Gráfico 5, existem ganhos potenciais de produtividade se a alocação de
trabalho no Brasil se aproximar da observada nos países desenvolvidos. Em particular, se
a proporção da população ocupada em cada setor fosse igual à da Grã-Bretanha, nossa
produtividade poderia aumentar quase 2,5 vezes. Os únicos países cuja alocação de mão
de obra reduziria a produtividade do Brasil são Índia, China e Indonésia. Isso se deve ao
fato de que esses países têm uma parcela bem maior da mão de obra na agropecuária –
53,7%, 38,1% e 39,0%, respectivamente, em comparação com 17,4% no Brasil – que é o
setor com menor nível de produtividade na economia brasileira.

Gráfico 5: Contrafactual 1 – Razão de Produtividade – Total – PPP Agregada

31
Embora os exercícios sejam complementares sob o ponto de vista conceitual, a diferença de produtividade
entre o Brasil e outros países não é matematicamente igual à soma dos contrafactuais.

13
2,50

Razão de produtividade CF 1
2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
IDN

SVN
ESP

SVK
IND

EST

FRA

TWN

CAN
ITA

FIN
SWE
CZE
BRA
PRT

AUT

BEL
NLD

AUS

LUX
LTU

IRL

MLT
LVA
BGR

GBR
ROU

JPN

DEU

USA
CHN

MEX

CYP
TUR
HUN

DNK
KOR

POL
RUS
Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.
A Tabela 3 mostra qual seria o valor da produtividade agregada brasileira se o país
tivesse a alocação setorial do emprego dos Estados Unidos, Coreia do Sul e México. Se
o Brasil tivesse a mesma alocação da população ocupada observada nos Estados Unidos
nossa produtividade aumentaria 68%.32 Embora seja uma melhora significativa, está
longe de eliminar a diferença efetivamente observada, já que a produtividade dos Estados
Unidos é cerca de 6 vezes superior à do Brasil. Fazendo um exercício similar utilizando
a alocação setorial do emprego na Coreia, observamos que a produtividade brasileira se
elevaria em 62%, enquanto a razão observada entre a produtividade coreana e brasileira
é de 3,6. Como a alocação de mão de obra no México não difere muito da brasileira,
haveria apenas um pequeno aumento da produtividade brasileira se tivéssemos a
distribuição setorial do emprego do México.
Tabela 3: Contrafactual 1 – Total – PPP Agregada - Brasil, Estados Unidos, México
e Coreia do Sul

Contrafactual 1 - Contrafactual 1 - Contrafactual 1 -


Brasil
Estados Unidos México Coreia do Sul
Produtividade 14.633 24.623 15.170 23.684
Razão Contrafactual 1,68 1,04 1,62
Razão Observada 6,10 1,73 3,59
Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.
OBS: Os dados de produtividade são expressos em US$ PPP, usando a PPP agregada.

A Tabela 4 mostra qual seria o valor da produtividade agregada e setorial


brasileira para o exercício Contrafactual 1 para o mesmo conjunto de países selecionados
na Tabela 1.33 Se a alocação setorial do trabalho no Brasil fosse igual à da média dos

32
Se, em vez da PPP agregada, usarmos as PPPs setoriais calculadas em Inklaar e Timmer (2014), o
aumento da produtividade brasileira também seria de 68%.
33
Como a agropecuária tem somente uma atividade, não é possível fazer uma realocação do emprego no
setor, de modo que não fazemos o Contrafactual 1 nesse caso. O Apêndice apresenta resultados para a
amostra completa de países.

14
países da SEA, o aumento da produtividade seria de 53%. No caso da indústria e serviços,
o aumento seria de 26% e 52%, respectivamente.
Tabela 4: Razão de Produtividade do Contrafactual 1 – Brasil e Países Selecionados
Total Indústria Serviços
Estados Unidos 1,68 1,34 1,56
Irlanda 1,69 1,30 1,64
Austrália 1,65 1,54 1,47
França 1,54 1,23 1,45
Japão 1,51 1,19 1,45
Grã-Bretanha 2,37 1,28 2,36
Coreia do Sul 1,62 1,20 1,64
México 1,04 1,05 0,97
China 0,94 1,26 0,96
Índia 0,72 0,90 1,08
Média SEA 1,53 1,26 1,52
Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.
OBS: Os países estão ordenados de forma decrescente pela produtividade total. São assinaladas em negrito
as razões de produtividade mais elevadas de cada setor.
Se o Brasil tivesse a composição de emprego dos Estados Unidos, nossa
produtividade na indústria teria uma elevação de 34%. No entanto, como a razão de
produtividade entre Estados Unidos e Brasil no setor é de 5,7, a produtividade da indústria
brasileira continuaria distante da fronteira. Da mesma forma, o ganho potencial de
produtividade dos serviços brasileiros se tivéssemos uma alocação do emprego entre as
17 atividades de serviços igual à dos Estados Unidos seria expressivo (56%), mas longe
de eliminar a distância de produtividade entre os dois países.
Um resultado interessante é que o ganho de produtividade associado a uma
realocação do emprego para setores mais produtivos é maior quando tomamos como base
a alocação setorial do emprego em países desenvolvidos, como Reino Unido, Irlanda e
Estados Unidos, e menor em comparação com países de menor renda per capita, como
México, China e Índia. De fato, a correlação entre o ganho de produtividade e a renda per
capita é de 0,57, indicando que países mais ricos possuem, em média, uma alocação de
mão de obra mais concentrada em setores de maior produtividade.
É importante observar, no entanto, que essas diferenças na alocação setorial do
emprego estão em parte associadas a mudanças no padrão de consumo relacionadas ao
nível de renda per capita, em particular ao fato de que a participação da agropecuária
tende a cair ao longo do processo de desenvolvimento, com aumento correspondente do
emprego na indústria e nos serviços.
Alguns autores argumentam que um importante determinante do baixo
crescimento da produtividade na América Latina seria o fato de que nas últimas duas
décadas a mão de obra teria sido progressivamente alocada em setores com crescimento
lento da produtividade, em particular no setor de serviços. 34
No entanto, esse argumento não parece se aplicar ao Brasil. Como revela o Gráfico
6, a produtividade brasileira ficou praticamente estagnada entre 1995 e 2009. Contudo,

34
Ver, por exemplo, McMillan e Rodrik (2011).

15
mesmo que o Brasil tivesse uma alocação da população ocupada igual à dos Estados
Unidos e Coreia do Sul em cada um dos 35 setores e em todos os anos do período, a
evolução da produtividade brasileira ao longo do tempo não mudaria de forma
significativa. O que ocorreria seria uma elevação do nível da produtividade brasileira em
todos os anos, devido ao fato de que esses dois países têm uma proporção de trabalhadores
mais elevada em setores de maior produtividade. Se, por outro lado, o Brasil tivesse a
alocação setorial de trabalho do México, a elevação do nível da produtividade seria bem
menor, refletindo a similaridade na distribuição intersetorial da mão de obra nos dois
países.

Gráfico 6: Contrafactual 1 – Total – PPP Agregada – Brasil, Estados Unidos, México


e Coreia do Sul
30.000
Produtividade (US$ PPP)

25.000

20.000

15.000

10.000

Brasil Contrafactual 1 - Coreia do Sul


Contrafactual 1 - México Contrafactual 1 - Estados Unidos

Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. Elaboração dos autores.

4.2.2.2. Contrafactual 2 - Mudança da produtividade setorial


Como mostra o Gráfico 7, se a produtividade brasileira em cada um dos 35 setores da
SEA fosse igual à dos países desenvolvidos, mantida a nossa distribuição intersetorial da
população ocupada, haveria um aumento da produtividade agregada que poderia superar
400%. Comparando o Gráfico 7 com o correspondente ao exercício contrafactual anterior
(Gráfico 5), fica clara a diferença de magnitude da razão de produtividade do Brasil em
relação aos demais países. Isso evidencia que a baixa produtividade brasileira resulta
principalmente da baixa produtividade em cada um dos setores. Também deve ser
ressaltado que a produtividade brasileira aumentaria mesmo se o país tivesse a
produtividade setorial de alguns países com nível de renda per capita similar ou inferior,
como China e Índia, ficando somente à frente da Indonésia.

16
Gráfico 7: Contrafactual 2 – Razão de Produtividade – Total – PPP Agregada

6,00

5,00
Razão de produtividade CF2

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
IDN

SVN
EST

SVK

ESP

FRA

TWN
IND

CZE

FIN

SWE

CAN
AUT

ITA
BRA

PRT

MLT

LUX

AUS

BEL
LVA

NLD
IRL
ROU

LTU
BGR

GBR
DNK
CHN
MEX

CYP

DEU

JPN

USA
HUN
POL

TUR

KOR
RUS

Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.

A Tabela 5 mostra qual seria o valor da produtividade agregada brasileira se o país


tivesse o mesmo nível de produtividade dos Estados Unidos, Coreia do Sul e México em
cada um dos 35 setores. Se o Brasil tivesse produtividade setorial igual à dos Estados
Unidos, nossa produtividade agregada seria 430% maior, reduzindo grande parte da
distância entre os dois países. 35 Fazendo um exercício similar utilizando a produtividade
setorial da Coreia, observamos que a produtividade brasileira se elevaria em 193%,
reduzindo em larga medida a disparidade entre os dois países, já que a razão observada
entre a produtividade coreana e brasileira é de 3,6. Caso o Brasil tivesse a produtividade
setorial do México, o ganho agregado seria de 83%, o que seria mais do que suficiente
para eliminar a distância entre os dois países.
Tabela 5: Contrafactual 2 – Total – PPP Agregada - Brasil, Estados Unidos, México
e Coreia do Sul

Contrafactual 2 - Contrafactual 2 - Contrafactual 2 -


Brasil
Estados Unidos México Coreia do Sul
Produtividade 14.633 77.542 26.716 42.835
Razão Contrafactual 5,30 1,83 2,93
Razão Observada 6,10 1,73 3,59
Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.
OBS: Os dados de produtividade são expressos em US$ PPP, usando a PPP agregada.
A Tabela 6 mostra qual seria o valor da produtividade agregada e setorial brasileira
para o exercício Contrafactual 2 para o mesmo conjunto de países selecionados
anteriormente.36 Se a produtividade setorial do trabalho no Brasil fosse igual à da média
dos países da SEA, o aumento de produtividade seria de 192%. A agropecuária é o setor

35
Utilizando as PPPs setoriais, o aumento da produtividade brasileira seria de 518%.
36
O Apêndice apresenta os resultados para a amostra completa de países.

17
que apresenta o maior ganho de produtividade, chegando a mais de 400% se tomarmos
como referência a média da SEA, e aumentando quase 14 vezes se o Brasil tivesse a
produtividade dos Estados Unidos e Austrália.
Tabela 6: Razão de Produtividade do Contrafactual 2 – Brasil e Países Selecionados
Total Agropecuária Indústria Serviços
Estados Unidos 5,30 13,87 4,80 4,78
Irlanda 4,66 5,85 5,19 4,35
Austrália 3,94 13,70 3,56 3,28
França 4,11 10,47 3,14 3,96
Japão 3,68 3,79 3,86 3,60
Grã-Bretanha 3,58 5,27 3,72 3,38
Coreia do Sul 2,93 5,08 3,35 2,57
México 1,83 1,28 1,59 1,97
China 1,81 0,75 1,24 2,14
Índia 1,12 0,47 0,96 1,24
Média SEA 2,92 5,28 2,59 2,86
Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.
OBS: Os países estão ordenados de forma decrescente pela produtividade total. São assinaladas em negrito
as razões de produtividade mais elevadas de cada setor.
A indústria brasileira seria muito mais produtiva se as 17 atividades econômicas
desse setor tivessem o nível de produtividade médio da SEA (aumento de 159%).
Especificamente no exercício referente aos Estados Unidos, a produtividade da indústria
brasileira aumentaria 380%, diminuindo bastante a distância para a fronteira tecnológica,
dado que a produtividade da indústria nos EUA é 5,7 vezes maior que a brasileira. 37
Como o setor de serviços concentra a maior parcela da mão de obra, os resultados
do Contrafactual 2 para esse setor são similares aos obtidos para a produtividade
agregada. Em particular, se a produtividade do Brasil nas 17 atividades que fazem parte
do setor de serviços fosse igual à média dos países da SEA, haveria um aumento de
produtividade de 186%. Fazendo o mesmo exercício considerando os Estados Unidos
como referência, o ganho de produtividade seria de 378%, reduzindo em grande medida
a distância entre os dois países.
Além disso, se o Brasil tivesse produtividade setorial igual à dos Estados Unidos,
nossa produtividade agregada teria crescido de forma significativa entre 1995 e 2009
(Gráfico 8), ao contrário do padrão observado de estagnação. O mesmo se verificaria se
o Brasil tivesse a produtividade setorial coreana. No entanto, se nossa produtividade
setorial fosse igual à mexicana, a produtividade agregada brasileira teria caído ao longo
do tempo, embora ficasse em patamar superior ao observado ao longo de todo o período.

37
Os resultados são similares para a indústria de transformação e são apresentados no Apêndice.

18
Gráfico 8: Contrafactual 2 – Total – PPP Agregada – Brasil, Estados Unidos, México
e Coreia do Sul

100.000
Produtividade (US$ PPP)

80.000

60.000

40.000

20.000

Brasil Contrafactual 2 - Coreia do Sul


Contrafactual 2 - México Contrafactual 2 - Estados Unidos

Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. Elaboração dos autores.

5. Resultados Usando PPP de Serviços


Nesta seção apresentamos comparações internacionais da produtividade dos serviços
brasileiros utilizando as PPPs setoriais calculadas em Inklaar e Timmer (2014) e
disponibilizadas no Groningen Growth and Development Centre Productivity Level
Database. 38 Como existe grande heterogeneidade entre as atividades de serviços, fazemos
uma desagregação desse setor em serviços tradicionais e modernos, com base na
classificação proposta em Duarte e Restuccia (2016).39

5.1. Produtividade dos serviços e alocação do emprego no setor


O Gráfico 9 mostra que a produtividade dos serviços brasileiros é uma das mais baixas
da amostra da SEA, estando próxima dos valores observados na China e Índia, e pouco
acima da Indonésia. Além de baixa em termos absolutos, a produtividade brasileira em
serviços é inferior à que se espera de países com nível de renda per capita similar.

38
Conforme argumentamos na terceira seção, consideramos que a metodologia usada em Inklaar e Timmer
(2014) para construir PPPs setoriais é mais robusta para o setor de serviços.
39
A classificação de serviços tradicionais e modernos é apresentada no Apêndice.

19
Gráfico 9: Renda per Capita e Produtividade dos Serviços – PPP Setorial

90.000
USA
80.000
FRA BEL IRL
70.000 AUT
Produtividade (US$ PPP)

ITA
JPN SWE
CAN AUSNLD
60.000 ESP GBR DEU
MLT
CYP FIN DNK
50.000 SVK SVN
TUR
POLHUN PRT
CZEKOR
40.000
LTUEST
30.000 ROULVA
MEX RUS R² = 0,8406
BGR
20.000 IND CHN
BRA
10.000 IDN
0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
Renda per capita (US$ PPP)

Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP setorial obtida do Groningen Growth and Development Centre Productivity
Level Database. A renda per capita foi obtida do Conference Board. São usados dados de 2009. Elaboração
dos autores.
Como mostram os Gráficos 10 e 11, os padrões verificados no setor de serviços
também são observados quando adotamos a divisão do setor em serviços tradicionais e
modernos. Além de baixa em termos absolutos, a produtividade brasileira em serviços
tradicionais e modernos é inferior à prevista para países com mesmo nível de
desenvolvimento. No caso de serviços modernos, os Estados Unidos superam por larga
margem a produtividade dos outros países.

Gráfico 10: Renda per Capita e Produtividade dos Serviços Tradicionais – PPP
Setorial
90.000
USA
80.000
FRA BEL IRL
70.000 AUT
Produtividade (US$ PPP)

ITA
JPN SWE
CAN AUS
60.000 ESP GBR DEU NLD
MLT
CYP FIN DNK
50.000 SVK SVN
TUR
POLHUN PRT
CZEKOR
40.000
LTUEST
30.000 ROULVA
MEX RUS R² = 0,8406
BGR
20.000 IND CHN
BRA
10.000 IDN
0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
Renda per capita (US$ PPP)

Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP setorial obtida do Groningen Growth and Development Centre Productivity

20
Level Database. A renda per capita foi obtida do Conference Board. São usados dados de 2009. Elaboração
dos autores.

Gráfico 11: Renda per Capita e Produtividade dos Serviços Modernos - PPP Setorial

180.000
USA
160.000
Produtividade (US$ PPP)

140.000 TUR CYP IRL


120.000 ITAFRA CAN
AUT
SWE
BEL AUS
100.000 JPN DEU
LTU SVKPRT
HUN ESPGBR FIN DNKNLD
80.000 SVN
MLT
POL CZE
KOR
60.000 MEX
BGR
ROU EST
CHN LVA RUS
40.000
IND BRA R² = 0,5479
20.000 IDN
0
0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000
Renda per capita (US$ PPP)

Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP setorial obtida do Groningen Growth and Development Centre Productivity
Level Database. A renda per capita foi obtida do Conference Board. São usados dados de 2009. Elaboração
dos autores.
A Tabela 7 sumariza os resultados mencionados acima. Podemos observar que
a produtividade dos serviços nos Estados Unidos é 5,2 vezes maior que a do Brasil, e que
essa razão é semelhante em serviços tradicionais e modernos. A produtividade média dos
países da SEA, por sua vez, é equivalente a mais que o triplo da brasileira no setor como
um todo, sendo essa razão igual a 3,3 em serviços tradicionais e 2,7 em serviços
modernos.
Tabela 7: Produtividade dos Serviços – Brasil e Países Selecionados
Serviços Serviços Tradicionais Serviços Modernos
Brasil 16.454 10.998 33.842
Estados Unidos 85.579 55.336 168.047
Irlanda 74.531 51.197 130.663
Austrália 64.432 46.209 108.231
França 75.247 54.040 119.658
Japão 66.430 53.828 97.315
Grã-Bretanha 60.964 45.069 87.167
Coreia do Sul 42.008 30.439 69.241
México 27.357 17.761 63.996
China 19.122 12.745 53.276
Índia 21.528 18.992 28.759
Média SEA 52.101 36.417 90.907
EUA/Brasil 5,2 5,0 5,0
Média SEA/Brasil 3,2 3,3 2,7

21
Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP setorial obtida do Groningen Growth and Development Centre Productivity
Level Database. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.
OBS: Os dados de produtividade são expressos em US$ PPP, usando a PPP setorial. Com exceção do Brasil,
os países estão ordenados de forma decrescente pela produtividade dos serviços. São assinaladas em negrito
as produtividades mais elevadas de cada setor.
Um resultado apresentado na Tabela 7 que ilustra a distância de produtividade
dos serviços brasileiros em relação à fronteira tecnológica é o fato de que a produtividade
de serviços modernos no Brasil corresponde grosso modo à produtividade dos serviços
tradicionais dos países desenvolvidos, representados pela média da amostra da SEA.
Também fica evidenciado que os serviços modernos no Brasil são bem menos produtivos
que os serviços tradicionais dos Estados Unidos.
No que diz respeito à alocação do emprego dentro do setor de serviços, a
participação em serviços tradicionais é bem maior no Brasil (76,1%) que nos Estados
Unidos (50,2%), como indica a Tabela 8. No entanto, não estamos distantes da proporção
da população ocupada em serviços tradicionais no Japão (71,0%), Austrália (70,6%) e
Coreia do Sul (70,2%).
Tabela 8: Alocação da População Ocupada no Setor de Serviços – Brasil e Países
Selecionados
Serviços Tradicionais Serviços Modernos
Brasil 76,1% 23,9%
Estados Unidos 50,2% 49,8%
Irlanda 68,9% 31,1%
Austrália 70,6% 29,4%
França 65,7% 34,3%
Japão 71,0% 29,0%
Grã-Bretanha 62,2% 37,8%
Coreia do Sul 70,2% 29,8%
México 79,2% 20,8%
China 84,3% 15,7%
Índia 74,0% 26,0%
Fonte: Socio Economic Accounts. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.

Os exercícios contrafactuais a seguir quantificam a importância relativa da baixa


produtividade dos serviços tradicionais e modernos no Brasil, assim como da alocação da
mão de obra do setor em atividades pouco produtivas, em particular nos serviços
tradicionais.

5.2. Exercícios contrafactuais

5.2.1. Contrafactual 1 – Mudança da alocação setorial do emprego


O Gráfico 12 indica que o setor de serviços do Brasil poderia obter ganhos substanciais
de produtividade se nossa alocação de trabalho no setor fosse igual à de alguns países que
fazem parte da amostra da SEA. Em particular, se a proporção da população ocupada em
cada uma das 17 atividades dos serviços fosse igual à da Grã-Bretanha, nossa
produtividade poderia aumentar 2,5 vezes. O Brasil teria ganho de produtividade se

22
tivesse uma alocação de emprego no setor igual à de todos os países da SEA, com exceção
de China e México.
Gráfico 12: Contrafactual 1 – Razão de Produtividade – Serviços – PPP Setorial

3,00

2,50
Razão de produtividade CF1

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
IDN

SVN

CAN
ESP
SVK
IND

EST

FRA
SWE
CZE

TWN
FIN
BRA

ITA
PRT

BEL

AUS

LUX
AUT
LTU

IRL

MLT
LVA
NLD

GBR
BGR
HUN

ROU

DNK
USA
CHN

DEU

JPN
CYP

KOR

TUR
POL
MEX

RUS

Fonte: Socio Economic Accounts e Groningen Growth and Development Centre Productivity Level
Database. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.

5.2.2. Contrafactual 2 - Mudança da produtividade setorial


O Gráfico 13 mostra que o ganho potencial de produtividade dos serviços associado a
uma mudança no nível de produtividade de cada uma das 17 atividades do setor no Brasil
é muito grande. Com exceção da Indonésia, haveria elevação da produtividade tomando
como base de comparação todos os países da amostra da SEA, incluindo China e Índia,
sendo possível mais do que quadruplicá-la tomando como referência os países mais
produtivos.
Gráfico 13: Contrafactual 2 - Razão de Produtividade - Serviços – PPP Setorial

6,00

5,00
Razão de produtividade CF2

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
IDN

SVK
SVN

CAN
ESP
IND
EST

CZE

FRA
FIN

SWE
BRA

PRT

MLT

AUS

ITA
AUT

BEL

LUX
LTU

IRL
BGR
LVA

NLD

GBR
ROU
CHN

USA
KOR
POL
TUR

HUN
DNK

CYP

DEU
JPN
MEX
RUS

23
Fonte: Socio Economic Accounts e Groningen Growth and Development Centre Productivity Level
Database. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.

A Tabela 9 apresenta os resultados dos exercícios Contrafactuais 1 e 2 para os 10


países considerados anteriormente. A tabela evidencia que o segundo exercício
contrafactual gera um ganho de produtividade para o Brasil bem maior que o associado
ao primeiro contrafactual. Em particular, se o Brasil tivesse uma alocação de emprego
dentre as atividades de serviços igual à dos Estados Unidos, o aumento de produtividade
seria de 56%. Por outro lado, se nosso nível de produtividade em cada uma das 17
atividades do setor fosse igual ao da economia americana, a elevação de produtividade
seria de 370%, reduzindo em grande medida a distância em relação à fronteira. Em
comparação com a média da SEA, o aumento de produtividade decorrente de uma
realocação de mão de obra em serviços seria de 53%, enquanto o ganho associado a uma
mudança do nível de produtividade em cada atividade seria de 191%.
É interessante observar que, enquanto no Contrafactual 2 os serviços tradicionais
apresentam um ganho maior do que o observado para os serviços modernos em todos os
países com exceção da China, no Contrafactual 1 o resultado se inverte. Isso indica que o
maior atraso em termos de produtividade setorial brasileira está nos serviços tradicionais,
enquanto que os serviços modernos são os que apresentam a maior margem de ganho com
realocação de mão de obra.

Tabela 9: Contrafactuais 1 e 2 – Razão de Produtividade – Serviços – PPP Setorial


– Brasil e Países Selecionados

Contrafactual 1 Contrafactual 2
Serviços Serviços Serviços Serviços
Serviços Serviços
Tradicionais Modernos Tradicionais Modernos
Estados Unidos 1,56 1,39 1,60 4,70 5,28 4,09
Irlanda 1,62 1,17 1,77 3,82 4,25 3,38
Austrália 1,46 1,12 1,54 3,32 3,96 2,65
França 1,43 1,27 1,29 4,09 4,75 3,41
Japão 1,47 1,23 1,49 3,44 4,61 2,24
Grã-Bretanha 2,50 1,23 2,55 3,49 4,38 2,57
Coreia do Sul 1,67 1,03 1,94 2,36 3,05 1,65
México 0,96 0,91 1,12 1,88 2,03 1,72
China 0,94 0,86 1,42 2,05 1,59 2,52
Índia 1,03 0,91 1,08 1,60 2,11 1,07
Média SEA 1,53 1,17 1,64 2,91 3,31 2,49
Fonte: Socio Economic Accounts e Groningen Growth and Development Centre Productivity Level
Database. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.
OBS: Os países estão ordenados de forma decrescente pela produtividade total. São assinaladas em negrito
as razões de produtividade mais elevadas de cada setor.

5.2.3. Contrafactual Fit – Comparação com produtividade prevista dada a renda


per capita
Países com renda per capita mais elevada em geral são mais produtivos, como
evidenciado nos gráficos apresentados anteriormente. No entanto, os Gráficos 9, 10 e 11
mostram que a produtividade dos serviços no Brasil (e seus componentes tradicionais e
modernos) é menor do que seria esperado em países com mesmo nível de renda per capita.

24
Nesse sentido, o último exercício contrafactual compara a produtividade do Brasil
com o valor previsto para países com renda per capita igual ao Brasil. Essa previsão é
obtida a partir de uma regressão simples que relaciona a produtividade do setor de
serviços (e serviços tradicionais e modernos) com a renda per capita de cada país.40
O Gráfico 14 mostra que, se a produtividade de serviços no Brasil fosse igual à
prevista para países com nível similar de renda per capita, ela seria cerca de 75% maior
em 2009 e teria se elevado ao longo do período 1995-2009, ao contrário da produtividade
observada, que ficou estagnada.
Gráfico 14: Contrafactual Fit – Evolução da Produtividade – 1995-2009 – Serviços

30000,0
28000,0
Produtividade (US$ PPP)

26000,0
24000,0
22000,0
20000,0
18000,0
16000,0
14000,0
12000,0
10000,0

Contrafactual Fit Produtividade Brasil

Fonte: Socio Economic Accounts e Groningen Growth and Development Centre Productivity Level
Database. Elaboração dos autores.
No caso dos serviços tradicionais (Gráfico 15) a produtividade prevista é mais de
60% superior à observada em 2009 e cresceu ao longo do período, enquanto a
produtividade observada permaneceu no mesmo patamar. Finalmente, a produtividade
dos serviços modernos no Brasil seria quase o dobro se seguisse o padrão previsto em
países com mesmo nível de desenvolvimento (Gráfico 16).

Gráfico 15: Contrafactual Fit – Evolução da Produtividade – 1995-2009 – Serviços


Tradicionais

40
A regressão não tem como objetivo estabelecer qualquer relação de causalidade entre as variáveis, mas
apenas gerar uma estimativa do valor esperado da produtividade de serviços dado o nível de renda per
capita do Brasil. Denominamos esse exercício Contrafactual fit para indicar que usamos como base de
comparação o fit (valor previsto) da regressão.

25
20.000

Produtividade (US$ PPP)

15.000

10.000

5.000

Contrafactual Fit Produtividade Brasil

Fonte: Socio Economic Accounts e Groningen Growth and Development Centre Productivity Level
Database. Elaboração dos autores.

Gráfico 16: Contrafactual Fit –– Evolução da Produtividade – 1995-2009 - Serviços


Modernos

70.000
Produtividade (US$ PPP)

60.000

50.000

40.000

30.000

20.000

Contrafactual Fit Produtividade Brasil

Fonte: Socio Economic Accounts e Groningen Growth and Development Centre Productivity Level
Database. Elaboração dos autores.

6. Conclusão
Neste capítulo fizemos comparações internacionais de produtividade setorial e
analisamos em que medida a baixa produtividade brasileira em comparação com outros
países está associada a diferenças no nível de produtividade setorial ou na alocação
setorial do emprego. Os resultados mostram que a produtividade brasileira é bem mais
baixa que a dos países desenvolvidos nos três grandes setores: agropecuária, indústria e
serviços. Em particular, a produtividade dos Estados Unidos é cerca de 14 vezes maior
que a do Brasil na agropecuária, 5,7 vezes na indústria e 5,4 nos serviços. A distância em
relação à média dos países desenvolvidos é menor, mas ainda muito significativa, com

26
uma produtividade 5,3 vezes maior que a do Brasil na agropecuária, 2,7 vezes na indústria
e 3,0 nos serviços.A produtividade brasileira também é menor que a de países com nível
de renda per capita similar, especialmente no setor de serviços.
Outro fator que contribui para nossa baixa produtividade agregada é a elevada
proporção da mão de obra em setores menos produtivos, como a agropecuária, embora
essas diferenças na alocação setorial do emprego estejam em parte relacionadas a
mudanças no padrão de consumo relacionadas ao nível de renda per capita.41 Em
particular, a participação da agropecuária tende a cair ao longo do processo de
desenvolvimento, com aumento correspondente do emprego na indústria e nos serviços.
A análise revela que, embora a produtividade do Brasil possa aumentar se nossa
alocação setorial de trabalho se aproximar da observada nos países desenvolvidos, os
ganhos potenciais são muito maiores caso nossa produtividade setorial convirja para o
nível observado nessas economias. Em particular, se o Brasil tivesse a mesma alocação
da população ocupada observada nos Estados Unidos nossa produtividade aumentaria
68%. Por outro lado, se o Brasil tivesse produtividade igual à dos Estados Unidos em
todos os setores, nossa produtividade aumentaria 430%, reduzindo grande parte da
distância entre os dois países. Caso seja considerada a média dos países desenvolvidos
como base de comparação, o aumento de produtividade seria de cerca de 50% se o Brasil
tivesse a mesma alocação setorial de emprego e de 192% se nossa produtividade fosse
igual em todos os setores.
Uma investigação mais detalhada para o setor de serviços usando um índice
específico de PPP mostrou que a produtividade dos serviços no Brasil é baixa em
comparação com os países desenvolvidos, tanto em termos agregados como nos seus
componentes de serviços tradicionais e modernos. Especificamente, a produtividade dos
serviços modernos no Brasil corresponde à produtividade dos serviços tradicionais dos
países desenvolvidos.
Além de baixa em termos absolutos, a produtividade brasileira em serviços
tradicionais e modernos é menor que a prevista para países com nível de renda per capita
similar. Os resultados indicam que se a produtividade de serviços no Brasil fosse igual à
prevista para países com mesmo nível de renda per capita ela seria cerca de 75% maior e
teria se elevado ao longo do período 1995-2009, ao contrário da produtividade observada,
que ficou estagnada.
A principal conclusão é que, embora existam ganhos potenciais de uma realocação
da população ocupada para setores mais produtivos, a baixa produtividade brasileira está
muito mais associada ao baixo nível de produtividade em todos os setores. Ou seja, trata-
se de um problema sistêmico e não algo associado a setores específicos.
Uma literatura recente investiga em que medida a distribuição de produtividade
entre firmas afeta a produtividade de cada setor e da economia como um todo. Em
particular, existem evidências de que em países em desenvolvimento a proporção de
firmas pouco produtivas é bem maior que a encontrada em países desenvolvidos.42 Nesse
sentido, uma próxima etapa da pesquisa apresentada neste capítulo consistirá em analisar
em que medida a baixa produtividade setorial brasileira está associada à existência de um
41
Além disso, é preciso considerar que a alocação setorial do emprego depende de características
específicas de cada setor. Por exemplo, embora serviços modernos tenham produtividade bem maior que
serviços tradicionais, determinadas características dos serviços modernos, como elevado nível de
escolaridade e uso intensivo de tecnologias de informação, tornam difícil fazer uma realocação de trabalho
entre esses segmentos de serviços.
42
Banerjee e Duflo (2005) e Hsieh e Klenow (2009) são trabalhos pioneiros nessa linha de pesquisa.

27
grande número de firmas de produtividade muito baixa e limitado potencial de
crescimento.43

Referências
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International Productivity Differences”. American Economic Review 104 (6), p. 1667-
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BUSTOS, P., CAPRETTINI, B., PONTICELLI, J. “Agricultural Productivity and
Structural Transformation: Evidence from Brazil”. American Economic Review 106 (6),
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43
O capítulo de Fernando de Holanda Barbosa Filho e Paulo Corrêa neste volume representa um passo na
direção de documentar esse fato para o Brasil.

28
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Aggregate Productivity". Quarterly Journal of Economics, 125 (1), p. 129-173, 2010.
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29
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Apêndice

A.1. Amostra de países

Tabela A.1: Lista de Países


Acrônimo País Acrônimo País
AUS Austrália ITA Itália
AUT Áustria JPN Japão
BEL Bélgica KOR Coréia do Sul
BGR Bulgária LTU Lituânia
BRA Brasil LUX Luxemburgo
CAN Canadá LVA Letônia
CHN China MEX México
CYP Chipre MLT Malta
CZE República Tcheca NLD Holanda
DEU Alemanha POL Polônia
DNK Dinamarca PRT Portugal
ESP Espanha ROU Romênia
EST Estônia RUS Rússia
FIN Finlândia SVK Eslováquia
FRA França SVN Eslovênia
GBR Grã-Bretanha SWE Suécia
HUN Hungria TUR Turquia
IDN Indonésia TWN Taiwan
IND Índia USA Estados Unidos
IRL Irlanda
OBS: Taiwan não faz parte da amostra utilizada na análise de produtividade com base na PPP de serviços.

A.2. Classificação Setorial com Base na Social Economic Accounts


Tabela A 2: Classificação Setorial

Descrição Código Setor

30
Agriculture, Hunting, Forestry and Fishing AtB Agropecuária
Mining and Quarrying C Indústria
Food, Beverages and Tobacco 15t16 Indústria
Textiles and Textile Products 17t18 Indústria
Leather, Leather and Footwear 19 Indústria
Wood and Products of Wood and Cork 20 Indústria
Pulp, Paper, Paper , Printing and Publishing 21t22 Indústria
Coke, Refined Petroleum and Nuclear Fuel 23 Indústria
Chemicals and Chemical Products 24 Indústria
Rubber and Plastics 25 Indústria
Other Non-Metallic Mineral 26 Indústria
Basic Metals and Fabricated Metal 27t28 Indústria
Machinery, Nec 29 Indústria
Electrical and Optical Equipment 30t33 Indústria
Transport Equipment 34t35 Indústria
Manufacturing, Nec; Recycling 36t37 Indústria
Electricity, Gas and Water Supply E Indústria
Construction F Indústria
Sale, Maintenance and Repair of Motor Vehicles and
50 Serviços Tradicionais
Motorcycles; Retail Sale of Fuel
Wholesale Trade and Commission Trade, Except of Motor
51 Serviços Tradicionais
Vehicles and Motorcycles
Retail Trade, Except of Motor Vehicles and Motorcycles;
52 Serviços Tradicionais
Repair of Household Goods
Hotels and Restaurants H Serviços Tradicionais
Inland Transport 60 Serviços Modernos
Water Transport 61 Serviços Modernos
Air Transport 62 Serviços Modernos
Other Supporting and Auxiliary Transport Activities;
63 Serviços Modernos
Activities of Travel Agencies
Post and Telecommunications 64 Serviços Modernos
Financial Intermediation J Serviços Modernos
Real Estate Activities 70 Serviços Modernos
Renting of M&Eq and Other Business Activities 71t74 Serviços Modernos
Public Admin and Defence; Compulsory Social Security L Serviços Tradicionais
Education M Serviços Tradicionais
Health and Social Work N Serviços Tradicionais
Other Community, Social and Personal Services O Serviços Tradicionais
Private Households with Employed Persons P Serviços Tradicionais
Fonte: Social Economic Accounts. Elaboração dos autores.

A.3. Construção da Produtividade Setorial Usando PPP Agregada


Para obter uma medida de valor adicionado a preços internacionais constantes de
2005 – VA_PPP, adotamos o seguinte procedimento:

31
 Para obter o valor VA_PPP de 2005, dividimos o VA a preços nacionais
correntes de 2005 obtido da SEA pela taxa de câmbio do ano obtida da PWT
8.1 e em seguida pelo índice de paridade de poder de compra (PWT 8.1);
 Com a série de preços do valor adicionado – VA_P (SEA) e VA a preços
correntes (SEA), construímos a série de VA a preços constantes nacionais de
2005 – VA_05;
 Para obter o VA_PPP para anos anteriores a 2005, dividimos o VA_PPP de
2005 pela taxa de crescimento acumulada do VA_05 entre o ano e 2005;
 Para obter o VA_PPP para anos posteriores a 2005, multiplicamos o VA_PPP
de 2005 pela taxa de crescimento acumulada do VA_05 entre o ano e 2005.
A produtividade setorial a preços internacionais é simplesmente o VA_PPP
dividido pela população ocupada para cada ano e cada setor.

A.4. Resultados para a amostra completa de países


Tabela A.3: Produtividade agregada e setorial – PPP agregada

Indústria de
Total Agropecuária Indústria Serviços
Transformação

AUS 67.555 65.469 88.358 73.364 61.589

AUT 61.673 15.596 73.715 74.463 62.469

BEL 69.098 35.791 81.595 84.259 66.673

BGR 17.285 7.384 21.017 21.685 21.578

BRA 14.689 4.779 19.389 18.420 15.814

CAN 71.176 49.419 105.858 91.061 62.329

CHN 14.792 3.599 25.661 26.709 18.549

CYP 39.473 17.899 33.994 31.566 42.189

CZE 38.247 22.660 40.323 42.044 37.461

DEU 59.959 23.999 63.922 66.179 59.923

DNK 54.431 36.437 62.874 56.207 52.631

ESP 55.990 42.682 62.856 54.753 54.692

EST 28.490 27.018 23.965 23.126 30.485

FIN 59.185 42.337 72.874 77.318 54.581

32
FRA 66.488 50.027 64.056 65.825 69.225

GBR 56.729 25.184 70.852 72.017 54.643

HUN 33.947 19.986 30.231 32.204 37.229

IDN 9.303 2.876 22.098 18.357 9.266

IND 8.423 2.224 11.984 11.222 17.307

IRL 84.949 27.976 114.873 176.759 80.397

ITA 58.125 34.503 51.057 49.282 62.153

JPN 64.967 18.102 70.607 79.909 65.400

KOR 52.503 24.290 74.759 82.193 44.429

LTU 30.269 13.736 35.561 39.162 31.113

LUX 68.859 20.787 40.301 39.862 78.598

LVA 26.487 14.379 21.969 19.970 29.059

MEX 25.260 6.109 31.423 28.024 27.836

MLT 44.934 34.996 40.090 47.872 46.703

NLD 65.661 48.649 93.171 87.541 61.089

POL 34.579 9.922 39.132 39.537 38.166

PRT 37.074 8.895 31.160 30.586 43.109

ROU 22.263 5.954 27.477 26.033 29.523

RUS 22.230 4.860 31.182 26.284 24.930

SVK 40.191 45.906 42.715 39.289 38.085

SVN 42.955 11.204 41.928 41.891 48.482

SWE 58.927 36.053 64.275 67.596 57.917

TUR 34.194 13.366 37.108 36.935 42.140

TWN 69.782 22.964 51.527 57.492 84.690

USA 89.318 66.271 109.937 115.184 85.647


Média
47.050 25.091 52.538 53.687 48.414
SEA

33
Fonte: A produtividade é calculada a partir de dados da Socio Economic Accounts convertidos em preços
internacionais usando a PPP obtida da Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.
OBS: Os dados de produtividade são expressos em US$ PPP, usando a PPP agregada.

Tabela A.4: Contrafactual 1 – Razão de Produtividade – PPP agregada


Indústria de
Total Indústria Serviços
Transformação
AUS 1,65 1,54 1,28 1,47
AUT 1,50 1,26 1,31 1,43
BEL 1,52 1,35 1,52 1,37
BGR 2,03 1,29 0,98 2,56
BRA 1,00 1,00 1,00 1,00
CAN 1,67 1,53 1,34 1,49
CHN 0,94 1,26 1,13 0,96
CYP 1,49 0,94 1,08 1,50
CZE 1,58 1,31 1,26 1,44
DEU 1,55 1,36 1,42 1,39
DNK 1,59 1,20 1,36 1,51
ESP 1,37 1,11 1,30 1,30
EST 1,51 1,32 1,09 1,37
FIN 1,56 1,27 1,36 1,48
FRA 1,54 1,23 1,33 1,45
GBR 2,37 1,28 1,55 2,36
HUN 1,49 1,42 1,29 1,33
IDN 0,95 1,08 0,86 1,22
IND 0,72 0,90 0,81 1,08
IRL 1,69 1,30 1,76 1,64
ITA 1,30 1,10 1,20 1,20
JPN 1,51 1,19 1,33 1,45
KOR 1,62 1,20 1,43 1,64
LTU 1,32 1,23 1,01 1,26
LUX 2,25 1,05 1,29 2,35
LVA 1,71 1,27 1,02 1,74
MEX 1,04 1,05 1,16 0,97
MLT 2,04 1,65 1,47 1,91
NLD 1,45 1,14 1,31 1,37
POL 1,96 1,46 1,15 2,19
PRT 1,20 0,94 0,94 1,24
ROU 1,29 1,36 1,07 1,43
RUS 1,53 1,83 1,31 1,50
SVK 1,50 1,26 1,19 1,37
SVN 1,49 1,32 1,31 1,41
SWE 1,57 1,34 1,39 1,43
TUR 1,49 1,05 0,99 1,95
TWN 1,61 1,23 1,40 1,59
USA 1,68 1,34 1,41 1,56
Média SEA 1,53 1,26 1,25 1,52

34
Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores
Tabela A.5: Contrafactual 2 – Razão de Produtividade – PPP agregada
Indústria de
Total Agropecuária Indústria Serviços
Transformação
AUS 3,94 13,70 3,56 3,67 3,28
AUT 3,48 3,26 3,74 4,08 3,39
BEL 4,20 7,49 3,81 4,08 4,08
BGR 1,30 1,55 1,08 1,29 1,36
BRA 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
CAN 4,32 10,34 4,12 4,39 3,89
CHN 1,81 0,75 1,24 1,48 2,14
CYP 2,38 3,75 1,70 1,59 2,54
CZE 2,11 4,74 1,84 2,10 2,00
DEU 3,33 5,02 2,81 3,11 3,40
DNK 3,45 7,62 3,76 2,83 2,97
ESP 3,37 8,93 3,05 2,71 3,02
EST 1,75 5,65 1,17 1,26 1,65
FIN 3,38 8,86 3,14 3,33 3,02
FRA 4,11 10,47 3,14 3,39 3,96
GBR 3,58 5,27 3,72 3,88 3,38
HUN 2,18 4,18 1,28 1,46 2,38
IDN 0,83 0,60 1,16 1,32 0,71
IND 1,12 0,47 0,96 1,19 1,24
IRL 4,66 5,85 5,19 6,86 4,35
ITA 4,06 7,22 2,67 2,68 4,36
JPN 3,68 3,79 3,86 4,81 3,60
KOR 2,93 5,08 3,35 3,53 2,57
LTU 1,82 2,87 1,68 2,03 1,79
LUX 3,39 4,35 2,31 2,50 3,75
LVA 1,46 3,01 1,00 0,97 1,51
MEX 1,83 1,28 1,59 1,49 1,97
MLT 2,87 7,32 2,03 2,58 2,84
NLD 4,58 10,18 6,10 5,35 3,50
POL 2,33 2,08 1,87 2,03 2,54
PRT 2,40 1,86 1,73 1,81 2,72
ROU 1,67 1,25 1,56 1,64 1,76
RUS 1,31 1,02 1,17 1,18 1,40
SVK 2,65 9,61 2,02 1,96 2,32
SVN 2,60 2,34 1,95 2,03 2,89
SWE 3,54 7,54 3,18 3,71 3,35
TUR 2,56 2,80 1,95 2,20 2,79
TWN 4,70 4,81 3,15 2,88 5,32
USA 5,30 13,87 4,80 5,21 4,78
Média SEA 2,92 5,28 2,59 2,75 2,86
Fonte: Socio Economic Accounts e Penn World Table 8.1. São usados dados de 2009. Elaboração dos
autores.

35
Tabela A.6: Contrafactuais 1 e 2 – Razão de Produtividade – PPP setorial

Contrafactual 1 Contrafactual 2
Serviços Serviços Serviços Serviços
Serviços Serviços
Tradicionais Modernos Tradicionais Modernos
AUS 1,46 1,12 1,54 3,32 3,96 2,65
AUT 1,45 1,19 1,47 3,58 4,39 2,73
BEL 1,32 1,31 1,04 4,27 4,98 3,54
BGR 2,78 1,34 3,75 1,42 1,18 1,67
BRA 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
CAN 1,45 1,08 1,81 3,86 4,11 3,60
CHN 0,94 0,86 1,42 2,05 1,59 2,52
CYP 1,48 1,08 1,99 3,20 3,25 3,15
CZE 1,44 1,23 1,28 2,21 2,56 1,85
DEU 1,38 1,18 1,27 3,33 3,91 2,72
DNK 1,49 1,25 1,51 2,99 3,65 2,30
ESP 1,30 1,13 1,35 3,27 4,20 2,32
EST 1,37 1,13 1,39 1,82 1,99 1,65
FIN 1,49 1,28 1,42 2,91 3,65 2,15
FRA 1,43 1,27 1,29 4,09 4,75 3,41
GBR 2,50 1,23 2,55 3,49 4,38 2,57
HUN 1,29 1,19 1,23 2,93 2,79 3,06
IDN 1,14 1,17 1,41 0,76 0,83 0,69
IND 1,03 0,91 1,08 1,60 2,11 1,07
IRL 1,62 1,17 1,77 3,82 4,25 3,38
ITA 1,16 1,04 1,11 4,51 4,16 4,87
JPN 1,47 1,23 1,49 3,44 4,61 2,24
KOR 1,67 1,03 1,94 2,36 3,05 1,65
LTU 1,24 1,11 1,41 2,00 1,92 2,09
LUX 2,28 1,22 1,89 4,87 5,84 3,87
LVA 1,82 1,13 2,11 1,63 1,92 1,33
MEX 0,96 0,91 1,12 1,88 2,03 1,72
MLT 2,02 1,16 2,18 3,07 4,07 2,04
NLD 1,34 1,20 1,17 3,28 4,07 2,45
POL 2,33 1,26 2,92 2,52 3,15 1,88
PRT 1,19 1,19 1,22 2,78 2,73 2,82
ROU 1,37 1,29 1,36 2,03 2,47 1,57
RUS 1,49 1,26 1,64 1,36 1,62 1,08
SVK 1,32 1,23 1,26 2,99 3,36 2,60
SVN 1,36 1,23 1,15 3,01 3,30 2,71
SWE 1,43 1,25 1,41 3,61 4,38 2,81
TUR 2,11 1,22 3,10 2,67 1,96 3,40
USA 1,56 1,39 1,60 4,70 5,28 4,09
Média SEA 1,53 1,17 1,64 2,91 3,31 2,49
Fonte: Socio Economic Accounts e Groningen Growth and Development Centre Productivity Level
Database. São usados dados de 2009. Elaboração dos autores.

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