O Papel Da Auditoria Interna Nas Instituicoes Publicas

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 53

iii

Índice

LISTA DE TABELAS...............................................................................................................v
LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................vi
LISTA DE GRAFICOS...........................................................................................................vii
LISTA DE ABREVIATURAS...............................................................................................viii
DECLARAÇÃO.......................................................................................................................ix
DEDICATÓRIA........................................................................................................................x
AGRADECIMENTO................................................................................................................xi
RESUMO.................................................................................................................................xii
CAPITULO 1: INTRODUÇÃO..............................................................................................13
1.1 Introdução.......................................................................................................................13
1.2 Objectivos do Trabalho..................................................................................................14
1.2.1 Objectivo geral.........................................................................................................14
1.2.2 Objectivos específicos.............................................................................................14
1.3 Justificativas...................................................................................................................14
1.4 Definição do Problema de Pesquisa...............................................................................15
1.5 Estudo de Hipóteses.......................................................................................................15
1.6 Estrutura do trabalho......................................................................................................15
CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................17
2.1 Introdução.......................................................................................................................17
2.2 Auditoria.........................................................................................................................17
2.2.1 Evolução Histórica da auditoria...............................................................................17
2.3 Auditoria interna.............................................................................................................18
2.3.1 Evolução histórica da auditoria interna...................................................................18
2.3.2 Conceitos.................................................................................................................19
2.3.3 Normas de auditoria interna.....................................................................................19
2.3.4 Objectivo da Auditoria interna................................................................................20
2.3.5 Papel, e Importância da auditoria interna................................................................21
2.3.6 Princípios do auditor interno....................................................................................23
2.3.7 Fases do processo de auditoria interna....................................................................23
2.4 Tipos de auditoria interna...............................................................................................26
2.5 A estrutura organizativa do serviço de Auditoria Interna..............................................28
2.6 Independência em auditoria interna................................................................................29
iv

2.7 Auditoria interna e auditoria externa..............................................................................30


2.7.1 Inter-relacionamento................................................................................................30
2.7.2 Diferença entre auditoria interna e externa..............................................................31
2.8 Auditoria interna no sector público................................................................................33
2.9 Controlo interno..............................................................................................................35
2.9.1 Conceito...................................................................................................................35
2.9.2 Tipos de controlo interno.........................................................................................35
2.9.3 Relação entre auditoria interna e controlo interno...................................................36
CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DA PESQUISA...............................................................37
3.1 Introdução.......................................................................................................................37
3.2 Tipo e Natureza de pesquisa...........................................................................................37
3.3 Fontes de dados..............................................................................................................37
3.4 População em estudo e tamanho da amostra..................................................................38
3.4.1 População em estudo...............................................................................................38
3.4.2 Tamanho da amostra................................................................................................38
3.4.3 Ferramentas da análise usadas.................................................................................38
CAPÍTULO 4: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.............................................42
4.1 Introdução.......................................................................................................................42
4.2 Localização geográfica da cidade de Nampula..............................................................42
4.3 Estudo da auditoria interna no Gabinete do Governador da cidade de Nampula...........43
CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES........................................................47
Conclusão.............................................................................................................................47
Recomendações....................................................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.................................................................................49
APÊNDICES........................................................................................................................51
ANEXOS..............................................................................................................................54
v

LISTA DE TABELAS

TABELA I: Tipo de auditoria interna

TABELA II: Diferença entre auditoria interna e auditoria externa


vi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Fases do processo de auditoria interna

FIGURA 2 - Nível hierárquico de auditores

FIGURA 3 - Organograma adequado à auditoria interna


vii

LISTA DE GRAFICOS

GRÁFICO I: Grau de importância de auditoria interna

GRÁFICO II: Nível de dependência da auditoria interna

GRÁFICO III: Benefícios da auditoria interna

GRÁFICO IV: Acesso irrestrito do departamento de auditoria interna

Nome: Sérgio Alfredo Macore / 22.02.1992


Naturalidade: Cabo Delgado – Pemba – Moçambique
Contactos: +258 826677547 ou +258 846458829
Formado em: Gestão de Empresas / Gestão Financeira
E-mail: [email protected] / [email protected]
Facebook: Helldriver Rapper Rapper, Sergio Alfredo Macore
Twitter: @HelldriverTLG
Instituição de ensino: Universidade Pedagogica Nampula – Faculdade = ESCOG.

Boa sorte para você…….


viii

LISTA DE ABREVIATURAS

IIA- Instituto de Auditores internos

AICPA- American Institute of Certified Public Accountant: Comité de


procedimentos de Auditoria do Instituto Norte Americano de Contadores
Públicos.

INE- Instituto Nacional de Estatísticas


ix

DECLARAÇÃO

Declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria, resulta da minha investigação
e sob orientação do meu Supervisor. Esta é a primeira vez que submeto numa instituição
Académica para obter o grau Académico de Licenciatura em Contabilidade com habilitação
em Auditoria.
Nampula, aos ______ de Abril de 2015

Nome do Autor
______________________________________________
(Sergio Alfredo Macore)

Nome do Supervisor
x

_____________________________________________
(--------------------------------)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe e meu irmão, por acreditarem na minha capacidade
profissional e me dar todo o apoio emocional para o desenvolvimento e conclusão deste
curso.
xi

AGRADECIMENTO
Em primeiro lugar agradeço à Deus por me dar o dom de vida e a capacidade de superar todas
as dificuldades e barreiras encontradas.
Aos meus pais, pela dedicação e confiança durante toda a caminhada.
Aos meus irmãos, cunhados tios e sobrinhos e primos que de uma forma ou outra me
transmitiram força e confiança em todos os momentos.
Aos meus parentes, amigos e colegas que lutamos juntos durante todo o percurso sempre com
o mesmo objectivo.
Ao meu supervisor pela sua orientação e todos os professores que contribuíram para que o
meu objectivo fosse atingido.
A todos que deram o seu contributo, respondendo os questionários.
xii

RESUMO
A auditoria interna é uma actividade independente ancorada à administração da empresa, com
vista a acrescentar valor à organização nela inserida, observando o funcionamento dos
controlos internos existentes. É uma actividade importante para qualquer empresa, por ser a
única que tem acesso a todas as outras áreas da empresa.
Cada vez ela torna-se mais importante, pois o mundo encontra-se em constante
desenvolvimento e as empresas acompanham esse desenvolvimento ampliando as suas
actividades, ou dimensão.
O objectivo do estudo foi analisar o papel da auditoria interna nas instituições públicas,
identificando os seus benefícios e importância.
Realizou-se um estudo bibliográfico e estudo de caso no gabinete do Governador de
Nampula, através de questionários que foram distribuídos aos responsáveis de cada
departamento.
xiii

Palavras-chaves: Auditoria interna, Acrescentar valor, Instituições públicas.

CAPITULO 1: INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

O trabalho que ora se desenvolve enquadra-se no âmbito do trabalho de fim de curso


complemento de licenciatura em Contabilidade e Auditoria, promovido pela Universidade
Pedagógica, Departamento de Contabilidade de Gestão, cujo tema é “Papel da Auditoria
Interna nas Instituições públicas”.
A escolha do tema deve-se ao facto da Auditoria Interna ser um conceito moderno, apesar de
que já existiam actividades parecidas com o da auditoria interna ou com a mesma finalidade,
ela merece uma atenção especial pois muitas empresas ainda não conseguiram detectar a suas
vantagens. Também, é um tema que me despertou bastante interesse no meu percurso
académico.
xiv

De facto, a auditoria interna é uma actividade independente e objectiva de avaliação e de


consultoria, desenhada para adicionar valor e melhorar as operações de uma organização. Ela
auxilia uma organização a realizar seus objectivos a partir da aplicação de uma abordagem
sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gestão de riscos,
controlo e governança.

A globalização da economia e o surgimento de mercados comuns fazem com que a Auditoria


Interna deixe de ter uma função com conotação Policialesca e Repressiva para ter uma função
de acessoramento à alta Administração e Gestores para o cumprimento da missão empresarial
e, para isso a Auditoria Interna precisa estar preparada e com suporte adequado para que
possa cumprir sua missão com eficácia e eficiência. Empregada como ferramenta de Controlo
e Gestão de Riscos Empresariais, a Auditoria Interna estará contribuindo com seu trabalho de
forma eficaz na condução dos negócios pelos Gestores.

Os resultados do trabalho da Auditoria Interna, além de se constituírem em algo precioso para


a tranquilização dos Gestores do alto comando, fornecem recomendações correctivas e
preventivas à exposição da organização face aos riscos empresariais que podem ser de
natureza; sistémica, operacional, financeira, tecnologia da informação, recursos humanos,
mercadológicas e de factores externos que podem impactar os resultados e estratégias globais
da empresa.

1.2 Objectivos do Trabalho

A presente pesquisa procura alcançar os objectivos traçados, isto é, geral e os específicos de


modo que se materialize a questão acima colocada acerca do Papel da Auditoria Interna nas
Instituições Públicas, caso Gabinete do governador da Cidade de Nampula.
1.2.1 Objectivo geral

 Analisar o papel da auditoria interna nas instituições públicas, em particular no


gabinete do governador na cidade de Nampula.

1.2.2 Objectivos específicos

Baseado nos esclarecimentos feitos, pode-se ainda destacar como objectivos específicos:

 Relatar conceitos e definições sobre auditoria;


xv

 Ressaltar a importância da auditoria interna nas organizações;


 Mostrar como a auditoria interna pode contribuir para o processo decisório;
 Levantar se a instituição em estudo possui Auditoria Interna;
 Levantar, caso possua, porque se decidiu em implantá-la;
 Levantar, na opinião da instituição, se a Auditoria lhe trouxe benefícios e quais foram
os reflexos para a mesma.

1.3 Justificativas

Em uma organização moderna, em que se exige que seus vários sectores façam parte de um
único todo, reunindo esforços colectivos para alcançar melhores resultados, torna-se
inconcebível a inexistência de um sector atento às oportunidades de melhorias que possam,
eventualmente, surgir. Os administradores responsáveis pelos seus sectores, porém, sem
tempo disponível ou mesmo condições técnicas para verificar in loco o que se passa com as
pessoas, procedimentos e valores sob sua supervisão, necessitam se certificar de que tudo
funciona de acordo com o planejado. Por estas razões, a actividade de auditoria interna
passou a fazer parte de uma organização moderna.

No contexto actual, o movimento da economia mundial vem modificando os factores


determinantes da competitividade. Além disso, a busca por novos clientes está mais disputada
e cada vez mais surgem novas organizações de sucesso, tornando obsoletas aquelas incapazes
de se adaptar a este novo ambiente.

Os auditores internos podem estar numa situação única para ajudar as suas empresas a
eliminar desperdícios, simplificar tarefas e reduzir custos, e também avaliar as políticas,
planos, procedimentos e normas legais em vigor e detectar os desvios de sua aplicação pela
organização. É neste contexto que a auditoria interna se constitui como uma função de apoio
à gestão, auxiliando a organização a alcançar seus objectivos.

1.4 Definição do Problema de Pesquisa

A necessidade de controlos mais rígidos e acompanhamento contínuo dos processos de uma


empresa são constantes, principalmente pelo acirramento da competitividade no mercado e
pela globalização pelo qual passamos.

Contudo, o controle administrativo ficou mais complexo com o crescimento das empresas,
tanto em tamanho como em diversificação de actividades. Em face disto, aumentou a
xvi

necessidade de um profissional que auxilie os gestores na supervisão das actividades visando


salvaguardar seu património.

A auditoria interna é concebida como uma actividade necessária à organização e se


desenvolve a fim de auxiliar a gerência activa, concedendo-lhe alternativas e colaborando no
trabalho de controlo, assessoria e administração. Diante deste contexto pergunta-se: Qual é a
importância da Auditoria Interna dentro das instituições públicas?

1.5 Estudo de Hipóteses

No presente trabalho foram colocadas as seguintes hipóteses:

H0: É provável que, a auditoria interna fortalece o posicionamento das instituições, além de
permitir uma efectiva transformação organizacional para melhor.

H1: A auditoria interna tende a harmonizar o processo de gestão, pois serve como um suporte
estratégico para tomadas de decisões gerências.

H2: A auditoria interna desempenha um papel de grande relevância, ajudando a eliminar


desperdícios e transmitir informações aos administradores sobre o desenvolvimento das
actividades executadas.

1.6 Estrutura do trabalho

Para uma melhor percepção e análise, o trabalho está estruturado em cinco capítulos. Sendo
que a parte pré-textual do trabalho apresenta primeiro a lista de tabelas, abreviaturas, depois a
declaração, dedicatória, agradecimentos e resumo do trabalho. No capítulo introdutório é
apresentada a introdução, os objectivos do estudo: geral e específicos que se esperam
alcançar e a justificativa. Depois, é apresentada a definição do problema de pesquisa, a
hipótese de estudo e a delimitação do estudo. No segundo capítulo é apresentada a revisão da
literatura, onde diferentes autores apresentam os principais delineamentos acerca do papel da
auditoria interna nas Instituições públicas. No terceiro capítulo é apresentada a metodologia
da pesquisa, onde foi evidenciada a classificação da pesquisa, fontes de dados, universo e
amostra, dados da pesquisa, o plano de colecta de dados e por fim instrumentos usados para a
colecta de dados. O quarto capítulo apresenta uma breve apresentação do cenário actual da
empresa em análise e faz análise, apresentação e interpretação dos dados dos inquiridos, e
avaliação das hipóteses formuladas para a pesquisa. No último capítulo é apresentada
xvii

conclusões recomendações, referência bibliográfica utilizada para a elaboração do trabalho e


os apêndices em anexos.

CAPÍTULO 2: REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Introdução

Este é o capítulo no qual se abordam tópicos relacionados com a auditoria interna entre os
quais o seu conceito, caracterização, importância, objectivos, normas, entre outros.
Sendo que a auditoria interna é uma ramificação da auditoria externa inicia-se com a
auditoria externa, seus conceitos e evolução, e assim se enfocar na auditoria interna.
xviii

2.2 Auditoria
2.2.1 Evolução Histórica da auditoria

Segundo Pinheiro (2010, p. 23) a palavra auditoria deriva do Latim “Audire”, aquele que
ouve. O verbo “to audire”, quer dizer examinar, certificar
Segundo Costa (2010, p.55) a auditoria surgiu na Grã-Bretanha no século XIX (como
consequência da revolução industrial) onde publicaram as primeiras normas de relato
financeiro e de auditoria. Em 1854 foi criada The Society of Accountants in Edinburgh que
em 1951 deu origem ao actual The Institute of Chartered Accountants of Scotland, primeiro
organismo profissional de contabilistas e auditores a nível mundial.

No século XVII em Grã-Bretanha, contabilista profissional era reconhecido como indivíduo


habilitado a tratar dos casos de insolvências, falências, liquidações, etc., os auditores
começaram a praticar a contabilidade e auditoria como é conhecida hoje a partir do século
XIX. Com o desenvolvimento das empresas industriais e comerciais sentiu-se a necessidade
de bons procedimentos contabilísticos e eficientes medidas de controlo interno daí surge a
auditoria. Também pelo facto de a maioria das empresas serem de responsabilidade limitada
o que implicou que as demonstrações financeiras apresentadas aos accionistas fossem
auditadas, tornando obrigatório para este tipo de sociedade na Grã-Bretanha a partir de 1900.
A colonização inglesa nos Estados Unidos da América e o grande desenvolvimento industrial
ocorrido nestes países fez com que a auditoria acompanhasse de perto esse incremento tendo
alcançado uma enorme difusão e um aperfeiçoamento técnico bastante elevado. Em 1887 foi
criado o American Institute of Accountants o qual em 1917 publicou os primeiros
documentos técnicos sobre auditoria e, em 1948 o sucessor deste organismo, o American
Institute of Certified Public Accountants (AICPA), publicou as normas de auditoria
geralmente aceites (Costa, 2010).
A auditoria é conceituada de várias formas por diferentes autores, nas quais se evidencia o
seguinte:
Auditing Concepts Comitee, Report of the Comitee on Basic Auditing, The Accounting
Review, vol. 47 (1972, p.18, apud Morais e Martins 2003, p. 14), define auditoria da seguinte
forma:
“A auditoria é um processo sistemático de objectivamente obter e avaliar prova acerca da
correspondência entre informações, situações ou procedimentos e critérios pré-estabelecidos,
assim como comunicar conclusões aos interessados.”
xix

Segundo Attie (1998, p.25), auditoria interna é uma especialização contábil voltada a testar a
eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objectivo de expressar uma
opinião sobre determinado dado.

2.3 Auditoria interna


2.3.1 Evolução histórica da auditoria interna

Segundo Morais e Martins (2003, p. 60) o conceito da auditoria interna tem evoluído ao
longo dos anos devido ao seu rápido crescimento e fácil aceitação.
Morais e Martins (2003, p.60) evidencia que existem indícios de que se praticavam certas
formas de auditoria interna nas antigas civilizações e que nos estados feudais e herdades
privadas já existia uma pessoa que tinha por missão inspeccionar os rendimentos das contas
de funcionários e agentes.
“Em 1164, existiam em Itália, auditores profissionais ao serviço da Catedral de Milão, e em
1581, foi criada em Veneza a primeira associação de auditores profissionais com carácter
oficial” (Morais e Martins, 2003, p.60).

Com a revolução industrial e desenvolvimento das sociedades no princípio do século XIX


surgiu a auditoria interna próxima do actual, com isso tornou-se necessário um controlo
interno mais eficiente e logo foram evoluindo os objectivos de auditoria interna actuando
sobre os controlos administrativos. Foi imposto a ênfase na revisão do controlo interno
empresarial nos Estados Unidos, nos anos 40/50, e a busca de fraude deixou de ser o principal
objectivo da auditoria, a preocupação passou a ser a melhoria do sistema do controlo interno.
Foi criado o IIA, nos Estados Unidos,em 1941, associando institutos espalhados por todo
mundo entre os quais foi destacado o Instituto Português de Auditor Interno, criado em 1992.
Em 1947 a auditoria interna estendeu-se às áreas operacionais com o surgimento do
“statement of responsabilities of the internal auditors” que foi revista em 1957. O papel do
auditor interno ampliou-se nos últimos tempos de tal forma que contribui para que os riscos
sejam minimizados, contribuindo para uma gestão eficaz. (Morais e Martins, 2003)

2.3.2 Conceitos

A auditoria interna é uma actividade que esteve em constante evolução o que faz com que
haja várias formas de a conceituar e por diferentes autores:
O Institute of Internal Auditors (2009, p. 10) define auditoria interna da seguinte forma:
xx

“A auditoria interna é uma actividade independente, de garantia e


consultoria, destinada a acrescentar valor e a melhorar as operações
de uma organização. Ajuda a organização a alcançar os seus
objectivos, através de uma abordagem sistemática e disciplinada, na
avaliação e melhoria da eficácia dos processos de gestão de risco, de
controlo e de governação”.
Morais e Martins (2003, p.61) definem:
“A auditoria interna é uma actividade de avaliação que, de forma
independente dentro de uma empresa, tem por objecto a revisão das
operações contabilísticas, financeiras e de todo o tipo, com o fim de
prestar um serviço à direcção. É um controlo administrativo, cuja
função é medir e avaliar a eficácia de outros controlos.”

“A auditoria interna é uma actividade de avaliação independente,


estabelecida numa organização como um serviço à mesma. É um
sistema de controlo que funciona pelo exame e avaliação da
adequação e eficácia dos outros sistemas de controlo.”

De acordo com Attie (1992, p.28): “A auditoria interna é uma função independente de
avaliação, criada dentro da empresa para examinar e avaliar suas actividades, como um
serviço a essa mesma organização.”
2.3.3 Normas de auditoria interna

Lello, E. e Lello, J. (1993, p. 825 apud Morais e Martins, 2003, p.32) define norma como:
“princípio que serve de regra; regra; lei; modelo.”

Morais e Martins (2003, p.34) refere que as normas para a prática profissional de auditoria
interna são emanadas pelo IIA que foi fundado em 1941 nos Estados Unidos da América.
Marçal e Marques L. (2011, p. 62) declaram que as normas para a prática profissional de
auditoria interna têm como finalidade aclarar o papel e as responsabilidades dos auditores
internos perante todos os interessados, assim como estabelecer uma base para a orientação e
avaliação da auditoria interna e desenvolver a sua prática.
IIA (2009, p.14) refere:

“As normas têm como objectivo:


 Delinear princípios básicos que representem a prática de auditoria interna;
xxi

 Proporcionar um enquadramento para o desempenho e promoção de um espectro


alargado de auditoria de valor acrescentado;
 Estabelecer uma base para a avaliação do desempenho da auditoria interna;
 Promover a melhoria dos processos e das operações das organizações.”

As normas de auditoria interna encontram-se divididas em Normas de atributo, de


desempenho e de implementação.
A norma de atributo e de desempenho se aplicam a todos os serviços de auditoria interna. As
de atributo estão relacionadas com as características das organizações e das entidades que
desempenham a actividade de auditoria e as de desempenho descrevem a natureza das
actividades de auditoria interna e proporcionam critérios de qualidade que permitem medir o
desempenho de tais serviços, enquanto as de implementação desenvolvem-se em torno das
normas de atributo e de desempenho, proporcionando requisitos aplicáveis a actividade de
garantia ou de consultoria. (IIA, 2009, p.15).
2.3.4 Objectivo da Auditoria interna

O principal objectivo da auditoria interna é o de ajudar os administradores observando o


funcionamento dos controlos internos contribuindo para o seu melhoramento ou até
substituição caso necessário. A auditoria interna só fornece benefícios à organização, pois
controla o seu património a fim de minimizar as possíveis irregularidades, incapacidades ou
negligências caso existam.
Para Crepaldi (2000, p.212) os objectivos da auditoria interna são exactamente:
 Verificar se as normas internas estão sendo seguidas;
 Avaliar a necessidade de novas normas internas ou notificações das já existentes

Segundo Attie (1992, p.29) os objectivos da auditoria interna se resumem nos seguintes:
 Examinar a integridade e fidedignidade das informações financeiras e operacionais e
os meios utilizados para aferir, localizar classificar e comunicar essas informações;
 Examinar os sistemas estabelecidos, para certificar a observância às políticas, planos,
leis e regulamentos que tenham, ou possam ter, impacto sobre operações e relatórios,
e determinar se a organização está em conformidade com as directrizes;
 Examinar os meios usados para a protecção dos activos e, se necessário, comprovar
sua existência real;
 Verificar se os recursos são empregados de maneira eficiente e económica;
xxii

 Examinar operações e programas e verificar se os resultados são compatíveis com os


planos e se essas operações e esses programas são executados de acordo com o que
foi planeado;
 Comunicar o resultado do trabalho de auditoria e certificar que foram tomadas as
providências necessárias a respeito de suas descobertas.

O objectivo da auditoria interna, é beneficiar a empresa com um melhor controlo de seu


património, procurando reduzir a ineficiência, negligência, incapacidade etc.

Pode-se claramente verificar que pelas diferentes funções que cada autor atribui a auditoria
interna tem sempre por objectivo final acrescentar valor a organização e ajudar na melhoraria
do funcionamento da organização. Ou seja a preocupação primordial da auditoria interna é
ajudar o máximo a organização onde se encontra inserida.
2.3.5 Papel, e Importância da auditoria interna

Apesar da auditoria interna ter evoluído bastante são ainda poucas as organizações que
compreendem a sua real importância, pois muitas organizações só relacionam a auditoria
interna com os custos e não levam em conta os benefícios.
M. Marques (1997, p.77) afirma:
“(…) a auditoria pode desempenhar um papel muito importante e
constituir um precioso instrumento ao serviço da gestão, atendendo ao
conhecimento profundo e à visão global que podem ter da unidade
económica (da qual também faz parte) e aos contributos que pode dar
para o aperfeiçoamento e modernização sistemática da sua
organização e funcionamento, dos métodos e processos utilizados, da
gestão e, consequentemente, para a melhoria da sua capacidade
competitiva.”

A auditoria interna cumpre um papel fundamental na empresa, pois ela subsidia o


administrador ou proprietário com dados e informações tecnicamente elaborados, relativos às
actividades para que estes possam acompanhar e supervisionar já que não dispõem de
condições de as realizar e ainda auxilia a organização na melhoria dos seus negócios,
identificando áreas problemáticas e sugerindo medidas com vista a corrigir ou eliminar as
deficiências encontradas. A auditoria interna é conhecida como uma actividade de grande
importância principalmente no seio das grandes empresas porque apenas o administrador não
dispõe de condições para cuidar do funcionamento da empresa no seu todo, e assim surge a
xxiii

necessidade de delegar essas funções para outras pessoas, auditores internos, que constituem
um cargo de grande relevância.

Segundo Nelson e L. Marques (2011, p.70) a auditoria interna assume particular importância
por observância às seguintes funções:
 Concepção, implementação e acompanhamento do sistema de controlo interno;
 Avaliação das performances da gestão;
 Análise de investimento;
 Avaliação de mercado;
 Organização de planos estratégicos e previsionais e avaliação de desvios;
 Outras análises e estudos económico-financeira;
 Auditorias externas.

Morais e Martins (2003, p. 63) definem outras funções da auditoria interna tais como:
 Examinar e apreciar a razoabilidade, a suficiência e aplicação dos controlos
contabilísticos, financeiros e operacionais e promover um controlo eficaz a um custo
razoável- relação custo/benefício com base na avaliação do risco;
 Verifica até que ponto os activos da entidade estão justificados e livres de ónus bem
como se os processos de governação são adequados;
 Avaliar a qualidade e eficácia do trabalho desenvolvido pelos trabalhadores;
 Recomendar melhorias no sistema.

A auditoria interna é considerada importante para a organização por ser uma actividade de
suporte a alta administração na perspectiva de acrescentar valor a organização nela inserida.
A melhoria da administração depende de um bom funcionamento da auditoria interna, pois
quanto melhor for o funcionamento mais credibilidade terão as sugestões feitas por ela.

A auditoria interna se torna importante pelo facto de ser uma actividade que tem poder
analisar, apreciar, recomendar e comentar sobre às actividades de negócio que seja útil para
os membros da administração. É ela que verifica o cumprimento das normas e não só,
também identifica áreas que estão sujeitas às correcções ou melhorias.
xxiv

2.3.6 Princípios do auditor interno

Segundo o IIA (2009, p. 12) os auditores devem seguir os seguintes princípios:


 “Integridade: A integridade dos auditores internos gera confiança e, por conseguinte,
proporciona o fundamento para confiar no seu julgamento.
 Objectividade: os auditores internos manifestam o mais elevado grau de
objectividade profissional ao coligirem, avaliarem e comunicarem a informação sobre
a actividade ou processo em análise. Os auditores internos fazem uma avaliação
equilibrada de todas as circunstâncias relevantes e os seus julgamentos não são
influenciados por interesses particulares e por opiniões alheias.
 Confidencialidade: os auditores internos respeitam o valor e a propriedade da
informação que recebem e não divulgam a informação sem a devida autorização,
excepto em caso de obrigação legal ou profissional de o fazer.
 Competência: os auditores internos aplicam os conhecimentos, técnicas e experiencia
necessárias no desempenho dos serviços de auditoria interna.”
2.3.7 Fases do processo de auditoria interna

Para um adequado processo de auditoria interna, Morais e Martins (2003,p.91 a 128), indica
as fases que os auditores internos devem seguir:

1 Planeamento

9 Avaliacao da 2 Preparacao
auditoria da auditoria

8 Follow - Up 3 Exame
preliminar

4 Descricao,
analise e
7 Comunicacao
avaliacao do
dos resultados
controlo
interno

5 Exame e
6 Conclusoes e
avaliacao da
recomendacoes
informacao
xxv

FIGURA 1 - Fases do processo de auditoria interna


Fonte: adaptado de Morais e Martins (2003, p. 91 a 129)

2.3.7.1 Planeamento

Está relacionada à selecção de área sujeita a auditoria. O planeamento do trabalho é um factor


relevante para o êxito do trabalho da equipe de auditoria interna, pois permitem a realização
de exames adequados e eficientes para que os objectivos da auditoria interna se concretizem
em tempo razoável, independentemente de qualquer acontecimento imprevisível.
O plano de auditoria não é padrão, pelo facto de que cada empresa tem a sua estrutura,
dimensão ou tipos de direcção, sendo assim o plano deve ser elaborado de acordo com os
seguintes requisitos:

A dimensão da empresa; o sector de actividade (características; as causas e origens do


crescimento do negócio, ou pelo contrário, a sua decadência); a identificação de funções mais
relevantes dentro da empresa e os problemas críticos, que podem afectar; a empresa é objecto
de auditorias externas periódicas; o correcto tratamento das informações; a situação
financeira da empresa (Morais e Martins, 2003, p.91).
2.3.7.2 Preparação da auditoria

Inclui um programa de trabalho, que é plano detalhado de práticas comuns de auditoria e de


avaliação do controlo interno, com base nas normas estabelecidas pela empresa e em
procedimentos técnicos geralmente aceites. Serve de orientação ou guia para a consecução do
trabalho de auditoria (Morais e Martins, 2003, p.92).

2.3.7.3 Exame preliminar

É necessário para melhor conhecimento da entidade ou área sujeita a auditoria. Para isso o
auditor terá que efectuar deslocações, observações, reuniões, recolha de documentos, pois
essas deslocações dão ao auditor a oportunidade de conhecer as pessoas, a natureza das
operações, ambiente de trabalho, etc. A primeira reunião deve ser com a direcção e no local a
auditar a fim de efectuar o primeiro esboço do trabalho a executar, sem esquecer de fazer
recolha e verificação dos documentos básicos que permitam conhecer e descrever o sistema,
bem como a adequação e eficácia da gestão de risco (Morais e Martins, 2003, p.99).
2.3.7.4 Descrição, Análise e Avaliação do controlo interno

É necessário efectuar uma análise muito detalhada dos procedimentos e sistemas de controlo
da entidade da forma mais racional possível ao realizar a auditoria interna. A auditoria interna
xxvi

estuda e avalia de controlo interno existentes em cada área serve como base de confiança e
para determinar os procedimentos de auditoria a serem aplicados.

Deve ser seguido independentemente da magnitude ou complexidade dos sistemas e


procedimentos da área seleccionada para auditar e independentemente do sistema de
procedimento da informação tanto contabilística como não contabilística (Morais e Martins,
2003, p.99).
2.3.7.5 Exame e avaliação da informação

É executada após se ter avaliado o controlo interno e se ter avaliado novamente o risco e
reajustado o programa de auditoria preliminar (Morais e Martins, 2003, p.101).
2.3.7.6 Conclusões e recomendações

Após ter efectuado a avaliação da eficácia do controlo interno, tendo sempre presente a
análise do risco e na posse da prova adequada o auditor interno estará em condições de
elaborar conclusões e efectuar recomendações (Morais e Martins, 2003, p.101).
2.3.7.7 Comunicação dos resultados

Faz-se através de relatórios. O relatório representa um dos documentos mais relevantes do


auditor interno, afinal é o meio pelo qual se comunica à direcção as conclusões do trabalho
realizado. Ele deve reunir cinco requisitos gerais: ser construtivo; objectivo; conciso;
oportuno e claro. Recomenda-se comentar as conclusões e recomendações com o responsável
pela área auditada antes da emissão do relatório definitivo. Estes comentários ajudarão no
esclarecimento de mal entendidos, caso houver, ou interpretações incorrectas e ainda
proporciona ao auditor a oportunidade de poder clarificar pontos concretos do exame sobre o
qual vai expressar opinião (Morais e Martins, 2003, p. 102).

2.3.7.8 Follow-up

É o processo em que o auditor interno avalia a adequação, eficácia e oportunidades das


medidas tomadas pelo órgão de gestão face às observações e recomendações relatadas. É a
fase do processo que mais se verifica a diferença entre o trabalho desenvolvido pelo auditor
interno e externo, enquanto o trabalho de auditor externo termina com a comunicação dos
resultados o do auditor interno dá continuidade ao processo, acompanhando a implantação
das recomendações efectuadas (Morais e Martins, 2003, p.109 a 110).
xxvii

2.3.7.9 Avaliação da auditoria

É a última fase do processo de auditoria, faz-se apreciação da auditoria interna na sua


globalidade. É geralmente realizada durante uma reunião entre os auditores envolvidos no
trabalho realizado, supervisor designado para a auditoria e o responsável da actividade de
auditoria. Uma das metodologias para avaliar uma auditoria é fornecer a cada auditor
designado uma ficha de avaliação no início da auditoria (Morais e Martins, 2003, p.128).

2.4 Tipos de auditoria interna

A auditoria interna se divide em ramos indicado no quadro abaixo:

TABELA I: Tipo de auditoria interna

Tipos Descrição

Auditoria de gestão ou operacional É a revisão das actividades e das


transacções. O principal objectivo é
avaliar e contribuir para implementar
eficiência administrativa e inclui a
avaliação das políticas e dos
procedimentos que concorrem para a
prossecução da missão e dos objectivos
das empresas.

Auditoria de sistemas de informação É uma revisão técnica e avaliação da


informação e dos sistemas de controlo.
O objectivo global é avaliar se as
aplicações das empresas incluem um
adequado controlo interno para assegurar
a integridade e a fiabilidade, se utilizam
recursos de forma adequado, se a
informação é devidamente protegida
contra o uso indevido e se concorrem para
a prossecução da estratégia do grupo.
Inclui a avaliação dos controlos,
procedimentos, standards de todas as
fases do desenvolvimento e manutenção
das aplicações;

Engloba a avaliação do ambiente de


controlo de acessos físicos, procedimento
de “cópia de segurança” e “ Restore” e
controlo de acesso lógicos; engloba,
também a avaliação dos procedimentos,
regulamentos e leis aplicáveis às
empresas.
xxviii

Auditoria contabilística e financeira Visa avaliar a fiabilidade e integridade da


informação financeira e os procedimentos
de controlo associados.

Auditoria de investigação Visa investigar a extensão da apropriação


indevida ou de má utilização dos activos
das empresas. Estas auditorias são
desenvolvidas a pedido dos órgãos de
gestão, conselho fiscal ou conselho de
auditoria e segurança. Normalmente
requerem um esforço maior das equipas e
uma colaboração dos consultores
especializados.

Auditoria da qualidade Visa avaliar os standards de qualidade e


sua manutenção, obtidos aquando da
certificação do processo de facturação.
São auditorias preventivas de modo a
garantir a certificação nas auditorias de
acompanhamento pela respectiva entidade
certificadora.

Auditoria de cumprimento Visa avaliar o grau de observância pelas


empresas associadas das políticas,
procedimentos, orientações estabelecidas
pela empresa mãe, ou regulamentos
aplicáveis às actividades.

Auditoria fiscal Visa avaliar a eficácia e a eficiência nos


aspectos fiscais no tratamento das
diversas operações e observância da
legislação em vigor sobre essa matéria.

Auditoria ambiental Visa avaliar o cumprimento das normas


ambientais em vigor e a observância dos
regulamentos e procedimentos
estabelecidos pela
empresa mãe.

Auditoria de fallow-up Auditoria de avaliação de grau de


implementação das recomendações
formuladas em relatórios anteriores, numa
lógica de monitorização do progresso ou
das dificuldades na implementação.

Outras auditorias Auditoria realizada a pedido de diversos


órgãos de gestão, concelho de auditoria e
concelho fiscal da empresa ou das
empresas associadas.
xxix

Fonte: adaptado de Pinheiro (2010)

2.5 A estrutura organizativa do serviço de Auditoria Interna

O departamento de auditoria deve ser estruturado para que as responsabilidades estejam


claramente definidas de acordo com a hierarquia de cada um, para que o director não execute
os trabalhos de campo e nem o pessoal assistente tome decisões a nível da directoria.
A estrutura do serviço de auditoria interna de uma organização depende da natureza e o seu
enquadramento, os seus objectivos, e a sua dimensão.
Segundo M. Marques (1997, p.79) a estrutura de um serviço de auditoria depende de vários
factores, tais como:
 Do sector de actividade e da organização, dimensão e dispersão geográfica, do estilo
de gestão e da cultura da unidade económica;
 Dos objectivos, âmbito de actuação, atribuições e dimensão do próprio serviço de
auditoria.
Morais e Martins (2003, p.78), enuncia que a posição típica do departamento de auditoria
interna apresenta numa entidade de grande dimensão, 4 níveis de auditores profissionais:

Direct
or

Gestores

Pessoal Senior

Pessoal Junior

FIGURA 2 - Nível hierárquico de auditores


Fonte: Morais e Martins (2003, p.78)

 Director tem por função: definir a orientação geral do departamento; elaborar


programas; definir políticas e procedimentos de auditoria; gerir o pessoal do
departamento; coordenar o trabalho com os auditores externos; estabelecer programa
que assegure a qualidade da auditoria.
xxx

 Gestores dirigem tipicamente, auditorias individuais, incluindo a coordenação e


planificação do trabalho de auditoria. Eles dispõem de uma extensa experiência em
auditoria e supervisão.
 Pessoal Sénior supervisiona aspectos do trabalho de auditoria e realiza a maioria do
trabalho de pormenor. Para exercer essa actividade é necessário pelo menos três anos
de experiência em auditoria.
 Pessoal Júnior faz o trabalho menos complexo e mais rotineiro. São aqueles
iniciantes ou por vezes estagiários.

2.6 Independência em auditoria interna


A auditoria interna não deve depender de nenhuma direcção numa empresa que não seja a do
concelho de administração. Isto porque o auditor não pode nem deve ter responsabilidade
sobre actividades que possa um dia vir a ser seu objecto de exame.

O auditor tem que depender directamente do órgão de gestão e deve estar posicionado ao
mais alto nível e com autoridade suficiente dentro da empresa para garantir a credibilidade do
trabalho realizado. A independência permite ao auditor emitir juízos imparciais e sem
preconceitos, que é essencial para adequada realização do trabalho de auditoria interna, o
protegerá de assumir compromissos que prejudiquem os objectivos da auditoria. O
posicionamento ao mais alto nível reflectirá directamente sobre a qualidade do trabalho
executado e sobre os resultados que este proporciona à empresa. Outra razão para esta linha
de vinculação é que, estando o auditor vinculado a um director, isso poderá afectar a
credibilidade do seu trabalho, na medida em que possa ser visto pelas demais directorias
como um membro daquela direcção.

Barata (1999, p.82) enuncia:


“A auditoria interna deve funcionar na independência directa da
administração para alcançar a necessária independência de qualquer
órgão ou função da empresa. Esta independência é devida ao facto de
os auditores internos não interferirem na execução dos trabalhos a
auditar e na implementação de normas e procedimentos internos.”

A figura abaixo mostra-nos o posicionamento adequado num organograma para a direcção de


auditoria interna dentro de uma organização.
xxxi

Conselho de
Administracao

Direccao da
auditoria interna

Direccao de
Direccao
Recursos Direccao B Direccao C Direccao D
financeira
Humanos

FIGURA 3 - Organograma adequado à auditoria interna


Fonte: M. Marques (1997, p.81)

Crepaldi (2000, p.54) diz: “É fundamental que os auditores internos tenham total
independência para movimentar-se dentro da entidade, emitir opinião, dar sugestão etc., sem
preocupação de que, com tais actividades, possam desagradar a alguém e ser despedidos. Ao
mesmo tempo, os auditores internos não devem lembrar que os auditados são colegas e que “
a crítica pela crítica é um posicionamento irracional.”
A independência apresenta uma condição essencial para que o trabalho da auditoria interna
seja feito da melhor forma possível e garantir a fiabilidade do seu trabalho, isto porque
quando o auditor não tiver nenhuma relação com a área a ser auditada haverá menos
possibilidade para conluio.

2.7 Auditoria interna e auditoria externa


2.7.1 Inter-relacionamento

A auditoria interna e externa se complementam, pois o trabalho realizado por elas é


extremamente idêntico uma vez que as duas baseiam-se no controlo interno como ponto de
partida na realização dos exames, sugerem correcções às deficiências encontradas. Sendo
assim muitas vezes a administração da empresa confunde o trabalho da auditoria interna com
o da auditoria externa. Deve haver uma integração entre as duas auditorias para evitar a
duplicação de esforços e assim promover a redução de custos.
xxxii

Attie (1992, p.34) refere que:


“A auditoria externa considera a auditoria interna como parte do
sistema do controlo de uma empresa e, por este motivo, se sentirem
que a actividade exercida pela auditoria interna é sadia e funciona a
contento, podem reduzir a extensão dos seus trabalhos.”

A auditoria interna e auditoria externa devem comunicar-se entre elas de forma clara e franca
para permitir que o trabalho tenha melhor qualidade e seja útil para à entidade. Ambas
trabalham para o bem da entidade, precisam de informações para garantir a credibilidade do
trabalho e para isso precisam colaborar-se entre elas. Essa colaboração deve haver tanto do
auditor interno com externo como do externo com interno. Morais e Martins (2003, p. 28)
indica os pontos de colaboração entre eles:
“Dos internos com externos:
 O intercâmbio de pontos de vista e opiniões profissionais no desenvolvimento das
respectivas funções;
 A entrega de informações e conhecimentos acerca da entidade;
 A utilização dos papéis de trabalho e outras informações de auditoria interna, como
meio de avaliar e reduzir o alcance e profundidade dos testes em determinadas áreas
de trabalho, pelo auditor externo;
 A participação na revisão das demonstrações financeiras.
Dos externos com internos:
 Assessoria profissional em matérias que, pela sua índole e variação contínua dos
trabalhos, permite ao auditor externo uma actualização profissional e formação
contínuas;
 A utilização de programas e papéis de trabalho que coordenam e dirigem em
colaboração com os auditores internos;
 A ratificação das conclusões e recomendações formuladas pelos auditores internos, o
que reforça a sua independência profissional dentro da entidade.”
2.7.2 Diferença entre auditoria interna e externa

A auditoria interna apesar de se assemelhar à auditoria externa, elas se diferenciam quanto


aos objectivos, destinatários dos trabalhos realizados, âmbito e à frequência.
xxxiii

TABELA II: Diferença entre auditoria interna e auditoria externa

Auditoria
Características
Externa Interna

Objectivo principal

 Emitir parecer sobre as demonstrações financeiras; *


*
 Assessorar a administração e apoiar a organização

Destinatários

 Fundamentalmente externos: accionistas, governo, *


público;
*
 Internos: administrador e serviços auditados

Âmbito

 Índice fundamentalmente sobre as demonstrações


financeiras *

 Índice sobre todas as funções da unidade económica


*

Metodologia

 Ênfase na verificação de saldos, com vista à emissão *


de parecer sobre as demonstrações financeiras de
publicação obrigatória

 Ênfase na análise de procedimentos e de critérios, *


avaliando o cumprimento de normas, políticas e a
eficácia do sistema de controlo interno
*
 Análise por sondagem aos registos contabilísticos
*
 Análise com maior extensão e profundidade
*
 Baseia-se na comparação com padrões standards *

 Baseia-se em técnicas de auditoria de gestão e de


controlo
*
 A análise e a apresentação do trabalho baseiam-se nas
xxxiv

áreas de balanço e demonstração de resultados


*
 A análise e apresentação do trabalho atende às áreas
operacionais

Normas de referência

 Normas e princípios contabilísticos geralmente aceites *

 Regras, técnicas e princípios de registos e controlo


*
das operações e de gestão em todas as áreas,
actividades, funções das organizações

Frequência

 Periódica, em princípio anualmente *


*
 Periódica, mas geralmente sem tempo determinado

Independência

 Em relação à unidade económica *

 Em relação às actividades e serviços auditados


*

Fonte: M. Marques (1997, p.54)

2.8 Auditoria interna no sector público


Assim como no sector privado, a auditoria interna é também necessário para o sector público
ou ainda mais já que o seu trabalho incide sobre a coisa pública.
Para Marçal e L. Marques (2011, p.70 a 71) a auditoria interna desempenha uma importante
função de apoio às suas decisões de gestão uma vez que o sector público tem por objectivo a
maximização da economia, eficiência e eficácia. Pois a auditoria interna procura dar respostas
às determinadas necessidades tais como:

 Dar a conhecer aos órgãos de gestão se as metas planificadas estão a ser alcançadas;

 Dar a conhecer aos órgãos de gestão se os controlos internos implantados são


suficientemente para garantir a protecção dos activos e a sua adequada utilização;
xxxv

 Analisar de forma contínua e permanente a fiabilidade e credibilidade dos registos


contabilísticos, por atenção aos princípios contabilísticos geralmente aceites;

 Dar a conhecer aos órgãos de gestão se a informação que se utiliza, obtida através de
sistema de informação da organização, é completa, precisa e fiável, com especial
atenção a vertente financeira e operacional;

 Garantir aos órgãos de gestão que as políticas, procedimentos, planos e controlos e


controlos estabelecidos são adequados e foram postos em prática;

 Garantir aos órgãos de gestão o cumprimento das normas legais em vigor;

 Garantir a racionalização dos recursos humanos e financeiros, valorizando a sua


maximização;

 Garantir que a gestão do risco é adequada a fim de obter a consecução dos objectivos.
Alves e dos Reis (p.842) enunciam que a importância da auditoria interna aumenta quando a
actuação é no sector público, sendo que o património público é propriedade colectiva e deve
ser vigiado por todos. E ainda que a auditoria interna serve como meio de identificação de
que todos os procedimentos internos, políticas definidas e a própria legislação estão sendo
devidamente seguidos e também para constatação de que todos os dados registados merecem
a verdadeira confiança fazendo com que os órgãos públicos alcancem a transparência na
aplicação dos recursos públicos.

Segundo Pradas et al. (1999, apud Costa, Anabela, 2008, p. 20) no Sector Privado verifica-se
uma evolução das funções da auditoria interna de uma mera verificação de saldos e detecção
de erros e fraudes, para objectivos mais ambiciosos, como manter um controlo interno eficaz,
conseguir um bom funcionamento da organização, dos seus sistemas operativos e uma
adequada utilização dos seus recursos, assegurar o cumprimento das políticas, normas e
instrumentos.

Souza (2007, p. 18) diz que na iniciativa privada o objectivo é a optimização de lucros e de
respostas, onde a empresa depara-se com novas situações que levam a preocupação com a
eficiência e eficácia dos recursos enquanto no sector público, o objectivo é a busca da
eficiência, eficácia e economicidade das acções administrativas desenvolvidas pelos gestores
públicos.3
xxxvi

2.9 Controlo interno


2.9.1 Conceito
Segundo Morais e Martins (2003, p.17), controlo é qualquer acção empreendida pela gestão,
pelo conselho e outras entidades para aperfeiçoar a gestão do risco e melhorar a possibilidade
do alcance dos objectivos e m etas da organização.

Tribunal de contas de Portugal- Manual de auditoria e procedimentos (apud Marçal e L.


Marques, 2011, p.13) define controlo interno da seguinte forma:
“Controlo interno é uma forma de organização que pressupõe a
existência de um plano e de sistemas coordenadas destinados a
prevenir a ocorrência de erros e irregularidades ou minimizar as suas
consequências e maximizar o desempenho da entidade em que se
insere.”
2.9.2 Tipos de controlo interno
Morais e Martins (2003, p.19) caracteriza controlo interno da seguinte forma:

 Preventivos - servem para impedir que factos indesejáveis ocorram;


 Detectivos- servem para identificar ou corrigir factos indesejáveis, que já tenham
ocorrido;
 Directivos ou orientativos – servem para provocar ou encorajar a ocorrência de um
facto desejável, isto é, para produzir efeitos “positivos”, porque quando ocorrem
coisas boas, impede-se que as más aconteçam;
 Correctivos- servem para rectificar problemas identificados;
 Compensatórios- servem para compensar eventuais fraquezas de controlo noutras
áreas da organização.
2.9.3 Relação entre auditoria interna e controlo interno

A auditoria interna se relaciona com o controlo interno pelo facto de que o controlo interno
oferece uma perspectiva dinâmica e valorizadora, isto é tem em mão todos os dados que
permitem manter o domínio, a auditoria avalia o grau de domínio atingido. A auditoria
interna é uma função de supervisão e controlo interno tem carácter preventivo. (Morais e
Martins, 2003, p. 21)
xxxvii

De acordo com Pinheiro (2010, p. 109) os auditores internos desempenham um papel muito
importante na avaliação da eficácia do sistema de controlo e contribuem para a sua
manutenção (funcionando como segundo nível de controlo).
O controlo interno é bastante importante para auditoria interna, pois para que ela consiga
atingir os seus objectivos (salvaguarda e conservação de bens; impedir desembolsos
indevidos de fundos;…) é necessário a implementação do dos procedimentos de controlo
interno e comprovar a exactidão com que trabalha a contabilidade (Barata, 1999).

Alves, e dos Reis (nd, p. 842) dizem: “Pode-se considerar que a auditoria interna faz parte da
pirâmide do controle interno, sendo ela o ponto mais alto, uma vez que a mesma avalia,
supervisiona e fiscaliza o nível de credibilidade dos controles internos.”

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 Introdução

A elaboração da presente pesquisa foi delineada com base nas seguintes abordagens:
Quanto ao problema, o estudo contempla uma abordagem qualitativa, uma vez que está
relacionado com a compreensão do impacto da reavaliação de activos tangíveis. Assim sendo,
o presente trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica e foi usado o
método de observação directa participativa. Pesquisa do tipo qualitativa permite mergulhar na
complexidade dos acontecimentos reais e indaga não apenas o evidente, mas também as
xxxviii

contradições, os conflitos e a resistência a partir da interpretação dos dados no contexto da


sua produção.

3.2 Tipo e Natureza de pesquisa

Para a realização da pesquisa foi utilizado o método de procedimento monográfico ou estudo


de caso, em que a literatura empírica que fornece um fenómeno antigo para actual dentro do
seu contexto da realidade é a base no qual são utilizadas várias fontes de evidência.
O que significa que para este trabalho, a investigação pressupõe uma abordagem concreta em
que o proponente inteirou-se sobre a matéria do papel da auditoria interna nas Instituições
públicas, caso Gabinete do Governador da cidade de Nampula, pelo que, usou a seguinte
metodologia:

 Revisão bibliográfica, análise descritiva e comparativa de obras publicadas, textos e


documentos, buscados em publicações referentes ao tema; e
 O trabalho do campo realizado no Gabinete do Governador da cidade de Nampula
consistiu na observação directa, entrevista e com recurso a um questionário dirigido
ao pessoal da Administração e Finanças do gabinete.

Esse trabalho envolveu pesquisa de levantamento que se caracteriza pelo questionamento das
ferramentas da auditoria interna, cujo objectivo é saber a sua utilização dentro do Gabinete do
governador.

3.3 Fontes de dados

Os dados necessários para a realização terão fonte primária, uma vez que serão obtidos a
partir das observações feitas directamente no Gabinete, sem a necessidade de consultar
documentos, pastas ou arquivos armazenados. Os dados primários, são aqueles colhidos
directamente na fonte.

3.4 População em estudo e tamanho da amostra


3.4.1 População em estudo

No presente trabalho, o universo é de 40 trabalhadores, o que corresponde ao total de


funcionários do Gabinete do Governador da cidade de Nampula, distribuídos entre pessoal de
varios departamentos, considerado pelo proponente do presente trabalho, como reunindo
características pretendidas para a pesquisa.
xxxix

3.4.2 Tamanho da amostra

Amostra constitui o número de sujeitos extraídos de um universo para representar esse


universo e esta pode ser probabilística, quando os sujeitos são seleccionados de tal modo que
a probabilidade de selecção de cada membro é conhecida. Também pode ser disponível,
quando os sujeitos são seleccionados por serem acessíveis, próximo do pesquisador.
Para a efectivação deste trabalho utilizou-se uma amostra disponível e probabilística, pois,
cada elemento do universo tem a mesma probabilidade de ser escolhido para pertencer a
amostra. Dada a natureza do tema em estudo, a amostra cingiu-se aos gestores e o pessoal do
departamento de contabilidade e finanças.
A amostra deste trabalho é constituída por 8 individualidades que se mostraram disponíveis.
3.4.3 Ferramentas da análise usadas

Como parte prática de colecta de dados, para o presente trabalho, a pesquisa teve como foco
analisar o papel da auditoria interna no gabinete do Governador e com isso a colecta de dados
ocorreu com visitas ao Gabinete, foi usada a observação direita participativa em que o
proponente participou na colecta de dados observando directamente, o questionário e a
entrevista com alguns funcionários responsáveis pelo controlo das actividades do gabinete e
para análise dos dados colectados usou-se o método comparativo percentual.

a) Questionário
Na recolha das informações referentes ao problema em estudo normalmente é imprescindível
o questionário. O uso desta técnica prende-se no facto de querer colher opiniões e ideias das
individualidades escolhidas como amostra mediante uma série de perguntas elaboradas pelo
autor de forma clara, coerente e concisa.O questionário foi dividido em duas partes com o
intuito de observar dois aspectos: primeiro, a aderência das características da auditoria interna
e segundo, o grau de relevância dada por cada Responsável gabinete.
Para o presente trabalho, foi elaborado um questionário dirigido a oito (8) individualidades
dos quais gestores e pessoal de departamento de administração e finanças.
b) Entrevistas
Aentrevista da pesquisa foi realizada de uma maneira formal (entrevista semi-estruturadas) ao
qual foi concedida pelos colaboradores do gabinete do Governador, responsáveis pela
auditoria interna do gabinete. Neste caso, a entrevista foi dirigida ao pessoal de administração
e finanças que apresentou-se numa amostra de cinco (5) indivíduos.

GRÁFICO I: Grau de importância de auditoria interna


xl

7%

29%

64%

64% Muito importante 29% Importante 7% Nada importante

Fonte: adaptado dos dados recolhidos

A auditoria interna não deixa nunca de ser uma actividade importante para uma empresa.
Apesar de que nem todas as empresas dispõem do serviço de auditoria interna mais de
metade reconhecem a sua importância para um bom funcionamento, isto é, 64% responderam
que a auditoria é muito importante, 29% consideram a auditoria importante e apenas 7% não
atribuíram nenhuma importância à auditoria interna.
xli

GRÁFICO II: Nível de dependência da auditoria interna


25%

50%

25%

50% Reporta directamente ao conselho do gabinete 25% Depende do Governador


25% Outros departamentos

Fonte: adaptado dos dados recolhidos


Uma boa parte (50%) tem um departamento de auditoria interna reportada ao conselho de do
gabinete, 25% depende do Governador, e os outros 25% depende de outros departamentos.

GRÁFICO III: Benefícios da auditoria interna


120
100
100

80 75

60

40
25
20 12.5

100 Melhoria do controlo interno


75 Maior rigorosidade quanto ao cumprimento das normas
25 Diminuicao da pratica de fraude
12.5 Aumento das receitas

Fonte: adaptado dos dados recolhidos


xlii

GRÁFICO IV: Acesso irrestrito do departamento de auditoria interna

25%

75%

75% Sim Nao

Fonte: adaptado dos dados recolhidos


Para que o trabalho de auditoria interna seja feito de forma correcta e apropriada o auditor
interno tem que ter acesso irrestrito à qualquer informação ou documentação que seja
necessário para a sua realização. Mas nem sempre as regras são obedecidas, pois 75%
pessoas inqueridas responderam que o departamento de auditoria interna tem acesso irrestrito
às informações mas ainda faltam os 25% que responderam que o auditor interno não tem
acesso irrestrito em todos os documentos ou informações na empresa
xliii

CAPÍTULO 4: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

4.1 Introdução

Este capítulo faz referência ao cenário actual do gabinete, descreve e analisa os


procedimentos Auditoria interna adoptado pelo mesmo no seu departamento financeiro e
apresenta as sugestões de melhoria necessárias para alguns destes procedimentos.
Com o intuito de almejar os objectivos gerais e específicos desta pesquisa, foi aplicado um
questionário, direccionado aos gestores e o pessoal da administração e finanças da empresa e
uma entrevista, direccionado à auditoria interna do departamento da contabilidade e finanças.

4.2 Localização geográfica da cidade de Nampula

Nampula é a Cidade capital da província do mesmo nome, é conhecida como a Capital do


Norte. Está localizada no interior da província e a sua população é, de acordo com o censo de
2007, de 471.717 habitantes.
A cidade de Nampula é limitada a Norte pelo rio Monapo que a separa do Posto
Administrativo de Rapale; a Sul e Este pelo Posto Administrativo de Anchilo e a Oeste está
limitada pelos Postos Administrativos de Rapale e Namaita.
Possui uma extensão máxima de 24.5 km no sentido Este-Oeste e 20.25 km no sentido Norte-
Sul, com uma área total de cerca de 496.125 km2.
O nome da cidade deriva do nome de um líder tradicional, M'phula ou Whampula. A cidade
tem origem militar, uma característica que ainda hoje se mantém. Uma expedição militar
Portuguesa, chefiada pelo Major Neutel de Abreu acampou nas terras de Whampula a 7 de
Fevereiro de 1907, o que levou à construção do comando militar de Macuana. A povoação
foi
criada em 6 de Dezembro de 1919 tendo-se tornado a sede da Circunscrição Civil de
Macuana
em Junho de 1921. Nampula torna-se o Quartel-General do exército Português durante
aguerra colonial, o qual, com a independência nacional, passou a Academia Militar Samora
Machel. A chegada do caminho-de-ferro, a partir de Lumbo, contribuiu para o
desenvolvimento da povoação, que foi elevada a vila em 19 de Dezembro de 1934 e a cidade
em 22 de Agosto de 1956.

Figura nº 1. Província de Nampula com localização da cidade do mesmo nome


xliv

Fonte: Adaptada pelo autor.

4.3 Estudo da auditoria interna no Gabinete do Governador da cidade de Nampula


Para que o estudo seja feito foram entrevistados 6 colaboradores do gabinete, entre os quais a
auditora interna, o técnico Superior, Chefe do departamento de contabilidade, chefe do
departamento de controlo, receita e tráfego. No gabinete do Governador realiza-se auditoria
interna do tipo operacional. Segundo Pinheiro (2010, p. 60), auditoria interna operacional é a
revisão das actividades e das transacções, o seu principal objectivo é avaliar e contribuir para
implementar eficiência administrativa e inclui a avaliação das políticas e procedimentos que
concorrem para a prossecução da missão e dos objectivos das empresas.

1. Qual é o principal objectivo da auditoria interna no Gabinete?


De acordo com um dos funcionários entrevistados a auditoria interna foi implementada com o
objectivo de reforçar o nível de controlo interno, o cumprimento das normas e procedimentos
na companhia e fechar as brechas existentes, levando a um controlo mais eficaz dos
regulamentos e procedimentos do gabinete.

2. A auditoria interna actua de forma independente?


Todos os entrevistados responderam que a auditoria interna actua de forma independente.

3. Existe a coordenação entre a auditoria interna e a auditoria externa no gabinete?


xlv

As auditoras internas confirmaram que participam no trabalho dos auditores externos, uma
vez que isso lhes servirá de prática de experiências. Também com o objectivo de minimizar
horas de trabalho, pois o trabalho da auditoria externa é facturada por horas e com a
colaboração da auditoria interna o gabinete minimiza os seus custos com a auditoria externa.

4. O gabinete considera a auditoria interna importante para a realização das suas


operações?
Todos os entrevistados acham a auditoria interna uma actividade importante, uns se
justificaram e outros nem por isso.
A auditora interna afirma: “ pelo facto de o gabinete ser bastante amplo e ter muitas
actividades a auditoria interna torna-se uma actividade de grande importância por ser a única
área que tem domínio sobre as outras para poder saber onde e quando podem tentar fintar e
cometer fraude.
O chefe de departamento de contabilidade diz: “ a auditoria interna é muito importante uma
vez que na área financeira trabalha-se com normas e procedimentos e certas vezes os
colaboradores caem na tentação de ao efectuar lançamentos ou emitir documentos de não
seguir as normas ou fazer diferente daquilo que está instituído. Assim a auditoria interna
revela a sua importância, pois ela analisa se os procedimentos e normas instituídos estão a ser
seguidos na prática, e contribui para o melhoramento dos procedimentos internos.”
O chefe do departamento de controlo receitas e tráfego afirma: “ a auditoria interna é
importante porque ajuda a superar vários procedimentos que o pessoal de outras áreas não
tem visão voltada para ele.” Ele considera auditoria interna benéfico uma vez que ela ajuda
no melhoramento do trabalho que um colaborador pode achar correcto quando nem sempre
está.

5. Que factores levaram a implementação da auditoria interna no Gabinete?


Um entrevistado respondeu que a implementação da auditoria interna foi devido a
necessidade da administração por um controlo mais eficaz dos regulamentos e procedimentos
existentes no gabinete, o reforço no cumprimento das normas.

6. Qual é a percepção que os colaboradores do gabinete têm da auditoria interna?

De acordo com a auditora interna que acompanhou várias evoluções da auditoria interna
dentro do gabinete, explica que no começo a auditoria interna era vista como um trabalho de
polícia e tinham medo de falar ou até estar onde os auditores internos estavam por pertos,
xlvi

mas agora reconhecem a sua real função no gabinete e sua importância para a melhoria do
funcionamento da organização. Os auditores internos tentam ser dialogantes ao máximo antes
do início da sua actividade reunindo todas as pessoas da área sujeita a auditoria interna e
explicando qual é realmente o objectivo e importância da actividade. Inicialmente a auditoria
interna era visto como um processo de controlo das pessoas.

7. Que tipo de auditoria interna pratica-se no gabinete do Governador?


Auditoria interna operacional.

8. Que barreiras/ constrangimentos foram encontradas na implementação da


auditoria interna?
As maiores barreiras apontadas foram a resistência do pessoal, principalmente os mais
antigos no gabinete quanto ao cumprimento das normas e alguma desconfiança por parte das
pessoas devido à falta de conhecimento da verdadeira função e objectivo da actividade de
auditoria interna.

9. As recomendações feitas pelo departamento de auditoria interna são construtivas


para o gabinete?
Todos os entrevistados afirmam que as recomendações feitas são construtivas.
Um entrevistado diz que todas as recomendações feitas no relatório são seguidas o mais breve
possível quando o pessoal da auditoria interna tiver opinião diferente quanto à forma como
uma actividade foi executada.

10. O departamento tem acesso a todos os documentos e informações sem nenhuma


restrição?
Todas pessoas entrevistadas confirmaram que o departamento da auditoria interna tem acesso
a todos os documentos necessários para realização do seu trabalho.
Um técnico superior diz que o pessoal da auditoria interna tem acesso a todos os documentos
desde que estejam no âmbito das missões da auditoria interna.

11. Que mudanças verificaram após a implementação da auditoria interna?


Nem todos os colaboradores presenciaram a implementação da auditoria interna, mas aqueles
que presenciaram conseguiram detectar a diferença do antes e depois.
O técnico superior notou que houve um melhor cuidado no cumprimento dos regulamentos e
procedimentos instituídos na empresa apesar de nem sempre é possível fazer um controlo
permanente.
xlvii

O chefe de departamento de contabilidade notou diferença como a resistência dos colegas em


aderir novos procedimentos, pois durante vários anos fizeram coisas sem que ninguém os
contrariassem e depois passaram a ter normas para seguir.
A auditora interna diz que teve mudança de atitude, as pessoas mudaram o comportamento,
até a forma de falar sobre determinado assunto.

Posicionamento da auditoria interna no organograma do Gabinete


O departamento de auditoria interna não está claramente definida no organograma do
gabinete, pois não aparece no organograma como os outros departamentos. Para além de não
ser visível no organograma também há o problema de posicionamento, isto é a auditoria
interna não encontra-se situado ao mais alto nível, ela depende do gabinete de estratégia,
planeamento e controlo, quando deveria depender directamente da administração. Todos os
colaboradores entrevistados estão cientes de que este não é o posicionamento ideal para um
bom funcionamento da auditoria interna e outros nem sequer sabiam a que nível estava a
auditoria interna uma vez que não é visível no organograma.
xlviii

CAPÍTULO 5: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Conclusão

A auditoria interna tem evoluído cada vez mais desde o seu surgimento até hoje, deixando de
lado o seu papel de polícia e voltar mais para o controlo interno ajudando a organização na
sua melhoria ou substituição quando necessário.
Conseguiu-se atingir os objectivos do trabalho, analisando os dados recolhidos na pesquisa e
responder as perguntas de partidas. Afinal, no gabinete em causa considera importante o
serviço da auditoria interna e também que a auditoria interna permite aperfeiçoar as
operações de uma empresa, através da melhoria do sistema do controlo interno e uma maior
rigorosidade quanto ao cumprimento das normas que são os benefícios predominantes da
implementação da auditoria interna segundo o inquérito.
No decorrer da pesquisa constatou-se que mesmo as empresas que não dispõem dos serviços
de auditoria interna compreendem a sua importância para um bom funcionamento da
empresa. O motivo verificado nas empresas que não dispõem deste serviço é o alto custo para
algumas e desnecessário para outas normas. O que nunca deve ser considerado, pois a
auditoria interna é sempre necessário.
Conclui-se ainda que a maioria das empresas públicas sediadas na cidade da Praia realizam
auditoria interna, pois ela acrescenta valor às empresas, melhora o controlo interno e fomenta
maior rigorosidade quanto ao cumprimento das normas.

Com o estudo feito no gabinete do Governador, deu para verificar que a auditoria interna é
muito importante para qualquer empresa que queira ter um controlo mais eficaz dos seus
regulamentos e normas. O pessoal do gabinete fez o possível para que todos os colaboradores
tenham ideias positivas sobre a auditoria interna, pois no início foi difícil compreender o real
significado da auditoria interna. A única falha verificada no departamento da auditoria interna
do gabinete é a questão do posicionamento, pois, além de não estar exposta no organograma,
encontra-se mal posicionada. A auditoria interna depende do departamento de Gabinete de
estratégia, planeamento e controlo quando deveria depender do conselho do gabinete.
xlix

Recomendações

Durante a pesquisa foi verificada várias deficiências no que tange a auditoria interna no
sector público na cidade de Nampula, entre elas, o posicionamento da auditoria interna no
gabinete o desconhecimento deste pelos colaboradores. Isso quando é definida no
organograma, pois há empresas que não apresenta esse departamento no organograma do
gabinete. Apesar de a maioria das empresas realizar auditoria interna, ainda assim não é
suficiente, pois 43 % é uma percentagem significativa. Aconselha-se às empresas que não
dispõem deste serviço a pensar num projecto de implementação pois a auditoria interna tem
os seus benefícios que é muito maior que os custos.
Ainda aconselha-se às empresas que não têm o posicionamento adequado da auditoria interna
a reformular o organograma posicionando o departamento de auditoria interna ao mais alto
nível.

Dificuldades encontradas
A maior dificuldade encontrada foi o facto de falta de documentos que abarca a auditoria
interna especificamente no sector público, impedindo uma melhor monografia na parte
teórica do trabalho. O tempo estipulado para a entrega da monografia também dificultou por
ser curto.
l

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALMEIDA, M. C. Auditoria: Um Curso Moderno e Completo (5ª ed.). S. Paulo:
Atlas.SA.1996.
ALVES, A. L. Z. S. & DOS REIS, J. A. G.(nd) Auditoria. Interna No Sector Público
(consultado em 28 de Março de 2013).
ATTIE, W. Auditoria Interna (1ª ed.). S. Paulo: Atlas S.A. 1987.
__________ Auditoria interna. São Paulo: Atlas S.A.1992.
___________Auditoria: Conceitos e aplicações (3ª ed.). São Paulo: Atlas S.A.1998.
BARATA, A. S. Contabilidade, auditoria e ética nos negócios (2ª ed.). Lisboa: Editorial
Notícias.1999.
BARBIER, Etienne (1999). Manual de Auditoria (2ª ed.).Cetop
COSTA, Anabela Carreira (2008). Auditoria interna nos municípios portugueses. Mestrado
em Contabilidade e Finanças Acesso em 23 de Abril de 2013.
COSTA, Carlos Baptista (1985). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (1ª ed.). Lisboa: Rei
dos Livros.
COSTA, Carlos Baptista (2010). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (9ª ed.). Lisboa: Rei
dos Livros.
CREPALDI, Sílvio Aparecido (2000). Auditoria Contábil: Teoria e Prática (2ª ed.). Atlas
S.A.
MARÇAL, Nelson e MARQUES, Fernando Luís (2011). Manual de Auditoria e Controlo
Interno no Sector Público (1ª ed.). Lisboa: Sílabo lda.
MARQUES, Madeira (1997).Auditoria e Gestão (1ª ed.). Lisboa: Editora Presença.
MORAIS, Georgina e MARTINS, Isabel (2003) Auditoria Interna: Função e Processo (2ª
ed.). Lisboa: Áreas Editora
PINHEIRO, Joaquim Leite (2010). Auditoria Interna- Auditoria Operacional: Manual
Prático para Auditores Internos (2ª ed.). Rei dos livros, Letras e conceitos lda.
SOUZA, Sérgio dos Santos (2007). Auditoria interna no sector público: Sistemática de
priorização das actividades de auditoria interna por intermédio da elaboração de matriz de
risco.
THE INSTITUTE OF INTERNAL AUDITORS (2009): enquadramento internacional de
práticas profissionais de auditoria interna.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria contábil: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.
li

______. Auditoria contábil: teoria e prática. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
JUND, S. Auditoria: conceitos, normas, técnicas e procedimentos: teoria e 800 questões. 6.
ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004.
LINS, L. dos S.. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria externa. São
Paulo: Atlas, 2011.
FRANCO, H. & MARRA, E. Auditoria contábil. 2. ed. São Paulo: Futura, 2000.
______. Auditoria contábil. 3. ed. São Paulo: Futura, 2002.

SÁ, A. L. de. Curso de auditoria. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1989.

______. Curso de auditoria. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1998.


______. Curso de auditoria. São Paulo: Atlas, 2000.
______. Curso de auditoria. São Paulo: Atlas, 2002.
lii

APÊNDICES
liii

Questionários

1. Qual a missão, visão e objectivo do Gabinete?

2. Qual é o principal objectivo da auditoria interna no Gabinete?

3. A auditoria interna actua de forma independente?

4. Existe coordenação entre a auditoria interna e externa no Gabinete?

5. O gabinete considera a auditoria interna importante para a realização das suas


operações?

6. Que factores levaram à implementação da auditoria interna no Gabinete?

7. Qual é a percepção que os colaboradores do Gabinte têm da auditoria interna?

8. Que tipo de auditoria interna pratica-se no Gabinete do governador?

9. Desde quando a auditoria interna foi implementada no Gabinete?

10. Que barreiras/ constrangimentos foram encontradas na implementação da auditoria


interna?

11. As recomendações feitas pelo departamento de auditoria interna são construtivas para
o Gabinete?

12. O departamento da auditoria interna tem acesso a todos os documentos e informações


sem nenhuma restrição?

13. Que mudanças se verificaram após a implementação da auditoria interna?


liv

Caros colaboradores
Este questionário enquadra-se no âmbito do trabalho de fim de curso sob o tema “Papel de
auditoria interna nas Instituições públicas”, com o objectivo de recolher dados para
realizar o trabalho proposto, visando a conclusão do curso de licenciatura em contabilidade e
Auditoria na Universidade Pedagógica. Para isso contamos com a vossa colaboração no
preenchimento dos questionários marcando um X à opção adequada.

1. Dispõe de um serviço de Auditoria Interna?


1 Sim____ 2 Não_____

2. Se não, porquê?
1 Altos Custos_____ 2 É desnecessário_____

3. Se sim, é claramente definido no organograma?


1 Sim_____ 2 Não_____

4. Qual o grau de importância que atribuem à auditoria interna para um bom


funcionamento da empresa?
1 Nada importante_____ 2 Importante_____ 3 Muito importante_____

5. A que nível o departamento da auditoria interna encontra-se posicionada?


1 Reporta directamente ao conselho do gabinete_____ 2 Depende do Governador
3 Outros departamentos_____

6. Qual o benefício da auditoria interna?


1 Melhoria do controlo interno____
2 Maior rigorosidade quanto ao cumprimento das normas____
3 Diminuição de pratica de fraudes____
4 Aumento das receitas_____

7. As recomendações feitas pelo departamento de auditoria interna são construtivas?


1 Sim____ 2 Não_____
lv

8. O departamento de auditoria interna tem acesso irrestrito a todos os documentos e


informações?
1 Sim_____ 2 Não_____
Obrigado pela colaboração

ANEXOS

Você também pode gostar