Politica Economica

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CENTRO PASTORAL, EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL DOM CARLOS -

CPEA.
FACULDADE VIZINHANÇA VALE DO IGUAÇU – VIZIVALI
ADMINISTRAÇÃO – GESTÃO DE NEGÓCIOS

ECONOMIA BRASILEIRA
Prof. Luciano

DOIS VIZINHOS
NOVEMBRO, 2004.
Juliana Muller; Juliana Cherubini.

ECONOMIA BRASILEIRA
Prof. Luciano

Trabalho apresentado na
disciplina de Economia
Brasileira e do Trabalho, do
curso de Administração na
VIZIVALI, com o professor
LUCIANO.

DOIS VIZINHOS
NOVEMBRO, 2004.
Política Econômica No Brasil

É importante conhecer o cenário em que se atua e as modificações que afetam


a economia para determinar as ações e possivelmente prever seus efeitos. É senso
comum que, para estabelecer uma política de ação, os instrumentos mais
apropriados devem ser combinados e direcionados para as variáveis que tenham
efeito mais forte sobre as metas e resultados desejados.
Assim, neste artigo, procura-se identificar alguns instrumentos de política
econômica usados no Brasil nos últimos vinte anos do século XX. Especificamente,
busca-se analisar as relações existentes entre renda, emprego e competitividade
externa brasileira, bem como identificar os instrumentos de política econômica
pertinentes ao desempenho destas, usados nas décadas de 80 e 90. 2 Supõe-se que o
comportamento evolutivo do PIB está associado às duas variáveis básicas: uma
relativa ao setor interno, que é o emprego/desemprego, e uma relativa ao setor
externo, que é o indicador de competitividade externa.3
Na análise das informações de comércio de bens do Brasil sobre a
composição da pauta de comércio, segundo categorias, observou-se que 70% das
exportações são de bens com baixa a média complexidade, agrupados em bens
primários, sendo eles agrícolas, minérios e energéticos, bens industrializados
tradicionais e bens industriais básicos. Apesar de ter havido uma diversificação na
pauta de exportações de 1980 a 2000, ainda se considera que o valor agregado das
exportações seja modesto.
As importações apresentaram diversificação bastante acentuada, com grande
redução de bens primários e crescimento de bens industrializada difusores de
progresso técnico, que são as maquinarias, instrumentos, química fina com destino à
formação bruta de capital ou bens intermediários.
Diante deste quadro, o indicador de competitividade (IC) foi calculado pela
razão entre o valor dos bens que compõem a maior parte das exportações e o valor
que compõe a maior parte das importações brasileiras, valores estes representativos
da estrutura de comércio brasileira e cujo aspecto se pretendeu enfatizar nesta
pesquisa.
As tabelas 1, 2 e 3 mostram os cálculos das matrizes de correlação, para o
período completo, de 1980 a 2000, e por subperíodos, de 1980 a 1990 e de 1990 a
2000.

Tabela 1 - Correlação entre IC, US$PIB per capita e TDA, Brasil, período 1980
a 2000.
. IC PIB TDA
IC 1 . .
PIB -0,7109 1
TODA -0,2178 -0,1432 1

Tabela 2 - Correlação entre IC, US$PIB per capita e TDA, Brasil, período 1980
a 1990.

. IC PIB TDA
IC 1 . .
PIB -0,4309 1
TODA 0,1030 -0,8250 1

Tabela 3 - Correlação entre IC, US$PIB per capita e TDA, Brasil, período 1990
a 2000.

. IC PIB TDA
IC 1 . .
PIB -0,9854 1
TODA -0,5543 0,4695 1

Os resultados mostraram que foi forte a correlação entre taxa de desemprego


aberto e PIB per capita, de –0,825, na década de 80, enquanto a competitividade
externa brasileira apresentou fraca correlação com o PIB e com a taxa de
desemprego aberto.
Na década de 90, houve muito forte correlação entre competitividade das
exportações brasileiras e PIB per capita (-0,98), ou seja, as importações brasileiras
foram fortemente correlacionadas com o crescimento, não sendo tão elevada com
relação ao desemprego. No período de 1980 a 2000, a correlação entre o PIB e a
competitividade pareceu razoavelmente elevada, enquanto a taxa de desemprego
apresentou fraca correlação com o PIB e com a competitividade externa. 4
Com base nisso, pesquisou-se os instrumentos mais relevantes pertinentes ao
emprego na década de 80 e ao setor externo na década de 90. Ou seja, o que de
relevante ocorreu na década de 80 com respeito ao emprego diante da renda do
Brasil e o que de relevante ocorreu na década de 90 com relação ao setor externo,
diante da renda brasileira.
Década de oitenta
O panorama da década de 80 era de forte crise cambial e da dívida externa.
Diante disso, a política econômica foi direcionada no sentido de realinhamento de
preços e salários. Os instrumentos usados foram taxa de câmbio e política salarial.
Partindo-se da definição básica de emprego - uma relação entre pessoas que
vendem sua força de trabalho por algum valor, alguma remuneração, e pessoas que
compram essa força de trabalho pagando em troca o salário -, procurou-se identificar
a política salarial adotada na década de 80.
A política salarial, a vigorar em princípios da década de 80, formulada em
novembro de 1979, apresentava modificações importantes, entre as quais se
destacam as adoções de reajuste semestrais dos salários em substituição ao sistema
anterior de reajustes anuais; e a adoção de um índice de preços ao consumidor, o
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), como critério único de reajuste,
em substituição aos quatro componentes da fórmula empregada pela política salarial
anterior.
Esses quatro componentes eram um índice de reconstituição do salário real
médio nos doze meses anteriores ao do reajuste; um índice representativo da metade
da inflação prevista para os doze meses seguintes; um componente de correção de
erro de previsão dessa taxa nos reajustes anteriores; e um índice de correção dos
salários face a variações nas relações de hora extras e um índice de correção dos
salários face à variação nas relações de troca externas e internas (setor urbano versus
setor rural).
Além dessas modificações, houve também o estabelecimento de reajustes
diferenciados por classes de salários; a autorização para que fosse 'livremente
negociado', por ocasião da data-base anual, um coeficiente adicional de reajuste,
ligado à variação da produtividade de categoria profissional; e a divulgação, com
antecedência mínima de um mês da data do reajuste, da variação semestral do INPC,
substituindo a sistemática anterior em que o índice oficial de reajuste era publicado
no próprio mês a partir do qual o reajuste era devido. Para a transição da antiga para
a nova política, foi estabelecido um reajuste geral de 22%, a partir da data em que a
nova política passou a vigorar (1º de novembro de 1979) para todas as categorias
com datas-base situadas nos meses de novembro de 1978 a abril de 1979, categorias
essas que já haviam obtido o seu último reajuste coletivo há mais de 6 meses.
Assim, essa nova política salarial teve também o objetivo de reverter a
tendência à concentração de renda observada na economia brasileira após 1964,
atuando diretamente sobre a distribuição dos salários.
Em julho de 1983, através do Decreto-Lei n.º 2045, o governo estipularia a
correção automática dos salários em 80% da variação do INPC nos seis meses
anteriores ao reajuste. Esse decreto foi substituído pelo Decreto 2065, que
estabeleceu reajustes escalonados, de 100% do INPC para salários mais baixos,
tendendo aos 50% do INPC à medida que se avança na escala para salários
superiores aos 20 mínimos por mês. Para o conjunto dos trabalhadores do país,
estima-se que o reajuste médio foi de 87% do INPC.
Adicionando-se a isso, o imposto de renda sobre os salários foi elevado,
compensando o maior reajuste da massa global dos salários, e instituiu-se a médio
prazo a livre negociação salarial sem nenhuma garantia de correção dos salários para
compensar as perdas inflacionárias.
Em 1986, os salários foram congelados pelo valor médio dos últimos seis
meses, mais um abono de 8%. Criou-se um indicador, chamado gatilho salarial, pelo
qual, ultrapassando a inflação em 20%, os salários teriam correção automática com o
mesmo índice, mais as diferenças negociadas nos dissídios coletivos das diferentes
categorias. Em 1987, este indicador foi extinto mantendo-se a sistemática de
negociação salarial.
Essas medidas atenuaram o efeito da redução do ritmo de crescimento sobre
o emprego, permitindo ajustar a economia a uma situação externa adversa, com a
redução do nível de gasto doméstico para torná-lo compatível com um menor
volume de importações.
Década de noventa
Os anos 90s foram caracterizados por grandes transformações na economia
brasileira, ocasionadas principalmente pela liberalização comercial e financeira e
também pela implementação de políticas de estabilização. Barreiras tarifárias e não-
tarifárias foram reduzidas, bem como poupança externa foi atraída. Planos de
estabilização foram tentados, tendo sido o Plano Real, implementado em 1994, o
único a conseguir conter o ritmo da inflação após várias décadas de perturbações. 5
No Brasil, a proteção ao setor manufatureiro, através de barreiras tarifárias e
não-tarifárias, foi paulatinamente, retirada, observando um cronograma estabelecido.
A privatização foi implementada através do Programa Nacional de Desestatização.
Os objetivos da política de privatização do Brasil, no início da década de noventa,
foram basicamente o ajuste patrimonial, a recuperação do nível de investimentos e a
eficiência microeconômica decorrente da passagem da titularidade de ativos
públicos para agentes privados.
A argumentação era a de que havia a necessidade de reduzir o déficit
público, de aumentar a captação de poupança privada para a promoção de
investimentos nos setores privatizados e de que a estrutura burocrática, diante de
assimetria de informações, não garantiria o incentivo adequado para induzir essas
empresas a reduções de custos, aumento de qualidade e/ou investimentos em
capacitação tecnológica, na ausência de pressão competitiva efetiva.
A mudança mais significativa trazida pela privatização foi à gestão das
antigas estatais pelo princípio da empresa privada.6
Como na década de noventa se intensificou o processo de desestatização,
tornou-se necessário readequar os instrumentos da política industrial em uma nova
concepção de concorrência, para atenuar os efeitos de falhas de mercado do tipo
bens públicos, externalidades, economias de rede ou falhas intertemporais, propiciar
a competitividade sistêmica e criar um ambiente favorável à busca permanente da
competitividade.
Entretanto, a concorrência mostrou ser um instrumento insuficiente para o
atendimento dos objetivos de política industrial.
A liberalização dos mercados trouxe a reversão das tendências da
industrialização e a agricultura passou a ter crescimento expressivo.
A explicação para isso talvez esteja na brusca exposição da indústria à
concorrência internacional, bem como aos estímulos concedidos para a
modernização do setor agrícola. O setor industrial perdeu dinamismo e os recursos
externos foram preponderantemente utilizados pela agricultura de exportação.
A política adotada para modernização do agronegócio brasileiro permitiu um
aumento significativo na produtividade agrícola, o que elevou a participação da
agricultura propriamente dita. Isso permitiu mostrar que a agricultura brasileira é
bastante competitiva e que a agricultura de exportação ainda possui vantagens
comparativas.
A concessão de crédito, pelos órgãos oficiais (BNDES), para a consolidação
da estrutura produtiva do setor agropecuário, através do segmento moderno, centrou
sua atuação nas categorias empresariais, estimulando as formas de organização que
incentivassem a introdução e difusão do progresso técnico.8
Estabilidade de preços
Quanto à estabilização, desde meados da década de oitenta, várias tentativas
de reduzir o nível de inflação, que crescia persistentemente, foram feitas com os
Planos Cruzado I e II, em 1986; o Plano Bresser, em 1997; e o Plano Verão, em
1989. Estes planos procuraram conter o ritmo inflacionário através de congelamento
de preços e salários, mas nenhum teve êxito no combate à inflação e na retomada do
ritmo de crescimento econômico. Neste último, extinguiu-se a correção monetária,
eliminando-se a inércia inflacionária.
A década de 90 se inicia com o Plano Collor, que se utilizou da sistemática
de bloqueio de ativos financeiros poupados para controle inflacionário, agravando
mais ainda a já problemática incerteza sobre os rumos da economia brasileira. O
Plano Collor II, em 1991, adotou novamente o instrumental do congelamento de
preços e salários e extinguiu o referencial de indexação de preços, o Bônus do
Tesouro Nacional fiscal, utilizando a Taxa Referencial Diária. O instrumental usado
conduziu à substituição do Presidente.
Em 1994 é implementado o Plano Real, programa de estabilização bem-
sucedido, que reduziu as taxas de inflação por um período prolongado. No Plano
Real, criou-se uma moeda virtual atrelada ao dólar, a Unidade Real de Valor (URV).
Através disso, o governo adotou a lógica da dolarização, usando as âncoras cambiais
ou metas cambiais. No regime de âncora cambial para a estabilização monetária, a
taxa de juros passa a ser o instrumento de política monetária mais importante.
Foi estabelecido um período de quatro meses para que os agentes
econômicos se adaptassem à URV. Durante esse período, a taxa de câmbio, os
preços básicos, os salários dos funcionários públicos, salário mínimo, pensões e
tarifas públicas foram compulsoriamente convertidos em URVs. O setor privado foi
adaptando seus preços a essa sistemática.
Ao final desse período, a URV, que valia 2.750 cruzeiros novos, foi
convertida na nova moeda, o Real. Toda base monetária da velha moeda foi
substituída por novas cédulas e moedas.
Houve firme determinação em manter baixa a taxa de inflação, até que em
fins da década de noventa foi implementada a sistemática de metas de inflação, ou
'inflation targeting'. As metas de inflação se tornaram um instrumento de controle de
preços, que substituíram as metas cambiais, ou âncoras cambiais, diante do
esgotamento daquele instrumento.
Para fixar as metas de inflação, utiliza-se do núcleo de inflação, ou 'core
inflation', é uma medida que procura captar a tendência dos preços, desconsiderando
os distúrbios temporários de choques de oferta, como os resultantes de fatores
climáticos ou sazonais. Sua utilidade é a de orientar a política monetária a identificar
e diagnosticar os choques que afetam a inflação.
Ao longo das duas últimas décadas do século XX, o Brasil utilizou
instrumentos de política econômica compatíveis com os objetivos propostos. Na
década de oitenta, a atenção foi focada principalmente no aspecto interno da
economia, com a preocupação de reduzir os problemas do emprego, diante de crise
externa severa. Na década de 90, ênfase maior foi dada aos aspectos externos da
economia e aos impactos internos sobre a estabilidade. De comum às duas décadas
foi um crescimento moderado à espera de um novo modelo de desenvolvimento.

“A estabilidade em si não é estratégia de desenvolvimento,

assim como a flexibilização da legislação trabalhista

sozinha não ajuda a promoção da economia”.

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