O Sistema de Gestão Integrado (Sgi) E A Ergonomia: Uma Investigação Exploratória Da Percepção Qualitativa Na Aplicação Da Nr-17

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O SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO (SGI) E A ERGONOMIA: UMA


INVESTIGAÇÃO EXPLORATÓRIA DA PERCEPÇÃO QUALITATIVA NA
APLICAÇÃO DA NR-17.

Conference Paper · December 2017

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Eduardo de Lima Marcos Messias Borges Silva


São Paulo State University University of São Paulo USP and São Paulo State University UNESP
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João Paulo Estevam de Souza


University of Glasgow
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O SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO (SGI) E A
ERGONOMIA: UMA INVESTIGAÇÃO
EXPLORATÓRIA DA PERCEPÇÃO QUALITATIVA
NA APLICAÇÃO DA NR-17.
EDUARDO DE LIMA MARCOS - [email protected]
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP - GUARATINGUETÁ

MESSIAS BORGES SILVA - [email protected]


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP - GUARATINGUETÁ

JOÃO PAULO ESTEVAM DE SOUZA - [email protected]


INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA - ITA

Área: 4 - ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO


Sub-Área: 4.1 - PROJETO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Resumo: O SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO (SGI) VEM IMPULSIONANDO A


GESTÃO EMPRESARIAL A EXPLORAR OS REQUISITOS DA ISO 9001, ISO 14001,
OHSAS 18001 E SA 8000 NA FORMA INTEGRADA AO INVÉS DE TOMADAS DE
DECISÕES LOCALIZADAS. A CIÊNCIAS ERGONÔMICAS SE APREESENTAM COMO
FERRAMENTA DO MELHORAMENTO DA SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL
DOS TRABALHADORES, E NO ESTADO BRASILEIRO SE APLICAM AS NORMAS
REGULAMENTADORAS, NO CASO DA ERGONOMIA A NR-17. O OBJETIVO DESTE
TRABALHO É APRESENTAR POR MEIO DA PESQUISA QUALITATIVA-
EXPLORATÓRIA TIPO SURVEY COMO ESTÃO OS CONHECIMENTOS DOS
TRABALHADORES QUANTO AOS SISTEMAS NORMATIVOS E QUAL A SUA
CONCORDÂNCIA OU DISCORDÂNCIA AO ATENDIMENTO DOS REQUISITOS
ERGONÔMICOS DESCRITOS NA NR-17. A PESQUISA FOI REALIZADA COM UM
GRUPO DE ALUNOS DO ENSINO-TÉCNICO PROFISSIONALMENTE ATIVOS. OS
RESULTADOS DEMONSTRARAM QUE 54% DOS RESPONDENTES DESCONHECEM
AS NORMAS DO SGI OU SUAS EMPRESAS NÃO POSSUEM IMPLANTADO UM
SISTEMA DE GESTÃO CERTIFICADO, E 60% AFIRMAM QUE SEUS ASSENTOS
AINDA APRESENTAM ALGUM TIPO DE PROBLEMA DE AJUSTE.

Palavras-chaves: SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADA; SGI; ERGONOMIA; NR-17;


SURVEY
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THE INTEGRATED MANAGEMENT SYSTEM (IMS)


AND ERGONOMICS: AN
EXPLORATORY RESEARCH OF
QUALITATIVE PERCEPTION IN THE
APPLICATION OF NR-17.
Abstract: THE INTEGRATED MANAGEMENT SYSTEM (IMS) HAS BEEN DRIVING
BUSINESS MANAGEMENT TO EXPLOIT THE REQUIREMENTS OF ISO 9001, ISO
14001, OHSAS 18001, AND SA 8000 IN AN INTEGRATED MANNER RATHER THAN
LOCALIZED DECISION-MAKING. THE ERGONOMIC SCIENCES AARE PRESENT AS
A TOOL TO IMPROVE THE HEALTH AND OCCUPATION SAFETY OF WORKERS. IN
THE BRAZILIAN STATE REGULATORY STANDARDS APPLY, IN THE CASE OF
ERGONOMICS TO NR-17. THE OBJECTIVE OF THIS STUDY IS TO PRESENT THE
QUALITATIVE AND EXPLORATORY SURVEY-TYPE RESEARCH AS TO THE
WORKERS KNOWLEDGE REGARDING NORMATIVE SYSTEM AND THEIR
AGREEMENT OR DISAGREEMENT WITH THE ERGONOMIC REQUIREMENTS
DESCRIBED IN THE NR-17. THE RESEARCH CARRIED OUT WITH A GROUP OF
PROFESSIONALLY ACTIVE TEACHING-TECHNICAL STUDENTS. THE RESULTS
SHOWED THAT 54% OF RESPONDENTS ARE NOT AWARE OF IMS NORMS OR
THEIR COMPANIES DO NOT HAVE A CERTIFIED MANAGEMENT SYSTEM, AND
60% SAY THEIR SEATS STILL HAVE SOME TYPE OF ADJUSTMENT PROBLEMS.

Keyword: INTEGRATED MANAGEMENT SYSTEM; IMS; ERGONOMICS; NR-17;


SURVEY

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1. Introdução

Nos últimos anos a gestão-empresarial tem ampliado a visão quanto aos aspectos da
qualidade para além da produção e do produto. Agregando a esses aspectos requisitos as
outras partes interessadas (stakeholders) do sistema produtivo como: qualidade (ISO 9000),
ambiental (ISO 14000), saúde e segurança ocupacional (OHSAS 18001) e a responsabilidade
social da empresa (SA 8000) (MOREIRA; LOPES, 2016; NADAE; CARVALHO, 2016).
A ergonomia é uma área de estudo que possibilita a aplicação de ações para a melhoria
das condições do trabalho nos aspectos físicos, cognitivo e organizacional no enfoque de
descobrir novas propostas de soluções para os problemas que o homem depara no ambiente
produtivo (SANTOS, 2015), na estratégia de atendimento aos requisitos do sistema normativo
OHSAS 18001.
Atualmente não se observa, somente, ações departamentais na gestão-empresarial, mas
a interação dos sistemas normativos da organização por meio da integração de seus requisitos
para satisfazer a partes interessadas.
Na intensão de atendimento aos requisitos do SGI e na melhora do posto de trabalho
pela gestão-empresarial. Este trabalho tem o objetivo de apresentar por meio da pesquisa
qualitativa exploratória tipo survey à resposta das seguintes questões: Qual o conhecimento
dos trabalhadores quanto aos sistemas certificáveis do SGI? E, qual o nível de concordância
ou discordância quanto ao atendimento dos requisitos ergonômicos mobiliários descritos na
NR-17 no seu atual posto de trabalho?

2. Fundamentos Conceituais

2.1 Sistema de Gestão Integrado (SGI)

O Sistema de Gestão Integrado (SGI), que atende aos requisitos das normas NBR ISO
9001 – Qualidade, NBR ISO 14001 – Meio Ambiente, OHSAS 18001 – Saúde e Segurança
Ocupacional e a SA 8000 – Responsabilidade Social, permite extrair o máximo de
informações produzidas em todos os departamentos, processos ou serviços da organização. E
são estas atividades que auxiliam à organização no cumprimento dos requisitos legais e as
necessidades dos cliente (MOREIRA; LOPES, 2016).

Na Figura 1 é possível compreender de forma simplificada o conceito do SGI


explorado por Moreira e Lopes (2016). A literatura destaca que seja qual for o processo

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produtivo, este sempre gerará produtos desejáveis e produtos-resultados indesejáveis


(poluentes, resíduos, condições inseguras, etc), podendo impactar negativamente o meio
ambiente, a sociedade e a saúde e segurança dos empregados (RIBEIRO NETO; TAVARES;
HOFFMANN, 2012).

FIGURA 1 – Concepção conceitual de um sistema integrado. Fonte: Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmann
(2012).

A integração dos sistemas de gestão ocorre a partir da similaridade nos processos dos
sistemas. Os comumente integrados são os sistemas normativos de gestão da qualidade (ISO
9000), gestão ambiental (ISO 14000), segurança e saúde ocupacional (OHSAS 18000) e a
responsabilidade social (SA 8000) (NADAE; CARVALHO, 2016).
A OHSAS 18001:2007 apresenta nos requisitos 4.2 e 4.3.1 da norma, a “Política de
saúde e segurança no trabalho” e “Identificação de perigos, avaliação de riscos e
determinação de controles”, respectivamente (RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN,
2012).
Desta forma, a literatura direciona o atendimento dos aspectos ergonômicos no posto
de trabalho no atendimento da NR-17, conforme a Figura 2, como conformidade com os
requisitos da OHSAS 18000.

FIGURA 2 – Atendimento da NR-17 por meio da Ergonomia em face ao SGI. Fonte: Autores (2017).

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2.2 Ergonomia

A introdução da ergonomia surgiu em 1850, a partir de um artigo publicado pelo


cientista polonês Wojciech Jastrzebowski denominado “Ensaios de ergonomia ou ciência do
trabalho, baseado nas leis da ciência sobre a natureza” (JUNIOR – 2013). Este termo tem
origem em duas palavras gregas: “ergos” possui o significado de trabalho; e “monos” que
possui o significado de leis do trabalho (IIDA, 2005).
Para Grandjean (2005), o estudo da ciência ergonômica inicia-se na exploração dos
seus conceitos que têm diversas formas de ser definida, porém a mais usual é o estudo da
adaptação do trabalho considerando as características do homem.
O tema foi difundido em diversos trabalhos por meio da definição de Iida Itiro (2005),
que conceitua a ergonomia como sendo o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O
trabalho sendo avaliado de forma abrangente e ampla, considera tanto o trabalhador
relacionado com a atividade produtiva como o mesmo executando o trabalho com máquinas e
equipamentos (CORRÊA et al, 2015; JUNIOR et al, 2013; ROSA et al, 2015; SANTOS,
2015).
O sistema de trabalho pode ser afetado por diversos fatores onde é recomendado
analisar pela visão da ciência ergonômica com foco em minimizar os efeitos prejudiciais à
segurança e a saúde ocupacional do trabalhador (CORRÊA et al, 2015). O posto de trabalho
inclui aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao
mobiliário, aos equipamentos, às condições ambientais do posto de trabalho e à própria
organização do trabalho (JUNIOR et al, 2013).
A análise ergonômica do trabalho visa aplicar os conhecimentos da ergonomia para
analisar, diagnosticar e corrigir não conformidades e como resultado desse estudo tem-se a
redução da fadiga, estresse, erros e acidentes proporcionando segurança, satisfação e saúde
aos trabalhadores (IIDA, 2005).
Soma-se ainda a definição da Associação Internacional de Ergonomia que relaciona o
significado da dimensão ergonômica como uma disciplina científica relacionada ao
entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos. E a aplicação de
teorias, princípios, dados e métodos à projeto com objetivo de otimizar o bem-estar humano e
potencializar o desempenho produtivo (ROSA et al, 2015).
Finalmente, compreende-se que a ergonomia é uma disciplina que possibilita o
desenvolvimento de ações para a melhoria das condições do trabalho nos aspectos físicos,
cognitivos e organizacional na busca de descobrir caminhos de soluções para os problemas

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que o trabalhador encontra no posto de atividade produtiva (SANTOS, 2015).

2.3 A NR-17

A NR-17 é uma norma regulamentadora brasileira com objetivo de estabelecer


parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores de modo a proporcionar o máximo conforto, segurança e
saúde ocupacional (ROSA et al, 2015).
Publicada pela Portaria nº 3.214, de 08/06/1978 – D.O.U. (Diário Oficial da União)
06/07/1978, a NR-17 é uma norma regulamentadora, que visa a avaliação da adaptação das
condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabendo aos
empregadores realizar a análise ergonômica do trabalho. Essa avaliação deve abordar os
requisitos mínimos das condições de trabalho conforme a NR-17 (MORAES JUNIOR, 2015).
Os itens 17.3.2 e 17.3.3 do tópico 17.3 da NR-17, discorrem sobre as características de
requisitos ao posto de trabalho no aspecto mobiliário. Esses aspectos foram base dos
questionamentos das percepções ergonômicas tratadas na survey deste trabalho. Conforme
descritos no Quadro 01.

Item da NR-17. Aspecto exploratório perceptivo do item.

17.3.2 a) ter altura e característica da superfície de trabalho


Para o trabalho manual sentado ou que tenha compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida
de ser feito em pé, as bancadas, mesas, dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento;
escrivaninhas e os painéis devem b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo
proporcionar ao trabalhador condições de boa trabalhador;
postura, visualização e operação e devem c) ter características dimensionais que possibilitem
atender aos requisitos mínimos: posicionamento e movimentação adequados dos segmentos
corporais.

17.3.3 a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da


Os assentos utilizados nos postos de trabalho função exercida;
devem atender aos seguintes requisitos b) características de pouca ou nenhuma conformação na base
mínimos de conforto: do assento;
c) borda frontal arredondada;
d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para
proteção da região lombar.

QUADRO 01 – Aspectos mobiliários dos postos de trabalho. Fonte: Moraes Junior (2014).

3. Metodologia de Pesquisa

A pesquisa utilizou uma abordagem qualitativa. Pois, permite considerar a realidade


subjetiva dos indivíduos contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa (MARTINS,

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2012). Nessa abordagem as interpretações dos indivíduos são itens fundamentais para
compreender a complexidade pesquisada, suportada pela revisão bibliográfica. E então, a
realidade objetiva é construída pelo pesquisador por meio da realidade subjetiva dos
indivíduos e das múltiplas fontes de evidências (MARTINS, 2012).
O método utilizado neste trabalho foi o levantamento de dados do tipo survey. A
survey têm por objetivo contribuir para o conhecimento em uma área particular de interesse
por meio da coleta de informações sobre indivíduos ou sobre o ambiente desses indivíduos
(FORZA, 2002).
As surveys podem ser do tipo exploratória, confirmatória ou descritivas (FORZA,
2002). Nesta pesquisa foi utilizado o tipo survey-exploratório, que possibilita adquirir um
“insight” inicial sobre um tema e fornecer base para uma survey mais detalhada com
dimensões maiores em futuras pesquisas (MIGUEL, 2007).
A escala de Likert foi utilizada no questionário de pesquisa. Desenvolvida em 1932
por Rensis Likert, este é um dos modelos de mensuração mais utilizados e discutidos pelos
pesquisadores (PERES; BUENO; PIASSON, 2016). A escala Likert consiste em utilizar um
construto e desenvolver um conjunto de afirmações como alternativas de respostas baseados
nos graus de concordância nos quais, geralmente, se apresentam em cinco (5) pontos (COSTA
et al, 2016; PERES; BUENO; PIASSON, 2016).
Foi confeccionado um questionário de múltipla-escolha, composto por questões
fechadas com base nos itens 17.3.2 e 17.3.3 do item 17.3 da NR-17, que discorrem sobre os
aspectos de requisitos ao posto de trabalho na dimensão de mobiliário. As respostas propostas
foram baseadas na escala de Likert com cinco pontos: concordo totalmente, concordo
parcialmente, indiferente, discordo parcialmente e discordo totalmente.
Após a construção do questionário, foi realizado um teste do procedimento com um
Especialista de área Industrial e Docência para verificar a clareza e eficácia das questões. A
partir do teste, foram realizados os ajustes necessários (FORZA, 2002; MIGUEL, 2007;
MARTINS, 2012).
Com a versão final do questionário, o mesmo foi aplicado à um grupo de 49 (quarenta
e nove) alunos de um curso médio-técnico do período noturno em uma escola técnica do
interior do Estado de São Paulo. A opção por selecionar alunos do nível técnico-noturno foi
deviddo à sua experiência profissional e atuação nas atividades operacionais do setor
industrial ou de serviços da região.
Após a finalização do survey, foram segregados os formulários dos respondentes que

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nunca estiveram inseridos no mercado de trabalho. Do total aplicado, restaram 29 (vinte e


nove) formulários validos que foram respondidos por alunos-profissionais ativos.

4. Resultados e Discussões

As primeiras questões do formulário tinham por objetivo traçar o perfil de origem dos
participantes da pesquisa, conforme mostra a Figura 3. Observou-se que 54% do grupo
trabalham nas áreas produtivas (operações industriais), 25% no setor administrativo e 21% na
área de serviços.

FIGURA 3 – Área de atuação dos respondentes. Fonte: Autores (2017).

Outra informação solicitada no questionário referia-se ao porte da empresa conforme a


classificação adotada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
SEBRAE (SEBRAE, 2017). A Figura 4, mostra que 68% dos participantes trabalham em
Micro ou Pequena empresa do setor industrial.

FIGURA 4 – Classificação do tamanho do porte da empresa dos respondentes. Fonte: Autores (2017).

Ainda referente ao perfil dos respondentes, foi perguntado sobre o tempo de

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experiência no mercado de trabalho. Vale destacar que 61% dos entrevistados possuem de 0-2
anos de atuação no mercado profissional, comprovando um público jovem-profissional, já que
se trata de alunos de ensino técnico-médio.
Finalmente para concluir o perfil dos respondentes, foi questionado sobre o nível de
conhecimento sobre Sistema de Gestão Integrado (SGI) e seus respectivos sistemas
normativos: gestão da qualidade (ISO 9000), gestão ambiental (ISO 14000), saúde e
segurança ocupacional (OHSAS 18000) e a responsabilidade social (SA 8000) (MOREIRA;
LOPES, 2016; NADAE; CARVALHO, 2016).

A Figura 5, mostra que 54% dos respondentes desconhecem os sistemas de gestão ou


suas empresas não são certificadas em nenhum sistema normativo de gestão. Este fato pode
indicar a necessidade de trabalhar o tema nas micro e pequenas empresas da região, pois se os
respondentes desconhecem, isso pode significar a ausência da discussão da importância do
conteúdo no ambiente diário dessas companhias.

FIGURA 5 – Conhecimento ou não de sistemas normativos de gestão. Fonte: Autores (2017).

Ao analisarmos os resultados referentes à disposição do posto de trabalho e as


características mobiliárias. Foi constatado diversos dados relevantes, apresentados em dois
campos técnicos-mobiliários da NR-17: aspectos quanto ao assento e aspectos quanto à mesa
de trabalho.
A Figura 6, apresenta os resultados do questionamento se os assentos possuem altura
ajustável à estatura do funcionário (MORAES JUNIOR, 2015). Observa que 29% concordam
totalmente que há a possibilidade de ajuste, em contra partida, 32% discordam totalmente ou
parcialmente que seus assentos não possuem ajuste de altura de acordo com a estatura do
funcionário. Fato que reforça o espaço para melhoria do posto de trabalho, para que este possa
se adaptar à estatura do funcionário.

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FIGURA 6 – Ajustabilidade dos assentos quanto a estatura do funcionário. Fonte: Autores (2017).

Outro dado, apresentado na pesquisa na mesma linha de questionamento da


ajustabilidade do assento quando a natureza da função (MORAES JUNIOR, 2015). Foi
observado na Figura 7, sendo que 47% da amostra concorda totalmente ou parcialmente que
seus assentos apresentam ajustes na natureza da função. Porém, 28% discordam totalmente ou
parcialmente que seus assentos não apresentam ajuste quanto a natureza da função. Estes
dados apresentam a necessidade de análise do posto de trabalho conforme o requerido na NR-
17 (MORAES JUNIOR, 2015).

FIGURA 7 – Ajustabilidade dos assentos quanto a natureza do funcionário. Fonte: Autores (2017).

Outro ponto da pesquisa foi relacionado ao conforto na região lombar produzida pelos
assentos (MORAES JUNIOR, 2015). Na Figura 8, observa que 25% concordam totalmente
que há um conforto no assento neste quesito. Todavia, somando-se as respostas que
concordam parcialmente, discordam parcialmente e discordam totalmente, este número chega
a 61% de discordância. Este dado reflete a oportunidade de melhoria nos quesitos no assento
de acordo com os aspectos requeridos na NR-17; o não atendimento desses aspectos refletem
na insatisfação dos respondentes quando questionados de maneira anônima sobre a qualidade

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do seu posto de trabalho.

FIGURA 8 – Assentos com característica de conforto na região lombar. Fonte: Autores (2017)

A outra frente de questionamento na pesquisa, faz referencia aos aspectos mobiliários


nas mesas-bancadas-escrivaninhas dos postos de trabalho (MORAES JUNIOR, 2015). A
investigação fez referência às características de altura, facilidade de visualização e alcance das
mãos e dimensões que facilitem a movimentação ao segmento corporal do trabalhador.
Ao analisar o resultado quando questionados se as mesas-bancadas-escrivaninhas
possuem altura compatível com o tipo de atividade, 61% dos respondentes confirmaram que
concordam totalmente que esses móveis possuem compatibilidade com suas atividades,
conforme a Figura 9.

FIGURA 9 – Bancadas, Mesas e Escrivaninhas compatíveis com a atividade. Fonte: Autores (2017)

Observa-se ainda que quando perguntados sobre o aspecto de facilidade de


visualização-alcance do trabalhador aos itens de trabalho, 68% dos respondentes afirmam a
total concordância referente à este item. Fato que reforça, limitado a esta pesquisa, que os
postos de trabalhos tiveram um avanço na melhora da qualidade ergonômica das bancadas-

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mesas-escrivaninhas quanto ao atendimento dos requisitos da NR-17.


Em contra partida, quando questionados se os postos de trabalho possuem
características dimensionais que possibilitam a movimentação adequada do trabalhador
quanto ao seu segmento corporal (MORAES JUNIOR, 2015), 46% dos respondentes
concordaram ou discordaram parcialmente, conforme a Figura 10. Isso reflete que ainda há
dificuldade em construir um posto de trabalho composto por assentos e bancadas-mesas-
escrivaninhas instalados de maneira adequada em seu conjunto, refletindo insatisfação parcial
ou total desses trabalhadores.

FIGURA 10 – Movimentaço adequada de acordo com o seu segmento corporal. Fonte: Autores (2017)

5. Conclusões

O objetivo deste artigo foi apresentar por meio da pesquisa com abordagem qualitativa
do tipo survey-exploratório (FORZA, 2002), o atendimento aos itens 17.3.2 e 17.3.3 do item
17.3 da NR-17 quanto ao mobiliario dos postos de trabalho (MORAES JUNIOR, 2015). E
também, verificar o nível de conhecimento dos trabalhadores quanto aos sistema normativos
de gestão, por exemplo, as normas do Sistema de Gestão Integrado (SGI) (NADAE;
CARVALHO, 2016; RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2012).
Os resultados desta pesquisa mostraram que 54% dos entrevistados mencionaram não
ter implantado ou desconhecem totalmente o sistema normativo de gestão, este dado aponta
espaço existente para aplicação das normas do SGI.
No aspecto da qualidade ergonômica, detectou-se que 60% dos entrevistados
responderam parcialmente ou discordaram totalmente quando questionados se seus assentos
possuem possibilidade de ajuste. Demonstrando claramente a continua necessidade de
investimento e melhora dos assentos nas empresas, seja em seus departamentos de produção

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ou administrativos. Outra informação de destaque faz referência ao atendimento do posto de


trabalho quanto aos requisitos de movimentação corporal. Observou-se que apenas 43% dos
respondentes mencionaram estar totalmente satisfeito com este item, ou seja, a insatisfação
que os seus postos de trabalho não atendem esse requisito chega a 46%. E apenas 11%
mencionaram ser indiferente a análise deste ponto ao seu atual local de trabalho.
Essa pesquisa aponta a necessidade da contínua melhoria dos requisitos de qualidade
ergonômica por meio da NR-17 não somente para atender a OHSAS 18001, mas à todas as
normas do Sistema de Gestão Integrado (SGI). Ainda como sugestão para trabalhos futuros a
ampliação da amostra de pesquisa a ser realizada in loco e expandí-la para segmentos
específicos nas empresas da região investigada.

Referências
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RIBEIRO NETO, J.B.M., TAVARES, J.C., HOFFMANN, S.C. Sistemas de gestão integrados: qualidade, meio
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