Biossegurança e Fitoterapia: Um Estudo

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A BIOSSEGURANÇA APLICADA À

FITOTERAPIA

Danilo Pedroso¹
Lana Thaís Batista Neves¹
Tatiana Bastos de Carvalho¹
Thiago Augusto Klappoth¹
Samuel Schlösser Meyer¹
Geisa Franceschini²

1. INTRODUÇÃO.

As plantas medicinais vêm, constantemente, ganhando espaço dentro de tratamentos


que são considerados como “alternativos”: ou seja, com medicamentos naturais, que não
possuem conteúdo sintético. Desde o consumo de chás que se propõem a inibir o apetite,
medicamentos manipulados com ervas medicinais para garantir uma boa pele, ou até mesmo
medicações que promovem o bem estar mental, é nítido que a sociedade segue praticando a
automedicação.
Dentro desta esfera e inspirados em um artigo publicado por Moura et al., a
investigação promove dois momentos: a importância da biossegurança ao receitar
medicamentos fitoterápicos, e descobrir as necessidades desta aplicados à nossa realidade. As
práticas fitoterápicas são reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde, mas a questão é
até quando a população se manterá utilizando tais medicamentos sem saber seus efeitos
colaterais. De dores de cabeça, enjoos e tonturas, é de conhecimento que tais propriedades,
quando e se manipulados de maneira errônea, prejudicam o ser humano.
Em um mundo repleto de fake News, todos os dias surgem novas propriedades de
alimentos que, segundo os “especialistas”, possuem mais benefícios do que contraindicações.
Isso gera, dentro da busca por uma vida mais saudável, o indiscutível processo de consumir,
sem orientações médicas, produtos “100% naturais”, sem nada sintético.

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Nutrição (17499) – Seminário interdisciplinar:
Biossegurança em Saúde– 25/10/21
2

Por tratar-se de uma pesquisa bibliográfica, este documento possui a fundamentação


teórica, que elucida sobre a fitoterapia e sobre como os órgãos governamentais lidam com tais
processos. Em resultados e discussões, iremos elencar os trabalhos lidos, discutindo sobre a
fitoterapia e a biossegurança.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fitoterapia consiste no estudo de substâncias que constituem plantas e vegetais de


maneira a contribuir para a prevenção ou tratamento de doenças. Por sua vez, pode ser
consumida in natura, através de infusões; de medicamentos manipulados; e de medicamentos
industrializados. A codeína, por exemplo, foi originada da papoula (Papaver somniferum),
sendo um analgésico potente em pós-operatórios e tratamento de dores agudas.
O fácil acesso aos medicamentos naturais torna a fitoterapia uma prática que tem se
popularizado no mundo inteiro, especialmente em países desenvolvidos que buscam recursos
naturais para os componentes medicinais.
No Brasil, a busca por remédios “naturais” se torna comum. Principalmente por ser o
país com maior biodiversidade do mundo. Segundo Ministério do Ambiente, o Brasil conta
com mais de 46.000 espécies vegetais conhecidas no país.
Neste contexto, a biossegurança é a melhor maneira de priorizar e evitar que as
consequências do uso de medicamentos fitoterápicos. E, por biossegurança, compreendemos
que é:
(...) um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, mitigar ou eliminar riscos
inerentes às atividades que possam interferir ou comprometer a qualidade de vida, a
saúde humana e o meio ambiente. Desta forma, a biossegurança caracteriza-se como
estratégica e essencial para a pesquisa e o desenvolvimento sustentável sendo de
fundamental importância para avaliar e prevenir os possíveis efeitos adversos de
novas tecnologias à saúde. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010)
A biossegurança é uma poderosa aliada, visto que promove o bem-estar e a saúde do
ser humano. Assim, é imprescindível que os órgãos responsáveis pela legislação fortaleçam
ainda mais a fiscalização no que consiste a fabricação, no uso e na indicação de certos tipos
de remédios. Penna et al (2010, p.), afirmam que a biossegurança “envolve a análise dos
riscos a que os profissionais de saúde e de laboratórios estão constantemente expostos em
suas atividades e ambientes de trabalho”.
O povo brasileiro, especialmente pelo hábito da utilização de ervas medicinais, tem
fácil acesso à flora e, portanto, a prática de consumir infusões que muitas vezes não são
comprovadas cientificamente (Moura et.al., 2020). Para Nascimento, Sales e Cayana (2016),
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este é um reflexo econômico, visto que a população brasileira possui baixa renda salarial para
o consumo de medicamentos caros. Neste aspecto, o SUS tem buscado alternativas
fitoterápicas, o que reforça ainda mais a importância da fiscalização destes medicamentos no
sistema de saúde.
(...) a biossegurança no país só se estruturou, como área específica, nas décadas de
1970 e 1980, em decorrência do grande número de relatos de graves infecções
ocorridas em laboratórios, e também de uma maior preocupação em relação às
consequências que a manipulação experimental de animais, plantas e micro-
organismos poderia trazer ao homem e ao meio ambiente. (Shatzmayr, 2001 apud
Penna et.al., 2010)
Quanto ao uso de medicamentos 100% naturais, sem substâncias sintéticas, é
necessário que haja um maior cuidado ao receita-los. É notório que certas ervas medicinais
muitas vezes fazem mal: lactantes, gestantes, idosos, diabéticos, etc., são parte de um grupo,
por exemplo, que necessitam extremo cuidado ao consumirem medicamentos naturais.
Especialmente ao considerar que certas ervas podem gerar um benefício para uma
determinada causa, mas gerar, por outro lado, consequências que podem agravar outro
problema de saúde.
Os riscos devem ser minimizados para que tais medicamentos sejam, de fato, bem
sucedidos em seu propósito. O consumo de remédios fitoterápicos, quando os procedimentos
de preparos são realizados de maneira correta, produzem resultados positivos para os
consumidores; entretanto, ao serem manuseados de maneira incorreta, agravam ou geram
problemas de saúde. Portanto, a biossegurança é extremamente importante no uso de
fitoterápicos. Com relação a isso, Nascimento, Sales e Cayana (2016, ) reforçam que “os
efeitos tóxicos causados pelas plantas podem ser produzidos pelos seus próprios componentes
ou pela presença de contaminantes e/ou adulterantes nas preparações fitoterápicas”.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este trabalho possui finalidade de investigar a importância da biossegurança com


relação à fitoterapia, através de levantamento de pesquisa bibliográfica. Ou seja, os estudos
são realizados através de revisão de literatura de livros, dissertações, artigos já publicados,
anais de congressos, revistas, imprensa escrita, etc. Neste caso, os métodos de pesquisa
utilizados foram revisões de literatura referentes ao assunto, buscadas especialmente em
mecanismos como o Google Scholar, SciElo e sites oficiais do Governo.
Assim, tratando-se de uma pesquisa que considera artigos científicos como material de
apoio, identificamos uma certa ausência ao que se refere ao uso da biossegurança com relação
à fitoterapia em si.
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Tabela 1 - Trabalhos consultados sobre biossegurança e fitoterápicos

Título Autores Ano de Publicação Metodologia

A Importância da Moura et al.


Biossegurança na
2020 Revisão de
Produção e Utilização de
literatura
Produtos Naturais e
Fitoterápicos

Riscos da não observação


dos critérios de
Alecrim et al. 2017 Revisão de
biossegurança na produção
literatura
e utilização de
fitoterápicos: uma revisão
de literatura.

Riscos associados ao uso Nascimento, Sales e Cayana 2016 Revisão de


de fitoterápicos literatura

Contribuições para a
Formação do Técnico de
Oliveira 2009 Revisão de
Nível Médio para a área de
literatura
desenvolvimento, pesquisa
e produção de fitoterápicos

Fonte: Autores (2021).


Acima, a tabela 1 evidencia a quantidade de artigos que utilizamos em nosso trabalho,
sendo um assunto com baixa taxa de publicações. Em contrapartida, ao buscarmos artigos que
abordassem a utilização da fitoterapia e dos remédios fitoterápicos, identificamos uma alta
relevância de artigos e matérias publicados. Há indicações para o público utilizar os remédios
fitoterápicos, além de periódicos e monografias buscarem a defesa do uso das medicações
fitoterápicas no Sistema Único de Saúde (SUS); explicações a respeito da história da
fitoterapia e de como funcionam as medicações. Para além disso, também buscamos artigos
que abordassem a área da biossegurança, dois deles sendo uma revisão de literatura.
Diante estes dados expostos, notamos que a área de biossegurança no que concerne os
medicamentos fitoterápicos necessita de maior relevância. O principal artigo que nos fez
abordar esta temática foi o de Moura et al., completo em muitos sentidos. A população
mundial necessita possuir os conhecimentos acessíveis com relação às medicações, e embora
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o artigo não discuta a eficácia da relação da fitoterapia no tratamento de doenças, ainda são
necessários mais estudos com relação a esta área.
A perspectiva de que uma porcentagem alta de pessoas da sociedade que utilizam
medicamentos sem conhecimento dos efeitos colaterais, ou que ingerem medicações
fitoterápicas sem a consulta ou a indicação de um médico é alarmante. Os autores que
defendem veemente a necessidade da biossegurança aplicada de maneira mais incisiva,
visualizando a segurança da população. É necessário e obrigatório que as legislações a
respeito dessas manipulações, desenvolvimentos e consumos, sejam respeitadas.
Este projeto foi esclarecedor em muitas áreas: desde um pouco sobre a história da
fitoterapia, até a clareza a respeito da biossegurança em si. Os riscos entre consumir
medicamentos e até mesmo chás sem o conhecimento de um profissional, são altos demais. A
perspectiva de que muitas pessoas são enganadas frequentemente em redes sociais, que
priorizam os lucros e não a saúde, se torna preocupante. Como profissionais da área de saúde,
este artigo promoveu a reflexão, para que nos tornemos profissionais melhores, que ao
indicarem algum medicamento fitoterápico, ele seja corretamente receitado.

REFERÊNCIAS
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