Ficha de Trabalho 10º

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GRUPO I

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.

O Camões pacifista

Um educador inglês, o professor H. Hayward, de Londres, teve a ideia de levar a cabo


todos os anos, perante jovens do seu país, a celebração de um povo. O seu objetivo é
despertar sentimentos de estima mútua entre as nações, pondo em destaque a contribuição
de cada povo para o progresso geral da humanidade. A comemoração deste ano terá lugar
5 no dia 29 de junho, no Alexandra Palace, em Londres, em ligação com a festa da União para
a Sociedade das Nações, e terá como tema Portugal e o seu papel nos desenvolvimentos
geográficos. (...)
Há muito tempo que todos os verdadeiros educadores pedem que a história da civilização
tome o lugar da “história-batalha”. No entanto, é necessário acrescentar que deveríamos
10 insistir sobretudo na história das ideias morais e do esforço moral da humanidade. (...)
O nosso grande poeta nacional, Camões, mereceria um lugar de honra entre os mais
notáveis defensores da ideia pacifista. Na sua obra lírica (talvez mais bela ainda do que a
obra épica), encontramos passagens contra a guerra de uma grande elevação de
pensamento e de forma. Vemos um Camões tão superior aos ódios nacionais que faz o elogio
15 dos inimigos de Portugal, e mesmo daqueles que combateu pessoalmente. É o caso, por
exemplo, de uma carta em verso escrita nas Índias na qual narra um combate com os
indígenas em que tomou parte e da famosa descrição da batalha de Aljubarrota entre os
Portugueses e os Espanhóis. “A sublime bandeira castelhana foi derribada aos pés da
lusitana”. Este “sublime” é uma homenagem muito sincera ao inimigo. De resto, aquela que é
20 talvez a passagem mais bela de Os Lusíadas, esse poema épico e guerreiro, é o célebre
discurso do Velho do Restelo, isto é, um protesto contra a ambição e contra a guerra.
Camões faz o elogio da bravura e do espírito de abnegação de que alguns guerreiros deram
prova, mas condena sempre a própria guerra. Os Lusíadas são o único poema nacional, no
sentido mais amplo da palavra, porque o herói é a nação inteira, e não este ou aquele
indivíduo, como no caso de Aquiles, de Ulisses ou de Eneias; e a passagem mais bela deste
poema é uma crítica ao que o poeta se propõe cantar, feita do ponto de vista de uma moral
perfeitamente humana e absoluta, para assim dizer.

António Sérgio, Jornal de Letras, 9 a 22 de outubro de 2019, p. 4 (JL Educação).

1. O professor H. Hayward incentivou


(A) a igualdade de género.
(B) a harmonia entre os Portugueses.
(C) o apreço de vários povos pelas descobertas de Portugal.
(D) o reconhecimento e a valorização de todos os povos.
2. O autor do texto destaca Camões
(A) enquanto poeta lírico.
(B) pelos seus ideais humanistas.
(C) por ter escrito Os Lusíadas.
(D) porque aliou a escrita e a defesa da pátria.

3. O discurso do Velho do Restelo


(A) comprova a excecionalidade dos portugueses.
(B) serve como exemplo da tese apresentada no texto.
(C) veicula ideais belicistas.
(D) acentua o seu caráter guerreiro.

4. Segundo o autor do texto, Os Lusíadas


(A) elevam-se no panorama das epopeias.
(B) equiparam-se às epopeias clássicas.
(C) apenas apresentam elogios.
(D) servem os propósitos dos descobrimentos.

5. O referente do pronome demonstrativo presente em “e mesmo daqueles que


combateu pessoalmente” (l. 13) é
(A) “inimigos”.
(B) “ódios nacionais”.
(C) “inimigos de Portugal”.
(D) “ódios”.

6. Indica a função sintática dos seguintes segmentos:


a) “que a história da civilização tome o lugar da ‘história-batalha’” (linhas 7-8).
b) “o único poema nacional” (linha 21).

7. Divide e classifica as orações “Camões faz o elogio da bravura e do espírito de


abnegação de alguns guerreiros, mas condena sempre a própria guerra”

8. a) “talvez mais bela ainda do que a obra épica” – refere em que grau se encontra o
adjetivo nesta frase.

b) Rescreve a frase colocando o adjetivo referido no grau superlativo absoluto


sintético.
GRUPO II

Lê atentamente as seguintes estâncias d’Os Lusíadas.

105
O recado que trazem é de amigos,
Mas debaxo o veneno vem coberto,
Que os pensamentos eram de inimigos,
Segundo foi o engano descoberto.
Ó grandes e gravíssimos perigos,
Ó caminho de vida nunca certo,
Que, aonde a gente põe sua esperança,
Tenha a vida tão pouca segurança!
106
No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme, e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?
Luís de Camões, Os Lusíadas - Canto I

Na nossa Era surge um novo conceito de navegação relacionado com a Internet.


Esta, tal como a navegação marítima dos marinheiros portugueses na época
dos descobrimentos, traz benefícios, mas também encerra perigos.

Partindo desta reflexão que o poeta faz no Canto I de Os Lusíadas, elabora um texto
com um mínimo de 180 palavras e um máximo de 250, onde faças tu uma reflexão
sobre as vantagens e os riscos da navegação na Internet. Fundamenta o teu ponto de
vista, recorrendo a pelo menos dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo
menos, um exemplo significativo.

Palavras 12

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