Ocyano 15 Fora
Ocyano 15 Fora
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Brasil•cerveja art
Leve e refrescante,
Descubra os mistérios da Praya.
@cervejapraya
Beba com moderação. Proibido para menores de 18 anos. Se beber não dirija.
Brena O’Dwyer
Editora Chefe
José Camarano
Diretor Criativo
Isis Reis
Diretora de Arte
Colaboradores
Adelaide de Estorvo | Ágata Ignácio | Anna Costa e Silva | Caio Silva | Dudu Bertholini | Felipe
Leão | Fernanda Malta | Gama Higai | Giovanna Cianelli | Helena Vieira | Henrique Pinguim |
Hiperlinque | Isabela Jangoux | Jup do Bairro | Letícia Miranda | Louise Botkay | Magô Tonhon |
Marc Kraus | Mila Teixeira | Mino Alencar | Neon Cunha | Nina Terra | Rafaela Kennedy | Rapha
da Cruz | Rodrigo Beser | Sladká Meduza | Vicenta Perrota | Vida Fodona
Agradecimentos especiais:
Tunico Almeida, Duda Gaspar e Marcos Sifu.
Cerveja Praya®
@revistaOcyano
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INTRO
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EDITORIAL
Brena O’Dwyer
Começamos o ano de 2022 com a vontade de amorosa e sem pudor de Mila Teixeira ficamos
expurgar demônios. A cada ano que se inicia entre o dentro e o fora da realidade, criando nossa
também podemos aproveitar para tentar coisas própria verdade. VIDAFODONA traz um sol para
novas e fazer planos, sem esquecer que o cada um em fotografias marcantes e ao mesmo
exercício de planejar pode ser supérfluo em um tempo delicadas e suaves, enquanto Pinguim
mundo onde as coisas mudam o tempo inteiro. explora as vísceras e tons do mar. Em Tremor-
Esse ano a O’Cyano planeja muitas novidades Tentativa a equipe – Anna Costa e Silva, Nina
nos próximos meses e temos certeza também Terra, Marc Kraus, Louise Botkay, Mino Alencar
das reviravoltas que virão. e Fernanda Malta – consegue misturar o vídeo à
foto, acompanhando frames e textos; de forma
Em 2021 acendemos faróis, viajamos no presente, similar Rodrigo Beser constrói a parte de fora
abrimos nossa intimidade e reestruturamos a da poesia com suas fotografias grafadas. Ambas
casa. Agora viemos com vontade de desenhar as matérias combinam diferentes técnicas e
fora das linhas. colorem fora das linhas. Em carta às bonitas
a equipe – Adelaide de Estorvo , Jup do Bairro,
Nesta edição, nossa décima quinta, trazemos o Neon Cunha, Rapha da Cruz, Vicenta Perrotta,
Fora. Ficamos do lado de fora de casa para pegar Rapha da Cruz, Rafaela Kennedy, Sladká Meduza,
uma chuva e refrescar as ideias. Acabamos fora do Hiperlinque, Ágata Ignácio, Magô Tonhon, Dudu
campeonato, na segunda divisão, aprendendo a Bertholini, Felipe Leão, Isabela Jangoux, Caio
perder. Aproveitando as nuances e ambiguidades Silva, Helena Vieira e Gama Higai – apresenta
que veem do lado de lá podemos fazer e refazer o fora em fotografias preto e branco, texto
beleza e verões e aplacar a sede de vitória. em formato de carta e poesias, em um convite
sensível que busca um acordo entre as belas e as
Como sempre queremos pensar fora da caixa, feias, em meio a lembranças familiares, plumas e
dessa vez literalmente, com artistas e criadores maquiagens francesas.
brasileiros em mais uma edição, abrindo o ano de
forma muito especial. Colocamos nossa vontade Talvez estejamos um pouco fora de moda,
de gritar “fora” para muito coisa através de investindo em cultura e diversidade, mas
fotografia, poesia, colagem, arte. também acreditamos no poder do vintage e dos
comebacks. O tempo que já fora da revista é um
Entre as ilustrações exuberantes de Giovanna anúncio do que está por vir em 2022 e também
Cianelli, as colagens de Letícia Miranda que ora nossos fundamentos, doces e ferinos, como tudo
ressaltam o verde, ora o vermelho e a poesia que vale a pena.
Foto: vidafodona
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Azul imenso
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Fotos: Henrique Pinguim
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silêncio no fundo da voz
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Obras: Rodrigo Beser
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Por
trás
demim
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Colagens: Letícia Miranda
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sol na
cara
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Fotos: vidafodona
foto 1 (quem nao é nao se esconde)
@mtpedroza @hgornellas
foto 2 (de volta às pistas)
@davipontttes @patfudyda
foto 3 (eu sonhei que eu poderia explicar
pra voce quem eu sou)
@marara_kelly
foto 4 (30 dias)
@nuajdelfiol @sorocuir & jasper
foto 5 (espreeeeeca voleyball)
@_unabrisa @pejanaorg
@ricardomeine
foto 6 (elas me copiam porque eu sou a
braba e eu sei que o meu som vai chegar
até a Italia)
modelo - @babygirltrapoficial
styling - @yurigabetto
make - @victona37
foto 7 (antes das coisas existirem elas
já estão acontecendo)
@quimerademim
foto 8 (ela me ensinou a jogar vôlei)
@_unabrisa
foto 9 (bendito fruto da paineira)
@blvckcvssvndrv
foto 10 (universal é o reino das bichas)
@arrobajr
foto 11 (eu sonhei que eu poderia
explicar pra voce quem eu sou)
@marara_kelly
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Sede
distante
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Poesia: Mila Teixeira
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my very own pasárgada
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tulipas
1.
dos cus o mais bonito, o seu
as ruguinhas que sorriem pra mim e quase pedem
minha língua que se
encolhem ao meu toque que ficam acanhadas ruborizadas
que tentam disfarçar a vontade
do desabrochar
como é bonita a primavera em fotos do google
tudo é urgente de madrugada
eu até me depilei você me conta, orgulhoso
não doeu nada, acredita?
ésse de strapon
comprado na promoção
embalagem discreta
depois que você me disse na fila da farmácia
tive uma ideia acho
você vai gostar
2.
não tem chamada de vídeo que dê conta
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A Cerveja Praya é a primeira cerveja
carbono neutro do Brasil!
carta às
bonitas
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Modelos:
Adelaide de Estorvo (@adelaideestorvo)
Jup do Bairro (@jupdobairro)
Neon Cunha (@neoncunha)
Rapha da Cruz (@rapha_dacruz)
Vicenta Perrotta (@vicenta_perrotta)
Direção criativa: Rapha da Cruz
Fotografia: Rafaela Kennedy (_rafakennedy)
e Sladká Meduza (@nullmove)
Assist. fotografia: Hiperlinque (@hiperlinque)
Beleza: Ágata Ignácio (@agataig), Magô Tonhon
(@mulhertrans) e Rapha da Cruz #lgbeauté
Styling: Dudu Bertholini (@dudubertholini)
Produção de moda: Felipe Leão (@ofelipeleão)
e Isabela Jangoux (@isabelajangoux)
Cenário: Caio Silva (@piricaio)
Catering: Gama Higai (@gamahigai)
Realização: Curadoria de Moda do
Centro Cultural São Paulo
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carta às bonitas
Meu maior privilégio foi ter nascido feia. E se aproximam muito os olhos, capaz que ve- centivadores da minha carreira chamada
tenho a mãe tão bonita, não era pra ser as- jam reluzir as lâminas do rancor. Meu maior vida, não faz mais que a sua obrigação. E a
sim, mas foi assim que se deu. Só sei que foi privilégio foi ter nascido feia. Vejam bem, cumpro. Pode ser que demore uma semana
assim, as pessoas da minha família gosta- não sou alheia a meus processos, sei que tal- a mais, ou que leve umas boas seis mensa-
vam de me ver falando como o Chicó, do vez meu maior privilégio se esconda para gens para que possa responder, mas eu te-
Auto da Compadecida, eu inclinava o polegar poder, ele mesmo, dizer que terá sido a feiu- nho entregue o que me é pedido pelas se-
em angulação negativa igual o Selton. Ou era ra. Leva alguns privilégios para se ter a vida nhoras das areias do tempo. Mea culpa à
o Danton? Será se as pessoas da minha fa- desfeita pela feiura. Bem verdade, como diz parte, vim fazer um desabafo, que me explo-
mília gostavam mesmo de me ver, assim, Neon, pessoas como nós, como eu, não são dem as têmporas, a garganta vai árida de só
feita Chicó, ou é invenção minha? Acho que bem privilegiadas, possuem alguns benefí- engolir. Como disse, acessei os segredos do
não, gostavam sim, até pediam. Nasci feia. cios. Beneficiada, privilegiada, e feia. Mas, mundo com minha feiura, lambi mesmo a
Pior, além de feia, dei pra doçuras. Só sei que vejam só vocês, me aconteceu de ser um pri- gordura dos segredos que vocês disfarçam
foi assim. Claro, se vocês estiverem dispos- vilégio a feiura. Feia, as pessoas se importa- aos outros, mas que me contam sem muita
tos a olhar de perto, se não tiverem os olhos vam menos em me conquistar e, assim, aca- defesa. E, dessas chaves de ouvido que apli-
apressados como são os das pessoas nos bavam, por ironia, a entregarem-se à quei em vocês, o suco que escorria nem
assentos dos trens, dos ônibus, se vossos explorações acompanhadas: todo um mar de sempre era doce, ou mesmo nutritivo. Suco
olhos não forem como são os olhos das pes- gente que viu em mim – libertas da pressão de gente é chorume. Eu sei, nem sempre,
soas que me atendem no supermercado ou que as coreografias do cortejo encetam – mas agora me falta o açúcar. Chorume, é o
na loja religiosa em que compro meus incen- uma companhia para ver as estrelas. E eu fui, que vejo escorrer às vezes, tão bonito, cho-
sos, tão depressa põem os olhos em mim, eu vi, eu acompanhei. E, mesmo alienada de rume em renda francesa, em bandeira ver-
tão depressa procuram outra coisa pra re- toda uma economia do desejo, eu vi as coi- melha. Me permito desfazer Chicó e brincar
pousar a visão perturbada do que eu lhes sas mais bonitas que estão para serem vis- de Diabo, vou dizer, sim, à Nossa Senhora
ofereço, mesmo sem querer. Eu lembro de tas, mesmo as invisíveis, enxerguei, enxer- Aparecida e ao Jesus Negro as coisas que
uma menina, uma artista que vi uma vez, no gamos. Acho que posso dizer, sobre isso, vejo, que me afligem o coração. Fernanda
interior, lá por onde as terras são roxas. Ela que fui pouco ambiciosa, soube aproveitar, Montenegro e Maurício Gonçalves, na minha
disse uma vez, pra uma audiência bonita, de como uma porca que se banha em lama pou- cabeça, torcem o nariz. Quem penso que
olhos longos e desassossegados, a transição ca ou como um pombo devoto aos parcos sou? Ninguém, uma ninguém que anda cho-
insiste em querer me roubar a doçura, ou milhos que encontra no chão da praça, sou- rando sozinha, na contramão, atrapalhando
algo assim. Ela não dizia que maravilhar-se be aproveitar o pouco amor que encontrei. E, o sábado. Foda-se, deixem que chore. Dei-
travesti é, a magia mesma, uma coisa de fa- quando não o encontrava, inventei bobeiras xem que chore. Hoje amei a vida como se
zer azedar o viver, não, ela lembrava a audi- bonitas e colori todo um céu com cores de fosse a última. Sim, foi isso que me aconte-
ência de que os olhos do mundo insistiam mistério e encantação. Claro, não me esqui- ceu. E sendo ela tão última, me impressio-
em querer lhe fazer amargar o que era doce. vo, fabriquei feras terríveis, reguei muita nou. Fiquei mesmo impressionada de teste-
Ali, a gente, tudo junto, combinou em segre- erva daninha, vivi mesmo uns anos com os munhar a nudez da carne moribunda, o
do que não amargaríamos. Aos de ouvidos e pés trocados pelas mãos e os carros a guiar revirar dos olhos ausentes, os aparelhos a
olhos apressados, a doçura pode soar con- os bois. A gente tem disso, né, de ser maldita bombear sopro ao peito afogado. E subiu à
traproducente, contrarrevolucionária, co- também. Mas eu trabalho, trabalho miúdo boca o vômito de informar a materialidade
vardia disfarçada. Tolos amargos. O nome toda essa erva daninha que eu fiz crescer inescapável da vida. Tem dias que parecem
dela é Deise. Deise Cardoso. Não sei se Dei- nalguns jardins, suo arrancando tais ervas que os combatentes combatem em nome de
se continua doce. Não sei se eu continuo no sol à pino, mesmo as que já enraizaram uma vida hipotética. Não, quando se é perto
doce. Como disse antes, se me botam olhos um bom tanto, passo os anos a lhes podar os do fim, as teses se desmancham e revelam
generosos, veem beleza. Em mesma medida, excessos. Como diriam todos os grandes in- um núcleo âmbar e incandescente incontor-
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Adelaide Estorvo usa camisa
Fudida Silk @fudidasilk
para VP @use_vp
Blusa e saia de Juliana Jabour
@julianajabouroficial
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Neon Cunha veste cardigã
e sapatos acervo
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nável. A vida. E tem horas que a incandes- não desacordada. Não maltratem tuas ir- hipótese. Falam, falam, falam, e assim, vão
cência vira chama rala e quase apaga. O tes- mãs, moças bonitas, e lembra de que tua esvaziando os bolsos de palavras e no fim
temunho da presença. As estatísticas, mãe também era feia, aliás, tuas mães mor- fica só um som, assim, com um vácuo de sig-
mesmo as mais bem intencionadas, enverni- reram atirando tijolos à beleza, as mães de nificado. Claro, isso não é mérito de vocês,
zam a presença, e o brilho de superfície aca- vocês, eu bem me lembro, nem se chama- ou culpa, imaginem, é que a cólera debocha-
ba por ofuscar a rubra dor da chama e a es- vam mãe, não carregavam uma imagem bem da me sobe e não deixo as coisas bem pos-
branquiçar. Tem vezes que repetimos tanto acabada, entregaram o próprio rosto preto, tas. Ninguém mais que fala algo. As palavras
que morremos aos montes, que nem morrer, amarronzado, de harmoniosas feições bru- andam esvaziadas das pessoas, as pessoas
nem aos montes, acaba por dar conta de im- tas para o alargamento da comunidade de andam despreocupadas de se fazerem en-
pressionar como impressionam os olhos que sobreviventes que hoje, parece, as bonitas tender, e os entendimentos se entediaram e
reviram ausentes nas cavidades de quem acabam por querer estreitar. “Ah, mas você foram embora passear no bosque enquanto
amamos ou nos esforçamos para amar. O não é uma de nós, vejam como é feia”. As a loba bonita reina. As palavras e os sentidos
amor é um esforço inglório quando somos princesas podem estar a decidir o “quem são disputas, disputáveis? Por certo que são,
feias. E, feia, perco as esperanças vendo as vale e quem some”, o que é e o que não é – e, e abandonar a disputa levando consigo um
bonitas todas achando que a beleza é um princesas, o façam, em bem verdade, tam- monte de cristais semânticos opacos não re-
dado que se colhe na juventude. A beleza é bém me fascino de vossas belezas, não acho solve o caso. É preciso imantar as palavras
como um deus despedaçado dos quais ve- ruim, quem sou eu de achar? Tem mais é que como as bruxas fazem aos cristais. No meio
mos somente seus fragmentos, na mocida- ser bela, seja bela! – mas, escutem, nós, as tempo, fico com duas lições que aprendi.
de. Sou moça, e já sei, as feias aprendem feias, que fazem o trabalho invisível, a escuta Sim, Bru, sim, a recusa do herói em viver a
primeiro. Sou moça e já sei que sim, as boni- demorada, o olhar vagaroso de explorar bo- vulnerabilidade da vida é o que põe à perder
tas, mesmo as mais companheiras, fazem bagens bonitas, nós da criadagem, ouvimos a seguridade da comunidade de sobreviven-
soar seus trompetes da sedução em todo o as vossas gargalhadas, ouvimos o que dizem tes, e, talvez, os heróis estejam a se olhar
salão e, ensurdecendo os presentes, deitam de nós, esquecem? As mesmas vêm, depois, demais no espelho, se encantaram demais
a determinar quem vale e quem some. Eu deitar a orelha da gente com seus segredos e com a própria imagem, e assim, vão achando
vejo daqui, vejo sim, vocês operando os de- maledicências: a gente sabe de tudo – e, feio tudo que não é espelho. E, sim, Bibi, sim,
sígnios de Deyse por meio das linhas tortas também, nos programaram paranoicas. Eu talvez, umas das dádivas misteriosas e bo-
dos catálogos da Avon, e tudo bem, operem, sei que você me grita feia de dentro de seus bas de se viver a vida é ver o tijolo devir má-
mas conscientes de que quando se fascinam salões e porões, eu ouço da ala dos encarre- quina de escrever. Funda uma pessoa acom-
pela própria imagem retocada ao espelho, gados, todas nós ouvimos. Prefiro o trabalho panhar o devir dos tijolos. Já vi tijolo devir
quando enxergam verdades profundas nas invisível. Estou onde a beleza de vocês não alfabeto, já vi tijolo devir arma, e me encanto
maneiras esguias e frias que desfilam com chega, e amo o oco da feiura do mundo, lá eu com o anúncio dele devindo máquina de es-
elegância e graça, deixam de ouvir os solu- sei andar, eu que não ando só. Vocês têm crever e salvando uma vida, uma que envive-
ços que esse mesmo movimento lutou para mesmo de estampar a primeira página do ce outres, datilografando no barro cozido.
sufocar: pode ser que você seja uma ex-feia, folhetim que anuncia o novo mundo, mas, Faço desses tijolos a pedra sobre a qual edifi-
que tenha lutado seu caminho à beleza, mas como dizem, “baixa a bolinha”, da capa da carei minha morada. E eu os como quando me
não te esqueças de onde vem e, se te esque- revista fica meio difícil de julgar os vivos e os faltam nutrientes, tal qual as pessoas grávi-
ceram lá de onde tu vens, funda novos ál- mortos, ocupem-se de vocês, quando falam das. Vou comer todos os tijolos até que eu vire
buns de família. E já o fazes, eu sei, mas fun- por muitas, a boca bonita não deixa passar a barro e possa ser moldado, de mim e em mim,
da um com páginas dedicadas à feiura que te horda de feias que fazem o trabalho invisível. alguma flor de feiura. Só sei que foi assim.
abrigava, à feiura que te fez companhia. Se Falem menos, posem mais. Ou, que vão ver
te esqueces, fica assim, deitando regulações os olhos revirarem ausentes nas cavidades,
a nossa feiura doce e desavisada – embora a vida que defendem jamais pode ser uma
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Rapha da Cruz usa chapéu Victor Hugo Mattos @victorhugomattoss
Vestido feito de nylon de guarda-chuva por Trama Afetiva @trama_afetiva por Itiana Pasetti @itianapasetti, Jorge
Feitosa @jfjorgefeitosa e Thais Losso @thaislosso com direção criativa de Jackson Araújo @jacksonaraujo
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Jup do Bairro está com colar
Victor Hugo Mattos
@victorhugomattoss
Vestido Studio Ellias Kalleb
@studioelliaskaleb
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Vicenta Perrota veste cabeça
Davi Ramos @chapeusdaviramos
Botas acervo
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Neon Cunha está de vestido
Juliana Jabour@julianajabouroficial
Harness por Icona @sejaicona
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carta às feias
olha como ela parece encantada, disse neon me havia sobrado, uma forma de beleza me- -lhes, não me deprimi, mas não parecia ser
a alguém no camarim, ou isto ou algo as- nos óbvia ou precipitada; experimentei, ali, possível tomar o transporte público depois
sim. e eu estava, estava tanto que: pareceu. o lance certo de uma beleza fácil, da bele- de ter vestido tafetás, ter refletido holofotes
havia sido montado um quebra-cabeças de za dardo, da beleza flecha, atravessar lisa e mais caros que o dente de minha mãe, o que
cosméticos franceses junto à minha carne, pontiaguda os ambientes, as luzes desenha- lhe falta. aliás, não lembrei que minha mãe
não em cima, misturado; cabelo sintético foi das para me mitificar o desfilar, a dignida- desenvolveu músculos capazes de lhe co-
trançado no cabelo humano que cobria meu de das lâmpadas a me iluminar os trajetos, brir o sorriso desdentado, não lembrei que
cabelo, andaimes de fios que eram pendura- lentes armadas para ferir o cotidiano e me a operação tarântula estende suas teias des-
dos em minha cabeça, reparando-me a ar- transformar em estrela: estava bonita, o sex de os anos oitenta até hoje, não lembrei que
quitetura. fui arada, semeada, aguada, uma appeal das lesmas revelado. tenho amigos que passam fome e transam
batata amarela e redondinha brotada de flo- sob viadutos de onde se atiraram também
res de rouge e batom, acredita? eu acreditei, agora, é preciso estar atenta: cosméticos outros amigos, me esqueci mesmo de todes
não podia desconfiar, o milagre havia sido franceses levam sal de macacos e coelhos es esfarrapades, eu vestia upcycling fashion
operado, entrou na minha casa, mexeu com na composição, coração de boi, e de vaca; pieces of fabric, e como diria o povo que no
a minha estrutura: estava bonita, uma bara- andaimes de fios de cabelo humano custam futuro há de ser antigo, é sobre isso, e tá
ta num trono. caro aos cofres da nação e aos escalpos da tudo bem.
índia e brasil: a beleza fácil é de difícil e san-
você nunca teve um dia de beleza, menina?, grenta realização. oito foram as pessoas, tá tudo bem porque a feia da diretora de arte
me perguntou neon no camarim, ou isto ou em número, necessárias para que eu fosse me lembrou que é preciso habitar, ser, des-
algo assim. e não, neon, nunca tivera um dia bonita. e fui, eu vou entrar em depressão cansar quando encontrar um oásis de bele-
assim, no máximo um olho de gato e um lá- depois que isso acabar, isso, foi o que disse za, entendi que é melhor estar bonita do que
bio pintado cor de preto, assustar era o que para dudu enquanto me vestia e, garanto- ser bonita, a coerência e a obrigatoriedade
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do ser me atrapalharia de fazer o que há permitirá viver sem o brilho possível, e tendo cair, como saber – ou aprender – a ser quem
de ser feito, estando posso estar, também, estado/sido disponibiliza as armas,
outras coisas, e estarei, estive. jup, à certa e também quem conhece os unguentos de
altura [high on] de uma maria mole nos lem- feia, por efeito de contraste, a beleza me vai fechar feridas; arriscar-se à beleza sugere
brou, não falo de passabilidade, falo de pos- melhor do que em qualquer bonita, a beleza saber vestir alta costura em jantares para
sibilidade: e não passamos, fomos possíveis. cai melhor às feias do que na mais imperio- desviar fluxos econômicos, e sugere dividir
bonito, né?! é preciso ter estado/sido feia sa bonita, a beleza das bonitas acaba por cigarros com os que a indústria obrigou a
para me descobrir assim, possível. nós, as ser genérica, mas toda bela feia carrega um fumar sabendo que não poderiam se deixar
privilegiadas com a feiura, devemos – como fardo macio de distinção: o verniz esmalta- viciar; arriscar-se à beleza significa destituir
com todo privilégio – nos impedir à captura do que recobre os caramujos e nos enche de estátuas vivas ou mortas de seus postos de
cômoda que os privilégios promovem: não delicado assombro. eterno reluzir para fazer dar-se a ver o, an-
nos conformemos e acostumemos com so- tes, impossível, impassável, inimaginável:
mente a tranquila e solta feiura, é preciso arriscar-se à beleza! e para que não fique que o que é beleza deixe de indicar o hege-
arriscar-se à beleza, entendi que sim, e foi tão genérico como a beleza das bonitas: mônico, que o que é feio possa variar o idên-
entendimento de grupo, a beleza é um pe- arriscar-se à beleza soa como desacelerar tico, que o que é beleza deixe de pôr a mesa
rigo que para ouvir a conversa das velhas, soa como e o feio possa comer – ainda que seja um cu,
permitir-se interromper as mesmas velhas de cetim, como o meu, como o nosso.
urgente de ser corrido, não no sentido de quando soarem muito antigas; arriscar-se
quem diria “há que ser corrido”, mas como à beleza lembra algo como defender amigas sou feia, e: quando se é a bonita, só se é a
de quem reconhece que “já se corre”. arris- no sigilo, como aprender uma receita para bonita; quando se é a feia, se pode ser a “sou
quei tudo em nome da beleza: família, nome, fazer nascer cabelo à base de chá de folha feia, mas”: ser a feia mas ser todo o resto,
religião, fome, amor: não como quem dese- de goiabeira, como saber com quem se bus- inclusive, eventualmente, como puderam
ja ser uma bonita, mas como quem não se ca as armas para derrubar os que precisam testemunhar, a bonita.
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Jup do Bairro está com
colar Victor Hugo Mattos
@victorhugomattoss
Vestido do Studio Ellias Kalleb
@studioelliaskaleb
Sandália acervo
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Vicenta Perrota usa cabeça
Davi Ramos @chapeusdaviramos
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Quatro Poesias Feias Perto. Perto. Perto
Vai me achar
Esconde-esconde com a norma.
Gorda!
Dedico a meu velho companheiro - ódio ao corpo - essa singela homenagem. Traveco!
Parece um ogro.
5! 4! 3! 2! 1!
Lá vou eu... ACHEI! PEGUEI!
Cadê você?
Pegou
Estou surda,
Se a escuto, então Desfaleço
Me acha.
Se me acha. [no espelho]
Me pega
Se me pega, Que nojo de mim!
Dói. Olha isso...
Parece um homem
Gorda! Esse ombro
Não escuta. Essa pele
Não escuta. Esse corpo
Gorda!
Não deixa ouvir sua respiração! Gorda!
Quieta! Fica quietinha Gorda!
Ela: Corro.
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Fotogênica
Fiquei vaidosa.
Ele quer me pintar?
Poderosa!
Faço o doce.
Sou difícil
[espero o elogio].
Ele:
Corro.
Defeitos?
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Nilo Peçanha
Foto: Firma AVI
A família de atletas e colaboradores da Praya
Jasmim Avelino
Jessica Bianca
Silvana Lima
Jacquelone
Trekinho
Nilo Peçanha
Victor Bernardo
Gustavo Areias
Diogo Guimba
Henrique Pinguim
Gustavo Camarão
Fabio Minduim
Marcos Sifu
Fred Rigor
Tremor-Tentativa
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Direção: Anna Costa e Silva
Performance de: Nina Terra
Direção de arte, luz e montagem: Marc Kraus
Direção de fotografia: Louise Botkay
Desenho de som: Mino Alencar
Produção: Fernanda Malta
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tremor-tentativa é um vídeo criado no en-
contro entre as artistas Anna Costa e Silva
e Nina Terra, a partir da performance de
improviso corpo-voz de Nina. Os sons e
movimentos, que existem num lugar inde-
finido entre prazer e dor, se expandem em
luzes, cores e projeções na mata, criando
um espaço híbrido sonho-realidade, den-
tro-fora-entre. As fotos dessa matéria são
frames do vídeo.
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era sobre gritos e tremores, tudo o que existe entre dor e prazer. era o som
das bestas, das monstras, da lava dos vulcões, do útero, centro da terra.
você me conta de um gozo que ensurdece de tão agudo, dos tons vocais
associados à loucura, das que não se deixam calar. era sobre as curvas,
os desvios, os transbordares, as histéricas. erupções, soluços, lamentos
estridentes, o som das emoções cruas. era sobre ololyga, festivais de ais-
chrologia, a voz mortal das sereias, os sons da ilha de Lesbos, o balbuciar
de Cassandra, a garrulice de Eco, a garota sem porta na boca.
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Ouvir a terra, o som do ventre, ter o estado de flu-
xo como condição. Ver o ar como matéria prima,
o corpo como caminho e canal, a voz e o movi-
mento como deságue, que plasma no espaço as
relações do agora presente. Corpo-voz como uno
total que, em som e movimento, ecoam as resso-
nâncias dentro-fora-entre. Ritualizar o passado,
ecoar o presente, jorrar o futuro.
Ressonâncias e tremores por Nina Terra
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GRITO
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Ilustrações: Giovanna Cianelli
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QUEM FAZ
Brena O’Dwyer é antropóloga, feminista, José Camarano é mineiro, de Ubá, mas
poeta e carioca. Não necessariamente radicado e apaixonado pelo Rio desde
nessa ordem. Doutoranda do Museu Na- 1998. Um dos fundadores da Revista
cional no Rio de Janeiro com pesquisa so- O’Cyano e também diretor criativo. Libri-
bre gênero e sexualidade. Tem poemas ano, autodidata animado e apaixonado
publicados no coletivo Mulheres que Es- por tudo que faz. Consultor de moda e
crevem e é co-autora da zine Possível. As comportamento, ele reveza seu tempo
ilhas, seu primeiro livro foi publicado em entre a direção da agência criativa Hale,
2019. Trabalha como tradutora, revisora styling para revistas como a Vogue, GQ,
e redatora. É editora chefe na revista Caderno Ela e clientes como a Farm Rio
O’Cyano. Para mais: IG @brena.odwyer Global. Seu maior desejo atual? Morar no
www.medium.com/@brenaodwyer mato, entre as montanhas e o mar. Para
mais: IG @camarano
Derek Mangabeira é fotógrafo no coleti-
vo I Hate Flash, diretor de arte e consul- Yara Mangabeira é produtora de even-
tor para assuntos centrados em questões tos e estudante de psicologia na cidade
sociais. Começou sua carreira como fo- do Rio de Janeiro. Se identifica como
tógrafo de streetstyle no site RIOetc e gênero não-binário. Tem como objetivo
como assistente de criação na empresa principal pensar estratégias políticas e
Artaxo. Tornou-se conhecido na cena un- sociais para a promoção da visibilidade
derground especialmente pelo seu tra- de projetos e pessoas que não ocupam a
balho de retratos com drags. É consultor cena mainstream. Para mais: IG @yaracoral
criativo na revista O’Cyano. Para mais:
IG @mangabei.ra
Zeh Pretim é designer de formação, dj por
Isis Reis é designer, graduada pela UFRJ diversão e apaixonado por fotografia. Em
e atua principalmente em projetos com 2016 ajudou a fundar a cerveja Praya bus-
foco em ilustração, branding e design cando uma Witbier leve e abrasileirada.
editorial. Recebeu o prêmio de melhor Foi fundador e é consultor criativo na re-
ilustradora de cartaz no júri popular do vista O’Cyano. Para mais: IG @zehpretim
concurso do Museu da Casa Brasileira
2018. Defensora de trabalhos colabora-
tivos, manuais e “faça você mesmo”, e
cocriadora do projeto Calendário Delas
por Elas. É designer na cervejaria Praya e
diretora de arte da revista O’Cyano. Para
mais: www.isisreis.com | IG @isisreisilustra
| @calendariodelasporelas
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COLABO
RADORES
Adelaide de Estorvo é professora e es- Caio Silva é atroz, performer e trabalha
creve um tanto, às vezes atriz, às vezes com direção de arte. Nortista, natural
boba, trabalha atualmente como arte- de Rio Branco (AC), tem graduação em
-educadora no programa vocacional da audiovisual pela Universidade de Brasí-
prefeitura de São Paulo e no Museu da lia (UnB) e é estudante da SP Escola de
Cidade de São Paulo. Para mais: IG Teatro, tem sua pesquisa estética vol-
@adelaideestorvo tada ao atrito entre o caricato, o belo e
a estranheza no corpo performático e
em suas construções visuais. Para
mais: IG @piricaio
Ágata Ignácio é cabeleireira, visagista
e maquiadora com especialização em Dudu Bertholini é comunicador multi-
cortes, escova e colorimetria para ca- disciplinar de moda e atua como diretor
belos. Tem experiência de dez anos criativo, stylist, estilista, e consultor de
como cabeleireira em alguns salões de moda. Atualmente é curador de moda
beleza, dentre eles Jacques Janine. Atu- no CCSP, e também realiza palestras e
almente compõe a LGBeauTé junto de workshops nas principais cidades do
Rapha da Cruz e Magô Tonhon. Para país. Para mais: IG @dudubertholini
mais: IG @agataig
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comunicando de forma rápida e eficaz. Jup do Bairro é cantora e compositora.
Para mais: IG @femalta A paulistana lançou seu primeiro EP,
CORPO SEM JUÍZO, em 2020, projeto
Giovanna Cianelli é designer e ilustra- que a colocou de vez na mira da música
dora. Psicodelia e cultura pop são temas brasileira contemporânea, dando a ela
recorrentes em seu trabalho. Já colabo- o prêmio de Revelação do Ano pelo Prê-
rou com marcas como Instagram, Ne- mio Multishow e duas indicações no
tflix, Vans, Folha de São Paulo, Antofági- WME. Para mais: @jupdobairro | Foto:
ca, Todavia, Companhia das Letras, Isac Oliveira
entre outras. Nas horas vagas, desenha
histórias em quadrinhos. Ganhou ouro Letícia Miranda é poeta, artista visual
na categoria editorial no Latin American e integrante do Clube de Colagem de
Design Awards em 2019 e o Prêmio Brasília. Vive e trabalha no Distrito Fe-
Jabuti 2021 na categoria projeto gráfico. deral, Brasil. Formada em Letras Portu-
Para mais: IG @giovannacianelli guês pela Universidade de Brasília, es-
pecialista em Fotografia pela Faculdade
Helena Vieira é pesquisadora, transfe- Unyleya e mestranda em Artes Visuais
minista e escritora. Estudou Gestão de pela Universidade de Brasília. Para
Políticas Públicas na USP. Foi colunista mais: www.leticiamiranda.net | IG:
da Revista Fórum e contribuiu com Hu- @leticiadsmiranda
ffpost Brasil, Revista Galileu, Cadernos
Globo, Revista Cult e Folha de São Pau- Magô Tonhon é maquiadora e educado-
lo. Consultora na Rede Globo. Co-auto- ra de beleza. Mestra em Filosofia pela
ra de História do Movimento LGBT, Ex- USP, trabalha como consultora em di-
plosão Feminista, Tem Saída? Ensaios versidade desde 2016, atuando em trei-
Críticos sobre o Brasil, e Ninguém Solta a namento de equipe em diversas empre-
Mão de Ninguém: Um manifesto de resis- sas. É cocriadora da #LGBeauTé uma
tência. Dramaturga, premiada em Lon- experiência importante que propôs ino-
dres, com a peça “Ofélia, the fat transe- vação em beleza e direitos humanos.
xual”. Assessora no Instituto Dragão do Integra o quadro de professoras nos
Mar onde coordena a política de inclu- cursos de Maquiagem Profissional Ini-
são e diversidade. Colunista e consulto- ciante da Escola Madre. Produz conteú-
ra de diversidade da Harper’s Bazaar. do de beleza no Instagram @mulher-
trans. Para mais: IG @mulhertrans |
Hiperlinque trabalha na intersecção Foto: Leo Faria (@leofaria)
entre as artes do corpo e o audiovisual.
Desde 2019 é produtor, feitor de vídeo Marc Kraus é artista visual, performer
e performer na EdiyPorn, plataforma e diretor de arte. Nascido em Petrópo-
latino-americana de pornografia sexo- lis, hoje mora no Rio de Janeiro. Sua
-dissidente. Foi diretor de fotografia atração pelo mundo da arte começou
dos longa-metragens 7 Prisioneiros quando foi morar sozinho aos 19 anos.
(2021), Sócrates (2018) e Beira-Mar Desde os anos 1990 se dedica exclusi-
(2015). Para mais: IG @hiperlinque vamente ao fazer artístico. Busca atra-
vés da aplicação de uma linguagem po-
Isabela Jangoux é produtora de moda ética e muitas vezes metafórica
desde 2018. Graduada em moda pela apresentar situações e imagens nas
Faculdade Santa Marcelina, já fez traba- quais se percebe categorias sutilmente
lhos para diversas revistas e marcas na- invertidas e modificadas. O artista
cionais. Para mais: IG @isabelajangoux apresenta ilusões fabricadas para evo-
car o reino da imaginação, criando situ-
ações lisérgicas. Suas imagens oníricas
fundem ficção e realidade, mostrando
como a vida se estende para além de
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nossos próprios limites subjetivos. dividuais. Para mais: IG @nina_terra
Para mais: IG @meunomekraus
Rafaela Kennedy é nascida e criada em
Mila Teixeira é poeta, ficcionista, drama- Manaus, utiliza as artes visuais como
turga e roteirista. Ou seja, escreve. Publi- uma ferramenta chave de mudanças e
cou o livro de poemas A Proclamação da enfrentamento à violências estruturais.
Vulgaridade - ou Quantos Furos uma Cal- Em um campo de disputa do imagético
cinha Pode Ter? (Urutau, 2021). Gosta social desnaturaliza a não-presença de
muito de um quadro do Henri Matisse travestis e pessoas transgêneras. Atu-
chamado Luxo, Calma e Volúpia (1904). almente faz parte da direção do coleti-
Para mais: IG @poetassaopobres vo Ateliê TRANSmoras que projeta a
autonomia artística como um ato políti-
co. Para mais: IG @_rafakennedy
Mino Alencar é engenheiro de som es-
pecializado em edição de diálogos para Rapha da Cruz é criadora multimídia e
cinema, também com experiência em diretora criativa. Com dez anos na
outras áreas de pós-produção, som di- moda, mais especificamente no retail
reto e gravação/mixagem de música. de luxo no Brasil, hoje, após passar por
seu processo de reconhecimento de gê-
nero, é beauty artist com diversos tra-
balhos publicados, educadora na escola
MADRE (@escolamadre), produtora de
conteúdo digital e também consultora
Neon Cunha mulher, negra, ameríndia em diversidade. Para mais: IG @rapha_
e transgênera questionadora da bran- dacruz | Foto: Leo Faria (@leofaria)
quitude e cisgeneridade tóxicas. Uma
das mais reconhecidas vozes da despa- Rodrigo Beser é produtor executivo e
tologização das identidades trans no de conteúdo, diretor de arte e sócio-
Brasil. Integra diversas iniciativas e es- -fundador da Archivo Curadoria. Para
paços como ativista independente, mais: IG @rodbeser | @archivo.co
dentre elas a Marcha das Mulheres Ne-
gras de São Paulo e como patrona da
Casa Neon Cunha, espaço de acolhi-
mento LGBTQIA+ do ABC Paulista.
Para mais: @neoncunha
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Vicenta Perrota é estilista, arte educa-
dora e coordenadora do Ateliê TRANS-
moras, um espaço que acolhe e apoia
projetos de artistas transvestigêneres.
Para mais: IG @vicentaperrotta | Foto:
Vincent Catala
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Punho erguido
símbolo do movimento negro
Cabeça erguida
mostrando que Sorriso no rosto
nada irá nos derrubar Marca do acolhimento e afeto
de Marielle
Pés em movimento
Para lembrar que nossos passos vêm de longe
e seguirao firmes
Ajude a erguer e manter a
Estátua Marielle Franco
estatua.institutomariellefranco.org
Beba com moderação. Proibido para menores de 18 anos. Se beber, não dirija.
@cervejapraya